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Filmes
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Fight Club(Clube Da Luta), Direção: David Fincher, roteiro: Jim Uhls, Distribuição:
20th Century Fox. EUA, 2000.
Hamlet, Direção e roteiro(baseado em peça de William Shakespeare): Kenneth
Branngh, produção de David Barron, Distribuição: Columbia Picture/ Sony
Entertainment Pictures, EUA, 1996.
Othelo, Direção e roteiro(baseado em peça Willian Shakespeare)de Oliver Parker ,
EUA/Grã-Bretanha 1995
The Matrix (Matrix), Direção e roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski,
produção Joel Silver, Distribuição: Warner Bros. EUA, 1999.
The Trumam show (O Show de Trumam), Direção: Peter Weir, produção: Edward S.
Feldman , roteiro: Andrew Niccol, Distribuição e produção: ParamountPictures /
UIP, EUA, 1998
The Wall (O muro), Direção de Allan Parke, música de Pink Floyd, EUA, 1982.
Revista em quadrinhos
Watchmen. Revista em quadrinhos(mine-série quinzenal em doze edições),
Argumento de Alan Moore, Arte de Dave Gibbons. São Paulo: Abril Cultural.
Fevereiro de 1999. DC Comics.
108
ANEXOS
Transcrições de alguns trechos dos encontros de leitura
Primeira atividade: Leitura dos contos de Marina Colassante e exibição do videoclipe Another brinck in the
wall.
Debate:
Contos de Amor rasgado
Eu: (leitura em voz alta)
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Enfim, um indivíduo de idéias abertas
A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves,
enfiou a mais fininha na cavidade. Coçou de leve o pavilhão, depois afundou
no orifício encerado. E rodou, virou a pontinha da chave em beatitude, à
procura daquele ponto exato em que cessaria a coceira.
Até que, traque, ouviu o leve estalo e, a chave enfim no seu
encaixe, percebeu que a cabeça lentamente se abria.
Eu: E aí, O que acharam?
Todos: risos
Eu: Vocês estão vendo como não podemos ler esse texto ao pé da letra? E se
fizermos isso o texto terá algum sentido ?
Michel: Sim, temos que pensar em outros sentidos para as palavras.
Elaine: A coceira é um problema que ele tinha.
Eu: Então temos aqui um caminho para compreender o texto. Trata-se de um
homem que tem algum problema que o atormenta. E, seguindo esse caminho,
que significa a chave e o molho de chaves?
Marcela: A chave é a solução do tal problema.
Eu: Então o encaixe aqui significa a comprovação da solução do problema.
Sendo assim, e o molho e chaves? E por que ele escolheu a mais fininha?
109
Eliane: O molho de chaves pode ser várias soluções para o problema e a mais
fininha é a solução mais simples.
Eu: Existe uma ligação entre a solução de um problema e o fato da cabeça dele
lentamente se abrir?
Marcela: Tem, porque os problemas deixavam ele com a cabeça fechada e aí
ele ficou preso para ver outras coisas de um jeito não fechado.
Michel: Mas eu vejo que coceira é uma curiosidade e as chaves conhecimentos
e a mais fininha é um conhecimento mais simples.
Marcela: É verdade, pode ser que ele tenha escolhido um livro pequeno que
abriu a sua cabeça para pensar nas coisas de forma diferente.
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Eleane: Também pode ser isso.
Eu: Então, segundo essa leitura, o que levou o homem a abrir lentamente sua
cabeça foi a busca pelo conhecimento.
O que é uma pessoa que tem idéias abertas?
Marcela: Uma pessoa sem preconceitos.
Michel: Uma pessoa que quer descobrir coisas novas.
Eu: Esse segundo caminho de interpretação também pode nos fazer ler a chave
como um livro que abre a cabeça do leitor. Ou seja, mesmo sendo um livro
pequeno ou um conto pequeno como esse que estamos lendo tem o poder de
abri nossas cabeças lenta ou rapidamente.
Eu: Abrir as nossas cabeças através de livros, contos, vídeos e outros meios é
um dos objetivos desses nossos encontros de leitura. Isso porque, geralmente a
leitura é vista como apenas uma meneira de se obter informações e não de criar
significados ou usar a imaginação. Enfim, abrir nossas cabeças(...)
O problema que geralmente esse “abrir a cabeça” torna-se um problema para a
sociedade e principalmente para a sociedade brasileira, onde maior parte da sua
história, a maior parte da população foi excluída do acesso a cultura escrita e
muitas vezes foi reprimida por pensar ou agir contra as normas. Isso pode
explicar porque não aprendemos abrir nossas cabeças nas aulas de interpretação
de texto. Nós somos nitidamente desestimulados a pensar e imaginar, pois
temos que responder conforme fichas de leitura, aos questinários de
110
interpretação de texto dos livros didáticos e principalmente com o que os
professores acham.
(sic)
Marcela: Eu tinha esse problema na escola, pois muitas vezes que eu respondia
uma pergunta sobre um texto e minhas professoras falavam que estava errado.
Carlos: O pior era quando agente ler errado e o pessoal começa a rir.
Michel: As próprias pessoas que estão no buraco junto com você contribui
mais ainda que tudo afunde de uma vez só.
Eu: Isso aconteceu porque, a pessoa não acredita nela e não acredita em você.
Michel: Isso mesmo, E vai aumentando, aumentando e fica insuportável.
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Eu: E ai o cara ri por você errar. É um mecanismo do poder. Têm uns
caras que estundam isso agora. Porque geralmente o estudo sobre o
poder eram muitos centrados na macro política (política dos governos
regionais, nacionais e da política internacional). E atualmente temos
estudos sobre poder que são mais no plano micro, estudam as relações
de poder entre homens e mulheres, o poder na escola, no hospital. E
aí, muitos desse estudos mostram como existes redes de poder nas
quais muitas pessoas usam o poder para te neutralizar, por exemplo,
um colega de trabalho que tem o mesmo cargo que elas e ai entra
nesse jogos de poder para se proteger. Então para se proteger do
ridículo, ele ridiculariza o outro.
