UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA ALICE AMORIM BELEM NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo RIO DE JANEIRO 2013 2 ALICE AMORIM BELEM NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana. Orientador: Jorge Alves Natal Rio de Janeiro 2013 3 FICHA CATALOGRÁFICA 4 ALICE AMORIM BELEM NOVOS RUMOS PARA O CENTRO DO RIO DE JANEIRO: os significados da prosperidade do petróleo Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana. Aprovada em ______________________________________ Prof. Jorge Luis Alves Natal, D.Sc. Orientador ______________________________________ Prof. Rosane Martins Alves, D.Sc. Coordenadora 5 AGRADECIMENTOS Agradeceço à UFRJ pela possibilidade de mergulhar no campo da engenharia e aproximá-la com a temática das cidades. Agradeço à Rosane Alves por toda a orientação e paciência e pelo esforço em fazer o curso acontecer. Agradeço ainda pela bolsa parcial, que permitiu minha participação no curso. Agradeço ao professor Jorge Natal, que gentilmente aceitou o convite para orientação, apesar das minhas “confusões” e atrasos. Agradeço à UFF por ter despertado um outro olhar sobre as cidades durante a graduação, o que foi fundamental na minha formação com profissional, como Arquiteta e Urbanista. Agradeço à Cristina Nacif por ter feito parte disso, pelo incentivo sempre, por todas as parcerias, e por me orientar “na vida”. Agradeço ao IBAM pela oportunidade de explorar o planejamento urbano no Brasil, apesar de todas as dificuldades que encontramos. Agradeço ao Henrique Barandier por todo o aprendizado. Agradeço aos meus pais e ao Lucio por todo apoio, incentivo e paciência, e ainda por terem me apresentado um pouco do nosso Brasil logo na infância. Agradeço ao Léo por ter me propiciado o conhecimento das cidades mundo afora. Agradeço à Tita, Diana, e Tainá por todas as conversas, pelo pensamento comum de lutar por cidades melhores e pela esperança de poder realizá-lo. Agradeço à Violeta, Lidia, Roberta e Mariana, pela amizade. Agradeço à Maika pela longa amizade. Agradeço à Betina pela conquista do mover. 6 RESUMO A cidade é um organismo vivo e suas dinâmicas constantemente modificadas. Os investimentos em outras áreas da cidade, o desenvolvimento de subcentros, a polarização com a Barra da Tijuca, dentre outros “fenômenos” não alteraram estruturalmente a vocação do Centro da cidade. Para entender os significados da prosperidade do petróleo no Centro do Rio de Janeiro foi levantado um conjunto de informações capaz de subsidiar essa análise. Existem evidências da importância do setor de óleo e gás para a revitalização do Centro do Rio. É claro que este não é o único fator que impacta na dinâmica econômica dessa porção da cidade, mas devemos considerá-lo. A crise do final do século XX foi totalmente superada e hoje o Centro começa a demonstrar sinais de que possui demanda econômica forte o suficiente para expandir seus limites, não se restringindo ao núcleo configurado pela Área Central de Negócios (ACN). O Centro e a sua zona periférica apresentam hoje uma emergência de projetos urbanísticos de revitalização – Região Portuária e Cidade Nova. Antigos vazios urbanos da Avenida Presidente Vargas dão lugar a novos empreendimentos. O Centro se reconstrói sobre si mesmo” através de reformas e retrofits. Nesse ritmo o Centro se reafirma não só como lugar de negócios como também um ambiente rico em opções de lazer e cultura, que aproveitam a disponibilidade de infraestrutura existente e dão mais intensidade ao uso desse espaço. “Divulgação”, visibilidade da cidade com a agenda de eventos – desde Rio +20, em 2012 a Olimpíadas em 2016. Zona periférica do Centro vem passando por transformações com novos investimentos, obras de urbanização e revitalização dessas áreas que foram “esquecidas” por alguns bons anos. 7 ABSTRACT xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 8 LISTA DE FIGURAS Figura 01. Localização Figura 02. Ortofoto com a delimitação do bairro Centro Figura 03. Vista aérea do Centro com Baía de Guanabara ao fundo Figura 04. Verticalização do Centro do Rio de Janeiro Figura 05. Forma espacial do processo de centralização Figura 06. Configuração da área central Figura 07. Palácio Pedro Ernesto – Câmara Municipal e Palácio Tiradentes – Assembleia Legislativa Figura 08. Rua de pedestres no SAARA e vista aérea do Mercado Popular e Camelódromo da Uruguaiana Figura 09. Mapa Figura e Fundo da Avenida Presidente Vargas Figura 10. Ocupação do prédio nº 510 da Avenida Gomes Freire Figura 11. Prédio da Bolsa de Valores na Praça XV Figura 12. Avenida das Américas, na Barra da Tijuca Figura 13. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana Figura 14. Avenida Visconde de Pirajá, em Ipanema Figura 15. Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande Figura 16. Rua Conde de Bonfim, na Tijuca Figura 17. Rua Ministro Edgard Romero, em Madureira Figura 18. Edifícios Avenida Central e RB1 Figura 19. Avenida Chile – concentração de “empresas âncora” Figura 20. Edifício Francisco Serrador Figura 21. Windsor Guanabara, Formule 1, Ibis e Novotel, e Hotel Atlantico Business Figura 22. Faculdade Nacional de Direito – UFRJ e Universidade Cândido Mendes Figura 23. Incêndio no Edifício Andorinhas e seu retrofit (Edifício Torre Almirante) Figura 24. Retrofit do prédio do IBMEC (antiga sede da Esso) Figura 25. Retrofit dos Edifícios Castelo e Nilomex e Amarelinho (Edifício Mozart) Figura 26. Casario na Rua Sete de Setembro e contraste de gerações e estilos na Cinelândia 9 Figura 27. Centro Cultural Banco do Brasil e Teatro Municipal Figura 28. Catedral Metropolitana e feira na Rua do Lavradio Figura 29. Áreas verdes no Centro Figura 30. Diversão noturna na Lapa Figura 31. Cores da Lapa e Viva Lapa Figura 32. Cenpes I e II Figura 33. Início das obras de construção do Edise Figura 34. Atividades desenvolvidas pela Petrobras Figura 35. Brasil e estado do Rio de Janeiro – Principais operações da Petrobras Figura 36. Sede da Petrobras Distribuidora Figura 37. Edifício Edise Figura 38. Torre Almirante e Ventura Coporate Towers – edifícios com andares alugados para a Petrobras Figura 39. Central Empresarial Senado – terreno e projeto Figura 40. Universidade Petrobras (obra concluída) e projeto do novo prédio da BR Distribuidora, ambos na Cidade Nova Figura 41. Pré-sal Figura 42. Projeto e obra do Comperj Figura 43. Novos lançamentos em Itaboraí Figura 44. Arco Metropolitano do Rio de Janeiro Figura 45. Superporto do Açu 10 LISTA DE MAPAS Mapa 01. O Centro do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana Mapa 02. Configuração da Área Central Mapa 03. Vias do Centro por valor V0 – IPTU (2004) Mapa 04. Estratégias Territoriais Mapa 05. Densidade populacional Mapa 06. Transporte no Centro Mapa 07. Área de Planejamento 1.1 Mapa 08. Bairros que perderam e ganharam população (1991-2000) Mapa 09. Delimitação da AC-2 Mapa 10. Delimitação da AEIU da II RA – Centro Mapa 11. Rio de Janeiro - Área média de unidades residenciais por bairro Mapa 12. Densidade construída não residencial bruta por bairro Mapa 13. Bairros que concentram 80% do total das transações da tipologia sala não residencial no período de 1997 a 2007 Mapa 14. Bairros que concentram 50% das transações da tipologia loja não residencial no período 1997 -2007 Mapa 15. Lançamentos imobiliários recentes Mapa 16. Legislação de proteção e preservação do patrimônio Mapa 17. Equipamentos turísticos e culturais no Centro Mapa 18. Praças, parques e áreas verdes Mapa 19. Empresas do setor de Petróleo e Gás no Centro 11 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Núcleo central e zona periférica do centro Tabela 02. População residente Tabela 03. Incremento populacional relativo Tabela 04. População residente – incremento populacional absoluto (1991-2000) Tabela 05. População residente – incremento populacional relativo Tabela 06. Estoque do Centro Tabela 07. Distribuição das tipologias não residenciais – IPTU (2008) Tabela 08. Unidades de salas não residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 80% do total) Tabela 09. Transações de salas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007 (bairros que totalizam 80% do total) Tabela 10. Transações de salas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (logradouros que totalizam 50% do total) Tabela 11. Unidades de lojas não residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 50% do total) Tabela 12. Transações de lojas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007 (bairros que totalizam 50% do total) Tabela 13. Transações de lojas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (relação dos 10 logradouros que tiveram mais transações) Tabela 14. Número de estabelecimentos por porte e setor na Região Administrativa Centro e no Município do Rio de Janeiro Tabela 15. Polos e quarteirões culturais Tabela 16. Unidades de apartamentos residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 50% do total) Tabela 17. Gasodutos no Estado do Rio de Janeiro Tabela 18. Edifícios ocupados pela Petrobras no Rio de Janeiro Tabela 19. Empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro Tabela 20. Empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01. Idade dos imóveis por RA Gráfico 02. Idade das salas e lojas por RA Gráfico 03. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro Gráfico 04. Empresas de petróleo e gás por seção - Distribuição de acordo com a localização (Centro e demais bairros) Gráfico 05. Número de empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro Gráfico 06. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no Centro do Rio de Janeiro Gráfico 07. Perfil das empresas instaladas no RB1 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abimaq Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos AC Área central (Decreto nº 322) ACN Área Central de Negócios ADEMI Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário AEIU Área de Especial Interesse Urbanístico ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis AP Área de Planejamento APAC Área de Proteção do Ambiente Cultural BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CB Centro de bairro (Decreto nº 322) Cenpes Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello COMPERJ Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro E&P Exploração e Produção EDICIN Edifício Cidade Nova (Petrobras) EDIHB Edifício Horta Barbosa (Petrobras) EDISE Edifício Sede (Petrobras) EDITA Edifício Torre Almirante (Petrobras) Fetranspor Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro Firjan Federação das Indústrias do Rio de Janeiro IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBP Instituto Brasileiro de Petróleo IPTU Imposto Predial Territorial Urbano 14 ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis MBA Master of Business Administration ONIP Organização Nacional da Indústria do Petróleo OPEP Organização dos Países Produtores de Petróleo PIB Produto Interno Bruto Prominp Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás RA Região Administrativa REDUC Refinaria de Duque de Caxias SAARA Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sinaval Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshores SMS Segurança, meio-ambiente e saúde UFF Universidade Federal Fluminense UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro ha Hectare m² Metro quadrado 15 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 16 INTRODUÇÃO 17 Capítulo 1 | O CENTRO DO RIO DE JANEIRO 1.1 Caracterização inicial 1.2 Centralização e Área Central 1.3 Desvendando o Centro 19 19 22 28 Capítulo 2 | A CRISE 2.1 Crise no Centro do Rio de Janeiro 2.2 Os outros centros 2.2.1 Descentralização e os núcleos secundários 2.2.2 Os outros “centros” do Rio de Janeiro 39 39 57 57 59 Capítulo 3 | A VIRADA 3.1 Lugar de trocas, transações e trabalho 3.2 Lugar de aprendizado 3.3 Lugar de transformações 3.4 Lugar de preservação, conservação e história 3.5 Lugar de uso público 3.6 Lugar de moradia 71 71 76 77 82 86 90 Capítulo 4 | A PROSPERIDADE DO PETRÓLEO 4.1 A economia fluminense e a Petrobras 4.2 Óleo e gás no Centro 4.3 Novas perspectivas 95 95 107 120 CONCLUSÃO 129 REFERÊNCIAS 127 APÊNDICE Apêndice A – Levantamento das empresas do setor de Petróleo e Gás instaladas no Centro do Rio de Janeiro 131 16 APRESENTAÇÃO Este trabalho surgiu pelo interesse no estudo do processo de centralização e descentralização no município do Rio de Janeiro, cujo primeiro resultado foi o Trabalho Final de Graduação apresentado no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, no segundo semestre de 2008, sob orientação da professora Cristina Nacif. Em 2009, o ingresso no curso de pós-graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro despertou novamente o interesse pelo tema. A Engenharia Urbana atua de forma sistêmica nas cidades, conciliando desenvolvimento econômico e urbano, visando minimizar os problemas urbanos e garantir melhores condições de habitabilidade nas cidades. Dessa forma torna-se relevante entender os processos sociais e espaciais que ocorrem no território para determinar as formas de intervenção, mitigação ou adaptação, com objetivo de construir espaços fluidos, conectados, dinâmicos, sustentáveis e agradáveis aos usuários, e assim, cidades mais “saudáveis”. Se a investigação durante a graduação reafirmou o Centro como local das principais trocas, atividades econômicas, fluxos de pessoas e capitais na cidade, agora o foco da pesquisa são os efeitos da indústria do petróleo e gás na dinâmica dessa área da cidade. Para isso foi fundamental a orientação do professor Jorge Natal, que trouxe para a pesquisa o viés econômico do tema, já abordado em seus trabalhos. 17 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da indústria do petróleo e gás na dinâmica econômica do Rio de Janeiro, com foco na sua área central e em especial no bairro Centro. A ideia é contribuir para o conhecimento do significado e importância do Centro para o município (e para o estado), através do levantamento de uma série de informações que o caracterizam, e investigar de que forma a indústria do petróleo e gás contribui no processo de renovação da área e na sua reafirmação como coração dos negócios e serviços da cidade. O Centro do Rio de Janeiro foi a capital da república até 1960. Dessa forma lá se instalaram sedes de órgãos do governo, grandes instituições e importantes equipamentos urbanos. Com a mudança da capital para Brasília, a saída da Bolsa de Valores para São Paulo, a expansão da cidade para outras áreas, e a redução dos investimentos, o Centro do Rio de Janeiro passou por um longo período marcado pela decadência e pelo esvaziamento econômico, populacional e financeiro. No entanto, mais recentemente observa-se uma inflexão no processo de desenvolvimento expresso através de novas dinâmicas como o aquecimento do mercado imobiliário; o incentivo ao turismo; a criação de pólos culturais; a proliferação de instituições de ensino técnico, superior e de pós-graduação; a chegada (ou permanência) de empresas de diversos setores; e os investimentos estrangeiros na cidade, sobretudo com a expectativa dos megaeventos nos próximos anos. O Rio de Janeiro será sede da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, o que tem provocado diversas mudanças na configuração da cidade com desaproriações para execução de obras viárias, instalação de grandes equipamentos esportivos, investimento em políticas sociais e de segurança, dentre outras. 18 Nesse contexto é possível observar os vultuosos investimentos que a indústria do petróleo tem trazido para o estado através dos royalties, gerando alterações na dinâmica fluminense com obras de viárias, de infraestrutura, e novos empreendimentos residenciais e comerciais. Ressalta-se as transformações na dinâmica econômica do estado devido à forte atração de empresas de consultoria, prestadoras de serviços, de venda de tecnologia e equipamento. Da mesma forma observa-se a chegada de mão-de-obra qualificada ou em busca de qualificação na região. A metodologia utilizada para desenvolvimento deste trabalho incluiu muitas pequisas. Através de periódicos, como os jornais O Globo e Jornal do Brasil, foi possível estudar os acontecimentos recentes; empresas e organizações (Geofísica Brasil, Ademi, Petrobras) possibilitaram o entendimento sobre a dinâmica imobiliária do Centro e a dinâmica do setor de petróleo e gás no Rio de Janeiro e no Brasil; e ainda através de órgãos públicos das instâncias federal, estadual e municipal (Casa Civil, ANP, Governo Estadual, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro), deu-se o acesso à regulamentação do setor e à legislação urbanística da cidade. A revisão bibliográfica aprofundou o conceito de centralidade através de CORREA (1995); os trabalhos acadêmicos forneceram outras abordagens sobre o Centro e o conceito de centralidade; os textos BUENO e CASARIN (2011) e MOTA, PONTES, TAVARES, CARVALHO e TOTTI (2007) permitiram aprofundar os conhecimentos sobre a área de óleo e gás e as dinâmicas do setor; e os livros de NATAL (2007 e 2009) deram um panorama sobre a economia fluminense recente. O trabalho foi dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo oferece um panorama sobre o Centro do Rio de Janeiro, identificando as características mais marcantes do seu território. O segundo capítulo aborda o processo de esvaziamento e decadência do Centro, enquanto o terceiro trata do período seguinte, da revitalização. O quarto e último capítulo apresenta um panorama da atividade de petróleo e gás no Brasil, no estado, no município, e no Centro, e reúne ainda uma série de evidências sobre a relação da reconfiguração do território com as novas dinâmicas em curso. 19 CAPÍTULO 1 | O CENTRO DO RIO DE JANEIRO 1.1 Caracterização inicial O Centro do Rio de Janeiro, objeto de estudo deste trabalho, corresponde ao bairro definido pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e que coincide com os limites da II Região Administrativa (RA)1 do município. Com um território de 5,72 km² (572 hectares) o Centro integra a Área de Planejamento 1.1 juntamente com os bairros que compõem a I RA Portuária (Saúde, Gamboa, Santo Cristo e Caju), III RA Rio Comprido (Catumbi, Rio Comprido, Cidade Nova e Estácio), VII RA São Cristóvão (São Cristóvão, Mangueira, Benfica e Vasco da Gama), XXI Ilha de Paquetá (Paquetá) e XXIII Santa Teresa (Santa Teresa). Figura 01. Localização Estado do Rio de Janeiro, Região Metropolitana e Município do Rio de Janeiro Município do Rio de Janeiro, com destaque para a Área de Planejamento 1.1 e o bairro Centro Centro, com destaque para os bairros vizinhos da AP 1.1 1 De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro (Lei Complementar n° 111 de 01/02/2011), para o planejamento e controle do desenvolvimento urbano o município é dividido em unidades territoriais: Áreas de Planejamento, Regiões de Planejamento, Regiões Administrativas, bairros e bacias hidrográficas e aéreas. 20 Figura 02. Ortofoto com a delimitação do bairro Centro Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. CD-ROM Mapa Cadastral Central. Base de dados para apoio à gestão. Rio de Janeiro, 2003. De acordo com o Plano Diretor do Município bairro é a porção do território demarcada oficialmente por limites culturalmente reconhecidos pela mesma denominação, no entanto, quando tratamos de uma área central com as características do Rio de Janeiro tal recorte adquire contornos especiais por se tratar também do Centro da Região Metropolitana da segunda metrópole nacional. 