POLUIÇÃO NO CONCELHO DE BRAGA
O ESTE É UM RIO MORTO
Naquelas águas, antigamente cristalinas, já se pescaram carpas e outras espécies de peixes.
Hoje, o rio Este, ou D'Este, também popularmente conhecido pelo rio de S. João da Ponte,
corre, barrento e sujo, cemitério de objectos e canal de esgotos, pela cidade de Braga, onde,
segundo apuramos, junto ao Parque, exala um cheiro fétido nos dias mais quentes de verão.
Hoje o Rio Este é um rio morto!
Fizeram-se obras, alterou-se o leito, mas a poluição do rio é um mal que vem detrás,
agravado pelo facto de receber no seu curso, detritos e esgotos de construções que vão
sendo levantadas nas suas proximidades, em alguns lugares por onde passa.
E como se estes males não fossem suficientes, acresce que algumas pessoas, menos
civilizadas, lançam objectos de plástico e outras imundícies para as suas águas.
O rio Este nasce acerca de seis quilómetros do Norte de Braga, em Carvalho, e vai desaguar
à direita do Rio Ave, em Touginho, perto do mar, com um leito fluvial de 35 quilómetros.
Antigamente tinha margens férteis, bastante cultivadas e a sua água servia para rega, para
moer e trazia peixe miúdo. O seu primeiro nome foi Aliste, vila antiquíssima do Minho que se
diz ter existido no lugar onde nasce o rio Este.
Quem hoje se der ao trabalho de percorrer o curso do rio Este, especialmente o que
atravessa a cidade de Braga, notará seguramente que o rio já não tem nada a ver com a
tradição bracarense.
Outrora, o rio era tão cristalino que a população lavava as roupa nas suas águas e, no dia 24
do dia de S. João, logo de manhã, os bracarenses vinham limpar a cara ao rio para
"dar sorte". Hoje, quem seguir a tradição, e for lavar a cara ao rio, já não é "para dar sorte",
mas "para dar doença", como alguém nos disse, tais as porcarias e impurezas de que
o rio é portador.
É o escoadouro da cidade
Durante o breve percurso que fizemos pela longo do rio. O declive marginal para o rio raras
vezes é limpo e, com o tempo, vai aumentando no fundo e criando bolsas de maus cheiros.
Por sua vez, as pessoas também lançam muita porcaria para o rio.
Acho que a Câmara, durante o pino do Verão, devia ter pessoal para fazer limpeza nas
margens do rio e aquelas pessoas que habitualmente lançam objectos e detritos para o rio
deviam ser multadas para aprenderem a ter higiene numa cidade em que a limpeza das
nossas ruas é um grande orgulho dos bracarenses. Oxalá que a Câmara actue nesta zona
como deve ser."
Ainda ouvimos mais outra pessoa, que trabalha num estabelecimento, mas pediu-nos
anonimato para não ter problemas com o patrão. "Sabe, ele é que manda, mas não está e
pode ficar aborrecido comigo por prestar declarações ao vosso jornal". Mas Iá foi dizendo:
"Não são só os maus cheiros que perturbam o nosso trabalho. Como há muita sujidade
acumulada no rio, nascem insectos por todo o lado e, por vezes, é uma verdadeira invasão
que não nos deixa trabalhar em paz. Ainda com a porcaria acumulada no rio, andam para aí
ratazanas, no Verão, que até parecem gatos. Isto precisava, durante o Verão, de uma
limpeza constante, pois além de prejudicar a nossa saúde é também uma má imagem para
os turistas e forasteiros que nos visitam. E o parque, como sabe é muito frequentado."
EDUARDO BARROS
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Poluição do concelho de Braga, o este é um rio morto