Michel: Exato
Eu: ( leitura de texto em voz alta)
Conto em letras garrafais
Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro suas mensagem, e a
entregava ao mar.
Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.
111
Eu: E ai? Pessoal.
Michel: Ele está precisando de ajuda
Eliane: Alguém vai ter que responde para ele poder viver. E por não ter
ninguém para responder era como tivesse ninguém que ligasse para ele. E ele
não teve nada disso para suprir a sua .....
EU: Auto-estima?
Eliane: Sim auto-estima.
Eu: E ai. Não recebeu resposta ?
Eliane: E ai pirou de vez.
Eu: O que mais? Pessoal.
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Michel: Essa garrafa parece um caminho errado. Parece que ele está
procurando ajuda onde nunca irá encontrar ajudar e acabou se tronando um
problema para ele. Ele não consegue ver um luz no fim do túnel, continua
fazendo e sentido uma coisa que não existe.
Marcela: Esse “tornou-se alcoólatra” não parace com um alcoótrala realmente,
não parece com uma pessoa que bebia, mas com a idéia mesma de uma pessoa
ferida.
Eliane: Cada garrafa que ele esvaziava ele bebia o que estava dentro.
Eu: sim, mas também pode ser outras coisas. A Garrafa não precisa ser uma
garrafa de fato.
Marcela: É isso que acho. Não se trata de ser uma garrafa ou de não ser uma
garrafa. Ele não se tornou alcoólatra, porque ele bebia o que estava na garrafa..
Não passa (o conto ) essa idéia de que seja isso.
Carlos: Isso é desculpa para beber.
Todos: risos.
Eu: Vamos explorar mais o texto. Todos dias esvaziava uma garrafa.
Marcela: Parece mais isso, todos os dias esvaziava era a vontade de se
expressar, de alguém o entenda e se expor. Esvaziar a garrafa tem essa de se
expor.
Eu: Eu leio mais ou menos assim também: Que a garrafa é ele mesmo e se
entragava ao mar.
112
Marcela: Isso mesmo.
Eu: O mar pode ser a multidão. O mar pode ser a multidão. Por isso, existe a
expressão uma mar gente. E colacava a sua mensagem dentro, quer dizer que
ele nunca...
Marcela: Ele estava em busca de algo que não achava.
Eu: Ele se esvaziava e o que ele tinha para falar mesmo, a mensagem dele era
colocada dentro de si mesmo. Se ele é a garrafa, logo ele nunca recebeu a
resposta desta tal mensagem
Eliane. Como ele se esvaziava e colocava a mensagem dentro de si próprio. E
ninguém nunca poderia receber e muito menos ler a mensagem.
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Carlos: O álcool é uma droga depressiva.
Eu: E ai ele não recebeu respostas para os seus problemas existenciais e então
tornou-se alcoólatra. Isso é um caminho que eu vejo.
Eliane: Caminho que se deixar não tem volta..
Eu: Mas é legal isso. Um texto de literatura te abre para isso. Você pode
imaginar muitas coisas ...
Eliane: Qual é a de Função de Linguagem disso?
Eu: Classificação ?
Eliane: É.
Eu: Neste trabalho eu acho que não é legal fazer esse tipo classificação, que é
comum nas aulas de literatura, porque ao classificar estaremos desviando a
nossa atenção do conteúdo do texto para classificá-lo.
Vídeo Clipe da música Another brick in the Wall.
Eu: Vou continuar agora com a aparte de leitura de imagens, cujo tema aborda
justamente o que nós estávamos falando sobre a escola. Como muitas vezes a
escola neutraliza a nossa capacidade de interpretar. Por essa razão iniciei essa
atividade com esses contos da Marina Colassanti para demonstra como nós
jogamos quando estamos lendo. Então na leitura destes texto percebemos como
113
cada um lê de um forma, por exemplo, trechos palavras ou frase dos textos
chamam mais a atenção de uma pessoa do que de outras.
Eliane: Na prova podemos trabalhar com as duas formas: A interpretação com
que eles querem (pessoas que elaboraram a prova) , o que está no texto e
entende o que agente quer. Existe duas formas.
Eu: Mas na redação, por exemplo, estamos lidando mais com a segunda forma.
Porque, lá você encontrará um tema a partir de uma frase ou um texto que irá te
fazer pensar alguma coisa. E daí você terá uma idéia e dessa idéia você
escreverá a redação.
Eliane: Então temos que fazer a prova de interpretação na primeira forma?
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Eu: É isso que acho problemático, porque isso, além de ser uma imposição de
significados aos textos, reduz a relação do leitor com o texto a um joguinho de
certo errado, baseado a partir de opções.
Carlos: É uma loteria, porque temos que acertar o que a banca acha que está
certo.
Eu: Você pode pensar por outro caminho e marcar o X pelo o caminho mais
próximo ao que você achou. E aí, por exemplo, que muitas vezes encontramos
autores que foram entrevistado sobre textos deles que foram usados nas provas
de vestibular. E, o reporte perguntava se o autor responderia conforme a
resposta do gabarito da prova e geralmente a resposta é não.
Eliane: Tem um caso desse, na prova da UERJ com a letra da música do
Oswaldo Montenegro. Foi perguntado como era o amor, porque era falado de
um amor de pescador na rede, ou seja, um amor que não era bom para ele. E as
pessoas responderam que ele amava infinitamente, mas ele não amava
infinitamente.
Carlos: A visão dele era uma, completamente diferente que a prova esta
pedindo.
Eu: Aqui temos um problema nem o autor pode impor uma única leitura dos
textos, muito menos o professor. Você como leitor tem todo o direito de achar
Carlos: O amor não era o amor.
Michel: Coisa completamente injusta.
114
Eu: leitura do texto (Another Brick in the wall) part II
Exibição do vídeo clip.
Michel: Pouca preocupação com o sentimento do aluno, com a vocação que as
pessoas têm. Parece que é uma imposição. Na verdade são os problemas que
as pessoas têm que acabam passando de forma negativa para outras. Sem
importar com o que eles estão passando.
