DÉBORA RODRIGUES SCHUCH
RECUPERAÇÃO DE UM TRECHO DE MATA CILIAR DO RIO CAETÉ,
MUNICÍPIO DE URUSSANGA, SANTA CATARINA
Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação em Gestão de Recursos Naturais da
Universidade do Extremo Sul Catarinense –
UNESC para obtenção do título de especialista
em gestão de Recursos Naturais.
Orientador: Prof. M. Sc. Rafael Martins
CRICIÚMA, SC, 2005
“Tentar e falhar é, pelo menos, aprender. Não
chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do
que poderia ter sido”. (Geraldo Eustáquio)
Ao Odivan e Rafaella que dividiram comigo as
dificuldades,
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que das mais diversas formas contribuíram para o
progresso desse trabalho.
Em especial:
Ao Prof. M. Sc. Rafael Martins, pela disposição e pelo empenho para a orientação da
presente monografia.
A Profª Dra. Vanilde Citadini-Zanette pela disponibilização dos dados referentes as
espécies selecionadas neste trabalho
Aos colegas de trabalho Cristina, Fernanda, Fernando e Cleyton, por
compreenderem minhas ausências, para que eu pudesse concluir este trabalho.
A amiga Carmem pela colaboração.
Aos colegas do Programa de Pós graduação em Gestão de Recursos Naturais da
Unesc, pelo agradável convívio.
Ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Recursos Naturais da UNESC, por
possibilitar a realização do curso.
A minha família pelo apoio.
A Deus, fonte de serenidade, coragem e sabedoria para prosseguir nas horas
difíceis.
RESUMO
As florestas têm importância vital para o equilíbrio ambiental e ecológico do planeta,
no entanto, nas últimas décadas o desmatamento modificou profundamente o
aspecto da vegetação em Santa Catarina, pela busca do desenvolvimento agrícola,
urbanização e industrialização. As matas ciliares também chamadas de florestas
ribeirinhas é uma das formações vegetais mais importantes para a preservação da
vida e da natureza, funciona como um filtro ambiental, retendo poluentes e
sedimentos que chegariam aos cursos d´água. Funciona também como um
obstáculo contra o assoreamento dos rios, retendo a terra das margens para que ela
não caia dentro deles. Com as chuvas, a mata ciliar impede que uma quantidade
muito grande de água caia de uma só vez no rio, evitando assim as enchentes. Além
disso, exerce papel de interação, sendo parte fundamental para o equilíbrio dos
ecossistemas, funcionando como corredores extremamente importantes para o
movimento da fauna ao longo da paisagem, contribuindo assim para a dispersão
vegetal. Não obstante , essa formação não escapou da destruição, caracterizando
uma das formações florestais mais degradadas atualmente . Diante da preocupação
com o futuro das florestas ribeirinhas, o presente trabalho objetivou gerar uma
proposta para recuperação da mata ciliar do rio Caeté localizado no município de
Urussanga no sul do estado de Santa Catarina, e assim reduzir os processos de
degradação do solo e principalmente evitar enchentes que são freqüentes em
épocas chuvosas. As espécies utilizadas foram selecionadas com base em um
estudo realizado na microbacia do rio Novo em Orleans, por se tratar do único
estudo com formações ciliares na região. A introdução das espécies tomou como
base a as categorias sucessionais de cada uma. Como o rio da microbacia em
questão se apresenta encaixados, não ocorrem encharcamentos laterais (exceto
quando ocorrem enchentes), pode-se utilizar no reflorestamento as espécies que
predominam nas formações florestais secundárias adjacentes, localizadas em
terrenos bem drenados. Juntamente com a recuperação biológica da mata ciliar,
foram recomendadas ações relacionadas a conscientização ambiental da
comunidade, visando a percepção sobre os valores dos bens da natureza e seu
impacto na sua própria vida.
Palavras-chave: recuperação ambiental; mata ciliar; sul de santa catarina; áreas
degradadas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................................................................9
2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
2.7
2.8
2.9
O QUE É MATA CILIAR?................................................................................................................................................9
IMPORTÂNCIA DA MATA C ILIAR...............................................................................................................................11
ASPECTOS LEGAIS DA MATA CILIAR......................................................................................................................13
RECUPERAÇÃO DA MATA C ILIAR.............................................................................................................................15
ESTUDOS REALIZADOS...............................................................................................................................................17
METODOLOGIAS EMPREGADAS NA RECONSTRUÇÃO DE UM ECOSSISTEMA FLO RESTAL .............................18
TÉCNICAS DE RECUPERAÇ ÃO....................................................................................................................................20
INTERAÇÕES INTERESPEC ÍFICAS NA RECUPERAÇÃO ...........................................................................................23
EDUCAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................................................................................26
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................................... 29
3.1 GERAL............................................................................................................................................................................29
3.2 ESPECÍFICOS.................................................................................................................................................................29
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................................................... 30
4.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................................................................30
4.1.1 LOCALIZAÇÃO E DADOS GERAIS DO MUNICÍPIO ................................................................................................30
4.1.2 CLIMA.........................................................................................................................................................................34
4.1.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ...........................................................................................................................35
4.1.4 SOLOS.........................................................................................................................................................................36
4.1.5 VEGETAÇÃO ..............................................................................................................................................................37
4.1.6 HIDROGRAFIA...........................................................................................................................................................40
4.2 METODOLOGIA............................................................................................................................................................40
4.2.1 S ELEÇÃO DAS ESPÉCIES ..........................................................................................................................................41
4.2.2 RECOMENDAÇÕES PARA PLANTIO ........................................................................................................................42
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................................................... 45
5.1
5.2
5.3
5.4
ESPÉCIES S ELECIONADAS ..........................................................................................................................................45
CRONOGRAMA DE PLANTIO E ATRIBUTOS ECOLÓGICOS DAS ESPÉCIES ..........................................................47
MANUTENÇÃO E MONITORAMENTO ........................................................................................................................50
ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL...................................51
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................... 53
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................ 54
6
1 INTRODUÇÃO
As florestas têm importância vital para o equilíbrio ambiental e ecológico
do planeta. Além de promover a amenização do clima, a troca atmosférica, a
manutenção da biodiversidade e a reciclagem dos solos, proporcionam condições
fundamentais para a existência da vida. Também apresentam enorme importância
para os interesses sócio-econômicos e culturais, fornecendo inúmeros produtos,
desde madeiras, energia, alimentos e remédios, até valores edílicos e turísticos, tais
como belas paisagens. Entre as mais importantes funções desempenhadas pelas
florestas está à proteção e preservação dos mananciais de água, recurso este, cada
vez mais escasso (Dietzold e Wendel 2004).
Apesar de sua importância, as florestas do planeta não estão recebendo a
atenção devida. Estima-se que cerca de dois terços já não existem mais devido à
destruição em ritmo acelerado, estando o Brasil, como o país que mais destrói suas
matas (Dietzold e Wendel 2004).
Nunca em toda a história da humanidade, a utilização dos recursos
naturais pelo ser humano foi tão questionada, tanto no meio científico quanto entre a
população em geral, é crescente a idéia de conservação dos ecossistemas naturais
e de recuperação dos ecossistemas degradados pelo homem (Ferreira e Dias 2004).
Os autores op. cit. ressaltam que as florestas nativas representadas por
diferentes biomas, são importantes ecossistemas que há séculos são explorados de
forma degradatória. Esse processo de eliminação das florestas resultou num
conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e
flora, mudanças climáticas locais, erosão dos solos, eutrofização e assoreamento
dos cursos d’água.
7
No processo de colonização e ocupação do território brasileiro,
principalmente nas regiões próximas do litoral provocou a derrubada de extensas
áreas de Mata Atlântica, restando hoje apenas manchas descontínuas de florestas.
A extração seletiva de madeira também provocou a abertura de grandes clareiras
alterando as populações das espécies de interesse econômico, condicionando a
floresta a uma dinâmica sucessional diferente da natural (Brokaw 1985).
O estado de Santa Catarina, no início da ocupação humana tinha seu
território coberto por florestas em quase toda sua extensão, apenas no planalto os
campos apareciam interrompendo a mata (Klein et al. 1986).
A floresta foi a primeira opção econômica para os imigrantes que aqui
chegaram, verificando-se crescente desenvo lvimento, baseado na exploração e
consequentemente exportação de madeiras, principalmente na exploração da
floresta ombrófila densa por sua situação privilegiada (Klein 1979a, 1979b, 1980;
Reis 1993).
No entanto o desmatamento pelo intenso desenvolvimento agrícola e
agropecuário, extração de madeira e processos recentes de urbanização e
industrialização em Santa Catarina, sobretudo nos últimos 70 anos, modificou
profundamente o aspecto da vegetação primária no estado (Klein et al. 1986; Silva
1994).
As matas ciliares não escaparam da destruição e foram alvo de todo tipo
de degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens
dos rios, eliminando todo o tipo de vegetação ciliar, e muitas sofrem hoje com
constantes inundações, poluição, doenças e modificações da paisagem, efeitos
negativos dessas ações devastadoras (Ferreira e Dias 2004).
8
De acordo com Martins (2001), além do processo de urbanização as
matas ciliares sofrem com a pressão antrópica, principalmente pela construção de
hidrelétricas, abertura de estradas e implantação de culturas agrícolas e de
pastagens.
9
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O que é mata ciliar?
As áreas florestadas ao longo de cursos d’água, denominadas de mata
ciliar, de galeria ou ripária (Hueck 1972; AB’Saber 1971), apresentam características
muito peculiares, cujas espécies estão sob influência de flutuações do lençol
freático, apresentando ou não, segundo a topografia local, áreas sujeitas a
inundações periódicas (Bertoni e Martins 1987; Klein 1980).
A expressão florestas ciliares é um conceito que se confunde com amplo
sentido de matas beiradeiras ou matas de beira-rio. Fitoecologicamente trata-se da
vegetação florestal ás margens de cursos d’água, independentemente de sua área
ou região de ocorrência e de sua composição florística. Neste sentido, o leque de
abrangência do conceito de florestas ou matas ciliares é quase total para o território
brasileiro, já que elas ocorrem de uma forma ou de outra, em todos os domínios
morfoclimáticos e fitogeográficos do país (Rodrigues 2000).
