Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Instituto de Física Armando Dias Tavares Ramon Silva dos Santos Análise multielementar em folhas de Nerium oleander L. usando fluorescência de raios X por dispersão em energia Rio de Janeiro 2014 Ramon Silva dos Santos Análise multielementar em folhas de Nerium oleander L. usando fluorescência de raios X por dispersão em energia Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós Graduação em Física, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. Marcelino José dos Anjos Rio de Janeiro 2014 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/ REDE SIRIUS/ BIBLIOTECA CTC/D S243 Santos, Ramon Silva dos. Análise multielementar em folhas de Nerium oleander L. usando fluorescência de raios X por dispersão em energia / Ramon Silva dos Santos. - 2014. 139 f.: il. Orientador: Marcelino José dos Santos. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Física Armando Dias Tavares. 1. Fluorescência de raio X - Teses. 2. Poluição - Aspectos ambientais Teses. I. Santos, Marcelino José dos. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Física Armando Dias Tavares. III. Título. CDU 535.37 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte. __________________________________________________________ Assinatura _________________________ Data Ramon Silva dos Santos Análise multielementar em folhas de Nerium oleander L. usando fluorescência de raios X por dispersão em energia Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Física, ao Programa de Pós-Graduação em Física, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada em 04 de agosto de 2014. Banca Examinadora: _________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelino José dos Anjos (orientador) Instituto de Física Armando Dias Tavares – UERJ _________________________________________________________ Prof. Dr. Joaquim Teixeira de Assis Instituto Politécnico – UERJ _________________________________________________________ Prof. Dr. Davi Ferreira de Oliveira Instituto de Física Armando Dias Tavares – UERJ _________________________________________________________ Prof. Dr. Claudio de Carvalho Conti Instituto de Radioproteção e Dosimetria _________________________________________________________ Prof (a). Dr. Catarine Canellas Gondim Leitão Faculdade Cenecista de Rio das Ostras Rio de Janeiro 2014 DEDICATÓRIA Aos meus pais Elizabethy e Dilton, por todo amor, carinho e paciência que sempre tiveram comigo. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus por tudo que ele proporcionou até hoje na minha vida. Ao Prof. Dr. Marcelino José dos Anjos por toda sua dedicação, paciência e orientação. Obrigado por sempre acreditar em mim, me aconselhar, me ajudar, me incentivar, por todo o conhecimento transmitido e principalmente pela amizade adquirida durante esses anos todos de convivência, desde a minha Iniciação Científica. Aos meus irmãos, Ana Carolina Silva dos Santos e Rafael Silva dos Santos, por todo carinho, amizade, companheirismo que sempre tivemos. Por sempre cuidarem de mim e me incentivar a correr atrás dos meus sonhos. E principalmente, por aturarem a chatice desse irmão caçula durante esses anos todos. A todos os meus familiares, por todo carinho que sempre tiveram comigo, em especial a minha tia / madrinha, Bel, que ajudou a cuidar de mim, e aos meus avós. A minha amiga Francis Sanches pela ajuda mais que fundamental nesse trabalho, sem você eu não o teria concluído a tempo. E também por toda amizade que temos. Ao meu amigo Arthur Neves, pela ajuda igualmente fundamental nesse trabalho, e por toda amizade. A todos os meus amigos do LIETA: Dani Almeida, Fernanda Signorelli, Catarine Canellas, Carol Rijo, Rudá Moreira, Amanda Santos, Marianna Sorozini, Raysa Nardes, Huguinho, Jackson Ramualdo, Roberta, Tio Phill (Julio), Karolinne, Davi, Márcio, Mion, Robson, Elicardo, Stevan, Rafaela, Fanor, Willians, Roberta Manon, Rodrigo Correia, que fizeram com que meus dias de trabalho no laboratório fossem melhores. Todos de alguma forma ajudaram no meu trabalho. Ao professor Luis Fernando por todo conhecimento transmitido durante esses anos de convivência, amizade. Aos amigos que fiz na época de graduação e levo comigo até hoje: Arthur Jardim, Marlon Dias, Thiago Daboit. Não esquecendo do Moica (Rodrigo), Rodrigo Correia, e os demais amigos. A todos os meus amigos de longa data que sempre me apoiaram e acreditaram em mim. Aos amigos e professores da Pós-graduação do Instituto de Física (PPGF) por toda amizade e tudo que aprendi durante esse período. A secretária da PPGF, Rogério Teixeira e Alessandro Bernardo, por toda ajuda durante o período de mestrado. Aos bibliotecários, professores e funcionários do Instituto de Física, por todo conhecimento que me transmitiram e por toda ajuda que me deram desde a minha graduação. A FAPERJ, pelo apoio financeiro. Aqui é trabalho, meu filho! Muricy Ramalho RESUMO SANTOS, Ramon Silva dos. Análise multielementar em folhas de Neirum oleander L. usando fluorescência de raios X por dispersão em energia. 2014. 139f. Dissertação (Mestrado em Física) - Instituto de Física Armando Dias Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Desde o início do século XX, a poluição do ar nos grandes centros piorou em consequência processo de industrialização e urbanização, juntamente com o rápido crescimento populacional e do transporte motorizado. Algumas espécies de plantas absorvem os poluentes atmosféricos pelas suas folhas e então, fixa-os em sua matriz, tornando-se assim um biomonitor de poluição nessa área. Assim, a análise foliar dessas espécies de vegetal pode ser usado como monitoramento ambiental. Uma das plantas que tem a habilidade de reter certos elementos químicos do ambiente e pode ser usada como biomonitor é a Nerium oleander L.. Neste estudo utilizou-se folhas de Nerium oleander L. para avaliar os níveis de poluição ambiental em uma sub-região da Região Metropolitana do Rio de Janeiro através da Fluorescência de Raios X (EDXRF). O sistema de EDXRF foi desenvolvido no próprio laboratório e consiste de um sistema portátil de XRF formado por um mini tubo raio X de baixa potência (anodo de Ag e operação em 20 kV/50 μA) e um detector de SiPIN. As amostras de Nerium oleander L. foram coletadas de plantas adultas. As amostras foram coletadas durante as quatros estações do ano (verão, outono, inverno e primavera). Todas as folhas foram coletadas a uma distância superior de 1,5 m em relação ao solo. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e depois da chegada ao laboratório foram colocados sob refrigeração a 5º C. No laboratório, as amostras foram limpas com um pincel com cerdas macias para retirar a poeira. Depois disso, as amostras foram colocadas na estufa a 60º C por 48 h. Em seguida, as amostras foram pulverizadas (44 μm). Depois desse processo, alíquotas de 500 mg de massa foram prensadas a uma pressão de 2.32×108 por cerca de 15 minutos, afim de se obter pastilhas finas com diâmetro de 2,54 cm e densidade superficial de 100 mg/cm2. Foi possível detectar a concentração de 13 elementos: S, Cl, K, Ca, Mn, Fe, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb. A partir da concentração de cada elemento foram obtidos os mapas de distribuição elementar da área de estudo para cada estação. A análise da correlação de Pearson mostrou que existe uma correlação significativa entre os elementos Fe, Zn, Ba e Pb, entre os elementos Ca e Sr e entre os elementos Cl, K, Rb. A análise do PCA (Análise por Componentes Principais) mostrou que existem dois fatores principais da emissão de poluição ambiental: emissão por ressuspensão do solo (Cl, K, Ca, Mn, Rb e Sr) e emissões veiculares e industriais (Fe, Zn, Ba e Pb). O estudo da poluição ambiental através da técnica de EDXRF utilizando folhas de Nerium oleander L. como biomonitor se mostrou uma técnica de baixo custo e eficiência substancial na determinação da concentração elementar dos poluentes atmosféricos. Palavras-chave: Fluorescência de raios X. Biomonitoramento. Poluição ambiental. Nerium oleander L. ABSTRACT SANTOS, Ramon Silva dos. Multielement analysis in leaves of Nerium oleander L. using energy dispersive X-ray fluorescence. 2014. 139f. Dissertação (Mestrado em Física) - Instituto de Física Armando Dias Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Since the early 20th century, the air pollution in the great urban areas has worsened as a result of the industrialization and urbanization processes, jointly with the rapid population growth and the motorized transport. Some plants species absorb the air pollutant atmosphere by the leaves and then fixed them in its matrix, thus becoming a biomonitor of pollution in that area. Thus, the foliar analysis of these vegetal species can be used to environmental monitoring. One of the plants that have the ability to retain certain chemical elements in the environmental and it can be used as a biomonitor is the Nerium oleander L.. In this study were used Nerium oleander L. leaves to measure the environmental pollution levels in a sub-region in the Rio de Janeiro Metropolitan Region-Brazil through the X-ray Fluorescence (EDXRF). The EDXRF system was developed in the own laboratory and consist of a portable XRF system formed by a mini X-ray tube of low power (anode of Ag and operated in 20 kV/50 μA) and a SiPIN detector. The samples of Nerium oleander L. were collected from adult plants. The samples were collected during the year seasons (summer, fall, winter and spring). All the leaves were collected at a distance superior of a 1.5 m relative to the soil. The samples were packed in plastic bags and after the arrival in the Laboratory were placed under refrigeration at 5º C. In the laboratory, the samples were cleaned with a brush with soft bristles to remove dust. After that, the samples were placed in the stove at 60º C for 48 h. Next, the leaves were powdered (325 mesh). After this process, aliquots of 500 mg mass were pressed at a pressure of 2.32×108 Pa for about 15 minutes, order to obtain thin pellets with a diameter of 2.54 cm and superficial density of 100 mg/cm2. It was possible to determinate 13 elements concentration: S, Cl, K, Ca, Mn, Fe, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba and Pb. From the concentrations of each element were obtained the elemental distribution maps of the studied area in each season. The Pearson's correlation analysis shows a significant correlation between the elements Fe, Zn, Ba and Pb, between the elements Ca and Sr and between the elements Cl, K and Rb. The PCA (Principal Components Analysis) analysis shows that there is two mainly factors of the environmental pollution emissions: emission through the resuspension of the soil (Cl, K, Ca, Mn, Rb and Sr), vehicular and industrial emission (Fe, Zn, Ba and Pb). The study of the environmental pollution using the Nerium oleander L. leaves as a biomonitor proved an inexpensive technique and substantial efficiency in the determination of elements concentration. Key words: X-ray Fluorescence. Biomonitoring. Environmental pollution. Nerium oleander L. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Bacias Aéreas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro .......................... 40 Figura 2 - Estruturas de uma folha de Nerium oleander L. .............................................. 41 Figura 3 - Secção da folha evidenciando epiderme ....................................................... 42 Figura 4 - Visão geral do estômato ................................................................................ 43 Figura 5 Figura 6 Figura 7 - Secção transversal de folha de Nerium oleander L. ...................................... 44 Microscopia eletrônica de varredura da superfícies foliares de O. gratissimum, face adaxial ............................................................................... 45 Aspecto do estômato com poro obstruído por material particulado .............. 46 Figura 8 - Esquema da fluorescência de raios X ........................................................... 47 Figura 9 - O diagrama de energias para as linhas K, L M e N ....................................... 50 Figura 10 - Representação esquemática do efeito Auger ................................................. 52 Figura 11 - A razão salto/absorção ……………………………...……………................ 54 Figura 12 - Modelo esquemático da XRF ……………………...………………............. 56 Figura 13 - A geometria usada no método de transmissão .............................................. 62 Figura 14 - Nerium oleander L. ........................................................................................ 63 Figura 15 - Posição geográfica do Estado do Rio de Janeiro ........................................... 64 Figura 16 - Pontos de coletas das amostras ...................................................................... 65 Figura 17 - Preparação das amostras ................................................................................. 67 Figura 18 - Geometria do arranjo experimental ............................................................... 68 Figura 19 - Sistema de EDXRF portátil desenvolvido no laboratório para análises de XRF ............................................................................................................... 69 Figura 20 - Detector XR-100R da Amptek com módulo PX5 ......................................... 70 Figura 21 - Interface do programa DppMCA (obtenção dos espectros de XRF) ............ 70 Figura 22 - Tubo de raios X Mini-X da Amptek ............................................................. 71 Figura 23 - Interface do programa Mini-X (controle do tubo) ......................................... 71 Figura 24 - Colimadores utilizados no tubo de raios X ..................................................... 73 Figura 25 - Amostra Alvo ................................................................................................ 75 Figura 26 - Esquema do cálculo de absorção da pastilha ................................................. 76 Figura 27 - Curvas de absorção da amostras de Nerium oleander L., IAEA-V-10, celulose e H3BO3 ........................................................................................... 81 Figura 28 - Curva de sensibilidade experimental para as linhas K (Alto Z) .................... 82 Figura 29 - Curva de sensibilidade experimental para as linhas L (Alto Z) .................... 83 Figura 30 - Curva de sensibilidade calculada para as linhas K (Baixo Z) ....................... 84 Figura 31 - Espectro de fluorescência de raios X da amostra de Nerium oleander L. ........ 86 Figura 32 - Concentração de S (Verão) ............................................................................ 91 Figura 33 - Concentração de S (Outono) ......................................................................... 91 Figura 34 - Concentração de S (Inverno) ......................................................................... 91 Figura 35 - Concentração de S (Primavera) ...................................................................... 91 Figura 36 - Concentração de Cl (Verão) ........................................................................... 92 Figura 37 - Concentração de Cl (Outono) ......................................................................... 92 Figura 38 - Concentração de Cl (Inverno) ....................................................................... 92 Figura 39 - Concentração de Cl (Primavera) ................................................................... 92 Figura 40 - Concentração de K (Verão) ........................................................................... 93 Figura 41 - Concentração de K (Outono) ......................................................................... 93 Figura 42 - Concentração de K (Inverno) ........................................................................ 93 Figura 43 - Concentração de K (Primavera) .................................................................... 93 Figura 44 - Concentração de Ca (Verão) ......................................................................... 94 Figura 45 - Concentração de Ca (Outono) ....................................................................... 94 Figura 46 - Concentração de Ca (Inverno) ....................................................................... 94 Figura 47 - Concentração de Ca (Primavera) ................................................................... 94 Figura 48 - Concentração de Mn (Verão) ........................................................................ 95 Figura 49 - Concentração de Mn (Outono) ...................................................................... 95 Figura 50 - Concentração de Mn (Inverno) ...................................................................... 95 Figura 51 - Concentração de Mn (Primavera) .................................................................. 95 Figura 52 - Concentração de Fe (Verão) .......................................................................... 96 Figura 53 - Concentração de Fe (Outono) ........................................................................ 96 Figura 54 - Concentração de Fe (Inverno) ....................................................................... 96 Figura 55 - Concentração de Fe (Primavera) ................................................................... 96 Figura 56 - Concentração de Cu (Verão) ......................................................................... 97 Figura 57 - Concentração de Cu (Outono) ....................................................................... 97 Figura 58 - Concentração de Cu (Inverno) ....................................................................... 97 Figura 59 - Concentração de Cu (Primavera) ................................................................... 97 Figura 60 - Concentração de Zn (Verão) ......................................................................... 98 Figura 61 - Concentração de Zn (Outono) ....................................................................... 98 Figura 62 - Concentração de Zn (Inverno) ....................................................................... 98 Figura 63 - Concentração de Zn (Primavera) ................................................................... 98 Figura 64 - Concentração de Br (Verão) .......................................................................... 99 Figura 65 - Concentração de Br (Outono) ........................................................................ 99 Figura 66 - Concentração de Br (Inverno) ....................................................................... 99 Figura 67 - Concentração de Br (Primavera) ................................................................... 99 Figura 68 - Concentração de Rb (Verão) ......................................................................... 100 Figura 69 - Concentração de Rb (Outono) ....................................................................... 100 Figura 70 - Concentração de Rb (Inverno) ....................................................................... 100 Figura 71 - Concentração de Rb (Primavera) ................................................................... 100 Figura 72 - Concentração de Sr (Verão) .......................................................................... 101 Figura 73 - Concentração de Sr (Outono) ........................................................................ 101 Figura 74 - Concentração de Sr (Inverno) ........................................................................ 101 Figura 75 - Concentração de Sr (Primavera) .................................................................... 101 Figura 76 - Concentração de Ba (Verão) ......................................................................... 102 Figura 77 - Concentração de Ba (Outono) ....................................................................... 102 Figura 78 - Concentração de Ba (Inverno) ....................................................................... 102 Figura 79 - Concentração de Ba (Primavera) ................................................................... 102 Figura 80 - Concentração de Pb (Verão) .......................................................................... 103 Figura 81 - Concentração de Pb (Outono) ....................................................................... 103 Figura 82 - Concentração de Pb (Inverno) ....................................................................... 103 Figura 83 - Concentração de Pb (Primavera) ................................................................... 103 Figura 84 - Gráfico das Componentes Principais – (Verão) ............................................ 106 Figura 85 - Gráfico das Componentes Principais – (Outono) .......................................... 107 Figura 86 - Gráfico das Componentes Principais – (Inverno) ......................................... 108 Figura 87 - Gráfico das Componentes Principais – (Primavera) ..................................... 109 Figura 88 - Gráfico da concentração relativa do teste de altura ....................................... 129 Figura 89 - Gráfico concentração relativa do teste de altura ............................................ 132 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tabela 4 - Tipo de fontes dos poluentes atmosféricos e alguns processos relacionados .......................................................................................... Datas das coletas das amostras ….…………………………………… Valores médios e dispersão do comprimento e largura, e o percentual de massa média perdido pelas folhas durante a secagem em cada estação ………………………...…………............................................ Principais características do sistema fonte-detector ............................. Tabela 5 - Principais característica do detector .………………………………… Tabela 6 - Principais característica do tubo de raios X .......................................... 71 Tabela 7 - Condições experimentais ……………………..……………………… 73 Tabela 8 Tabela 9 - 74 Tabela 12 - Os padrões utilizados para a calibração do sistema…………………... Tabela de comparação entre os resultados experimentais e a amostra de referência IAEA-V-10. Valores de concentração em μg.g-1 ……… Tabela das concentrações elementares encontradas durante os 4 períodos do ano...................................................................................... Tabela com resultados de dois estudos que tiveram como objeto de análise amostras de Nerium oleander L.................................................. Teste de KMO e Bartelett (Verão – teste) .............................................. Tabela 13 - Matriz de Componente (Verão – teste) .................................................. 104 Tabela 14 - Teste de KMO e Bartelett ...................................................................... 105 Tabela 15 - Matriz de Componente (Verão) ............................................................. 105 Tabela 16 - Matriz Componente (Outono) ............................................................... 106 Tabela 17 - Matriz de Componente (Inverno) .......................................................... 107 Tabela 18 - Matriz de Componente (Primavera) ...................................................... 108 Tabela 19 - Coeficiente de correlação de Pearson (Verão) ....................................... 111 Tabela 20 - Coeficiente de correlação de Pearson (Outono) .................................... 111 Tabela 21 - Coeficiente de correlação de Pearson (Inverno) .................................... 112 Tabela 22 - Coeficiente de correlação de Pearson (Primavera) ................................ 