Eu: Nesse clipe tem uma coisa engraçada. Este começa com ele (professor)
pegando o poema do menino. O que é o poema? O poema é criação. Então, ele
pega um poema do menino. E contece o que nós estavamos falando antes de
ridicularizar. Usar o poder para ridicularizar. Então isso neutraliza o poder
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criativo do menino. Nisso ele (o aluno) entra naquela viajem, imaginando a
destruição da escola. E vale a pena pensar nas imagens que aparecem no vídeo.
Eliane: As crianças marcando, salsicha de criança.
Eu: as crianças marchando, carne muída de crianças, e ai? E essas imagens?
Marcela: Como se as crianças fossem robôs. Tinha que fazer o que eles
queriam sem questionar, sem reclamar, sem nada. Se saíssem da linha
apanhava.
Michel: Parece com uma fábrica.
Eu: A imagem é muito igual de uma fábrica. Você fica sem saber se aquilo é
uma escola, um quartel ou uma fábrica. Essa instituições são muitas vezes
usadas, desse o século XIX, no intuito de controlar. Por isso, que as crianças
falam no clipe: não precisamos de educação. Discursos que afirmavam que as
pessoas precivasam ser educadas, defendiam no fundo que as pessoas tinha que
ser disciplinadas.
Carlos: O professor tinha uma educação que era assim, porque a mãe dele fez
tudo aquilo com ele também.
Eu: não, aquela é a mãe dele.
Carlos: Ele deveria ter sofrido isso na infância e acabou que se casou com uma
mulher igual à mãe.
Eu: Nessa mesma cena, não sei se você viram, quando ele(o professor) com sua
esposa, tinha a foto atrás de uma mulher, num quadro. Você viram isso?
115
Todos os alunos: não
Eu: Aquela era a rainha da Inglaterra.
Carlos: Disciplina. O inglês é rígido em tudo.
Eu: Em certa medida, O filme meciona o caráter disciplinador do governo
inglês. O problema é que vocês não viram o filme todo, pois o tema central do
filme é o muro (The wall). Para que serve o muro?
Eliane: Para separar.
Michel: Tem a idéia de uma prisão. Você não pode sair.
Eu: Separação, barreira e também outra função o isolamento. Então uma outra
grande questão do filme é isolamento. A história de uma cara que perde o pai na
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2ª Guerra mundial e foi super protegido pela mãe. E depois se torna um grande
artística de rock, pois ele escrevia muitas letras de rock. Esse trecho mostra ele
começando a escreve poemas, quando era criança, bem antes que de ele se
tornar um grande letrista de uma banda de rock e fica famoso. Só que ele se
casa e vira uma vitima da fama. Ele não vai saber mais lidar com a fama. A
mulher vai deixá-lo, porque ele ficou indiferente. E aí ele procura se isolar de
tudos e de todos.
Eliane: Mas tem uma cena que ele era criança e viu uma menina tirando a
roupa pela janela e, aí ,logo depois, aparece ele grande e a mulher dele tirando a
roupa para ele. E ele vira para o outro lado da cama. E aí ele vê aquela outra (a
menina do passado) na parede.
Eu: Sim, existe nisso tudo um lado psicológico. Os vários traumas que ele vai
tendo, principalmente com a mãe superprotetora. Isso tudo vai criando um
grande muro.
Eliane: Então ele vai ser como aquele cara do texto, a busca da razão. Aquele
que sofreu com a adolescência e caiu maduro.
Eu: Porque?
Eliane: Porque ele passou a adolescência dele, na infância, na escola, sendo
controlado e ele ficou preso nisso. E não se libertou.
Eu: E ele vai arrumar argolas. E a argola a mais perigosa(argolas) foi o grupo
nazista que o personagem montou. Porque ele era um astro de Rock e teve uma
116
crise e, logo após, ele criou um grupo nazista. E as pessoas que eram fãs dele
faziam os mesmos gestos que eles nas reuniões do tal grupo. Saíam pelas ruas
para espancar negros e homossexuais. E o filme vai mostrando com essas coisas
estão interligadas com a disciplina do século XIX, por exemplo e, falando de
história, essa disciplina do século passado vai dar no nazismo.
Eliane: conforme ele apanhava na escola, os pais dele não se preocupavam com
o que acontecia. A mãe dele, por exemplo, não se importava muito com ele em
casa, pelo o que vi ali.
Eu : Ele era muito solitário em casa. A mãe dele só queria superproteger , mas
não o entendia.
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Carlos: Na verdade a escola inglesa é assim, né? Disciplina acima de tudo.
Marcela: O que eu acho que é muito legal, é que eles são super educados. A
cultura deles é completamente diferente.
Eu: Atrás disso, tem um peso muito sinistro. Essa educação ..., por exemplo,
quando um inglês está num estádio de futebol existe um alto sistema de
segurança. Mas toda essa educação dele num estádio de futebol se transforma
em outra coisa. Não é atoa que têm ruligans.
Carlos : O país mais violento no futebol.
EU: Então é uma sociedade que tem válvulas de escape. E, você vê, o inglês
fala tudo: por favor, por favor, para isso e para aquilo. Por trás dessa educação
toda tem toda uma...
Carlos: Eles se acham lords, com ar bem superior.
Eu: Sim, imagina ter a foto da rainha em casa.
Marcela: Eu vi a entrevista no Jô Soares do Guitarrista do Dire Straits. E até
quando a última pessoa não parou de bater palmas ele não sentou.
Eu: Ele é bem inglês.
Marcela: É totalmente diferente da nossa realidade .
Eliane: É, geralmente aqui o nosso aprendizado é muito diferente, porque tem
gente cheirando, fumando tudo na sala de aula. Os professores, muito não
agüentam e largam.
117
Eu: O que o filme está questionando também é isso. Será que essa disciplina
cria pessoas verdadeiramente educadas? Nós, de um país mais pobre, estamos
comprando esse peixe ao acreditar que eles são melhores do que nós e mais
educados. Mas essa educação rígida, baseada no princípio da disciplina,
possibilitou que surgisse o nazismo.
O nazismo é baseado nisso tudo, na ordem, na disciplina extrema.
