l Nº 129 Dezembro de 2014 Distribuição gratuita. ANO XI CUIDE DA COLUNA Parte que dá sustentação ao corpo sofre com horas de trabalho à frente do volante e dor pode sinalizar doenças graves AOS TRANCOS E BARRANCOS RARIDADES NA ESTRADA Museu de Artes Jeca Tatu, na BR-356, tem acervo histórico da década de 1950 e se prepara para abrir um cinema retrô ESTE FOI UM ANO DIFÍCIL PARA OS TRANSPORTADORES. EM 2015, SETOR PRECISA MELHORAR EDITORIAL GERALDO EUGÊNIO DE ASSIS Que chegue 2015 Chegamos ao final de 2014, um ano difícil para os transportadores. Portos ultrapassados, estradas em péssimas condições e um genocídio provocado por motoristas imprudentes e fiscalização deficitária. A grande parte de nossas lideranças envolvidas com o transporte propaga um discurso de insatisfação. Divulgar os problemas e cobrar soluções são ações que fazem parte do dia a dia de luta desses profissionais. Pessoas que dedicam seu tempo em prol da categoria que representam. Nesta última edição de Entre-Vias, deixo como mensagem aos que movem a economia de nosso país: organizem-se. Pois o jogo político só se compromete com setores organizados. E, apesar de ter o poder de parar o país, a falta de organização e entendimento da nossa categoria faz com que sejamos esquecidos facilmente nas decisões que nos afetam. Que em 2015 exista mais união, representatividade e uma busca por melhorias significativas para o transporte. Mudanças importantes estão por vir. Para se manter neste difícil e competitivo mercado, até o grande transportador de cargas terá de aliar forças. A revista Entre-Vias continuará ao lado do transporte e da mobilidade urbana, levando informação e entretenimento àqueles que percorrem as rodovias de nosso país. Denunciando e propondo soluções e, acima de tudo, valorizando a vida do profissional do volante. Um 2015 de muitas realizações! Envie sua carta para Rua Cremerie 216, Jardim Petrópolis - Betim/MG CEP: 32655-080 [email protected] revistaentrevias revistaentrevias Expediente DIRETOR-GERAL/EDITOR Geraldo Eugênio de Assis [email protected] DIRETORA EXECUTIVA Tayla Assis [email protected] EDITORA-CHEFE Cristina Guimarães [email protected] REDAÇÃO Cristina Guimarães GERENTE COMERCIAL Poliana Silva [email protected] FINANCEIRO Paula Vidal e Mayra Assis IMPRESSÃO Gráfica Del Rey TIRAGEM 10 mil exemplares TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A reprodução total ou parcial de textos, fotos e artes é proibida sem autorização prévia. ENTRE-VIAS não se responsabiliza por textos opinativos assinados. "As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. Informes publicitários são de responsabilidade das empresas que os veiculam, assim como os anúncios são de responsabilidade das empresas anunciantes." ENTRE-VIAS, por meio de um mailling especial, chega a empresários e executivos de empresas de transporte de cargas e às principais redes de postos de combustíveis. Autoridades, entidades de classe, sindicatos, indústrias e órgãos governamentais também recebem a publicação. 4 Entre-Vias MÍDIAS SOCIAIS E EVENTOS Amanda Rodrigues [email protected] FOTOS Arquivo Entre-Vias e Hilario José WEB Agência Primore REVISÃO Lílian de Oliveira DIAGRAMAÇÃO Roger Simões ASSINATURAS / ANUNCIANTES Minas Gerais Rua Cremerie 216, Jardim Petrópolis - Betim/MG. CEP: 32655-080 (31) 3593-0042 [email protected] UMA PUBLICAÇÃO DA AUTO GESTÃO PUBLICIDADE E CONSULTORIA LTDA. CNPJ: 02.841.570/0001-30 Rua Cremerie 216, Jardim Petrópolis - Betim/MG CEP: 32655-080 Tel.: (31) 3593-0042 [email protected] Entre-Vias apoia: www.anjosdoasfaltomg.blogspot.com CARTAS ENTRE-VIAS NA REDE Nosso primeiro desafio foi com o tema O Caminhão Mais Bonito da Estrada, com a tag #MeuCaminhaoNaEv. O vencedor foi @leeopc57, com 407 curtidas. Próximo desafio: No clima de férias e viagens, o tema será Minha Viagem. Tire uma foto da estrada mais bonita, publique no Instagram com a tag #MinhaViagemNaEv. Sua foto passará por uma seleção e, se for escolhida, irá para votação em nosso Facebook. Boa sorte! Sobre a matéria ''Ajude o bom velhinho a ajudar'' A festa do Papai Noel é uma vez por ano e é aguardada com muito carinho. É uma alegria que faz bem a todos que compartilham!!!!!! Edna Hexsel O transporte de carga se configura como um serviço fundamental que afeta todos os demais setores da economia. Sem transportes, produtos não chegariam às mãos dos consumidores, indústrias não produziriam e fornecedores não entregariam. Dessa forma, mais do que uma simples oportunidade de negócio, o frete e o transporte de pequenas cargas é um serviço estratégico que ajuda a integralizar os demais setores, influenciando diretamente a segurança e a qualidade de vida, além de contribuir substancialmente para o desenvolvimento econômico do país. A revista Entre-Vias vem cumprindo seu papel, com informação e conteúdo de primeira. Sempre ao lado do setor de transporte! Lucas Miranda SUMÁRIO 16 29 FINANÇAS Prepare-se: o IPVA vem aí e primeira parcela vence em janeiro 30 VEÍCULOS Tector 15 toneladas promete segurança, força e economia 32 MOBILIDADE Audiência em Contagem debate obras e construção de trincheira na Fernão Dias 34 SEGURANÇA Infrações como ultrapassar em local proibido ficam até 10 vezes mais caras no país 20 CAPA Retrospectiva e perspectivas: como foi o comportamento do setor de transporte e quais as expectativas para o novo ano 8 SAÚDE z Coluna requer cuidados e atenção especial do trabalhador da estrada z Pesquisa do Ministério da Saúde revela que mais de 50 milhões de brasileiros têm doenças crônicas 12 ESTRADAS z Levantamento apresenta avaliação dos serviços prestados pelo transporte z Implementação de postos de pesagem e fiscalização visam oferecer dinamismo 36 MOBILIZAÇÃO Mapeamento revela rodovias que lideram a exploração sexual de crianças e adolescentes 38 LEGISLAÇÃO z Formalização de lei busca respiro na folha de pagamentos z ANTT legitima novas administradoras de pagamento eletrônico de frete 30 16 CULTURA Museu na beira da BR-356 resgata história de décadas passadas e inaugura cinema FOTO CAPA: Iveco/Divulgação 6 Entre-Vias SOLUÇÕES SOB MEDIDA. A Autoport oferece soluções sob medida a partir das necessidades de cada cliente. Como resultado, a empresa incorpora uma série de inovações tecnológicas em relação aos sistemas de transportes convencionais. Fazem parte dessas novas tecnologias: sistema eletro-hidráulico de elevação, carregamento e acomodação de veículos, suspensão pneumática, entre outras. Confiança reconhecida pelos clientes. Distribuição nacional de veículos 0 km • Operação portuária • Transporte de peças Gestão de pátios e armazenagem • Serviços automotivos (PDI - Pre Delivery Inspection) • Transporte de caminhões, chassis e ônibus sobre pranchas. Estrada dos Alvarengas, 5600, Assunção, São Bernardo do Campo (SP) (11) 4342-2584 / 4357-8973 [email protected] www.autoport.com.br SAÚDE Dor nas costas: ligue S ão horas sentado ao volante, muitas vezes, sem atentar para a adequada postura. Não é raro encontrar um trabalhador da estrada que reclame de dores na coluna, sentidas mais fortemente durante o ofício. Mas o problema é generalizado. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dor nas costas acomete ou ainda vai acometer, pelo menos por uma vez, 80% da população. Engana-se quem acha que é um problema simples e vai passar ou que é jovem para isso: a queixa está cada dia mais comum em todas as idades. A dor nas costas, ou lombalgia, segundo o ortopedista e especialista do Centro Médico São José, na cidade de Cerquilho, em São Paulo, Filippo Zozolotto, pode estar relacionada a problemas como traumatismo, excesso de carga, abaixar-se e levantar-se muitas vezes, fadiga, mau jeito, sedentarismo, postura errada, estresse, carência de vitaminas e até problemas metabólicos, como hipotireoidismo e excesso de ácido úrico no organismo. Um grande problema, segundo ele, é que muitos pacientes ficam anos sentindo dores e não procuram ajuda. “Muitos pacientes sofrem, há muito tempo, com dores constantes e não procuram atendimento médico, por acreditarem que a dor é uma patologia simples”, explica. No entanto, segundo Filippo, inúmeras doenças graves podem parecer uma lombalgia, ou seja, a dor esconde uma enfermidade, como aneurisma aórtico, endometriose, gravidez tubária, cálculo renal, pancreatite e até cânceres. Associado às dores, de acordo com o ortopedista, vem outro problema: o uso indiscriminado e sem receita médica de medicamentos, principalmente relaxantes musculares. A dor até pode passar, mas volta assim que o efeito acaba. “A pessoa pode estar com uma doença de maior gravidade, um tumor, por exemplo, que terá os sintomas mascarados com a automedicação”, alerta. Recentemente, uma dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revelou que 59% dos caminhoneiros de São Paulo têm lombalgia. A principal causa apontada foi o elevado número de horas de trabalho. O resultado é o afastamento temporário e até permanente do trabalho. A pesquisa foi feita pela fisioterapeuta Silvia Ferreira Andrusaitis, que revelou ainda que para cada hora de trabalho 8 Entre-Vias Lombalgia acomete muitos trabalhadores da estrada e precisa de cuidados. Problema pode esconder doenças mais graves o sinal de alerta PREVINA-SE! Veja algumas dicas para evitar a lombalgia z Pratique atividades físicas regulares. Uma dica é fazer caminhada em ritmo mais acelerado nas paradas, em volta do caminhão z Evite dormir sempre na mesma posição z Evite o uso de bolsas ou mochilas pesadas. O peso das mochilas não deve passar de 5% a 10% do peso da criança ou do adulto, a fim de não causar desconforto e, consequentemente, dor z Evite ficar longos períodos na mesma posição. É preciso parar, esticar o corpo, caminhar z Cruze as pernas esporadicamente para auxiliar no relaxamento da musculatura das coxas e da coluna lombar z Ao dirigir ou sentar-se, apoie bem as costas, com os pés inteiros no chão z Realize movimentos corretos de agachamento ao pegar um objeto no chão. Nunca curve a coluna para pegar o peso z Evite excesso de peso. Se for necessário, peça ajuda z Não guarde a carteira no bolso de trás da calça, pois sentar-se sobre ela pode causar um desequilíbrio na região lombar Fonte: Centro Médico São José de Cerquilho o risco de um motorista ter dor lombar aumenta 7%. A fisioterapeuta identificou que os 410 caminhoneiros entrevistados não apresentaram dor na região lombar