112 Tabela 23 Tabela 24 - Tabela 26 - Coordenadas dos pontos de coleta das amostras .................................... Cor das flores das plantas, intensidade do fluxo de carros e data da coleta ..................................................................................................... Temperatura máxima, temperatura mínima, precipitação, umidade relativa e velocidade do ventos dos dias das coletas ............................... Concentração elementar nas diferentes posições (µg.g-1) ..................... Tabela 27 - Teste lado - K ......................................................................................... 129 Tabela 28 - Teste lado - Ca ....................................................................................... 129 Tabela 29 - Teste lado - Mn ...................................................................................... 129 Tabela 30 - Teste lado - Fe ....................................................................................... 130 Tabela 31 - Teste lado - Cu ....................................................................................... 130 Tabela 2 Tabela 3 - Tabela 10 Tabela 11 - Tabela 25 - 23 66 66 68 69 85 86 87 104 123 125 127 128 Tabela 32 - Teste lado - Zn ....................................................................................... 130 Tabela 33 - Teste lado - Br ....................................................................................... 130 Tabela 34 - Teste lado - Rb ....................................................................................... 130 Tabela 35 - Teste lado - Sr ........................................................................................ 130 Tabela 36 - Teste lado - Ba ....................................................................................... 131 Tabela 37 - Teste lado - Pb ....................................................................................... 131 Tabela 38 - Concentração elementares nas diferentes alturas (µg.g-1) ..................... 132 Tabela 39 - Teste altura - K ...................................................................................... 133 Tabela 40 - Teste altura - Ca ..................................................................................... 133 Tabela 41 - Teste altura - Mn .................................................................................... 133 Tabela 42 - Teste altura - Fe ..................................................................................... 133 Tabela 43 - Teste altura - Cu ..................................................................................... 133 Tabela 44 - Teste altura - Zn ..................................................................................... 133 Tabela 45 - Teste altura - Br ..................................................................................... 134 Tabela 46 - Teste altura - Rb ..................................................................................... 134 Tabela 47 - Teste altura - Sr ...................................................................................... 134 Tabela 48 - Teste altura - Ba ..................................................................................... 134 Tabela 49 - Teste altura - Pb ..................................................................................... 134 Tabela 50 - Concentrações elementares (µg.g-1) (Verão) ......................................... 136 Tabela 51 - Concentrações elementares (µg.g-1) (Outono) ....................................... 137 Tabela 52 - Concentrações elementares (µg.g-1) (Inverno) ...................................... 138 Tabela 53 - Concentrações elementares (µg.g-1) (Primavera) .................................. 139 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAS Espectrometria de Absorção Atômica CV-AAS Espectrometria de Absorção Atômica por vapor frio EDXRF Fluorescência de raios X por dispersão em energia GF-AAS Espectrometria de Absorção Atômica forno de grafite IAEA International Atomic Energy Agency IAP Instituto Ambiental do Paraná ICP-AES Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente ICP-MS Espectrometria de Massa por Plasma Acoplado Indutivamente ICP-OES Espectrometria de Emissão Óptica por Plasma Acoplado Indutivamente INEA Instituto Estadual do Ambiente MP Material particulado NAA Análise de Ativação Neutrônica PCA Análise de Componentes Principais PI Partículas inaláveis ppm parte por milhão ppb parte por bilhão PTS Partículas totais em suspensão RMP Região do Médio Paraíba RMRJ Região Metropolitana do Rio de Janeiro RNF Região Norte Fluminense SDD Silicon Drift Detector TXRF Fluorescência de Raios X por reflexão total XRF Fluorescência de Raios X SUMÁRIO INTRODUÇÃO …...……………...………………………………………... 17 1. REVISÃO DA LITERATURA ...…..……………………………………... 21 1.1. Poluição atmosférica ...………………………...…………………………... 21 1.1.1. Fonte dos poluentes atmosféricos ...………………………………………… 22 1.1.1.1. Poluentes gasosos ...………………………………………………………..... 23 1.1.1.2. Material Particulado (MP) ...………………………………………………… 24 1.1.1.3. Metais ...……………………………………………………………………... 24 1.1.2. Meio dispersor aéreo ...……………………………………………………… 25 1.1.3. Elementos receptors …………………………………………………………. 25 1.1.4. Efeitos da poluição atmosférica …………………………………………….. 25 1.1.4.1. Efeitos sobre a flora ……………………………………………………….... 26 1.1.4.2. Efeitos sobre a fauna ………………………………………………………... 26 1.1.4.3. Efeitos sobre os materiais …………………………………………………... 26 1.1.4.4. Efeitos sobre os seres humanos ....................................................................... 26 1.2. Biomonitoramento ………………………………………………………… 27 1.2.1. Biomonitoramento utilizando animais …………………………………….... 28 1.2.2. Biomonitoramento com vegetais ………………………………………….... 29 1.2.2.1. Vegetais inferiores (líquens e musgos) ........................................................... 30 1.2.2.2. Cascas e folhas de árvores .............................................................................. 32 1.2.2.3. Plantas superiores ………………………………...………………………..... 33 1.2.2.4. Nerium oleander L. …...…………………………………………………….. 35 1.3. Fluorescência de Raios X (XRF) .................................................................. 37 1.4. Região Metropolitana no Estado do Rio de Janeiro .................................. 38 2. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS ……………………………………... 41 2.1. Morfologia interna das folhas …………………………………………….. 41 2.1.1. Estômatos ………………………………………………………….………... 43 2.1.2. Tricomas ……………………………………………………………….......... 43 2.2. Fluorescência de Raios X ………………………………………………….. 46 2.3. A Emissão de Raios X Característicos ........................................................ 2.4. A Emissão de Fluorescência de Raios X ...................................................... 51 2.5. A Razão Salto/Absorção …………………………………………………... 2.6. Intensidade Relativa das Linhas de Raios X Característicos .................... 54 2.7. A intensidade da Radiação Fluorescente .................................................... 2.8. Correção dos Efeitos de Absorção na Amostra .......................................... 60 3. MATERIAIS E MÉTODOS ………………………….…………………... 47 53 55 63 3.1. Amostras analisadas ……………………………………….……………… 63 3.2. Área de estudo ……………………………………………………..………. 63 3.3. Coleta das amostras …………………………………………………….…. 65 3.4. Preparação de amostras …………………………………………………... 66 3.5. O arranjo experimental ……………………………………….…………... 67 3.5.1. Sistema Fonte-Detector ……………………………………………….…….. 67 3.5.2. Detector ……………………………………………………………….……. 69 3.5.3. Tubo de raios X …………………………………………………………….. 70 3.5.4. Filtragem do espectro contínuo …………………………………………….. 72 3.5.5. Condições experimentais ………………………….…………………........... 72 3.5.6. Colimadores …………………………………….…………………………... 73 3.6. Calibração do sistema ………………….………………………..………… 74 3.6.1. Preparação dos padrões ……………………………………….…………….. 74 3.6.2. Curva de sensibilidade ………………………………………….……........... 74 3.7. Cálculo da absorção A(E0,Ei) ....................................................................... 74 3.8. A avaliação dos espectros de fluorescência ................................................. 76 3.9. Análise estatísticas dos dados ……………………………….…………….. 78 3.9.1. Análise de correlação de Pearson .................................................................... 78 3.9.2. Análise por Componentes Principais ………………………………….……. 78 3.9.3. Mapas das distribuições elementares …………………………….…………. 80 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................ 81 4.1. Curva de absorção …………………….……………………………........... 4.2. Curva de sensibilidade …………………………….………………………. 82 4.3. Análise das amostras certificadas …………………………….…………... 4.4. Análise quantitativa nas amostras de folhas de Nerium oleander L. ........... 85 4.4.1. Espectro de fluorescência de raios X .............................................................. 85 4.4.2. Análise estatísticas dos dados ………………………………………............ 86 4.4.3 Mapas das distribuições elementares ……………………………………….. 87 4.4.4. Análise por Componentes Principais ............................................................... 104 4.4.5. Análise do coeficiente de correlação de Pearson ............................................ 110 5. CONCLUSÕES E PERSPERCTIVA FUTURAS ……………………..... 114 REFERÊNCIAS ………………………….…………………………........... 116 APÊNDICE A ……………………….……………………………………... 123 APÊNDICE B …………………………….…………………………........... 125 APÊNDICE C …………………………….………………………………... 128 APÊNDICE D ……………………………………………………………… 136 81 84 17 INTRODUÇÃO A poluição atmosférica é um dos principais problemas de saúde pública nos grandes centro urbanos no mundo todo. Portanto, a qualidade do ar é um tema de grande importância mundial por ser capaz de afetar seres humanos, animais, plantas e bens patrimoniais. Os poluentes do ar podem ser gerados por fontes naturais e antropogênicas: 1. Fontes naturais: as principais fontes de poluição atmosféricas naturais são: erupções vulcânicas, aerossóis marinhos, poléns, queimadas naturais e atividade microbiológica. 2. Fontes antropogênicas: as principais fontes antropogênicas são processos industriais diversos, agricultura, mineração, tráfego urbano e os veículos automotores de forma geral. Estes poluentes podem ser classificados como gasosos e material particulado (KAMPA, 2008): 1. Gasosos: SO2, NOx, O3 e compostos orgânicos voláteis, 2. Material particulado: partículas e líquidos emitidos para a atmosfera por fontes naturais e antropogênicas. Grande parte do material particulado são componentes naturais da crosta terrestre, mas também são lançados no meio ambiente pela atividade humana através do: tráfego urbano, atividades industriais, queima de combustível, indústria civil de construção/demolição, incêndios. Alguns metais estão presentes no material particulado em concentrações da ordem de parte por milhão ou parte por bilhão. Embora alguns metais sejam essenciais ao organismo humano, quando ingeridos ou inalados em concentrações elevadas (embora relativamente baixas) podem se torna tóxicos (JÄRUP, 2003). As correntes de convecções são os principais dispersores dos poluentes atmosféricos. A dispersão desses poluentes é afetada pelas condições atmosféricas, tamanho do particulado, topografia do local e pela existência de obstáculos, como grandes edificações. Esses fatores dificultam a dispersão dos poluentes atmosféricos aumentando a sua concentração junto à fonte emissora. Após serem lançados na atmosfera e transportados pelo ar, os poluentes atmosféricos se depositam no solo, nas plantas, na água e no corpo dos seres vivos. Os poluentes ao se depositarem podem influenciar a estrutura e função do ecossistema, incluindo sua habilidade de se alto regular, afetando assim a qualidade de vida. A extensão dos efeitos que podem ser 18 ocasionados nesses receptores dependem da concentração, natureza e o tempo de exposição a esses poluentes. Alguns estudos correlacionam a poluição atmosférica à ocorrência de algumas doenças nos seres humanos, como, irritação na pele, doenças cardíacas, infecções respiratórias, entre outras (KAMPA, 2008). A coleta direta da deposição dos poluentes atmosféricos tem sido empregada usando dispositivos de amostragem em massa e oferecem uma abordagem prática para o monitoramento dos metais. No entanto, estudos sobre a contaminação atmosférica frequentemente têm sido limitados pelo alto custo dos instrumentos de monitoramento e dificuldades na realização de uma ampla amostragem no espaço e no tempo (TOMASEVIC, 2010). Por essa razão, muitos pesquisadores têm buscado métodos de monitoramento indiretos, tais como o uso de organismos que podem atuar como bioindicador/biomonitor. Bioindicadores/biomonitores são organismos biológicos utilizados para obtenção da informação da qualidade do ar no local. Diversas espécies de animais e vegetais (líquens, musgos, casca de árvores, folhas de plantas) vêm sendo utilizadas como biomonitores por possuírem a capacidade de absorver os poluentes atmosféricos. Algumas espécies de plantas possuem a capacidade de absorver os poluentes do ar a partir da atmosfera e, em seguida, os fixa em sua matriz, tornando-se assim, um bioindicador de poluição daquele local. Assim, a análise foliar destas espécies de vegetais pode ser utilizada para o monitoramento ambiental. Entre as plantas, destaca-se o uso da Nerium oleander L. como biomonitor, pois apresenta a capacidade de reter determinados elementos químicos presente no meio ambiente. Nerium oleander L. é uma planta ornamental do Mediterrâneo e bem adaptada ao clima tropical. No Brasil, conhecida popularmente como "espirradeira", a Nerium oleander L. é bastante utilizada como planta ornamental em ruas, parques e jardins. Entre as técnicas utilizadas nas análises de biomonitoramento pode-se citar a utilização de técnicas como Espectrometria de Absorção Atômica (AAS), Análise de Ativação Neutrônica (NAA) e a Fluorescência de Raios X (XRF). A XRF é uma técnica analítica multielementar bastante popular e aplicada em várias áreas da ciência e tecnologia, e vem sendo utilizada nos últimos anos, principalmente, na análise de amostras ambiental (ar, sedimento, água, solo, plantas) (ANJOS et al., 2000). O local de estudo desse trabalho foi a Região Metropolitana do Rio de Janeiro por que esta região possui a segunda maior concentração de população, veículos (fontes móveis), indústrias e de fontes emissoras de poluentes do país. Além disso, a cidade do Rio de Janeiro vem passando por grandes transformações urbanas para a melhoria da cidade e também devido 19 aos eventos internacionais que a cidade vem sediando e irá sediar nos próximos anos, como por exemplo, a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016. Todas essas reformas de infraestruturas que estão acontecendo na cidade (como a implosão da perimetral, reforma no Maracanã) lançam materiais particulados no ar influenciando na qualidade do ar da região. Portanto, uma análise na região se torna ainda mais importante para avaliarmos o impacto que essas reformas têm gerado na qualidade do ar. OBJETIVOS O objetivo principal deste trabalho é utilizar folhas de Nerium oleander L. na avaliação dos níveis de poluição atmosférica em uma sub-região da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) através da técnica de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia (EDXRF). Objetivos específicos a) Desenvolver uma metodologia de coleta e preparação das amostras de folhas de plantas para análise por EDXRF, b) Desenvolver uma metodologia para as medidas dos elementos de baixo Z (S, Cl, K e Ca), c) Realizar um mapeamento local da distribuição elementar nas regiões estudadas; d) Avaliar os efeitos sazonais na distribuição dos elementos; e) Utilizar a técnicas de análise multivariadas para correlacionar os elementos encontrados com as principais fontes poluentes. O desenvolvimento deste trabalho está dividido em capítulos com os seguintes tópicos: a) Capítulo I: Revisão da Literatura sobre o tema de estudo; b) Capítulo II: Morfologia dos vegetais e Fundamentos teóricos acerca da Fluorescência de raios X; 20 c) Capítulo III: Materiais utilizados e a metodologia desenvolvida do trabalho; d) Capítulo IV: Apresentação dos resultados obtidos, bem como uma análise e discussão dos mesmos; e) Capítulo V: Conclusões, sugestões e considerações finais; 21 1. REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo será apresentado a revisão da literatura sobre o tema de estudo. 1.1. Poluição atmosférica A poluição atmosférica tem se tornado um dos maiores problemas ambientas e de saúde pública das grandes centros urbanos. O processo de industrialização e urbanização das grandes cidades juntamente com o crescimento populacional e do transporte motorizado tem provocado um aumento no nível de poluição atmosférica destes locais APRILE (2010). Os habitantes dos grandes centros urbanos são os mais afetados pela ação dos poluentes atmosféricos por que estão constantemente expostos a fontes móveis (automóveis, por exemplo) e as emissões industriais / agricultura, considerando que os parques industriais normalmente estão ao redor dos grandes centros urbanos ou, as vezes, fazem parte dos próprios centros urbanos. Além disso, essas grandes cidades possuem edificações em torno de algumas vias de grande fluxo de veículos, o que dificulta a dispersão desses poluentes e criam nessas áreas o chamado “hot spot” de poluição atmosférica, que são áreas de maior concentração de poluentes. Embora toda a cidade seja afetada como um todo, nesses hot spots acontecem um aumento no nível de poluição atmosférica afetando a população que trafega, mora ou trabalha nestes locais (MARTINS, 2009). De acordo com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, N° 6.938/81 em seu Artigo 3°, inciso III, define-se poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) Prejudiquem a saúde, a segurança, e o bem-estar da população; b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) Afetem desfavoravelmente a biota; d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e; e) Lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (IAP, 2011). O IAP (2011) diz que não se pode considerar poluição qualquer atividade que altera a composição da atmosfera como poluição. Entende-se por poluição atmosférica como sendo a presença ou o lançamento de uma substância na atmosfera que se mantém acima de um limiar de aceitabilidade para o bem estar dos seres humanos, animais, infraestrutura ou do ambiente 22 em geral. O processo de poluição atmosférica pode ser separado em três diferentes etapas que interagem entre si: a) A fonte geradora do poluente; b) O meio dispersor aéreo do poluente; c) Os elementos receptores. 1.1.1. Fonte dos poluentes atmosféricos Os poluentes atmosféricos podem advir de fenômenos naturais e de atividades antropogênicas (que são as maiores causadoras de poluição atmosférica) (KAMPA, 2008). O INEA (2009) classifica as fontes de poluentes do ar em três grandes classes: a) Fontes estacionárias – representadas por dois grandes grupos: um abrangendo atividades pouco representativas nas áreas urbanas, como queimadas, lavanderias e queima de combustíveis nas padarias, hotéis, hospitais, as quais são consideradas usualmente como fontes de poluição não industriais; e outro formado por atividades individualmente significativas, em vista à variedade ou intensidade de poluentes emitidos, como a poluição dos processos industriais. b) Fontes móveis – compostas pelos meios de transporte aéreo, marítimo e terrestre, em especial os veículos automotores que, pelo número e concentração, passam nas áreas urbanas a constituir fontes de destaque frente a outras. c) Fontes naturais – são os processos naturais de emissão caracterizados pela atividade de vulcões, do mar, da poeira cósmica, do arraste eólico, etc. A tabela 1 mostra as principais substâncias consideradas como poluentes atmosférico e as respectivas fontes de emissão. Os poluentes podem se diferirem na sua composição química, nas suas propriedades de reação, na emissão, na persistência no ambiente, na capacidade de serem transportados em longas ou curtas distâncias e seus eventuais impactos na saúde humana e / ou animal. Mas eles partilham de algumas semelhanças entre si e podem ser agrupados em 3 (três) categorias (KAMPA, 2008): a) Poluentes gasosos (SO2, NOx, CO, ozônio, compostos orgânicos voláteis). b) Material Particulado. c) Metais pesados (chumbo, mercúrio, por exemplo). 23 Tabela 1 – Tipo de fontes dos poluentes atmosféricos e alguns processos relacionados Fontes Combustão Material particulado, dióxido de enxofre e trióxido de enxofre, monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio Processo Industrial Material particulado (fumos, poeiras, névoas), gases – SO2, SO3, HCl, hidrocarbonetos, mercaptanas, HF, H2S, NOx Queima de Resíduo Sólido Material particulado, Gases – SO2, SO3, HCl, NOx Outros Hidrocarbonetos, material particulado Veículos gasolina / diesel álcool, aviões, motocicletas, barcos, locomotivas, etc. Material particulado, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, aldeídos, dióxido de enxofre, ácidos orgânicos Fontes estacionárias Fontes móveis Poluentes Fontes naturais Material particulado – poeiras, Gases – SO2, H2S, CO, NO, NO2, hidrocarbonetos. Reações químicas na atmosfera Ex.: hidrocarbonetos + óxidos de nitrogênio (luz solar) Poluentes secundários – O3, aldeídos. Ácidos orgânicos, nitratos orgânicos, aerossol fotoquímicos, etc. Fonte: INEA, 2009, p. 25. 1.1.1.1. Poluentes gasosos Dos poluentes chamados gasosos, podemos citar como poluentes primários (poluentes que são liberados diretamente das fontes emissoras) o dióxido de enxofre (SO2), o sulfeto de hidrogênio (H2S), os óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Já os poluentes secundários (poluentes formados por meio de reações químicas com os poluentes primários e o meio) se destacam, quando presentes na atmosfera, o ácido sulfúrico (H2SO4), o ácido nítrico (HNO3), os nitratos, os sulfatos, e o ozônio (O3) (MARTINS, 2009). 24 1.1.1.2. Material particulado (MP) O material particulado pode ser composto por vários elementos químicos, especialmente metais e compostos de carbono. Os MP são associados à poluição urbana (veiculares e industriais) e estão presentes, principalmente nas partículas finas e ultrafinas (BERGAMASCHI, 2007). O material particulado pode ser classificado em partículas finas (com diâmetro menor que 2,5 µm), partículas ultrafinas (com diâmetro menor que 0,1 µm) e partículas grossas (com diâmetro maior que 2,5 µm e menor que 10 µm) (MARTINS, 2009). As partículas finas e ultrafinas são as mais perigosas para os seres humanos, pois penetram os alvéolos pulmonares e são relacionadas por muitos estudos com doenças cardiovasculares e respiratórias (KAMPA, 2008). 1.1.1.3. Metais Os metais são componentes naturais da crosta terrestre, mas também são lançados no meio ambiente pela atividade humana através do: tráfego urbano, atividades industriais, queima de combustível, indústria civil de construção / demolição, incêndios. Eles não podem ser degradados ou destruídos, e podem ser transportados pelo ar, e introduzir a água e alimentos humanos (KAMPA, 2008). Alguns metais são comumente chamados de “elementos-traço”, por ocorrerem em concentrações da ordem de parte por milhão (ppm) ou parte por bilhão (ppb). Embora alguns metais sejam essenciais ao organismo humano, quando ingeridos ou inalados em concentrações elevadas (embora relativamente baixas) tornam-se tóxicos (JÄRUP, 2003). Os metais são os elementos químicos mais estudados do ponto de vista toxicológico, pois reagem com ligantes difusores, com macromoléculas e com ligantes presentes em membranas o que, muitas vezes, lhes conferem propriedades de bioacumulação, biomagnificação na cadeia alimentar, persistência no ambiente e distúrbios nos processos metabólicos dos seres vivos (TAVARES, 1992). As bioacumulações e biomagnificações se encarregam de transformar concentrações consideradas normais em concentrações tóxicas para diferentes espécies da biota e para o homem. A persistência garante efeitos ao longo do tempo ou de longo prazo, mesmo depois de interrompidas as emissões (TAVARES, 1992). Sabe-se hoje em dia que os veículos automotivos não emitem apenas poluentes gasosos, mas também partículas metálicas oriundas das partes internas do motor e dos combustíveis, óleos lubrificantes e aditivos. Porém, ainda não há padrão nacional para 25 concentrações de metais no ar e as informações sobre os teores de metais provenientes de emissões veiculares também são bastante limitadas (SILVA, 2007). 