Carlos: O que acontece nos EUA e no Japão, né? Tipo a educação acima de
tudo, sempre existe um garoto revoltado, que dá tiro em todo mundo. No Japão,
tem sempre um cara se matando, porque a pressão é grande e o garoto tem que
ser o que a sociedade quer e o que a família exige que ele seja. Se ele não for
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inteligente ao ponto da família é considerado burro.
Eu: É uma idéia de inteligência não no sentido de produzir.
Carlos : Uma inteligência burra.
Carla: Teve um garoto de 14 anos que, há pouco tempo, ele pegou a pena de
morte , foi até o juiz que decretou isso e todo mundo ficou chocado, porque ele
era uma criança. E, aí, teve também casos de uma criança de sete anos que
assassinou outra criança dentro do colégio, professores, uma turma toda de
crianças na sala de aula. Acho que é por causa de uma pressão maior assim.
Isso tem também no Colégio Militar tá certo que não tem nem comparação, mas
é mais ou menos por ai.
Carlos: Tem caso no Colégio Militar, aqui, porque o aluno tem que tirar uma
média e se ele não tirar e a maioria tirar e ele é.....
Eu: É humilhado.
Carlos: É humilhado.
Carla: Não e até tem aquelas marcas, se você não colocar aquela boina no lado
certo e você é humilhado na frente de todo mundo. Não pode mastigar chiclete
na sala de aula, você tem que ter postura. Essas coisas que chegam a irritar
muito.
Eu: E, aí, agente se pergunta: para que serve isso tudo? E o clipe nos mostra.
Para produzir o que? carne muída? Pessoas sem rosto e sem singularidade?
118
Carlos: O filme “A sociedade dos poetas mortos” mostra muito bem isso. Que o
cara quer colocar poesia, liberdade. E você não pode fazer isso. Porque o cara
que quer ser ator e não pode e a família não quer. Ele está numa escola
tradicional que é na Inglaterra. Quer dizer, tem toda uma tradição de educar,
tem toda uma maneira de educar e calocam idéias dentro das pessoas. Os alunos
acabam tendo medo de tudo.
Eu: Eles vão ser reunir para ler, para sair dessa opressão.
Carlos: É verdade. Ele vão se reunir para ler.
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Texto lido e debatido no dia 14/04/2001
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei
Minhas falam de produtos
Que nunca experimenteo
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cito e escova e pente,
Me copo, minha xícara,
Minha tolha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Grifos visuais
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência.
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro anda na moda, ainda que a moda
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Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado
Com que inocência demito-me de ser
Eu antes era e me sabia
Tão diversos de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar , ora bizarro
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou vê-ma anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas.
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minha idiossincrasias tão pessoas,
Tão minha que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tira,, recolocam
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objeto estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome nome é coisa
Eu sou a Coisa, coisamente.
Carlos Drummmond de Andrade, in Jornal do Brasil, 16-1-1982, Rio de
Janeiro, Caderno B
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Transcrição das composições que os participantes fizeram sobre o Conto o
espelho de João Guimarães Rosa Dia 06/04/2002
Em busca do seu verdadeiro eu, o autor ao meu ver, desmaterializou-se em várias
formas, a fim de descartar suas vaidades e excentricidades na busca do início de todo
o seu ser.
Nessa busca, ele chegou a um ponto em que não havia sobrado “nada” do seu ser. E
depois de algum tempo percebeu a reiniciação de uma nova “matéria”. Ainda a
aprender, inocente, ou seja, um recomeço de toda aquela pessoa que ele era, para uma
nova, melhor se possível for.
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Foi um experiência válida pois o despreendeu do materialismo que vivia e
proporcionou um alívio maior a sua consciência que agora não estava mais presa aos
esteriótipos da sociedade, e assim poderia um novo ser mais “humano”.
Lucianoa Carvalho.
Olhar-se no espelho pode servir para reafirmar a idéia que você tem de si mesmo ou
para apresentar questionamentos sobre sua forma real. O que você pensa sobre si está
de acordo com que as pessoas pensam? Se sim ou se não isso faz diferença para
você? Quando você descobre seu verdadeiro eu percebe que não precisa sequer
padrões adotados pela sociedade; que também não precisa abdicá-lo completamente.
Basta ser você, de acordo com seu estado de ânimo e de espírito.
O reflexo no espelho pode revelar o seu interior a sua verdadeira personalidade. Não
uma personalidade fixa, mas mutável, que faz de você, várias pessoas. Talvez essa
seja a característica responsável por nos tornarmos ou não pessoas sociáveis. A
capacidade que temos de nos identificarmos com nossos semelhantes – nossos
inúmeros verdadeiros espelhos – a todo momento. Talvez seja essa nossa verdadeira
forma: um pouco de todos.
Carla Miranda
121
No conto “O Espelho”, o personagem central faz uma busca obsessiva por seu
verdadeiro eu, através de seu reflexo no espelho. Ele inicia um processo de
desconstrução de sua personalidade, por meio de cada ângulo ou modo que sua
imagem era refletida. Ele foi, a cada passo, anulando cada “reflexo” seu qie
descobria. Foi-se anulando até que restou apenas o vazio, o nada. Depois de um
tempo, percebe um rosto no espelho que está em formação, quase um esboço. Seu eu
verdadeiro finalmente estava se formando.
Nesse conto, o autor faz um crítica à “ditadura” da imagem vinculada pela mídia
mundial e absorvida pela sociedade. Um padrão de perfeição fixo que leva as pessoas
à uma busca fanática por esse ideal. Muitas vezes acabamos perdemos nossa própria
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identidade tentando agradar à esse modelo padrão.
Quando nos damos conta da realidade, perdemos o rumo sem saber o que realmente
somos, o que realmente somos, o que realmente desejamos, quem nós somos. Nos
prendemos tanto à essa “ditadura” que perdemos a noção do real e de nós mesmos,
nosso próprio eu.
Cassius
Em busca da realidade ele descobriu que o modo de vida dele era diferente de muitas
pessoas. Então começou, a pensar a mudar a si próprio. Para entrar na realidade de
como era o mundo, e de diversas pessoas. Com essa descoberta ele ficou muito
desesperado. Por causa da maneira em que ele vivia, com tantas necessidades que ele
passou a enxergar, depois da mudança dentro do interior dele.