antes do exercício da atividade. NA ESTRADA No estudo, Silvia Ferreira destacou que, além da postura errada, os trabalha- dores da estrada permanecem sentados por muito tempo, com exposição à vibração do veículo, inclinações e rotações excessivas do corpo. Também carregam objetos pesados e mantêm a concentração sem períodos adequados para relaxamento. De acordo com a pesquisa, 77% dos caminhoneiros pesquisados não praticavam atividade física e 33,9% respon- deram que a dor nas costas reflete-se nos membros inferiores. Segundo Filippo Zozolotto, o diagnóstico da lombalgia é feito primeiro por meio de análise da vida do paciente, sobre a profissão, hábitos e tempo em que sente as dores. Depois, são feitos exames de imagem para diagnosticar possibilidades como traumatismo. No tratamento, é importante o repouso por dois ou três dias e uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Para as lombalgias crônicas, segundo ele, é preciso aliviar a intensidade da dor, reduzir a inflamação local, corrigir a fraqueza muscular, restabelecer a mobilidade e até fazer correções cirúrgicas em casos mais graves. Geralmente, são dores que persistem por mais de duas semanas. Para os profissionais que trabalham durante longos períodos sentados dirigindo, é importante de tempos em tempos se movimentar. Realizar alongamentos, paradas regulares para que a musculatura da coluna vertebral esteja em movimento. Deve-se evitar trechos longos e, ao início da dor, realizar exercícios de alongamento. Quanto ao uso de medicamentos, deve-se evitar relaxantes musculares, pois estes, podem ter como efeito colateral o sono, prejudicando o trabalhador. Caso os sintomas persistam, mesmo com os exercícios de alongamentos, deve-se procurar um profissional da área, para realizar exames e diagnosticar a causa das dores, além de realizar o tratamento correto, evitando, com isso, a piora dos sintomas e complicações da mesma. SAÚDE Um país doente Pesquisa do governo federal aponta que 57,4 milhões de brasileiros têm pelo menos uma doença crônica não transmissível, como hipertensão e diabetes U m estudo recente do Ministério da Saúde, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a população brasileira está doente. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta que 57,4 milhões de pessoas – 40% da população adulta – possuem, pelo menos, uma doença crônica não transmissível, e elas são responsáveis por 72% das causas de mortes no país. Entre elas estão a hipertensão arterial, o diabetes, doença crônica da coluna, o colesterol e a depressão. O sexo feminino é o mais atingido: 44,5% ou 34,4 milhões de mulheres têm uma dessas enfermidades. Segundo o Ministério da Saúde, "a existência das doenças está associada a fatores de risco como tabagismo, consumo abusivo de álcool, excesso de peso, níveis elevados de colesterol, baixo consumo de frutas e verduras e sedentarismo". Na apresentação dos dados, o ministro Arthur Chioro informou que é preciso incentivar um estilo mais saudável de vida na população brasileira. "Temos que romper esse hábito de sentar em frente à televisão e chamar a atenção da população sobre o sedentarismo", afirmou. De acordo com a pesquisa, as regiões Sul e Sudeste tiveram os maiores índices de incidência: 47,7% e 39,8%, respectivamente. O Centro-Oeste vem em terceiro lugar, com 37,5%, seguido de Nordeste (36,3% da população) e Norte (32%). Em todas as regiões, segundo o MS, a mulher se destacou em prevalência das doenças, mas o fato se deve, conforme análise feita pelo órgão, a elas procurarem mais atendimento médico do que os homens, facilitando assim o diagnóstico. O Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde, prevê a redução da mortalidade em 25% até 2022. Para isso, planeja a redução do consumo de sal em 30%, do tabaco em 30%, álcool abusivo em 10% e inatividade física em 10%. Também estimula o aumento em 10% de ingestão de frutas, legumes e verduras. A hipertensão atinge 31,3 milhões de pessoas acima de 18 anos, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde. É um fator de risco para doenças cardiovasculares. O diabetes é um transtorno metabólico causado pela elevação da glicose no sangue e atinge 9 milhões de adultos no Brasil. FUMANTES Outro dado revelado pela pesquisa foi a queda no número de fumantes no país. O número de pessoas que consomem cigarros e outros produtos derivados do tabaco caiu 20,5% nos últimos cinco anos. Em 2008, segundo a Pesquisa Especial de Tabagismo do IBGE, 18,5% dos adultos fumavam. Agora, segundo a PNS, são 14,7%. Nos últimos 12 meses, 51% dos fumantes tentaram largar o cigarro. A faixa etária de maior prevalência é entre 40 e 59 anos. O cigarro, segundo o ministério, é a causa de cerca de 200 mil mortes por ano no país. A Organização Mundial de Saúde reconhece o tabagismo como epidemia e a nicotina expõe o usuário a 50 doenças, principalmente respiratórias e cardiovasculares. É responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e 25% de doenças vasculares, uma delas o infarto. ESTRADAS Transporte sob olhar dos usuários Pesquisa revela percepção da sociedade quanto ao setor e apresenta oportunidades de melhorias na prestação de serviços E ntre março e junho deste ano, a sociedade participou de uma pesquisa para avaliação dos serviços prestados pelas empresas regularizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Cerca de 89 mil questionários respondidos revelaram a percepção quanto ao transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros (regular, semiurbano e fretado), ferroviário de passageiros (regular e turístico) e de cargas, bem como no que se refere à exploração de rodovias federais pela iniciativa privada. A Pesquisa de Satisfação dos Usuários mostrou que, em relação ao transporte rodoviário de passageiros, os atributos considerados mais importantes no setor interestadual e internacional foram conforto, higiene e segurança. No serviço semiurbano, os mais mencionados foram conforto, segurança e pontualidade. Usuários das rodovias federais concedidas indicaram como mais importantes os atributos relacionados à pista, à segurança e à sinalização. No caso do transporte ferroviário de passageiros, as questões consideradas mais relevantes foram as mesmas apontadas pelos usuários do transporte rodoviário: conforto, higiene e segurança. Já em relação às cargas transportadas pelas ferrovias, os aspectos operacionais dos serviços foram declarados como os mais relevantes pelos respondentes. METODOLOGIA O levantamento foi aplicado pelo Instituto Análise em todo o território nacional para conhecer as opiniões e expectativas dos usuários. O transporte ro- 12 Entre-Vias ANTT/divulgação Pesquisa da ANTT levantou impressões sobre a prestação de serviços no setor de transportes doviário de passageiros corresponde ao modal que representa a maior amostra da pesquisa de satisfação, com mais de 74 mil questionários aplicados. Ao todo, 212 empresas foram avaliadas, com entrevistas em 863 linhas. As entrevistas com os usuários de rodovias federais concedidas foram realizadas pessoalmente com 7.184 condutores de veículos leves e 4.763 condutores de veículos pesados. Ao todo, foram avaliados 49 trechos de 14 concessionárias. Em relação ao transporte ferroviário de passageiros, as entrevistas foram realizadas pessoalmente nas estações, com 476 usuários do serviço regular e 2.570 usuários do serviço turístico. No serviço regular, foram avaliados os dois trechos em que há prestação desse tipo de transporte (Estrada de Ferro Carajás e Estrada de Ferro Vitória a Minas). O serviço turístico, por sua vez, foi avaliado em 14 trechos. Ainda referente ao transporte ferroviário, neste caso de cargas, 11 malhas ferroviárias foram avaliadas por meio de questionários eletrônicos de autopreenchimento, disponibilizados via internet aos representantes das empresas usuárias dos serviços. E AGORA? Os resultados foram consolidados e visam aprimorar o planejamento das ações regulatórias e fiscalizatórias da ANTT. Por meio da pesquisa, será possível, por exemplo, identificar situações que merecem estudo mais aprofundado para a criação ou revisão de normas, bem como o aprimoramento das análises de impacto regulatório e dos critérios de priorização de projetos na Agência. ESTRADAS Novos postos de pesagem e fiscalização O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit] iniciou o processo de contratação do novo Plano Nacional de Pesagem. Essa iniciativa prevê a instalação de 35 Postos Integrados Automatizados de Fiscalização (Piafs) em rodovias administradas pelo governo federal, em 14 Estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por ser automatizado, o modelo visa reduzir o tempo de parada dos veículos no processo de coleta de dados para fiscalização. Uma das principais mudanças é que os postos podem operar sem a presença física do agente de trânsito, que passa a exercer suas atividades em Centros de Controle Operacionais. Um Piaf tem três unidades: a estação de controle em pista, o posto de fiscalização e o controle de fuga em pista. Por meio de um sistema de pesagem em movimento, a estação de controle seleciona previamente os veículos com indicativo de excesso de peso, de dimensões ou que tenham outra irregularidade. Somente nesses casos, o motorista será orientado a entrar no posto de fiscalização. A fiscalização nos postos de pesagem é executada em duas etapas. Na primeira, acontece a pesagem seletiva, feita com o veículo em velocidade de até 60 km/h. Quando há indicação de excesso de carga, o veículo passa pela aferição dinâmica de precisão, feita a uma velocidade menor (10 km/h). A partir da comprovação do excesso de peso, o aviso é enviado por computador à central, para posterior notificação do infrator. 