1.1.2. Meio dispersor aéreo Uma vez lançado na atmosfera, os poluentes tanto de fontes naturais como industriais podem se dispersar, reagir entre si ou com outras substâncias já presente na própria atmosfera. A concentração real dos poluentes no ar depende tanto dos mecanismos de dispersão como de sua produção e remoção (INEA, 2009). O vento é o principal meio de dispersão dos poluentes na atmosfera. A dispersão dos poluentes é afetada pelas condições atmosféricas, sujeita a zonas de alta ou baixa pressão, pelas inversões térmicas, pelas correntes de convecção e regime de ventos. A topografia regional, como regiões de baixadas (vales), e a existência de obstáculos ao vento, como montanhas e agrupamentos de grandes edificações, também influenciam na dispersão dos poluentes, ocasionando um maior acúmulo desses poluentes juntos às fontes (FERREIRA, 2009). As condições meteorológicas são quem determinam uma maior ou menor diluição dos poluentes atmosféricos. Por esse motivo é que a qualidade do ar é pior durante o inverno, quando as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão de poluentes (INEA, 2009). 1.1.3. Elementos receptores Uma vez disperso na atmosfera esses poluentes podem, ou não, migrar para outros locais até finalmente encontrarem seu destino em um receptor, sejam eles seres humanos, animais, plantas, materiais, oceano. Nos receptores a extensão dos efeitos causados por esses poluentes vão depender da natureza, concentração dos poluentes e do tempo de exposição em que o receptor estará exposto a eles. 1.1.4. Efeitos da poluição atmosférica Os efeitos da poluição atmosférica se caracterizam tanto pela alteração de condições consideradas normais como pelo aumento de problemas preexistentes. Essas alterações podem ser o aumento da temperatura do planeta, a alteração da acidez das águas da chuva, modificação da intensidade da radiação solar (ALMEIDA, 1999). A poluição atmosférica afeta a natureza em geral, isto é, tem efeito sobre o bem estar dos seres humanos, da fauna, flora e também sobre os materiais (IAP, 2011). 26 1.1.4.1. Efeitos sobre a flora Na flora os efeitos da poluição atmosférica incluem a necrose do tecido das folhas, caule e frutos; a redução e / ou supressão da taxa de crescimento; aumento da suscetibilidade a doenças, pestes e clima adverso até a interrupção total do processo reprodutivo da planta. Os danos podem ocorrer de forma aguda ou crônica e são ocasionados pela redução da penetração da luz, com consequente redução da capacidade fotossintetizadora dos vegetais, geralmente ocasionada por deposição de partículas nas folhas. A deposição dos poluentes nas plantas pode ocorrer mediante a penetração através das raízes após deposição de partículas ou dissolução de gases no solo e pela penetração dos poluentes através dos estômatos, que são pequenos poros na localizados na epiderme das folhas que tem a função de comunicação do meio interior da planta com a atmosfera realizando a troca de gases e a transpiração da planta (ALMEIDA, 1999). 1.1.4.2. Efeitos sobre a fauna Os efeitos dos poluentes atmosféricos sobre a fauna incluem o enfraquecimento do sistema respiratório, danos aos olhos, dentes e ossos, aumento da suscetibilidade a doenças, pestes (ALMEIDA, 1999). 1.1.4.3. Efeitos sobre os materiais Os efeitos dessa deposição dos poluentes sobre os materiais incluem descoloração, erosão, corrosão, enfraquecimento e decomposição dos materiais de construção (ALMEIDA, 1999). O aumento da poluição atmosférica veio acelerar os problemas de corrosão nas esculturas e outros monumentos metálicos de liga de cobre e muitos monumentos encontramse já muito degradados e a sua recuperação ou substituição muitas vezes é impossível (FONTINHA, 2008). 1.1.4.4. Efeitos sobre os seres humanos A exposição aos poluentes sejam misturas ou substâncias individuais, podem gerar diversos efeitos nos seres humanos. Esses efeitos podem ser náuseas, dificuldade em respirar, irritação na pele e até câncer. Também podem ocasionar defeitos de nascença e até atrasos de desenvolvimentos em crianças. SALDIVA (1994) estudou a associação entre a poluição atmosférica e a mortalidade de crianças devido a doenças respiratórias na cidade de São Paulo. Encontrou uma associação 27 positiva da mortalidade de crianças por doenças respiratória com os níveis de NOx. O efeito de NOx em mortalidade infantil parece ser específico para doenças respiratórias, já que as mortes por eventos não respiratórias não foram associados significativamente com este poluente. KAMPA (2008) ao discutir os efeitos dos poluentes do ar sobre a saúde humana mostra que a poluição do ar tem efeitos agudos e crônicos na saúde humana, afetando diferentes sistemas e órgãos. Os efeitos podem ser irritação das vias respiratórias, doenças cardíacas, câncer de pulmão, infecções respiratórias agudas em crianças e bronquite crônica em adultos, agravamento de doenças do coração e pulmonar pré-existente e ataques de asma. Além disso, a exposição de curto e longo prazo também foram relacionados com a mortalidade prematura e redução da expectativa de vida. Nos grandes centros urbanos, as pessoas passam cada vez mais tempo presas em congestionamentos de veículos, a qual são submetidas por um tempo maior a doses de poluentes e se tornam mais vulneráveis aos efeitos da poluição. Para uma estimativa da dose de poluição que o indivíduo recebe seria importante uma amostragem no espaço e no tempo do tipo e da concentração do poluente ao qual o indivíduo está submetido (MARTINS, 2009). Estudos sobre o transporte e a mobilização dos elementos traço têm atraído a atenção de muitos pesquisadores. A coleta direta de deposição atmosférica tem sido extensivamente empregada usando dispositivos de amostragem em massa e oferecem uma abordagem prática para o monitoramento atmosférico da deposição dos elementos traços. No entanto, estudos sobre a contaminação atmosférica frequentemente têm sido limitados pelo alto custo dos instrumentos dos métodos de monitoramento e pela dificuldade na realização de uma ampla amostragem no espaço e no tempo. Por estas razões, há um crescente interesse de diversos pesquisadores na utilização de métodos de monitoramento indiretos, tais como o uso de organismos que podem atuar como bioacumuladores (TOMASEVIC, 2010). 1.2. Biomonitoramento Indicadores biológicos têm sido utilizados por pesquisadores durante muitos anos para detectar a deposição, a acumulação e distribuição da poluição de metais através das alterações nas funções vitais ou composição química desses organismos. Várias espécies vêm sendo utilizadas como biomonitorores / bioindicadores de poluição ambiental, incluindo espécies animais e vegetais, como os líquens, musgos, folhas de plantas, cascas de árvores, anéis de crescimento. MARKET (2007) realiza um estudo onde define os princípios para a bioindicação / biomonitoramento dos elementos traços no ambiente. Nesse estudo ele conceitua termos 28 relacionados à técnica de biomonitoramento, como: a) Bioindicador, organismo (ou parte de um organismo ou uma comunidade de organismos) que contém informação sobre a qualidade do meio ambiente (ou uma parte do meio ambiente); b) Biomonitor, organismo (ou parte de um organismo ou uma comunidade de organismos), que contém informação sobre os aspectos quantitativos da qualidade do ambiente. A diferenciação clara entre bioindicação e biomonitoramento é a abordagem qualitativa / quantitativa da qualidade do meio ambiente. O biomonitoramento fornece informações a respeito da qualidade do ambiente em função do tempo e espaço. A técnica de biomonitoramento pode ser classificada quanto a espécie a ser analisada como biomonitor: a) Biomonitoramento ativo, é quando se expõem uma espécie no meio que se pretende estudar, por um determinado período. Os líquens e os musgos são bastantes utilizados nesse tipo de estudo; b) Biomonitoramento passivo, é quando se estuda espécies já presentes no meio, ou seja, espécies no seu habitat natural. Cascas e folhas de árvores e plantas são bastantes utilizadas nesse estudo. 1.2.1. Biomonitoramento utilizando animais A primeira tentativa de se classificar organismos aquáticos como indicadores da qualidade da água foi feita por Cohn, em 1870, mais tarde modificado por Mez, em 1898. A relação de organismos aquáticos com a qualidade da água foi mais claramente definida, tempos depois, por Kolkwitz e Marsson, em 1902, 1908 e 1909 (MARKET, 2003). Quando se utiliza espécies animais como biomonitores, alguns fatores como os hábitos alimentares, abundância da espécie precisam ser considerados, além da concentração dos elementos traços nas espécies (BRAUER, 2001). BRAUER (2001) estudou a concentração de elementos-traço em tecidos de algumas espécies animais (bagre - Clarias fucus, pombo - Columba livia dom, caranguejo de água doce - Somaniathelphusa sinensis, mexilhão de água doce - Cristaria bialata, ratos - Rattus lasea, sapo - Bufo melanostictus, e cobra - Bungarus fasciatus) recolhidos na província Ha Nam, 29 Vietnã. Realizou o estudo de biomonitoramento através da técnica de Fluorescência de Raios X por Reflexão Total (TXRF). E detectou os elementos P, S, Cl, K, Ca, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, Se, Br, Rb e Sr nas diversas espécies. Chegou-se à conclusão de que a espécie mexilhão de água doce é provavelmente a melhor escolha de biomonitor para a situação de poluição no Vietnã, mas que o caranguejo de água doce, o sapo e os bagres também são bons candidatos. AZEVEDO (2009) estudou em Santos (Brasil) o peixe da espécie Cathorops spixii como bioindicador de poluição de metais traços. As concentrações de Co, Fe, Se e Zn foram determinadas por NAA (Análise de Ativação Neutrônica), e as concentrações de Hg e MeHg foram determinadas por CV-AAS (Espectrometria de Absorção Atômica por Vapor Frio). Mostrou que as concentrações de Co, Fe, Se e Zn na amostra estavam acima dos limites permitidos para consumo humano. UNGHERESE (2010) realizou um estudo para determinar os metais traços (Hg, Cd, Cu, Zn, Al, Fe, Mn, Cr e Pb) em amostras de crustáceos anfípodes Talitrus saltator (montagu) coletados em 14 locais ao longo das costas de Tuscan e Corsican (França). Utilizou a técnica ICP-OES (Espectrometria de Emissão Óptica por Plasma Acoplado Indutivamente) para os elementos Al, Cu, Fe, Mn e Zn, a técnica GF-AAS (Espectrometria de Absorção Atômica Forno de Grafite) para os elementos Cd, Cr e Pb, e a técnica CV-AAS (Espectrometria de Absorção Atômica por Vapor Frio) para o elemento Hg. Os resultados demostraram a capacidade do T. saltator acumular Cu, Cd, Zn, Hg, Al, Fe e Mn, mas não para acumular Cr ou Pb. ZRNČIĆ (2013) estudou os níveis de metais pesados no tecido muscular de 14 espécies de peixes analisando os valores medidos de acordo com os hábitos alimentares das espécies, no rio Danúbio (parte croata). Utilizou a técnica GF-AAS para os elementos As, Cd e Pb, e a técnica CV-AAS para o Hg. Dos elementos analisados apenas o Hg excedeu o limite permitido pelos regulamentos do país. As espécies apresentaram diferenças significativas nas concentrações dos elementos de acordo com os hábitos alimentares. As maiores concentrações de Hg foram encontradas nos tecidos da espécie de peixe Aspius aspius e da carpa capim (C. idella). 1.2.2. Biomonitoramento com vegetais Segundo OSÁN (1996) os vegetais são mais indicados que os animais, incluindo o Homo sapiens, para o monitoramento do impacto ambiental, pois são expostos às condições ambientais (climáticas e espaciais) mais fácies de serem determinadas e podem acumular agentes tóxicos e gerar respostas ecofisiológicas proporcionais às concentrações dos poluentes (PINTO, 1999). 30 Nas análises de vegetais se destacam a utilização das vegetais inferiores (líquens e musgos), muitas vezes utilizadas como biomonitoramento ativo, e também as plantas superiores, folhas e cascas de árvores. 1.2.2.1. Vegetais inferiores (líquens e musgos) A técnica de biomonitoramento através de líquens tem sido amplamente utilizada nos países europeus para avaliar o estado de deposição atmosférica desde o final da década de 60 (ZHANG, 2002; MARKET, 1999). E o biomonitoramento de metais pesados através da técnica de musgos, segundo ÖTVÖS (2003), começou a ser utilizada nos países nórdicos na década de 70. Os líquens e os musgos são, provavelmente, os organismos mais frequentemente usados para monitorar poluentes metálicos em ambientes urbanos, em virtude da sua elevada capacidade de acumulação do metal (MARKET, 1993; AKSOY, 1997). ZHANG (2002) realizou um estudo com líquens epífitas (Parmotrema recticulatum) em uma área remota da China durante 30 anos (1960 – 1990). Utilizou a técnica NAA para a determinação dos elementos, e conseguiu verificar os elementos Ag, Au, Ca, Ba, Ce, Co, Cr, Cs, Eu, Fe, Hf, K, La, Lu, Mo, Na, Nd, Ni, Rb, Sb, Sc, Se, Sm, Sr, Ta, Tb, Th, U, W, Yb e Zn. Foi verificado que a deposição de metais pesados na atmosfera diminui ao longo dos anos. No Brasil, FUGA (2008) realizou um estudo com líquens epífitas Canoparmelia texana na região metropolitana de São Paulo. Utilizou a técnica NAA e foi possível verificar os elementos As, Ba, Br, Ca, Cr, Co, K, Fe, La, Mn, Mo, Na, Rb, Sb, Sc, Se, U, e Zn. Observou que concentrações mais elevadas de Ba e Mn foram observadas na proximidade de indústrias e de um complexo petroquímico. Observou também que a maior concentração de Co foi nas proximidade de uma usina de processamento metalúrgico. E as concentrações mais elevadas de Br e Zn podem estar associadas tanto às emissões veiculares quanto a emissões industriais. MAJUMDAR (2009) estudou os elementos traços em amostras de liquens epífitas (Parmellia caperata) na cidade de Kolkata (China), uma das cidades mais populosas do mundo. Utilizou a técnica EDXRF (Fluorescência de raios X) e verificou uma alta concentração dos elementos S, Ca, V, Cr, Mn, Fe, Ni e Pb em locais com grande presença de veículos e industrias em comparação com locais com menor ou nenhum presença dos mesmos. E verificou também uma notável variação sazonal na concentração dos elementos Mn, Fe, Cu, Zn e Pb. BASILE (2008) comparou a capacidade de bioacumulação de metais pesados no musgo epífita Scorpiurum circinatum e no líquen epífita Pseudevernia furfuracea, exposto em sacos (com musgos a técnica é chamada de “moss-bag”) por 3 meses na área urbana de Acerra (Itália). O concentração de Al, As, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, Pb, Ti, V e Zn foi medido 31 por ICP-MS (Espectrometria de Massa com Plasma Acoplado Indutivamente) e os resultados mostraram que ambas as espécies acumulam todos os metais pesados testados. O musgo teve uma maior capacidade de bioacumulação para todos os metais e mostrou uma tendência de acumulação mais constante e linear do que o líquen. ARES (2012) realizou uma revisão metodológica da técnica de biomonitoramento por “moss-bag” a fim de se criar um protocolo padronizado que permita a aplicação da técnica como uma ferramenta para monitorar a qualidade do ar. Ou seja, padronizar as variáveis que devem ser consideradas na aplicação da técnica (preparação do musgo e dos sacos de musgo, a exposição do saco e tratamento pós exposição). O estudo é realizado para o fornecimento de resultados mais comparáveis, mas não produz necessariamente uma melhor compreensão dos processos e mecanismos subjacentes à acumulação de contaminantes por musgo em sacos biológicos. GIORDANO (2013) expos musgos (Hypnum cupressiforme) e líquens (Pseudevernia furfuracea) por 17 semanas em quatro estações de monitoramento urbano em Nápoles (Itália). Foram avaliados os elementos Al, As, Ba, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Hg, K, Mg, Mn, Mo, Ni, Pb, Ti, V e Zn, através da técnica ICP-MS. A acumulação dos elementos foi significativamente mais elevada na amostra musgo do que na amostra de líquen. Portanto, conclui através do estudo, que a técnica de “moss-bag” é mais indicada para o monitoramento da deposição de elemento traço em ambientes urbanos. ÖTVÖS (2003) estudou o musgo Hypnum cupressiforme como bioindicador de Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb, V e Zn, na Hungria. As concentrações de metais pesados foram determinados por ICP-AES (Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente). Este estudo faz parte de um projeto de mapeamento internacional (Atmospheric Heavy Metal Deposition in Europe) realizadas na maioria dos países europeus na década de 1990 para determinar e comparar a poluição por metais pesados por métodos padronizados. Ao comparar com outros dados do projeto verificou que as concentrações de Cd, Fe e Ni estavam mais elevadas. Mas explica que esse aumento provavelmente se deve ao fato dessa espécie estudada acumular concentrações mais elevadas de metais pesados em comparação com outras espécies. Os musgos são bastantes conhecidos e utilizados como bioindicadores devido às suas características específicas: não possuem um sistema de raiz real, sua cutícula é inexistente ou reduzida, e suas folhas são apenas uma célula de espessura da camada, com isso eles captam nutrientes em toda a superfície da planta a partir do ar e da precipitação ÖTVÖS (2003). Sua acumulação e capacidades de troca iônica faz com que os musgos sejam bons indicadores para detecção de diferentes poluentes, como por exemplo, metais pesados. E como o efeito e 32 contaminação do solo por metais pesados pode ser considerado insignificante para a maioria dos musgos, o teor de metais medidos em musgos está intimamente correlacionado à deposição atmosférica ÖTVÖS (2003). A utilização de líquens e musgos possuem uma desvantagem, esses vegetais podem não existir naturalmente em todas as regiões de uma cidade e, muitas vezes precisam ser transplantadas para a área de estudo, o que implica em um custeio de transplante (MARTINS, 2009). Porém, essa desvantagem pode se tornar uma vantagem, pois são utilizados muitas vezes como biomonitor ativo, o que faz que com se possibilite a padronização das amostras que serão expostas a poluição atmosférica. 1.2.2.2. Cascas e folhas de árvores A vantagem da utilização de casca e folhas de árvores no biomonitoramento é o seu longo período de vida, o que permite repetições e um monitoramento prolongado, criando uma amostragem da distribuição do elementos traços ao longo do tempo. Sem contar que são mais fáceis de ser identificadas do que as plantas inferiores (os líquens, por exemplo) (SAWIDIS, 2011). MARTINS (2009) analisou cascas de árvores de diversas espécies em parques urbanos da cidade de São Paulo, para verificar a área de influência dos corredores de tráfego. As concentrações de Ba, Co, Cr, Cu, Fe, Ca, Pb, S e Zn foram determinadas através de técnica de EDXRF (Fluorescência de Raios X por Dispersão em Energia). Resultados mostraram uma maior concentração de elementos traços em comparação com a região controle. E mostraram também que os elementos relacionados a atividades antropogênicas exibiram maiores concentrações nas regiões periféricas dos parques em relação as regiões centrais. FERREIRA (2009), no município de São Mateus do Sul – PR, produtor de xisto pirobetuminoso (Xisto), realizou um estudo combinando medidas de acumulação dos elementos traço em cascas de árvores e de partículas finas (diâmetro aerodinâmico inferior a 2,5 µm) em filtros para avaliar os possíveis efeitos sobre a saúde da população das emissões de uma indústria de xisto. Também foi coletado nos prontuários médicos dos pacientes no posto de saúde os dados de saúde da população local. As análises foram realizadas pela técnica EDXRF para determinação dos elementos Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, S, Si, V e Zn nas cascas de árvores e Fe, S e Si no material particulado. Os resultados mostram que as emissões da indústria de xisto afetam a saúde dos habitantes da cidade. E sugere que Fe, S e Si podem ser usados como marcadores da poluição da indústria de xisto. TOMASEVIC (2010) estudou folhas das árvores Aesculus hippocastanum e Tilia spp. 33 de parques da área urbana de Belgrado (Sérvia) como biomonitores de elementos traços (V, Cr, Fe, Ni, Cu, Zn, As, Cd e Pb) da poluição do ar. Utilizou a técnica ICP-OES e ICP-MS para determinar as concentrações totais dos elementos. E, através do escaneamento microscópio eletrônico de varredura (SEM) examinou na parte superior e inferior da superfície da folha, tipo de distribuição e composição morfológica e química das partículas individuais. A composição morfológica e química indicaram que as partículas mais abundantes são a fuligem e poeiras com constituintes menores como Pb, Zn, Ni, V, Cd, Ti, As e Cu. As folhas de Aesculus hippocastanum mostraram uma concentração de elementos significativamente mais elevados e se mostrou mais suscetível para avaliação dos elementos traços da poluição atmosférica, especialmente com Pb e Cu, que se correlacionaram com os dados de deposição de massa. SANTOS (2011) utilizou casca de árvore da espécie Myracrondoun urundeuva, na Região da Fercal no Distrito Federal, tendo como foco as emissões atmosférica de uma fábrica de cimento. Utilizou a técnica de EDXRF para verificar as concentrações de Mn, Fe, Cu, Zn, Rb, Na, Mg, Al, P, S, Cl, K, Ca, Sr e Ba. E verificou que os elementos Fe, Ca, Cu, Al, P, S, Sr, Zn e Ba apresentaram maiores concentrações nas proximidades da fábrica. Esses elementos estão fortemente associados ao calcário e ao processo de fabricação do cimento. SAWIDIS (2011) determinou as concentrações de quatro metais pesados (Cr, Cu, Fe e Pb) em folhas e cascas de árvores (Platanus orientalis L. e Pinus nigra Arn.) coletadas de áreas poluídas e não poluídas de três cidades europeia (Salzburg - Áustria, Belgrado - Sérvia e Thessaloniki - Grécia) para um estudo comparativo. Utilizou a técnica de ASS (Espectroscopia de Absorção Atômica) para determinação dos metais. Observou uma maior acumulação de metais nas cascas do que nas folhas. E a árvore Pinus nigra Arn. obteve uma maior concentração de metais. Mas ambas as espécies se mostraram adequadas para o biomonitoramento. 