Angela Marcia dos Santos
O encontro do eu
Consiste com o encontro da desigualdade social, ou seja quando uma das pessoas que
se acha superior achando que lhe é o imbatível, se esbarra com a dificuldade.
122
A sociedade faz com que os ricos se tornem cada vez mais ricos e os pobres coda vez
mais pobres. Colocando ídeías de Poder, beleza, etc e consequentemente massacradno
os assalariados.
A mídia mostra a elite viajando usando roupas caras, comendo nos melhores
restaurantes, estudando nas melhores escolas com isso faz com que eles não
percebam como vivem outro lado.
Quando ele entra numa repartição pública se choca com a realidade ou seja se ver
diante de dois mundos: com o mundo cheio de glamour e outros repleto de miséria,
começou questionar.
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Marcia Maria dos Santos
Interior
No texto o autor fala de uma descoberta acidental que acabou por tornar-se uma
busca.
Um dia, sem mais nem menos, deparar-se com uma imagem, de si mesmo, que nunca
antes havia visto. Mas não uma “imagem real, “ foi algo mais abastrato, talvez alguns
fato a assunto que , de alguma forma, o “despetou”.
Passou à olhar-se com outros olho, tentar entender seu motivos e razões e descobrir se
era o que era por querer, ou porque outros assim queriam. Isso, como o próprio diz,
eram máscaras, disfarces, eu não o permitiam ser ele mesmo.
Despiu-se, então, de tudo, pois tudo nele era “idéia” dos outros. E na busca achou-se,
meio sem face, com que se purificando e chegando a si mesmo.
Wiliam S. Lucas
Encontro de leitura sobre Reality Show (14/04/2002)
123
Cassius exibe as gravações que fez do programa Casa dos artista depois lê os três
textos que escolheu para atividade: Fulano de Tal, O império das lentes e À televisão.
Leitura de Cassius em voz alta:
Fulano de Tal
O anonimato é como fortaleza sitiada: quem está nele quer dele sair, e quem está fora
quer entrar nele. O lema de quem está no anonimato é: que falem mal de mim, mas
que falem. O lema de quem perdeu o anonimato é: não se fala na mulher de César.
Tal atitude ambivalente quanto ao anonimato é recente. Épocas anteriores assumiram
posições mais decididas. Em tempos arcaicos, ter nome conhecido significa esta
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exposto a poderes nefastos. O conhecimento do nome conferia ao inimigo armas
destrutivas, já que a força vital(mana)está escondida no nome. Por isso os nomes
eram guardados em segredo, e por isso os nomes de Deus é impronunciável. Na
Anguidade, ter nome significa não tanto ser falado, mas ser cantado. E já que os
poestas que cantam os nomes não passam de bocas das Musas, ter nome signifca
quase ser divinizado. Na Idade Média, ser anônimo segnifica poder humildemente
agir para maior glória de Deus, e ter nome significava, portanto, cair na tentação do
pecado mortal do orgulho. Na Idade moderna, fazer nome significava permanecer na
memória coletiva(portanto, entrar em Museu, imaginário ou não), e ter nome
significava alcançar a imortalidade(por exemplo: a das academias). Atualmente ter
nome é problema.
Algumas razões da problematicidade da fama são estas: é muito fácil penetrar na
memória coletiva, dada a comunicação de massa. Basta participar de programa
televisionado do tipo chacrinha. É igualmente fácil ser esquecido. Basta mudar o
programa. A memória da massa é muito fugaz, e pode sê-lo. Pode sê-lo porque
existem memórias infalíveis: os cartões perfurados dos computadores. O problema é
pois este: onde quero Ter nome, na massa ou no cartão perfurado? Se na massa,
ficarei esquecido. Se na massa, ficarei esquecido. Se no cartão, serrei desumanizado.
Chato isso.
Ainda existem academias, museus, anais de sociedades elegantes, enciclopédias e
nomes de ruas. Posso querer fazer nome em tais memórias arcaicas, chamadas “da
124
elite”. Não serei nem esquecidos, nem lembrado, mas embalsamado. A imortalidade
das múmias ainda é possível. Não parece valer a pena. Só satisfaz à vaidade.
Portanto, morreu a fama.
Igualmente morreu o anonimato. Na Idade Moderna, ser igual a outros significava
querer ser melhor que o vizinho. Competição no anonimato em busca do nome.
Atualmente ser igual aos outros significa não querer ser excêntrico para não
distinguir-se. Eis a solução do problema: fazer do nome “Fulano de Tal” nome
famoso. Em suma: no futuro próximo todos serão famosos. Democracia? Não,
facismo.
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O império das Lentes
Nas cerimônias de casamento, as retinas das testemunhas foram substituídas pela
camcorder(filmadora)do sujeito de terno gasto que grava o enlace andando de um
lado para o outro (o distinto padre pode dar licença, por favor). Côncisa de sua
relevância mística, a madrinha chora no exato instante em que os refletores lhe
incandescem a maquiagem. Nas festas de escolas primárias, os alunos aprenderam a
se apresentar para filmadoras e não mais para pais mães. Sobre o foco automático, a
criança já não enxerga o sorriso de orgulho ou de apreensão na face do poai; vê
apenas a handcam(filmadora de mão) que mascara o seu rosto. Se a televisão é arena
da história contemporânea, as câmeras de vídeo domésticas se tornaram o olhar
autorizado da intimidade familiar (e de outras intimidades nem tão familiares assim).
Nas férias, o estranho fenômeno se generaliza, escancarado em público o vazio em
que existimos. O viajante já não é aquele que contempla o desconhecido, que se
reserva a chance do inesperado, que vive, enfim. Protegido por sua máscara
eletrônica, que o poupa de estar exposto ao destino, ele apenas grava imagens, e
normalmente muito rápido, com quem ainda tem uma longa lista a cumprir. O turista
é um apressado. Depois, claro, jamais terá tempo de rever o que filmou. Continuará
com pressa. De bom grado, ele substituiu a própria memória pela fita magnética, mas
esta também logo se perderá numa estante empoeirada, guardando imagens sem nexo.