Diversas discussões sobre a nomenclatura destas formações vegetais
constam da literatura recente na tentativa de se utilizar uma terminologia mais clara
para dignação das diferentes formações que ocorrem no ambiente ribeirinho. Em
função da diversidade de ambientes no país e dada à complexidade de fatores que
interagem na definição fisionômica e florística das formações florestais, torna-se
necessário à utilização de nomenclatura fitogeográfica com a utilização de termos
que descrevam o tipo de vegetação, o ambiente de ocorrência e ainda a presença
de fatores ambientais característicos (Davide et al. 2000).
O referido autor ressalta que a terminologia popular, “mata ciliar” não é
suficiente para distinguir estas características, mas será aqui utilizada para
10
denominar todas as formações florestais que se caracterizam pela influência da
água dos rios, lagos e nascentes, por ocorrerem nas suas margens.
Já segundo Camargo et al. (1971) as matas ciliares são definidas como
“matas ecológicas”, pois de acordo com as condições locais de topografia, clima e
solo, apresentam tipos fisionômicos bem definidos.
As matas ciliares, também denominadas florestas ribeirinhas, definidas
por Rodrigues (2000) como “florestas ocorrentes ao longo dos cursos d’água e no
entorno das nascentes”, são de vital importância na proteção de mananciais,
controlando a chegada de nutrientes, sedimentos e a erosão das ribanceiras, atuam
na interceptação e absorção da radiação solar, contribuindo para a estabilidade
térmica da água, determinando assim as características físicas, químicas e
biológicas dos cursos d’ água (Delitti 1989).
Devido à elevada freqüência de alterações que ocorrem normalmente na
zona ripária, a vegetação que ocupa esta zona (mata ciliar) deve em geral,
apresentar uma alta variação em termos de estrutura e distribuição espacial (Lima e
Zakia 2000).
A mata ciliar corresponde à vegetação associada aos cursos e
reservatórios de água, independente de sua área ou região de ocorrência, de sua
composição florística e localização (AB’Saber 2000). No Brasil, estas matas ocorrem
praticamente em todas as regiões, sobretudo dentro das paisagens florestais
(Troppmair e Machado 1974).
De acordo com Mantovani et al. (1989), elas são bem caracterizadas em
regiões de domínio savânico ou campestre, onde ocorrem ao longo de cursos
d’água, nas depressões e encostas de vales profundos, sendo menos diferenciada
nas regiões de domínio florestal, onde se distinguem pela composição florística.
11
2.2 Importância da mata ciliar
A mata ciliar é uma das formações vegetais mais importantes para a
preservação da vida e da natureza. O próprio nome já indica isso: assim como os
cílios protegem nossos olhos, a mata ciliar serve de proteção aos rios e córregos. No
entanto a mata ciliar exerce papel de interação, sendo parte fundamental para o
equilíbrio dos ecossistemas (Lima e Zakia 2001).
A mata ciliar funciona como um filtro ambiental, retendo poluentes e
sedimentos que chegariam aos cursos d´água. Funciona também como um
obstáculo contra o assoreamento dos rios, retendo a terra das margens para que ela
não caia dentro deles. Quando chove, a mata ciliar impede que uma quantidade
muito grande de água caia de uma só vez no rio, evitando assim as enchentes (Lima
e Zakia 2001).
Do ponto de vista ecológico, as matas ciliares têm sido consideradas
como corredores extremamente importantes para o movimento da fauna ao longo da
paisagem, assim como para a dispersão vegetal (Lima e Zakia, 2001).
Segundo Davide et al. (2000) os principais benefícios das matas ciliares
são: manutenção da qualidade e quantidade da água pela sua função de
tamponamento entre os cursos d’água e as áreas adjacentes cultivadas, retendo
grande quantidade de sedimentos, defensivos agrícolas e nutrientes e pela sua
capacidade de produção do solo contra os processos erosivos e aumento na
capacidade de infiltração de água no solo, estabilização das margens dos rios
através da grande malha de raízes que dá estabilidade aos barrancos e atuação da
serrapilheira retendo e absorvendo o escoamento superficial, evitando o
assoreamento dos leitos dos rios e das nascentes; habitat para a fauna silvestre
proporcionando ambiente com água, alimento e abrigo para um grande número de
12
espécies de pássaros e pequenos animais, além de funcionarem como corredores
de
fauna
entre
fragmentos
florestais;
habitat
aquático
proporcionando
sombreamento nos cursos d’água, abrigo, alimento e condição para reprodução e
sobrevivência de insetos, anfíbios, crustáceos e pequenos peixes.
De fundamental importância para o ecossistema regional, as matas
ciliares relacionam-se com a manutenção do equilíbrio ecológico nas bacias
hidrográficas, apresentando inúmeras vantagens, como: proteção contra o
assoreamento que ocorre em conseqüência de diversos tipos de erosão (Marques et
al. 1961); regularização do regime hídrico e melhoria da qualidade da água
(Reichmann-Neto 1978; Aoki e Souza 1989); filtragem de sedimentos, nutrientes ou
agrotóxicos e por isso, também designadas como “sistema tampão” (Corbertt e
Lynch 1985; Lima 1989), interceptação e absorção da radiação solar, contribuindo
para a estabilidade térmica dos pequenos cursos d’água (Lima 1989) e proteção ou
alimento para a fauna (Martini 1982; Marinho Filho e Reis 1989; Motta Junior 1991
apud Citadini-Zanette 1995).
As matas ciliares atuam como barreira física, regulando os processos de
troca entre os ecossistemas terrestres e aquáticos e desenvolvendo condições
propícias à infiltração. Sua presença reduz significativamente a possibilidade de
contaminação dos cursos d’ água por sedimentos, resíduos de adubos e defensivos
agrícolas, conduzidos pelo escoamento superficial da água no terreno. (Kageyama
1986; Lima 1989).
Segundo Lourence et al. (1984 apud Ribeiro 1998), o ecossistema mata
ciliar comporta-se como excelente consumidor e tampão de nutrientes que estão
presentes no escoamento advindo de sistemas agrícolas vizinhos.
13
2.3 Aspectos Legais da Mata Ciliar
Ao longo de toda história brasileira proprietários rurais sempre fizeram uso
intensivo da terra disponível em suas propriedades. Se de um lado, tal utilização das
terras permitiu a prática da agricultura e a promoção do desenvolvimento sócioeconômico em diferentes regiões do país, muitas vezes a atividade produtiva agrária
causou danos ambientais sem que o fato fosse imediatamente percebido. Ações de
recuperação ambiental são necessárias, este é o caso da recuperação da vegetação
permanente localizadas nas áreas de preservação permanente (APPs), por que a
legislação assim determina (Ahrens 2005).
Para Milaré (2000), “Dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais
com conseqüente degradação do equilíbrio ecológico”. Na mesma linha de
pensamento, Antunes (1999) reporta que o dano ambiental é um dano causado aos
bens jurídicos que compõem o meio ambiente, como por exemplo, os solos, as
águas, a fauna e a flora. Quanto a reparação dos danos ambientais, Machado
(1999) informa que tanto a Constituição Federal, que emprega os termos “reparação”
e “recuperação”, como a legislação infraconstitucional, que usa expressões
“restauração” e “reconstituição”, estão em harmonia no sentido de indicar um
caminho para as pessoas físicas e jurídicas que danificarem o meio ambiente
Segundo Ahrens (2005), que remete ao artigo 225, § 3°, da Constituição
que estabelece a obrigatoriedade da reparação dos danos causados ao meio
ambiente independe das sanções penais e das multas que possam incidir sobre as
pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por atividades e condutas consideradas
lesivas ao meio ambiente. Determina também que a propriedade cumprirá a sua
função social (art. 5°, XXIII). Ainda por norma constitucional (Art. 186) informa-se o
conteúdo social da propriedade rural, indicando-se os quatro requisitos que devem
14
ser observados simultaneamente dentre estes encontra-se no incisoII: “ utilização
racional dos recursos naturais e preservação do meio ambiente”
Em função da sua importância, as florestas que margeiam os cursos
d´água e nascentes, são consideradas faixa ou área de preservação permanente
segundo o Código Florestal, Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965, ou seja, uma
reserva ecológica que não pode sofrer qualquer alteração, devendo permanecer sua
vegetação na condição original. Segundo esta Lei, a área de proteção das margens
dos rios, varia de acordo com a largura do rio. Para os rios com 10 metros de
largura, a lei estabelece uma área de proteção de 30 metros para cada margem;
para os rios que possuem entre 10 e 50 metros de largura, a lei determina 50 metros
de área protegida para cada margem; para os rios que possuem de 50 a 200 metros
de largura a área protegida deve ser de 100 metros; para rios com largura entre 200
a 600 metros a área da margem a ser protegida é de 200 metros, e para os rios com
largura superior a 600 metros a faixa de proteção é de 500 metros para cada
margem (Brasil 1965).
Mais recentemente em 1991 a Lei da Política Agrícola – Lei nº 8171 de 17
de janeiro de 1991, determinou a recuperação gradual das áreas de preservação
permanente, estabelecendo um período de 30 anos para a recuperação da
vegetação nativa nas áreas onde esta foi eliminada (Rodrigues 2000).
O decreto 750 de 1993, em seu art. 12, que o Ministério do Meio
Ambiente, (MMA), estimula estudos técnicos visando à conservação e o manejo
racional da “Mata Atlântica” e da sua biodiversidade. Implícito à conservação dos
ecossistemas inseridos no domínio da Mata Atlântica está, obviamente a
necessidade urgente de sua restauração. Cabe mencionar também, que o Decreto
nº 3.420, de 20 abril de 2000, diploma legal que criou o Programa Nacional de
15
Florestas, PNF, que prevê a necessidade da “recomposição e restauração de
florestas de preservação permanente de reserva legal e áreas alteradas...” (Brasil
2000).