1.2.2.3. Plantas superiores A investigação de plantas superiores como indicadores de poluição atmosférica vem desde o final do século 19, início século 20. Nas últimas décadas têm-se visto um aumento crescente nos estudos de folhas de plantas superiores como biomonitores da poluição por metais (AKSOY, 1999). As plantas superiores desempenham um papel fundamental para a nutrição e vida na terra. São organismos não-móveis e estão sempre expostos às condições ambientais, por exemplo, os poluentes do ar, nos seus locais de crescimento. Segundo MARKET (2003) os poluentes do ar podem ser absorvidos pela planta através de estômatos, cutícula ou indiretamente pela captação via raízes após a deposição dos 34 poluentes do ar no solo. Os poluentes gasosos, como SO2, NO2, HF, HC1, por exemplo, podem ser absorvidos para o interior da planta através dos estômatos. Além dos estômatos, os poluentes gasosos também podem ser absorvidos através da cutícula. As partículas ligadas aos poluentes atmosféricos, como metais pesados e os compostos orgânicos menos voláteis são depositados nas superfícies de plantas e podem ser adsorvidos, incorporados ou mesmo retomadas nas cutículas de plantas. Vários estudos deram provas de que a camada de cera da superfície das folhas funciona como um acumulador de partículas ligadas aos poluentes atmosféricos (MARKET, 2003). AKSOY (1999) utilizou a planta Capsella bursa-pastoris L. como possível biomonitor de metais pesados na cidade de Bradford, Reino Unido. E comparou os dados com uma planta de espécie similar que havia sido estudado antes, Poa annua L.. A cidade de Bradford seus redor foram estudados (estrada urbana, parque urbano, áreas suburbanas e rurais). Utilizou a técnica de AAS para obtenção das concentrações de Pb, Cd, Zn e Cu em solos e em folhas de plantas lavadas e não lavadas. Encontrou diferenças entre as amostras lavadas e não lavadas, refletindo rota de entrada do poluente, pelo ar e pelo solo, respectivamente. E essas diferenças variaram de acordo com o poluente do metal. Houve relação significativa entre a concentração de metais pesados em amostras de solo de superfície (profundidade 0-10 cm) e as amostras de folhas lavadas, as concentrações sendo maior com o aumento da urbanização progressiva dos sites. CELIK (2005) estudou folhas de Robinia pseudo-acácia L. (Fabaceae) na cidade de Denizli, Turquia. As concentrações de Fe, Zn, Pb, Cu, Mn e Cd foram determinadas em folhas, lavadas e não lavadas, e solos provenientes de uma ampla variedade de locais com diferentes graus de poluição por metais (indústria, estrada urbana, suburbana) e de uma área rural (controle) através da técnica de AAS. Os locais de zonas industriais tiveram níveis elevados de Fe, Zn, Mn e Cd. E as amostras de estradas urbanas apresentaram níveis elevados de Pb e Cu. Esses elementos foram associados ao tráfego rodoviário. AL-KASHMAN (2011) utilizou folha de palmeiras como biomonitor da poluição de metais na cidade de Ma´an, Jordânia. Foram obtidos concentrações de Fe, Pb, Zn, Cu, Ni e Cr de amostras de folhas lavadas e não lavadas e amostras de solo, coletadas em diferentes locais com diferentes graus de contaminação por metais (áreas urbanas, suburbano, industrial, rodoviário e rurais), através da técnica de AAS. As amostras dos locais industriais apresentaram altas concentrações de todos os metais, e os metais Cu, Ni e Pb foram encontrados em níveis elevados nas amostras de locais próximos a rodovias, esses metais são associados com o tráfego rodoviário. E afirma que a capacidade de distinguir entre a contaminação por ar e do solo foi 35 avaliada por lavar as folhas. Os resultados indicam que não houve deposição aérea substancial sobre as folhas para os metais, o qual foi removido por meio do procedimento de lavagem. VIANNA (2011) realizou um estudo para quantificar os metais pesados no ar de diferentes locais do Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (SA), utilizando Tillandsia usneoides como biomonitor, e estudar a morfologia e composição elementar do material particulado do ar (PM) retido na superfície da Tillandsia usneoides. Utilizou a técnica de FAAS (Espectroscopia de Absorção Atômica de Chama) para a detecção do metais (Cd, Cr, Pb, Zn) e a técnica SEM para estudar a morfologia e dimensão das partículas depositadas na planta. As concentrações de metais pesados foram superiores às concentrações encontradas na amostra controle. Medições de tamanho dos materiais particulados indicaram que mais de 80% das partículas eram de tamanho inferior a 10 µm. Os metais pesados estão associados principalmente com fontes antropogênicas, como escape do veículo. E análise elementar detectando metais pesados em partículas inaláveis, indica que esses metais podem intensificar os efeitos tóxicos de PM sobre a saúde humana. SANTOS (2013) utilizou a planta epífita Tilandsia recurvata como um biomonitor ativo para avaliar a qualidade do ar na Região Metropolita de Recife (RMR). Plantas foram transplantadas para locais com intensidade de tráfego de veículos diferentes. Os elementos Ni, Cu, Pb e Cd foram determinados por ICP-MS. Os locais com maior tráfego de veículos apresentaram maiores concentração dos metais, correlacionando a acumulação dos elementos na planta com a intensidade do tráfego de veículos. 1.2.2.4. Nerium oleander L. Entre as plantas superiores utilizadas como biomonitores, a planta Nerium oleander L. tem sido utilizadas por diversos pesquisadores, pois apresenta a capacidade de reter determinados elementos químicos presentes no meio ambiente. AKSOY (1997) cita algumas razões pela qual a planta Nerium oleander L. é selecionada como um biomonitor de poluição por metais pesados: a) Ocorrem amplamente em ambas as áreas, urbanas e rurais; b) Tem uma ampla faixa geográfica e distribuição ecológica em todo o mundo; c) A amostragem, identificação e cultivo é fácil e barato. Nerium oleander L. é uma espécie planta xerófita perene muito comum nas áreas do Mediterrâneo; é seca e resistente à poluição, podem ser cultivadas em solos de deficiências 36 nutricionais e possuem flores ornamentais, o que leva ao plantio em jardins de casas e parques das cidades (TRIGUEIROS, 2012). É uma planta bem adaptada ao clima tropical brasileiro e é popularmente conhecida como "espirradeira". AKSOY (1997) estudou as folhas de Nerium oleander L. como um biomonitor de poluição por metais pesados em Antália, ao longo do Mar Mediterrâneo, Turquia. As concentrações de Pb, Cd, Zn e Cu foram determinados em amostras lavadas e não lavadas de folhas e do solos através a técnica AAS. As diferenças entre as amostras lavadas e não lavadas variaram de acordo com o metal poluente. Correlações significativas foram obtidas entre as concentrações de metais pesados na superfície do solo e das amostras lavadas de folhas, concluindo assim que a poluição depositada nas plantas foram retirada no processo de lavagem. PINTO (1999) monitorou a poluição atmosférica da cidade de Campinas (SP), aplicando a técnica EDXRF e TXRF para análise dos elementos V, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, Se e Pb em folhas de Nerium oleander L. e Rhododendro ferrigineum L.. As amostras foram coletadas em pontos urbanos e rurais, em diferentes épocas do ano. Metade das amostras foram lavadas e a outra metade não. Os resultados demostraram uma boa correlação entre a concentração do elementos e o fluxo de veículos, indicando que as plantas podem ser empregadas como bioindicadores de poluição ambiental. E demonstrou também, que houve uma perda significativa da maioria dos elementos quando as folhas foram lavadas. Essa perda é atribuída ao material depositado superficialmente (poeira e aerossóis) nas plantas. Segundo MANJUNDAR (2009) e RICHARDSON (1995) ao se lavar uma amostra de folha, além de se retirar os materiais particulados depositado sobre a folha, pode ocorrer a lixiviação de alguns elementos solúveis da planta, como por exemplo, o K. E esses elementos podem ser importantes na análise que se quer realizar. JESUS (2000) analisou Nerium oleander L. como bioindicador de elementos traços de poluição ambiental. O estudo foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, e as folhas foram coletadas de locais com diferentes níveis de fluxos de carros. As amostras foram analisada por SR-XRF (Fluorescência de Raios X por Radiação Sincrotron). E os resultados, comparados com amostra controle, indicaram que Ti, V, Fe e Zn têm teor importante nas amostras que foram recolhidas em locais com um fluxo de tráfego elevado, mesmo nas folhas que tenham sido lavadas. Os níveis de Mn, Co, Cu e Ni não apresentaram diferenças significativas entre as amostras. O nível de Pb também não variou significativamente. Isso era esperado porque temse se utilizado gasolina sem chumbo no Brasil há muitos anos. Os resultados parecem indicar que as folhas de Nerium oleander absorver metais a partir da atmosfera e podem ser utilizadas como indicadoras de poluição ambiental. 37 APRILE (2010) comparou a capacidade de acumular metais pesados no ar de dois líquens (Flavoparmelia caperata e Parmotrema chinense) e uma planta superior (Nerium oleander L.) em um centro urbano densamente povoada perto de Nápoles (Itália). Utilizou a técnica ICP para medir os níveis de Fe, Cu, Zn e Pb. Os resultados indicaram o líquen F. caperata como sendo o mais adequado bioacumulador. Mas Nerium oleander L. também foi considerado um bom biomonitor de metais pesados. TRIGUEIROS (2012) estudou a acumulação de Pb na planta Nerium oleander L. em uma região de mineração (Rio Tinto, sul da Espanha). Amostras de plantas foram coletadas em diferentes locais, a fim de determinar o conteúdo de Pb em folhas, caules e raízes, e amostras de solo foram coletadas em torno das plantas para caracterizar a contaminação Pb vindo do solo. A concentração mediana de Pb em solos onde Nerium oleander L. cresce era de aproximadamente 270 mg/kg, mas a planta acumula apenas 2 mg/kg em folhas, 13 mg/kg, na parte interior das raízes e 26 mg/kg na raiz casca (valores médios). A bioacumulação (proporção folha / solo) e fator de translocação (proporção folha / raiz) foram menores do que 1, indicando que a espécie não transloca Pb do solo para as partes aéreas. 1.3. Fluorescência de Raios X (XRF) A Fluorescência de Raios X é uma técnica analítica multielementar bastante popular e aplicada em várias áreas da ciência e tecnologia, e vem sendo utilizada nos últimos anos, principalmente, na análise de amostras ambiental (ar, sedimento, água, solo, plantas). Suas principais vantagens em relação a outras técnicas analíticas são: análise não destrutível, rápida análise qualitativa, pouca interferência entre linhas, simplicidade na preparação de amostras, grande faixa de elementos que podem ser analisados (Al – U) e os limites de detecção (de porcentagem a µg.g-1 podendo alcançar até ηg.g-1) (ANJOS et al., 2000; BANUELOS, 1999; MARGUÍ, 2009). A Espectroscopia de Absorção Atômica (AAS), Espectroscopia de Emissão Atômica Induzida por Plasma Acoplado (ICP-AES) e Polarografia são outras técnicas também usadas para a determinação de elementos traços em amostras biológicas, porém geralmente necessitam de um laboriosa preparação de amostra, grandes quantidades de amostra e procedimentos de separação de interferentes antes de se determinar a composição elementar (HONG, 1996; PINTO, 1999), além do fato de serem destrutivas. A análise por Ativação Neutrônica (NAA) também pode ser empregada para a determinação simultânea (em torno de até trinta elementos), sendo ideal para análise de alguns elementos de interesse biológico, tal como nitrogênio, porém requer em certos casos um alto tempo analítico para alguns elementos (PIETIÄINEN, 1981; 38 PINTO, 1999). 1.4. Região Metropolitana no Estado do Rio de Janeiro A qualidade do ar no Estado do Rio de Janeiro é monitorada desde 1967, quando foram instaladas as primeiras estações de medição no Estado. Desde então, várias ações foram desenvolvidas e implantadas no sentido de minimizar a emissão de poluentes no Estado. Atualmente o órgão estadual responsável pelo monitoramento da qualidade do ar do Estado do Rio de Janeiro é o INEA (Instituto Estadual do Ambiente). Para a realização deste monitoramento o INEA conta com 39 (trinta e nove) estações automáticas e 41 (quarenta e uma) estações semiautomáticas de monitoramento da qualidade do ar. Essas estações automáticas monitoram os gases NOx, CO, SO2, O3, HC (metanos e não metanos), COV (compostos orgânicos voláteis, ex. benzeno) e partículas como o PTS, PI e PM2.5. Além desses poluentes, monitoram alguns parâmetros meteorológicos: direção e velocidade do vento, temperatura, umidade, radiação solar, pressão atmosférica e precipitação. Já as estações semiautomáticas monitoram a concentração do material particulado no ar, PTS e PI, por 24 horas ininterruptas, em períodos de 6 em 6 dias. Além das estações próprias de monitoramento da qualidade do ar, o INEA se utiliza de dados oriundos de estações privadas pertencentes aos principais empreendimentos industriais e de infraestrutura que apresentam potencial poluidor significativo, definidas e implantadas por exigência do Licenciamento Ambiental (INEA, 2013). Anualmente o Instituto lança um relatório com as informações da qualidade do ar do Estado. Porém as estações de monitoramento não avaliam o nível de metais presentes do ar. O Estado do Rio de Janeiro não conta com o quantitativo ideal de estações de monitoramento para uma gestão adequada da qualidade do ar. Assim, para realizar uma boa gestão do monitoramento da qualidade do ar há a necessidade de se identificar regiões prioritárias em termos de danos causados pela poluição do ar, para que de forma estratégica, seja realizado e/ou adensado o monitoramento, possibilitando assim, o direcionamento de políticas de gestão e de controle (INEA, 2013). O Estado do Rio de Janeiro apresenta três áreas consideradas prioritárias em relação a ações de controle em termos de poluição do ar, são elas: a Região do Médio Paraíba (RMP), a Região do Norte Fluminense (RNF) e a Região Metropolitana (RMRJ). Essas regiões são definidas pelo INEA como prioritárias por concentrarem o maior número de fontes de emissões atmosféricas, além de uma densa ocupação urbana, que provoca uma intensa circulação de 39 veículos automotores. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) é composta por 19 municípios. Possui a segunda maior concentração de população, de veículos (fontes móveis), de indústrias e de fontes emissoras de poluentes do país (INEA, 2013). Nesta região, 77% das emissões atmosféricas são oriundas de fontes veiculares. Os 23% restantes provém de fontes fixas, onde, setores como o petroquímico, naval, químico, alimentício e de transformação de energia, são os majoritários. Das estações de monitoramento do estado a RMRJ conta com 21 (vinte e uma) estações automáticas e 28 (vinte e oito) estações semiautomáticas de monitoramento da qualidade do ar (INEA, 2013). Problemas de poluição na região tendem a se agravar devido a presença do maciço da Tijuca, paralelo à orla marítima, pois este atua como barreira física aos ventos predominantes do mar, influenciando na dispersão dos poluentes. Devido às influências topográficas e meteorológicas da RMRJ, se faz necessário subdividi-la em quatro sub-regiões, com características mais homogênea sob o ponto de vista da gestão da qualidade do ar (Figura 1) (CAMARINHA, 2010): a) Sub-região I - com uma área de 730 km2, compreende os distritos de Itaguaí e Coroa Grande, no município de Itaguaí; os municípios de Seropédica, Queimados e Japeri e as regiões administrativas de Santa Cruz e Campo Grande, no município do Rio de Janeiro; b) Sub-região II - com uma área de cerca de 140 km2, envolve as regiões administrativas de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, no município do Rio de Janeiro; c) Sub-região III - ocupa uma área de cerca de 700 km2. Abrange os municípios de Nova Iguaçu, Belford Roxo e Mesquita; os distritos de Nilópolis e Olinda, no município de Nilópolis; os distritos de São João de Meriti, Coelho da Rocha e São Mateus, no município de São João de Meriti; os distritos de Duque de Caxias, Xerém, Campos Elíseos e Imbariê, no município de Duque de Caxias; os distritos de Guia de Pacobaíba, Inhomirim e Suruí, no município de Magé. No município do Rio de Janeiro os bairros que fazem parte dessa sub-região são: Gamboa, Santo Cristo, Saúde (que compreendem a Zona Portuária do Rio de Janeiro), Centro, Rio Comprido, Botafogo, São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel, Ramos, Penha, Méier, Engenho Novo, Irajá, Madureira, Bangu, Ilha do Governador, Anchieta e Santa Tereza. 40 d) Sub-região IV - com área de cerca de 830 km2, abrange parte do Município de Niterói, além dos municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Magé e Tanguá. Figura 1 – Mapeamento das sub-regiões da Região Metropolitana do Rio de Janeiro Fonte: INEA, 2009, p. 20. Dentre as sub-regiões citadas, a Bacia Aérea III assume um papel de destaque em relação às demais por abrigar a maior parte da ocupação urbano industrial do Estado e, como consequência, possui um grande potencial de fontes de emissões de poluentes, sendo considerada área prioritária para as ações de controle da gestão da qualidade do ar (Pires, 2005). Além disso, esta sub-região é delimitada pela Baía de Guanabara, pelos os maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó e pela Serra do Mar ao Norte. Assim, estudos ambientais associados à poluição ambiental são importantes por que a dispersão de poluentes na região tendem a se agravar devido a presença das barreiras físicas imposta pelo relevo e as correntes de convecção proveniente da Baia de Guanabara em direção ao Continente. A região de estudo deste trabalho faz parte da Bacia Aérea III e engloba os seguintes bairros: Andaraí, Benfica, Bonsucesso, Caju, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Estácio, Grajaú, Inhaúma, Ilha do fundão / UFRJ, Lins, Maracanã, Maria da Graça, Méier, Praça da Bandeira, Riachuelo; Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel e Centro da Cidade. No próximo capítulo será apresentado uma descrição da morfologia das folhas de plantas superiores e a fundamentação teórica associado à técnica de Fluorescência de Raios X. 41 2. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS Neste capítulo será apresentado uma descrição da morfologia das folhas de plantas superiores e a fundamentação teórica associado à técnica de Fluorescência de Raios X. 2.1. Morfologia interna das folhas As folhas são órgãos das plantas especializados na captação da luz e trocas gasosas com a atmosfera para realização da fotossíntese e da respiração; embora possam apresentar outras funções, como a transpiração, o armazenamento de água, proteção e atração de polinizadores. A parte superior da folha é chamada de adaxial ou ventral. A parte inferior da folha é chamada de abaxial ou dorsal. As duas faces da folha são cobertas pela epiderme, cujas células são achatadas e compactas, existindo pouco espaço intercelular. A epiderme foliar, de modo geral é unisseriada e é recoberta pela cutícula. Uma folha completa possui três estruturas diferentes: bainha (porção basal alargada), pecíolo (pedúnculo da folha, é a parte da folha que mais se aproxima, em estrutura, do caule que lhe deu origem) e limbo (lâmina da folha) (figura 2) (GONÇALVES, 2011). Figura 2 – Estruturas de uma folha de Nerium oleander L. pecíolo limbo bainha Fonte: O autor, 2014. A folha compreende três sistemas de tecidos (GLÓRIA, 2006): a) O sistema dérmico, que constitui a epiderme e reveste toda a superfície foliar; b) O sistema fundamental, que constitui o mesófilo da lâmina foliar, e o córtex da nervura mediana e do pecíolo; 42 c) O sistema vascular, que constitui os tecidos vasculares das nervuras. A epiderme é o tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura primária, sendo substituída pela periderme em órgãos com crescimento secundário. Tem origem nos meristemas apicais, mais precisamente na protoderme. Geralmente é composta por uma única camada de células vivas, vacuoladas, perfeitamente justapostas e sem espaços intercelulares. Sua principal função é de revestimento, podendo desempenhar várias outras funções. A disposição compacta das células previne contra choques mecânicos e a invasão de agentes patogênicos (defesa), além de restringir a perda de água. Realiza trocas gasosas através dos estômatos, absorve água e sais minerais por meio de estruturas especializadas, como os pelos radiculares, protege a planta contra a radiação solar devido à presença de cutícula espessa e presença de tricomas (figura 3) (RIBEIRO, 2010). Figura 3 – Secção da folha evidenciando epiderme Fonte: RIBEIRO, 2010. A epiderme pode apresentar vários tipos de células exercendo diferentes funções, constituindo um tecido complexo. A maior parte do tecido é composta por células epidérmicas de formato tabular, porém algumas apresentam formas e funções específicas, como as célulasguarda dos estômatos (únicas células epidérmicas que sempre apresentam cloroplastos) e uma grande variedade de tricomas. 43 2.1.1. Estômatos Entre os diversos tipos de células epidérmicas merecem destaque os estômatos (figura 4). O estômato, juntamente com as células subsidiárias, forma o aparelho estomático ou complexo estomático. Os estômatos desempenham uma importante função, são responsáveis pelas trocas gasosas. É através dos estômatos que as plantas captam o CO2 de atmosfera e liberam o oxigênio vital para a nossa sobrevivência (figura 4). Figura 4 – Visão geral do estômato Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 328. O tipo, número e posição dos estômatos são bastante variados. Quanto a sua posição na epiderme, os estômatos podem se situar acima, abaixo ou no mesmo nível das demais células epidérmicas, em criptas estomáticas. A sua frequência também é variável, mas geralmente são mais numerosos nas folhas. No entanto, este número também varia em duas superfícies foliar, bem como, em diferentes folhas de uma mesma planta ou nas diferentes regiões da mesma folha. Nas folhas de Nerium oleander L., essas criptas estomáticas são bastante amplas e contêm muitos tricomas e estômatos (figura 5). Quanto à distribuição dos estômatos, as folhas podem ser classificadas em: anfiestomáticas, quando os estômatos estão presentes nas duas faces da folha; hipoestomáticas, com os estômatos apenas na face inferior da folha e epiestomáticas, com os estômatos presentes apenas na face superior. 2.1.2. Tricomas Os tricomas (figura 6) são apêndices epidérmicos (pelos) altamente variados em 44 estrutura e função. As principais funções são: aumentar a refletância da radiação luminosa, diminuir a taxa de perda de líquidos pelas folhas diminuindo a temperatura, secretar substância urticantes e sais dos tecidos foliares, e atuarem na defesa contra insetos e ácaros. Figura 5 – Secção transversal de folha de Nerium oleander L. Fonte: RAVEN et al. 1996. Os tricomas são estruturas uni ou multicelulares que podem estar presentes tanto na face inferior quanto na superior da lâmina foliar e que podem ser classificados em: tectores, secretores e peltados (GLÓRIA, 2006). a) Tricomas tectores: podem ser unicelulares, como por exemplo, as “fibras” de algodão que são tricomas da semente do algodoeiro, formados por uma única célula que se projeta para fora da epiderme e apresentam paredes secundárias celulósicas espessadas. Os tricomas tectores não produzem nenhum tipo de secreção e acredita-se que possam, entre outras funções, reduzir a perda de água por transpiração das plantas que vivem em ambientes xéricos (secos), auxiliar na defesa contra insetos predadores e diminuir a incidência luminosa. b) Tricomas secretores: esses tricomas possuem um pedúnculo e uma cabeça (uni ou pluricelular) e uma célula basal inserida na epiderme. A cabeça geralmente é a porção secretora do tricoma. Estes são cobertos por uma cutícula. A secreção pode ser acumulada entre a(s) célula(s) da cabeça e a cutícula e com 45 o rompimento desta, a secreção é liberada ou a secreção pode ir sendo liberada gradativamente através de poros existentes na parede. Estes tricomas podem apresentar funções variadas, dentre elas: produção de substâncias irritantes ou repelentes para afastar os predadores; substâncias viscosas para prender os insetos (como nas plantas insetívoras) e substâncias aromáticas para atrair polinizadores. c) Tricomas peltados (escamas): esses tricomas apresentam um disco formado por várias células que repousa sobre um pedúnculo que se insere na epiderme. Nas bromeliáceas os tricomas peltados estão relacionados com a absorção de água da atmosfera (Figura 6). Figura 6 – Microscopia eletrônica de varredura da superfícies foliares de O. gratissimum, face adaxial tgc= tricoma glandular captado, ttp= tricoma tector pluricelular, e tgp= tricoma glandular peltado Fonte: MARTINS et al, 2009, p. 85. Os estômatos e os tricomas são estruturas foliares que apresentam grande importância nos estudos de poluição ambiental quando se utiliza plantas como bioindicadores de poluentes dispersos na atmosfera como os aerossóis porque ambos têm como funções principais proteger a planta da ação nociva de determinados fatores ambientais e controlar a taxa de transferência de gases entre o interior da folha e o ambiente circundante. Assim, a transferência de poluentes gasosos da atmosfera através destas estruturas favorecem a deposição e retenção de vários poluentes na forma de particulado. A figura 7 mostra a deposição de particulado junto a um 46 estômato. Figura 7 – Aspecto do estômato com poro obstruído por material particulado Fonte: CUNHA, 2004, p. 34. 