São as imagens do espetáculo que não foi vivido, pois quem poderia vivê-lo (ou em
posar para a gravação). Ali jaz a vida que poderia ter sido. Ali jaz o desejo que não se
125
satifez, pois entre ele e o turista havia um muro transparente, um vidro, uma câmara,
essa engenhoca que reina soberana no espaço exíguo que separa o homem de si
mesmo.
(BUCCI, Eugênio.Veja, 03/12/1996)
À Televisão
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Teu boletim meteorológico
Nos dramalhões que encenas
Me diz aqui e agora
há tamanho poder
Se chove ou se faz sol.
de vida que eu próprio
Para que ir lá fora?
Nem me canso em viver
A comida suculenta
Guerra, sexo, esporte
que pões à minha frente
-me dás tudo, tudo.
como-a toda como os olhos.
Vou pregar minha porta:
Aposentei os dentes.
Já não preciso do mundo.
(PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992)
Debate:
Cassius: O segundo texto fala, de certo modo, como as pessoas não estão vivendo
por elas mesmas, estão vivendo através da máquina, por exemplo através da câmera.
A memória das pessoas sobre o evento ali.....
Luciana: E elas estão perdendo o seu tempo em gravar e não estão aproveitando o
momento.
Cassius: E não está vivendo o momento.
Luciana : Na verdade muitas vezes a pessoa nem vê a fita depois. Normalmente é o
que acontece, pois eu já passei muito por isso. Eu gravava as coisas e não assistia
depois, é realmente o que acontece.
Eu: Você fazia gravações de eventos?
126
Luciana: Não, eu fotografava mesmo e perdia muita coisa porque ficava tirando fotos
o tempo todo.
Cassius: Fita passou a ser a memória da pessoa. Memória magnética. As pessoas não
guardam aqueles momentos vivendo, prefere registra de um modo mais frio e distante
através da câmera.
Eu: Mas qual seria o outro modo de usar essa memória ?
Cassius: O outro lado? Seria viver. Por exemplo num passeio em que você e seus
amigos estaria vivendo, esse momento estaria sendo gravado para sempre na sua
memória. Você não precisa está gravando o tempo todo somente para registrar. Como
está no texto se você só gravar você vai perder todos os momentos e ficar apenas com
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um registro na forma de fita que pode ser esquecida em cima de um armário.
Eu: Então você acham que inserção dessas máquinas de filmagem nas nossas vidas
fez com que nos agente perdesse muita coisa?
Cassius: É agente perdeu a capacidade de participar dos eventos. Acho que as
máquinas dão uma visão mais fria. Você não vê aquele momento numa forma que
você deveria ver.
Eu: Nós não vemos mais naturalmente, porque quando aparece essas câmaras, nós
não temos mais uma reação natural nos eventos ou acontecimentos.
Cassius: É você perde a naturalidade, porque aquilo interfere. Mesmo a imagem que a
câmera capta não é verdadeira, as pessoas mudam o jeito de agir perante a câmera.
Como no caso da Casa dos Artistas. Ali mostrou doze pessoas sendo filmadas por
vinte e quatro horas por dia. Algumas pessoas ali estão tentando ser naturais e aquilo
que está sendo filmado não é o verdadeiro eu daquela pessoas. Alguns estão tentando
ser naturais mas não conseguem.
Aquilo não é totalmente o eu deles.
Angela: Aquilo é um jogo. Então se alguém mostrar o seu verdadeiro Eu pode
perder.
Cassius: Mas independente do jogo, se imagina dentro de uma casa com onze sendo
filmado.
127
Luciana: Mas se você está dentro de um jogo como “Casa dos artistas”, você vai se
perguntar porque estou aqui? E você longo vai longo se lembrar que é por causa do
dinheiro.
Cassius: Tirando essa parte do dinheiro. É muito estranho morar com onze pessoas
que você acabou de conhecer e ao mesmo tempo ser filmado vinte quatro hora por
dia.
Você conseguiria se você mesmo numa situação dessa?
Luciana: Quando você é você mesmo? Está certo que num lugar cheio de câmeras e
realmente difícil. Mas nas sua casa? Você é você mesmo na sua casa?
Cassius: a não ser que você queira ser uma como no caso do primeiro texto, uma
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pessoa famosa. Como muitas pessoas que perticipam de programs como o Big
Brother que querem ser famosas.
Angela: É eles querem ganhar dinheiro.
Cassius: Eles querem ser famosos.
Eu: Acho interessante pensarmos o que é ser verdadeiramente nós mesmo ou não.
Então isso é como o conto O espelho. Como podemos fazer uma ponte entre o conto
e o que estamos discutindo hoje.
Cassius: É o seguinte o conto O espelho como agente discutiu naquele é sobre uma
pessoa que queria despoja de uma imagem que ele viu que passou ser nociva. Ele viu
que a imagem dele que não era aquela coisa perfeita, conforme ela achava, pois ele
viu o reflexo dele aquele e não gostou. Ele viu a sua próproia imagem de outro angulo
no qual ele não estava igual a sua imagem idealizada. E ele tentou altera isso,
buscando o seu eu verdadeiro, quis se despojar de todas as aparências.
Eu: Relacionando isso tudo, o conto O espelho, os textos e os programas como casa
dos artistas, o que vocês acham?
Cassius: O texto, de certa maneira, afirmam que as pessoas estão perdendo a sua
identidade, estão perdendo o seu Eu verdadeiro. Ao contrário do cara do conto o
espelho, as pessoas que participam de programas como estão deixando o seu Eu
verdadeiro em busca daquela imagem padronizada, uma aparência superficial.
Eu: E vocês, o que vocês acham do que ele falou?
Luciana: Concordo com ele.
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Angela: Também concordo.
Eu: Mas como assim ?
Luciana: Na verdade não tem muito haver com que ele falou, tem mas de outra
maneira. É que esse lanche que ele falou de ficar inibido na frente das câmeras. É
engraçado isso, porque eu não se sou paranóica que pensa assim. Mas que parece que
mesmo quando você está andando no rua sempre tem alguém te observando, é óbvio.