A Lei Federal de crimes Ambientais de nº 9.605 de fevereiro de 1998,
transforma em crimes e infrações administrativas, diversos delitos praticados contra
a flora. Esta Lei de Crimes Ambientais determina que as penalidades incidam sobre
todos os responsáveis pela ação degradadora, sejam eles diretos ou solidários
pessoas físicas ou jurídicas (Ahrens 2005).
Embora protegidas por lei, as matas ciliares não foram poupadas da
degradação ao longo dos anos e sua importância na conservação da biodiversidade
pede ações que busquem reverter a atual situação (SEMA 2005).
No entanto, nem os proprietários de terra e nem as autoridades nunca
levaram a sério o teor da lei, muito menos a importância da manutenção e
recuperação destas faixas florestais. Também em desacordo com a legislação, as
prefeituras, para não abrirem mão da arrecadação de imposto predial urbano (IPTU),
ou por falta de conhecimento da lei os funcionários aprovam as construções,
loteamentos nas margens dos rios; resultando na destruição das matas ciliares
(Zanchetta 2004).
2.4 Recuperação da mata ciliar
A recuperação de áreas degradadas pode ser conceituada como um
conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas das mais diferentes
áreas do conhecimento humano, que visam proporcionar o restabelecimento de
condições de equilíbrio e sustentabilidade existentes anteriormente em um sistema
natural (Dias e Griffith 1998).
16
Para Brasil (1990), a recuperação significa que o sítio degradado será
retornado a uma forma e utilização de acordo com o plano preestabelecido para o
uso do solo. Significa que o sítio degradado terá condições mínimas de estabelecer
um novo equilíb rio dinâmico, desenvolvendo uma nova paisagem.
Majer (1989) define recuperação como um termo que cobre todos os
aspectos de qualquer processo que visa à obtenção de uma nova utilização para a
área degradada.
A recuperação de ecossistemas florestais degradados é um caminho cada
vez mais perseguido dentro do atual quadro de redução das florestas. No entanto,
as metodologias aplicadas para esta recuperação se fundamentam em idéias muito
divergentes e em geral refletem objetivos também diversos (Rodrigues e Gandolfi
1996).
Kageyama et al. (1997) definem recuperação como o retorno de uma área
degradada a uma condição novamente aproveitável a uma determinada função e
restauração quando se pretende reconstruir novamente o ecossistema com todas as
suas funções e formas.
A mais recente publicação refere-se ao Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC (lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, diário oficial
19 de julho de 2000), onde é reforçada a diferenciação entre os dois conceitos
citados acima. A referida lei trata recuperação como à restituição de um ecossistema
ou de uma população silvestre degradada, podendo diferir da condição original,
enquanto restauração é a restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada a uma condição não degradada o mais próximo possível da sua
condição original (Brasil 2000).
17
2.5 Estudos Realizados
No Brasil, as matas ciliares são de maneira geral pouco estudadas e só
recentemente tem recebido maior atenção, principalmente devido a sua situação
crítica. A maioria dos estudos está concentrada no estado de São Paulo e refere-se
a levantamentos florísticos e/ou fitossociológicos (Gibbs e Leitão Filho 1978; Gibbs
et al. 1980; Bertoni et al. 1992; Bertoni e Martins 1987; Salis e Joly 1987; Mantovani
et al. 1989; Ziparro e Schlitter 1992), aspectos fitogeográficos e ecológicos
(Troppmair et al. 1970; Camargo et al. 1971; Troppmair e Machado 1974),
relacionados a fatores abióticos que interagem naquelas formações ou ainda à
seletividade florística, principalmente nas faixas próximas aos cursos d’água
ocasionada pela elevação do nível do rio (Rodrigues 1991).
Trabalhos realizados em matas ciliares mostram que a similaridade entre
áreas é muito baixa, revelando assim a grande diversidade florística destes
ecossistemas. (Rodrigues e Nave 2001) citam como alguns fatores determinantes
dessa heterogeneidade o tamanho da faixa ciliar florestada, o estado de
conservação desses remanescentes, o tipo vegetacional de origem dessa formação
florestal ciliar, a matriz vegetacional onde a mesma está inserida e a
heterogeneidade espacial das características físicas do ambiente. Os autores
afirmam ainda, que apesar de constatada, essa heterogeneidade é ainda pouco
estudada.
Na região sul do estado de Santa Catarina, o único estudo realizado em
formações ciliares foi o de Citadini-Zanette (1995) que estudou a florística,
fitossociologia e aspectos da dinâmica de um remanescente de Floresta Atlântica na
microbacia do rio Novo, no município de Orleans, SC. Nesse estudo foram
18
identificadas 148 espécies arbóreo – arbustivas pertencentes a 50 famílias
botânicas.
Diante da ausência de estudos, este se torna o mais importante para
região, possibilitando a indicação de espécies a serem utilizadas na recomposição
de matas ciliares e áreas adjacentes da microbacia pertencentes ao domínio mata
atlântica, com base nos resultados fitossociológicos e da dinâmica da vegetação,
bem como clima e do solo.
2.6 Metodologias empregadas na reconstrução de um ecossistema florestal
Embora existam muitas metodologias para reconstruir ou reorganizar um
ecossistema florestal tropical ou subtropical, é necessário compreender os
processos que levam a estruturação destes ecossistemas no tempo (Leitão Filho et
al. 2005).
As bases destas metodologias se fundamentam em três questões: quais
espécies plantar? Quanto plantar de cada espécie? E como efetivar este plantio, de
modo a recobrir o solo em menos tempo, com menores perdas e menor custo?
(Leitão Filho et al. 2005).
A fitogeografia se baseia no reconhecimento de diferentes tipos de
vegetação ou unidades fitogeográficas, e que essas ocupam diferentes regiões e
espaços geográficos. Isto resulta não só do histórico de evolução e migração de
espécies que compõem cada formação vegetal, mas também em função da
adaptação dessas espécies, às condições climáticas e as interações biológicas
(Rizzini 1976,1979).
Também deve-se identificar os tipos de vegetação que ocorrem na região
em que se fará a recuperação, o que pode ser conseguido através de consulta à
19
bibliografia já disponível, ou com especialistas da região. Assim, diferentes
programas de revegetação, terão maiores chances de produzir eficientemente uma
floresta num dado local, quanto mais espécies escolhidas para plantio correspondem
ao tipo de formação floresta l daquela situação ambiental e à flora regional (Leitão
Filho et al. 2005).
A fitossociologia busca estudar, descrever e compreender a associação
de espécies na comunidade, as interações destas espécies entre si e com seu meio,
resultando na identificação de parâmetros quantitativos de uma comunidade vegetal,
definindo não só as espécies mais abundantes, mas também estabelecendo
relações de dominância e importância entre elas na comunidade, embasando a
definição do número de indivíduos de cada espécie a ser usado na recuperação
(Martins 2004).
Estes dados quantitativos serão usados para embasar a definição do
número de indivíduos de cada espécie a ser usado na recomposição.
O terceiro princípio necessário para o estabelecimento de uma
metodologia de recuperação é a sucessão secundária. As florestas, como quaisquer
outros ecossistemas não surgem prontas, complexas e diversificadas. Toda a
composição de espécies e as interações aí existentes resultam de um processo
lento e gradual de evolução que estes ecossistemas sofrem e que se denomina de
sucessão (West et al. 1981; Pickett e White 1985).
Desta maneira, tomando como modelo para recomposição, uma floresta
madura, ter-se-á informações tanto das espécies que compõe o final da sucessão,
como das espécies que caracterizam também as fases iniciais do processo de
sucessão florestal (Leitão Filho et al. 2005).
20
De acordo com Rodrigues e Gandolfi (1996) com o conhecimento dos
princípios básicos para a definição de uma metodologia de recomposição, pode-se
estabelecer as principais etapas de um projeto dessa natureza, que são: Avaliação
das áreas degradadas, levantamento da vegetação regional e suas espécies
características, seleção do sistema de revegetação, escolhas das atividades de
recomposição, plantio, manutenção, avaliação e distribuição das espécies no campo
(quantidade, forma e local).
2.7 Técnicas de recuperação
A recuperação de matas ciliares é uma medida que pode ser realizada por
diferentes processos. Diversos fatores determinam a seleção de espécies para
recompor áreas degradadas, entre elas a mata ciliar deve se basear nas
características físicas da área como: solo, hidrografia e topografia (Santarelli, 1996).
Segundo Rodrigues e Sheperd (2000 apud Cardoso-Leite et al. 2004) A
heterogeneidade das condições ambientais nas margens dos cursos d’água define,
portanto um mosaico vegetacional como resultado da atuação diferencial da
umidade. Segundo os referidos autores, os principais fatores que atuam na
seletividade das espécies, condicionando a distribuição e composição florística, são
aqueles que definem a dinâmica da água do solo (relevo e fatores físicos do solo),
entretanto vários outros trabalhos têm reforçado a importância de outros fatores
como: características geológicas e geomorfológicas, deposição de sedimentos,
remoção ou soterramento da serrapilheira e do banco de sementes, modelo
hidrológico do rio (definindo duração e volume de água durante a elevação do rio),
presença de remanescentes à montante fornecendo propágulos de espécies
hidrocóricas, dentre outros fatores bióticos e abióticos estudados. Entretanto, apesar
21
da particularização destes fatores, nota -se que todos são dependentes direta ou
indiretamente da elevação do nível da água dos rios.
Quando o objetivo é a recomposição da vegetação nativa a escolha de
plantios mistos onde se destaca a utilização de espécies de ocorrência regional é a
melhor opção. Seguindo-se os conceitos da sucessão, o reflorestamento misto deve
ser composto por espécies de diferentes estádios da sucessão, assemelhando-se à
floresta natural, que é composta de um mosaico de estádios sucessionais. Portanto
os plantios devem ser feitos com utilização de diversas espécies onde diferentes
grupos desempenham diferentes papéis de sombreadoras e sombreadas (Davide et
al 2000).