2.2. Fluorescência de Raios X A fluorescência de raios X (XRF) é uma técnica analítica multielementar e não destrutiva usada para obter informações qualitativas e quantitativas da composição elementar de vários tipos de amostras (KLOCKENKAMPER, 1996). Quando um elemento de uma amostra é excitado com um feixe de raios X, este tende a ejetar os elétrons dos seus orbitais mais internos (orbitais 1s), com isso, elétrons dos níveis “mais afastados” (orbitais p, d e f) realizam um salto quântico para preencher a vacância deixada pelo elétron liberado no orbital s. Cada transição eletrônica constitui uma perda de energia para o elétron, e esta energia é emitida na forma de radiação eletromagnética (raios X característicos). Assim, os raios X característicos representam a assinatura do elemento químico na amostra estudada. A figura 8 apresenta uma representação esquemática do processo de fluorescência de raios X. A excitação da amostra pode ser feita por partículas carregadas (radionuclídeos e aceleradores) e por radiação eletromagnética (raios gama, raios X e radiação 47 síncrotron). De uma forma geral, podemos considerar que a análise por fluorescência de raios X pode ser dividida em três processos: a) Incidência dos raios X na amostra e a excitação dos elementos que constituem a amostra; b) Produção dos raios X característicos emitidos pelos elementos presentes na amostra; c) Detecção dos raios X característicos e obtenção dos espectros de XRF. Figura 8 – Esquema da fluorescência de raios X Fonte: O autor, 2014. 2.3. A Emissão de Raios X característicos Para ocorrer a produção de raios X característicos há necessidade de se retirar elétrons localizados nos níveis mais internos dos átomos, por exemplo, nível K, e para isto a energia mínima deve ser superior a energia de ligação do elétron nesse nível, denominada energia de ligação eletrônica ou também de corte de absorção. Esta energia de ligação eletrônica pode ser calculada de modo aproximado, aplicandose a teoria atômica de Bohr para o átomo de hidrogênio e átomos hidrogenóides. Desse modo, a equação 1 permite o cálculo aproximado dessa energia para os elétrons dos níveis K e L dos átomos de um elemento: 48 me4 Z b 8 02 h 2 n 2 2 E (1) onde: E é a energia de ligação eletrônica (J); m é a massa de repouso do elétron = 9,11x10-31 kg; e é a carga elétrica do elétron = 1,6x10-19 C; Z é o número atômico do elemento emissor dos raios X; b é a constante de Moseley, com valores iguais a 1 e 7,4, para as camadas K e L, respectivamente; 0 é a permissividade elétrica no vácuo = 8, 8534.10-12; h é a constante de Planck = 6,625.10-34 J.s; n é o nº quântico principal do nível eletrônico (n = 1 para camada K, n = 2 para camada L, etc.). Substituindo-se na equação 1 os valores das constantes no sistema internacional de unidades, a energia da ligação eletrônica (em joules) é dada por: E 2,18.10 18 Z b2 n2 (2) A equação 2 pode ser rescrita em termos de elétronvolts (eV): 2 Z b E 13,65 n2 (3) Pode ser observado nesta equação que a energia de ligação para uma dada camada é diretamente proporcional ao quadrado do número atômico Z do elemento. Assim, para "retirar" elétrons do nível K dos elementos Al, Fe e Te, de números atômicos 13, 26 e 52, respectivamente, são necessários 1,560; 7,114 e 31,814 keV para o nível K e 0,074; 0,723 e 4,612 keV para o nível L. Para que ocorra uma transição entre dois estados quânticos é necessário que um elétron seja ejetado do átomo. Logo, é necessária que a energia da radiação que excita o átomo seja 49 igual ou superior a energia de ligação do elétron ao átomo, neste caso EK. Similarmente, a liberação de elétrons do nível L, gera o espectro de energia das linhas L e a energia de radiação incidente deve ser igual ou superior as energias de ligação EL1, EL2 e EL3. Portanto, para que ocorra emissão de raios X característicos é necessário que a energia da radiação incidente seja igual ou superior a estas energias críticas. Em espectrometria de raios X, sabe-se que os estados quânticos estão associados a níveis de energias. Estes níveis de energia não dependem apenas dos números quânticos n e l, mas também de outro número quântico, j, que representa a soma vetorial de l e s, com a restrição que j não pode ser negativo, j ls (4) assim, j somente assumirá os seguintes valores: j l 1 2 (5) Para l 0 , j 1 2 . Para l 1 , j 1 2 e j 3 2 ; e assim sucessivamente para todos os valores de l. O número máximo de elétron em um subnível é dado por: ne 2 j 1 (6) Como um exemplo de produção de um espectro de raios X, suponha que um elétron do nível K é inicialmente removido do átomo. Na primeira etapa do processo de desexcitação, um elétron do nível L, pode realizar um salto quântico para preencher a vacância. Isto produz uma vacância no nível L, que poderá ser preenchida por um elétron no nível M, deixando uma vacância no nível M que por sua vez será preenchida por um elétron do nível N. O efeito resultante, de cada etapa, é a passagem de uma vacância para um menor nível energético. Quando a vacância atinge o nível de mais baixa energia (banda de valência), ela é preenchida por um elétron qualquer, livre, no material. Deste modo, o átomo fica novamente neutro e no estado fundamental. Cada transição entre estados quânticos constitui uma perda de energia, resultando na emissão de raios X com uma energia característica, uma energia bem definida para cada elemento. Estes fótons formam o que chamamos de espectro característico de raios X. 50 A energia dos fótons emitidos será igual a diferença entre os dois estados quânticos envolvidos. Por exemplo: a transição entre um elétron do subnível L3 para o nível K, resulta na emissão de fótons chamado K-L3. A energia deste fóton é expressa como: E K L3 E K E L3 (7) Se a transição é do subnível M3 para o nível K, temos a emissão de fótons da linha KM3, com energia (todos esses fótons representam as emissões da linha K): EK M 3 EK EM 3 (8) As transições entre estados quânticos são representadas em termos de um diagrama de níveis de energia. A figura 9 mostra, esquematicamente, as principais linhas até n = 3. Figura 9 – O diagrama de energias para as linhas K, L e M M 5 4 3 2 1 L 3 2 1 K 1 Fonte: O autor, 2014. Nem todas as transições entre estados quânticos ocorrem, uma vez que existem transições proibidas (EISBERG, 1988). Pode-se selecionar através de regras a variação dos números quânticos: 51 l 1 j 0,1 (9) São permitidas apenas as transições que estão de acordo com as regras representadas pela equação 9. O nível L, por exemplo, possui 3 subníveis L1, L2 e L3. Apenas as transições KL2 e K-L3 ocorrem. A transição K-L1 é proibida ( l 0 e j 0 ). 2.4. A Emissão de Fluorescência de Raios X A fração da radiação incidente que leva a emissão de uma determinada linha de raios X característicos é determinada por uma probabilidade de excitação que é produto de três outras probabilidades (LACHANCE & CLAISSE, 1995): p Ei pnível plinha p fluorescência (10) onde: pnível é a probabilidade que a radiação incidente retire elétrons de um dado nível quântico. Pode ser o nível K, L, M, N, O..., etc; plinha é a probabilidade que uma determinada linha seja emitida dentro de sua série. Para um elétron retirado do nível K podemos ter as seguintes transições do nível L: K-L2 e K-L3; pfluorescência é a probabilidade de ocorrer emissão de fluorescência de raios X ao invés de elétron Auger, a partir de uma transição realizada entre dois estados quânticos. O átomo fica excitado quando libera um elétron orbital. Os elétrons de níveis mais energéticos vão preenchendo as vacâncias. A energia na transição é liberada de duas formas (COSTA, 2003): a) Como um fóton na forma de fluorescência de raios X; b) Como um elétron na forma de elétron Auger (figura 10). Neste caso, o fóton liberado é reabsorvido dentro do átomo por outro elétron. Este elétron é liberado do átomo com uma energia igual a diferença entre a energia do fóton absorvido e a sua energia de ligação. Uma importante consequência na emissão de elétrons Auger é o fato de que o número 52 de raios X característicos produzidos é menor do que o esperado. Figura 10 – Representação esquemática do efeito Auger Fonte: O autor, 2014. O rendimento de fluorescência ω é definido como a probabilidade que o fóton produzido seja liberado do átomo sem ser reabsorvido e produzir um elétron Auger. Assim, ω pode ser representado como: ns nS n p nS n A (11) onde, n p ns n A ; ns é o número de fótons produzidos como fluorescência de raios X; np é o número de fótons que são produzidos devido as vacância nos níveis e subníveis atômicos; nA é o número de fóton que são reabsorvidos dentro do átomo, produzindo elétrons Auger. O rendimento de fluorescência para linha K é dado pelo número de fótons, n K , emitidos como fluorescência de raios X para todas as linhas K, dividido pelo número de fótons criados, N K , devido as transições entre os estados quânticos. Assim, tem-se: K n K L2 n K L3 n K M 3 ... NK n NK K (12) 53 É possível obter o rendimento de fluorescência, L , para as linhas L tendo três diferentes valores: L1 , L 2 e L3 . Pode-se definir o rendimento de fluorescência de um modo geral como o número de raios X efetivamente emitidos em relação ao número de vacâncias produzidas em um dado nível. 2.5. A Razão Salto/Absorção A probabilidade de a radiação incidente retirar elétrons de um dado nível, e não de qualquer outro nível, está fortemente ligada com a fração da radiação que é absorvida naquele nível, p nível absorção da radiação num nível específico absorção da radiação em todos os níveis (13) rK 1 rK (14) para a linha K, tem-se, pK onde, rK K L L L M ... 1 2 3 1 L L L M ... 1 2 3 (15) 1 onde, K é a seção de choque para o efeito fotoelétrico; rK é a razão de salto/absorção (é definida em função da seção de choque de absorção fotoelétrica). No caso linha L, pL rL 1 rL (16) 54 Na prática, a razão salto/absorção é calculada pela seguinte relação: r E absorçõa E absorçõa E (17) E Na equação 17, ΔE pode ser um valor pequeno nas proximidades de zero. Os valores da razão salto/absorção para as linhas L1, L2, L3, M1, M2, ... etc. são calculados da mesma forma. Através da figura 11 é possível ver o esquema representativo de uma curva de absorção fotoelétrica. Figura 11 – A razão salto/absorção coeficiente de absorção de massa max. r max. min. min. energia Fonte: ANJOS, 2000, p. 33. 2.6. Intensidade Relativa das Linhas de Raios X Característicos A intensidade relativa entre a linha específica e as outras linhas na série dá probabilidade para que uma determinada linha específica seja emitida dentro de uma série. Assim, a probabilidade que a linha K-L2,3 seja emitida em relação as outras linhas K é dada pelo fator: f K L2 , 3 I I K L2 , 3 todas as linhas K (18) 55 Experimentalmente a linha K-L3 é, aproximadamente, duas vezes mais intensa que a linha K-L2. A intensidade relativa para linha K-L2,3 é dada por: f K L2 , 3 I K L2 , 3 I K L2 , 3 I K M 3 (19) Podem-se desprezar as intensidades das demais linhas que são muito pequenas. A probabilidade de emissão da série L3-M4,5 em relação as outras linhas L é: f L3 M 4 , 5 I I LM 4,5 (20) todas as linhas L 2.7. A intensidade da Radiação Fluorescente A relação entre a intensidade da radiação fluorescente (área sob o pico no espectro de XRF) e a concentração Wi de um elemento i em uma amostra, pode ser obtida a partir de um modelo onde é assumido que a distribuição dos i elementos em todo o volume da amostra é uniforme. Supondo que a amostra possui uma massa específica M e espessura D, sendo compostos por n elementos com diferentes concentrações (ANJOS, 2000; SIMABUCO, 2000). A figura 12 mostra uma representação esquemática do modelo. Vamos supor que um feixe de raios X, colimado, com intensidade I0 e energia E0 incide sobre a superfície da amostra num ângulo 1 . Em uma distância x da superfície, num elemento infinitesimal dx, o feixe interage com um elemento i, produzindo a liberação de um elétron do orbital 1s. Consequentemente ocorrerá a emissão de XRF com intensidade Ii isotropicamente e energia Ei. Um detector posicionado, segundo uma direção 2 em relação à superfície da amostra detectará a radiação emitida pelo elemento i nesta direção. A intensidade I0 da radiação incidente, com energia E0, que alcança a camada dx no interior da amostra é: x I 1 I 0 1 exp M E0 M sen 1 onde: I1 é a intensidade da radiação que alcança a camada dx; (21) 56 I0 é a intensidade da radiação que incide na amostra; 1 é o ângulo sólido relativo à fonte; M é a massa específica da amostra; M E0 é o coeficiente de absorção de massa da amostra para a energia E0 dos fótons da radiação incidente; 1 é o ângulo que o feixe incidente I0, com energia E0, faz com a amostra. Figura 12 – Modelo esquemático da XRF Fonte: O autor, 2014. O número de interações fotoelétricas dI fot. na camada dx devido ao elemento i é dado por: dI fot. I1 i E0 i dx (22) onde, i é a massa específica do elemento i; i E0 é a seção de choque. A seção de choque para o efeito fotoelétrico representa a contribuição de todas às linhas (K, L1, L2, L3, M1,…), então se tem: i E0 i , K E0 i , L E0 i , L E0 i , L E0 i ,M E0 ... 1 2 3 1 (23) 57 O número de fótons que serão emitidos em uma determinada linha, neste caso a linha K, é dado por: r 1 dI i ,r dI fot. K rK (24) onde, rK 1 é a probabilidade da radiação incidente retirar elétrons da linha K do elemento i r K (equação 14). A vacância produzida no nível K pode ser preenchida por várias linhas K (K-L2, K-L3, K-M1,…). O número de transições para as linhas K-L2,3 será: dI f K L 2,3 dI i ,r f K L2 , 3 (25) O fator f K L2 , 3 foi encontrado na equação 18. Já o número de transições K-L2,3 que ocorrem e produzem fluorescência de raios X ao invés de elétrons Auger é dado por: dI K L 2,3 dI f K L 2,3 K L2 , 3 (26) onde, K L 2,3 é o rendimento da fluorescência de raios X (equação 12). A radiação fluorescente, produzida em dx, é emitida isotropicamente e chega ao detector dentro de um ângulo sólido Ω2 com intensidade dada por: dI K L2 , 3 2 dI K L 2,3 x Ei exp M Ei M sen 2 (27) 58 onde: M é a massa específica da amostra; Ei é a eficiência do detector para a energia da radiação fluorescente emitida pelo elemento i; M Ei é o coeficiente de absorção de massa da amostra para a energia da radiação fluorescente produzida por um elemento i na amostra; 2 é o ângulo que o feixe refletido Ii, com energia Ei, faz com a amostra. A intensidade radiação fluorescente, para a linha K-L2,3, emitida por um elemento i na camada dx é, então, dada por: dI i , K L2 , 3 I 0 1 2 i E0 i , K L2 , 3 f i , K L2 , 3 r 1 i Ei K r1 x x exp M Ei M dx exp M E0 M sen sen 1 2 (28) A equação 28 pode ser rescrita agrupando em um único termo Ki os parâmetros físicos que são responsáveis pela produção de fluorescência de raios X: K i i E0 i , K L2 , 3 f i , K L2 , 3 r 1 K r1 (29) Na equação 29 o termo Ki é denominado de constante dos parâmetros fundamentais e depende apenas das propriedades físicas da produção de fluorescência de raios X. Os termos I0, Ω1 e Ω2 são constante que não dependem da concentração elementar na amostra. São função apenas da intensidade da fonte de excitação e da geometria do sistema fonte-detector. Portanto, é conveniente agrupá-los em outra variável. G I 0 1 2 (30) A variável G é chamada de fator de geometria de sistema. Os coeficientes de absorção de massa para a energia do feixe incidente (E0) e feixe 59 emergente (Ei) podem ser representados por: i E0 , E1 M E 0 M E i sen 1 sen 2 (31) O termo i E0 , E1 pode ser entendido como um coeficiente de absorção de massa total. Substituindo as equações 29, 30 e 31 na equação 28, tem-se: dI i , K L2 , 3 G K i i Ei exp i E0 , Ei M x dx (32) Integrando a equação 32 em toda a espessura da amostra, de 0 a D, tem-se: D I i , K L2 , 3 G K i i Ei exp i E0 , Ei M x dx (33) 0 A intensidade da radiação fluorescente de um elemento i na amostra será: I i , K L2 , 3 G K i i Ei 1 1 exp i E0 , Ei M D i M (34) onde: M D é a densidade superficial da amostra; i Wi , e é a concentração do elemento i na amostra em g g 1 ou g kg 1 . M O produto G K i Ei pode ser representado por outra variável: S i G K i E i (35) O termo Si é denominado de sensibilidade do sistema para o elemento i na amostra. É função dos parâmetros fundamentais, do fator de geometria associado ao arranjo experimental 60 e da eficiência de detecção. Assim a equação 34 pode ser rescrita como: I i S i .Wi 1 exp i E0 , Ei M D i E 0 , E i (36) A equação 36, ainda pode ser modificada. I i S i .Wi AE0 , E1 (37) onde: AE0 , E1 1 exp i E0 , Ei M D i E 0 , E i (38) Na equação 38, A(E0,Ei) representa o termo de absorção da radiação na amostra. A partir da equação 37 podemos chegar na equação da concentração de um elemento, Wi: Wi Ii 1 S i AE0 , E1 (39) A partir da equação 39, chega-se à conclusão de que a determinação da concentração de um elemento i na amostra, Wi, pode ser feita medindo-se experimentalmente a intensidade da radiação fluorescente (Ii), determinando-se a curva de sensibilidade do sistema (Si), a partir de padrões, e conhecendo a absorção da radiação na amostra A(E0,E1). 2.8. Correção dos Efeitos de Absorção na Amostra O uso de métodos analíticos para as correções dos efeitos de absorção da radiação nas amostras não podem ser realizados, pois as concentrações elementares, a princípio, são desconhecidas. Portanto, utiliza-se o método semi-empírico de Transmissão de Radiação, desenvolvido por ANJOS (2000) para avaliação e correção dos efeitos de absorção. O método é baseado na suposição de que a absorção de radiação na amostra, pode ser representada por uma função potência do tipo (OUELLET & SCHREINER, 1991; HALLAK 61 & SALEH, 1983): M E A.E B (40) A equação 40 é válida, apenas, para amostras cuja concentrações elementares estão a níveis de traços ou não apresentam acentuada descontinuidade na curva de absorção da radiação. A equação 40 pode ainda ser transformada para: ln M E ln A B. ln E (41) A equação 41 representa a equação de uma reta do tipo y = f(E); onde B é o coeficiente angular da reta, o termo ln(A) é o coeficiente linear e E a energia da radiação incidente. A e B são constantes que devem ser determinadas. Conhecendo-se os valores desta constantes, determina-se a curva de absorção da radiação da amostra. Para determinar os valores de A e B, realiza-se, experimentalmente, medidas de transmissão para algumas energias. Os valores de M E são obtidos pela relação: i , M E 1 I 0 ln .D I i (42) onde, I0 é a intensidade da radiação sem a amostra; Ii é a intensidade da radiação As medidas de transmissão são realizadas usando-se os raios X característicos produzidos em um alvo multielementar. A figura 12 mostra, esquematicamente, o arranjo experimental utilizado no método de transmissão usado para a correção dos efeito de absorção na amostra. Os valores de M E medidos, experimentalmente, são ajustados para uma reta usando o ajuste dos mínimos quadrados. Deste modo, os valores de A e B na equação 41, são determinados e consequentemente a curva de absorção da amostra fica caracterizada. 62 Figura 13 – A geometria usada no método de transmissão Fonte: O autor, 2014. No próximo capítulo será apresentado os materiais e toda a metodologia adotada na preparação e análise quantitativa das amostras. 63 3. MATERIAIS E MÉTODOS Neste capítulo apresentaremos os materiais e toda a metodologia utilizada para a preparação e análise quantitativa das amostras. 3.1. Amostras analisadas Neste trabalho analisou-se a concentração elementar de amostras de folhas de Nerium oleander L., mais conhecida no Brasil como espirradeira. A figura 14 mostra a planta Nerium oleander L. (a) e o formato de suas folhas (b). Normalmente as plantas adultas possuem uma altura média de 4,0 a 6,0 m, o período de floração vai de abril a outubro com flores nas cores rosa, vermelha e branca dependendo do espécime. O diâmetro médio da copa é de aproximadamente 3,0 m. A Nerium oleander L. é da família das Apocynaceae e é originária da região do Mediterrâneo, sendo um arbusto muito comum de ser encontrado plantado em jardins, parques e na arborização urbana de muitas cidades (Paisagismo e uso decorativo). Figura 14: Nerium oleander L 14b 14a 14a) Planta adulta Nerium oleander L., 14b) Folhas de Nerium oleander L. Fonte: O autor, 2014. 3.2. Área de estudo As amostras de Nerium oleander L. foram coletadas em uma sub-região da Região Metropolitana do Rio de Janeiro / RJ. Foram coletadas folhas de 57 plantas diferentes em 21 64 bairros. A logística de procura e identificação das plantas foi realizada através da ferramenta “Street View” disponível no “Google Earth”. A partir desta ferramenta foi possível identificar as plantas e suas coordenadas. A figura 15 mostra a posição geográfica do Estado do Rio de Janeiro. Figura 15 – Posição geográfica do Estado do Rio de Janeiro Fonte: INEA, 2009, p. 18. A figura 16 mostra a distribuição dos pontos de coletas. A região de estudo compreende os seguintes bairros: Andaraí, Benfica, Bonsucesso, Caju, Centro da Cidade, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Estácio, Grajaú, Inhaúma, Ilha do fundão / UFRJ, Lins, Maracanã, Maria da Graça, Méier, Praça da Bandeira, Riachuelo, Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca e Vila Isabel. As amostras controle (“amostras branco”) foram coletadas na região próxima ao Parque Nacional da Pedra Branca – Campo Grande / RJ. O Parque Nacional da Pedra Branca está localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e é considerado um dos maiores parques urbanos do mundo e a maior floresta urbana do país ocupando cerca de 10% da área total do município do Rio de Janeiro. O Parque Estadual da Pedra Branca possui cerca de 12500 hectares de área coberta por uma vegetação típica da Mata Atlântica. O apêndice A mostra as coordenadas (latitude, longitude e elevação) dos pontos de coleta das amostras. 65 Figura 16: Pontos de coletas da amostras Baía da Guanabara Ilha do Fundão / UFRJ Ponte Rio-Niterói Maracanã Estádio Olímpico João Havelange Fonte: GOOGLE EARTH, 2013. 3.3. Coleta das amostras Todas as amostras foram coletas após uma estiagem de 3 (três) dias sem chover, para evitar que a água da chuva influenciasse na deposição dos metais nas folhas. Durante a coleta foram observadas a cor da flor, fluxo de carros, precipitação, umidade relativa, temperatura máxima e mínima, velocidade do vento (apêndice B). As amostras de folhas de Nerium oleander L. foram coletadas de plantas adultas retiradas sempre na posição da planta direcionada para a rua. Todas as folhas foram coletadas a uma distância superior a 1,5 m em relação ao solo para minimizar a contaminação do solo (MAJUMDAR, 2009). As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos (zip lock) e após a chegada no laboratório foram armazenadas sob refrigeração a 5°C até a preparação de amostras. As coletas foram realizadas durante as 4 (quatro) estações do ano (verão, outono, inverno, primavera) no ano de 2013. A tabela 2 apresenta o período das estações do ano e a data das coletas das amostras. 66 Tabela 2 – Datas das coletas das amostras Estações VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA Período do ano 21/12 – 21/03 21/03 – 21/06 21/06 – 23/09 23/09 – 21/12 Datas das coletas 19-21/02 12-13/06 11-12/09 11/12 e 21/12 Fonte: O autor, 2014. 