14 Entre-Vias Dnit visa implantar 35 locais em rodovias administradas pelo governo federal, em 14 Estados brasileiros DNIT/divulgação Dnit inicia a contratação de empresas para implementação de novos postos integrados automatizados de fiscalização CENÁRIO ATUAL Atualmente, segundo o Dnit, há 73 postos de pesagem em funcionamento. No ano passado, auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que as estradas sob gestão do Dnit têm apenas uma balança a cada 753 km. A segunda etapa do plano prevê a instalação e operação de mais 157 postos. O Dnit calcula investimentos de R$ 1 bilhão, em cinco anos, para a nova fase. Além de diminuir o desgaste acelerado das rodovias, outra vantagem do controle de peso é a redução do número e da severidade dos acidentes, bem como dos custos de transporte. Para definir a localização dos postos de fiscalização, foi necessário mapear as rotas das mercadorias. Os Piafs devem ser instalados o mais próximo possível da região geradora de carga. CULTURA Museu na beira da estrada Espaço de artes Jeca Tatu, na estrada para Ouro Preto, exibe relíquias e conta com espaço de pintura e biblioteca. Cinema deve ser aberto no ano que vem O caminho é o mesmo de Ouro Preto, berço do barroco, conhecido mundialmente, antiga Vila Rica, na Região Central de Minas Gerais: a BR-356. Nas curvas da rodovia, um cantinho, que já se transformou em uma área imensa, abriga uma paixão pelo antigo. É o Museu de Artes Jeca Tatu, que abriga o retrô, o vintage, aquilo que usamos e sequer lembramos. Tudo está lá para cutucar nossa memória. O museu está localizado numa área atrás do famoso Pastel de Angu. Leonardo Ruggio, de 56 anos, dono da lanchonete, é o idealizador do museu, criado há 14 anos. Aos poucos, diz ele, o lugar vai melhorando, mas já tem muita história para contar. "É um espaço público, aberto todos os dias e que não se paga para entrar. Começou lá em cima, no alto da serra, onde ficamos por 12 anos. Há dois anos viemos para um lugar maior", diz. Leonardo montou o museu há 14 anos e também é dono do famoso Pastel de Angu Jardineira no estilo escolar norte-americano abriga biblioteca e espaço de artes 16 Entre-Vias Fotos: Simões Foto Studio/Divulgação Os vinis são a verdadeira vedete do museu, onde também há vitrolas e radiolas antigas Idealizador está montando cinema com filmes antigos Além de vinis, vitrolas e radiolas, máquinas de escrever e muitos artigos dos anos de 1950 e 1960, o museu vai ganhar em breve um cinema. Os filmes estão sendo escolhidos por Lauro Bastos, amigo de Leonardo. As cadeiras, bem antigas, já estão a postos e vão acolher 300 pessoas. As exibições prometem ser no início da tarde, com opções para crianças e adultos, mas nada que esteja nas grandes salas comerciais do país. Será o Galpão Jeca Tatu de Cinema. Leonardo também planeja comprar um ônibus jardineira para rodar na cidade de Itabirito e levar as famílias ao museu. Tudo sem altos investimentos. "Somos como o Jeca Tatu, simples, mineiro." No espaço cultural, os visitantes ainda encontram lambretas, bicicletas antigas, gramofones, um lugar para pintura. Em muitas peças, Leonardo colocou perto imagens da revista “O Cruzeiro”, famosa na década de 1930 e extinta no início do regime militar. As reportagens da revista servem para mostrar como tudo era usado. "Alguns entram aqui e se lembram de quando usaram o telefone, a radiola. Outros, mais novos, nem sabem do que se trata, mas ficam admirados", diz. Um dos ônibus tem até uma biblioteca São mais de 500 títulos, que foram comprados, doados ou trocados por lanche. O automóvel também abriga um ateliê de pintura, comandado pelo artista plástico Atacir Costa. "Temos quadros lindos dele. Um é um retrato do Niemeyer que vale a pena ver pela beleza", revela Leonardo. Os ônibus expostos lá são do tipo escolares norte-americanos. Tem moedores de café, ferro de passar roupa, filmadoras antigas, banheiras, arreios. Entre-Vias 17 CULTURA Artigos antigos, principalmente da década de 1950, estão expostos no museu Atelier de pintura recebe quem quer aprender ou admirar as belezas do artista Moacir Costa 18 Entre-Vias Para conseguir todas as peças expostas no museu, o idealizador conta que vai comprando, adquirindo, trocando. Ele também recebe doações e sempre dá algo em troca, nem que seja um delicioso lanche ou almoço no Pastel de Angu. As peças não estão à venda, mas ele acaba comercializando e comprando outra para colocar no lugar. "Assim o acervo vai se renovando." Apesar de ficar logo depois da rodoviária de Itabirito, logo à direita na estrada, Leo diz que os moradores dos municípios do entorno visitam pouco o espaço. A maioria, segundo ele, são os viajantes. "É o povo da estrada que vem correndo porque está trabalhando, mas volta com a família para fazer uma visita. Precisamos incentivar os moradores a vir também, para eles é importante, faz falta um espaço cultural assim", afirma. O Pastel de Angu e o Museu de Artes Jeca Tatu ficam na Rodovia dos Inconfidentes, a BR356, altura do KM 60, em Itabirito. Logo depois da rodoviária, na saída para Ouro Preto, um quilômetro adiante. Não paga para entrar e funciona todos os dias, das 8h às 18h. CAPA Em 2014, o pé ficou no freio. E no próximo ano? Na última edição do ano, Entre-Vias convida especialistas e representantes do transporte rodoviário de cargas a apresentarem o balanço do setor e perspectivas para 2015 20 Entre-Vias E stagnação. Palavra praticamente unânime entre os convidados que participaram desta reportagem para definir as atividades deste ano do transporte rodoviário de cargas no país. A percepção de especialistas e representantes do setor é de que 2014 não apresentou crescimento. Essa também é a impressão de empresários. O resultado da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 (Fase 2) – levantamento realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) – indica que 81,4% dos empresários não acreditam no aumento da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano. Para 72,1%, haverá aumento da inflação e 67,1% revelaram que o grau de confiança na gestão econômica do governo é baixo. Na primeira Sondagem de 2014, esses índices foram de 70,9%, 63,2% e 52,3%, respectivamente. Neste fim de ano, 72,8% dos respondentes não pretendem adquirir mais veículos, embarcações ou material rodante. Esse percentual elevado pode estar relacionado ao fato de que, para 61,6%, a taxa de juros aumentará em 2015, o que significa elevação do custo do financiamento. “Vivemos turbulências dramáticas neste ano. A incerteza nas áreas política e econômica fez com que os resultados não superassem as expectativas. O Brasil tem condições de se destacar bem mais no cenário mundial. Contudo, ainda continuamos a enfrentar problemas estruturais que deveriam ter sido resolvidos", analisa Carlos Roesel, presidente do Sindicato dos Cegonheiros do Estado de Minas Gerais (Sintrauto). Marcio Arantes, presidente da Associação Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul, concorda e conta que, neste ano, observou principalmente a elevação da taxa de juros: “Vivemos neste ano momentos de oscilação. Devido à incerteza, o mercado se comportou de forma apreensiva e, consequentemente, os empréstimos ficaram mais custosos, pois o risco torna-se maior. Nesse sentido, o transportador fica receoso em renovar a frota com alto valor e com depreciação do veículo elevada”. Para o diretor executivo da CNT, Bruno Barreto, houve uma grande perda do dinamismo no mercado, e o principal fator foi a política econômica governamental, “Vivemos turbulências dramáticas neste ano. A incerteza nas áreas política e econômica fez com que os resultados não superassem as expectativas. O Brasil tem condições de se destacar bem mais no cenário mundial. Contudo, ainda continuamos a enfrentar problemas estruturais que deveriam ter sido resolvidos” Carlos Roesel, presidente do Sindicato dos Cegonheiros do Estado de Minas Gerais (Sintrauto) DIAGNÓSTICO Esta é a sexta edição da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador, realizada pela CNT. Em 2014, a primeira etapa foi em março. Na Fase 2, as entrevistas foram feitas de 7 a 24 de outubro, com 445 empresários dos modais rodoviário (cargas e passageiros), aquaviário (marítimo e navegação interior) e ferroviário (cargas). O documento visa analisar a conjuntura econômica e auxiliar na definição de estratégias futuras e os próprios empresários em seus planejamentos para o ano seguinte. que não proveu soluções para o setor. “A postura dos transportadores, apresentada na Sondagem, condiz com o menor ritmo de negócios em consequência da situação econômica atual. Nesse sentido, os empresários têm percepção do baixo crescimento neste ano”, analisa O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa, corrobora e pontua que, seguindo a economia nacional, este ano para o transporte rodoviário de carga foi de crescimento zero ou negativo. Em sua avaliação, por causa da demanda e dos fretes baixos, muitas empresas estão optando por sair do mercado ou por diminuir sua operação, reduzindo a frota. “O ano de 2014 não foi muito positivo para nenhum dos setores, porque a economia está estagnada. Especificamente falando do transporte rodoviário de cargas, a situação também não está boa. Enfrentamos um ano difícil, parado, por conta de eventos como a Copa do Mundo e eleições, Entre-Vias 21 CAPA “Vivemos neste ano momentos de oscilação. Devido à incerteza, o mercado se comportou de forma apreensiva e, consequentemente, os empréstimos ficaram mais custosos, pois o risco torna-se maior. Nesse sentido, o transportador fica receoso em renovar a frota com alto valor e com depreciação do veículo elevada” que, somados aos problemas enfrentados diariamente, como falta de infraestrutura, roubo de cargas, remuneração baixa do frete e falta de motoristas, fizeram deste um ano ainda mais complicado”, avalia o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes. INFRAESTRUTURA Algumas adversidades enfrentadas em 2014 não são exclusivas deste ano, e infraestrutura é uma delas. Ainda o Brasil não avançou nesse quesito que é fundamental para o desenvolvimento do transporte. “Estrutura adequada é um problema que se arrasta há muitos anos e está localizado. Diversos mapeamentos mostram as estradas em piores condições e nada é feito, e uma malha rodoviária deficitária é extremamente prejudicial ao transporte”, critica o presidente da Federação Nacional das Associações de Caminhoneiros e Transportadores (Fenacat), Luiz Carlos Neves. A Sondagem revelou que, quando questionados sobre o investimento público em infraestrutura de transporte, o percentual é pessimista entre os transportadores: somente 16,4% acreditam em ampliação dos dispêndios em obras. Esse resultado segue a tendência de redução da expectativa de investimentos voltados para o setor observada no levantamento desde março de 2012. “Dadas as expectativas cautelosas em relação aos investimentos a serem aplicados na infraestrutura de transporte, é Marcio Arantes, presidente da