E se você parar para pensar que têm lentes e câmera te observando, na verdade você
está sendo observado pelo um todo. Ou por um câmera que está escondida num canto,
no shopping por exemplo, e por milhares de pessoas na rua.
Cassius: Não podemos esquecer que de um programa desse tipo é um ambiente
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inibidor.
Luciana: Se você pensar no ambiente inibidor o mundo todo é um ambiente do
inibidor.
Angela: Em relação ao shopping, acho que somos vigiados para ver se nós iremos
roubar alguma coisa, mas na rua até concordo com você, porque eu trabalhei aqui no
Hospitla Jesus, então na semana do carnaval fiquei em casa e resolvi sair com uma
amiga. Chegando na rua um cara virou para mim disse “ei Segunda-feira te vejo lá no
Jesus”, só que eu nunca tinha visto esse cara. Então na rua agente é realmente vigiado
e agente não percebe. No shopping é diferente somos vigiados principalmente quando
não estamos arrumados.
Cassius: Você Luciana disse que todo o mundo é um lugar inibidor, mas sempre
aquele luagr que você vai poder fugir dessa vigília de certo modo. Em casa sempre
tem, mesmo você morando com a sua família, você tem um canto da sua casa que
tem a sua privacidade.
Eu: você só sente isso sozinho.
Luciana : Quer dizer que você só pode ser você quando está sozinho?
Cassius: Não estou só dizendo, mas sente mais a vontade para ser você mesmo
sozinho.
Eu Ou por pessoas que você sente afinidades que é raro.
Cassius: é muito raro.
129
E u: Mas isso é um comportamento muito da nossa época da vida urbana, porque em
outras sociedades e outras épocas essa relação era diferente as pessoas se
identificavam mais coletivamente. A família, aldeia ou o feudo, por exemplo.
Luciana: É uma questão mesmo de individualismo. Nem mesmo em nossas família
atualmente não deixamos de ser individualistas. Por exemplo, o pai sempre me falou
isso: não confie em ninguém e até mesmo na família não confie em ninguém. Então
só posso confiar em mim mesma.
Cassius: Mas tem também outro lado disso, ou seja, pessoas querem fugir do eu
verdadeiro, aquelas que querem projetar uma certa imagem.
Eu: Mas você não acha que nós não somos também assim.
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Cassius: Acontece, às vezes nem é agente que projetamos a imagem que não condiz
com que agente é. As pessoas sempre me viam mas pela aparência física, altura
tamanho. Por seu alto e forte as pessoas acabam me achando uma figura perigosa e
ameaçadora, mas sou o oposto.
Luciana: É engraçado você fala que ser grande é uma imagem ameaçadora, porque
isso é colocado há muito tempo. E como ficaria a imagem ameaçado de alguém que
baixo e magra, como seria? Se padrão de beleza fosse um corpo gordo? É muito
relativo isso.
Cassius : Aquela coisa é uma imagem imposta agente. Esses padrões de belezas,
pessoal sarado, bonitão.
Márcia: Como você se sente sendo isso?
Cassius: Antigamente eu me grilava com isso. Mas hoje em dia eu me vejo de forma
diferente, sou mais seguro.
Márcia: Porque não é às vezes, quando é tímido não dar um bom dia e um boa tarde
ou outro acabam te taxando de antipático
Eu: Como esses tipos são apresentados na TV.
Cassius: Eles te mostram aquele pessoal sarado. Casa dos artista por exemplo, você
percebe que eles só colocaram aquela pessoa que chamam atenção pela aparência. Alí
mesmo o cara que seria o representante da periferia, o X. Ele tem uma aparência
própria para o programa.
130
Luciana: Colocaram o X, porque ele um rapper. E por ele fazer músicas que falam do
contexto social.
Cassius: Ele é polêmico, mas, apesar de não ser musculoso igual os outros, ele tem
aparência própria para esse estilo de programa. Se não eles colocariam outros rapper
que tem uma aparecia mais comum como eu e você.
Eu: E o X seria o que?
Cassius: Não é pessoa que eu possa me identificar.
Eu: Pode ser que isso tem haver com o fato de que ele mora em São Paulo e usa o
jeito e formas de se comunicar de muitos caras da periferia.
Cassius: Pode ser isso.
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Cassius: Mas você vê ali também que muitos deles forçam uma determinada
imagem. Por exemplo, O Ricardo Marc. Ele é um cara que tem aquela imagem que
tentam nos impor e, ao mesmo tempo, tenta fugir desta imagem desesperadamente.
Você vê que ele tenta de todas as maneiras bancar o intelectual. Teve um dia que o X
perguntou para ele: “você consegue ler esse livro”. Este livro é do Stivens
Hopponkins o Universo cabe numa lamina. E aí e ele respondeu: eu leio sim, leio por
capítulo por dia. E a citação que ele fez da cena do filme do Superman na qual o
supermam gira em volta da terra. Ele disse que isso é Einstain, mas não explicou
porque. É um cara que tenta fugir daquela imagem que atribuíram a ele: bonito mas
sem conteúdo nenhum.
Eu: Ficou estigmatizado que ele é um cara bonito e um péssimo ator. E acho que isso
influnciou nessa formula que ele caiu.
Cassius: Podemos ver que ele esta agindo de forma errada, tentado fugir da imagem
imposta e criando outra.
Eu: Ele é um bom exemplo desta questão da imagem, pois ele apareceu como um
promessa de ser um galã da Globo e não deu certo e SBT chamou ele para essa
experiência. Acho o efeito disso ele mostrou no programa.
Eu: (Perguntando para a Márcia)Você assistiu o Casa dos Artista 2?
Márcia: Eu não vejo, não dá tempo.
Eu: E o Big Brother?
Eu: Estou perguntando isso, porque o hoje estamos debatendo sobre os reality shows
131
Cassius: tem um exemplo disso no Big Brother. Não sei se vocês concordam com
isso. Todos viram que venceu o kleber. Aparentemente ele venceu, demonstrando o
verdadeiro Eu dele, um cara simplório que lutou para chegar no Rio. Você vê que ele
tenta agir naturalmente apesar de falar um monte de besteira e ser considerado pelos
outros um bobão.