3.4. Preparação de amostras No Laboratório de Instrumentação Eletrônica e Técnicas Analíticas (LIETA – DFAT/UERJ) as amostras de folhas de Nerium oleander L. foram limpas com a utilização de um pincel macio com cerdas de seda para a retirada dos materiais particulados grossos. Foram medidos o comprimento e a largura máxima de cada folha. Posteriormente, as amostras foram colocadas na estufa a uma temperatura de aproximadamente 60ºC para secagem até massa constante (por um período de aproximadamente 48 h). A tabela 3 apresenta os valores médios do comprimento e largura das folhas; e o percentual de massa perdido durante a secagem das folhas em cada estação. Tabela 3 – Valores médios e dispersão do comprimento e largura, e o percentual de massa média perdido pelas folhas durante a secagem em cada estação Estações do Ano VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA Comprimento (cm) 16,3 ± 3,0 16,5 ± 2,5 16,6 ± 2,1 16,4 ± 2,6 Largura (cm) 2,6 ± 0,5 2,6 ± 0,4 2,6 ± 0,3 2,6 ± 0,4 % de massa perdido 62,5 ± 6,1 62,0 ± 6,3 63,9 ± 6,9 63,2 ± 6,7 Fonte: O autor, 2014. Em seguida, as folhas secas foram trituradas, mecanicamente, usando um moinho de lâminas, até se obter uma granulometria de aproximadamente 325 mesh (44 μm). O processo de controle da granulometria é feito através de peneiras com malha em nylon (75 μm). Após esse processo foram retiradas alíquotas de 500 mg de massa, colocadas no interior de um compactador e prensada a uma pressão de 2,32 108 Pa por, aproximadamente, 15 minutos, de forma a se obter pastilhas finas com diâmetro de 2,54 cm, e densidade superficial de 100 mg/cm2. A figura 17 mostra as etapas da confecção das pastilhas. Foram realizadas triplicatas de todas as amostras. 67 Figura 17 – Preparação das amostras Folha desidratada Folha inicial 17a 17b 17c 17d 17e 17f 17a) as folhas de espirradeiras logo após a coleta, 17b) o processo de limpeza das folhas, 17c) a folha após secagem, 17d) o processo de trituração e controle do tamanho do grão, 17e) a amostra em pó no interior do compactador e 17f) a amostra na forma de uma pastilha fina. Fonte: O autor, 2014. 3.5. O arranjo experimental 3.5.1. Sistema Fonte-Detector Para a análise das amostras foi utilizado um sistema portátil de EDXRF (Energy dispersive X-ray fluorescence – Fluorescência de Raios X por Dispersão em Energia) desenvolvido no LIETA. O sistema portátil de EDXRF é constituído por um detector SDD e um tubo raios X de baixa potência, fixados em um suporte de PVC, mantendo-se uma geometria fixa. A amostra a ser analisada é posicionada na parte superior do sistema, na frente do detector, de modo, que os raios X provenientes do tubo, produzam fluorescência de raios X na amostra e alcance o detector. A tabela 4 mostra as principais características do sistema fonte-detector. As figuras 18 e 19 mostram o sistema de EDXRF (fonte de raios X e detector), esquematicamente, e o sistema experimental, respectivamente. 68 Tabela 4 – Principais características do sistema fonte-detector ELEMENTO Detector Tubo de raios X Ângulo incidente Ângulo emergente Distância amostra-detector Distância amostra-raios X CARACTERÍSTICA Silicon Drift Detector (SDD) Mini-X de baixa potência 62,2° em relação a superfície da amostra 62,2° em relação a superfície da amostra 3,0 (0,1) cm 1,8 (0,1) cm Fonte: O autor, 2014. Figura 18 – Geometria do arranjo experimental Fonte: O autor, 2014. 69 Figura 19 – Sistema de EDXRF portátil desenvolvido no laboratório para análises de XRF Amostra Tubo de raios X Detector Fonte: O autor, 2014. 3.5.2. Detector O arranjo experimental utiliza um detector SDD (Silicon Drift Detector) fabricado pela Amptek. A tabela 5 apresenta as principais características do detector. Tabela 5 – Principais característica do detector ELEMENTO Fabricante Modelo Série Janela de Berílio Tamanho do detector Espessura do Si FWHM 5,9 keV Dimensões do detector Peso do detector CARACTERÍSTICA Amptek XR-100SDD A017815 12,5 µm 25 mm2 500 µm 125 eV 7,6 x 4,4 x 2,9 cm 125 g Fonte: O autor, 2014. Acoplado ao detector existe uma eletrônica associada representada no módulo PX5 (fabricado pela Amptek, série 2145) que é responsável pela alimentação do detector, amplificação do sinal proveniente do detector e formatação (processador digital de pulsos). Além disso, o módulo PX5 possui internamente uma interface com a função de funcionar como um multicanal. A figura 20 apresenta o detector e o módulo PX5. 70 Figura 20 – Detector XR-100R da Amptek com módulo PX5 Fonte: AMPTEK, 2014. A comunicação com o usuário E feita através da interface DppMCA (figura 21). A interface é o programa de operação e controle do detector para coleta de espectros de energia. Por esse programa controlamos os parâmetros associados com a aquisição de dados (tempo de medida, amplificação, quantidade de canais, constante de tempo, polo zero e outros). Figura 21 – Interface do programa DppMCA (obtenção dos espectros de XRF) Fonte: AMPTEK, 2014. 3.5.3. Tubo de raios X O sistema portátil também possui um tubo de raios X compacto, modelo MINI-X da Amptek (figura 22). Este tubo de raios X já possui a fonte de alta acoplada ao próprio tubo e pode ser controlado por uma interface de computador. A tabela 5 apresenta as características do tubo de raios X. 71 Tabela 6 – Principais característica do tubo de raios X ELEMENTO Fabricante Modelo Série Alvo Tensão do tubo Corrente do tubo Potência máxima CARACTERÍSTICA Amptek MINI-X MX15422 Prata (Ag) 0,75 μm (± 0,1 μm) 10 – 50 kV 5 – 200 μA 4W Janela Espessura da janela Ponto focal Berílio (Be) 127 μm ≈ 2 mm Espessura do alvo Fonte: O autor, 2014. Figura 22 – Tubo de raios X Mini-X da Amptek Fonte: AMPTEK, 2014. O controle do tubo de raios X é feito através da Interface Mini-X (figura 23), que permite definir valores para a voltagem e corrente aplicados. Além disso, o programa mostra a potência que está sendo aplicada ao tubo e a temperatura do tubo de raios X. Figura 23 – Interface do programa Mini-X (controle do tubo) Fonte: AMPTEK, 2014. 72 Para melhorar a qualidade do espectro de raios X e consequentemente a eficiência de excitação da XRF são utilizados filtros no feixe incidente de raios X. 3.5.4. Filtragem do espectro contínuo Para melhorar a qualidade do espectro de raios X é necessário filtrar o espectro contínuo. A escolha de um material para filtrar o espectro contínuo é feita, com base em sua descontinuidade K, na curva de absorção de massa e na disponibilidade do material, de modo a conseguir espectros quase monoenergéticos no maior intervalo de energia possível. O filtro deve apresentar as seguintes características: a) Limpar o espectro num grande intervalo de energia; b) Não diminuir, excessivamente, a intensidade do feixe de raios X; c) Não contribuir com linha de raios X característico na região de interesse do espectro; d) Deve ser de fácil preparação e manuseio. O Ti é um material que apresenta ótimas características como filtro, na faixa de energia que se deseja trabalhar, que neste caso é de 3 a 16 keV. Ele possui um descontinuidade para linha K próximo de 4,97 keV e uma linha K-L2,3 em 4,51 keV. Este filtro funciona como um filtro passa alta (COSTA, 1999), ou seja, devido ao fato da descontinuidade da linha K ocorrer em uma energia menor do que a energia média do espectro contínuo do tubo de raios X, os fótons são fortemente absorvidos na região de 5 keV a 20 keV e, fracamente, absorvidos na região superior a 20 keV. Utilizou-se como filtro uma pastilha de TiO2. Este filtro é composto por 1 g de massa de TiO2 e a pastilha foi confeccionada seguindo o mesmo procedimento de prensagem utilizado nas amostras de folhas de Nerium oleander L. 3.5.5. Condições experimentais Foram utilizadas duas condições experimentais para as análises das amostras de folhas Nerium oleander L.. A primeira condição experimental privilegia a excitação dos elementos de número atômico mais baixo (baixo Z), foi utilizada para excitação dos elementos de número atômico abaixo do Ca (Z = 20). A segunda condição experimental privilegia a excitação dos elementos de número atômico mais alto (alto Z), foi utilizada para a quantificação dos elementos de número atômico acima do Ca. 73 A tabela 7 apresenta a voltagem, corrente, tempo de aquisição e filtros utilizados nas duas condições experimentas (baixo Z e alto Z). Tabela 7 – Condições experimentais Especificações Tensão (kV) Corrente (µA) Tempo (s) Baixo Z 15 50 300 Filtro - Alto Z 35 50 500 TiO2, folha de alumínio de 15 µm de espessura Fonte: O autor, 2014. 3.5.6. Colimadores A utilização de colimação se faz necessária para evitar efeitos indesejados, tais como, espalhamento múltiplo e a produção de linhas de raios X característicos de materiais do próprio arranjo experimental ou próximo dele. Além de definir uma região de interseção entre o feixe incidente e o feixe que vai para o detector (feixe emergente). Para o detector utilizou-se um colimador com uma abertura de 2,9 mm de diâmetro. E para o aparelho de raios X utilizou-se um colimador (com os filtros) para a configuração alto Z e outro colimador para a configuração baixo Z, os colimadores possuem uma abertura de 6,30 mm e 6,12 mm de diâmetro, respectivamente. A figura 24 mostra os colimadores utilizados. Figura 24 – Colimadores utilizados no tubo de raios X Visão lateral a) b) c) Visão superior 24a) colimador usado no detector; 24b) colimador utilizado no raio X na configuração alto Z, com os filtros; 24c) colimador utilizado no raios X na configuração baixo Z Fonte: O autor, 2014. 74 3.6. Calibração do sistema A calibração do sistema é usada para determinar a curva de sensibilidade do sistema. A curva de sensibilidade é construída através de padrões de elementos puros ou de óxido destes elementos. 3.6.1. Preparação dos padrões Os padrões utilizados na calibração do sistema são pastilhas de um único elemento, preparados pela diluição de elementos puros ou óxidos, em H3BO3, na proporção de 1:4. A tabela 8 mostra os elementos ou os óxidos usados, a massa da pastilha, a concentração e a energia da radiação fluorescente para as transições Kα (elementos usados na calibração dos elementos na linha K) e Lα (elementos usados na calibração dos elementos na linha L) dos elementos nos padrões. Tabela 8 – Os padrões utilizados para a calibração do sistema Elemento/óxido K2SO4 SrCl2.6H2O K2SO4 CaO TiO2 Cr MnO2 Fe Ni2O3 Cu ZnO NaAsO2 Se SrCl2.6H2O Y2O3 Sb BaCO3 Pr6O11 Gd2O3 Yb2O3 W PbO Fonte: O autor, 2014. Massa (mg) 639,1 (0,1) 588,4 (0,1) 548,9 (0,1) 514,4 (0,1) 508,4 (0,1) 505,1 (0,1) 508,5 (0,1) 505,0 (0,1) 507,2 (0,1) 505,4 (0,1) 506,4 (0,1) 509,0 (0,1) 505,2 (0,1) 515,8 (0,1) 506,6 (0,1) 505,3 (0,1) 507,2 (0,1) 506,0 (0,1) 505,9 (0,1) 505,9 (0,1) 505,0 (0,1) 505,5 (0,1) W 0,040 (0,001) 0,040 (0,001) 0,040 (0,001) 0,020 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 0,010 (0,001) 𝑬𝑲𝜶 (𝒌𝒆𝑽) 2,31 2,62 3,31 3,69 4,51 5,41 5,90 6,40 7,48 8,05 8,64 10,54 11,22 14,16 14,96 𝑬𝑳𝜶 (𝒌𝒆𝑽) 3,61 4,47 5,03 6,06 7,41 8,40 10,55 75 A escolha destes elementos para padrões está relacionada aos intervalos de energias que se deseja trabalhar, neste caso, pretende-se analisar nas amostras os elementos do S ao Pb, para isto foram confeccionados os 22 padrões. 3.6.2. Curva de sensibilidade A curva de sensibilidade é determinada, experimentalmente, através de medidas de intensidade da radiação fluorescente de um elemento i nos padrões. Pode-se determinar a sensibilidade a partir da equação 37, descrita no item 2.7. Isolando o termo da sensibilidade da equação, tem-se: S exp,i Ii AE0 , Ei Wi (43) Onde: Ii é a intensidade da radiação fluorescente para um elemento i no padrão medido; Wi é a concentração do elemento i no padrão; A(E0,Ei) é o fator de absorção no padrão para as energias dos raios X incidentes e a energia da radiação fluorescente. 3.7. Cálculo da absorção A (E0, Ei) O cálculo de absorção nas amostras de folhas de Nerium oleander L. foi realizado utilizando um alvo multielementar composto por Ca, Ti, Co, Zn e Br (amostra alvo, figura 25). Figura 25 – Amostra Alvo Ca Co Ti Zn Br Fonte: O autor, 2014. O cálculo de absorção foi realizado como descrito no item 2.8. Mede-se a amostra alvo 76 (I0). Posteriormente, posiciona-se a amostra de folha de Nerium oleander L. entre a amostra alvo e o detector (figura 26), sem alterar a configuração (sem retirar a amostra alvo de lugar) e realiza-se a medida da amostra alvo com a amostra de Nerium oleander L. absorvendo os raios X característicos (I). A pastilha de Nerium oleander L. fica a uma distância de 0,4 cm do detector. Com as intensidades dos elementos da amostra alvo (normalizada com tempo de medida) sem a amostra de Nerium oleander L. absorvendo e com a amostra absorvendo os raios X, é calculado o M E , a partir da equação 42. Foi plotado a curva de absorção da amostra de folha de Nerium oleander L. do M E em função do número atômico. A absorção da amostra certificada IAEA-V-101 foi realizada seguindo o mesmo procedimento da absorção da amostra de Nerium oleander L.. Figura 26 – Esquema do cálculo de absorção da pastilha. Amostra Alvo Pastilha de Nerium oleander Pastilha Nerium oleander Detector Tubo de Raios X Tubo de Raios X Detector a) Amostra Alvo b) 26a) Visão lateral, 26b) Visão superior Fonte: O autor, 2014. 3.8. A avaliação dos espectros de fluorescência Os espectros de fluorescência de raios X registrados no multicanal são complexos e superpostos por vários artefatos indesejáveis: a) O espectro contínuo dos raios X; b) Os raios X característicos das linhas L do ânodo do tubo de raios X; c) Os raios X característicos emitidos pelos materiais dos colimadores, blindagens, filtros, etc; d) Os espalhamentos coerentes e incoerentes; e) Os picos escape; 1 A amostra certifica é utilizada para verificar a precisão e acurácia do sistema experimental. 77 f) Os picos soma. Após o espectro ser registrado no multicanal, as seguintes informações são necessárias para se determinar a intensidade dos fotopicos correspondentes à fluorescência de raios X. a) Identificação dos fotopicos e dos canais correspondentes à amplitude máxima; b) Determinação da curva de calibração em energia do multicanal; c) Determinação da energia para cada fotopico que aparece no espectro e analisar quais representam fotopicos de fluorescência de raios X, espalhamento, picos escape e picos soma; d) Cálculo da contribuição da radiação de fundo para cada fotopico de interesse e subtraí-la; e) Determinação, finalmente, da área líquida sob o fotopico. Todas estas operações podem ser feitas, manualmente, através do espectro registrado pelo multicanal ou usando técnicas matemáticas implementadas em programas para ajuste e análise do espectro, dependendo da complexidade do espectro a análise manual é impraticável. O programa mais utilizado em espectrometria de raios X para ajuste e análise de espectros é o AXIL (Analysis of X-ray Spectra by Interative Least Squares Fitting) (VAN ESPEN, 1977; VEKEMANS, 1994). O AXIL é utilizado, neste trabalho, para calcular as áreas líquidas sob os fotopicos das linhas K-L2,3. A ideia básica do AXIL é construir um modelo matemático do espectro e por processos interativos ajustá-lo ao espectro medido. O modelo é constituído de duas partes: o espectro fluorescente e o espectro da radiação de fundo. Os fotopicos no espectro fluorescente são aproximados para uma distribuição gaussiana. A radiação de fundo pode ser ajustada por quatro modelos: uma função polinomial linear, uma função polinomial exponencial, uma função que representa um espectro de bremsstrahlung e uma função que representa uma filtragem suave no espectro. A escolha do melhor modelo para ajuste da radiação de fundo depende de vários fatores: o tipo de amostra, o modo de excitação, a região de interesse no espectro, o número de linhas, etc. O AXIL é utilizado para o ajuste dos espectros de fluorescência e, consequentemente, usado para calcular às áreas líquidas sob os fotopicos, para as linhas características dos elementos selecionados no espectro. As áreas líquidas calculadas pelo AXIL são usadas num outro programa, o 78 Micro_XRF4, desenvolvido no LIN / UFRJ (Laboratório de Instrumentação Nuclear / UFRJ). O Micro_XRF4 é usado, paralelamente ao AXIL, para calcular as concentrações elementares através dos parâmetros fundamentais. O programa foi desenvolvido em linguagem C. 3.9. Análise estatísticas dos dados A análise do coeficiente de correlação de Pearson e análise por componentes principais (PCA – Principal Component Analysis) foram realizadas através do software SPSS Statistic 20.0 for Windows. 3.9.1. Análise de correlação de Pearson A análise do coeficiente de correlação Pearson é um de teste de hipóteses para determinar se existe correlação linear significativa ou não entre as duas variáveis: nula e alternativa (MILONE e ANGELINE, 1995). H0: r = 0 (Não há correlação linear significativa) H1: r ≠ 0 (Há correlação linear significativa) A estatística do teste é dada pela equação: t r 1 r2 n2 (44) O sinal de r é dado pela direção da correlação entre as variáveis observadas e calculadas. Este valor estará sempre entre –1 e 1. O sinal é obtido pela direção da correlação entre as variáveis. Se elas forem diretamente proporcionais, a correlação será dita direta e r será positivo; se forem inversamente proporcionais, a correlação será dita inversa e r será negativo. 3.9.2. Análise por Componentes Principais Quando o interesse é verificar como os grupos se relacionam, ou seja, o quanto eles são semelhantes segundo variáveis definidas, destaca-se o PCA (TRUGILHO, 1995). Nesta análise, através de um gráfico cartesiano (dados bidimensionais organizados na forma de matriz) onde as linhas podem ser as amostras e as colunas as variáveis ou vice-versa, é possível “localizar” a variável no espaço e distanciá-la ou não de outras dependendo do seu grau de 79 semelhança com estas. Isto é feito da seguinte forma: Um ponto no gráfico cartesiano é representado por valores das coordenadas m e n. Pode-se dizer que o ponto devidamente localizado no espaço é uma amostra (ou grupo) e os valores de cada uma das coordenadas corresponde aos valores das variáveis medidas ou as características de cada amostra (indivíduo) (MOITA NETO e MOITA, 1998). As componentes principais são ortogonais entre si e cada uma delas traz uma informação diferente da outra. Desta forma, através do PCA é possível identificar amostras anômalas (diferentes dentro dos grupos das quais fazem parte) chamadas de outliers, classificar e selecionar variáveis importantes para cada elemento. Basicamente o PCA consiste em reescrever as variáveis originais em novas variáveis através de uma transformação de coordenadas através de matrizes. Os dados consistem em n variáveis executadas sobre m amostras, de modo que a matriz de dados D é formada por m x n elementos (m linhas correspondentes às amostras e n colunas correspondentes às variáveis) (equação 42). d11 d 21 D d i1 d m1 d12 ... d1 j ... ... d ij ... ... ... ... d1n ... d mn (45) A j-ésima variável é representada por um vetor coluna. O i-ésimo objeto, ou seja, uma amostra qualquer, é representado por um vetor linha chamado vetor resposta e pode ser descrito como um ponto no espaço n-dimensional. Para se utilizar a análise de PCA alguns fatores precisam ser analisados. O primeiro procedimento a ser analisado é a adequabilidade da base de dados. A adequabilidade implica se os dados são adequados à análise fatorial. Para essa análise, se realiza o teste de Kaiser-MeyerOlklin (KMO) e o Teste de esfericidade de Bartelett (BTS) (FIGUEIREDO, 2010). O teste KMO varia entre 0 e 1, quanto mais perto de 1, tanto melhor. PALANT (2007) sugere 0,6 como um limite razoável. Já HAIR et al. (2006) sugerem acima de 0,50 como valor aceitável. A estatística BTS deve ser estatisticamente significante (p < 0,05) (FIGUEIREDO, 2010). Precisa-se determinar a quantidades de fatores que melhor representa o padrão de correlação entre as variáveis observadas. Quanto mais fatores forem extraídos, maior é a 80 quantidade total de variância pelos fatores. Por outro lado, quanto menos fatores forem extraídos, menor será a quantidade total de variância carregada pelos fatores. Dessa forma, a solução ótima é identificar o número mínimo de fatores que maximiza a quantidade de variância total explicada. Para a rotação dos fatores foi utilizado a rotação ortogonal Varimax, que é o mais comumente usada. A rotação Varimax é um método que procura minimizar o número de variáveis que apresentam altas cargas em cada fator (PALLANT, 2007). A comunalidade representa a proporção da variância para cada variável incluída na análise que é explicada pelos fatores extraídos (SCHAWB, 2007). Usualmente o valor mínimo aceitável é de 0,50. Caso alguma variável possua uma comunalidade abaixo deste patamar a variável deve ser excluída e a análise fatorial deve ser realizada novamente (FIGUEREIDO, 2010). 3.9.3. Mapas das distribuições elementares Os mapas das distribuições elementares foram obtidos utilizando o software SURFER 11.0.642 for Windows da Golden Software, Inc. O SURFER é um pacote de programas comerciais desenvolvidos pela Golden Software Inc. que pode ser utilizado para a confecção de mapas de variáveis a partir de dados espacialmente distribuídos. Os mapas de distribuições elementares foram realizados com as concentrações elementares dos pontos descontado das concentrações elementares da amostra controle e normalizado pela amostra controle, como mostra a equação 46: F i Camostra Ccontrole Ccontrole (46) Onde, Fi = Fator de enriquecimento do elemento i na amostra em relação ao elemento i na amostra controle; Camostra = Concentração elementar das amostras de Nerium oleander L. para o elemento i; Ccontrole = Concentração elementar média da amostra controle para o elemento i com o intervalo de confiança superior de 95 %. No próximo capítulo será apresentado os resultados obtidos na calibração do sistema e na análise quantitativa das amostras de folhas de Nerium oleander L. 81 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos na calibração do sistema e na análise quantitativa das amostras de folhas de Nerium oleander L.. 4.1. Curva de absorção As curvas de absorção da amostra de folha de Nerium oleander L. foram determinadas através do procedimento demonstrado na seção 3.7. Foram medidos os M E dos seguintes elementos: Ca, Ti, Co, Zn e Br. A figura 27 mostra a curva de absorção experimental da amostra de folha de Nerium oleander L., da amostra certificada IAEA-V-10 e de uma amostra de celulose-XCOM e de uma amostra de H3BO3. Figura 27 – Curvas de absorção da amostras de Nerium oleander L., IAEA-V-10, celulose e H3BO3 140.0 IAEA-V-10 120.0 Nerium oleander L. Celulose-XCOM µM (E) (cm2/g) 100.0 H3BO3 80.0 60.0 40.0 20.0 0.0 0 2 4 6 8 10 12 14 Energia (keV) Fonte: O autor, 2014 As curvas de absorção da amostra de Nerium oleander L., IAEA-V-10, celulose e H3BO3, foram ajustadas para uma função potência (equação 47, 48, 49 e 50, respectivamente), com coeficiente de correlação igual a 0,99; 0,99; 1,00 e 0,99, respectivamente. As curvas de 82 absorção ajustadas são dadas por: M E 3310 E 2,53 (47) M E 3959 E 2,66 (48) M E 3624,1 E 2,94 (49) M E 5597,6 E 3,09 (50) 4.2. Curva de sensibilidade As curvas de sensibilidade para as linhas K e L foram determinadas através da equação 43 apresentada no item 3.6.2. As figuras 28 e 29 mostram as curvas de sensibilidade para as linhas K e linhas L do arranjo experimental Alto Z, respectivamente, em função do número atômico dos elementos. Figura 28 – Curva de sensibilidade experimental para as linhas K (Alto Z) 6 5 10 2 Sensibilidade (cm /g.s) 10 4 10 3 10 16 20 24 28 32 36 40 Numero atômico (Z) Fonte: O autor, 2014. A curva de sensibilidade para a linha K foi ajustada para polinômios de ordem três, com coeficiente de correlação igual a 0,99. A curva de sensibilidade ajustada do sistema para 83 as linhas K no arranjo experimental Alto Z é dada pela equação 51. Si ,K Z 1,51104.Z 3 1,92 102.Z 2 8,09 101.Z 5,51 (51) Figura 29 – Curva de sensibilidade experimental para as linhas L (Alto Z) 6 5 10 2 Sensibilidade (cm /g.s) 10 4 10 3 10 50 55 60 65 70 75 80 85 Numero atômico (Z) Fonte: O autor, 2014. A curva de sensibilidade para a linha L foi ajustada para polinômios de ordem três, com coeficiente de correlação igual a 0,99. A curva de sensibilidade ajustada do sistema para as linhas L no arranjo experimental Baixo Z é dada pela equação 52. Si ,L Z 3,20 104.Z 3 6,46 102.Z 2 4,33.Z 91,16 (52) A figura 30 mostra a curva de sensibilidade para as linhas K do arranjo experimental Baixo Z em função do número atômico dos elementos. 