100 dias para mudar o mundo Daqui a 100 dias, ao fim da 70ª Assembleia Geral da ONU, estarão aprovados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, agenda que pautará a ONU pelos próximos 15 anos. No Brasil, nos dias 10 e 11 de junho a Associação Brasileira de ONGs (Abong) juntamente com representantes da sociedade civil, do governo brasileiro e das Nações Unidas se encontram para debater sobre as negociações finais da agenda pós-2015 em especial os meios de implementação e o financiamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A reunião consolidou a criação do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para Agenda do Pós 2015, cuja missão será a de acompanhar a fase final de negociação dos ODS e também monitorar e garantir participação social na agenda de implementação nacional. Durante dois dias compartilharmos perspectivas e construirmos posicionamentos coletivos sobre o Rascunho Zero dos ODS, sobre a III Conferencia sobre Financiamento do Desenvolvimento (FfD). Está claro que, tanto nos processos globais, quanto na agenda nacional precisamos fortalecer e articular uma mais ampla participação da sociedade civil. O processo de definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável envolveu múltiplos atores. Como resultado, o debate tem sido ambicioso e toca em questões centrais do combate à desigualdade como os direitos humanos, a garantia da igualdade de gênero, o respeito aos limites do planeta entre outros. Está claro para nós que um dos desafios postos é a universalidade da agenda proposta, que vai demandar uma implementação articulada e multissetorial. Não é qualquer desenvolvimento que nos interessa e para garantir que esses novos Objetivos não deixem ninguém para trás, o engajamento da sociedade civil e a participação social são fundamentais. Da mesma forma é imprescindível o envolvimento das OSCs na construção e debate dos indicadores técnicos e da captação de dados desagregados no meio de um debate político intenso e na avaliação do cumprimento das metas; que possamos contribuir, inclusive na construção de mecanismos robustos de monitoramento. A estimativa é de que, para a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sejam necessários algo em torno de 6 a 7 trilhões de dólares por ano. Paradoxalmente o mundo vice hoje um excesso de liquidez, existe dinheiro demais que não está circulando, está na especulação. Precisamos insistir na progressividade fiscal e pautar a implementação de taxas sobre transações financeiras com o intuito mais do que de arrecadar, pois a proposta é de que as alíquotas sejam bem pequenas, mais também com o objetivo de regular o sistema. Também compartilhamos fortes preocupações em relação às Parcerias Público-Privadas e à importância que o investimento privado demonstra ter para governos e para a própria ONU na implementação dos ODS. Estas parcerias precisam ter processos claros, que impliquem inclusive na regulação das corporações e do sistema financeiro, estabeleçam regras e garantam um desenvolvimento verdadeiramente sustentável e inclusivo. Finalmente, esperamos que a sociedade civil, setor privado e setor público construam conjuntamente estratégias de implementação dos ODS. Sabemos que sem medidas de “enforcement” e sem políticas públicas indutoras que incentivem o engajamento de instâncias estaduais e municipais será muito difícil que novas práticas e políticas públicas que deem conta de cumprir o ODS sejam de fato incorporadas na agenda pública nacional. Não podemos deixar os ODS serem utilizados para pautar políticas oportunistas e de marketing, sem que de fato impactem no desenvolvimento dos países e na vida das pessoas. #100dias a partir de hoje. A contagem para #ofuturoquequeremos já começou.