Eu: O que vocês acham sobre isso? Por ele ser maltratado.
Cassius: Que ele ali mostrou uma imagem que as outras pessoas geralmente olham
de um modo discriminatório.
Márcia: Porque ele é uma pessoa que não tem estudo e só falava besteira.
Eu: Será que só ele falava besteiras e outros não?
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Cassius: Tipo assim, das dez frases que ele dizia nove tinham um erro.
Eu: Erro de português?
Cassius: Por exemplo, frase erradas que firou até moda , como: “no modo de vista”.
Coisas assim, que fez com que as pessoas da casa e o próprio público o rotulassem
como aquele cara grande e forte, porém idiota.
Eu: Mas isso é um estigma. Um estigma baseado no princípio de que quem é forte e
gosta de musculação é burro ou fútil.
Márcia: Tanto é que ele foi ao paredão três vezes.
Cassius: Exatamente por causa disso. Por causa do jeito simplório dele.
A pessoa que assiste TV hoje em dia não é mais aquela pessoa de antigamente que
buscava nos programas a fuga da realidade. Aquele telespectador pensava em assistir
a novela para ver histórias de pessoas ricas e com finais felizes, persnagens pobre que
acabam ricos e de vilões que terminam presos. As pessoas antigamente queriam algo
fora da sua realidade. Aquela coisa de imagens impostas de pessoas que você gostaria
de ser. Agora não, com esses programas tipo Big Brother a tendência é outra o
pessoal gosta de ver uma pessoa com que se identifica vencendo as competições que
rolam no programa.
Luciana: Senti isso na primeira versão do programa No limite.
Márcia: Que a gordinha ganhou?
Eu: é verdade, porque geralmente as pessoas gostam de ver as pessoas considerada
mais fraca ganhar.
132
Márcia: É isso mesmo, porque a nossa sociedade está mais carente, eles querem
alguma coisas para acreditar, alguma coisa que diga que eles podem chegar lá.
Marcela: A gordinha não parecia ser muito resistente e conseguiu.
Márcia: Isso porque o gordo sempre sofreu um certo preconceito. Então as pessoas
querem ver outras pessoas iguais ganhando e no poder.
Eu: Mas em relação ao poder, isso acontece?
Márcia: Não, na prática isso não acontece. Eu digo que isso está no sonho.
Luciana: Ai que tá esse ideal fica muito no sonho.
Márcia: Ontém estava passando eu ouvi um cara disse temos que votar no Lula
porque ele veio de baixo.
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Eu: Você acredita no que o rapaz falou:
Márcia: Acho que o político tem que ser consciente. Ter um conhecimento real.
Luciana: Pensar no coletivo.
Angela: É o caso da Benedita, vamos ver o que ela vai fazer. Porque ela é um pessoa
de origem pobre.
Márcia: Principalmente na educação com essa grave de mais de dois meses.
Transcrição interrompida (Fim da Fita)
Trechos do debate sobre o Filme Clube da Luta (fight club)
(...)
William: Aqueles grupos de auto-ajuda que o Jack freqüentava não o ajudou de fato,
porque esse grupos era tudo Ilusão. Não ajudou a curar as angústias que estava
sentido.
Cássius: Acho que os grupos ajudaram a ele despertar.
Willian: Nesse sentido ajudou sim.
Cássius: Mas tem outra coisa, ele precisava se sentir uma pessoa renegada, pois as
pessoas daqueles grupos eram renegadas da sociedade ou desprezadas . A sociedade
precisa de pessoas produtivas e não de viciados e doentes terminais.
Luciana: Teve uma parte que a Marla perguntou para o Jack porque ele freqüentava
as reuniões. E ai ele respondeu porque quando as pessoas têm problemas elas querem
133
mais te ouvir do que falar. Quer dizer, se caso ele encontrasse pessoas sadias, elas
estariam mais preocupadas em fala mais de suas vidas e não iriam prestar atenção no
que os outros iriam dizer, ou seja, elas não estariam preocupadas com a sua dor. As
pessoas daquele grupo não, eles já tinha a dor e queriam encontrar alguém com uma
dor pior. Isso é sistema de auto-piedade.
Eu: O que esse sistema de auto-piedade tem haver com o Clube da luta?
Cassius: Podemos pensar isso apartir do Bob, aquele personagem que era de um
grupo de auto-ajuda e depois foi para o Clube da luta. Ele até falou para o Jack que
saiu do seu antigo grupo porque encontrou um outro melhor, o Clube da Luta.
Acredito que o sistema de auto-piedade não resolvia os problemas existências dele.
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Enfim, o Jack encontrou no Clube da luta uma fuga daquele mundo de conforto e de
consumo que ele vivia. Já o Bob queria um grupo onde ele se sentisse aceito, pois ele
é um cara bizarro com grande, forte e com seios e, por isso, ele está sempre sendo
excluído e posto de lado por todos.
Luciana: O clude da luta seria uma forma de uma não auto-piedade. Perder a autopiedade para uma coisa mais concreta e fazer alguma coisa.
William: É verdade, porque no Clube da luta não tem ninguém para ficar chorando
pelo outro ou para falar palavras bonitas para o outro.
Cassius: É verdade, porque o Jack percebeu que os grupos de ajuda eram ilusão,
quando ele conheceu a Marla.
Eu: Então existe o conflito entre a dor e conforto. O que vocês acham disso.
Cassius: Jack queria coisas que ele pudesse sentir vivo. Ao lutar ele conseguia isso.
Luciana: Mas Jack através do seu outro eu, o Tyler, foi fundo de mais na tentativa
de destruição. E a Marla foi o ponto de equilíbrio.
Cassius: Tyler não tinha limite nenhum.
Luciana: É o problema dos grande líderes que não têm limite. Hitler por exemplo.
Willian: O limite dele era realmente a Marla.
Cassius: Um lance interessante desse filme são os seguidores dele. Os caras seguiram
cada ordem rigorosamente e não se importavam se o Tyler era maluco ou não.
Luciana: Endeusaram ele. Lembra quando ele deu um tiro na sua própria boca e os
seus seguidores acharam isso o máximo, porque ele não morreu.
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(...)
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: