DOUTORADO HISTÓRIA HISTÓRIA NATURAL DO CORPO HUMANO IGOR ANTONIO MARQUES DE PAIVA Manuais de História Natural realocaram o conceito de Sistema desde a virada para o século XIX. Anteriormente, garantia de uma verdade científica, a idéia de Sistema passou a ser acompanhada de adjetivos que ressaltavam o novo lugar atribuído a ela. Artificialidade, arbitrariedade e superficialidade foram os termos que qualificaram o conhecimento puramente classificatório – a partir das características morfológicas – e de regras filosóficas unívocas associadas ao saber mecanicista da Idade Clássica. Intelectuais à porta dos Oitocentos, filósofos e homens de ciência, especialmente, definiram nos quadros para a cognição do mundo. Meio-ambiente, organismos, vida e forças foram conceitos que lançam luzes sobre a transformação que corta a epistême Ocidental, que se pode contar como anterior e posterior ao tempo de Emmanuel Kant. Os ângulos a partir do qual os corpos humanos foram olhados, raciologicamente classificados e feitos objetos de conhecimento estão diretamente vinculados às transformações da epistême moderna. Retratos de rostos em poses de frente e perfil guardavam nas suas entrelinhas o estudo das formas dos corpos, que agora, refletia questões direcionadas aos segredos das funções vitais e suas relações com o meio ambiente e, sobretudo a busca de dar contornos de comprovação empírico-científica para as especulações sobre as origens dos seres e variedades orgânicas. Figura de destaque nos estudos anatômico-antropológico do corpo foi o médico alemão Johann Friedrich Blumenbach (1752-1840), quem em 1775 separou a espécie humana em cinco raças com referências geográficas e com base na crâniologia: Caucasiano, Mongol, Etíope, Americano e Malasiano. Relacionados diretamente com o anatomista de Göttingen, Alexander von Humboldt, na América espanhola, entre 1799 e 1804, e Carl Friedrich Philipp von Martius, no Brasil, de 1817 a 1820, olharam, descreveram e riscaram retratos dos corpos ao longo de suas respectivas viagens. Em nossa pesquisa analisamos as aproximações e distanciamentos com Blumenbach e as referências intelectuais dos “preconceitos” que organizaram as relações sociais entre estes viajantes naturalistas e as autoridades coloniais, colonos e guias ao longo do percurso no continente americano no século XIX. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014