Associação Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul “A postura dos transportadores, apresentada na Sondagem, condiz com o menor ritmo de negócios em consequência da situação econômica atual. Nesse sentido, os empresários têm percepção do baixo crescimento neste ano” Bruno Barreto, diretor executivo da CNT Expectativa para investimento em infraestrutura geral Expectativa para investimento público em infraestrutura de transporte 27,0% Reduzirá 26,1% Reduzirá 51,2% Mantém-se 54,6% Mantém-se 19,3% Aumentará 16,4% Aumentará 2,5% Não sabe 2,9% Não sabe Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 (Fase 2) 22 Entre-Vias CAPA razoável que os empresários dos segmentos rodoviários não esperem melhorias relevantes nas infraestruturas utilizadas na prestação do serviço. Somente 21% dos transportadores apostam em melhorias, enquanto 52,9% deles acreditam em manutenção e 14% aguardam uma piora nas condições das rodovias”, demonstra a Sondagem 2014 (Fase 2). Para Sérgio Pedrosa, a infraestrutura não teve melhora, mas o setor tem esperança de que as prometidas obras da BR040 e outras no Triângulo Mineiro saiam do papel por meio de recursos das parcerias público-privadas. “Os maiores anseios do setor, como a duplicação da BR-381, a implantação do Rodoanel e a revitalização anel, não têm perspectivas.” Segundo dados do sistema Siga Brasil, em 2014, o governo federal autorizou R$ 17,72 bilhões para investimento em infraestrutura de transporte, dos quais R$ 10,92 bilhões, o equivalente a 61,6%, já haviam sido pagos até o final de setembro. Contudo, 91,2% dos transportadores entrevistados pela Sondagem afirmam desconhecer o montante do valor autorizado para investimento neste ano. Ainda que os recursos disponibilizados para intervenções em infraestrutura tenham apresentado um aumento de 15,11% em relação aos R$ 15,39 bilhões autorizados em 2013, 61,8% dos transportadores não acreditam que sejam suficientes para solucionar os problemas de logística no Brasil. O volume destinado a investimento encontra-se aquémdo que o setor avalia como necessário para adequar a infraestrutura às demandas do país. “O Brasil não priorizou as estradas, como também não deu preferência à infraestrutura como um todo. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o país tem um déficit de investimento nas rodovias federais que ultrapassa os R$ 180 bilhões. O principal problema desse cenário são os entraves logísticos que agravam o que chamamos de Custo Brasil. Por conta dos problemas de infraestrutura e das altas taxas de juros, por exemplo, um pneu vendido no Brasil chega a custar até 130% mais do que nos Estados Unidos. O transportador precisa, ao determinar o valor do frete, se 24 Entre-Vias “O Brasil não priorizou as estradas, como também não deu preferência à infraestrutura como um todo. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o país tem um déficit de investimento nas rodovias federais que ultrapassa os R$ 180 bilhões. O principal problema desse cenário são os entraves logísticos que agravam o que chamamos de Custo Brasil” José Helio, presidente da NTC&Logística remunerar pelos danos ao caminhão, causados pelas más condições das estradas, o que encarece o valor cobrado e muitas vezes não é feito”, contextualiza o presidente da NTC&Logística. MOBILIDADE Se a infraestrutura não avançou, consequentemente a mobilidade ficou prejudicada. No caso de transporte de cargas, especificamente, as restrições à circulação de caminhões nas grandes cidades, locomoção, entre outras, são desafios frequentes e causam uma grande perda de produtividade. “Isso é um problema sério que as empresas de transporte vêm enfrentando. Para se ter uma ideia de como é grave essa situação, veja o caso de um veículo de coleta e entrega que atua em uma cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro. Há 10 ou 15 anos, ele conseguia executar, em um dia, por volta de 40 coletas e entregas, hoje, esse mesmo veículo faz em média 16, resultado do aumento do tráfego nos grandes centros e das restrições impostas pelo poder público à circulação dos caminhões”, compara José Hélio Fernandes. De acordo com a pesquisa realizada pela NTC&Logística, mais de 100 municípios brasileiros possuem algum tipo de restrição, entre eles, capitais como: São Paulo, São Luiz, Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Natal, Manaus, Maceió, Macapá, Goiânia, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, Boa Vista, Belo Horizonte, Belém e Aracaju. As principais medidas adotadas são: áreas ou vias de restrição de circulação e de carga e descarga; horários de restrição de circulação/carga e descarga; rodízio de placas, tamanho e peso dos veículos e impacto sobre os custos. O presidente do Setcemg ressalta que é preciso incluir a circulação de pessoas e o transporte de carga, além da implantação de modais que favoreçam a utilização do transporte público e coletivo quando a mobilidade urbana é analisada. “Por isso,o planejamento logístico é um fator importante na construção de planos de mobilidade inteligentes. O problema é que faltam recursos, iniciativa política e conhecimento técnico para que os municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem até 2015 projetos para se adequarem às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012 ).” SEGURANÇA Outra diretriz deficitária – na visão dos entrevistados – para a atividade de transporte é a ausência de segurança. Além da vulnerabilidade dos motoristas por causa da infraestrutura inadequada, sinalização precária e políticas de restrição de circulação, são vítimas potenciais da violência retratada por meio de furtos e roubos de cargas. Junto “O impacto dos impostos na gestão do transporte é assustador e não sabemos seu destino, pois não temos infraestrutura adequada e segurança. É um absurdo!” Mais uma importante conquista deste ano foi finalmente a regulamentação federal da fiscalização das atividades dos desmanches pelo Senado. O Projeto de Lei 23, de 2011, criou regras para o funcionamento das empresas de desmontagem de veículos e ajudou a coibir crimes como furto e roubo de motos, carros e caminhões. Neste ano, foram fechados 400 desmanches e 1000 postos de gasolina. Ainda não há dados fechados deste ano quanto ao roubo de cargas. Contudo, segundo o Departamento de Segurança da NTC&Logística, 2013 registrou em todo o país 15,2 mil ocorrências nas rodovias brasileiras, o que acarretou um prejuízo de R$1 bilhão. José Geraldo de Faria, presidente da Coopercemg ao aumento do número de crimes, as quadrilhas estão cada vez mais profissionalizadas, e as políticas públicas em torno da prevenção e do combate precisam acompanhar o dinamismo dessa atividade. O setor vem trabalhando na questão da legislação para combater problemas como roubo de cargas. São Paulo, Goiás e Paraná lançaram lei que pune o receptador e é provável que outros Estados estruturem suas próprias leis a esse respeito. “O planejamento logístico é um fator importante na construção de planos de mobilidade inteligentes. O problema é que faltam recursos, iniciativa política e conhecimento técnico para que os municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem até 2015 projetos para se adequarem às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012 )” Sergio Pedrosa, presidente do Setcemg O PESO DA CARGA TRIBUTÁRIA A tributação do setor transporte também apresenta impacto expressivo na sustentabilidade financeira das empresas. As políticas governamentais deste ano reduziram alíquotas de alguns impostos e regulamentaram outros, como a desoneração da folha de pagamento (Ver matéria na página 38). Em relação aos tributos em Minas Gerais, as contribuições foram mantidas em 2014 nos patamares do ano passado sem onerar mais o setor. Porém, outros Estados brasileiros não apresentaram esse comportamento, o que dá margem para a retomada de novas diretrizes fiscais diante da necessidade de ajuste fiscal na economia brasileira. Esse cenário se torna CAPA um fator de risco para a gestão das empresas. De acordo com a Sondagem 2014 (Fase 2), para 83,4% das transportadores, a carga tributária tem um impacto elevado em sua atividade, influenciando a determinação dos valores de prestação do serviço de transporte. Além do peso da carga tributária, José Geraldo de Farias, presidente da Cooperativa dos Transportadores de Automóveis e de Consumo do Estado de Minas Gerais (Coopercemg), enfatiza a falta de transparência na aplicação dos recursos: “O impacto dos impostos na gestão do transporte é assustador e não sabemos seu destino, pois não temos infraestrutura adequada e segurança. É um absurdo!”. AÇÕES EMERGENCIAIS Foram apontadas pelos empresários como prioritárias a redução da carga tributária (37,1%), as melhorias na qualidade das rodovias (31,2%) e a desoneração do combustível (15,9%). Além disso, 83,4% afirmaram ter dificuldades na contratação de mão de obra, em razão da escassez de profissionais qualificados (67,5%) e dos elevados encargos sociais (40,9%). A renovação da frota também é um desafio imposto. “A prorrogação dos impostos para a compra de caminhões incentivou, mas a economia precisa voltar a andar para estimular os negócios. Além disso, quando se adquire um novo, o veículo antigo é revendido para transportadoras menores ou autônomas, por isso, é difícil renovar totalmente a frota em curto ou médio pra- “O ano de 2014 foi atípico, pois estávamos em ritmo de crescimento. Vivemos uma estagnação, mas acredito que o próximo será melhor. Os governantes têm a responsabilidade de incentivar o desenvolvimento e de oferecer condições para o transporte rodoviário de cargas exercer seu importante papel na economia” Rogério Batista do Carmo, presidente da Associação de Prevenção de Acidentes e de Assistência aos Amigos e Cooperados da Coopercemg (Apacoop) Expectativa para carga tributária zo. Tendo em vista esse cenário, o ideal é um projeto real de renovação de frota, em que o caminhão antigo seja encaminhado à reciclagem, assim não estaremos colocando mais caminhões nas estradas, mas substituindo os antigos, que hoje no Brasil chegam a ter mais de 30 anos”, analisa o presidente da NTC&Logística. O diretor executivo da CNT acredita que uma nova proposta de renovação da frota apresentada por um grupo de trabalho ao Governo Federal será mais viável. “Mostramos uma sugestão mais lapidada e tivemos o retorno positivo. Aguardamos a