O referido autor cita ainda que deve -se observar, que as diferenças entre
os ambientes nas nascentes, margens de córregos, rios e lagos são determinantes
na definição da fisionomia e composição florística da vegetação e que este
conhecimento é fundamental no planejamento de estratégias de recomposição das
matas ciliares. A falta de entendimento desses conceitos e dos fatores ambientais
que são condicionantes para ocorrência das matas ciliares, tem provocado o
insucesso de inúmeros trabalhos de recuperação.
O enquadramento de espécies em grupos ecológicos (categorias
sucessionais) é um subsídio que diversos autores desenvolveram para melhor
entender o processo de sucessão que ocorre nas florestas tropicais, essa visão
resulta do estudo da dinâmica de clareiras (Budowski 1965; Whitmore 1978;
Denslow 1980; Hartshorn 1980; Brokaw 1985; Martinez-Ramos 1985).
Citadini-Zanette (1995) salienta que o enquadramento das espécies em
categorias sucessionais representa uma tentativa de classificação com base em um
conjunto de informações incipientes, onde o estudo da autoecologia das populações
22
deve ser desenvolvido para um melhor entendimento da dinâmica em florestas
tropicais.
Budowski (1965) classifica num primeiro grupo as chamadas pioneiras,
espécies plenamente heliófitas, estas espécies são importantes, pois, atraem a
fauna silvestre que serve de dispersora de sementes, principalmente pássaros,
auxiliando no processo de regeneração natural.
Já as climácicas, que corresponde ao quarto grupo, têm desenvolvimento
lento, porte elevado quando adultas, são ombrófilas
na
fase
inicial
de
desenvolvimento, longevas e com sementes pesadas, o que determina dispersão
por mamíferos e pássaros grandes.
Com base nas características ecológicas destes grupos, é que as
espécies são indicadas para recuperar áreas degradadas ou matas ciliares, iniciando
com as pioneiras e terminando com as climácicas (Rodrigues e Gandolfi 1996).
Segundo Ferreira et al. (2004) para restauração das matas ciliares, vários
métodos podem ser adotados. No entanto, a regeneração artificial (plantio de mudas
e semeadura direta), por promover resultados mais rápidos, vem sendo empregada
em maior escala.
Reis et al. (2003) apontam técnicas de nucleação como ferramenta para
incrementar os processos sucessionais e acelerar a regeneração natural das
espécies. Entre as técnicas pode-se citar: a) Transposição de solos, que tem como
conseqüência a reintrodução de elementos da micro, meso e macro fauna/flora do
solo; b) Poleiros artificiais, que consiste em fornecer áreas para descanso de aves e
morcegos dispersores de sementes, resultando em núcleos de diversidade no
entorno dos poleiros; c) Transposição de galharias. Esta última técnica pode ser
utilizada em áreas destinadas a mineração ou de represamento de hidrelétricas
23
onde grandes porções de solo são removidas, e a total ausência de nutrientes no
solo é a principal causa da degradação ambiental; nessas áreas resíduos da
exploração florestal (galharias), podem ser utilizados formando núcleos de
biodiversidade para o processo sucessional secundário da área degradada. As
galharias possibilitam além de incorporação de matéria orgânica no solo e potencial
de rebrotação e germinação, abrigos e microclima adequados para diversos animais,
como roedores, cobras e aves, pois são locais para ninhos e alimentação. São
ambientes
propícios
para
o
desenvolvimento
de
larvas
de
coleópteros
decompositores da madeira, cupins e outros insetos.
2.8 Interações interespecíficas na recuperação
O sucesso no processo de recuperação e manutenção da dinâmica de um
ecossistema é extremamente dependente da capacidade das espécies em promover
interações interespecíficas, nesse contexto, a interação fauna -flora cria um cenário
favorável à recuperação de áreas degradadas, haja vista que a polinização das
flores e a dispersão das sementes são as duas interações mais importantes entre
animais e plantas (Reis e Kageyama 2001, 2003).
Segundo estudos de Reis et al. (1996, 1999) e Reis e Kageyama (2001,
2003) para o sucesso no processo de recuperação ambiental, é necessário a
manutenção de interações interespecíficas na comunidade a ser recuperada.
Ressaltam três categorias de interações: a) Plantas-Plantas, onde se destacam as
gramíneas que contribuem para a formação de uma cobertura vegetal, evitando o
processo de erosão e contribuindo na formação de uma camada de solo (entretanto
nas fases posteriores da sucessão elas podem se tornar empecilhos para sucessão
inibindo o desenvolvimento de outras espécies); b) Plantas-Microrganismos, neste
24
contexto as leguminosas se sobressaem sobre as demais por apresentarem em
suas raízes nodulações de bactérias fixadoras de N2 e as associações com endo e
ectomicorrizas; c) Plantas-Animais, neste tipo de interação destacam-se a
polinização e a dispersão. A polinização é um processo importante, pois garante o
fluxo gênico e evita o endocruzamento; a dispersão além de garantir o fluxo gênico,
permite ainda à colonização de novos hábitats pelas espécies.
A interação fauna-flora é considerada um fator importante para a
recuperação de áreas degradadas, visto que a polinização das flores e a dispersão
das sementes são as duas interações mais importantes entre animais e plantas
(Reis e Kageyama 2001, 2003).
A polinização é um processo importante, pois garante o fluxo gênico e
evita o endocruzamento, a dispersão além de garantir o fluxo gênico, permite ainda
à colonização de novos hábitats pelas espécies. A polinização é um dos
mecanismos mais importantes na manutenção e promoção da biodiversidade, haja
vista que a maioria das plantas dependem dos agentes polinizadores para sua
reprodução sexuada e, em contrapartida, os recursos florais constituem as principais
fontes de alimento para diversos grupos de animais (Alves-dos-Santos 2003).
Na associação entre polinizador-planta existe um “jogo de interesses”
entre os organismos envolvidos. Para a planta é interessante realizar a fecundação
cruzada, ou seja, transferir os grãos-de-pólen para os estigmas das flores de outros
indivíduos e o agente polinizador geralmente busca na flor, na maioria das vezes o
alimento ou ainda recursos para a construção do ninho, local para dormir ou para
acasalar (Alves-dos-Santos 1998).
Segundo Silva (2003), comparada com a polinização, a dispersão
apresenta uma dinâmica muito mais complexa, pois não existem adaptações
25
morfológicas evidentes que indiquem alto grau de co-evolução entre os agentes
dispersores (vertebrados na sua maioria) e as plantas dispersas (angiospermas com
frutos carnosos ou sementes ariladas).
O referido autor ressalta ainda que o processo de dispersão tem início
com a retirada do diásporo da planta, mas que não existem garantias de que a
semente será depositada num local adequado. Ainda não são conhecidos em
detalhes os mecanismos de dispersão de sementes por animais, não se conhecendo
também benefícios imediatos nesse mutualismo tão freqüente na natureza.
Quanto à dispersão Reis (1995) denomina o termo “bagueiras”,
enfatizando o papel fundamental para a manutenção do equilíbrio dinâmico das
florestas, e também para a recuperação de áreas degradadas; O termo “bagueira”,
utilizado por caçadores, se refere às plantas que quando com frutos maduros atraem
grande número de animais. Os animais podem procurar as bagueiras para comer
seus frutos (consumidores primários), ou para predar outros animais que ali se
concentram para se alimentarem. Como os animais frugívoros procuram as
bagueiras como fonte de alimento, estas plantas podem nos indicar algo sobre seu
comportamento, de possível influencia sobre o padrão de distribuição de sementes.
A utilização de bagueiras pode aumentar rapidamente o número de
espécies dentro de uma área a ser recuperada, representando assim uma grande
estratégia para recuperação da resiliência ambiental.
McClanahan e Wolfe (1993), caracterizam os dispersores como
facilitadores ou aceleradores do processo de sucessão ecológica, salientando que
em áreas fragmentadas e degradadas a ausência de fontes de propágulos de
grandes distâncias pode reduzir a taxa de retorno da vegetação acarretando a
26
persistência de paisagens dominadas por baixa diversidade e por vegetação de
estádio sucessional inicial.
Nas florestas tropicais, a forma mais freqüente de dispersão as sementes
é através dos animais (zoocoria). Cerca de 60 a 90% das espécies vegetais da
floresta são adaptadas a esse tipo de transporte (Morellato 1992). Esse processo é
mais generalista, ou seja, uma espécie que possui fruto zoocórico pode atrair
animais de espécies e tamanhos bastante distintos.
Entende-se como dispersão o transporte das sementes para um local
próximo ou distante da planta geradora destas sementes (planta-mãe). Esta
distância pode variar de centímetros a quilômetros (Howe e Westley 1986). Neste
sentido, um animal predador, ao perder uma semente ou fruto, executa o papel de
dispersor. O comportamento do animal de transportar as sementes e então plantalas em novos ambientes é na recuperação das áreas degradadas um auxílio
fundamental e extremamente barato. (Reis et al 1999).
2.9 Educação ambiental
A educação ambiental surge da necessidade de despertar um senso de
responsabilidade das comunidades diante da importância do meio ambiente.
Portanto é um processo no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência
deste e adquirem conhecimentos, valores, habilidades e experiências que os tornem
aptos a agirem para resolver os problemas ambientais presentes e futuros. Neste
sentido, as atividades desenvolvidas atuarão como ferramentas que para dar
suporte às ações de restauração junto à comunidade.
A mudança do comportamento social é um fator primordial para o sucesso
em projetos ambientais. Porém, não existe mudança de comportamento quando a
27
mesma é imposta. Ela tem que partir do próprio homem, que precisa entender a
necessidade da proteção daquele ambiente, do qual ele também faz parte.
O objetivo da educação ambiental é a conservação da natureza por
indivíduos conscientes do seu papel como agentes da história do planeta. Para isto,
a educação ambiental deve ser capaz de extrapolar as relações comumente
existentes de explorações que permeiam as relações entre os homens, e atingir uma
compreensão que vai além dos valores normalmente conhecidos.