21 Figura 03. Vista aérea do Centro com Baía de Guanabara ao fundo Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=583610 Na cidade capitalista ocorrem diversos processos sociais que criam funções e formas espaciais, ou seja, criam atividades e suas materializações, cuja distribuição espacial constitui a própria organização espacial urbana. (CORREA, 1995, p. 36) Os processos espaciais são os reponsáveis por fazer com que os processos sociais originem as formas espaciais. Eles são um conjunto de forças atuantes que, através dos agentes modeladores, permitem localizações e relocalizações das atividades e pessoas – são os responsáveis pela organização espacial desigual e mutável da cidade capitalista. É através dos processos espaciais que o movimento de transformação da estrutura social (o processo) se efetiva no espaço, refazendo a espacialidade da sociedade. Numa concepção “clássica” ou tradicional, segundo CORREA (1995), para o processo espacial de centralização a forma espacial correspondente é a área central. Da mesma forma, para o 22 processo espacial de descentralização temos os núcleos secundários como correspondentes formas espaciais. Dessa forma será traçado um paralelo entre estes dois modelos de CORREA e a situação encontrada no Rio de Janeiro. 1.2 Centralização e Área Central A Área Central é o foco principal da cidade e de sua hinterlândia, já que é o local onde se concentram as principais atividades comerciais, de serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transporte inter-regionais e intra-urbanos. Sua paisagem se destaca pela verticalização. Figura 04. Verticalização do Centro do Rio de Janeiro Fontes: http://www.pbase.com/ceck/image/68563543 e http://www.skyscrapercity.com Observa-se que a dinâmica do Centro do Rio é imposta, entre outros aspectos igualmente importantes, pelo fato de que a maioria das pessoas que aí circula vem de outros bairros da cidade, municípios vizinhos ou de outros estados, conferindo uma multiplicidade de atores e agentes. Assim, como dito anteriormente, o Centro é também o foco principal da Região Metropolitana. 23 Mapa 01. O Centro do Rio de Janeiro e a Região Metropolitana Fonte: BELEM, 2008. As cidades possuem ligações com o mundo devido aos fluxos de capitais, mercadorias, pessoas e ideias, e para isso tornam-se o foco de transportes inter-regionais. Na segunda metade do século XIX a Revolução Industrial propiciou uma ampliação das ligações da cidade com o restante do mundo. As ferrovias, mantidas através de capital privado, tornaram-se o principal meio de transporte da época. Para diminuir os custos de baldeação dentro das grandes cidades os terminais ferroviários ficavam o mais próximo possível um do outro, e quando possível, próximo também do terminal marítimo. As atividades que dependem da relação com outras cidades vão se localizar próximas a estes terminais. São atividades como o comércio atacadista, depósitos, escritórios e indústrias cuja localização junto aos terminais de transporte era essencial, pois significava redução dos custos. Estas atividades criaram mercado de trabalho, e a área tornou-se, além de foco de 24 transportes inter-regionais, foco de transportes intra-urbanos. Dessa forma foi criada uma área de melhor acessibilidade dentro da grande cidade. Dessa forma a boa acessibilidade atraiu lojas de departamentos e de outros gêneros do comércio varejista, e ainda atividades instaladas em escritórios, e assim o mercado de trabalho crescia cada vez mais. Os trens e bondes são meios de transporte caracterizados pela rigidez espacial já que se deslocam sobre trilhos. Com isso o acesso ao mercado consumidor e às fontes de matériasprimas não é uniforme – a Área Central é privilegiada por abrigar os principais terminais de transporte. A acessibilidade atrai muitas empresas, e assim gera economias de aglomeração. O processo de centralização e a forma área central são, portanto, produtos do capitalismo. Verifica-se uma certa sincronia entre o emergir do capitalismo em sua fase plenamente industrial e o aparecimento da Área Central. Processo, forma e também as funções estão assim conectados. (CORREA, 1995, p. 39) O seu aparecimento [da Área Central] se deve assim às demandas espaciais do capitalismo em sua fase concorrencial, onde a localização central constituía-se em fator crucial na competição capitalista. A Área Central é assim, e em grande parte, um produto da ação dos proprietários dos meios de produção, ainda que o Estado fosse chamado a intervir. (CORREA, 1995, p. 40) As vantagens locacionais do Centro vão encarecer o preço da terra, e gerar uma seleção de atividades. Localizam-se na Área Central aquelas [atividades] que são capazes de transformar custos locacionais elevados e ampla acessibilidade em lucros maximizados: são as atividades voltadas para um amplo mercado, nacional, regional ou abrangendo toda a cidade. (CORREA, 1995, p. 40) Ao mesmo tempo as atividades que não requeriam nem suportavam uma localização central vão buscar outras áreas da cidade – é o caso, por exemplo, do “comércio de bairro”, como padarias, mercados, costureiras, etc, que dificilmente são encontrados no Centro. 25 De modo geral as áreas centrais têm passado por transformações desde a década de 1920, e sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Com o crescimento espacialmente descentralizado algumas atividades que se localizavam no centro foram deslocadas para fora da área central. Dessa forma existe uma tendência de redefinição funcional do núcleo central, que torna-se o foco principal das atividades de gestão e de escritórios de serviços especializados, enquanto o comércio varejista e certos serviços encontram-se dispersos pela cidade. (CORREA, 1995, p. 44). CORREA afirma que o processo de centralização configurou a Área Central de modo segmentado, com dois setores: o núcleo central (core, Central Business District) e a zona periférica do centro (frame, zone in transition, zona de obsolescência), esta que seria uma área em torno do núcleo central. Figura 05. Forma espacial do processo de centralização Fonte: BELEM, 2008. Neste modelo o transporte intra-urbano atende o núcleo central e zona periférica, enquanto o transporte inter-regional possui terminais na periferia do Centro e faz a ligação com o restante da cidade. 26 Figura 06. Configuração da área central Fonte: BELEM, 2008. CORREA (1995) apresenta ainda as características do núcleo central e da zona periférica do centro na segunda metade do século XX, que estão apresentadas no quadro a seguir. 27 Tabela 01. Núcleo central e zona periférica do centro Núcleo central Zona periférica do centro Uso intensivo do solo e elevados preços da terra. Uso semi-intensivo do solo. Concentra atividades Área da cidade com maior concentração de que estão vinculadas as do núcleo central e a atividades econômicas, principalmente do setor toda terciário. acessibilidade da Área Central. Ampla escala vertical. Paisagem cidade, e que se beneficiam da urbana facilmente distinguível. Limitada escala horizontal. Sua extensão é Ampla escala horizontal. As atividades aí limitada, podendo ser percorrido a pé. localizadas ocupam prédios baixos e muito espaço já que nesta área o preço da terra é menos elevado que no núcleo central. Limitado crescimento horizontal. Sua expansão Limitado crescimento horizontal. As novas se dá através da verticalização – prédios mais atividades criadas não precisam mais desta antigos são demolidos e substituídos por outros localização e as outras atividades buscam áreas mais elevados. com terrenos mais amplos e mais baratos. Concentração diurna durante o expediente de trabalho. É deserta à noite. Foco de transportes intra-urbanos. Ponto de Foco de transportes inter-regionais. Na área convergência do tráfego urbano e de baldeação. localizam-se os terminais ferroviários e rodoviários e, conseqüentemente, depósitos, garagens e hotéis. Área de decisões. É onde se localizam as sedes e Área residencial de baixo status social. O amplo escritórios das empresas mais importantes da setor residencial presente nesta área é cidade. Concentra também muitas instituições caracterizado por residências populares e de do Estado, e por isso é o ponto focal da gestão baixa classe média, como os cortiços. Ao mesmo do território. tempo representa o principal foco da política de renovação urbana na qual as edificações deterioradas são substituídas por novos edifícios – o que resulta na saída dos pobres e entrada da classe média. 28 1.3 Desvendando o Centro O Centro do Rio possui como núcleo central um trecho reduzido com múltiplas funções e máxima complexidade, delimitado pelas praças Quinze de Novembro e Tiradentes, no sentido leste-oeste, e Praça Mauá e Cinelândia, no sentido norte-sul. Conhecida como Área Central de Negócios (ACN) esta área é, sem dúvidas, marcada pela verticalidade e possui limitada área de expansão, já que encontra-se rodeada por elementos físicos que funcionam como bloqueios – morros e parques urbanos –, além das áreas de proteção – como as APACs e o Corredor Cultural. Envolvendo esse núcleo encontra-se a zona periférica, que possui maior fluidez de fronteiras. A zona periférica do Centro pode ser entendida como a área “restante”, ou seja, a área do bairro Centro que não está contida na ACN. Ao mesmo tempo, outros bairros vizinhos também se configuram como uma periferia do núcleo central e apresentam áreas passíveis de crescimento e renovação – são exemplos os bairros da Saúde, Cidade Nova e Estácio. 29 Mapa 02. Configuração da Área Central Fonte: BELEM, 2008. A Área Central de Negócios pode ser identificada (e confirmada) também pela análise do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). O mapa a seguir, retirado da Tese de Doutorado de Nina Rabha, apresenta o IPTU pelo valor da unidade V0 no ano de 2004. O degradê de cores, do mais claro para o mais escuro, acompanha o valor crescente do imposto. É possível observar que a Avenida Rio Branco é a área mais valorizada do bairro, e se configura coma a grande centralidade dentro do próprio Centro. Nota-se que as áreas onde incide legislação de preservação do patrimônio cultural, especialmente a área das APACs Cruz Vermelha, Sagas e Arcos da Lapa, são as regiões que possuem os valores mais baixos. 30 Mapa 03. Vias do Centro por valor V0 – IPTU (2004) Valor dos terrenos atribuído pela SMF em 2004 por unidade V0 R$ 0,00 a R$ 5.000,00 R$ 60.000,01 a R$ 80.000,00 R$ 5.000,01 a R$ 15.000,00 R$ 80.000,01 a R$ 110.000,00 R$ 15.000,01 a R$ 30.000,00 R$ 110.000,01 a R$ 140.000,00 R$ 30.000,01 a R$ 45.000,00 R$ 140.000,01 a R$ 175.000,00 R$ 45.000,01 a R$ 60.000,00 R$ 175.000,01 a R$ 205.895,89 Fonte: RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006, p. 340. Dessa forma é possível esboçar um modelo de espacialidade para o Centro do Rio de Janeiro, no qual temos uma área principal com maior concentração das atividades econômicas, uma área com intenso comércio varejista, uma área caracterizada pelo uso residencial, três áreas que concentram importantes equipamentos culturais, uma área menos dinâmica, e ainda a localização periférica dos terminais de transporte. 31 Mapa 04. Estratégias Territoriais O Centro é caracterizado como espaço predominantemente comercial, de negócios e prestação de serviços por reunir as principais atividades econômicas da cidade e da Região Metropolitana. É ainda o principal mercado de trabalho de elevada parcela da população que trabalha no setor terciário. Como herança deixada dos tempos de Capital da República o Centro se afirma também como local de gestão e de tomada de decisões devido à quantidade e importância dos órgãos públicos presentes em seu território2. Estão instaladas instituições públicas das três esferas de governo: municipal, estadual e federal que atraem e mobilizam recursos 2 Para maiores informações sobre instituções públicas instaladas no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006. 32 humanos, atividades de prestação de serviço, circulação de mercadorias, dentre outros fluxos. Figura 07. Palácio Pedro Ernesto – Câmara Municipal e Palácio Tiradentes – Assembleia Legislativa Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=456275&page=2 Em relação às atividades desenvolvidas, o acúmulo de temporalidades abordado por PACHECO (2002) produz dualidades no Centro do Rio: serviços que demandam capacidade técnica mais apurada convivem com áreas mais tradicionais onde se desenvolvem atividades menos qualificadas. O Centro possui uma grande área de comércio de diversos segmentos configurada na região da SAARA e Uruguaiana, e que é referência na cidade. O SAARA, assim como o Pólo de Desenvolvimento da Rua Larga (Avenida Marechal Floriano), são associações privadas que têm por objetivo estimular a economia da área. 33 Figura 08. Rua de pedestres no SAARA e vista aérea do Mercado Popular e Camelódromo da Uruguaiana Fonte: http://ipaco.multiply.com/photos/album/21#1.JPG O bairro possui 41.142 moradores, o que corresponde a menos de 1% da população do município de acordo com o Censo do IBGE de 2010 3. No entanto o incremento populacional nos últimos 10 anos foi de quase 5% (4,88%). O uso residencial está concentrado em algumas áreas – o Bairro de Fátima é a área que possui maior densidade (mais de 500 habitantes por hectare); na sequência temos a área da Lapa e adjacências e trechos da Rua do Riachuelo e Avenida Mem de Sá (201 a 500 habitantes por hectare); a área da Cruz Vermelha e do entorno do Campo de Santana (101 a 200 habitantes por hectare); e o restante do bairro, com uma baixa densidade – até 50 habitantes por hectare. O mapa a seguir apresenta a densidade populacional agregada por setores censitários segundo dados do IBGE de 2000. 3 O Censo de 2010 estimou a população do município em 6.320.446 habitantes. 34 Mapa 05. Densidade populacional * Nota: nenhum setor censitário apresentou densidade populacional entre 51 e 100 habitantes por hectare. É expressiva a quantidade de áreas públicas no Centro como as praças – algumas de grande metragem, que configuram-se como parques, como o Campo de Santana e o Passeio Público. Estas áreas passam quase que desapercebidas durante os dias da semana pelos seus trabalhadores, consumidores e transeuntes que transitam num fluxo ligeiro e intenso por esses locais. Contudo, nos finais de semana famílias oriundas de diversos pontos da cidade encontram nesses espaços áreas propícias ao lazer e contemplação. O Centro possui uma característica peculiar de convívio do novo com o antigo. Segundo SEARA (2004) houveram diversos surtos civilizatórios na cidade porém, talvez mais por falta de dinheiro do que por motivos preservacionistas, sempre que tentaram reinventar a cidade, 35 nunca conseguiram apagar tudo o que existia antes. Dessa forma existem diversas construções históricas convivendo ao lado de prédios modernos e envidraçados. A preocupação com a preservação do patrimônio é relativamente recente, e teve início com o projeto Corredor Cultural. A partir do Corredor Cultural dos anos 1980, que salvou da demolição cruel todo o Centro do Rio, a cidade ficou mais consciente de que não se sobrevive botando abaixo a cada 20 anos tudo que se construiu nos últimos 20, e as cinco fases arquitetônicas da centenária Av. Rio Branco são bem exemplares disso. (SEARA, 2004) Com a retomada da consciência sobre o patrimônio hoje existe um considerável número de equipamentos culturais instalados em prédios históricos bem preservados ou restaurados como museus, centros culturais, cinemas, teatros e bibliotecas. No entanto, apesar do grande valor histórico, artístico e arquitetônico de muitas construções, não é raro encontrar edificações deterioradas, abandonadas, mal conservadas ou até em risco de desabamento. Ao longo da Avenida Presidente Vargas e áreas adjacentes encontramos um espaço menos dinâmico. A presença da linha de trem atua neste território como fragmentador do tecido urbano assim como os vazios deixados pela instalação do metrô. Ao mesmo tempo as dinâmicas residencial, comercial e de serviços ainda não “alcançaram” esta porção do Centro. São um conjunto de terrenos vazios ou subutilizados à espera de um novo uso. 36 Figura 09. Mapa Figura e Fundo da Avenida Presidente Vargas Fonte: BORDE (2006). No entanto o Centro oferece muitas vantagens como infraestrutura de serviços básicos – abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo – e boa acessibilidade, garantida pela diversidade de transporte. A área é também servida por equipamentos urbanos como escolas, universidades, bancos, hospitais e igrejas e possui um setor comercial bem desenvolvido (de médio e grande porte) e grandes mercados populares, como o SAARA. A grande infraestrutura de transporte existente, que conta com ônibus, metrô, trem, barca e bonde, dá o tom da importância do Centro e é fundamental para a cidade e para a Região Metropolitana. Destaca-se também a grande quantidade de estacionamentos, a maioria superlotada, que dá um panorama do elevado uso do automóvel no local. A região concentra diversos terminais de transporte que são ao mesmo tempo destino e ponto de baldeação de passageiros de diversas partes da cidade e dos municípios vizinhos, em especial os da Região Metropolitana. Além disso, o Centro possui o segundo maior aeroporto da cidade, o Santos Dumont, com voos domésticos. 37 De acordo com a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) existem 184 mil linhas de ônibus circulando pela cidade, que representam 80% da divisão modal, ou 60% se considerarmos os carros particulares. Os automóveis chegam a 1 milhão e 700 mil veículos. Mapa 06. Transporte no Centro Fonte: BELEM, 2008. A configuração da Área de Planejamento 1.1 está apresentada de forma sintética no mapa a seguir, publicado em trabalho de consultoria desenvolvido para a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Observa-se os eixos viários mais importantes do bairro (Avenida Presidente Vargas, Avenida Rio Branco e o viaduto da Perimetral); a Área Central de Negócios, no eixo da Avenida Rio Branco, e a área de maior concentração residencial, na extremidade oposta (entorno da Cruz Vermelha); o Campo de Santana e o Passeio Público como as duas grandes áreas verdes do bairro que marcam fortemente o território; e os grandes equipamentos de 38 transporte – o Aeroporto Santos Dumont e a estação de trens Dom Pedro II (Central do Brasil). Mapa 07. Área de Planejamento 1.1 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. 39 CAPÍTULO 2 | A CRISE 2.1 Crise no Centro do Rio de Janeiro O estado do Rio de Janeiro foi marcado, nas década de 1980 e 1990, pelo declínio econômico. (…) os anos 1980 e a primeira metade dos 1990 foram marcados pelo entendimento generalizado de que o estado do Rio de Janeiro possuía enormes problemas econômicos (baixo dinamismo) e pela reiteração de verbalizações regionalistas (de demandas e reclamações relativas ao governo federal) (…). (NATAL, 2007, p. 28) Nesse contexto o Centro do Rio de Janeiro também sentiu os efeitos da crise na economia fluminense. Nos últimos anos ao Centro foi associada uma imagem de lugar decadente, degradado, perigoso e violento. A falta de atenção do poder público, o direcionamento dos investimentos para outras regiões da cidade, a saída de grandes empresas e a má conservação de construções são alguns dos fatores que contribuíram para a criação deste estigma. A indicação do esvaziamento é em geral associada à degradação física e social da área, tendo se intensificado historicamente nas últimas décadas. (SILVA et al, 2002, p.3) A partir do final dos anos 1970 observa-se o processo de esvaziamento do Centro com a saída de algumas empresas do bairro. Este processo se deu tanto com as grandes empresas, que migraram para outras áreas da cidade (Botafogo, por exemplo), como com as pequenas e mirco empresas que são expulsas pelos projetos de intervenção do poder público (desapropriações para a construção do metrô, e a urbanização do entorno dos Arcos da Lapa, dentre outros). Dessa forma, até meados dos anos 1990, o Centro vinha perdendo empreendimentos econômicos e financeiros. Para SILVA o esvaziamento pode ser entendido como crise ou processo de transformação (SILVA et al, 2002). 