formalização para implementação de uma política mais ampla. Também será uma oportunidade para reestruturação gerencial, visando otimizar e oferecer eficiência na alocação de recursos públicos. Isso é necessário para trazer confiança ao setor de transporte”, contextualiza Bruno Barreto. MUDANÇAS ESTRUTURAIS Dados e percepções dos entrevistados mostram que o transportador está pessimista com o futuro econômico do país, desacreditado no que se refere ao aumento do crescimento e à solução para a infraestrutura do transporte nos próximos anos. Para 2015, o presidente da NTC&Logística prevê, no plano macro, um ano difícil, pois são necessárias medidas corretivas. Contudo, espera que, a partir do segundo semestre, a economia retome um nível de crescimento maior e, consequentemente, o segmento de transporte também tenha condições de melhorar. Impacto da carga tributária na atividade 4,7% Reduzirá 2,9% Reduzirá 48,8% Mantém-se 13,3% Mantém-se 44,3% Aumentará 83,4% Aumentará 2,2% Não sabe 0,4% Não sabe Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 (Fase 2) 26 Entre-Vias “Neste ano, enfrentamos a estagnação. Para o próximo, esperamos começar com boas notícias, como a regularização das associações – por meio da aprovação do Projeto de Lei 356/12 – e a implementação de uma bancada específica no Legislativo Nacional para tratar assuntos específicos do transporte” Luiz Carlos Neves, presidente da Fenacat “Cada um deve fazer a sua parte: os governantes implementarem condições adequadas para as atividades do transporte e os legisladores serem mais sensíveis com o setor. Os transportadores estão acostumados a trabalharem muito e esperamos um novo ano melhor” Jesus Gontijo de Andrade, presidente da Associação de Proteção e Ajuda ao Colega (Apac) Norte “Se aprovarmos este projeto, teremos um direcionamento mais adequado da profissão e do setor de transporte” Nelson Marquezelli, deputado federal (PTB/ SP) “Neste ano, enfrentamos a estagnação. Para o próximo, esperamos começar com boas notícias, como a regularização das associações – por meio da aprovação do Projeto de Lei 356/12 – e a implementação de uma bancada específica no Legislativo Nacional para tratar assuntos específicos do transporte”, planeja o presidente da Fenacat. O presidente do Setcemg se diz ansioso pela revisão da Lei 12.619/2012 (Descanso do Motorista). “Esperamos que essa matéria retorne à pauta no Congresso Nacional tão logo o impasse por causa das questões fiscais e do orçamento seja resolvido. A revisão dessa lei é necessária, pois ajudará na sua aplicação, conciliando o ponto de vista legal e o operacional.” Ainda sobre a regularização dessa legislação, o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB/ SP) espera que a lei seja votada – com as devidas modificações – ainda este ano. “Se aprovarmos este projeto, teremos um direcionamento mais adequado da profissão e do setor de transporte.” Outra situação apresentada por José Geraldo de Farias é garantia das condições para implementação da lei. Ele ressalta que os motoristas – para realizarem o devido descanso – precisam de locais confortáveis, higienizados e seguros. “Os legisladores devem ter em mente que, ao sugerirem uma lei, é necessário pensar em sua viabilidade.” PERSPECTIVAS RENOVADAS Os desafios não retiram o otimismo do presidente da Associação de Prevenção de Acidentes e de Assistência aos Amigos e Cooperados da Coopercemg (Apacoop), Ro- gério Batista do Carmo. “O ano de 2014 foi atípico, pois estávamos em ritmo de crescimento. Vivemos uma estagnação, mas acredito que o próximo será melhor. Os governantes têm a responsabilidade de incentivar o desenvolvimento e de oferecer condições para o transporte rodoviário de cargas exercer seu importante papel na economia.” Jesus Gontijo de Andrade, presidente da Associação de Proteção e Ajuda ao Colega (Apac) Norte, reforça a responsabilidade de todos na construção de um novo ano com melhores resultados. Para ele, “cada um deve fazer a sua parte: os governantes implementarem condições adequadas para as atividades do transporte e os legisladores serem mais sensíveis com o setor. Os transportadores estão acostumados a trabalharem muito e esperamos um novo ano melhor.” Neste ano, Carlos Roesel destaca assuntos como a Lei do Motorista, que trouxeram incerteza para os transportadores. Ele avalia que o trabalho em torno dessa legislação foi positivo e que sua alteração será brevemente votada. “Apesar de tudo, não podemos viver em uma perspectiva pessimista. Trabalhamos com risco. Se formos negativos, não saímos do lugar. Contudo, recai sobre o transportador uma carga tributária excessiva. Além disso, colocamos nossos equipamentos em estradas em péssimas condições. Tudo vai se juntando para que nosso trabalho fique mais comprometido. Mas a luta continua e o trabalho conjunto é a essência para fazer a diferença. Como representante do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais, tenho um longo trabalho pela frente. Acredito que ótimas mudanças estão por vir.” Entre-Vias 27 ARTIGO *POR JOSÉ APARECIDO RIBEIRO POLÍTICAS PÚBLICAS DESENCONTRADAS* A pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgada durante o Salão do Automóvel em São Paulo, no início de novembro, é um documento que deveria servir para balizar as ações de governos responsáveis, comprometidos com a qualidade de vida da população. Neste material histórico, o futuro das cidades brasileiras pode ser previsto e devidamente planejado. É fato incontestável que na pior das hipóteses o Brasil terá 85 milhões de veículos. Se a indústria, no entanto, crescer como se espera, esse número pode ultrapassar 106 milhões de veículos nas ruas. Ou seja, o que está ruim em termos de mobilidade urbana pode piorar, se obras de infraestrutura não forem feitas urgentemente. É certo que a frota aumentará pelo menos 140%, atingindo 95 milhões. Estamos falando de obras, e não de puxadinhos, como estamos acostumados a ver. As cidades precisam de trincheiras, túneis, viadutos, elevados e a redução drástica de sinais de trânsito, que devem ser substituídos por passarelas seguras, limpas, bem iluminadas e com acessibilidade. Sempre ouço das autoridades municipais, no caso de Belo Horizonte, que a prefeitura nada fará para facilitar a vida de quem tem carro. Fica a sensação de que o governo existe para atender apenas aos que não têm condições de adquirir transporte individual. Discurso politicamente correto e que vem sendo cumprido à risca se observarmos as ações da BHTrans e da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap): estreitamento de pistas, instalação de radares, sinais em cada esquina e tudo que presumem ser motivo de desmotivação para o uso do carro, em benefício do transporte coletivo. Ações, digam-se de passagem, que não estão servindo ao que A tese estapafúrdia de que obras não resolvem o problema somente atrasa as soluções e aumenta o caos, que já não está mais restrito aos horários de pico, mas durante todo o dia, inclusive nos fins de semana, quando a pouca fiscalização que ainda existe sai de cena, deixando o trânsito à deriva de sinais e do mau comportamento dos motoristas. se propõem, já que a frota somente aumenta e a adesão ao Move é nula. Não há dúvidas de que erros como esses custarão caro para Belo Horizonte. Não obstante os equívocos, vale lembrar que 1,6 milhão de veículos que circulam pela cidade não são autônomos, exigem um condutor. Por trás de cada carro ou moto, há um cidadão que fez uma escolha, e ela precisa ser respeitada. Com efeito, calçada em apenas um modal de transporte, o BRT (Bus Rapid Transit) – a aposta para tirar carro da rua – deu sinais de fracasso inequívoco. Dispensa dizer que foi um tiro no escuro que não acertou o alvo. Ninguém garante que, se o transporte coletivo melhorar, por meio de metrô, monotrilho, VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e meios alternativos, o povo passe a deixar carro em casa. Tese mais do que equivocada embasada na premissa de que se é bom para cidades europeias será também para as cidades brasileiras, a maioria como BH, com clima quente e topografia acidentada. O modelo a ser seguido não é o europeu, mas o norte-americano. Até porque a cultura aqui alinha-se com a dos Estados Unidos. Outro equívoco que o Plano de Mobilidade Urbana para os próximos 30 anos (PLANMOB) cometeu e que terá consequências negativas sobre a teia urbana é acreditar que a experiência de Bogotá pode ser assimilada em BH. Essa é uma cidade situada no altiplano andino, a 2,7 mil metros de altitude, com clima temperado a maior parte do ano. Portanto, não serve de modelo para a capital mineira. Enquanto isso, as obras de que a cidade necessita urgentemente estão sendo postergadas, por capricho e pela crença cega de que a pressão sobre os proprietários de carro terá efeito a médio e longo prazos. Ambos erros crassos e imperdoáveis. A cidade espera por intervenções em mais de 150 gargalos que permitam fluidez no tráfego. Eliminação dos “funis”. A tese estapafúrdia de que obras não resolvem o problema somente atrasa as soluções e aumenta o caos, que já não está mais restrito aos horários de pico, mas durante todo o dia, inclusive nos fins de semana, quando a pouca fiscalização que ainda existe sai de cena, deixando o trânsito à deriva de sinais e do mau comportamento dos motoristas. Negar isso é irresponsabilidade. Navegar contra é desconhecimento de causa e negligência de quem comanda as ações da Prefeitura de Belo Horizonte. Ou a cidade encara seu passivo de 40 anos sem obras ou o caos será inevitável. Quem viver verá, se já não está vendo. * José Aparecido Ribeiro é consultor em assuntos urbanos e mobilidade e presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas 28 Entre-Vias FINANÇAS O IPVA vem aí Imposto dos veículos deve começar a ser pago em janeiro. Neste ano, valor teve redução média de 3,73%, devido à desvalorização dos veículos O novo ano começa e já vem a primeira conta a pagar, uma das que mais pesa no orçamento: o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Em 2015, segundo cálculo da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais, a redução média será de 3,73%, devido à depreciação do valor venal dos veículos, mas que é pouco sentido pelos donos. As alíquotas foram mantidas e o pagamento começa em 19 de janeiro. Em entrevista na divulgação dos dados, o subsecretário da Receita Estadual, Gilberto Silva Ramos, informou que o valor a ser pago será de R$ 3,86 bilhões, referente a uma frota de 8,67 milhões de veículos. A frota do Estado, segundo ele, cresceu 5,73% em relação ao ano passado, o equivalente a 470 mil veículos. Com o aumento do número de carros nas ruas, cresce também o valor emitido a ser arrecadado. Neste ano, são mais 13,53%, ou R$ 459 milhões. Os donos de placas com final 1 devem ficar atentos ao início do pagamento, no dia 19 de janeiro, para parcelamento em três vezes. No entanto, quem quiser antecipar o pagamento e quitar o valor integral terá 3% de desconto. As parcelas seguem em fevereiro e março. A Taxa de Licenciamento Anual de Veículo (TRLAV) neste ano será de R$ 77,60 e tem vencimento em 31 de março. Os veículos movidos exclusivamente a CONFIRA A ESCALA DE PAGAMENTOS Finais de placa Cota única 1ª parcela janeiro 2ª parcela fevereiro 3ª parcela março 1 19 2323 2 20 2323 3 21 2424 4 22 2424 5 23 2525 6 26 2525 7 27 2626 8 28 2626 9 29 2727 0 30 2727 álcool têm desconto de 30% nos valores, comparados ao mesmo modelo movido a gasolina. O não pagamento do imposto gera multa de 0,3% ao dia até o 30º dia. Após esse período, a multa é de 20% e juros calculados sobre o valor do imposto ou das parcelas. Para consultar o valor exato do imposto, é preciso ter o Renavam em mãos. Se não tiver, dá para fazer a consulta buscando marca/modelo no site da Secretaria de Fazenda (www.fazenda.mg.gov. br). Ainda é possível saber pelo LigMinas (telefone 155) ou por meio de aplicativo gratuito desenvolvido para smartphones e tablets. A emissão da guia pode ser feita pelo mesmo site ou nas repartições fazendárias e unidades de atendimento integrado (UAI). Os agentes arrecadadores autorizados a receber os tributos são o Banco do Brasil, Mais BB, Banco Postal, Bradesco, Itaú, Bancoob, Mercantil do Brasil, HSBC, Caixa Econômica Federal, Santander e Casas Lotéricas. Alíquotas são de 4% para automóveis, veículos de uso misto e utilitários; 3% para caminhonetes de carga (picapes) e furgões; e 2% para automóveis, veículos de uso misto e utilitários com autorização para transporte público, comprovadas mediante registro no órgão de trânsito na categoria aluguel. As motocicletas e similares têm alíquota de 2%; veículos de locadoras (pessoa jurídica), 1%; também 1% para ônibus, micro-ônibus, caminhões e caminhões-tratores. CURIOSIDADE Há um seleto grupo de proprietários de carros que pagam um valor altíssimo de IPVA. A Ferrari F12 Berlinetta tem o mais caro: R$ 96,9 mil. Em segundo lugar ficou o Lamborghini Aventador 2013, com boleto de R$ 69 mil, e, em terceiro, um Porsche 911 Turbo S 2013, com imposto de R$ 40,4 mil. Na outra ponta estão os superbaratos. O ciclomotor Motovi 50 ano 1978 tem o menor IPVA de Minas: R$ 3,60. O segundo veículo mais barato é o Triciclo BP 1964, com R$ 4,38 de imposto. Já a Lambretta 1981 é o terceiro mais barato: R$ 6. Entre-Vias 29 VEÍCULOS Robustez associada à economia de combustível Novo Tector 15 toneladas Economy, da Iveco, é apresentado ao mercado brasileiro e pretende movimentar a categoria de comerciais médios R obustez, versatilidade e baixo consumo de combustível são alguns dos diferenciais do Tector 150E21 Economy 4X2, nova opção de caminhão na categoria de comerciais médios que a Iveco apresentou recentemente ao mercado brasileiro. O modelo também marca o lançamento da geração Economy, cuja principal novidade é o uso de propulsores ainda mais eficientes que, no novo Tector, oferecem a maior potência e o maior torque da categoria, aliados a uma significativa economia de combustível, até 15% superior ao líder de vendas do segmento. O gerente da Deva, Alexandre Bruno Nunes, conta que o modelo atende às expectativas do público que realiza demandas de entregas urbanas – como atacadistas, distribuidores, supermercadistas, prestadores de serviços em geral, comércio de materiais de construção e prefeituras –, pois reúne qualidade, robustez, garantia e preço de venda e pós-vendas justos, além de desempenho positivo em distâncias curtas e médias em rodovias. Com PBT (Peso Total Bruto) de 15.400 kg, o veículo tem chassi reforçado e versatilidade para receber quaisquer tipos de implemento. A diversidade de uso permite atender tanto às grandes redes de transportadores quanto aos pequenos e médios frotistas, que podem preferir um caminhão com capacidade e robustez suficientes. PRODUTO MINEIRO Projetado, desenvolvido e fabricado no Complexo Industrial da Iveco em Sete Lagoas (MG), o novo Tector Economy tem seus resultados embasados por uma série de testes feitos 30 Entre-Vias Fotos: Iveco/divulgação Deva/divulgação pela equipe do Centro de Desenvolvimento de Produto da fabricante. Isso envolve quase 1 milhão de quilômetros percorridos em estradas, serras, vias urbanas com e sem pavimentação, além de campos de testes específicos para avaliar a durabilidade e a resistência estrutural do veículo. “Isso significa que o veículo foi preparado para suportar as condições mais agressivas das estradas brasileiras, nossas ruas e nosso clima, além de ser um orgulho para todos nós, mineiros”, ressalta Alexandre. Esses resultados se devem à tecnologia de ponta do novo motor FPT N45, com 206 cv de potência máxima (a 2.500 rpm) e torque de 720 Nm, na faixa que vai de 1.350 a 2.100 rotações. O propulsor, com quatro cilindros e tecnologia SCR, teve um aumento de cilindrada em relação ao seu antecessor – o motor NEF4 – de 3,9 para 4,5 litros. O novo propulsor conseguiu ainda uma significativa melhora do consumo de combustível. Testes realizados pela equipe de engenharia da Iveco em uma aplicação urbana, considerando o veículo 100% carregado, apontam que o novo modelo Iveco economizou 10% mais combustível que o líder do segmento. Numa aplicação urbana sem carga, a economia chega a 15%. A transmissão usada é a mecânica Eaton, de seis marchas, com novo acionamento a cabo, que permite um aumento no conforto e na precisão da troca de marchas. Além disso, torna o processo mais ágil, facilitando o desempenho do veículo, principalmente em trechos urbanos. CONFORTO A vida a bordo também ficou mais confortável, devido às novas molas parabólicas da suspensão dianteira do veículo, com capacidade de absorção de impacto e vibrações elevados. Na suspensão traseira, as molas parabólicas de duplo estágio se adaptam melhor aos diferentes tipos de terreno, distribuindo os impactos e contribuindo para a estabilidade do caminhão. A cabine ainda é equipada com molas helicoidais na suspensão posterior. Para o motorista, o resultado é uma viagem mais prazerosa, com movimentos mais suaves. No interior, os tecidos usados são os mes- mos do Tector Stradale, versão Premium da linha, conferindo um ar mais sofisticado ao veículo. O eixo traseiro Meritor MS 23-235 usado no Tector 150E21 Economy apresenta duas relações de redução. Na caixa baixa, com carga que exige mais força do veículo, oferece ao motorista condições de sobrepor obstáculos do dia a dia com maior facilidade. Na caixa alta, permite guiar o veículo em situações que requerem menos força do conjunto motriz. Por sua vez, o eixo dianteiro Iveco é forjado e tem capacidade técnica para 5.000 kg. O cubo de roda é banhado a óleo, em vez de lubrificado com graxeira, reduzindo paradas para manutenção e aumentado a disponibilidade do veículo para as missões rotineiras do transportador. O caminhão sai de fábrica com banco do passageiro biposto, escotilha de teto, ABS + EBL, porta-estepe, volante com regulagem de altura e profundidade e ajuste automático das folgas das lonas de freios. Como opcional, o veículo pode ser equipado com ar-condicionado. ASSISTÊNCIA Os compradores terão dois anos de garantia, além de contar com uma rede de aproximadamente 100 concessionárias que cobrem todo o território nacional e o investimento da marca em serviços de pós-venda, que oferecem disponibilidade de peças e atendimento rápido. Entre os principais serviços está o programa Assistance Non-Stop, que garante assistência técnica emergencial 24h por dia, sete dias por semana. Com uma frota de 70 oficinas móveis espalhadas estrategicamente pelos principais centros do país, o serviço faz parte do Centro de Atenção ao Cliente Iveco, que garante rapidez e eficiência para atender a qualquer hora, em qualquer lugar. “Temos o modelo disponível para entrega imediata e já vendemos as primeiras unidades. Preparamos descontos especiais para clientes que fechem negócios conosco ainda neste mês de dezembro. Aproveito para ressaltar que a Deva está preparada para encarar os desafios do próximo ano e contribuir para que os nossos clientes atinjam seus objetivos, transportando produtos com os nossos caminhões Iveco, os mais econômicos do Brasil.” Entre-Vias 31 MOBILIDADE Obras em Contagem no debate Audiência pública discute intervenções no trecho da BR-381 e necessidade de construção de trincheira A utoridades se reuniram em Contagem para debater a situação do trecho da BR-381 que fica na cidade, a Fernão Dias. Conforme mostrou Entre-Vias na edição de outubro, a prefeitura do município, por meio da Empresa de Transportes de Contagem (Transcon), cobra da concessionária Autopista obras de melhorias no trecho que vai de Betim ao entroncamento com o Anel Rodoviário. A audiência pública da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados foi pedida por seu vice-presidente, deputado federal Diego Andrade. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai analisar se o contrato, firmado há oito anos, deve passar por revisão. Os projetos de intervenções no trecho, segundo informações da Prefeitura de Contagem, devem passar por modificações. Pelo menos 15 pontos devem ser analisados novamente pela concessionária, especialmente onde há alta incidência de acidentes. Segundo Diego Andrade, no trecho de Contagem, está concentrado um dos maiores fluxos de veículos da Fernão Dias, por isso é importante que as ações sejam discutidas com os representantes dos órgãos 32 Entre-Vias competentes. Na extensão de 1.181 km concedidos, 4,8 km estão no município, mas é responsável por grande fluxo e impacto urbano. Segundo ele, a comissão vai enviar ofício à ANTT pedindo autorização para viabilização de financiamento para realização da obra de uma trincheira sob a BR-381, em caráter emergencial, considerada ação estratégica para as obras de mobilidade a serem executadas. A construção da trincheira é a principal demanda da prefeitura para a Autopista Fernão Dias. Ela ficaria no cruzamento com a Avenida General David Sarnoff e aliviaria o tráfego que, no horário de pico, fica caótico. Em entrevista a Entre-Vias, o vice-presidente da Transcon, Rodrigo Tomaz, disse que o projeto da trincheira existe no papel. A possibilidade da construção surgiu depois que uma obra no trecho da rodovia na altura de Atibaia, em São Paulo, no valor de R$ 3 milhões, foi cancelada pela concessionária, por não haver necessidade. A partir do cancelamento, começaram as discussões para avaliar onde esse recurso seria empregado, até que chegou a demanda da Prefeitura de Contagem. Contudo, conforme matéria publicada na edição de outubro, seriam necessários pelo menos R$ 12 milhões para a obra, surgindo o impasse de quem deveria arcar com o restante do valor. O prefeito de Contagem, Carlin Moura, enumerou outros pontos de gargalo na rodovia, como a necessidade de ampliação dos viadutos Makro e Hípica e a passagem subterrânea em frente à Toshiba. “São ações que merecem atitudes rápidas, uma vez que o município já está em processo de licitação das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Mobilidade Urbana. As obras na BR-381 são urgentes, pois deverão ser concluídas antes das obras do PAC, para diminuição do impacto na região”, afirmou durante a reunião. GARANTIAS O coordenador substituto da Área de Infraestrutura Rodoviária da Unidade Regional Ricardo Lima/PMC Audiência pública na Prefeitura de Contagem discutiu obras na Fernão Dias Minas Gerais da ANTT, Ricardo Luiz da Mata Machado, disse que a rodovia foi concedida à Arteris S/A em 2008 para 25 anos de permissão para explorar o trecho entre BH e São Paulo. Para ele, será possível autorizar as obras em Contagem, incluindo um novo pacote de intervenções para a rodovia. Helvécio Tamm, representante da Arteris S/A e diretor superintendente da Autopista Fernão Dias, disse, segundo informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Contagem, que a empresa “está realizando estudos para as intervenções, solicitados pelo prefei- to Carlin Moura, por meio da Transcon”. “Já existe o projeto. Precisamos de autorização da ANTT para que possamos apresentar o projeto executivo com seu respectivo valor para o financiamento. A concessionária está disposta e com grande interesse em atender a demanda de Contagem”, afirmou. Segundo Helvécio, ainda está previsto um conjunto de obras no trecho entre Contagem e Betim que vai da Praça da Cemig até o trevo do Shopping Metropolitan. A rodovia será transformada em via expressa, com três pistas para o tráfego de veículos direto e transferência dos pontos de ônibus para as marginais. São 13 km no total, e a Prefeitura de Contagem, segundo ele, já garantiu que vai organizar uma minirrodoviária urbana com vários pontos de ônibus para tirar o fluxo da marginal em frente ao Carrefour. A empresa aguarda licença ambiental para iniciar as intervenções, orçadas em R$ 35 milhões e já previstas no contrato firmado com a ANTT. O presidente do Sindicato de Transportes de Cargas do Centro-Oeste Mineiro (Setcom), Raimundo Fernandes, também esteve presente na audiência e reforçou a necessidade das obras. Ele lembrou que Contagem é o segundo maior polo transportador do país e, por sua importância estratégica para a economia nacional, precisa ter melhores condições de tráfego. SEGURANÇA Multas mais Valores de infrações como ultrapassagem proibida ficaram até 10 vezes mais altos e intenção é diminuir número de acidentes A s multas para algumas infrações de trânsito, neste ano, tiveram aumento considerável. Aquelas envolvendo rachas e ultrapassagens proibidas ficaram até 10 vezes mais caras. Na tentativa de incentivar os motoristas a dirigir de forma mais segura, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) publicou no Diário Oficial da União, no início do ano, a Lei 12.971/14, após o projeto passar pela Câmara dos Deputados e Senado. As punições agora preveem multas de até R$ 3,8 mil em caso de reincidência. A ultrapassagem proibida, por exemplo, que segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é "forçar passagem entre veículos transitando em sentidos opostos", conforme artigo 191, passou de R$ 191,54 para R$ 1.915,40, com suspensão do direito de dirigir. Ultrapassar pelo acostamento (artigo 202) agora tem multa de R$ 957,70, que antes era de R$ 127,69, e passou a ser considerada infração gravíssima. Já ultrapassar em local proibido (artigo 203) tinha multa de R$ 191,54 e foi reajustada para R$ 957,70. A nova lei ainda estabelece que, em caso de reincidência nas infrações de forçar passagem e ultrapassagem em local proibido num período de até 12 meses, o valor será dobrado, chegando a R$ 3.830,80. Responsável por muitos acidentes de trânsito, principalmente nas áreas urbanas e durante a madrugada, os rachas também têm pena maior a partir da alteração da lei. A infração prevista do CTB como disputa de corrida tinha multa de R$ 574,62 e foi elevada para R$ 1.915,40. Já promo- ver competição, exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo passou de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Fazer manobra perigosa com o veículo tinha multa de R$ 191,14 e aumentou para R$ 1.915,40. Para o advogado especialista em gestão e direito de trânsito Rodrigo Kozakiewicz, em seu blog "Transitando pela vida com prudência", é importante considerar que as mudanças incorporadas ao CTB, "que para alguns são punições demasiadamente rigorosas", demonstram que a população não aceita mais esse tipo de comporta- caras O QUE MUDOU INFRAÇÃO Forçar passagem entre veículos transitando em sentidos opostos Ultrapassagem pelo acostamento Ultrapassagem em local proibido RACHAS Infração Disputa de corrida Promover competição, exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo Manobra perigosa com o veículo mento. "E quer, sim, um maior rigor na lei para coibir determinados comportamentos imprudentes que ceifam milhares de vidas anualmente no trânsito brasileiro". A crítica dos especialistas está nas alterações nos artigos 302 e 308, que discorrem sobre a parte criminal das infrações. No site JusBrasil, o professor e advogado Auriney Brito, mestre em direito penal, explica que o homicídio culposo na direção de veículo automotor ganhou uma versão qualificada, com pena de dois a quatro anos de prisão se o condutor estiver sob efeito de álcool e outras drogas ou participar de racha em via Valor antigo Valor atual R$ 191,54 R$ 127,69 R$ 191,54 R$ 1.915,40 R$ 957,70 R$ 957,70 Valor antigo Valor atual R$ 574,62 R$ 1.915,40 R$ 957,70 R$ 191,14 R$ 1.915,40 R$ 1.915,40 pública sem autorização das autoridades competentes. O problema, segundo ele, é que, a partir da alteração feita na lei em 2008, a embriaguez ao volante passou a ser causa de aumento da pena de homicídio. "Com a nova redação, o crime de conduzir veículo com capacidade psicomotora alterada fica absorvido pelo mais grave, a morte. Isso é bom para quem dirige bêbado." LEI SECA Na internet, o movimento "Não foi acidente" propõe uma nova redação para a chamada Lei Seca. Na prática, segundo a iniciativa, quem bebe, dirige e mata é indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar). Se for réu primário, pode pegar de dois a quatro anos de prisão, tendo a habilitação suspensa por um ano. Mas, segundo a Constituição, como descreve o site que convoca os brasileiros a assinar uma petição pública, para até quatro anos de prisão, a pena pode ser convertida em serviços para a comunidade. A intenção do movimento é mudar as leis de trânsito. Um projeto de lei foi redigido com mudanças como a exclusão da necessidade do exame de sangue ou bafômetro, valendo já a análise clínica de um médico legista ou de alguém que tenha fé pública. O condutor, no caso, poderia usar o bafômetro a seu favor, se tiver interesse. O crime de trânsito continuaria como culposo, com pena aumentada para cinco a oito anos de reclusão se comprovada a embriaguez. E, mesmo se não houver homicídio, a pena já seria aumentada quando provada a ingestão de álcool pelo condutor. De acordo com o movimento, dados do Ministério da Previdência apontam para um gasto de R$ 12 bilhões/ano com pagamento de indenizações por acidentes de trânsito. Já o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula um gasto de R$ 40 bilhões/ano com acidentes de trânsito no país. São 40 mil vítimas, segundo o Ministério das Cidades, sendo mais da metade na faixa etária entre os 18 e 34 anos. MOBILIZAÇÃO Exploração sexual Instituições mapeiam pontos vulneráveis à violência de crianças e adolescentes nas rodovias federais brasileiras. Minas Gerais lidera o triste cenário A Polícia Rodoviária Federal (PRF), em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Childhood Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e, neste ano, com o Ministério Público do Trabalho, apresenta o sexto mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais brasileiras. Nesta edição, realizada entre 2013 e 2014, identificou-se um total de 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas. Desse total, 566 foram considerados pontos críticos; 538, com alto risco; 555, com médio risco; e, por fim, 310 pontos foram avaliados como de baixo risco. “Nos últimos seis anos, o diagnóstico mostra uma progressiva redução dos pontos considerados críticos nas rodovias federais. Se comparado com o último, apresentou diminuição de 28,7% nos pontos críticos. Considerados os seis anos de levantamento, essa redução sobe para 40%”, destaca a presidente da Comissão ANO Total de criaças e adolescentes Nacional de Direitos Humanos da PRF, Marcia Freitas Vieira. vítimas retirados de situação A redução pode estar relacionada à soma de esforços, en de risco pela PR gajamento dos diversos setores e atuação preventiva nas rodovias federais. Para Márcia, esses números refletem não apenas as 2005 121 ações repressivas da PRF, mas também o maciço investimento em 2006 121 capacitação dos policiais e sensibilização dos motoristas e cida2007 469 dãos que circulam nas rodovias. 