No Brasil foi se configurando a necessidade de implementar a questão
ambiental para as novas gerações em idade de formação de valores e atitudes, bem
como para a população em geral e assim procurando atender estas novas
necessidades, a Constituição Brasileira de 1988, traz no capítulo referente ao meio
ambiente, a inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino
(Guimarães 1995).
A educação ambiental é vista como uma modalidade de educação,
princípio pelo qual Brugger (1994) não compartilha, uma vez que o pressuposto
desta idéia é a de que a educação tradicional não tem sido ambiental. O correto
seria que a educação incorporasse o “ambiental”. Esta visão é compartilhada por
Gonçalves (1990 apud Guimarães,1995) que conceitua da seguinte forma: “É um
processo longo e contínuo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho
participativo, em que todos, família, escola e comunidade, devam estar envolvidos”.
Um bom projeto ambiental deve ser iniciado, antes de qualquer coisa,
como comprometimento e a participação da comunidade local, que precisa entender
a conservação daquele determinado ambiente como algo importante para a melhoria
de sua própria qualidade de vida e para seu desenvolvimento.
28
É um processo lento, onde é preciso entender as necessidades da
comunidade e suas relações com seu ambiente antes de propor mudanças. As
decisões devem sempre ser tomadas em conjunto e as iniciativas devem partir da
própria comunidade, que dentro deste contexto, é a maior interessada, pois os
resultados influenciarão diretamente em suas vidas. Tudo que é construído a partir
de bases sólidas tem mais chances de crescer e ser tornar permanente (Araujo,
2005).
29
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Gerar uma proposta de recuperação de um trecho da Mata Ciliar do Rio
Caeté, localizado no município de Urussanga, Santa Catarina.
3.2 Específicos:
Neste sentido, com base no exposto, este trabalho teve como objetivos
específicos:
? Resgatar a qualidade de vida para o Bairro da Estação, evitando as
enchentes, que são freqüentes em épocas chuvosas, através da
recuperação da Mata Ciliar do Rio Caeté ;
? Reduzir os processos de degradação do solo, principalmente a
erosão com a implantação da mata ciliar;
? Conscientizar a população para o fato de que sua propriedade é um
componente de uma unidade fisiográfica maior: a bacia hidrográfica,
e que o mau uso do solo e/ou da água acarretará prejuízos para si
próprio e para os demais;
? Aplicar um modelo de educação ambiental para ser desenvolvido
junto à comunidade e nas escolas do município, almejando a
conscientização a preservação da vegetação ciliar.
30
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
4.1.1 Localização e dados gerais do município
O município foi colonizado a partir de 1878, quando chegaram a
Urussanga, vindos do norte da Itália, os primeiros colonizadores. Em 1885, foi
elevada a Sede de Distrito de Paz e, em outubro de 1900, a categoria de Vila e
município.
O município de Urussanga, com área geográfica de 237,4 Km², está
situado na região sul catarinense e integra Associação dos Municípios da Região
Carbonífera (AMREC), que é composta por dez (10) municípios (Figura 1).
Sua população perfaz um total de 18.727 habitantes, sendo que destes,
10.650 ficam sediados na área urbana e 8.077 na área rural.
O município limita-se ao sul com Cocal do Sul, ao norte com Orleans, a
leste com Pedras Grandes e a oeste com Siderópolis, Lauro Muller e Treviso.
O município é composto por 35 comunidades rurais. No relevo
predominam os terrenos de topografia acidentada, havendo 30% de terrenos planos
e ondulados, a sua altitude na sede é de 49m acima do nível do mar. Atualmente o
produto agrícola de maior destaque é o fumo, ocupando uma área de 897 hectares.
Planta -se também milho ocupando uma área de 800 hectares, seguido do feijão com
603 hectares.
Atualmente, encontram-se instaladas indústrias como: cerâmica, copos e
embalagens plásticas, móveis de madeira, móveis em fórmica, esquadrias de
alumínio, lacticínios, equipamentos agro-industriais e outras de menor porte.
31
Com a exploração do carvão, que se intensificou na década de 30, teve
início a degradação que motivou o êxodo de muitos agricultores para outras regiões,
e um grande movimento migratório da população litorânea para a zona de
mineração.
A área do presente estudo, localiza-se no Estado de Santa Catarina, na
Região Sul, município de Urussanga, no Bairro da Estação (Figura 2).
O trabalho foi realizado em alguns trechos do Rio Caeté, que é um
afluente do Rio Urussanga, pertencendo à bacia do Rio Urussanga, o acesso é feito
de quem vem de Florianópolis pela Rodovia BR 101 percorre-se cerca de 170 Km,
chega à comunidade de Esplanada, município de Morro da Fumaça, aí toma-se a
direita e entra na Rodovia SC 445, percorre-se cerca de 20 Km chegando a Sede do
município de Urussanga, e ao Bairro da Estação (Santa Catarina, 1990).
O Rio Caeté (Figura 3), por apresentar problemas cruciais em épocas
chuvosas, e transbordamentos provocando enchentes nas regiões ribeirinhas, em
meados de 2004 passou por um desassoreamento que consiste na sua limpeza,
para melhorar as condições escoamento e evitar enchentes e desconfortos a
população em geral.
32
Figura 1: Localização geográfica do município de Urussanga, entre os municípios da
região carbonífera, representado pelo mapa AMREC, destacando-se o município de
Urussanga (cinza), com as coordenadas latitude S (- 28º 31’) e longitude W (49º 19’).
Fonte: www.mapainterativo.ciasc.gov.br.
33
Figura 2: Vista geral do Bairro da Estação, e do Rio Caeté, município de Urussanga,
SC.
Figura 3: Rio Caeté em 2004 antes do desassoreamento
34
4.1.2 Clima
Segundo o sistema de classificação climática de Köppen, a área da Bacia
está inserida numa região de clima subtropical úmido com verão quente do tipo Cfa.
Este tipo climático predomina no litoral de Santa Catarina, tendo como parâmetros à
temperatura média do mês mais frio abaixo de 18°C, temperatura média do mês
mais quente acima de 22°C, sem caracterização de seca, ou seja, a precipitação do
mês mais seco é superior a 60mm (Ometto 1981).
A temperatura média anual na região é de 19,2°C, sendo fevereiro o mês
mais quente e com temperatura média de 24,1°C, enquanto junho é o mês mais frio
e com temperatura média de 14,6°C.
O trimestre de dezembro-janeiro-fevereiro tem sido o mais quente do ano
na região, com média das temperaturas máximas em torno de 30°C. A maior
temperatura registrada foi de 41,7°C em dezembro de 1971, o que se constituiu em
ocorrência extrema e anormal. O verão na região é um dos mais quentes do estado,
em função de sua baixa altitude e de seu relevo acidentado, favorecendo uma boa
amplitude térmica dia/noite e verão/inverno.
A circulação geral da atmosfera favorece o predomínio de ventos de
nordeste (NE) sobre a região sul do Brasil, ou seja, é acidentado, a direção dos
ventos predominantes pode ser alterada, a exemplo da estação de Urussanga onde
predominam ventos de sudeste (SE). A velocidade média dos ventos é de 11 Km/h,
com maiores nos meses de agosto a dezembro.
Por sua vez, os ventos mais fortes e que causam prejuízos materiais à
região ocorrem com maior freqüência, meados da primavera e meados de o utono.
35
A precipitação média anual é de 1.623 mm, com chuvas bem distribuídas
durante o ano, ocorrendo 34% no verão (dez-jan-fev), 22% no outono, 20% no
inverno e 24% na primavera.
O regime anual de precipitação enquadra-se no regime pluviométrico
típico da faixa litorânea de Santa Catarina e Paraná, onde o máximo pluviométrico
tem ocorrido no inverno ou no outono. Na bacia, o trimestre mais chuvoso é jan-fevmar e o menos chuvoso é abr-maio-jun.
As frentes frias tem sido o principal sistema causador de chuvas durante o
ano, mantendo inclusive as chuvas nos meses de inverno. No verão, as linhas de
instabilidade vindas de oeste reforçam o índice pluviométrico.
A umidade relativa do ar média anual é de 80%, com pouca variação
durante os meses do ano, devido à influência do Oceano Atlântico (Santa Catarina
1995).
4.1.3 Geologia e Geomorfologia
A Região de estudo pertence à unidade geomorfologia Depressão da
Zona Carbonífera Catarinense; ocupando 1.659 Km² ou 1,73% da área do Estado de
Santa Catarina. As principais cidades localizadas nesta unidade são: Orleans, Lauro
Muller e Criciúma, (Santa Catarina 1986).
Na área em questão, o relevo se mostra colinoso com vales encaixados,
as vertentes são íngremes com espesso manto de intemperismo que favorece a
ocorrência de processos de solifluxão e ocasionalmente movimentos de massa
rápidos.
Os vales são bastante escavados apresentando bases de 1.000 metros
com relevo suave ondulados em superfícies côncavo -convexas.
36
A geologia corresponde ao sub-grupo Estrada Nova, sendo constituído
pelas formações Irati, Serra Alta e Terezina, com contatos mal definidos por serem
basicamente diferenças faciológicas.
A formação Irati, que na base do sub-grupo, é uma excelente camada
guia, por ser facilmente conhecida: são folhelhos pretos, pirobetuminosos (com
cheiro de querozene), intercalados com níveis pouco espessos de calcários
dolomíticos, impuros.
A formação Serra Alta, é representada especialmente por folhelhos
argilosos e siltitos cor cinza e a formação Terezina, por arenitos vermelhos bem
estratificados, além de siltitos e folhelhos.
4.1.4 Solos
Na Bacia do Rio Caeté em questão, a cobertura pedológica inclui solos
Nitossolos, Cambissolos e argissolos. (EMBRAPA 1999)
Na seqüência apresenta-se a descrição de solos ocorrentes na
microbacia do Rio Caeté conforme EMBRAPA (1999):
Nitossolos: Os nitossolos estão presentes na região de criciúma e
também na microbacia estudada. São solos que anteriormente classificados como
Podzólicos Vermelhos amarelos sem relação textural suficiente para serem
classificados como Argissolos, mas com cerosidade em intensidade e quantidade
que os caracterizam como Nitossolos. São solos constituídos por material mineral
que apresentam horizonte B nítico, com argila de atividade baixa imediatamente
abaixo do horizonte A, ou dentro dos primeiros 50 cm do horizonte B.