40 É no período de 1970 a 1990 que o Centro – assim como outros bairros que formam a área central da cidade, como Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Estácio, Cidade Nova, Benfica e São Cristóvão – começa a perder população, ao contrário da dinâmica que se apresentava em outras áreas da cidade. A análise da evolução da população residente no Centro ao longo de 20 anos demonstra que de fato houve um decréscimo no número de habitantes, conforme mostra o quadro a seguir. Tabela 02. População residente 1980 1991 2000 Centro - II RA 61.088 49.095 39.135 Área de Planejamento 1 338.531 303.695 268.280 5.090.790 5.480.768 5.857.904 Rio de Janeiro Fonte primária: IBAM, com fonte secundária: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 95/97 (CD-ROM); Armazém de Dados. Quando o Centro é comparado com a Área de Planejamento I da qual faz parte, e ainda com o município, é possível perceber que o primeiro acompanha a dinâmica da AP1, que é contrária à dinâmica do município. O Centro perdeu 19,63% da sua população no período de 1980 a 1991 e a AP1, 10,29%, enquanto o município cresceu 7,66%. No período seguinte, de 1991 a 2000, a população do Centro e da AP1 diminui ainda mais, ao mesmo tempo em que o município continua apresentando crescimento, apesar da taxa ser inferior em relação a do período anterior. Tabela 03. Incremento populacional relativo 1980-1991 1991-2000 Centro - II RA -19,63% -20,29% Área de Planejamento 1 -10,29% -11,66% 7,66% 6,88% Rio de Janeiro Fonte primária: IBAM, com fonte secundária: Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro 95/97 (CD-ROM); Armazém de Dados 41 No entanto, ao observar os dados de população em todos os bairros da cidade nos anos de 1991 e 2000 constata-se que não é só o Centro que perde população. A tabela 03 apresenta os quinze bairros da cidade que mais perderam população em números absolutos. O Centro ocupa a segunda posição, mas encontra-se entre Tijuca e Copacabana, dois bairros tipicamente residencias. Tabela 04. População residente – incremento populacional absoluto (1991-2000) N° Bairro 1991 2000 Incremento absoluto 1 Tijuca 174.346 163.636 -10.710 2 Centro 49.095 39.135 -9.960 3 Copacabana 155.832 147.021 -8.811 4 Vila da Penha 26.157 17.673 -8.484 5 Rio Comprido 41.073 34.833 -6.240 6 Andaraí 43.758 38.540 -5.218 7 Méier 56.099 51.344 -4.755 8 São Cristóvão 42.958 38.334 -4.624 9 Jacarezinho 41.079 36.459 -4.620 10 Mangueira 17.530 13.594 -3.936 11 Del Castilho 18.099 14.246 -3.853 12 Grajaú 42.119 38.296 -3.823 13 Botafogo 81.858 78.259 -3.599 14 Santa Teresa 44.554 41.145 -3.409 15 Leblon 49.930 46.670 -3.260 Fonte: Armazém de Dados A análise do incremento populacional em termos percentuais é um pouco diferente, e o Centro cai para a sexta posição. É possível notar que bairros nobres da zona sul da cidade como São Conrado e Urca também aparecem entre os quinze primeiros, mostrando que o esvaziamento populacional não é um fenômeno exclusivo do Centro. 42 Tabela 05. População residente – incremento populacional relativo N° Bairro 1991 2000 Incremento relativo 1 Vila da Penha 26.157 17.673 -32,43% 2 Cidade Nova 7.814 5.282 -32,40% 3 Mangueira 17.530 13.594 -22,45% 4 Santo Cristo 12.340 9.618 -22,06% 5 Del Castilho 18.099 14.246 -21,29% 6 Centro 49.095 39.135 -20,29% 7 Alto da Boa Vista 10.084 8.254 -18,15% 8 São Conrado 13.591 11.155 -17,92% 9 Saúde 2.602 2.186 -15,99% 10 Água Santa 8.579 7.243 -15,57% 11 Rio Comprido 41.073 34.833 -15,19% 12 Vaz Lobo 14.344 12.177 -15,11% 13 Barros Filho 17.931 15.223 -15,10% 14 Urca 7.824 6.750 -13,73% 15 Pitangueiras 13.379 11.605 -13,26% Fonte: Armazém de Dados O mapa a seguir apresenta os bairros que perderam (em azul) e ganharam (em laranja) população no mesmo período, de 1991 a 2000. É possível observar que os bairros que tiveram decréscimo populacional estão concentrados nas Áreas de Planejamento 1 e 2 – que são as áreas mais consolidadas da cidade. Enquanto isso, as áreas de expansão – AP 4 e AP 5 – apresentaram algum crescimento. A AP3 possui uma mescla de bairros que ganharam e perderam população, mas este último grupo se apresenta em maior quantidade. 43 Mapa 08. Bairros que perderam e ganharam população (1991-2000) Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. A aprovação do Decreto no 322 de 1976 que regulamenta o zoneamento do município é frequentemente responsabilizada pela saída de moradores do Centro. No entanto, a redação do Decreto não deixa clara a proibição do uso residencial. De acordo com o Artigo 22 do Decreto citado o uso residencial é tolerado em CB e AC-1 em unidades residenciais de edificação unifamiliar, multifamiliar e mista. Tolerado não quer dizer proibido. A AC-2, definida pelo zoneamento do município e delimitada na figura a seguir, não é citada neste artigo, então fica entendido que o uso residencial não é permitido apenas nesta área. No restante do bairro, ele seria possível. 44 Mapa 09. Delimitação da AC-2 Fonte: Lei no 2.236/1994, disponível em http://www2.rio.rj.gov.br/smu Foi apenas em 1994, na perspectiva de revitalização do Centro, que o uso residencial passou a ser “adequado” em toda a Área de Especial Intersse Urbanístico (AEIU) da II RA, através da Lei no 2.236. A AEIU da II RA abrange praticamente todo o bairro Centro, como pode ser visto no mapa a seguir. 45 Mapa 10. Delimitação da AEIU da II RA – Centro Fonte: Lei no 2.236/1994, disponível em http://www2.rio.rj.gov.br/smu Ao processo de esvaziamento “quantitativo” (populacional) podem ser acrescentadas as características consideradas de degradação. O estigma da área central como lugar decadente e degradado de fato não contribuía com a atração de possíveis novos moradores. A crise econômica que o país enfrentou na década de 1980 certamente foi um dos fatores que provocou a situação de decadência, que talvez tenha adquirido feições mais explícitas no Centro do que no restante da cidade. Esta decadência é associada aos vários efeitos, para a cidade, da crise econômica dos anos 80, da falência da própria cidade (em 1988) e do caráter das intervenções que haviam sido realizadas em passado recente. (...) são nestes anos que se observa o aumento da pobreza e do desemprego e problemas de fiscalização do poder público, entre outros.” (SILVA et al, 2002, p. 4.) De acordo com Relatório Final da Pesquisa sobre Demanda Habitacional para o Centro Histórico do Rio de Janeiro (SILVA et al, 2002), estes fatores vão desencadear os fenômenos 46 de expansão do comércio ambulante, o aumento da população de rua, o abandono de edificações, o aumento da violência, e a deterioração do espaço público. A decadência física (destruição ou abandono de edificações e espaços públicos) teve como consequência a acentuação da identidade do Centro como lugar de classes de menor poder aquisitivo. (...) a visibilidade do centro enquanto área de localização de camadas pobres (e miseráveis) da população: nas favelas de sua periferia imediata, na densificação dos cortiços que “sobraram”, no crescimento da população moradora (ou usuária) de suas calçadas e praças, e mesmo na permanência de camadas médias baixas em áreas de moradia tradicional (Bairro de Fátima, Cruz Vermelha, (...), imediações da Praça Tiradentes e Praça da República, etc). (SILVA et al, 2002, p. 4.) Ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos meios de transporte possibilitou a expansão da cidade para áreas mais distantes. Dessa forma, muitos moradores do Centro migraram para bairros como Tijuca, na zona norte, ou Botafogo, na zona sul, atraídos pelas características do sítio e ambiência mais tranquila, reforçando o estigma que vinha sendo historicamente produzido sobre o Centro. Sobre as novas áreas de moradia NACIF (2007) cita Rolnik (2006): (...) se examinarmos o próprio movimento que esvaziou os centros da presença de classes mais abastadas, é possível percebermos que, toda vez que o diminuto mercado de classe média em nosso país abre uma nova frente de expansão, esvazia a anterior. (NACIF, 2007, p. 86) NACIF (2007) afirma ainda que (...) tal forma de proceder significa que a produção de uma nova centralidade enobrecida decreta a morte de sua antecessora e conseqüentemente a expulsão 47 das atividades e territórios populares que ocupam estes lugares pressionando a precarização da cidade. (NACIF, 2007, p. 86) O processo de descentralização no Rio de Janeiro, que será detalhado mais adiante, criou novas centralidades, configurando uma cidade policêntrica. Novas vias de ligação expressa como a Linha Vermelha (1994), e mais recentemente, a Linha Amarela (1997), direcionam a expansão da cidade para novas áreas. A Linha Amarela foi responsável em grande parte pelo desenvolvimento da Zona Norte do Rio. Em entrevista ao Jornal O Globo, o Secretário Municipal de Urbanismo, Augusto Ivan, afirma que A região que mais cresceu proporcionalmente na cidade foi a Zona Norte: mais de 200% de 2004 para 2006 em número de licenças. A Linha Amarela teve um papel fundamental nessa expansão. (O Globo, Caderno Especial, p. 4, 14/12/2008) A Zona Norte e a Zona Oeste se apresentam como grandes vetores de expansão da cidade, e têm apresentado altas taxas crescimento nos últimos anos. Aqui daremos mais ênfase à Barra da Tijuca devido à sua dinâmica particular e por se configurar como o único bairro da cidade que realmente “disputa” economicamente com o Centro. (...) a Grande Barra é cada vez mais uma cidade dentro da cidade. Hoje responde por 80% dos lançamentos imobiliários do Rio e arrecada 20% do IPTU de todo o município. (Revista Veja, 15/11/06. Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html) Projetada por Lucio Costa na década de 1970, a Barra surgiu com a finalidade de ser um novo Centro para a cidade. O seu desenvolvimento se deu de forma intensa a partir da década de 1980/1990 acompanhado por diversas mudanças na legislação que acabaram provocando profundas alterações no plano de Lucio Costa. 48 Trinta e um anos depois da entrega dos apartamentos do primeiro condomínio, Nova Ipanema, a Barra da Tijuca conquistou a maioridade e transformou-se em lugar de trabalho, moradia e diversão. (Revista Veja, 15/11/06. Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html) A Barra é uma centralidade da cidade cuja consolidação é mais recente, e por isso existe uma grande quantidade de terrenos disponíveis e muita oferta de imóveis novos, tanto residenciais como não residenciais. Com uma intensa produção imobiliária o bairro apresenta um tipo de estoque diferenciado no mercado: unidades novas de diversas tipologias – casas, apartamentos e até mansões, em condomínios exclusivos que oferecem uma variedade de serviços como padaria, locadora de vídeo, academia, escola, farmácia e salão de beleza. Alguns condomínios “vendem” também a grande área verde de lazer, além das belezas naturais – extensão de praia, canais e lagoas, como no anúncio abaixo. Aqui você tem um modo de vida completamente diferente do que existe no resto da cidade. Os compradores buscam segurança, lazer, serviços opcionais e paisagismo. (...) Aqui você ainda pode comprar mais por menos (...) (Revista Veja, 15/11/06. Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html) O mapa a seguir apresenta a área média das unidades residenciais de todos os bairros do município. O Centro está na menor categoria, que é a dos imóveis de até 50 m 2, enquanto que a Barra encontra-se na maior categoria, que é de unidades com mais de 100 m2. 49 Mapa 11. Rio de Janeiro - Área média de unidades residenciais por bairro Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. A segurança é, sem dúvidas, um dos aspectos mais desejados por aqueles que optam por esta localização, e que vale também no caso das unidades não residenciais. Além disso, os imóveis são, em geral, maiores do que os da Zona Sul e o preço do metro quadrado é mais em conta. O metro quadrado na região ainda é mais barato que nos bairros da Zona Sul . E também é considerado um investimento seguro para as próximas décadas, já que o bairro está em crescimento. Enquanto em Ipanema e Leblon o valor do metro quadrado para empreendimentos comerciais em pontos nobres oscila entre R$ 10 mil e R$ 14 mil devido à escassez de ofertas, na Avenida das Américas o preço está em torno de R$ 4 mil. (http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040 acessado em 11/01/09) Os modernos centros empresariais oferecem salas com os padrões de SMS (segurança, meio-ambiente e saúde), além de infraestrutura tecnológica de ponta, instalações 50 modernas, e estacionamento. Além disso, a mão-de-obra qualificada moradora dos luxuosos condomínios residenciais tem a possibilidade de trabalhar próxima de sua residência. (...) Até seis anos atrás, a Barra era um grande centro de lazer e compras. Agora, virou um grande pólo gerador de empregos (...) (Revista Veja, 15/11/06. Disponível em http://veja.abril.com.br/vejarj/151106/capa.html) O Centro possui um grande estoque de unidades residenciais e não residenciais, porém seu crescimento foi relativamente pequeno nas últimas décadas. Muitos atribuem este fato, além dos fatores descritos anteriormente, à escassez de terrenos para novas construções. De fato o Centro não apresenta muitas unidades territoriais disponíveis. O eixo de negócios que existe ao longo da Avenida Rio Branco está esgotado – é a área mais densa do Centro. Contudo podemos observar que ainda existem alguns terrenos vazios, com pequena testada e grande profundidade (nas áreas de ocupação mais antiga) que geralmente acabam sendo subutilizados como estacionamentos. Ao longo da Avenida Presidente Vargas também existem terrenos não ocupados e de maior porte, no entanto a grande maioria pertence ao Estado. Tabela 06. Estoque do Centro Utilização Unidades % em relação ao Área construída % em relação ao total do bairro (m2) total do bairro Residencial 19.575 25,95% 934.795,15 9,08% Não Residencial 54.442 72,16% 9.236.652,12 89,76% 1.431 1,90% 118.780,00 1,15% 75.448 100,00% 10.290.227,27 100,00% Territorial Total Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. A análise do estoque identifica que menos de 2% das unidades do bairro são terrenos, e que estes correspondem a pouco mais de 1% de área em relação ao total construído no bairro (que engloba os usos residencial e não residencial, além do territorial). Este cálculo 51 considera apenas a área do terreno, e não o potencial construtivo de cada um deles, mas já demonstra que são poucas as áreas livres. Além disso, não é raro encontrar imóveis fechados no Centro do Rio. Com uma ocupação antiga, formada por imigrantes, muitos dos imóveis cujos proprietários já faleceram têm suas famílias em outros países, o que dificulta ainda mais os lentos processos de inventário. E muitas vezes, quando a situação legal do imóvel é resolvida, constata-se que as dívidas de IPTU ou da Cedae são tão altas que às vezes superam o valor do próprio imóvel e assim inviabilizam a venda destas construções. Por conta disso não são raras as ocupações de antigos casarios no Centro. Figura 10. Ocupação do prédio nº 510 da Avenida Gomes Freire Fonte: http://oglobo.globo.com Outra questão associada ao esvaziamento do Centro se refere à limitada absorção de escritórios com padrão internacional no Rio de Janeiro. As empresas multinacionais que elegem o Rio para instalar uma filial têm um alto nível de exigência na escolha de suas instalações. Muitas vezes o que conta não é apenas a localização em si, mas a infraestrutura que o prédio oferece. Hoje as questões de SMS (segurança, meio-ambiente e saúde), aliadas à racionalização do uso de energia implicam diretamente nos conceitos de Ambiência Organizacional, ou seja, o ambiente de trabalho diário. Itens como escadas de incêndio, 52 iluminação na mesa de cada funcionário, manutenção do sistema de ar condicionado, e uma série enorme de parâmetros são fundamentais. No Centro grande parte do estoque é antiga, e por isso algumas multinacionais acabam optando por localizações na Zona Sul e, principalmente, na Barra da Tijuca, que oferecem imóveis mais novos que atendem às tais exigências. São apresentados a seguir alguns gráficos que se referem à faixa de idades dos imóveis de quatro Regiões Administrativas que representam grandes centralidades na cidade. Primeiramente podemos analisar o estoque total das Regiões Administrativas Centro, Botafogo, Tijuca e Barra da Tijuca. As três primeiras RAs apresentam semelhantes faixas de idades dos imóveis, que se concentram na faixa de 21 a 44 anos. Enquanto isso, a Barra da Tijuca apresenta mais de 80% do estoque na faixa de 0 a 20 anos. Gráfico 01. Idade dos imóveis por RA Fonte: Armazém de Dados * Os bairros correspondentes a cada Região Administrativa são: II Centro - Centro; IV RA Botafogo - Flamengo, Glória, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá e Urca; VIII RA Tijuca - Praça da Bandeira, Tijuca e Alto da Boa Vista; XXIV RA Barra da Tijuca - Joá, Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes, Grumari. 53 Em relação apenas às unidades não residenciais (tipologias sala e loja) pode-se perceber que o gráfico é semelhante – o Centro apresenta o estoque mais antigo, Botafogo e Tijuca apresentam imóveis em idade mediana, enquanto na Barra concentra-se o estoque mais recente. Gráfico 02. Idade das salas e lojas por RA Fonte: Armazém de Dados * Foram consideradas as tipologias Sala, Sobreloja e Loja. * Os bairros correspondentes a cada Região Administrativa são: II Centro - Centro; IV RA Botafogo - Flamengo, Glória, Laranjeiras, Catete, Cosme Velho, Botafogo, Humaitá e Urca; VIII RA Tijuca - Praça da Bandeira, Tijuca e Alto da Boa Vista; XXIV RA Barra da Tijuca - Joá, Itanhangá, Barra da Tijuca, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes, Grumari. A globalização possibilita a dispersão territorial de atividades econômicas, facilitada ainda pelo avanço das telecomunicações. O controle e gerência das atividades e negócios podem estar num determinado bairro, cidade ou país, onde há trabalhadores especializados, enquanto a linha de produção está em outro, no qual a mão-de-obra e a terra têm custos menores, por exemplo. Nesse contexto, o Centro da cidade passa a perder um pouco de sua importância. Muitas atividades podem ser desempenhadas na residência dos próprios trabalhadores autônomos – uma tendência com a flexibilzação das relações trabalhistas – ou não, através de um computador com internet, e eliminam, assim, gasto de tempo e dinheiro 54 com transporte, além das despesas e impostos de uma sede de empresa instalada no Centro. Enquanto algumas empresas deixaram o Centro buscando outras centralidades ou localizações mais vantajosas por conta de qualidades atrativas do sítio (como os prédios da Praia de Botafogo com vista para a Baía de Guanabara, por exemplo), outras buscaram bairros com terrenos mais baratos e instalações mais amplas (Zona Oeste) ou ainda prédios mais sofisticados e seguros na Barra da Tijuca. Como exemplo podemos citar empresas como a Esso, Shell, Amil, Unimed, Michelin e a Confederação Brasileira de Futebol, que trocaram o Centro pela Barra da Tijuca. Rubem Vasconcellos (ADEMI) comenta o esvaziamento econômico do Centro: (...) o progressivo esvaziamento do Centro se dá também pela inexistência de empreendimentos que sirvam de referência econômica. (...) a tendência do Centro do Rio hoje é que a degradação se acentue ainda mais. Hoje, existem poucas áreas em que empresas têm interesse em investir. Sobre o exôdo de empresas para a Barra da Tijuca, Vasconcellos acrescenta: A iniciativa da Unimed segue uma tendência verificada nos últimos anos: o êxodo de grandes empresas do Centro para a Barra da Tijuca. (...) dezenas de empresas e instituições abandonaram a área central do Rio desde 2000 para fixar sedes no outro lado do Elevado do Joá. Estes foram os casos, por exemplo, de Esso, Amil, Michelin e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com especialistas, diversos fatores explicam este fenômeno. Em infra-estrutura, o Centro não consegue mais concorrer com o bairro rival, cujo acesso foi facilitado com a inauguração da Linha Amarela há cinco anos. As vagas de estacionamento, que sobram em shoppings da Barra, são escassas nas imediações das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco e das ruas Uruguaiana e Senador Dantas. Outro fator é a segurança: os acessos dos shoppings e centros empresariais da Barra, monitorados por câmeras, contribuem para que os clientes se sintam mais seguros. No Centro, os clientes de grandes empresas estão mais expostos a assaltos e 55 podem testemunhar incidentes, como os constantes conflitos entre ambulantes e os agentes da Guarda Municipal (...). (http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040 acessado em 11/01/09) Durante muitos anos o Rio de Janeiro teve importância fundamental para o país devido à presença da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Importantes acontecimentos da história do Brasil aconteceram lá. A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi a primeira bolsa a ser fundada no Brasil. (...) Praticamente todos os grandes momentos econômicos do país transitaram pela Bolsa do Rio, desde o Encilhamento – primeira grande febre especulativa, gerada a partir da decisão do governo republicano recém instalado em promover o crescimento econômico a partir da emissão de moeda – até os leilões de privatização das grandes empresas estatais que marcaram a guinada da economia brasileira em direção à retirada de grandes setores do controle do Estado, isto a partir da adoção do Programa Nacional de Desestatização, em 1991.” (Texto retirado do site da Bolsa de Valores do Rio: http://www.bvrj.com.br) No entanto mudanças no mercado financeiro acarretaram a transferência da Bolsa do Rio para São Paulo em 2000, provocando a saída de muitas empresas de consultoria, corretoras de investimento, dentre outras do setor financeiro. Com a evolução do mercado acionário, acordos de integração, a partir de 2000, transferiram a negociação de ações no País para a Bolsa de Valores de São Paulo. Em 2002, a Bolsa de Mercadorias & Futuros adquiriu os títulos patrimoniais da BVRJ, passando a deter os direitos de administração e operacionalização do sistema de negociação de Títulos Públicos, o Sisbex. (Texto retirado do site da Bolsa de Valores do Rio: http://www.bvrj.com.br) Rubem Vasconcellos, conselheiro da ADEMI, acredita que a saída da Bolsa representou um marco do processo de decadência do Centro. 