2008 663 Comparada à edição anterior de 2011/2012, houve ainda um 2009 502 aumento de 9% do número total de pontos mapeados. Esse cres2010 511 cimento é percebido de forma positiva pela PRF e parceiros, em 2011 590 razão do investimento, ao longo dos últimos anos, em treinamen2012 420 tos dos policiais rodoviários. Pontos que antes não eram vistos 2013 590 como problemáticos hoje são identificados. CLASSIFICAÇÃO O Sudeste foi apontado como a região com mais pontos de vulnerabilidade, com 494 áreas mapeadas. Em segundo lugar, aparece o Nordeste, com 475 pontos propícios à exploração sexual de crianças e adolescentes, seguido das regiões Sul (448), Centro-Oeste (392) e Norte (160). Minas Gerais, Bahia e Pará lideram na quantidade absoluta de pontos críticos ou de alto risco. Minas Gerais registrou, no período avaliado, 313 pontos, 24% a mais se comparado a 2011/2012. A representante da 36 Entre-Vias 2014 PARCIAL TOTAL GERAL 188 4321 Fonte: 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras. São considerados pontos vulneráveis ambientes ou estabelecimentos onde os agentes da polícia rodoviária federal encontram características – presença de adultos se prostituindo, inexistência de iluminação, ausência de vigilância privada, locais costumeiros de parada de veículos e consumo de bebida alcoólica – que propiciam condições favoráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. tem endereço DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS POR REGIÃO 160 475 392 494 448 Fonte: 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras. ANÁLISE DOS PRINCIPAIS EIXOS RODOVIÁRIOS FEDERAIS (BRS COM PONTOS MAPEADOS) BR CENTRO-OESTE NORDESTE NORTE SUDESTE SUL TOTAL POR BR 116 83 9862 243 163 128 1825 171 101 68 4454 166 W381 133 133 153 36 50 914 109 316 785 83 040 15 1 63 79 179 230 73 34715 984 Fonte: 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras. PRF explica que é preciso levar em consideração que o Estado tem a segunda malha rodoviária federal do país, de modo que, proporcionalmente, os pontos ficam mais diluídos ao longo dos quilômetros de estradas. Do total de pontos de risco de exploração sexual mapeados, 1.121 pontos forneceram respostas à origem e gênero das crianças e adolescentes. Desses, 428 pontos (38%) indicaram que a vítima era originária de outra localidade, ou seja, poderia estar em situação de tráfico de pessoas. E, entre os 448 pontos com registro de crianças e adolescentes em situação de exploração sexual, identificou-se que 69% era do sexo feminino, 22% transgêneros e 9% do sexo masculino. CRIME CONTRA A INFÂNCIA A exploração sexual de crianças e adolescentes é uma grave violação dos direitos humanos, que causa um sofrimento muito grande às vítimas, deixando sequelas que serão levadas para a vida toda. Márcia conta que um estudo recente aponta que cerca de 90% das meninas e meninos explorados têm vontade de morrer. Visando contribuir para proteção de crianças e adolescentes, os motoristas são fundamentais na cadeia de combate à exploração sexual. Por atuarem em todo o país, tornam-se vigias do crime e podem comunicar os abusos por meio do número 100: disque-denúncia nacional que recebe informações anônimas e gratuitamente de qualquer parte do Brasil. Outro meio de comunicação é o novo aplicativo para iPhone ou celular com sistema Android criado para facilitar denúncias e informar sobre violência contra crianças e adolescentes. Basta baixá-lo pela App Store e pelo Google Play que o usuário fará parte de uma grande rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes. “Os desafios giram em torno do tamanho do país, que demanda atenção ao longo de milhares de quilômetros de rodovias. Ademais, é fundamental investir em capacitação e no fortalecimento da rede de acolhimento e encaminhamento das vítimas resgatadas, para que não retornem às mesmas condições”, ressalta Márcia. DIAGNÓSTICO O projeto Mapear foi criado há 12 anos e busca ampliar e fortalecer ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes no território brasileiro, por meio da identificação e atualização dos pontos vulneráveis ao longo das rodovias federais no país. Em 2009, a Childhood Brasil propôs à PRF a adoção de critérios e indicadores de vulnerabilidade que permitissem maior grau de consistência dos dados colhidos nas rodovias, garantindo maior eficiência nas ações de prevenção. O objetivo do projeto é, sobretudo, subsidiar o desenvolvimento de ações preventivas e de proteção à infância. Entre-Vias 37 LEGISLAÇÃO Um incentivo à saúde financeira Publicada lei que torna permanente a desoneração da folha de pagamento para empresas de transporte rodoviário de cargas F oi publicada no Diário Oficial da União, em 13 de novembro, a Lei 13.043/14, que trata da desoneração da folha de pagamento de vários setores, entre eles, o transporte rodoviário de cargas, e outras medidas de incentivo à economia do país, como a flexibilização da cobrança das dívidas de empresas com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A Medida Provisória 651 havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados e teve sua aprovação pelo Senado Federal em 14 de outubro, e a lei passa a vigorar a partir dessa data. Desde 2012, acontece uma mobilização em torno da emenda, buscando incluir o transporte rodoviário de cargas na política de desoneração, iniciada em 2011, e desde a incorporação do benefício ao setor visava-se que a medida se tornasse permanente. Isso porque a desoneração diminui os custos com a contratação de funcionários e permite a formalização e o aumento do quadro de colaboradores das empresas de transporte sem nenhum prejuízo ao trabalhador, além de possibilitar a estabilização financeira das companhias em um cenário em que o frete está extremamente defasado e causa prejuízo às empresas. Com a nova lei, a contribuição previdenciária equivalente a 20% sobre a folha de pagamento foi substituída por 1% sobre o valor da receita bruta da transportadora, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. “A principal alteração trazida pela desoneração é a troca da base de cálculo da contribuição previdenciária, quota parte patronal, substituindo a incidência sobre a folha de salários para a receita bruta”, explica o advogado Reinaldo Lage Rodrigues de Araújo, assessor jurídico da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg) e do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg). Fotos: Divulgação Reinaldo Lage Rodrigues de Araújo IMPACTO REAL A Lei 13.043 é objeto da conversão da Medida Provisória 651/2014, cujo prazo legal de encerramento era previsto para 31 de dezembro. “Por ser uma conversão da regra em vigor desde o início do ano, as empresas estão preparadas para a desoneração, mas devem estar atentas quanto ao que ela substitui (quota parte patronal), devendo ser retida e recolhida a quota parte do empregado; as demais contribuições continuam recolhidas sobre a folha”, explica o assessor jurídico. Ele ressalta que a empresa deve estar atenta também aos recolhimentos da quota parte do autônomo e do pró-labore, que são substituídas pela desoneração. “O contribuinte deve ter muita atenção e planejamento em seus recolhimentos, principalmente nesta época em que enfrentamos desaquecimento econômico. Qualquer interpretação equivocada da legislação tributária trará prejuízos à empresa. Por isso, sempre consultem assessores das áreas envolvidas antes da tomada de decisões.” LEGISLAÇÃO Novas administradoras de pagamento eletrônico de frete Resoluções da ANTT legitimam duas empresas a fazerem parte do mercado A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou no Diário Oficial da União mais duas empresas como administradoras do meio de pagamento eletrônico de frete, por meio das Resoluções 4.496, de 19 de novembro, e 4.500, de 28 de novembro. As empresas Retail Gas Station Payments Desenvolvimento de Sistemas Ltda. e Maxmovi Administradora de Meios Eletrônicos de Pagamentos e Recebimentos S.A são as novas operadoras, em âmbito nacional e sem caráter de exclusividade, autorizadas pela Agência a administrar os meios de pagamentos de frete, conforme disposto na Resolução 3.658/2011. GESTÃO Segundo essa norma, todos os pagamentos de frete deverão ser cadastrados em uma administradora de meios de pagamento eletrônico de frete, devidamente habilitada pela ANTT, em que cada operação será registrada por meio de um Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot). Pela resolução, foi determinado que os pagamentos de fretes rodoviários para os transportadores autônomos devem ser feitos somente por meio de depósito em conta bancária, desde que o titular da conta seja o transportador, com o Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas (RNTRC), ou pelo sistema de pagamentos eletrônicos regulamentado pela ANTT. Tal medida pôs fim à “carta-frete”, antigo meio de pagamento aos motoristas autônomos, visando, entre outras coisas, garantir que o caminhoneiro receba o seu frete sem ser obrigado a gastar parte dele em determinados estabelecimentos. A partir da publicação (3/12), contado o prazo de 60 dias, o sistema somará as duas novas operadoras às 20 já existentes e homologadas atuantes. São elas: ADMINISTRADORA Repom S.A. TELEFONE ENDEREÇO ELETRÔNICO 0800 701 6744 www.repom.com.br Roadcard Soluções Integradas em Meios de Pagamentos S.A. 0800 726 2279 www.roadcard.com.br GPS Logística e Gerenciamento de Riscos S.A. 0800 726 2279 www.gps-pamcary.com.br Dbtrans S.A. Empresas: 0800 880 2000 Caminhoneiro: 0800 880 8383 /www.rodocred.com.br/ InformacoesdaDBTRANS.aspx Policard Systems e Serviços S.A. 0800 940 2933 www.policard.com.br Caruana S.A. São Paulo e região: 4002-1188 Outras localidades: 0800-7721188 www.caruanafinanceira.com.br Nddigital Software 0800 77 0791 www.nddigital.com.br Banco Bradesco S.A. Capitais e regiões metropolitanas - 4003-6143 Demais localidades - 0800 880 6143 Consumidor (SAC) – 0800 727-9988 www.bradesco.com.br Fastcred Administração e Serviços Ltda. 0800 7231055 www.fastcredcartoes.com.br Banco do Brasil S.A. 0800 729 0722 www.bb.com.br Multisat Sistema de Gerenciamento de Riscos Ltda. 0800 512 622 www.multisat.com.br Green Net Administradora de Cartão Ltda-Me 0800 600 2528 [email protected] [email protected] Valecard Ltda. 0800 701 5402 valecardlogistica.com.br Embratec 0800 702 7900 / 4002 4099 www.itssystem.com.br IPC Administração Ltda. 0800 643 1030 www.efrete.com CTF Pitstop Serviços Ltda. 0800-748-7867 www.portalctf.com.br Target S.A. 0800-704-2889 www.vectio.com.br Senffnet Ltda. 0300-789-1167 / 0800-727-5097 www.freteplus.com.br Rodofretex Agência de Carga Ltda 0800-777-2131 www.rodofrete.com.br Fonte: Site da ANTT 40 Entre-Vias