Cambissolos: São solos constituídos por material mineral com horizonte
B incipiente imediatamente abaixo do horizonte hístico com espessura inferior a 40
37
cm. Compreende solos minerais não hidromórficos, com drenagem variando de
acentuada até imperfeita, horizonte A seguindo de B incipiente, de textura franco –
arenosa ou mais fina.
Os cambissolos são derivados dos mais diversos materiais de origem e
encontrados sob condições climáticas variadas.
A textura varia desde franco-arenosa até muito argilosa, sendo as texturas
médias a argilosas mais encontradas. Os teores de silte são, em geral, relativamente
elevados. A te xtura varia muito pouco ao longo do perfil, exceto em alguns solos
derivados de sedimentos aluviais.
Mesmo possuindo boas características físicas, tais como as relacionadas
à porosidade, permeabilidade, drenagem e floculação das argilas, estes solos são
susceptíveis à erosão, especialmente nas áreas de topografia acidentada.
Cambissolos háplicos: que são os encontrados na região, quando
corrigidos adequadamente também são aptos à agricultura, porém, requerem altas
doses de corretivo devido aos elevados teores de alumínio trocável, com álicos com
horizonte A húmico ou proeminente e argilosos ou muito argilosos, desvantajosos
para as culturas anuais em grande escala, de ocorrerem em regiões de clima frio e
úmido. Esses são de melhor proveito para pequenos cultivos de subsistência,
fruticultura de clima temperado, pastagens e reflorestamentos.
Argissolos: São solos constituídos por material mineral, apresentando
horizonte B textural, com argila de atividade baixa, imediatamente abaixo de
horizonte A ou E, satisfazendo o seguinte requisito: horizonte glei se presente, não
está acima e nem coincidente com a parte superior do horizonte B textural.
4.1.5 Vegetação
38
A vegetação da região sul do Brasil tem uma longa história de pesquisas
isoladas e localizadas, tanto em caráter florístico quanto fitofisionômico, destacandose o Estado de Santa Catarina pela grande intensidade de estudos florísticos (Leite
e Klein 1990).
Os primeiros e mais expressivos estudos realizados na vegetação
catarinense foram os realizados por Veloso e Klein (1957, 1959, 1961, 1963, 1963,
1968a, 1968b apud Citadini-Zanette 1995 e Martins 2005).
A área de estudo se enquadra dentro do ecossistema de Floresta
Ombrófila Densa, apresentando duas formações distintas de acordo com a altitude
de ocorrência: Formação submontana (entre 30 e 400 m acima do nível do mar) e
Montana (entre 400 e 800 m) (IBGE 1992).
Esta floresta está situada na parte leste do Estado de Santa Catarina,
entre o planalto e o oceano, constituída na maior parte, por árvores perenefoliadas
de 20 a 30 metros de altura, com brotos foliares sem proteção à seca. Sua área é
formada por planícies litorâneas, e principalmente por encostas íngremes da Serra
do Mar e da Serra Geral formando vales profundos e estreitos (Santa Catarina
1986).
O estrato arbóreo superior é bastante denso, formado por árvores de 20 a
30 metros de altura, com copas largas e folhagem verde-escura perenefoliada.
Como espécies mais importantes ocorrem comumente: a canela-preta
(Ocotea catharinensis), que é a mais freqüente, constituindo de 40 a 50 % da
biomassa total; a canela sassafrás (Ocotea pretiosa), abundante nas altitudes de
500 a 900 metros, e que forma, por vezes, gregarismos muito expressivos; a perobavermelha (Aspidosperma olivaceum ), a canela-fogo (Cryptocarya aschersoniana) e o
óleo ou pau-óleo (Copaifera trapezifolia) destacam-se entre as madeira de lei, o
39
tapiá-guaçu (Alchornea triplinervia), a laranjeira-do-mato (Sloanea guianensis), a
bicuíba (Virola oleifera), o baguaçu (Talauma ovata) e o aguaí (Chrysophyllum
viride), também são consideradas madeira de qualidade. Além dessas, há uma
dezena de Mirtáceas também altas e de copas bem desenvolvidas, porém de pouco
valor, a não ser para lenha e carvão (Sevegnani 2002).
O estrato médio é constituído geralmente, por um número relativamente
pequeno de árvores medianas, dentre as quais se destaca o palmiteiro (Euterpe
edulis) que domina praticamente toda a região. Este é acompanhado por espécies
de Mirtáceas, Rubiáceas e outras famílias menos importantes.
No sub-bosque aparecem espécies com hábitos arbustivos, destacandose: Rubiáceas, Palmáceas e Monimiáceas que formam, por vezes, densos
gragarismos.
Segundo Klein (1980), não só as árvores e arbustos densificam esta
formação. Leite e Klein (1990) e Sevegnani (2002) ressaltam que a particularidade
desta floresta está no elevado epifitismo, constituindo importante aspecto fisionômico
na formação, destacando-se espécies de Bromeliaceae, Orchidaceae, Araceae,
Piperaceae, Cactaceae e Gesneriaceae, além de numerosas espécies de
samambaias e musgos.
A contaminação biológica está se expandindo pela introdução e
adaptação de espécies exóticas que se naturalizam, modificando os ecossistemas
naturais. Essas espécies alteram a fisionomia e a função dos ecossistemas naturais,
podendo levar ao declínio populações de plantas nativas, diminuindo a variabilidade
genética e comprometendo a resiliência da área (Ziller 2001; Bechara 2003).
Atualmente, grande parte da Floresta Ombrófila Densa encontra-se
intensamente explorada pela retirada das madeiras de Lei ou completamente
40
devastada para ceder lugar à agricultura ou às pastagens “naturalizadas”. Em virtude
de, em grande parte, se encontra em terrenos bastante dissecados e de difícil
acesso, existem ainda áreas consideráveis com floresta original que deveria ser
preservada a todo custo (Santa Catarina 1986).
4.1.6 Hidrografia
O Município de Urussanga é banhado pelo rio Urussanga, tendo como
principais afluentes: Rio Maior, Rio Carvão, Rio Deserto, Rio Caeté, Rio Barro
Vermelho.
A disponibilidade de água em Urussanga é relativamente boa entre os
meses de março e setembro e levemente deficitária entre os meses de outubro e
fevereiro.
Quanto à qualidade das águas, o Rio Urussanga e vários de seus
afluentes apresentam uma das piores situações do Estado. A concentração de
empresas mineradoras contribui decisivamente para a poluição generalizada.
Observa-se a ocorrência de degradação das águas desde a nascente (cabeceira)
até a foz. Face a isto, as águas de Urussanga, em sua grande maioria, caracterizamse como impróprias para o consumo humano, apresentando também restrições para
outras atividades, incluindo irrigação. Um programa intensivo de conservação dos
recursos hídricos é da maior importância para garantir o abastecimento para o
consumo humano e para a irrigação, prática muito importante para a garantia da
produção agrícola.
4.2 Metodologia
41
4.2.1 Seleção das espécies
As espécies foram selecionadas, conforme as recomendações propostas
por Citadini–Zanette (1995), agrupando-se as espécies em categorias sucessionais.
As categorias sucessionais das populações como estratégias de
regeneração e ocupação de espaços na floresta estudada, são discutidas com base
nos critérios estabelecidos por Budowski (1965 1970).
As espécies seguem as categorias sucessionais (grupos ecológicos)
segundo Budowski (1965, 1970), que identifica quatro grupos de espécies arbóreas:
Pioneiras, Secundárias Iniciais, Secundárias Tardias e Climácicas (Tabela1).
Optou-se pelo agrupamento das categorias secundárias tardias e
clímácicas em uma única categoria, secundária tardia, por estes dois grupos
apresentarem características muito próximas (Gandolfi 1991) e por não haver, na
maioria das vezes informações disponíveis na bibliografia regional sobre a história
de vida das espécies.
A regeneração por plantio de mudas é o método mais comum de
reflorestamento no Brasil. As principais vantagens do plantio de mudas são:
principalmente, a garantia da densidade de plantio, pela alta sobrevivência, e do
espaçamento regular obtido, facilitando os tratos silviculturais. Portanto é de
fundamental importância garantir a qualidade da muda utilizada, para não haver
altas taxas de mortalidade e também para não comprometer o custo de implantação
do projeto.
Tabela 1: Características das espécies pertencentes aos grupos ecológicos:
Pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climácicas, segundo Budowski
(1965, 1970).
Característica
Pioneira
Crescimento
Muito rápido
Tolerância à sombra Muito
intolerante
Grupo ecológico
Secundária Inicial Secundária Tardia
Clímax
Rápido
Médio
Lento ou muito lento
Intolerante
Tolerante no estágio Tolerante
inicial
42
Tamanho das
sementes e frutos
dispersados
Agentes dispersores
Viabilidade das
sementes
Regeneração
Pequeno
Pequeno
Pequeno a médio, Grande
mas sempre leve
Aves,
Vento,
aves
e Vento
morcegos e morcegos
principalmente
vento
Longa
Longa (latentes no Curta a média
(latentes no solo)
solo)
Muito
Praticamente
Ausente
ou
escasso
ausente
abundante
com
grande mortalidade
nos primeiros anos
Baixa
Alta
Alta
Dependência de
polinizadores
específicos
Tempo de vida
Muito curto Curto (10 a 25)
(anos)
(até 10)
Fonte: Martins (2005)
Longo (25 a 100)
Gravidade,
mamíferos,
roedores e aves
Curta
Razoavelmente
abundante
Alta
Muito longo (maior
que 100)
4.2.2 Recomendações para plantio
O preparo do solo visa prioritariamente melhorar as condições físicas do
solo, reduzir as plantas daninhas e facilitar o plantio. O preparo pode melhorar a
fertilidade do solo (aumentar a taxa de mineralização da matéria orgânica), melhorar
a capacidade de retenção de água, romper camadas impermeáveis, reduzir a
densidade e resistência à penetração de raízes, aumentar a aeração, dentre outros
benefícios.