84 Figura 30 – Curva de sensibilidade calculada para as linhas K (Baixo Z) 7 6 10 2 Sensibilidade (cm /g.s) 10 5 10 4 10 15 18 21 24 27 30 Numero atômico (Z) Fonte: O autor, 2014. A curva de sensibilidade para linha K foi ajustada para um polinômio de ordem três, com coeficiente de correlação igual a 0,91. A curva de sensibilidade ajustada do sistema para as linhas K no arranjo experimental Baixo Z é dada pela equação 53. Si ,K Z 6,25 104.Z 3 4,97 102.Z 2 1,38.Z 6,94 (53) 4.3. Análise das amostras certificadas A fim de se verificar a precisão e a acurácia do sistema foi realizada medida da amostra certificada IAEA-V-10, a amostra foi medida em triplicata. A tabela 9, mostra as concentrações média das triplicatas da amostra IAEA-V-10, os valores certificados e os desvios. Os desvios médios relativos encontrados são inferiores a 10% (exceto para o Mn e Cu, 21 % e 28 %, respectivamente). Este resultado mostra que o sistema apresentou uma boa acurácia. Por outro lado, O coeficiente de variação variou de 1,0 – 13,0 % (exceto para o rubídio 38 %). Este resultado mostra uma pequena dispersão ao redor dos valores médios. O alto CV para o Rb pode estar associado a baixa concentração na amostra e a grande contribuição do espectro continuo do raios X na energia do Rb no espectro de XRF. 85 Tabela 9 – Tabela de comparação entre os resultados experimentais e a amostra de referência IAEA-V-10. Valores de concentração em μg.g-1 Elementos K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Certificada Valor recomendado 21000 21600 47 186 9,4 24 8 7,6 40 Intervalo de confiança1 19600 – 22500 21000 – 22200 44 – 51 177 – 190 8,8 – 9,7 23 – 25 7 – 11 7,3 – 7,8 37 – 44 Experimental2 CV (%)3 22303 ± 216 20084 ± 169 57 ± 5 179 ± 9 12 ± 1 24,2 ± 1,8 7,6 ± 0,9 8±3 44 ± 4 0,9 0,8 9,2 5,0 8,9 7,6 13 38 8,9 Erro relativo (%) 6,2 7,0 21 3,9 25 0,7 5,4 7.6 10 1 – Intervalo de confiança de 95% 2 – Média ± desvio padrão 3 – Coeficiente de variação Fonte: O autor, 2014. 4.4. Análise quantitativa nas amostras de folhas de Nerium oleander L. A coleta das amostras de Nerium oleander L. foi realizada a uma altura acima de 1,5 m e na direção da planta voltada para rua. Essa escolha foi baseada em dados experimentais (Apêndice C) e no trabalho do MAJUNDAR (2009) que coletou acima de 1,5 m para diminuir a contaminação da planta vinda do solo. Além disso, as amostras foram coletadas considerando as quatro estações do ano: verão, outono, inverno e primavera. 4.4.1. Espectro de fluorescência de raios X A figura 31 representa o espectro normalizado de Nerium oleander L. obtido através do EDXRF. Analisando o espectro foi possível a identificação dos seguintes elementos: S, Cl, K, Ca, Mn, Fe, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb. 86 Figura 31 – Espectro de fluorescência de raios X da amostra de Nerium oleander L. 1.2 Ca Fe Intensidade normalizada 1.0 Sr 0.8 K 0.6 Pb 0.4 Mn Ar Ba 0.15 Rb Zn Cu Cl Br 0.10 S 0.05 0.00 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Energia (keV) Fonte: O autor, 2014. 4.4.2. Análise estatísticas dos dados A região de estudo apresenta uma dispersão muito grande nas concentrações elementares devido às características dos pontos. Os pontos podem estar localizados próximos de ruas bastante movimentadas ou próximo de áreas residenciais. Assim, uma forma de se melhor representar o valor médio da região é utilizando a mediana. As tabelas 49 – 52 no apêndice D mostram as concentrações elementares por estações do ano (média, mediana, máximo e mínimo). A tabela 10 mostra a mediana das concentrações elementares encontradas neste estudo durante os 4 (quatro) períodos do ano. Tabela 10 – Tabela das concentrações elementares encontradas durante os 4 períodos do ano Estações S Cl K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Ver.1 3268 3761 10056 25147 48 437 14 58 10 23 127 86 2 Out.1 3562 3996 10894 26494 83 868 21 71 9 22 163 98 5 Inv.1 3695 4042 10737 26231 80 980 23 75 10 20 160 101 5 3463 Pri.1 1 – Mediana (µg.g-1) 4074 9345 28481 75 624 18 55 9 20 169 84 4 Fonte: O autor, 2014. A tabela 11 mostra as concentrações encontradas em dois estudos que analisaram 87 amostras de Nerium oleander L.. Tabela 11 – Tabela com resultados de dois estudos que tiveram como objeto de análise amostras de Nerium oleander L. TRABALHOS S Cl K Ca OLIVA1 16524 DONGARRÀ2 -1 1 – Mediana (µg.g ) 2 – Média (µg.g-1) 12012 31118 Mn Fe Cu 74 132 24 370 465 108 Zn Br Rb Sr Ba Pb 32 35 33 5 536 51 Fonte: O autor, 2014. OLIVA (2006) realizou um estudo em Nerium oleander L. ao redor de uma área industrial em Huelva (Espanha) utilizando ICP-AES. Oliva encontrou concentrações compatíveis as concentrações encontradas neste estudo para Mn e Cu. Por outro lado, apresentou concentrações inferiores de Fe e Ba em relação as concentrações encontradas neste estudo. DONGARRÀ (2003) realizou um estudo em folhas de Nerium oleander L. utilizando INAA e em poeira das estradas na cidade de Messina (Itália). Dongarrà encontrou concentrações compatíveis (e inferiores) as concentrações encontradas neste estudo para K, Ca, Fe, Zn e Rb. Por outro lado, Dongarrà encontrou concentrações superiores a este estudo para Cu, Br, Sr e Pb. Algumas concentrações estão 5 (cinco) vezes superiores ao encontrado neste estudo. Os valores de concentração elementar bastante superior encontrados por Dongarrà se justifica na região de estudo, Messina. A região de Messina, Sicília e Milão, na época da realização do estudo, possuía uma grande poluição atmosférica devido ao tráfego intenso nas suas estradas. 4.4.3. Mapas das distribuições elementares Com a utilização do programa SURFER 11 foi possível a criação de mapas de distribuições elementares, vide seção 3.9.3. As figuras 32 – 83 apresentam os mapas das concentrações elementares de cada elemento durante as estações. Analisando os mapas de distribuição elementar do S (figuras 32 – 35) nota-se que os locais que apresentaram concentrações mais elevadas foram os pontos 24 no Bairro do Estácio e os pontos 54 e 55 no Bairro de Inhaúma. A distribuição ao redor destes pontos foi similar nos períodos de Verão, Outono e Primavera. As concentrações de S nestes pontos foram 88 incrementada em até três vezes em relação ao controle. No período de inverno a distribuição foi praticamente uniforme em todos os pontos de coletas e suas concentrações sendo enriquecida de até duas vezes em relação ao controle. O S pode ser encontrado na natureza como SO2 na forma gasosa e como aerossol na forma de SO4. O SO2 pode ser lançado na natureza através da queima de combustível fósseis na indústria e em menores proporções na queima de combustível fósseis de automóveis a diesel. Pode estar associado ao particulado mais fino e assim alcançar grandes distâncias em relação a fonte de emissão (MARTINS, 2009). Portanto, a distribuição de S fica mais sujeito as correntes de convecção do que o particulado mais grosso. Assim, a diferença encontrada durante os períodos de coletas pode estar associada a direção dos ventos durante a amostragem. Os mapas de distribuição elementar do Cl (figuras 36 – 39) mostram que este elemento apresenta uma concentração bastante superior a amostra controle em toda a região estudada. O período de primavera apresentou concentrações inferiores às demais estações. A alta concentração de Cl pode ser explicada pelo fato da região de estudo ser bem mais próxima ao mar do que a amostra controle. Os pontos estudados possuem uma distância média aproximada de 5 km do mar, enquanto a amostra controle possui uma distância de aproximadamente 20 km do mar. Além do Cl, CAMARINHA (2010) relacionou o Br a emissão marítima, pois o Br possui uma afinidade química com o Cl (mesma coluna na tabela periódica – grupo VII – halogênios), mas neste estudo os elementos não indicaram uma correlação bem definida, o que indica que além da fonte de emissão marítima, esses elementos podem possuir uma outra fonte de emissão que influenciou na correlação destes elementos. Os mapas de distribuição elementar do K (figuras 40 – 43) apresentam uma distribuição bastante uniforme e uma concentração no mesmo nível do controle. Com exceção do verão que apresentou alguns “picos” de concentração na região de Vila Isabel, uma parte do Méier, Caju e Maria da Graça. Mesmo em concentração baixa pode se observar que existe uma similaridade dos mapas de distribuição elementar do K com os mapas de distribuição elementar do Rb (figuras 68 – 71) e Cl (figuras 36 – 39). Essa característica demonstra que esses elementos podem possuir uma mesma fonte de emissão. O Rb apresentou concentrações mais elevadas durante o verão e nos mesmos pontos apresentados pelo K, com exceção do ponto do bairro do Caju (ponto 44, próximo à Avenida Brasil). As figuras 44 – 47 mostram que os mapas de distribuição elementar do Ca apresentam um comportamento bastante semelhantes aos mapas de distribuição elementar do Sr (figuras 72 – 75). O Ca e o Sr possuem uma afinidade química entre si (mesma coluna na tabela periódica 89 – grupo II - alcalino-terrosos). Os mapas de distribuições elementares do Ca e Sr apresentam comportamentos opostos aos mapas de distribuições elementar do K, Rb e Cl; mostrando assim, uma correlação negativa existentes entre esses elementos nas amostras analisadas. Os mapas de distribuição elementar do Mn (figuras 48 – 51) apresentam uma distribuição praticamente uniforme e praticamente no mesmo nível do controle em toda área estudada. Somente alguns pontos apresentam concentrações de Mn um pouco superiores ao controle. Esses pontos possuem concentrações superiores em 3 três estações do ano (verão, inverno e primavera). Por outro lado, no outono não foi observado o mesmo comportamento. O Mn é um metal pesado com uma considerável mobilidade no solo e um grande coeficiente de transferência solo/planta (MARKET, 2003), o que pode explicar a maior concentração de Mn em alguns locais em específico. O solo destes locais pode possuir uma concentração maior de Mn do que as outras regiões. Os mapas de distribuição elementar do Fe, Zn, Ba e Pb (figuras 52 – 55, 60 – 63, 76 – 79 e 80 – 83, respectivamente) apresentaram comportamentos bastante similares. Os locais com maiores concentrações desses elementos foram nas regiões próximas as vias de intenso fluxo de veículos pesados e de passeio (Avenida Brasil, Avenida Presidente Vargas, Avenida Radial Oeste, Rua Verna Magalhaes), e de maior concentração de indústrias das regiões estudadas. Elementos como Fe, Zn, Ba são amplamente citados na literatura como “elementos relacionados ao tráfego” (MONACI et al, 2000; FUGA, 2008; SILVA, 2007; MARTIS, 2009). MARTINS (2009) atribuiu os elementos Fe, Cu e Ba como sendo provenientes tanto de emissões de escapamentos veiculares como também de desgastes de partes internas de veículos, dos atritos de pneus e da frenagem. O Zn, e o Ba são elementos atribuídos tanto ao tráfego quanto a fonte industriais (MARTINS, 2009; FUGA, 2008; FIGUEIREDO, 2007). A gasolina brasileira não contém Pb mais na sua composição. Hoje em dia, o Pb continua presente somente no combustível de helicópteros e aviões (NOGUEIRA, 2006). Além disso, pode também associar as concentrações de Pb como possivelmente derivadas de ressuspensão das vias de tráfego (MARTINS, 2009). O Cu (figuras 56 – 59) apresentou uma concentração mais elevadas durante o período de inverno. A distribuição de Cu apresentou concentrações mais elevadas nos bairros de Vila Isabel, Tijuca, próximo ao centro da cidade e Caju durante o inverno. Durante o outono e a primavera bairros como Vila Isabel e Tijuca apresentaram concentrações no nível da amostra controle. A região estudada apresentou uma maior concentração de Fe durante o período do verão e do inverno. O Zn e o Pb apresentaram concentrações mais elevadas durante o período 90 do inverno e da primavera. Já o Ba apresentou durante o período do inverno uma maior quantidade de pontos com concentrações mais elevadas. Esses elementos que podem estar relacionados com o fluxo de carros apresentaram uma maior concentração elementar durante o período de inverno. De acordo com o INEA (2009), durante o inverno as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes, motivo do qual a qualidade do ar é pior durante a estação. 91 S Figura 32 – Concentração de S (Verão) Figura 33 – Concentração de S (Outono) Figura 34 – Concentração de S (Inverno) Figura 35 – Concentração de S (Primavera) 92 Cl Figura 36 – Concentração de Cl (Verão) Figura 37 – Concentração de Cl (Outono) Figura 38 – Concentração de Cl (Inverno) Figura 39 – Concentração de Cl (Primavera) 93 K Figura 40 – Concentração de K (Verão) Figura 41 – Concentração de K (Outono) Figura 42 – Concentração de K (Inverno) Figura 43 – Concentração de K (Primavera) 94 Ca Figura 44 – Concentração de Ca (Verão) Figura 45 – Concentração de Ca (Outono) Figura 46 – Concentração de Ca (Inverno) Figura 47 – Concentração de Ca (Primavera) 95 Mn Figura 48 – Concentração de Mn (Verão) Figura 49 – Concentração de Mn (Outono) Figura 50 – Concentração de Mn (Inverno) Figura 51 – Concentração de Mn (Primavera) 96 Fe Figura 52 – Concentração de Fe (Verão) Figura 53 – Concentração de Fe (Outono) Figura 54 – Concentração de Fe (Inverno) Figura 55 – Concentração de Fe (Primavera) 97 Cu Figura 56 – Concentração de Cu (Verão) Figura 57 – Concentração de Cu (Outono) Figura 58 – Concentração de Cu (Inverno) Figura 59 – Concentração de Cu (Primavera) 98 Zn Figura 60 – Concentração de Zn (Verão) Figura 61 – Concentração de Zn (Outono) Figura 62 – Concentração de Zn (Inverno) Figura 63 – Concentração de Zn (Primavera) 99 Br Figura 64 – Concentração de Br (Verão) Figura 65 – Concentração de Br (Outono) Figura 66 – Concentração de Br (Inverno) Figura 67 – Concentração de Br (Primavera) 100 Rb Figura 68 – Concentração de Rb (Verão) Figura 69 – Concentração de Rb (Outono) Figura 70 – Concentração de Rb (Inverno) Figura 71 – Concentração de Rb (Primavera) 101 Sr Figura 72 – Concentração de Sr (Verão) Figura 73 – Concentração de Sr (Outono) Figura 74 – Concentração de Sr (Inverno) Figura 75 – Concentração de Sr (Primavera) 102 Ba Figura 76 – Concentração de Ba (Verão) Figura 77 – Concentração de Ba (Outono) Figura 78 – Concentração de Ba (Inverno) Figura 79 – Concentração de Ba (Primavera) 103 Pb Figura 80 – Concentração de Pb (Verão) Figura 81 – Concentração de Pb (Outono) Figura 82 – Concentração de Pb (Inverno) Figura 83 – Concentração de Pb (Primavera) 104 4.4.4. Análise por Componentes Principais A tabela 12 apresenta os testes de KMO e Bartelett para o período do verão. A tabela 13 apresenta a matriz de componentes extraídos do software SPSS para o período do verão. A matriz de componente apresenta os dois fatores (componentes) explicados pela análise de PCA e a comunalidade dos dados. Tabela 12 – Teste de KMO e Bartelett – VERÃO (teste) Teste de Kaiser-Meyer-Olkin Teste de esfericidade de Bartelett - Sig. 0,775 0,000 Fonte: O autor, 2014. Tabela 13 – Matriz de Componente – VERÃO (teste) Matriz de componentea) Componentes 1 2 K 0,913 -0,198 Ca -0,909 0,098 Sr -0,821 0,033 Cl 0,812 -0,016 Rb 0,733 -0,424 Cu 0,717 0,372 Br 0,514 -0,124 S -0,343 0,141 Fe 0,92 0,857 Pb -0,033 0,837 Zn 0,358 0,746 Ba 0,259 0,634 Mn -0,036 0,458 4,312 2,823 Autovalores 43,116 28,225 Variância Explicada (%) 43,116 71,341 Variância Acumulada (%) Comunalidade 0,873 0,835 0,675 0,660 0,716 0,652 0,280 0,138 0,743 0,702 0,684 0,469 0,211 Método de extração: Análise do Componente principal. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. a. Rotação convergida em 3 iterações. Fonte: O autor, 2014. Pela análise do teste de KMO e Bartelett (tabela 12) os dados são adequados à análise fatorial (KMO > 0,6 e Bartelett < 0,05), vide seção 3.9.2. Entretanto, ao se analisar a comunalidade dos dados (tabela 13), nota-se que os elementos S, Mn e Br estão abaixo do patamar aceitável de 0,500 (vide seção 3.9.2), portanto, esses elementos devem ser excluídos e a análise de PCA realizada novamente (esses elementos apresentaram comunalidade baixa em todas as estações). Percebe-se que nesse caso (verão) o Ba também apresentou comunalidade 105 abaixo de 0,500, mas, optou-se por continuar com o Ba na análise. O Ba só foi excluído na análise da primavera, pois apresentou uma comunalidade muito baixa. A tabela 14 apresenta os testes de KMO e Bartelett extraídos do software SPSS para os quatro períodos do ano. Tabela 14 – Teste de KMO e Bartelett Testes Teste Kaiser-Meyer-Olkin Teste de esfericidade de Bartelett - Sig. Verão 0,813 0,000 Outono 0,792 0,000 Primavera 0,696 0,000 Inverno 0,772 0,000 Fonte: O autor, 2014. Os resultados dos testes de KMO e Bartelett mostram que em todas os período analisados os dados são adequados à análise fatorial. Todos os valores de teste KMO estão acima de 0,6. Todos os valores do teste Bartelett possuem sig. < 0,05. A tabela 15 apresenta a matriz de Componente extraída do software SPSS para o período do verão. A figura 84 mostra o gráfico extraído diretamente do software SPSS que mostra o quanto os elementos estão próximas ou afastadas entre si para o período do verão. Tabela 15 – Matriz de Componente – (Verão) Matriz de componentea) Componentes 1 2 K -0,015 0,928 Ca -0,056 -0,918 Sr -0,086 -0,819 Cl 0,131 0,805 Rb -0,272 0,801 Cu 0,485 0,665 Fe -0,068 0,859 Pb -0,199 0,854 Zn 0,227 0,787 Ba 0,130 0,702 4,312 2,823 Autovalores 43,116 28,225 Variância Explicada (%) 43,116 71,341 Variância Acumulada (%) Método de extração: Análise do Componente principal. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. a. Rotação convergida em 3 iterações. Fonte: O autor, 2014. Comunalidade 0,862 0,846 0,678 0,666 0,715 0,677 0,742 0,769 0,671 0,510 106 Gráfico 84 – Gráfico das Componentes Principais – (Verão) Fonte: O autor, 2014. A tabela 16 apresenta a matriz de componentes extraída do software SPSS para o período do outono. A figura 85 mostra o gráfico extraído diretamente do software SPSS que mostra o quanto os elementos estão próximas ou afastadas entre si para o período do outono. Tabela 16 – Matriz Componente – (Outono) Matriz de componentea) Componentes 1 2 Fe 0,085 0,967 Ba 0,147 0,898 Pb -0,063 0,898 Zn 0,223 0,872 Cu 0,643 0,553 Ca -0,148 -0,888 K 0,043 0,881 Sr -0,063 -0,824 Cl 0,058 0,753 Rb 0,215 0,744 4,909 2,644 Autovalores 49,089 26,438 Variância Explicada (%) 49,089 75,527 Variância Acumulada (%) Método de extração: Análise do Componente principal. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. a. Rotação convergida em 3 iterações. Fonte: O autor, 2014. Comunalidade 0,943 0,829 0,810 0,811 0,719 0,811 0,778 0,683 0,570 0,600 107 Gráfico 85 – Gráfico das Componentes Principais – (Outono) Fonte: O autor, 2014. A tabela 17 apresenta a matriz de componentes extraída do software SPSS para o período do inverno. A figura 86 mostra o gráfico extraído diretamente do software SPSS que mostra o quanto os elementos estão próximas ou afastadas entre si para o período do inverno. Tabela 17 – Matriz de Componente – (Inverno) Matriz de componentea) Componentes 1 2 Ca -0,055 -0,911 K -0,061 0,873 Sr 0,003 -0,790 Rb -0,173 0,705 Cl 0,064 0,645 Cu 0,492 0,587 Fe 0,134 0,905 Ba -0,182 0,808 Pb -0,165 0,803 Zn 0,148 0,800 3,619 2,644 Autovalores 36,193 29,954 Variância Explicada (%) 36,193 66,147 Variância Acumulada (%) Método de extração: Análise do Componente principal. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. a. Rotação convergida em 3 iterações. Fonte: O autor, 2014. Comunalidade 0,832 0,766 0,624 0,528 0,420 0,587 0,837 0,686 0,673 0,662 108 Gráfico 86 – Gráfico das Componentes Principais – (Inverno) Fonte: O autor, 2014. A tabela 18 apresenta a matriz de componentes extraída do software SPSS para o período da primavera. E a figura 87 mostra o gráfico extraído diretamente do software SPSS que mostra o quanto os elementos estão próximas ou afastadas entre si para o período da primavera. Tabela 18 – Matriz Componente – (Primavera) Matriz de componentea) Componentes 1 2 Ca -0,138 -0,915 K 0,012 0,896 Sr -0,083 -0,845 Cl 0,143 0,787 Rb -0,203 0,771 Cu 0,385 0,732 Fe 0,174 0,881 Zn 0,318 0,789 Pb -0,318 0,764 4,498 2,057 Autovalores 49,982 22,859 Variância Explicada (%) 49,982 72,841 Variância Acumulada (%) Método de extração: Análise do Componente principal. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. a. Rotação convergida em 3 iterações. Fonte: O autor, 2014. Comunalidade 0,856 0,804 0,721 0,640 0,636 0,684 0,807 0,724 0,684 109 Gráfico 87 – Gráfico das Componentes Principais – (Primavera) Fonte: O autor, 2014. Pela análise das tabelas e dos gráficos do PCA (tabelas 15 – 18 e gráficos 84 – 87) observa-se a formação de dois fatores principais; a) Fator 1 – Ca, K, Sr, Cl, Rb e Cu; b) Fator 2 – Fe, Zn, Ba, Pb; A comunalidade dos elementos relacionados aos fatores 1 e 2 são altas, todos acima de 0,5 (exceção ao Cl na tabela 16, possui comunalidade 0,42), indicando que o PCA aplicado explica satisfatoriamente a variabilidade de cada variável. A análise de PCA dos quatro períodos do ano apresentaram dois fatores. Cada fator pode ser representado por uma fonte de emissão. No fator 1 se agrupou os elementos Ca, K, Sr, Cl, Rb e Cu. Estes elementos podem ser relacionados a ressuspensão do solo. Por outro lado, o fator 2 se agrupou os elementos Fe, Zn, Ba e Pb. Estes elementos podem estar relacionados a emissão do tráfego (emissões de escapamentos, desgastes das partes internas, atritos de pneus, frenagem) e indústrias. Percebe-se que o Cu se agrupou nos dois fatores no inverno e ficou muito próximo de se agrupar ao fator 2 nos demais períodos, ou seja, pode-se dizer que o Cu possui tanto uma emissão da ressuspensão do solo quanto uma emissão relaciona ao tráfego de veículos ou indústrias. Nos gráficos do PCA (gráficos 84 – 87) ocorre a formação de três grupos: 110 a) Grupo 1: Ca e Sr; b) Grupo 2: Cl, K e Rb; c) Grupo 3: Fe, Zn, Ba e Pb. Os grupos 1 e 2 são grupos formados por elementos relacionados ao fator 1 (emissão de ressuspensão do solo). Já o grupo 3 é formado por elementos relacionados ao fator 2 (emissão veicular e de indústrias). O Cu se relaciona com o fator 1 porém permanece muito próximo ao fator 2, percebe-se pelos gráficos (gráficos 84 – 87) que ele fica justamente entre os grupos 2 e 3. 4..4.5. Análise do coeficiente de correlação de Pearson A análise do coeficiente de correlação Pearson é um de teste para se determinar a existência de uma correlação linear significativa ou não entre as duas variáveis. Quanto mais próximo de 1, maior é a correlação entre essas variáveis. As tabelas 19 – 22 mostram o coeficiente de correlação de Pearson das estações do ano, verão, inverno, primavera e outono, respectivamente. Para a avaliação da correlação de Pearson foi utilizada as concentrações elementares excedentes da concentração da amostra controle, ou seja, foi descontado o valor médio com o nível de confiança superior de 95 % da amostra branco. Além disso, usou-se nos teste de correlação de Pearson a avaliação do tráfego (fluxo de carros) e a cor das flores das plantas. Observa-se na análise da correlação de Pearson uma correlação bastante significativa entre Ca e o Sr durante os 4 (quatro) períodos do ano. Esta correlação ocorre devido a afinidade química existentes entre esses elementos. O Ca e o Sr apresentaram uma forte correlação negativa com o Cl, K, Cu e Rb (que possuem uma forte correlação entre si), ou seja, quando se tem um acréscimo da concentração de Ca e Sr ocorre um decréscimo na concentração de Cl, K, Cu e Rb (essa relação também foi verificada nos mapas de distribuição elementares – seção 4.5.2. Segundo BOYER (1985) o Ca e o K configura o que se pode chamar de “antagonismo de regulagem”, onde o K freia a entrada de Ca e reciprocamente este freia o aproveitamento do K na planta, ficando consequentemente moderado o abastecimento dos dois. Na ausência de um, o outro em excesso pode ser nocivo à planta. Esses elementos pela análise do PCA foram relacionados a ressuspensão do solo. O K apresentou uma forte correlação com o Rb. Esses dois elementos possuem uma similaridade química entre si, muitas vezes o Rb substitui o K até mesmo nos processos 111 metabólicos do vegetal (KABATA-PENDIAS, 1984). Tabela 19 – Coeficiente de correlação de Pearson (Verão) Cl Cl 1 K 0,728** K Ca Fe Cu Zn Sr Ba Pb Cor da Fluxo de flor2 carros3 1 Ca -0,703** -0,810** 1 Fe 0,041 -0,135 -0,059 1 Cu 0,530** 0,583** -0,581** 0,393** 1 Zn 0,243 0,180 -0,228 0,589** 0,432** 1 Rb 0,529** 0,755** -0,636** -0,311* 0,423** 0,007 Sr -0,553** -0,690** ** Ba Rb 0,221 0,157 0,818 1 -0,073 -0,516** -0,282* -0,487** -0,110 0,428** 0,304* 0,500** 0,298* 0,536** -0,346** -0,190 -0,238 -0,095 Pb -0,036 -0,126 0,153 0,661** Cor da flor Fluxo de carros -0,111 -0,136 0,067 0,017 0,108 -0,039 -0,093 0,612** 0,214 0,433** 1 -0,022 -0,096 1 0,137 0,511** 1 0,253 -0,194 -0,204 1 0,326* 0,355** -0,158 -0,263* -0,094 1 ** = p < 0,01. * = p < 0,05. Fonte: O autor, 2014. Tabela 20 – Coeficiente de correlação de Pearson (Outono) Cl K Ca Cl 1 K 0,588** 1 Ca -0,608** -0,765** 1 0,127 -0,219 Fe 0,107 Cu 0,426** Fe Cu Zn Rb Sr Ba Pb Cor da Fluxo de flor carros 1 0,475** -0,497** 0,631** 1 Zn 0,258 0,182 -0,328* Rb 0,546** 0,650** -0,512** Sr -0,437** -0,627** 0,845** Ba -0,297* 0,892** 0,615** 0,710** 0,447** 0,716** -0,070 -0,037 -0,195 0,189 -0,109 -0,039 1 0,239 0,361** -0,005 0,007 0,416** 0,330* -0,164 0,110 0,232 0,850** 0,677** 1 0,271* 0,584** 0,329* -0,148 -0,445** -0,250 Pb 0,061 -0,007 -0,117 0,830** Cor da flor Fluxo de carros 0,034 -0,232 0,123 -0,117 -0,093 0,026 -0,078 0,478** 1 - 1 0,490** 0,256 -0,186 1 0,138 -0,012 0,755** 1 ** = p < 0,01. * = p < 0,05. Fonte: O autor, 2014. Os elementos relacionados a emissão veicular e de indústrias: Fe, Zn, Ba e Pb, apresentaram uma forte correlação entre si. Por outro lado, no período da primavera o Pb 2 3 Cor da flor da planta; Intensidade do fluxo de carros nos pontos de coleta 1 112 apresentou somente uma correlação significativa com o Zn, e o Ba não foi incluído na correlação de Pearson. O Cu apresentou uma forte correlação com o Fe e o Zn, sugerindo que o Cu também pode possuir uma mesma fonte de emissão veicular do Fe e do Zn. Por outro lado, o Cu não apresentou uma correlação significativa com o Ba e nem com o Pb. Tabela 21 – Coeficiente de correlação de Pearson (Inverno) Cl Cl 1 K 0,457** K Ca Fe Cu Zn Rb Sr Ba Pb Cor da Fluxo de flor carros 1 Ca -0,558** -0,703** 1 Fe 0,085 Cu 0,343* 0,479** -0,510** 0,482** 0,101 -0,184 1 1 Zn 0,136 -0,033 -0,184 0,645** 0,470** 1 Rb 0,355** 0,731** -0,479** -0,107 0,229 -0,041 Sr -0,337* -0,569** 0,816** -0,142 -0,325* 0,715** Ba -0,030 -0,155 0,133 Pb -0,045 -0,122 0,132 0,636** Cor da flor Fluxo de carros 0,031 0,005 -0,063 -0,042 -0,054 -0,063 -0,047 0,491** 1 -0,159 -0,408** 1 0,510** -0,095 0,182 0,250 0,501** -0,185 0,133 0,599** 0,130 -0,111 -0,078 0,061 -0,052 0,299* 0,423** -0,282* 1 1 -0,015 -0,103 1 0,045 0,383** 0,293* -0,128 1 ** = p < 0,01. * = p < 0,05. Fonte: O autor, 2014. Tabela 22 – Coeficiente de correlação de Pearson (Primavera) Cl K Ca Fe Cu Zn Rb Sr Pb Cor da Fluxo de flor carros Cl 1 K 0,713** 1 Ca -0,689** -0,794** 1 Fe 0,150 0,168 -0,314* 1 Cu 0,572** 0,581** -0,646** 0,407** 1 Zn 0,328* 0,233 -0,351* 0,679** 0,550** 1 Rb 0,531** 0,717** -0,537** -0,031 0,482** 0,168 1 Sr -0,573** -0,684** 0,904** -0,275* -0,582** -0,249 -0,458** 1 Pb -0,004 -0,157 0,202 0,512** -0,011 0,340* -0,349* 0,225 1 -0,288* -0,113 -0,056 0,083 -0,079 1 0,121 -0,337* 0,213 -0,180 Cor da flor Fluxo de carros -0,045 -0,092 0,019 -0,121 0,232 0,271 -0,360** 0,635** 0,407** 0,461** 1 ** = p < 0,01. * = p < 0,05. Fonte: O autor, 2014. A intensidade do fluxo de carros apresentou uma forte correlação com o Fe e o Zn, 113 (exceção ao outono, onde apresentou uma correlação um pouco menos significativa com o Zn). O Fe e o Zn foram relacionados nesse estudo, e são comumente relacionados por diversos pesquisadores, ao tráfego de veículos (MONACI et al, 2000; FUGA, 2008; SILVA, 2007; MARTIS, 2009). A cor da flor da planta não apresentou nenhuma correlação significativa com nenhum elemento. Na primavera as coletas das amostras ocorreram em dois dias de coletas espaçados de duas semanas entre si (nas demais estações, as coletas das amostras também foram divididas em duas ou três coletas, mas todas elas em dias consecutivos). Essa diferença na coleta das amostra ocorreu devido à chuva que aconteceu no dia posterior a primeira coleta. A partir desse momento, foi necessário esperar uma estiagem da chuva de pelo menos 3 dias para a realização da nova coleta, isso para minimizar a influência da chuva na deposição dos elementos-traços sobre a folha. Portanto, na estação primavera pode-se dizer que se possui dois blocos de medidas, dos pontos que foram coletados no primeiro dia e os pontos que foram coletados no segundo dia, o que pode ter afetado a correlação dos elementos, pois a água da chuva retirou o material que estava depositado sobre a folha e eles após a chuva se acumularam novamente, mas, provavelmente, em proporções diferentes. Esse pode ser o motivo dos metais, relacionado ao tráfego de veículos e industrias, na primavera não apresentarem correlações igual a das demais estações (Ba não se comportando da mesma forma que nas demais estações). No próximo capítulo será apresentado as conclusões e sugestões a respeito do trabalho. 114 5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES Neste capítulo será apresentado as conclusões e sugestões a respeito do trabalho. Conclusões A planta Nerium oleander L. se mostrou um bom bioacumulador para avaliar poluição ambiental em grandes centros urbanos, podendo ser utilizada como uma opção de baixo custo para ornamentar áreas interna e externas das grandes Cidades e indústrias com potencial poluidor. A preparação de amostras e a técnica de Fluorescência de raios X foram eficientes na determinação das concentrações elementares nas amostras de folhas de Nerium oleander L.. Foi possível detectar e quantificar as concentrações dos seguintes elementos: S, Cl, K, Ca, Mn, Fe, Cu, Zn, Br, Rb, Sr, Ba e Pb. A metodologia adotada na identificação da planta de Nerium oleander L., através da ferramenta Google Earth, na coleta das folhas de Nerium oleander L. e a preparação e medição das pastilhas no laboratório foram rápidas, eficientes e de baixo custo, possibilitando a realização da medida durante as quatro estações do ano. Com os mapas de distribuição elementar foi possível ter uma visão geral da distribuição dos elementos nas regiões estudadas. Foi possível observar semelhanças nas distribuições de alguns elementos, como por exemplo, o Fe, Zn, Ba e Pb; ou uma relação de antagonismo nas distribuições de alguns elementos, como por exemplo de K e Ca. Além disso, foi possível também, observar o comportamento de cada elemento entre as quatro estações do ano. Através da análise da correlação de Pearson foi possível identificar uma correlação entre elementos, e também acrescentar variáveis como fluxo de carros e cor da planta. Percebese uma correlação significativa do fluxo de carros com os elementos Fe e Zn. A cor da flor da planta não apresentou correlação significativa com nenhum elemento. Com a análise de PCA foi possível a identificação de dois fatores: ressuspensão do solo e emissão veicular e industrial. No fator ressuspensão do solo agrupou-se os elementos Cl, K, Cu, Rb, e Ca e S. No fator de emissão veicular e industrial agrupou-se os elementos Fe, Zn, Rb e Sr. Sugestões para futuros trabalhos Como perspectiva futura do trabalho temos: 115 a) Análise do solo dos mesmos locais de onde foram recolhidos a amostras de folhas de Nerium oleander L.; b) Avaliar as características dos aerossóis nas regiões que foram estudadas; c) Medir as concentrações elementares nos aerossóis e correlacionar com os dados obtidos com as folhas das plantas; d) Correlacionar as concentrações elementares com outros parâmetros associados com a poluição ambiental: CO, CO2, SO2 e SO3; e) Realizar estudo com outros tipos de vegetais inferiores, como líquens, musgos e bromélias. Estes vegetais não possuem um sistema de raiz real, sua cutícula é inexistente ou reduzida, e suas folhas captam nutrientes em toda a superfície da planta a partir do ar e da precipitação. 116 REFERÊNCIAS ALMEIDA, I. T. A poluição atmosférica por material particulado na mineração a céu aberto. 1999. 194 p. 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Tabela 24 – Cor das flores da planta, intensidade do fluxo de carros e data da coleta Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Cor das flores Branca Rosa Branca Rosa Rosa Rosa Rosa Vermelha Rosa Rosa Branca Rosa Rosa Branca Branca Vermelha Branca Rosa Vermelha Branca Vermelha Rosa Branca Rosa Rosa Branca Rosa Rosa Rosa Rosa Branca Fluxo de carros* INTENSO INTENSO INTENSO MÉDIO MÉDIO MÉDIO INTENSO MÉDIO BAIXO BAIXO PEDESTRE PEDESTRE MÉDIO INTENSO BAIXO BAIXO PEDESTRE MÉDIO MÉDIO MÉDIO MÉDIO INTENSO INTENSO PEDESTRE PEDESTRE PEDESTRE PEDESTRE BAIXO MÉDIO BAIXO MÉDIO Verão 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 19/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 Data da coleta Outono Inverno 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 Primavera 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 126 Continuação Pontos 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 Cor das flores Fluxo de carros Rosa Rosa Branca Branca Rosa Vermelha Rosa Rosa Rosa Rosa Rosa Rosa Rosa Branca Rosa Branca Rosa Rosa Branca Branca Vermelha Vermelha Rosa Rosa Rosa Branca MÉDIO INTENSO MÉDIO MÉDIO MÉDIO PEDESTRE INTENSO BAIXO MÉDIO INTENSO INTENSO PEDESTRE INTENSO INTENSO MÉDIO BAIXO MÉDIO BAIXO MÉDIO MÉDIO MÉDIO PEDESTRE PEDESTRE MÉDIO MÉDIO INTENSO Verão 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 21/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 20/02 Data da coleta Outono Inverno 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 12/06 11/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 13/06 12/09 Primavera 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 10/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 23/12 Fonte: O autor, 2014. * O fluxo de carros foi medido durante a coleta. Foram medidos a quantidade de carros que trefegavam pela rua em um intervalo de tempo (5 min), três vezes consecutivas e a classificação do fluxo de carros se deu dá seguinte forma: De 0 a 200 carros / h – Pedestre De 201 a 1000 carros / h –Baixo; De 1001 a 2000 carros / h – Médio Acima de 2000 carros / h - Intenso 127 A tabela 25 apresenta as temperaturas máxima e mínima, a precipitação, a umidade relativa e a velocidade do vento dos dias das coletas. Tabela 25 – Temperatura máxima, temperatura mínima, precipitação, umidade relativa e velocidade do ventos dos dias das coletas Estação VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA Data 19/02 20/02 21/02 12/06 13/06 11/09 12/09 10/12 23/12 Temp. Máx. (°C) 27 26 26 30 31 30 31 36 28 Fonte: Dados da Rede do INMET. Temp. Min. (°C) 36 36 38 21 22 21 21 26 24 Precip. (mm) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Umidade Rel. (%) 66 61 58 76 65 59 75 86 Vel. Vento (km/h) 4.8 2.9 4.3 2.8 128 APÊNDICE C Antes de coleta das amostras foram realizados dois testes para verificar a melhor posição das folhas coletadas na planta e a altura em que as folhas seriam coletadas. Os testes realizados foram: a) Teste da direção da planta; b) Teste da altura. 1 – Posição das folha na planta O teste de posição da folha na planta foi realizado para verificar se haveria alguma diferença entre coletar as folhas que estavam direcionada para a rua, para as folhas que estavam nas laterais e na parte de trás da planta com relação a rua. Foram coletadas algumas amostras na quatros direções da planta. A tabela 26 apresenta a concentração média e o desvio padrão de alguns elementos da amostra de Nerium oleander L. nas 4 (quatro) posições diferentes da planta. E a figura 88 apresenta a concentração relativa (amostra / controle) dos elementos. Tabela 26 – Concentração elementar nas diferentes posições (µg.g-1) Elementos 1 54157 ± 569 K 46249 ± 5103 Ca 107 ± 9 Mn 1713 ± 59 Fe 54 ± 4 Cu 139 ± 18 Zn 44 ± 2 Br 99 ± 2 Rb 140 ± 14 Sr 346 ± 48 Ba 12 ± 2 Pb Fonte: O autor, 2014. Posições 2 55188 ± 2297 50137 ± 3711 148 ± 6 1590 ± 59 52 ± 8 137 ± 11 46 ± 2 92 ± 5 133 ± 11 270 ± 58 9±1 3 56133 ± 3375 67601 ± 10818 74 ± 8 1578 ± 668 45 ± 7 125 ± 23 33 ± 5 78 ± 3 239 ± 24 255 ± 64 10 ± 2 Controle 4 54120 ± 3668 78415 ± 24188 94 ± 12 1336 ± 559 44 ± 3 125 ± 21 43 ± 7 89 ± 11 233 ± 44 301 ± 60 11 ± 2 Onde, Posição 1 = Lado da planta voltado para a rua; Posição 2 = Lado da planta apontada na direção de onde vem o carro; Posição 3 = Lado de da planta oposta à rua; Posição 4 = Lado da planta apontada na direção oposta de onde vem o carro. 12700 ± 1000 19990 ± 470 51 ± 7 124 ± 13 9±1 45 ± 1 3,6 ± 0,3 21 ± 2 79 ± 2 73 ± 4 1,0 ± 0,1 129 Figura 88 – Gráfico da concentração relativa do teste de altura 20 18 Concentração relativa 16 1 2 3 4 14 12 10 8 6 4 2 0 K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Elementos Fonte: O autor, 2014. Foi aplicado o teste Bonferroni para a análise de diferença do lado da planta. A Hipótese Nula do teste Bonferroni é: Sig. ou α: Se α > 0,05, aceita a hipótese de as médias serem iguais Se α < 0,05, rejeita a hipótese de as médias serem iguais As tabelas 27 – 37 apresentam os testes Bonferroni para todos os elementos. Tabela 27 – Teste lado - K (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 Tabela 28 – Teste lado - Ca (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 1,000 0,141 0,603 1,000 0,471 0,942 0,141 0,471 1,000 0,603 0,942 1,000 Tabela 29 – Teste lado - Mn (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 0,271 0,254 1,000 0,271 0,046 0,025 0,254 0,046 0,717 1,000 0,025 0,717 130 Tabela 30 – Teste lado - Fe (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,367 1,000 1,000 0,367 Fonte: O autor, 2014. Fonte: O autor, 2014. (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 1,000 0,294 0,039 1,000 0,830 0,980 0,294 0,830 1,000 0,039 0,980 1,000 Fonte: O autor, 2014. Tabela 33 – Teste lado - Br (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Tabela 31 – Teste lado - Cu Sig.a 1,000 0,593 1,000 1,000 0,137 1,000 0,593 0,137 0,476 1,000 1,000 0,476 Fonte: O autor, 2014. (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 1,000 0,560 0,629 1,000 1,000 1,000 0,560 1,000 1,000 0,629 1,000 1,000 Fonte: O autor, 2014. Tabela 34 – Teste lado - Rb (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Tabela 32 – Teste lado - Zn Sig.a 1,000 0,104 1,000 1,000 0,265 1,000 0,104 0,265 1,000 1,000 1,000 1,000 Tabela 35 – Teste lado - Sr (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 0,711 0,023 0,209 0,711 0,032 0,223 0,023 0,032 1,000 0,209 0,223 1,000 131 Tabela 36 – Teste lado - Ba (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 1,000 0,070 1,000 1,000 1,000 1,000 0,070 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 Fonte: O autor, 2014. Tabela 37 – Teste lado - Pb (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,085 0,838 0,437 0,085 1,000 0,134 0,838 1,000 0,988 0,437 0,134 0,988 Fonte: O autor, 2014. Os elementos Fe, Cu, Zn, Rb, Ba e Pb apresentaram maior concentração no lado voltado para a rua. Mas nenhum destes elementos mostraram diferenças estatísticas (𝛼 = 0,05) para nenhuma posição de coleta, com exceção Cu, que mostrou diferença entre a posição 1 e 4. O lado oposto a rua mostrou maior concentração somente para o K, mas não apresenta diferenças estatísticas (𝛼 = 0,05) do para nenhuma posição de coleta. A análise do teste de lado mostrou que o lado voltado para a rua apresentou uma maior concentração de quase todos os elementos, porém sem diferença estatística com as demais posições. Neste estudo as amostras foram coletadas do lado da planta voltada para a rua. 2 – Altura das folha na planta O teste da altura da folha na planta foi realizado para verificar se haveria alguma diferença entre coletar as folhas de diferentes altura na planta. Foram coletadas algumas amostras de quatros alturas diferentes da planta: a) Abaixo de 0,50 m; b) Entre 0,50 e 1,00 m; c) Entre 1,00 e 1,50 m; d) Acima de 1,50 m. 132 A tabela 38 apresenta a concentração média e o desvio padrão de alguns elementos da amostra de Nerium oleander nas 4 (quatro) alturas diferentes da planta. A figura 89 apresenta a concentração relativa (amostra / controle) dos elementos. Tabela 38 – Concentração elementar nas diferentes alturas (µg.g-1) Elementos Posições 1 45000 ± 1200 K 74700 ± 4600 Ca 130 ± 11 Mn 1154 ± 22 Fe 30 ± 3 Cu 153 ± 5 Zn 24 ± 1 Br 97 ± 3 Rb 219,5 ± 0,3 Sr 163 ± 34 Ba 7±1 Pb Fonte: O autor, 2014. 2 35510 ± 370 122000 ± 9400 213 ± 13 606 ± 39 21 ± 4 103 ± 2 23,5 ± 0,4 76 ± 6 340 ± 2 557 ± 33 5±1 Controle 3 34000 ± 2000 127000 ± 27000 243 ± 19 786 ± 115 30 ± 2 102 ± 2 15 ± 3 62 ± 5 324 ± 53 366 ± 42 6±1 4 27600 ± 2200 182300 ± 2900 193 ± 8 746 ± 28 17 ± 2 69 ± 4 13 ± 1 49 ± 3 464 ± 3 246 ± 67 5±1 12700 ± 1000 19990 ± 470 51 ± 7 124 ± 13 9±1 45 ± 1 3,6 ± 0,3 21 ± 2 79 ± 2 73 ± 4 1,0 ± 0,1 Figura 89 – Gráfico concentração relativa do teste de altura 10.00 1 2 3 4 Concentração relativa 9.00 8.00 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 K Ca Mn Fe Fonte: O autor, 2014. Onde, Posição 1 = Altura menor que 0,50 m; Posição 2 = Altura entre 0,50 m e 1,00 m; Posição 3 = Altura entre 1,00 m e 1,50 m; Cu Zn Elementos Br Rb Sr Ba Pb 133 Posição 4 = Altura maior que 1,50 m. As tabelas 39 – 49 apresentam os teste Bonferroni para a análise de diferença da altura da planta. A Hipótese Nula do teste bonferroni é: Sig. ou α: Se α > 0,05, aceita a hipótese de as medias serem iguais Se α < 0,05, rejeita a hipótese de as medias serem iguais Tabela 39 – Teste altura - K (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,049 0,065 0,063 0,049 1,000 0,130 0,065 1,000 0,195 0,063 0,130 0,195 Fonte: O autor, 2014. Fonte: O autor, 2014. (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,169 0,633 0,001 0,169 1,000 0,081 0,633 1,000 0,504 0,001 0,081 0,504 Fonte: O autor, 2014. Tabela 42 – Teste altura - Fe (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Tabela 40 – Teste altura - Ca Sig.a 0,012 0,252 0,030 0,012 0,581 0,236 0,252 0,581 1,000 0,030 0,236 1,000 Fonte: O autor, 2014. (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,100 0,106 0,108 0,100 1,000 0,119 0,106 1,000 0,431 0,108 0,119 0,431 Fonte: O autor, 2014. Tabela 43 – Teste altura – Cu (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Tabela 41 – Teste altura - Mn Sig.a 0,440 1,000 0,018 0,440 0,301 1,000 1,000 0,301 0,026 0,018 1,000 0,026 Tabela 44 – Teste altura - Zn (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 0,020 0,028 0,021 0,020 1,000 0,043 0,028 1,000 0,039 0,021 0,043 0,039 134 Tabela 45 – Teste altura - Br (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 1,000 0,053 0,002 1,000 0,206 0,037 0,053 0,206 1,000 0,002 0,037 1,000 Fonte: O autor, 2014. Tabela 46 – Teste altura - Rb (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Tabela 48 – Teste altura - Ba (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Fonte: O autor, 2014. Sig.a 0,038 0,221 1,000 0,038 0,016 0,023 0,221 0,016 0,119 1,000 0,023 0,119 Sig.a 0,309 0,089 0,016 0,309 0,136 0,165 0,089 0,136 0,289 0,016 0,165 0,289 Tabela 47 – Teste altura - Sr (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,001 0,447 0,000 0,001 1,000 0,000 0,447 1,000 0,268 0,000 0,000 0,268 Fonte: O autor, 2014. Tabela 49 – Teste altura - Pb (I) fator1 (J) fator1 2 1 3 4 1 2 3 4 1 3 2 4 1 4 2 3 a) 𝛼 = 0,05 Sig.a 0,380 1,000 1,000 0,380 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 Fonte: O autor, 2014. O teste bonferroni demonstrou que o Pb e o Mn não variam em relação à altura de coleta da folha. Todos os demais elementos demostraram uma variação em relação à altura de coleta. Elementos como Ca, Fe, Cu, Zn, Br, Rb e Sr demonstraram diferenças estatísticas (𝛼 = 0.05) entre o ponto mais baixo para o ponto mais alto de coleta. A análise do teste de altura demonstrou que a altura influência na concentração dos elementos. Portanto foi definida a coleta das amostras acima de 1,5 m, o que está de acordo 135 com a metodologia adotada por MAJUNDAR (2009) que explicitou que a coleta acima de 1,5 m era para minimiza a contaminação vinda do solo. 136 APÊNDICE D As tabelas 50 – 53 contém a média, a mediana, o mínimo e máximo das concentrações dos elementos nas regiões nas quatro estações do ano. Tabela 50 – Concentrações elementares (µg.g-1) (Verão) Elementos S Cl K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Fonte: O autor, 2014. Região 3414 3268 2199 / 5221 3974 3761 1059 / 7796 11019 10056 4897 / 22603 26301 25147 12760 / 51515 57 48 19 / 160 462 437 190 / 889 15 14 8 / 27 59 58 37 / 104 11 10 3 / 29 28 23 7 / 88 142 127 77 / 267 94 86 42 / 198 2,7 2,3 1/8 Controle 1761 1817 1625 / 1841 572 572 485 / 729 8676 8700 8625 / 8705 13049 13222 12617 / 13222 51 48 46 / 59 124 117 116 / 139 9 8 8 / 10 45 45 44 / 47 3 3 2/4 21 22 19 / 22 79 80 77 / 82 74 76 71 / 76 1,5 1,1 1,1 / 2,2 137 Tabela 51 – Concentrações elementares (µg.g-1) (Outono) Elementos S Cl K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Fonte: O autor, 2014. Região 3588 3562 2332 / 4916 3769 3996 6745 / 1111 10705 10894 5337 / 18433 29760 26494 15607 / 53117 95 83 44 / 250 1094 868 502 / 2970 23 21 14 / 43 77 71 40 / 193 11 9 4 / 29 29 22 12 / 66 185 163 80 / 325 112 98 53 / 250 5 5 2 / 13 Controle 2013 2052 1889 / 2097 712 783 515 / 837 9846 9656 9210 / 10673 14237 13042 12654 / 17015 88 100 88 / 105 628 632 535 / 718 14 17 10 / 17 46 30 29 / 39 4 4 4/4 33 25 29 / 39 80 76 68 / 86 93 115 109 / 137 2 2 1/3 138 Tabela 52 – Concentrações elementares (µg.g-1) (Inverno) Elementos S Cl K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Fonte: O autor, 2014. Região 3734 3695 2228 / 5520 3970 4042 1308 / 6540 11250 10737 6493 / 17294 27162 26231 12023 / 50209 105 80 17 / 314 1054 980 408 / 2512 24 23 13 / 47 77 75 44 / 153 11 10 5 / 25 26 20 7 / 71 166 160 72 / 327 106 101 47 / 214 6 5 2 / 16 Controle 1836 1833 1465 / 2209 584 628 496 / 628 9534 9630 9334 / 9638 12079 12261 11564 / 12411 98 98 93 / 103 327 277 260 / 444 13 12 11 / 15 44 44 42 / 45 5 4 4/6 30 30 29 / 32 83 83 81 / 84 71 66 61 / 86 1 1 1/2 139 Tabela 53 – Concentrações elementares (µg.g-1) (Primavera) Elementos S Cl K Ca Mn Fe Cu Zn Br Rb Sr Ba Pb Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Média Mediana Min. / Máx. Fonte: O autor, 2014. Região 3514 3463 2229 / 5874 3846 4074 1211 / 7433 9862 9345 4656 / 17987 29794 28481 10611 / 55673 90 75 30 / 329 825 624 340 / 2476 20 18 10 / 38 59 55 35 / 106 10 9 4 / 26 24 20 9 / 60 186 169 65 / 383 91 84 46 / 180 5 4 1 / 18 Controle 1622 1665 1377 / 1825 920 939 767 / 1054 10003 10018 9951 / 10040 12049 12004 11758 / 12385 88 87 71 / 105 438 444 422 / 449 12 13 9 / 14 34 34 33 / 35 4 4 3/5 28 28 27 / 30 61 63 58 / 64 66 57 57 / 64 1,2 1,4 0,6 / 1,7