O ideal é que o preparo do solo seja feito antes do início da estação
chuvosa, para que o plantio aconteça juntamente com as primeiras chuvas,
aumentando as chances de sobrevivência das mudas e proporcionar um maior ritmo
de crescimento inicial.
Regra geral, as margens dos rios são áreas de difícil mecanização, com
topografia irregular e solo excessivamente úmido, além de muito sujeita a erosão
quando inclinadas. A limpeza da área a ser plantada deve , portanto, restringir-se a
43
uma roçada para eliminação das ervas daninhas, evitando-se assim o revolvimento
do solo e a erosão subseqüente. (D urigan e Nogueira 1990).
Recomenda-se que as mudas sejam transplantadas a campo quando
tiverem uma altura de 20 a 45 cm; dependendo da espécie.
De acordo com IEF (1994 apud Ferreira e Dias 2004), a maneira mais
prática de dispor as mudas no campo é alterando uma linha de espécies pioneiras
com outra espécie secundárias e clímax (Figura 4).
O espaçamento sugerido por Ferreira e Dias (2004), é que as covas de
plantio, tenham 3 metros entre plantas e 3 metros entre linhas, com as espécies
clímax no centro, distribuindo-se as pioneiras e as secundárias nas laterais. Da
mesma forma, recomenda-se que as mudas destinadas ao plantio sigam a seguinte
proporção: 50% de pioneiras, 30% de secundárias iniciais, 10% de secundárias
tardias e 10% de espécies clímax. Assim para cada há implantado serão
necessárias 1.113 mudas, e para a área a ser recuperada, considerando-se uma
margem de 30% de replantio, serão necessárias 82.830 mudas, que, de acordo com
a proporção sugerida, poderão ser assim distribuídas: 41.415 mudas de espécies
pioneiras, 24.849 mudas de secundárias iniciais, 8.283 mudas de secundárias
tardias e 8.283 mudas de espécies clímax.
A adubação de plantios florestais mistos é bastante complexa em função
da grande variedade de solos, de espécies florestais e condições climáticas, além da
grande carência de informações a cerca das exigências nutricionais das espécies
nativas (Botelho et al. 2001).
Em geral, os solos utilizados na recomposição das matas ciliares, com
algumas exceções, são de fertilidade natural baixa. A adubação apresenta maiores
respostas quando realizado nos solos de baixa fertilidade, solos pouco permeáveis e
44
em relevo plano ou suave ondulado, onde a perda de nutrientes por lixiviação ou
erosão é menor (Botelho et al. 2001). Segundo estes autores as espécies dos
estágios sucessionais iniciais tendem a apresentar maior capacidade de absorção,
em função de seu potencial de crescimento e síntese de biomassa, apresentando-se
mais responsivas a aplicação de NPK e conseqüente melhoria da fertilidade do solo.
As mudas deverão ser plantadas com o solo apresentando bom teor de
umidade, devendo ser observado a boa formação radicular. O colo da muda deverá
ficar no mesmo nível da superfície do solo. É recomendada ainda a formação de uma
pequena depressão ao redor da muda para captar água da chuva e facilitar sua
infiltração na zona radicular. Se houver necessidade de replantio, o mesmo deverá
ocorrer de 45 a 50 dias após plantio. Cada muda deverá ser tutorada com uma
estaca com cerca de 1.20m de altura e secção transversal mínima de 3.0 x 4 .0 cm.
Vale ressaltar que, tanto o material (solo) a ser escavado e/ou retirado,
encontra-se inúmeras espécies de propágulos, tais como: sementes, rizomas,
bulbilhos, bulbos e raízes. Esses propágulos irão facilitar o rápido restabelecimento
da cobertura inicial, minimizando os efeitos erosivos e favorecendo o surgimento de
outras espécies.
45
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Espécies Selecionadas
Na proposição de modelos de recomposição utilizando-se diferentes
grupos de espécies simulando a sucessão natural, para Kageyama et al. (1986) e
Barbosa et al. (1989), é necessário o conhecimento das espécies quanto: a) a
classificação das espécies nos diferentes estádios de sucessão natural; b) ao
conhecimento do ciclo de vida (principalmente longevidade total); c) a biologia
reprodutiva (fenologia, polinização, dispersão, germinação); d) ao ritmo de
crescimento de cada espécie; e) a disponibilidade de sementes de espécies
regionais; f) a técnica de manuseio das sementes e de mudas (que precisam ser de
fácil reprodução para tornar o processo menos oneroso).
A regeneração por plantio de mudas é o método mais comum de
reflorestamento no Brasil. As principais vantagens do plantio pela alta sobrevivência,
e do espaçamento regular obtido, facilitando os tratos silviculturais.
Portanto é de fundamental importância garantir a qualidade da muda
utilizada, para não haver altas taxas de mortalidade e também para não
comprometer o custo de implantação do projeto.
De acordo com Citadini-Zanette (1995), as espécies florestais a serem
plantadas em cada local devem ser aquelas que ocorrem naturalmente em
condições de clima, solo, e umidade semelhantes as da área a reflorestar. Assim, a
recomendação
de
espécies
com
base
em
levantamentos
florísticos
e
fitossociológicos de remanescentes da região e a posterior combinação com grupos
de sucessão constituem o procedimento mais indicado para a recuperação de matas
ciliares.
46
Como o rio Caeté, não ocorrem enxarcamentos laterais (exceto quando
ocorrem enchentes), pode-se utilizar no reflorestamento as espécies que
predominam nas formações florestais secundárias adjacentes, localizadas em
terrenos bem drenados (Tabela 2).
Tabela 2: Espécies recomendadas para plantio nas margens de rios encaixados,
sem lençol freático na superfície e raramente sujeitas à inundações, na microbacia
do rio Novo, Orleans, SC.
Categorias
Sucessionais
PIONEIRAS
Espécies Recomendadas
Cecropia glaziovii * Sneth.
Miconia cabucu * Hoehne
Piptocarpha angustifolia Dusén.
Trema micrantha *(L.) Blume
Solanum inaequale Vell.
SECUNDÁRIAS
INICIAIS
Bambusa tagoara Nees
Guapira opposita (Vell.) Reitz
SECUNDÁRIAS
Gymnanthes concolor Spreng.
TARDIAS/
Eugenia pruinosa Legr.
CLIMÁCICAS
Aspidosperma parvifolium A. DC.
Sugestões
Clethra scabra Pers
Jacaranda micrantha Cham.
Mimosa scabrella Benth.
Piptadenia gonoacantha *(Mart.)
Macbr.
Vernonia discolor (Spreng.) Less.
Aiouea saligna Meisn.
Aegiphyla sellowiana Cham.
Alchornea glandulosa Endl. &
Inga sessilis (Vell.) Mart.
Poepp.
Posoqueria latifólia (Rudge) Roem. & Alchornea triplinervia *(Spreng.)
Schult.
Müll. Arg.
Garcinia gardneriana (Planch. &
Casearia syvestris Sw.
Triana) Zappi
Hieronyma alchorneoides Fr. Allem.
Ilex paraguariensis St. -Hil
Inga semialata(Vell.) Mart.
Inga striata Benth.
Myrcia fallax (Rich) DC.
Pithecelobium langsdorffii Benth.
Myrsine acuminata Royle
Myrsine umbellata Mart.
Eugenia handroana Legr.
Cedrela fissilis Vell.
Chrysophyllum viride Mart. & Eichl.
ex Miq.
Euterpe edulis Mart.
Gomidesia anarcadiifolia (Gardner.)
O. Berg
Gomidesia tijucensis (Kiaersk.) Legr.
Duguetia lanceolata A.St.-Hil.
Endlicheria paniculata (Spreng.) J. F.
Guarea macrophylla Vahl
Macbr.
Esenbeckia grandiflora Mart.
Hirtella hebeclada Moric. ex DC.
Faramea montevidensis (Cham. &
Marlierea silvatica Kiaersk
Schltdl.) DC.
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Matayba guianensis Aubl.
Calyptranthes grandifolia Berg
Meliosma sellowii Urban
Mollinedia
schottiana
(Spreng.)
Calyptranthes lucida Mart. ex DC.
Perkins
Copaifera trapezifolia Hayne
Ocotea odorífera (Vell.) Rohwer
Plinia trunciflora(Berg) Kausel
Psidium cattleyanum Sabine
Virola bicuhyba (Shott) Warb.
*demonstram sensibilidade a geadas. Fonte: Citadini-Zanette (1995)
47
5.2 Cronograma de plantio e atributos ecológicos das espécies
Recomenda-se para primeira etapa, o plantio de espécies pioneiras.
Dentre as quais destaca-se: Cecropia glaziovii (embaúba), Miconia cabucu
(pixiricão), Trema micrantha (grandiúva) porque seus principais atributos ecológicos
são o pólen, frutos para alimentação da fauna, Piptocarpha angustifolia (vassourão
branco) importante, pois produz anualmente grande quantidade de sementes e
facilmente disseminadas pelo vento; Solanum inaequale (canema), seus frutos
servem para alimentação da fauna (morcegos); Clethra scabra Pers. Pólen e néctar;
Jacaranda micrantha (caroba), Mimosa scabrella (bracatinga), Vernonia discolor
(vassourão – preto) produzem anualmente grande quantidade de sementes viáveis,
facilmente disseminadas pelo vento; Piptadenia gonoacantha (pau - jacaré) vegeta
indistintamente em solos férteis e pobres, e de rápido crescimento (Citadini-Zanete
1995).
Na segunda etapa (6 meses após a primeira etapa), o plantio de espécies
secundárias iniciais dentre as quais recomenda-se: Bambusa tagoara (taquaruçu),
importante pois seu sistema radicular é eficiente para fixação das margen de rios;
Guapira opposita (maria-mole), seus frutos servem de alimentação a fauna
(pássaros) facilitando sua disseminação; Inga sessilis (ingá-macaco), importante
pois seus frutos serem de alimentação para mamíferos e peixes; Posoqueria latifolia
(baga-de-macaco);
Aiouea
saligna
(canela-anhoaíba);
Aegiphila
sellowiana
(gaioleiro) seus frutos servem para a alimentação da fauna; Alchornea glandulosa
(tanheiro), seu néctar, frutos alimentam a fauna (pássaros); Alchoenea triplinervia
(tanheiro), pólen, néctar, folhas e frutos servem de alimentação da fauna (folhas são
procuradas por bugios e frutos por pássaros e pelos morcegos carvoeiros); Casearia
sylvestris (chá-de-bugre), pólen, néctar e frutos servem de alimentação da fauna
48
(pássaros); Hieronyma alchorneoides (licurana), Ilex paraguariensis (erva-mate),
seus frutos alimentam a fauna; Inga semialata (ingá-feijão) frutos alimentam a fauna
(mamíferos e peixes) e importante para nitrogenação do solo; Inga striata (ingábanana), frutos alimentam a fauna e faz a nitrogenação do solo; Myrcia richardiana
(guamirim-araçá), Myrsine acuminata (capororocão) seus frutos são importantes
para alimentação da fauna; Pithecellobium langsdorffii (pau-gambá), faz a
nitrogenação do solo; Myrsine umbelata (capororocão) pólen, frutos servem de
alimentação da fauna (pássaros).
Na terceira etapa (6 meses após a segunda etapa), recomenda-se o
plantio de espécies secundárias tardias juntamente com as espécies clímax, dentre
as quais destaca-se: Gymnanthes concolor (laranjeira do mato) importante pelo
néctar; Aspidosperma parvifolium (guatambu) néctar, produz anualmente grande
quantidade de sementes viáveis disseminadas pelo vento; Cabralea canjerana
(canjerana), pólen, néctar, sementes para alimentação da fauna (pássaros);
Calyptranthes grandifolia (guamirim-chorão), Calyptranthes lucida (guamirim-ferro),
Duguetia lanceolata (pindabuna), Endlicheria paniculata (canela-frade), Esenbeckia
grandiflora (cutia-amarela), Eugenia handroana (guamirim), Eugenia pruinosa
(mamona), Faramea montevidensis (pimenteira-selvagem), Gomidesia anacardiifolia
(rapa-guela), Gomidesia tijucensis (ingabaçú), Chrysophyllum viride (aguaí), Ocotea
odorifera (sassafrás) os frutos servem para alimentação da fauna; Copaifera
trapezifolia (pau-óleo), néctar, frutos para alimentação da fauna (aves e pequenos
mamíferos); Euterpe edulis (palmiteiro), pólen, néctar, frutos e folhas para
alimentação de numerosa fauna; Garcinia gardneriana (bacopari), pólen, néctar,
frutos para alimentação da fauna (animais de maior porte); Guarea macrophylla
(pau-d’arco), Heisteria silvianii (casca-de-tatu), Hirtella hebeclada (cinzeiro), frutos
49
para alimentação da fauna (pássaros); Marlierea silvatica (araçazeiro), Matayba
guianensis (camboatá), néctar, frutos servem de alimentação para fauna (pássaros),
Meliosma sellowii (pau-fernandes) pólen, frutos alimentação para fauna (roedores);
Mollinedia schottiana (pimenteira), Cedrela fissilis (cedro) pólen, néctar, frutos para
alimentação da fauna; Plinia trunciflora (jaboticabeira) pólen e frutos servem para
alimentação da fauna (diversos animais); Psidium cattleyanum (araçá), pólen, néctar,
frutos servem para alimentação da fauna (diversos animais) e Virola bicuhyba
(bicuíba), folhas e sementes servem de alimento da fauna de maior porte.
Recomenda-se estas espécies por serem de fácil manejo e de fácil
adaptação às condições locais, segundo os estudos feitos por Citadini-Zanete
(1995).
O plantio das espécies vai obedecer os espaçamentos podendo variar
2,0m x 2,0m a 2,5m x 2,5 m para todas as espécies e distribuídas de acordo com a
Figura 4.
SI
P
C
P
C
P
ST
SI
P
P
P
SI
P
ST
P
P
C
C
C
P
P
P
P
SI
ST
SI
ST
P
P
P
P
C
C
C
C
P
P
P
P
SI
ST
SI
ST
P
P
P
P
C
C
C
C
P
P
P
P
SI
P
C
P
P
Figura 4: detalhe da disposição das categorias sucessionais das espécies a serem
utilizadas na recuperação da Mata Ciliar do rio Caeté, Urussanga, SC, Onde P é
50
planta pioneira, SI é planta secundária inicial, ST é planta secundária tardia e C é
planta clímax.
Em função da variação das respostas e considerando o custo operacional
a recomendação de adubação é feita para todo o conjunto de espécies. Com base
na análise da fertilidade do solo é feita à recomendação, que de modo geral consiste
na aplicação de superfosfato simples (100 – 200 gramas/ cova), com posterior
adubação de cobertura com N e K, ou aplicação de uma formulação de NPK (100150 gramas/cova de 8-28-16 ou 100-200 gramas de 4-14-8). Outras recomendações
mais específicas como calagem, gesso, micronutrientes dependem de uma
avaliação criteriosa.
Para
o
estabelecimento
das
plantas
recomenda-se,
um
melhor
acondicionamento da cova, através de fertilizante químico e orgânico. Esse
acondicionamento favorecerá o desenvolvimento rápido das espécies. As covas
deverão receber uma mistura de 2 kg de esterco de aves, 1 kg de calcário e 200 g do
adubo 10-20-10.
5.3 Manutenção e monitoramento
As operações de manutenção compreendem operações após o plantio
das mudas, como capina, roçada, adubação de cobertura e combate a formiga, se
estendendo pelo tempo que for necessário, geralmente até o segundo ano.
As espécies nativas tem um desenvolvimento inicial lento. Por esta razão
é indispensável um manejo adequado das plantas na sua implantação e na sua
condução.
O controle da vegetação indesejada promove um melhor crescimento e
desenvolvimento das mudas plantadas, mas vale ressaltar que, em certas situações,
como em áreas degradadas e/ ou muito íngremes a vegetação, herbácea, sobretudo
51
as gramíneas, pode ser uma forte aliada nos esforços de redução dos processo
erosivos, ao proporcionar uma e eficiente cobertura do solo (Botelho et al 2001).
O controle de formigas deve ser feito através de vistorias inicialmente a
cada dois ou três dias, e sempre após a cada chuva. As vistorias podem ser
espaçadas à medida que as formigas vão sendo eliminadas. O combate poderá ser
feito através de porta iscas, que são recipientes nos quais as iscas formicidas são
depositadas para serem percebidas e carregadas pelas formigas. Nos formigueiros
de “monte” encontrados, aplicar, direto no ninho, inseticida, gasolina ou óleo diesel.
Aplicar o produto e recobrir com a enxada (Santa Catarina 2004)
O coroamento das mudas deve ser mantido até que as próprias plantas
controlem os inços por sombreamento. A vegetação entre as plantas do cultivo deve
ser controlada por roçadas, mantendo sua altura sempre inferior à altura das plantas
cultivadas.
Vistoriar a área plantada e marcar com estacas os locais a serem
replantados e, proceder o replantio assim que as condições forem favoráveis. (Santa
Catarina 2004).
5.4 Atividades a serem desenvolvidas no programa de educação ambiental.
É importante considerar que esta proposta envolve a atuação em
propriedades privadas e o seu sucesso depende da adesão dos proprietários rurais e
da comunidade local.
Portanto, a elaboração e utilização de programas educativos que
possibilitem o engajamento da comunidade urbana local são essenciais para que o
programa de recuperação tenha sucesso.
52
O conhecimento prévio da percepção da comunidade sobre os valores dos
bens da natureza e seu impacto na sua própria vida e dos demais moradores da
região é a chave para a elaboração das propostas para ações que visam obter o
compromisso dos moradores locais na condução dos projetos de recomposição das
matas ciliares. Através deste conhecimento será possível elaborar planos de
educação ambiental, através de ações nas escolas, palestras, dias de campo, dentre
outras ferramentas.
Um dos fatores mais complexos a serem abordados é a adesão do dono
da terra. Por força da legislação é possível aplicar punições que obrigam o
proprietário a realizar os trabalhos de recuperação.
Os programas educativos que serão desenvolvidos são:
? Palestras com APP, professores, e escolares sobre o tema: A importância da
Mata Ciliar.
? Dia de campo com os escolares: mutirão para plantio de mudas em datas
comemorativas como: dia do meio ambiente, dia da água, dia da árvore e
outras.
53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As matas denominadas ciliares, quando preservadas pelo homem,
possuem basicamente cinco funções: servir de abrigo para inúmeras espécies,
fornecer alimento à fauna, proteger os cursos d’água, evitar erosões nos solos e
preservar a biodiversidade, pois não há floresta sem água, nem água sem floresta. A
mata ciliar, cuja função é dar proteção aos rios, nascentes, corpos d’água, lagos e
lagoas, é assim chamada devido à semelhança com os cílios que temos nos olhos.
No Brasil ainda persiste o desrespeito ao meio ambiente, principalmente
em relação à flora que é devastada pelas queimadas, pelo corte seletivo de árvores,
pela expansão das fronteiras agropecuárias. Por isso impõem-se algumas ações
prioritárias, com uma legislação que proteja a mata ciliar com o objetivo de conter a
exploração indiscriminada das florestas e demais formas de vegetação.
È necessário que as autoridades responsáveis pela conservação
ambiental adotem uma postura rígida no sentido de preservarem as florestas ciliares
que ainda restam, e que os produtores rurais e a população em geral sejam
conscientizados sobre a importância da conservação desta vegetação. Além das
técnicas de recuperação propostas neste trabalho, é fundamental a intensificação de
ações na área da educação ambiental, visando conscientizar tanto as crianças
quanto os adultos sobre os benefícios da conservação das áreas ciliares.
54
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recuperação de um trecho de mata ciliar do rio caeté