56 (...) Rubem Vasconcellos (...) identifica a transferência em 2002 das operações da Bolsa de Valores do Rio para São Paulo como um marco deste processo de decadência, iniciado bem antes. Entre 1994 e 2000, o número de bancos que tinham o Rio de Janeiro como sede caiu de 56 para 36, sendo que a maioria ficava na região central. Parte deles se transferiu para São Paulo e o restante foi absorvido em fusões de empresas. (http://ademi.webtexto.com.br/article.php3?id_article=1040) Figura 11. Prédio da Bolsa de Valores na Praça XV Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c3/PracaXV-CCBY.jpg Além do que já foi exposto, é preciso considerar o processo de adequação da cidade às funções modernas de um centro financeiro, administrativo e comercial como responsável pelo esvaziamento populacional do Centro, já que proporcionou à cidade uma estrutura urbana impulsionada por interesses privados em detrimento dos setores populares que ocupavam a área central. 57 2.2 Os outros centros O processo de formação da metrópole envolve o surgimento de centros “dispersos” ou “setorizados”, configurando um contexto multipolar: são os centros financeiros, centros de consumo e centros de entretenimento. Algumas destas novas áreas passam então a competir com o centro “original”. O peso das diversas centralidades se difere através da dinâmica econômica, das empresas que abriga, das políticas do poder público em relação ao desenvolvimento metropolitano e dos grupos sociais envolvidos. 2.2.1 Descentralização e os núcleos secundários O desenvolvimento dos meios de transporte, que se tornaram mais flexíveis; o interesse dos proprietários fundiários, dos promotores imobiliários e dos industriais do setor de transportes; e ainda o avanço dos meios de comunicação, que possibilitou grande flexibilidade locacional, inclusive das atividades de gestão, são os principais fatores que viabilizaram o processo de descentralização. A descentralização está relacionada ao crescimento demográfico e espacial das cidades, provocando um aumento da distância entre a Área Central e as novas zonas residenciais. Ao mesmo tempo, a Área Central começa a apresentar fatores de repulsão, por exemplo: Aumento constante do preço da terra, impostos e aluguéis Congestionamento e alto custo dos sistemas de transporte e comunicação Pouco espaço disponível para expansão. O processo de descentralização, segundo CORREA (1995), tem duas causas principais: empresas que visam acabar com as “deseconomias” geradas pela excessiva centralização da Área Central, e a menor rigidez locacional – como consequência do aparecimento de fatores de atração em outras áreas da cidade. 58 O capitalismo monopolista é caracterizado pela centralização do capital e descentralização espacial. As atividades comerciais, na disputa pelo mercado consumidor, instalam filiais nos bairros, descentralizando seus pontos de venda, e mantém a sede da empresa na área central. A descentralização torna-se um meio de se manter uma taxa de lucro que a exclusiva localização central não é mais capaz de fornecer. (CORREA, 1995, p. 47). Esta descentralização só ocorre quando são criados fatores de atração em área não centrais, como por exemplo: Terrenos não ocupados, baratos e com impostos mais baixos Infra-estrutura implantada Boa acessibilidade Qualidades atrativas do sítio Já as novas atividades nascem descentralizadas, e com isso evitam as desvantagens das áreas centrais ao mesmo tempo em que se beneficiam das vantagens locacionais das áreas distantes do centro. A nova configuração do espaço urbano, resultado do processo de descentralização de atividades, implica transformações de caráter funcional e de organização espacial. O espaço urbano torna-se mais complexo, com vários núcleos secundários. Esses núcleos comerciais vão gerar economias de transporte e tempo, e consequentemente induzir a um maior consumo – o que é de grande interesse do capital produtivo e comercial. No entanto, a descentralização do capital comercial pode levar ao desaparecimento das pequenas firmas de bairro, sem economias de escala, que não são capazes de concorrer com as maiores, que se estruturam em rede. 59 2.2.2 Os outros “centros” do Rio de Janeiro Uma das formas de identificar e caracterizar as centralidades de um município é através da análise do estoque imobiliário. Assim as centralidades do Rio de Janeiro foram mapeadas e caracterizadas através da análise dos dados do estoque (informações relativas ao Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU) e das transações imobiliárias (informações relativas ao Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI). O cadastro do IPTU e do ITBI da Prefeitura divide os imóveis do Rio de Janeiro em três utilizações: residencial, não residencial e territorial. Para cada utilização existem diversas tipologias. Aqui as análises serão feitas com base nas informações das tipologias “sala” e “loja” não residenciais. Estas tipologias foram escolhidas devido ao peso que representam no estoque imobiliário total (ver Tabela 06). Além disso, o uso “não residencial” tende a ser bastante concentrado, indicando as centralidades da cidade. De acordo com o estoque do IPTU de 2008 a tipologia loja representa 32% do total de unidades não residenciais da cidade, enquanto a tipologia sala detêm quase 40%. Tabela 07. Distribuição das tipologias não residenciais – IPTU (2008) Tipologias Não Residenciais Total de Unidades Tipologia Loja Tipologia Sala Outras Tipologias Nº Unidades 210.125 67.377 83.949 58.799 % de Unidades 100,00 32,07 39,95 27,98 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. O mapa apresentado a seguir representa a denisdade construída não residencial bruta por bairro, segundo dados do cadastro do IPTU de 2008. O Centro possui grande destaque, sendo o único bairro da cidade que se encontra na faixa de mais de 10.000 m² construídos por hectare. Importante destacar que a superioridade do Centro em relação ao restante da cidade é ainda maior já que nenhum outro bairro se encontra na categoria seguinte (entre 5.000 e 10.000 m²/ha). Em seguida a categoria de 2.000 a 5.000 m²/ha destaca algumas 60 centralidades da cidade, enquanto que a maior parte do município se enquadra na faixa de até 2.000 m²/ha. Interessante notar que a Barra da Tijuca, apesar de intensa produção imobiliária, apresenta baixa densidade não residencial, fato este que se deve às generosas dimensões de seu território. Mapa 12. Densidade construída não residencial bruta por bairro Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. A tipologia “sala não residencial” merece destaque devido a grande concentração de unidades no bairro Centro (43% do total da cidade). A Barra da Tijuca aparece como segundo bairro em relação ao estoque, contudo a diferença do número de unidades em relação ao Centro é bastante significativa. Os dois bairros juntos reúnem mais de 50% do total de unidades da cidade, e 14 bairros totalizam 80%. 61 Tabela 08. Unidades de salas não residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 80% do total) Bairro Total de Unidades % do Total de Unidades % Acumulado Centro 36.691 43,71 43,71 Barra da Tijuca 7.470 8,90 52,60 Copacabana 5.800 6,91 59,51 Tijuca 3.455 4,12 63,63 Ipanema 2.274 2,71 66,34 Meier 2.008 2,39 68,73 Botafogo 1.728 2,06 70,79 Campo Grande 1.506 1,79 72,58 Madureira 1.350 1,61 74,19 Recreio dos Bandeirantes 1.178 1,40 75,59 Taquara 1.078 1,28 76,88 Leblon 1.063 1,27 78,14 Flamengo 989 1,18 79,32 Bonsucesso 943 1,12 80,45 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Com os dados das transações imobiliárias de salas não residenciais realizadas no período de 1997 a 2007 é possível confirmar o peso do Centro, que concentra 45% das transações da cidade – valor equivalente à sua participação no estoque. A Barra vem logo em seguida, com 14% das transações – valor mais expressivo do que sua participação no estoque, o que pode indicar a grande centralidade do bairro. É importante observar que apenas nove bairros da cidade concentram 80% das transações da tipologia analisada. Cabe lembrar que o crescimento da Barra da Tijuca se deu nos últimos dez anos, então seu estoque está muito relacionado a novas unidades lançadas no mercado enquanto o Centro 62 apresenta um estoque mais antigo e sua rotatividade está relacionada a imóveis usados, basicamente. Figura 12. Avenida das Américas, na Barra da Tijuca Fonte: Google Maps, 2012. Tabela 09. Transações de salas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007 (bairros que totalizam 80% do total) Total de Transações % do Total de 97/07* Transações 97/07 Centro 13.619 45,76 45,76 Barra Da Tijuca 4.206 14,13 59,90 Copacabana 2.189 7,36 67,25 Tijuca 1.117 3,75 71,00 Ipanema 642 2,16 73,16 Méier 567 1,91 75,07 Flamengo 552 1,85 76,92 Recreio dos Bandeirantes 511 1,72 78,64 Botafogo 494 1,66 80,30 Bairro % Acumulado Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. * Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel. 63 O mapa a seguir ilustra as informações da tabela anterior. Mapa 13. Bairros que concentram 80% do total das transações da tipologia sala não residencial no período de 1997 a 2007 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Figura 13. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em Copacabana Fonte: Google Maps, 2012. 64 A concentração do mercado de salas não residenciais é também expressiva por ruas. Foram somente 19 logradouros que concentraram 50% das transações realizadas no período. A Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, foi o local da cidade onde houve o maior número de transações. Destaque também deve ser dado ao Centro, já que 12 das 19 ruas destacadas estão localizadas no bairro e totalizam 27% das transações do município. Tabela 10. Transações de salas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (logradouros que totalizam 50% do total) Total de Transações % do Total de 97/07* Transações 97/07 Av. das Américas 3.297 11,08 11,08 Av. Rio Branco 2.253 7,57 18,65 Av. Presidente Vargas 1.465 4,92 23,57 Av. Nossa Sra. de 1.108 3,72 27,30 Av. Nilo Peçanha 745 2,50 29,80 R. Conde de Bonfim 654 2,20 32,00 Av. Almirante Barroso 651 2,19 34,18 R. Visconde de Pirajá 602 2,02 36,21 R. Senador Dantas 553 1,86 38,06 R. da Assembléia 481 1,62 39,68 Av. Ayrton Senna 438 1,47 41,15 Av. Treze de Maio 387 1,30 42,45 R. da Quitanda 378 1,27 43,72 R. do Ouvidor 339 1,14 44,86 Etr. do Galeão 329 1,11 45,97 R. Sete de Setembro 325 1,09 47,06 Av. Ataulfo de Paiva 305 1,02 48,08 R. Visconde de Inhaúma 301 1,01 49,10 R. México 293 0,98 50,08 Logradouro % Acumulado Copacabana Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. * Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel. 65 Figura 14. Avenida Visconde de Pirajá, em Ipanema Fonte: Google Maps, 2012. A distribuição do estoque de “lojas não residenciais” se dá de maneira mais uniforme na cidade do que as salas. São 19 bairros que concentram 50% do estoque do município. O Centro aparece em primeiro lugar, com 7% das unidades, e é seguido por outras centralidades tradicionais, como Copacabana (5,3%), Campo Grande (4,4%), Tijuca (4,0%) e Madureira (3,5%). A Barra da Tijuca ainda possui menor quantidade de unidades da tiplogia loja do que os bairros tradicionais (3,0% do estoque). 66 Tabela 11. Unidades de lojas não residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 50% do total) Bairro Total de Unidades % do Total de Unidades % Acumulado Centro 4.837 7,18 7,18 Copacabana 3.591 5,33 12,51 Campo Grande 2.998 4,45 16,96 Tijuca 2.716 4,03 20,99 Madureira 2.365 3,51 24,50 Barra Da Tijuca 2.030 3,01 27,51 Ipanema 1.729 2,57 30,08 Botafogo 1.572 2,33 32,41 Bangu 1.451 2,15 34,57 Penha Circular 1.352 2,01 36,57 Meier 1.301 1,93 38,50 Taquara 1.168 1,73 40,24 Penha 1.158 1,72 41,95 Realengo 1.080 1,60 43,56 Sao Cristovao 967 1,44 44,99 Bonsucesso 943 1,40 46,39 Olaria 933 1,38 47,78 Vila Isabel 907 1,35 49,12 Leblon 889 1,32 50,44 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Na análise das transações de lojas não residenciais entre 1997 e 2007, a Barra da Tijuca confirma seu peso com inúmeros lançamentos imobiliários e concentra 12% do total de observações da cidade enquanto o Centro fica em segundo lugar, com 8,74%. Totalizam 50% das transações 10 bairros da cidade. 67 Figura 15. Avenida Cesário de Melo, em Campo Grande Fonte: Google Maps, 2012. Tabela 12. Transações de lojas não residenciais por bairro no período de 1997 a 2007 (bairros que totalizam 50% do total) Total de Transações % do Total de 97/07* Transações 97/07 Barra da Tijuca 1.446 12,17 12,17 Centro 1.038 8,74 20,91 Copacabana 834 7,02 27,94 Tijuca 716 6,03 33,96 Ipanema 446 3,76 37,72 Madureira 442 3,72 41,44 Botafogo 361 3,04 44,48 Campo Grande 318 2,68 47,16 Benfica 222 1,87 49,03 Leblon 215 1,81 50,84 Bairro % Acumulado Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. * Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel. O mapa a seguir ilustra as informações da tabela acima. 68 Mapa 14. Bairros que concentram 50% das transações da tipologia loja não residencial no período 1997 -2007 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. O Centro, apesar de concentrar significativo percentual das transações de lojas da cidade, não teve nenhuma de suas ruas entre as dez primeiras que concentram 25% do estoque total. A Barra da Tijuca reafirma sua centralidade e a Avenida das Américas, principal rua do bairro, aparece em primeiro lugar com 9% do total de transações. 69 Figura 16. Rua Conde de Bonfim, na Tijuca Fonte: Google Maps, 2012. Tabela 13. Transações de lojas não residenciais por logradouro no período de 1997 a 2007 (relação dos 10 logradouros que tiveram mais transações) Total de Transações % do Total de 97/07* Transações 97/07 Av. das Américas 1115 9,39 9,39 R. Visconde de Pirajá 362 3,05 12,44 R. Conde de Bonfim 268 2,26 14,69 225 1,89 16,59 R. Capitão Felix 173 1,46 18,04 Etr. do Portela 172 1,45 19,49 R. Barata Ribeiro 142 1,20 20,69 Av. Dom Helder Camara 141 1,19 21,87 R. Siqueira Campos 141 1,19 23,06 R. Barão de Mesquita 123 1,04 24,10 Logradouro Av. Nossa Sra. de Copacabana % Acumulado Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. * Só foram consideradas as transações que envolvem 100% do imóvel. 70 Figura 17. Rua Ministro Edgard Romero, em Madureira Fonte: Google Maps, 2012. Os dados apresentados reafirmam o peso do Centro na cidade, assim como permitem identificar a Barra da Tijuca como o único bairro que se aproxima (e algumas vezes até supera) do Centro em relação a número de unidades e de transações das tipologias sala e loja. Estes dois bairros são as centralidades mais importantes da cidade, sendo que o Centro se configura também como centralidade da Região Metropolitana. 71 CAPÍTULO 3 | A VIRADA A revitalização urbana das áreas centrais é uma forma de retomada econômica encontrada por muitas metrópoles atingidas pelo crescente processo de descentralização. A revitalização torna-se um meio de atrair capital e pessoas através da ressignificação dos espaços públicos, tornando as cidades convidativas do ponto de vista turístico e comercial. Após um período de esvaziamento populacional, econômico e financeiro o Centro do Rio de Janeiro passa por um momento de virada, marcado pela revitalização. O processo de resgate da importância do Centro carioca se dá de forma mais intensa a partir do ano 2000, aproximadamente, e está associado à tentativa de recuperação do Centro como a centralidade dos negócios da cidade e ainda ao estímulo ao uso residencial e às atividades culturais aproveitando a infraestrutura disponível. 3.1 Lugar de trocas, transações e trabalho Os dados relativos às transações imobiliárias não residenciais apresentados no capítulo 2.2 Os outros centros demonstram a robustez econômica (quantidade de salas e lojas) que o Centro possui, assim como a dinâmica imobiliária (transações) com uma alta rotatividade e demanda do estoque de salas e lojas. São inúmeros prédios de mais de 20 andares (podendo chegar aos 40) ocupados por empresas dos mais variados segmentos e farto comércio e serviços nas lojas ou galerias de rua. Dois edifícios emblemáticos na Avenida Rio Branco são apresentados na Figura 18 a seguir: o Edifício Avenida Central, no largo da Carioca, é um dos maiores centros comerciais de informática do Brasil, e o Edifício RB1, próximo à Praça Mauá, apresenta alto padrão construtivo e tecnológico e concentra sedes de importantes empresas. O Complexo RB1 é um moderno e sofisticado Centro Empresarial (...). Estrategicamente localizado no mais nobre endereço do Centro da Cidade, a Avenida Rio Branco, próximo às principais vias de acesso as Zona Norte e Sul da 72 Cidade e aos Aeroportos, o complexo RB1 é um verdadeiro referencial predial na Cidade e no País. (...) O RB1 possui o conceito de edifício inteligente, que consiste no conjunto de tecnologias que proporcionam segurança, controle de equipamentos, eficiência, comodidade, redução de custos e flexibilidade na alteração arquitetônica. (...) Composto por pavimento térreo, lojas, 08 pavimentos de garagem, 01 pavimento de convenções e 18 pavimentos de escritórios. Com funcionamento 24 horas, inclusive sábados, domingos e feriados, é dotado, de segurança, recepção, controle de acesso informatizado, brigada de incêndio, serviço de estacionamento, dentre outros sistemas, além de moderno sistema de automação predial permitindo controle dos processos de energia, iluminação, reservatórios e refrigeração, entre outros. (Fonte: http://www.rb1.com.br) Figura 18. Edifícios Avenida Central e RB1 Fonte: http://www.skyscrapercity.com A região do Centro concentra quase 403 empresas de grande porte do total de 1.699 existentes no município do Rio de Janeiro. Em relação às microempresas o Centro concentra 19% do total do município e ainda 16% considerando todos os portes e setores do cadastro do SEBRAE. 73 Tabela 14. Número de estabelecimentos por porte e setor na Região Administrativa Centro e no Município do Rio de Janeiro Fonte: SEBRAE/RJ. Informações sócio-econômicas. A Petrobras, assim como outras grandes empresas, tem sede no Centro do Rio de Janeiro: a Agência Nacional de Petróleo (ANP), BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Companhia Vale do Rio Doce, Eletrobras, dentre outras. Figura 19. Avenida Chile – concentração de “empresas âncora” Fonte: Google Maps, 2012. Há cerca de um ano a sede do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, foi transferida para o Edifício Francisco Serrador, na Cinelândia. O prédio, da década de 1940, passou por recentes transformações através de obras de retrofit cujo investimento é da ordem dos R$ 50 74 milhões. O empreendimento foi viabilizado com a construção da garagem subterrânea Mahatma Gandhi, na praça de mesmo nome, já que a edificação não possui estacionamento. Figura 20. Edifício Francisco Serrador Fonte: Google Maps, 2012. O Grupo EBX atua no Brasil e no exterior e possui companhias em seis diferentes áreas: petróleo (OGX), energia (MPX), logística (LLX), mineração (MMX), indústria naval offshore (OSX) e mineração de carvão (CCX). Além disso, o Grupo tem diversificado os investimentos, direcionando-os também para os setores imobiliário (REX), de entretenimento e esportes (IMX), dentre outros. A importância do Grupo se dá pelos vultuosos investimentos – a perspectiva é que nos próximos dez anos sejam investidos US$ 50 bilhões na operação e construção de diversos empreendimentos4. A oferta de acomodações em hotéis no Centro tem crescido nos últimos anos, inclusive com a presença de grandes redes como Ibis, Novotel, Formule 1 e Windsor5. Este crescimento está associado às novas (e crescentes) demandas de negócios gerados no próprio Centro. Além do turismo de negócios, o turismo de lazer vem ganhando força devido à oferta de 4 5 http://www.ebx.com.br Para maiores informações sobre instituções hotéis instalados no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006. 75 atrativos no Centro e adjacências, inclusive em relação à infraestrutura disponível. Teatros, cinemas, livrarias, museus, centros culturais, feiras ao ar livre, bares e restaurantes podem ser facilmente encontrados. Nas redondezas é possível encontrar quadras de esporte, ciclovia, jardins, monumentos e uma grande área livre de lazer nos domingos e feriados no Aterro do Flamengo, e a partir dele acessar a zona sul, com toda sua oferta de lazer, serviços e compras. Figura 21. Windsor Guanabara, Formule 1, Ibis e Novotel, e Hotel Atlantico Business Fonte: Google Maps, 2012. Na perspectiva de aproveitar a infraestrutura ociosa nos finais de semana, assim como todos os atrativos que o Centro possui, além da expectativa dos mega eventos em 2014 e 2016, é possível que a oferta de hotéis venha a aumentar. 76 3.2 Lugar de aprendizado Vislumbrando o mercado de profissionais em atividade no Centro com desejo de melhorar sua qualificação profissional e crescimento no mercado de trabalho diversas instituições de ensino se instalaram no Centro do Rio6. São cursos técnicos e profissionalizantes, de ensino superior e pós-graduação – especialização e MBA, principalmente, e também mestrado e doutorado. A proximidade com os postos de trabalho e a oferta de aulas à noite e aos sábados tem atraído muitos alunos. Os cursos mais procurados são aqueles ligados ao setor de serviços, como administração, marketing, direito, entre outros. Vale destacar que a demanda por profissionais qualificados e a grande quantidade de postos de trabalho na área de óleo e gás fez com que os cursos ligados ao setor apresentassem rápido crescimento nos últimos anos. Figura 22. Faculdade Nacional de Direito – UFRJ e Universidade Cândido Mendes Fonte: Google Maps, 2012. 6 Para maiores informações sobre universidades instaladas no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006. 77 3.3 Lugar de transformações Após o anúncio, em 2008, da seleção do Rio de Janeiro como uma das cidades a sediar a Copa do Mundo de 2014 e, em 2009, a conquista dos Jogos Olímpicos de 2016, a cidade iniciou um período de grande boom imobiliário. A expectativa das melhorias a serem realizadas na cidade com os investimentos nos dois grandes eventos fez com que o preço dos imóveis atingisse as alturas, tanto para venda como para aluguel. A dinâmica imobiliária do Centro, que já vinha passando por um período de transformações nos útimos anos, ganhou maior intensidade. É visível a renovação da área, com demolição de antigas construções dando lugar a modernos edifícios, reforma e retrofit de prédios existentes, e construção de novas unidades nos últimos terrenos do bairro. Essas mudanças atingem tanto o setor de comércio e serviços (não residencial) como o residencial. O Mapa 15 apresenta a espacialização dos lançamentos imobiliários recentes7 classificados por utilização – residencial ou não residencial – e por tipo de intervenção – construção nova, retrofit ou reforma, no qual é possível analisar a dinâmica imobiliária configurada no território. Observa-se a expressividade de lançamentos não residenciais e a concentração de empreendimentos ao longo da Avenida Rio Branco e próximos ao Passeio Público. Além disso, dois empreendimentos merecem destaque devido ao seu porte: W Torre, em fase de construção, e Ventura Corporate Towers, recém inaugurado, são prédios comerciais novos de andares de escritório de alto padrão que serão ocupados em grande parte pela Petrobras. 7 Para maiores informações ver BELEM, 2008. 78 Mapa 15. Lançamentos imobiliários recentes Fonte: BELEM, 2008. O estoque antigo, a pouca disponibilidade de áreas livres e a legislação de preservação do patrimônio culminaram numa nova maneira de intervir nas edificações mais antigas do Centro: o chamado “retrofit”. O processo de retrofit consiste em “modernizar as edificações antigas dotando-as de novos materiais e tecnologias”8. Todo o “miolo” da edificação pode passar por transformações e há casos em que apenas a fachada ou a estrutura permanecem intactas. As intervenções internas podem incluir a redistribuição dos espaços, instalações modernas e infraestrutura adequada, como redes de dados, escadas de incêndio, saídas de emergência, reforço estrutural, sistema de ar condicionado, etc. 8 http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m101/operacao-plastica 79 Além de criar uma possibilidade de adaptação dos antigos prédios e casarões do Centro da cidade, que muitas vezes ficavam fora do mercado, os retrofits atendem a uma nova tendência: a mudança na configuração dos edifícios de numerosas e minúsculas salas por andares inteiros com layout de planta livre – a chamada “laje única”. Um bom retrofit pode criar uma atratividade jamais imaginada aos imóveis antigos como se encontravam no auge de sua deterioração. Outra vantagem deste tipo de intervenção é a economia no tempo e no custo da obra, que pode chegar a 50% se comparado à construção de uma edificação nova. Num caso bastante emblemático, a Torre Almirante (ocupada em grande parte pela Petrobras) possui como núcleo o Edifício Andorinhas, cujo incêndio na década de 1980 fez várias mortes que não ocorreriam hoje. O retrofit deste edifício foi concebido também com os padrões de um certificado internacional chamado “Triplo A”, que trata de questões como racionalização de energia, redução do consumo, dentre outras. O Edifício Andorinhas fica na Avenida Almirante Barroso, na esquina com Avenida Graça Aranha, e oferece um conjunto de escritórios de alto padrão para locação, com heliponto na cobertura e ainda dois prédios vizinhos que funcionam como edifício-garagem. São 36 andares com 1.200 m² cada. 80 Figura 23. Incêndio no Edifício Andorinhas e seu retrofit (Edifício Torre Almirante) Fontes: http://www.hpwtreinamentos.com/brigadas.htm e http://www.buildings.com.br/edificio/843-torrealmirante O antigo prédio da Esso também passou por retrofit, além de restauração e recuperação estrutural dos seus 11 andares e 11 mil m² para abrigar o IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais). 81 Figura 24. Retrofit do prédio do IBMEC (antiga sede da Esso) Fonte: http://www.lafem.com.br/img/fotos/img_ibmec.jpg A figura 25 a seguir apresenta a aparência geral dos edifícios Castelo e Nilomex, na Avenida Nilo Peçanha, após o retrofit. As quarenta salas de 30 m² por pavimento foram substituídas por pavimentos de 1.750 m² de escritório. As fachadas e galerias dos dois edifícios são tombadas. Já o Edifício Mozart, conhecido como “Amarelinho”, fica na Cinelândia e foi um dos primeiros a passar por este tipo de intervenção. 82 Figura 25. Retrofit dos Edifícios Castelo e Nilomex e Amarelinho (Edifício Mozart) Fonte: http://www.skyscrapercity.com Além dos retrofits, o Centro vem assistindo, nos últimos anos, a ocupação de algumas áreas ociosas ou requalificadas por novos empreendimentos. A retomada do desenvolvimento econômico do Rio vem se refletindo na construção de novos edifícios empresariais e sedes de empresas, especialmente no Centro e na Cidade Nova. (JANOT, 2011) 3.4 Lugar de preservação, conservação e história A preocupação com a preservação do patrimônio histórico e arquitetônico do Centro vem sendo acentuada desde a aprovação da Lei no 506 de 1984, que cria a Zona Especial do Corredor Cultural e tenta conscientizar os técnicos municipais e a população da sua importância. 83 No entanto é somente no final dos anos 1990 que se consolida o processo de revalorização do centro histórico do Rio de Janeiro. (...) utilizando-se de ações físico-urbanísticas e de “ordenação urbana” buscou-se potencializar os equipamentos existentes visando uma “reversão” econômica, e estimular a valorização urbanística voltada para o turismo, o lazer e a “volta” das camadas médias e altas na utilização dos equipamentos do Centro. (SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes; SANTOS, Felipe Mello, 2002, p. 6 ) Figura 26. Casario na Rua Sete de Setembro e contraste de gerações e estilos na Cinelândia Fonte: http://static.panoramio.com/photos/original/11304610.jpg e http://www.skyscrapercity.com Hoje o Centro apresenta grande parte de seu território inserido em Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (APACs), além do próprio Corredor Cultural, que funciona de maneira semelhante. Além disso, existe um considerável número de imóveis tutelados, preservados ou tombados. 84 Mapa 16. Legislação de proteção e preservação do patrimônio Fonte: BELEM, 2008. Na perspectiva da preservação foram criados programas públicos e privados com objetivo de revitalizar e reabilitar os centros históricos. O programa Novas Alternativas, financiado pela Caixa Econômica Federal, é um exemplo do estímulo ao aproveitamento do casario existente para o uso residencial. O patrimônio histórico/arquitetônico/cultural possui importância fundamental no processo de revitalização do Centro do Rio de Janeiro já que é capaz de provocar a retomada das atividades econômicas, estimula o uso residencial, torna a área atrativa do ponto de vista turístico e cultural e se reafirma como um dos ícones da cidade. Com uma grande quantidade de equipamentos culturais e prédios históricos o Centro atrai moradores, visitantes e turistas durante o ano inteiro. São diversos centros culturais, 85 museus, bibliotecas, igrejas, teatros e cinemas distribuídos por diversos pontos do bairro9. Muitos destes equipamentos oferecem programações gratuitas ou ingressos a preços acessíveis. Figura 27. Centro Cultural Banco do Brasil e Teatro Municipal Fonte: Google Maps, 2012. O mapa turístico do Centro do Rio de Janeiro, disponível no site Armazém de Dados10, identifica os principais equipamentos culturais da área. É possível perceber a concentração destes equipamentos em dois eixos distintos: Candelária-Praça XV e Castelo-Lapa. 9 Para maiores informações sobre equipamentos culturais instalados no Centro ver RABHA, Nina Maria de Carvalho Elias. Centro do Rio: perdas e ganhos na história carioca. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2006. 10 http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/ 86 Mapa 17. Equipamentos turísticos e culturais no Centro Fonte: Armazém de Dados 3.5 Lugar de uso público Recentes iniciativas públicas possibilitaram uma diferente forma de apropriação dos espaços públicos no Centro. Com a reurbanização da rua do Lavradio, por exemplo, uma feira de antiguidades toma conta da rua aos finais de semana trazendo agitação, diversidade social, e aquecimento da economia local. 87 Figura 28. Catedral Metropolitana e feira na Rua do Lavradio Fonte: http://flickr.com/photos/stephaner/2226659952/sizes/l/in/photostream/ e http://static.panoramio.com/photos/original/10500709.jpg Já um grupo de empresários do segmento de cultura e gastronomia criou uma associação privada chamada Pólo Praça XV que promove o evento gratuito Mercado Cultural na rua do Mercado e adjacências no segundo sábado de cada mês e tem como objetivo promover o centro histórico do Rio de Janeiro. O Pólo Praça XV se insere no processo de revitalização do Centro Histórico do Rio de Janeiro e configura-se como um importante instrumento de desenvolvimento econômico e social das empresas, instituições e negócios aqui localizados. Seu principal objetivo é aumentar a competitividade das empresas da região da Praça XV e adjacências a partir da melhoria da produtividade, da atratividade local e da sustentabilidade, através da organização associativa dos empreendimentos da região. (http://mercadocultural2008.blogspot.com/) Na última gestão do prefeito César Maia (2005-2008) quatro decretos foram criados visando valorizar e sacramentar áreas públicas do Centro que possuem grande apropriação pelos usuários – seja pelo uso cultural, gastronômico ou de lazer. 88 Tabela 15. Polos e quarteirões culturais Norma Descrição Decreto nº 26.200 de 27/01/06 Cria o Pólo Cultural e Gastronômico do Novo Rio Antigo Decreto nº 26.201 de 27/01/06 Cria o Pólo Histórico, Cultural e Gastronômico da Praça XV Decreto nº 28.681 de 2007 Dispõe acerca do "Quarteirão Cultural da Rua do Lavradio" na forma que menciona e dá outras providências Decreto nº 29.542 de 04/07/2008 Declara como "Quarteirão Cultural e Gastronômico do Arco do Teles" a área que menciona e dá outras providências O Centro possui muitas praças, parques e áreas verdes de lazer distribuídos por todo seu território (ver mapa 18). Estas áreas passam quase que desapercebidas pelos que transitam e trabalham no Centro nos deslocamentos diários. No entanto, nos finais de semana estes locais são intensamente utilizados para atividades de recreação, lazer e contemplação. A maioria dos frequentadores destes espaços vem de outras regiões da cidade. Figura 29. Áreas verdes no Centro Campo de Santana, à esquerda, e Praça Cardeal Câmara (Lapa), Passeio Público, Praça Mahatma Gandhi, Praça Paris e Paque do Flamengo, à direita Fonte: Google Maps, 2012. 89 Mapa 18. Praças, parques e áreas verdes Fonte: BELEM, 2008. A Lapa perdeu o estigma de lugar degradado que marcou sua história até a década de 1990 e hoje é uma das principais referências de área de lazer, tanto da população como dos turistas. A reurbanização da Rua do Lavradio, a construção do Circo Voador e a criação da Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) dos Arcos da Lapa e, mais recentemente, o fechamento de algumas vias para priorizar a circulação de pedestres nos finais de semana à noite, certamente contribuem com esta transformação. 90 Hoje diversos estabelecimentos de diversão noturna como bares, restaurantes, casas de shows e centros culturais funcionam “a pleno vapor” e existem estimativas de que cerca de 50.000 pessoas frequentem a Lapa nas noites de sexta-feira11. Figura 30. Diversão noturna na Lapa Fontes: http://www.pontape.com.br/blog/index.php/lapa-carioca/ e http://www.flickr.com/photos/selusava/5258380670/ 3.6 Lugar de moradia O Centro reúne diversos serviços urbanos: existem redes de infraestrutura implantadas (água, esgoto, drenagem, iluminação e coleta de resíduos sólidos), boa acessbilidade (ônibus, barca, trem e metrô), grande quantidade de equipamentos públicos (escolas, hospitais, etc), concentração de comércio, e ainda muitas opções de lazer. A grande quantidade de áreas de lazer no bairro reafirma seu potencial de ocupação residencial, que parece estar “subutilizado”. Além disso, ao aproveitar a infraestrutura disponível no Centro seriam evitados os novos vetores de expansão da cidade para locais desprovidos de serviços urbanos básicos. 11 Ver VAZ, Lilian Fessler; JACQUES, Paola Berenstein. Territórios Culturais na Cidade do Rio de Janeiro. In: Corpos e Cenários urbanos: territórios urbanos e políticas culturais. Salvador: EDUFBA; PPG-AU/FAUFBA, 2006, p. 80. 91 Nesse panorama programas recentes buscam revitalizar o Centro através do resgate da função habitacional. Os programas públicos, especialmente federais e municipais, são implementados também muito recentemente, e de início foram direcionados especificamente para a recuperação de cortiços. O Programa Novas Alternativas, da prefeitura do Rio, com financiamento da Caixa Econômica Federal, expressa essas novas preocupações, centradas sobretudo na idéia de que a reabilitação e “reconstrução” (em alguns casos) será forte fator de estímulo aos demais agentes (privados) para uma ação de revitalização. (SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes; SANTOS, Felipe Mello. 2002, p. 7.) Esta tendência de trazer a moradia de volta ao Centro ocorre também em outras grandes cidades e é benéfica à própria dinâmica do bairro, aos usuários e moradores. “(...) o estímulo à moradia nos centros de cidade, implica no estímulo à uma ocupação cuja dinâmica potencializa o espaço urbano e o seu movimento, trazendo a mistura e a diversidade tão importantes para a boa qualidade de uma cidade.” (SILVA, M. L. P.; VASCONCELLOS, Lélia Mendes de; BRILHANTE, Ronaldo de Moraes; SANTOS, Felipe Mello. 2002.) Devido às qualidades que possui o Centro demonstra potencial para atender às demandas não apenas das classes mais populares, como também da classe média. Nos últimos anos os agentes imobiliários começaram vislumbrar as possibilidades da área e foram lançados dois empreendimentos residenciais na Lapa, o Cores da Lapa e o Viva Lapa. “(…) talvez a revitalização do Centro do Rio de Janeiro possa atrair população de faixas de renda média, como atestado no lançamento do empreendimento Cores da Lapa cuja venda das unidades esgotou-se em poucas horas, conforme veiculado pela imprensa, além dos inúmeros bares e restaurantes com música ao vivo.” (NACIF, 2007, p. 86 e 87.) O empreendimento Cores da Lapa é um condomínio de edifícios de apartamentos construído num terreno de 12 mil m² de uma antiga fábrica na rua do Riachuelo e possui seis 92 torres que totalizam 688 unidades residenciais. Já o Viva Lapa é um retrofit de um antigo hotel na Avenida Gomes Freire que transformou o prédio em um residencial com serviços. Figura 31. Cores da Lapa e Viva Lapa Viva Lapa Cores da Lapa Fonte: Google Maps, 2012. Esses dois lançamentos recentes reacenderam a discussão do Centro como local também de moradia. A aprovação da Lei no 2.236 em 1994, que considera o uso residencial adequado em toda a AEIU Centro, e ainda de vários decretos que tentam estimular este uso através da 93 flexibilização da legislação, até então não tinham surtido efeitos significativos – o Centro mantém até hoje sua característica de área predominantemente comercial. É importante destacar apenas que, apesar do esvaziamento nas décadas passadas, o Centro não perdeu totalmente a função residencial. A análise do número de apartamentos na cidade que constam no cadastro do IPTU de 2008 ilustra o que foi dito. Tabela 16. Unidades de apartamentos residenciais por bairro em 2008 (bairros que totalizam 50% do total) Bairro Total de Unidades % do Total de Unidades % Acumulado Copacabana 72.182 9,61 9,61 Tijuca 52.614 7,01 16,62 Barra da Tijuca 42.396 5,64 22,26 Botafogo 33.048 4,40 26,66 Flamengo 24.266 3,23 29,89 Vila Isabel 21.573 2,87 32,76 Leblon 20.564 2,74 35,50 Ipanema 20.307 2,70 38,21 Laranjeiras 18.118 2,41 40,62 Centro 17.718 2,36 42,98 Recreio dos Bandeirantes 17.316 2,31 45,28 Méier 15.280 2,03 47,32 Freguesia (Jacarepaguá) 12.095 1,61 48,93 Grajaú 10.973 1,46 50,39 Fonte: IBAM. Serviços de Apoio à Elaboração de Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano Geral de Revitalização da Região Central do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Os apartamentos residenciais estão concentrados em 14 bairros da cidade, o que representa 50% do estoque. No ranking da cidade, o Centro ocupa a décima posição em número de unidades, sendo que o estoque do Centro é próximo ao de Laranjeiras e Recreio dos Bandeirantes, o que surpreende já que estes são bairros conhecidos pelo uso residencial. Ou 94 seja, apesar do esvaziamento populacional, o Centro manteve considerável número de residências. As “subáreas” da Lapa, Cruz Vermelha e Bairro de Fátima são as que concentram o maior número de moradias. 95 CAPÍTULO 4 | A PROSPERIDADE DO PETRÓLEO 4.1 A economia fluminense e a Petrobras O setor de óleo e gás12 pode ser considerado como um dos grandes responsáveis pela retomada da economia fluminense, após a crise dos anos 1980 e 1990, e pela revitalização do Centro do Rio de Janeiro a partir do início do século XXI. A presença da Petrobras está fortemente vinculada a este processo. (...) em sua trajetória a empresa vem sendo a grande incentivadora da criação da indústria de base e também da indústria pesada nacional – os maiores segmentos geradores de mão-de-obra, na construção de refinarias, em plantas petroquímicas, na indústria naval – com a construção de navios e plataformas – e na fabricação de dutos. Pode-se afirmar, sem risco de erro, que em todo o desenvolvimento industrial do país, bem como em seu aprimoramento, a Petrobras teve papel de relevo. Um outro aspecto a ser destacado é a contribuição que a empresa presta a orçamentos de Estados e Municípios, além da própria União, com o pagamento de impostos, taxas contribuições sociais e royalties pela produção e comercialização de seus produtos. A Petrobras é, de longe, o maior contribuinte fiscal do Brasil. (DUTRA, 2003) A Petrobras foi fundada por Getúlio Vargas em 1953, fruto de uma campanha popular iniciada em 1946 – cujo slogan “o petróleo é nosso” até hoje é utilizado em campanhas políticas –, e visava à independência econômica do país. A empresa iniciou as atividades em 1954, quando sua produção correspondia a 1,7% do consumo nacional. Hoje a produção de petróleo e derivados da Petrobras representa 54% do consumo de energia do país. 12 Refere-se ao segmento de petróleo e seus derivados e gás natural. O artigo 6° da Lei 9.478 de 1997 estabelece as seguintes definições: “I - Petróleo: todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado; II - Gás Natural ou Gás: todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros; III - Derivados de Petróleo: produtos decorrentes da transformação do petróleo (…)” 96 Em 1961 foi construída em Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a primeira refinaria da empresa, a REDUC – Refinaria de Duque de Caxias, que garantiria, no mesmo ano, a autossuficiência na produção dos principais derivados. Ela tem aproximadamente 13 km² e é responsável por cerca de 1,2 bilhões de reais por ano em impostos pagos ao governo. Produz óleos básicos para lubrificantes, diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo combustível, aguarrás entre outros. (http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/nossa-historia/) Criado em 1968, o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello – Cenpes – foi instalado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, em 1973 com o objetivo de realizar pesquisas tecnológicas que permitissem o avanço da exploração e produção de petróleo e seus derivados. O Cenpes, que hoje é considerado o maior centro de pesquisas da América Latina, passou por obras de expansão das instalações em 2010 que incluíram conceitos de ecoeficiência e sustentabilidade. Figura 32. Cenpes I e II Fontes: http://mesquita.blog.br/%E2%80%98ilha-do-petroleo%E2%80%99-no-rio-pode-ser-o-maior-centrode-pesquisa-do-mundo e http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/10/page/2/ Com a ampliação, o complexo na Ilha do Fundão ocupará mais 300 mil m². Serão diversos laboratórios destinados a atender as demandas tecnológicas das áreas de negócio da Petrobras, com destaque para os laboratórios de biotecnologia, meio ambiente, gás e energia. A ampliação também contará com laboratórios para atender exclusivamente as demandas do pré-sal. 97 A ampliação do Cenpes é parte de uma estratégia da Petrobras para ampliação da capacidade experimental do parque tecnológico brasileiro. (PORTAL BRASIL, 2010) Em 1969 foi inciada a obra de construção do Edifício Sede da Petrobras – Edifício Edise, situado no n° 65 da Avenida Chile. A construção, finalizada em 1971, envolveu cerca de 1.500 operários e fazia parte das intervenções do “milagre econômico” realizadas pelo governo militar. Figura 33. Início das obras de construção do Edise Fonte: Acervo Arnaldo Schunk. Disponível em: http://memoria.petrobras.com.br/acervo/inicia-obras-doedificio-sede-da-petrobras-edise#.UGh8w02x9sA Com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a taxas superiores a 10% ao ano, estimulando o consumo de derivados de petróleo, em 1971 foi criada a subsidiária Petrobras Distribuidora que, a partir de 1975 passou a ocupar posição de liderança no segmento de distribuição de derivados. Ainda no começo dos anos 1970 o preço internacional do barril de petróleo sofreu significativo aumento pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), provocando o “Choque do Petróleo”. Para conter a crise o governo brasileiro adotou 98 algumas medidas, como a redução do consumo de derivados, aumento da oferta interna de petróleo, incentivo ao uso do álcool como combustível de automóveis e a criação do Programa Nacional do Álcool. Nesse período foi incentivado o aumento da exploração no mar e a produção. Com o aumento da produção de petróleo, o Brasil precisou importar menos, já que os preços estavam muito elevados, e conseguiu aumentar suas reservas, aumentando a exportação. Se, por um lado, o setor de construção pesada começava a ser afetado pela contenção dos investimentos públicos, por causa dos sucessivos aumentos nos preços do petróleo importado desde 1973, por outro, a dependência do combustível externo levava o governo brasileiro a investir maciçamente na prospecção e exploração interna, autorizando inclusive contratos de risco com empresas estrangeiras. Entre 1975 e 1976, a Odebrecht inicia as sondagens nos campos de Vaza-Barris, em Sergipe, Garoupa e Pargo, na bacia de Campos (RJ), onde se anunciara a descoberta de petróleo em 1974. (Fonte: http://www.odebrechtonline.com.br/materias/00201-00300/248/) Em 1974 foi descoberta a Bacia de Campos, que abrangia desde a costa norte do estado do Rio até o sul do Espírito Santo, com 100 mil km². A exploração comercial teve início em 1977 com uma produção de 10 mil barris por dia, o que correspondia a 80% da produção do petróleo nacional. Além disso, desde a década de 1980 a Petrobras vem investindo na cultura brasileira através do patrocínio de diversos projetos culturais. O projeto “Seis e meia” mudou a rotina do carioca: diariamente haviam apresentações de Música Popular Brasileira no Teatro João Caetano, no Centro do Rio. Em 1984 ocorreu a descoberta do Campo de Albacora, na Bacia de Campos, que marcou o início da exploração em grandes profundidades. Com a necessidade de aumentar as reservas do país a Petrobras começa a desenvolver pesquisas para desenvolver tecnologias para exploração em águas profundas. Atualmente a Petrobras é líder mundial nessa área. 99 Em 1985 o Brasil já produzia metade do petróleo que consumia – em 1979 o percentual era de apenas 14%. Além disso, a descoberta de novos campos indicava novos horizontes exploratórios e a autossuficiência pelo volume das reservas. Em 1989 a Petrobras ocupou o Edifício Horta Barbosa (EDIHB), situado à rua General Cabarro, n° 500, no Maracanã, pela BR Distribuidora. A Emenda Constitucional n° 9, de 1995, quebra o monopólio estatal do petróleo e a Petrobras se torna uma das maiores empresas do mundo. Em 1997 é promulgada a Lei n° 9.478 que dispõe sobre a política energética nacional e as atividades relativas ao monopólio do petróleo, e ainda institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo (ANP)13. Hoje a Petrobras é a maior empresa do Brasil e a oitava do mundo em valor de mercado. Trata-se de uma empresa estatal de economia mista (sociedade anônima de capital aberto), cujo acionista majoritário é o governo brasileiro. Com a descoberta de petróleo e gás na região do pré-sal a perspectiva é que, em 2030, o Brasil se torne o 4° maior produtor de petróleo do mundo. Atualmente a Petrobras está presente em 28 países e a produção de petróleo no Brasil e no exterior é de mais de 2 milhões de barris diários. Seu Plano de Negócios prevê investimentos de 224 bilhões de dólares para o período 2010-2014.14 A Petrobras atua de forma integrada em diversas áreas: são atividades de exploração e produção, refino, comercialização, transporte e petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica. A empresa sempre foi marcada pelo alto padrão 13 Para maiores informações: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9478.htm 14 http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/ 100 tecnológico e já recebeu prêmios internacionais pelo desenvolvimento de pesquisas e tecnologias. Figura 34. Atividades desenvolvidas pela Petrobras Fonte: http://www.petrobras.com.br/pt/quem%2Dsomos/perfil/atividades/, acessado em 25/10/2011. As maiores bacias de reserva de petróleo do Brasil na camada do pós-sal estão no estado do Rio de Janeiro, na Bacia de Campos. O estado é responsável por 74% da produção nacional de petróleo e 38% do gás natural, sendo que a Petrobras responde por 89% da produção de petróleo no país e 96% da produção de gás natural.15 Os investimentos nesse setor são muito importantes também pelas indústrias, empresas prestadoras de serviços e centros de pesquisa e desenvolvimento que 15 Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural – Setembro 2011. Superintendência de Desenvolvimento e Produção – SDP. Novembro de 2011. 101 acompanham a indústria do petróleo. Todas essas atividades também tem procurado o Rio de Janeiro como local de suas operações. (BUENO, 2011, p.44). Figura 35. Brasil e estado do Rio de Janeiro – Principais operações da Petrobras Fonte: Montagem a partir de: http://www.petrobras.com.br/pt/quem%2Dsomos/principais%2Doperacoes/, acessado em 25/10/2011. A figura 35 apresenta a localização das principais operações desenvolvidas pela Petrobras no estado do Rio de Janeiro. São elas: 1. Bacia de Campos, que se estende de Arraial do Cabo (RJ) até Vitória (ES); 2. Refinaria Duque de Caxias (Reduc); 3. Terminal aquaviário de Angra dos Reis, que atende, além da REDUC, a refinaria de Gabriel Passos (MG); 4. Terminal de Volta Redonda, responsável pelo fornecimento de combustível para as companhias distribuidoras; 5. Terminal de Japeri, que abastece o Terminal de Volta Redonda; 6. Terminal Campos Elíseos, em Duque de Caxias, que recebe e armazena petróleo de Angra dos Reis, Macaé e da Ilha d’água, abastece a refinaria Gabriel Passos e monitora as operações do Oleoduto São Paulo – Rio de Janeiro; 102 7. Terminal aquaviário da Ilha Redonda, na Ilha do Governador, que é interligado por gasoduto à Reduc e realiza operações de cabotagem, importação e exportação de GLP, butadieno e propeno; 8. Terminal aquaviário da Ilha d’Água, realiza operações de cabotagem, importação e exportação de derivados de petróleo; 9. Terminal de Cabiúnas, em Macaé, recebe e armazena petróleo da Bacia de Campos pelo Oleoduto Cabiúnas – Barra do Furado e envia para o Terminal de Campos Elíseos pelo Oleoduto Cabiúnas – Duque de Caxias; 10. Termelétrica Barbosa Lima Sobrinho, em Seropédica, com capacidade instalada de 384 MW; 11. Termelétrica Governador Leonel Brizola, em Duque de Caxias, com capacidade instalada de 1.036 MW; 12. Termelétrica Mário Lago, em Macaé, com capacidade instalada de 922 MW. Em relação aos Gasodutos, encontram-se instalados pelo menos 17 trechos que ligam o Rio de Janeiro aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo e somam mais de 2,6 mil Km de extensão.16 Os municípios do estado do Rio conectados são: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Japeri, Volta Redonda e Macaé. 16 Fontes: http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/principais-operacoes/ e http://www.gasnet.com.br/novo_gasoduto/operacao.asp 103 Tabela 17. Gasodutos no Estado do Rio de Janeiro Nome Enchovão Gasbel Extensão 5 km 357 km Origem Destino Praia (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ) Refinaria Gabriel Passos (Betim/MG) Gasbel II 267 km Terminal Volta Redonda (RJ) São Brás do Suaçui (MG) Gascab I 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ) Gascab II 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ) Gascab III 67 km Barra do Furado (Macaé/RJ) Cabiúnas (Macaé/RJ) Gascar 453 km Campinas (SP) Japeri (RJ) Gascav 302 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Vitória (ES) Gasduc I 184 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ) Gasduc II 182 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ) Gasduc III 183 km Cabiúnas (Macaé/RJ) Anel Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ) Gasjap 45 km Japeri (RJ) Reduc (Duque de Caxias/RJ) Gaspal 325 km Estação Volta Redonda (RJ) Refinaria de Capuava (SP) Gasvol I 95 km Reduc (Duque de Caxias/RJ) Estação Volta Redonda (RJ) GNL - BGB 16 km Pier de GNL Rio de Janeiro Anel REDUC (Duque de Caxias/RJ) Ramal Campos 2,4 km Elíseos Ramal Trevol 5,5 km Anel REDUC (Duque de Anel Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ) Caxias/RJ) Estação Volta Redonda (RJ) Terminal Volta Redonda (RJ) Apesar da onda de privatizações, a Petrobras, junto com outras empresas federais presentes no estado, são importantes para a economia fluminense. (…) constatou-se que houve inequívoca redução do número de estatais federais e estaduais no ERJ de um lado, de outro se constatou que as empresas remanescentes (no estado), notadamente as federais, não são nem poucas nem inexpressivas. No que trata deste último aspecto, a simples presença de empresas do porte da Eletrobas, Furnas, Petrobras, Infraero, BNDES e Finep, principalmente, permitiu indicar o quanto estatais 104 devem importar para a economia fluminense. Anote-se adicionalmente que essas empresas, com exceção do BNDES, que pertence ao Setor Financeiro, todas as demais se inscrevem nos setores infra-estruturais, como os de energia elétrica (Eletrobras, Furnas), petróleo (Petrobras) e transportes (Infraero) e que neles, por suposto, as massas requeridas de capital são sempre vultosas e geram expressivos contingentes de empregos, diretos e indiretos. (NATAL, 2007, p. 76) Em relação às empresas estatais que imprimem peso econômico ao estado, NATAL (2007) ratifica: no caso do Setor de ‘Petróleo, Derivados e Gás Natural’ verifica-se que elas são muitas, posto que a referida Petrobras existe/atua em diversas áreas através de suas também diversas empresas (‘Petrobras Distribuidora SA’ e ‘Petrobras Comercializadora de Energia Ltda’), bem como em países os mais variados (‘Brasoil Oil Services Company Nigeria Limited’ e ‘Petrobras Colômbia’) (…). (NATAL, 2007, p. 85) A partir de todos esses dados nota-se a expressividade das atividades no estado. Atualmente, a Petrobras tem 55,3 mil funcionários contratados pela holding, sem contar os prestadores de serviços e terceirizados. Desse total, 35 mil estão lotados na região Sudeste, sendo que 80% ficam no Rio de Janeiro. (http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454). A Petrobras concentra grande parte de seus serviços em subsidíarias, outras empresas do grupo que atuam de forma conjunta, como a Transpetro, Petrobras Distribuidora, Petroquisa, Petrobras Biocombustível e Gaspetro 17. 17 Para maiores informações sobre a atuação das subsidiárias, consultar: http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/principais-subsidiarias/ 105 Figura 36. Sede da Petrobras Distribuidora Fonte: http://maps.google.com.br, acessado em 30/09/2012. Em relação apenas ao município do Rio de Janeiro, as atividades da Petrobras também atingem números expressivos. O Centro é o bairro que concentra a maioria das atividades da empresa na cidade, contando inclusive com uma universidade. Existem ainda instalações nos bairros Maracanã e Caju. O forte incremento das atividades da companhia, principalmente a partir de 2000, fez saltarem os investimentos - somente neste ano (2007) serão R$52 bilhões - e, conseqüentemente, o número de empregados. Em 2001, eram 32 mil no país, e hoje chegam a 50 mil. Metade desse pequeno exército está espalhada em dez prédios, entre próprios e alugados, no Centro e em áreas próximas. No Estado do Rio, a Petrobras tem 26.800 funcionários, sendo 25 mil na capital. (http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=4 07404) O levantamento das edificações que a Petrobras ocupa, parcial ou integralmente, no município do Rio está organizado na Tabela 18. São 15 prédios com mais de 31 mil colaboradores, sendo que 75% estão alocados no Centro. Sem contar com o Edifício Ventura, recém-construído na Avenida Chile, em frente ao Edise – o prédio, de alto padrão, teve alguns andares alugados pela estatal. 106 Tabela 18. Edifícios ocupados pela Petrobras no Rio de Janeiro Edifício Edifício Sede (Edise) Complexo do Caju Horta Barbosa (Edihb) Ano de ocupação 1972 1972 1989 Ouro Negro 2000 RB1 2001 Centro Empresarial Cidade Nova 2003 (TELEPORTO) Rio Metropolitan 2003 City Tower 2003 Torre Almirante (Edita) Sedan (Banco do Brasil) Edifício Sulacap 2005 2006 2007 Cidade Nova (Edicin) – Universidade Av. República do Chile, 65 - Centro Rua Carlos Seidl, 188 Caju Rua General Canabarro, 500 - Maracanã Rua Moraes e Silva, 40 Marcanã Av. Rio Branco, 1 - Centro Av. Presidente Vargas, 3131 - Centro Av. República do Chile, 500 - Centro Rua da Assembléia, 100 Centro Av. Almirante Barroso, 81 Centro Rua Senador Dantas, 105 Centro Rua da Alfândega, 41 Centro 2008 Rua Ulisses Guimarães, 2008 Av. Nilo Peçanha, 151 – Centro Av. Presidente Vargas, 328 Itaboraí - Centro Towers Ocupação 152.000 m² Integral 8.900 42.000 m² Integral 210 118.600 m² Integral 6.300 26.400 m² 8 pavimentos 1.010 6.500 m² 6 pavimentos 520 10.550 m² 6 pavimentos 900 13.200 m² 13 pavimentos 1.300 13.600 m² 21 pavimentos 1.350 62.000 m² Integral 4.100 6.700 m² 8 pavimentos 550 7.000 m² Integral 540 52.420 m² Integral 4.200 22.280 m² Integral 1.200 trabalho 565 – Centro Visconde de Ventura Corporate Postos de Área Rua Júlio do Carmo, 232 e Petrobras Castelo Endereço 2011 Avenida República do Chile, 330 - Centro Fonte: http://www.sindipetro.org.br/w3/index.php?option=com_content&task=view&id=162&Itemid=74 107 4.2 Óleo e gás no Centro Motivadas pelo aquecimento da economia fluminense, pela presença da Petrobras, a maior compradora de produtos e serviços no Brasil, e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a agência reguladora, diversas sedes de empresas e instituições ligadas ao setor estão instaladas no Centro do Rio, inclusive multinacionais. São prestadoras de serviço, detentoras de tecnologias, fornecedoras de matéria-prima e equipamentos atraídas pela possibilidade e oportunidade de negócios. Em relação à geração de empregos na indústria do petróleo, MOTA (2011) afirma que “foi possível observar uma ampliação do mercado de trabalho neste setor diante da flexibilização do monopólio em fins da década de 90.”(p. 306). Dessa forma observou-se maior presença de empresas multinacionais: “Após a abertura econômica, o setor tornou-se responsável por significativa entrada de indústrias estrangeiras no Brasil.” (MOTA, 2011, p. 306). A análise da publicação Cenários Petróleo & Gás - Anurário 2011, que inclui o Guia de Negócios Petróleo & Gás e reúne um banco de dados de cerca de 90% das empresas do setor no país, permitiu traçar o perfil da atuação do setor no município do Rio de Janeiro. O Guia divide o setor de petróleo em oito seções que por sua vez subdividem-se em segmentos e abrangem diversas áreas envolvidas na cadeia produtiva de petróleo, gás e seus derivados. As seções apresentadas18 são: a) Exploração & Produção: empresas com concessão de exploração e produção no país, seja como operador ou sócio, e empresas com atividade de E&P em outros países mas que tenham escritórios no país; b) Industrial: refinarias, empresas petroquímicas e outras unidades industriais; 18 Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011. 108 c) Distribuição: empresas distribuidoras de derivados líquidos, gás natural, GLP (gás liquefeito de petróleo ou gás de cozinha), GNC (gás natural comprimido) e GNL (gás natural liquefeito); d) Transporte: empresas transportadoras de derivados líquidos e gás; e) Produtos: fornecedores de produtos, equipamentos, bens e materiais; f) Serviços: prestadores de serviços; g) Organizações: empresariais, governamentais, câmaras de comércio e sindicatos patronais e de trabalhadores; h) Recursos Humanos: universidades, centros tecnológicos, organizações e empresas que oferecem cursos de formação e treinamento de mão de obra. Tabela 19. Empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro Seção Exploração & Produção Industrial Distribuição Transporte Produtos Serviços Organizações Recursos Humanos TOTAL Total de empresas % do setor em relação ao total 36 12 11 5 109 228 34 24 459 7,84% 2,61% 2,40% 1,09% 23,75% 49,67% 7,41% 5,23% 100,00% Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011. As seções encontram-se distribuídas no município do Rio de Janeiro conforme demonstra tabela 19 e gráfico 03. Metade das empresas instaladas na cidade no setor de óleo e gás estão ligadas ao setor de Serviços, seguido pelo setor de Produtos, com 49% e 23% respectivamente. Apresentam-se em menor proporção os setores de Transporte (1,09% das seções, o que equivale a 5 empresas), Distribuição (2,40%) e Industrial (2,61%). 109 Gráfico 03. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no município do Rio de Janeiro 5% 7% 8% 3% 2% 1% Exploração & Produção Industrial Distribuição Transporte 24% Produtos Serviços Organizações 50% Recursos Humanos Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011 Já a análise por localização demonstra que algumas atividades estão distribuídas em proporção semelhante no Centro e nos demais bairros da cidade. No entanto cabe destacar a grande concentração de empresas ligadas à Distribuição fora do Centro, possivelmente por se tratar de atividade que requer maior espaço físico. Ao mesmo tempo as Organizações encontram-se majoritariamente no Centro, já que é lá o centro administrativo, fincanceiro e empresarial da cidade. 110 Gráfico 04. Empresas de petróleo e gás por seção - Distribuição de acordo com a localização (Centro e demais bairros) 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% % Outros bairros % Centro Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011 A oferta de terrenos, área disponível (m²) e o baixo valor da terra foram fatores determinantes para que uma empresa inglesa escolhesse a Zona Norte da cidade como local de suas futuras (e amplas) instalações. No entanto a proximidade do Centro não deixa de ser estratégica. Laboratório BG – A britânica BG, multinacional de óleo e gás, decidiu transferir para o Rio 80% de suas pesquisas de tecnologia. Procura um terreno na Zona Norte para montar aquele que deverá ser o maior laboratório do grupo no mundo. (http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/, acessado em 09/11/2011) Porém a análise geral demonstra que 48% das empresas de petróleo e gás do município estão instaladas no (bairro) Centro do Rio de Janeiro – proporção muito elevada considerando que o município possui 160 bairros. Em relação às seções encontradas no Centro, destacam-se empresas com atividades relacionadas a Serviços, Produtos, Organização e Exploração & Produção. 111 Gráfico 05. Número de empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro 140 120 100 80 60 40 Centro 20 Outros bairros 0 Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011 A tabela 20 a seguir sintetiza o que foi dito. Tabela 20. Empresas de petróleo e gás por seção e localização no município do Rio de Janeiro Seção Exploração & Produção Industrial Distribuição Transporte Produtos Serviços Organizações Recursos Humanos TOTAL Empresas no Centro % Empresas no Centro Empresas em outros bairros % Empresas em outros bairros Total 16 44,44% 20 55,56% 36 5 1 3 33 125 28 10 221 41,67% 9,09% 60,00% 30,28% 54,82% 82,35% 41,67% 48,15% 7 10 2 76 103 6 14 238 58,33% 90,91% 40,00% 69,72% 45,18% 17,65% 58,33% 51,85% 12 11 5 109 228 34 24 459 Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011. O gráfico 06 demonstra distribuição percentual das empresas de petróleo e gás de acordo com as seções apenas no bairro Centro. Observa-se o grande peso do setor de Serviços (56,56%), seguido pelo de Produtos (14,93%), Organizações (12,67%) e Exploração & 112 Produção (7,24%). As demais seções aparecem em menor número, nesta ordem: Recursos Humanos, Industrial, Transporte e Distribuição. Gráfico 06. Distribuição das empresas de petróleo e gás por seção no Centro do Rio de Janeiro 5% 13% 7% 2% 0% 1% Exploração & Produção 15% Industrial Distribuição Transporte Produtos Serviços Organizações Recursos Humanos 57% Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011 O mapeamento das empresas de Petróleo e Gás apresentado a seguir expressa a grande quantidade de estabelecimentos instalados no Centro. Em relação à distribuição espacial nota-se que o padrão de concentração é focado nos eixos das Avenidas Rio Branco e República do Chile. Cabe observar que os pontos representados no mapa podem corresponder a mais de uma empresa já que é comum encontrar diferentes firmas do setor num mesmo edifício comercial. Da mesma forma os pontos não distinguem salas comerciais de andares ou prédios inteiros – ou seja, não há distinção dos pontos pelo número de empresas ou pelo seu porte. A ideia aqui é identificar a “ordem de grandeza” e sua localização no território.19 19 A listagem das empresas representadas no mapa e as informações sobre endereço, setor e segmento encontram-se no Apêndice A. 113 Mapa 19. Empresas do setor de Petróleo e Gás no Centro Fonte: Cenários Petróleo & Gás – Anuário 2011. Rio de Janeiro: Brasil Energia, 2011. O Edifício RB1 disponibiliza em seu site20 o perfil das empresas que estão instaladas nas suas dependências. Através do Gráfico 07 podemos observar que o setor de petróleo ocupa o quarto lugar, sendo “ultrapassado” apenas pelos bancos e por empresas dos setores de tecnologia e informática e telecomunicações, que não deixam de ser atividades relacionadas com as funções desenvolvidas pelo setor de óleo e gás. 20 http://www.rb1.com.br 114 Gráfico 07. Perfil das empresas instaladas no RB1 1,64% 1,64% 1,64% 1,64% Banco 1,64% Tecnologia e Informática 1,64% Telecomunicações 1,64% Petróleo 18,03% Restaurante 8,20% Serviços Jurídica 9,84% 16,39% Salão de Beleza Mármores e Granitos 9,84% Escritórios Inteligentes 13,11% 11,48% Academia Administração e Comércio Head Hunt Centro de Convenções Fonte: http://www.rb1.com.br/html/perfil.html O Edise, Edifício Sede e grande símbolo da Petrobras, fica na Avenida República do Chile, possui 24 andares e 120 mil m² de área. Trata-se de um prédio construído na década de 1970, objeto de concurso público, moderno até hoje, que passa por reformas constantes. Neste prédio estão a presidência, toda a diretoria e muitos funcionários, totalizando cerca de 8 mil trabalhadores. 115 Figura 37. Edifício Edise Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Edise.jpg A expansão dos negócios faz com que a empresa busque novas instalações para abrigar as atividades em crescimento. A descoberta de novas áreas de exploração no estado demanda ampliação das atividades na capital e, por consequencia, da infraestrutura física e de recursos humanos. Em termos de espaço ocupado na cidade, a meta da Petrobras é passar dos atuais 190 mil metros quadrados - área somada dos dez prédios - para 260 mil metros quadrados em 2010, o que representa um aumento de área de cerca de 30%. Isso significa que, em 2010, os atuais 25 mil empregados serão cerca de 33 mil. - A companhia cresceu muito nos últimos cinco anos. A expansão de edifícios ocupados acaba melhorando a área no entorno da empresa (…). (http://www.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=4 07404) O crescimento da Petrobras nos últimos anos é tão significativo e ligeiro que tem superado a própria capacidade de planejamento da expansão da empresa. 116 A empresa cresceu demais nos últimos cinco anos. Em 2004, quando apresentamos para a diretoria o edifício Torre Almirante como uma solução para a falta de espaço nós poderíamos abrigar todos os funcionários em quatro prédios. Mas quando ele ficou pronto em 2006, o número de pessoas já era muito maior do que ele poderia acomodar (…). (http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454) Figura 38. Torre Almirante e Ventura Coporate Towers – edifícios com andares alugados para a Petrobras Fontes: http://www.flexeventos.com.br/secoes/cases/25,rio-de-janeiro-retrofitado.aspx e http://www.aflaloegasperini.com.br/projeto/ventura-corporate-towers As características, o porte, as exigências e necessidades da empresa tornam mais complicada a busca por um imóvel. E a Petrobras não procura empreendimentos fora do Centro, já que seu objetivo é concentrar os trabalhadores e “aumentar a sinergia”. 117 No Rio, a solução é de mais longo prazo. A companhia procura um imóvel "concentrador" em um terreno que tenha entre 100 mil e 120 mil metros quadrados para abrigar parte dessa força-de-trabalho. O objetivo é colocar em um único local pelo menos uma parte do pessoal que hoje ocupa andares alugados nos prédios do Banco do Brasil, no RB1 e no Citi Tower, só para citar alguns no centro da cidade. Uma parte do pessoal já começou a ocupar o prédio na Cidade Nova onde vai funcionar a Universidade Petrobras. (http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454) O Centro Empresarial Senado, em fase de construção pela WTorre Engenharia, no quarteirão formado pelas ruas do Senado, Dídimo, Henrique Valadares e rua dos Inválidos foi a solução encontrada. A Petrobras firmou contrato de locação futuro de dois blocos por 15 anos, a partir de 2013. A Companhia buscou várias alternativas de edifícios no centro do Rio de Janeiro, com o objetivo de reunir os empregados que estão dispersos em outros prédios. O projeto do Centro Empresarial Senado foi considerado o mais adequado às necessidades operacionais da Petrobras, o que resultará em grande economia de custos. (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2011/05/21/contratos-resposta-aoestadao/) No entanto, o Centro Empresarial Senado não será capaz de eliminar a dispersão das demais instalações da empresa. De acordo com Ricardo Ianda, gerente executivo de serviços compartilhados da Petrobras, “mesmo com o edifício concentrador a companhia vai continuar alugando espaço em sete prédios no Rio.”21 21 Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=19579454#post19579454 118 Figura 39. Central Empresarial Senado – terreno e projeto Fontes: http://static.panoramio.com/photos/original/3388176.jpg e http://www.buildings.com.br/edificio/4 765-centro-empresarial-senado-torre-a1 A dificuldade em conseguir imóveis fez com que a Petrobras decidisse pela construção de um “edifício exclusivo e sob medida” para atender as “demandas atuais e futuras de infraestrutura, espaço, conforto e normas de SMES” da nova sede da BR Distribuidora. A subsidiária, com 2.600 colaboradores e compartilhando a atual sede no Maracanã com a Petrobras, não vê possibilidade de expansão no local. Consolidando suas atividades e prevendo a expansão futura, a previsão é que a BR deixe o Edifício Edihb em agosto de 2013. 22 Nos últimos meses, a Gerência de Serviços Compartilhados (GSC) foi encarregada de fazer uma extensa pesquisa de opções para a nova sede da Petrobras Distribuidora, considerando as necessidades atuais e futuras da companhia, critérios de localização (área central, de fácil acesso), custo/benefício etc. Essa metodologia foi totalmente alinhada com a da Petrobras, que prestou consultoria na escolha. (http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projetopara-nova-sede-no-rio-de-janeiro-em-2013/) 22 Fonte: http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projeto-para-nova-sede-norio-de-janeiro-em-2013 119 O novo empreendimento será erguido no terreno entre as ruas Júlio do Carmo e Correia Vasques, próximo à estação de metrô da Praça Onze, na Cidade Nova. O projeto, aprovado recentemente, conta com 24 mil m² de área construída (escritórios) distribuídos em dez andares, garagem subterrânea para mais de 400 veículos, auditório, dentre outras instalações, e traz ainda conceitos de sustentabilidade e eficiência energética. Figura 40. Universidade Petrobras (obra concluída) e projeto do novo prédio da BR Distribuidora, ambos na Cidade Nova Fontes: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=76088923#post76088923 e http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=76088923#post76088923 A Petrobras contribui de forma significativa na mudança na dinâmica do Centro do Rio de Janeiro. Alguns dos empreendimentos recentes, como o Ventura Corporate Towers e o Centro Empresarial Senado, talvez não tivessem investidor interessado não fosse a Petrobras com seu porte e características próprias. Da mesma forma as transformações na Cidade Nova também são alavancadas pela sua dinâmica e necessidade de expansão. A Cidade Nova tem experimentado um grande processo de revitalização, com a inauguração recente ou próxima de outros edifícios administrativos, como o Edicin (Petrobras), as novas sedes da Cedae e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), do Centro Operacional da Prefeitura e do Centro Integrado de Controle da Secretaria Estadual de Segurança, além de uma estação de metrô. (http://acordocoletivo.org/2011/04/18/petrobras-distribuidora-aprova-projetopara-nova-sede-no-rio-de-janeiro-em-2013/) 120 O potencial de atração do estado do Rio e do próprio Centro pode ser exemplificado nos trechos a seguir, extraídos da seção de notícias do portal Geofísica Brasil. Impulsionada pelo crescimento da atividade exploratória de recursos naturais no país, a NEOS Geosolutions Inc. anunciou hoje (26/09) em Houston (Texas - EUA) que abriu um escritório no Rio de Janeiro para oferecer ao mercado tecnologias e serviços de geociência avançada. (…) o potencial de hidrocarbonetos do Brasil, tanto em terra como no mar, é estimulante. "Acreditamos que poderemos ser úteis, tanto para empresas estatais quanto para as companhias de exploração e produção de recursos naturais, em estimar o potencial das bacias sedimentares terrestres brasileiras. (…) a missão da NEOS é colaborar com equipes de exploracionistas das indústrias de óleo e gás onshore e de mineração para acelerar a tomada de decisão sobre onde explorar, arrendar e perfurar. (…) O escritório da empresa fica no Centro do Rio de Janeiro. (http://www.geofisicabrasil.com/noticias/37-empresas/2411-neos-abre-escritorio-nobrasil.html, acessado em outubro de 2011) 4.3 Novas perspectivas Recentes descobertas e vultuosos investimentos no estado trazem novas perspectivas para a economia fluminense e para o Centro do Rio, impulsionando ainda mais seu crescimento. A descoberta do Pré-sal, uma nova área de exploração de petróleo nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, cria uma possibilidade de grande aumento da produção nacional e promete aquecer ainda mais a economia fluminense, atraindo mão-de-obra e novas empresas, ampliando o fluxo de mercadorias e serviços ligados ao setor, abrindo o leque de cursos de qualificação e aumentando o nível de escolaridade de moradores da capital e áreas adjacentes. De acordo com o Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 da Petrobras o índice de sucesso exploratório no Pré-sal é de 82%. A produção na área já foi iniciada, com um rendimento de 300 mil barris de petróleo por dia em 2013. A expectativa é que até 2017 a produção diária do Pré-sal atinja 1 milhão de barris de petróleo por dia. A área de Exploração e Produção da 121 companhia deve receber investimentos de US$ 147 bilhões nos próximos 4 anos, principalmente para desenvolver o Pré-sal. Figura 41. Pré-sal Fonte: PETROBRAS. Plano de Negocios 2009-2013 – Exploração e Produção, 2009. A perspectiva é que com o Pré-sal a produção nacional alcance um novo patamar e a participação do setor de óleo e gás no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro dobre em oito anos, passando de 12% para 20%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). O Instituto prevê ainda US$ 266 bilhões em investimentos na indústria de óleo e gás entre 2012 e 2016. 23 23 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255 122 A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) estima até 2020 a criação de 2,5 milhões de empregos no setor e US$ 400 bilhões em demandas por equipamentos e serviços.24 Toda essa prosperidade traz também a expansão das encomendas em diversos setores da cadeia de suprimentos. Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a cadeia de fornecedores para a área de exploração, refino e petroquímica deve crescer de forma vigorosa, transformando o panorama industrial brasileiro Nesse contexto pode ser citada a Nuclep, empresa estatal criada para atender o setor de energia nuclear que, com a crescente demanda da área de óleo e gás, se adaptou e passou a fabricar grandes estruturas metálicas para indústria do petróleo. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em 2012 a produção industrial do setor cresceu 10%, as importações ultrapassaram 30%, e as empresas vão contar com cerca de 15% dos US$ 45 bilhões de investimentos da Petrobras destinados à cadeia produtiva.25 Nesse panorama encontra-se em fase de construção o COMPERJ – Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro, cujo investimento previsto é da ordem de US$ 8 bilhões. O COMPERJ foi criado pela Petrobras com o objetivo de “aumentar a produção nacional de produtos petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional”. 24 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255 25 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255 123 Figura 42. Projeto e obra do Comperj Fontes: http://www.flickr.com/photos/pacgov/6882935751; http://portosmercados.com.br/site/conheca-oprojeto-do-comperj-o-complexo-petroquimico-do-rio-de-janeiro; http://www.flickr.com/photos/pacgov/6882866195 Localizado no município de Itaboraí, as obras do Comperj tiveram início em 2008 e já mudaram completamente a dinâmica da cidade. A implantação do novo pólo petroquímico atraiu grande contingente de mão-de-obra para construção do complexo. Não apenas a obra como a grande expectativa de crescimento do município alavancou uma cadeia de transformações no território – obras de infraestrutura, ampliação da malha viária e construção civil. Neste último setor, empreendimentos de todo tipo estão em plena efervescência: prédios comerciais, complexos multiuso, hotéis, condomínios residenciais – horizontais e verticais – estão sendo erguidos para atender a demanda que surgirá com o funcionamento do Comperj. Importante destacar que esses lançamentos diferem da 124 produção imobiliária até então desenvolvida no município e que estão concentrados sobretudo na Avenida 22 de Maio, no Centro de Itaboraí. Figura 43. Novos lançamentos em Itaboraí Rossi Mais Jardim Imperial Hotel Ibis Itaboraí Fonte: http://www.rossiresidencial.com.br/emp Fonte: reendimentos/rj/itaborai/sao-jose/rossi-mais- http://www.imoveislancamentosrj.com.br/lancamentos- jardim-imperial.aspx?id=SE-4129 rj/ibis-hotel/ Complexo Multiuso Global Center Itaboraí Itaboraí Plaza Shopping (lojas, salas comerciais, suítes hoteleiras e flats Fonte: http://m.g1.globo.com/rio-de- com serviços e área de lazer) janeiro/noticia/2012/08/cidade-do-comperj-itaborai- Fonte: http://www.gepglobal.com.br/global-center- tera-empreendimento-multiuso-em-2013 itaborai.aspx 125 O Arco Metropolitano, importante obra viária prevista pelo governo estadual desde a década de 1970, finalmente saiu do papel e irá ligar por rodovia o município de Itaboraí até Itaguaí, passando por Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica. Esta obra será fundamental no escoamento da produção do Comperj, que poderá facilmente chegar até o Porto de Itaguaí, além de conectar outros importantes empreendimentos que encontram-se na área de influência da rodovia, como a Refinaria de Duque de Caxias, o Complexo Industrial de Santa Cruz e Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). O Arco Metropolitano está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal e sua construção foi dividida em quatro trechos, como demonstra a figura a seguir. Figura 44. Arco Metropolitano do Rio de Janeiro Fonte: http://oglobo.globo.com/fotos/2011/07/21/21_info_rio_arco-metropolitano.jpg O desenvolvimento da indústria de óleo e gás traz consequências para outros setores, como a indústria naval. Em 2012 o avanço do segmento offshore gerou cerca de 180 encomendas 126 na construção naval, de acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshores (Sinaval). A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) prevê uma movimentação no setor naval fluminense de quase R$ 15,4 bilhões até dezembro de 2014, o que deve gerar um aumento de novos empregos em mais de 60%. Já é possível notar o movimento recente em direção à reativação ou construção de portos e estaleiros visando escoar a produção nacional para outras partes do país e do mundo. Destacam-se o estaleiro Mauá Jurong, além de outros menores em Niterói, como o MacLaren; o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis; o Porto de Sepetiba, no Rio de Janeiro; e o Porto do Açu, em São João da Barra. De acordo com Gisela MacLaren, dona do estaleiro em Niterói fundado em 1938 por seu avô, a MacLaren Oil vai implementar um programa de modernização e ampliação de suas instalações industriais nos próximos dois anos, estimada em R$ 30 milhões 26. O Superporto do Açu, empreendimento bilionário do Grupo EBX no município de São João da Barra, no norte fluminense, promete impulsionar a economia nacional com uma estrutura portuária e industrial não existente no Brasil e com capacidade para receber os maiores navios do mundo. Representa ainda uma possibilidade de apoiar as atividades de exploração e produção de óleo e gás desenvolvidas pela Petrobras em Macaé e Campos, e ainda escoar a produção de minérios de Minas Gerais. 26 Fonte: O GLOBO. PIB do petróleo no país deve dobrar até 2020. 16 de setembro de 2012. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/pib-do-petroleo-no-pais-deve-dobrar-ate-2020-6097255 127 Figura 45. Superporto do Açu Fonte: http://www.llx.com.br/pt/superporto-do-acu/Paginas/o-empreendimento.aspx Toda a abundância cria a oportunidade de crescimento e desenvolvimento do país através da indústria de óleo e gás, como ocorreu na Noruega. O Estado do Rio é um dos maiores beneficiados já que é responsável por 75,5% da produção nacional de petróleo e gás, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). No meio de tanta prosperidade há também muitos desafios. É preciso qualificar profissionais, bens e serviços para atender à demanda crescente do setor, assim como investir em avanço tecnológico. O Ministério de Minas e Energia e a Petrobras desenvolvem o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) visando fomentar a indústria nacional através da capacitação de mão de obra e monitoramento da evolução do conteúdo local (estabelecendo metas de aquisição de bens e serviços nacionais). O Programa já qualificou, 128 desde 2006, 90 mil profissionais e propiciou a evolução da participação da indústria nacional nos investimentos do setor – de 57%, em 2003, para 76% em 2011. Diversas firmas estrangeiras estão estabelecendo centros de pesquisa na Ilha do Fundão, como a Schulumberger, Baker Hugues, EMC (informática), FMC, entre outras. É também na Ilha do Fundão onde se encontra o Cenpes, maior polo sobre pesquisa de petróleo do hemisfério do sul (ver capítulo 4.1 A economia fluminense e a Petrobras), e o Lab Oceânico, que estuda a simulação de ondas. A existência deste grande centro de pesquisa no Rio de Janeiro é importante pois ele compõe a enxuta rede mundial – existem apenas três semelhantes no mundo. Por fim, após acidente na Bacia de Campos com a empresa Chevron em 2012, a ANP passou a exigir que as empresas estrangeiras que atuam na exploração e produção de petróleo tenham uma base no Brasil que possa atuar em situações de emergência. Essa medida poderá aquecer mais o mercado no estado do Rio de Janeiro, que concentra grande parte das bacias do país. As empresas estrangeiras que atuam no Brasil na exploração e produção de petróleo e gás natural terão que ter um escritório no país com poder decisório, para evitar problemas como ocorreram com a americana Chevron, disse a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard. "Não pode demorar três dias para tomar uma decisão sobre o plano de emergência porque o poder decisório não está aqui", disse Magda, referindo-se ao acidente da Chevron, ocorrido em novembro do ano ano passado na bacia de Campos. A empresa demorou a agir para colocar em ação o seu plano de emergência porque o executivo responsável pela empresa no Brasil, George Buck, não tinha poder para ordenar a operação. (http://www.geofisicabrasil.com/noticias/204-clipping/3781-petroleira-estrangeiradevera-tomar-decisoes-no-brasil.html, acessado em junho de 2012) 129 CONCLUSÃO A importância do Centro do Rio de Janeiro ultrapassa os limites administrativos do município, de forma que o bairro se configura como uma centralidade de escala metropolitana. O Centro concentra diversas atividades que atraem intenso fluxo de pessoas diariamente. A presença dos terminais de transporte permite sua ligação com os demais bairros da cidade assim como com os municípios vizinhos. O Centro abriga uma rica multiplicidade de dinâmicas que vão além das barreiras físicas de seu território heterogêneo. Áreas com intensa atividade econômica convivem com trechos estagnados. Atividades residenciais por vezes se misturam com as comerciais. Equipamentos culturais se distribuem por todo o território e terminanis de transporte se fixam pela periferia. Atividades de alto nível técnico convivem com outras de baixa qualificação. Eixos marcados pela verticalização são encontrados na Área Central de Negócios, ao mesmo tempo em que casarios do início do século passado marcam a paisagem no entorno do Campo de Santana, por exemplo. O tempo de capital da república deixou de herança construções de relevância arquitetônica, histórica e cultural, além da própria função administrativa que possuem. No final do século XX o Centro passou por um período de crise, com o desaquecimento da economia, esvaziamento populacional e financeiro. A transferência da Bolsa de Valores para São Paulo marcou esse período de decadência. A moradia foi proibida por 18 anos. O esvaziamento gerou abandono que gerou degradação que gerou desinteresse e culminou com a estigmatização. Os investimentos do poder público deixaram de priorizar o Centro. O discurso dos administradores do município foi por muitas vezes contraditório, já que havia uma promessa 130 de revitalização do Centro enquanto a maior parte dos investimentos era direcionada para outras áreas. A Barra da Tijuca surgiu, criada para ser o novo centro da cidade. A cidade se expandiu para novas áreas com o desenvolvimento dos meios de transporte e expansão da malha viária. Assim novas centralidades emergiram, fazendo com que o esvaziamento populacional não fosse um fenômeno exclusivo do Centro – o que pode ser comprovado através da análise do estoque e dos dados demográficos do município. O tipo de “produto” imobiliário (residencial e comercial) caracterizadao pela idade do estoque existente no Centro já não atendia às novas demandas de mercado. Ao mesmo tempo, a flexibilização dos padrões de trabalho com advento da tecnologia passou a exigir melhor infraestrutura de redes e menor preocupação quanto à localização dos escritórios. Se nas três últimas décadas do século passado o Centro viveu um período de decadência, é a partir do início do século XXI que tem início um processo de re-significação, re-valorização e afirmação da importância dessa área. Esse fenômeno pode ser observado através da concentração de empresas no Centro, incluindo sedes de importantes companhias nacionais e estrangeiras; o crescimento de hotéis na região, tanto para o tursimo de negócios como de lazer; a expansão das atividades de ensino, sobretudo de nível superior e pós-graduação, incrementando o fluxo de pessoas nas ruas à noite e aos sábados; o aquecimento da dinâmica imobiliária, com reformas e retrofits em curso e ainda novos lançamentos, trazendo para o Centro um produto imobiliário que atenda às demandas do mercado. Agregam a este cenário as áreas de preservação histórica, que garantem a permanência de um rico conjunto de construções e sua ambiência imediata, inclusive com normas de ocupação específicas, valorizando o passado histórico e incrementando a vocação turística e cultural da área. Praças e áreas de lazer encontram-se inseridas nesse ambiente, oferecendo um respiro à agitação e caos típicos de um centro urbano. 131 A infraestrutura disponível, oferta de transporte e proximidade dos postos de trabalho vem resgatando a vocação do Centro como um lugar apto à moradia. Alguns novos empreendimentos lançados na região da Lapa e os programas de revitalização de casarios históricos como alternativa para moradia sinalizam esse processo. A análise do estoque de apartamentos na cidade demonstra inclusive que essa função do Centro possui significativa robustez já que a décima maior concentração de unidades do município está no bairro. Nesse ritmo o Centro se reafirma não só como lugar de negócios como também um ambiente rico em opções de lazer e cultura, que aproveitam a disponibilidade de infraestrutura existente e dão mais intensidade ao uso desse espaço. A retomada da dinâmica econômica do Centro está vinculada ao desenvolvimento das atividades do setor de óleo e gás. O setor pode ser considerado como dinamizador do processo de revitalização do Centro e como um dos setores âncora para manutenção da sua vitalidade, relevância e robustez. O surgimento da Petrobras e a instalação de sua sede no Centro vêm na contramão do processo de esvaziamento do Centro. A descoberta de áreas de exploração no estado impulsionaram o desenvolvimento da empresa e o incremento do PIB. Hoje o estado do Rio de Janeiro é o maior produtor do país. O desenvolvimento da exploração e produção de petróleo na Bacia de Campos acarretou o surgimento de uma série de atividades que vão dar apoio a esse setor da economia. Dessa forma se instalaram na cidade do Rio de Janeiro empresas com concessão de exploração e produção no país ou fora, refinarias, empresas petroquímicas e unidades industriais, empresas distribuidoras e transportadoras, fornecedores de matéria prima, produtos, equipamentos e tecnologia, prestadores de serviços. Cabe destacar que a abertura econômica possibilitou a vinda de multinacionais. 132 No Centro encontram-se quase metade das 459 empresas do setor de óleo e gás presentes no município. Destacam-se os setores de prestação de serviços, fornecimento de produtos, organizações e exploração e produção. Em relação à espacialidade observa-se a concentração de empresas do setor de óleo e gás ao longo da Avenida Rio Branco e áreas adjacentes e no eixo da Avenida República do Chile. Este trecho do território está inserido na Área Central de Negócios (ACN), que possui a maior concentração de atividades de grande relevância desenvolvidas na cidade. No entanto a superação da crise do final do século XX dá lugar a uma nova demanda econômica, forte o suficiente para expandir seus limites, não se restringindo ao núcleo configurado pela Área Central de Negócios. O Centro e a sua zona periférica apresentam hoje uma emergência de projetos urbanísticos de revitalização – Região Portuária e Cidade Nova. Antigos vazios urbanos da Avenida Presidente Vargas dão lugar a novos empreendimentos. O Centro se reconstrói sobre si mesmo. A consolidação da relevância do Centro como local das principais trocas e fluxos torna este um local estratégico para os negócios. A Petrobras, que se encontra em plena expansão devido à descoberta de novas áreas de produção, escolheu o Centro para expandir suas instalações. Da mesma forma outras empresas de diferentes ramos de atividades encontram no Centro a localização ideal. O Rio de Janeiro vem atravessando um momento próspero alavancado pela conjuntura econômica, com investimentos nos setores de petróleo e gás, siderurgia, logística, em diversos tipos de indústria e centros de pesquisa; política, devido ao alinhamento entre as três esferas de poder (federal, estadual e municipal); e ainda pelo calendário de grandes eventos, com destaque para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Dentre as transformações previstas para a cidade podem ser citadas: a construção de equipamentos esportivos – consequente revitalização das áreas no entorno; melhoria da mobilidade – construção de novas vias, criação de linhas expressas, implantação de sistema 133 de BRTs, extensão do metrô, aumento dos km de ciclovia; aumento do número de quartos de hotéis; atração de investimentos estrangeiros. Nesse cenário surgem também grandes investimentos no estado que prometem impulsionar ainda mais o momento próspero da economia fluminense e especificamente do setor de óleo e gás. São eles a exploração e produção na camada do pré-sal, na Bacia de Campos; a instalação do Complexo Petroquímico, em Itaboraí; a construção do Arco Metropolitano, ligando Itaboraí a Itaguaí; e a instalação do Complexo Portuário e Industrial do Açu, em São João da Barra. Esses empreendimentos trazem consequências para o município do Rio de Janeiro, em especial a área central por todos os fatores citados anteriormente. Para acompanhar todo o desenvolvimento que está em curso no Rio de Janeiro no setor de óleo e gás é preciso vencer dois desafios: capacitação de mão de obra e qualificação dos serviços, e avanço no desenvolvimento tecnológico. Além disso, vivemos um momento em que o governo estadual reivindica ao governo federal pela manutenção da parcela dos royalties que são destinadas aos estados produtores de petróleo. Pela segunda vez assistimos à mobilização da população mobilizada, através de grande incentivo do governador Sérgio Cabral, para conseguir que a presidente Dilma Roussef vete o projeto de lei que poderia reduzir a arrecadação do estado do Rio de Janeiro. É preciso lembrar da finitude do petróleo como um recurso natural, e o futuro do Rio de Janeiro sem ele. A diversificação da economia poderá ser um fator de sucesso para a manutenção da “prosperidade econômica” do estado. A discussão sobre a divisão dos royalties traz também uma polêmica quanto à destinação deste recurso. Os royalties foram criados para mitigar os efeitos negativos resultantes da exploração de petróleo e deveriam ser investidos em infraestrutura. Na prática nem sempre isso acontece. 134 O Centro do Rio de Janeiro, apesar de possuir uma boa infraestrutura, ainda precisa de muitas melhorias para atender ao padrão de empresas que tem se instalado no seu território. Nessa perspectiva existe um “risco” de privatização dos espaços públicos com o surgimento dos “Distritos de Negócios” (Business District - BID), uma tendência mundial que se realiza na perspectiva de fazer aquilo que o poder público deveria fazer, mas não faz. Estudos mais aprofundados sobre o ramo e setor das empresas que atuam na cidade do Rio de Janeiro e no Centro poderão ser realizados mais adiante visando reunir informações detalhadas acerca do perfil das atividades desenvolvidas. 135 REFERÊNCIAS ABREU, Maurício de Almeida. A Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPP, 2008. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural – Setembro 2011. Superintendência de Desenvolvimento e Produção – SDP. 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Venezuela, 3 - 19 andar Servicos Consultoria Av. Presidente Wilson, 165 gr814 Servicos Arquitetura ABS Group Services do Brasil Ltda AC Arquitetura e Consultoria Ltda AC Engenharia e Sistemas S/C Ltda Accenture do Brasil Ltda Afamar Capital Humano Ltda Agencia Nacional do Petroleo, Gas Natural e Biocombustiveis ANP Agencia Reguladora de Energia e Saneamento Basico do Estado do Rio de Janeiro - Agenersa Agnis Recursos Humanos Agrar Consultoria e Estudos Tecnicos S/C Ltda Almeida Rotenberg e Boscoli Advocacia Ambiental Engenharia e Consultoria Ltda American Bureau of Shipping ABS Aon Re Benfield Corretora de Resseguros Ltda Apolo Tubulars S/A APSIS Consultoria Empresarial Ltda Associacao Brasileira da Industria de Tubos e Acessorios - Abitam Associacao Brasileira das Empresas de Gas Canalizado Abegas SEGMENTO Projetos de Engenharia Automacao/ Instrumentaca o Consultoria Formacao e Treinamento Rua da Assembleia, 77 - sl 601 Servicos Av. Republica do Chile, 500 Rua Evaristo da Veiga, 55 - 9 andar Servicos Recursos Humanos Av. Rio Branco, 65 - 22 andar Organizacoes Agencia Reguladoras Av. Treze de Maio, 23 - 23 andar Organizacoes Agencia Reguladoras Av. Almirante Barroso, 91 - 10 andar Recursos Humanos Rua Mexico, 31 D sl 703 Servicos Av. Rio Branco, 1 - sl 601 Servicos Av. Marechal Floriano, 22 - 9 andar Av. Venezuela, 3 (16 e 17) andar sl 1513 a 1515 e sl 307 Servicos Recrutamento e Selecao Meio Ambiente Assessoria Juridica Meio Ambiente Servicos Consultoria Rua Teofilo Otoni, 15 - 10 andar Servicos Seguros Rua do Passeio, 70 - 9 andar Rua da Assembleia, 35 - 12 andar Produtos Tubos Servicos Consultoria Av. Marechal Camara, 160 - gr 632 Organizacoes Associacoes Empresariais Rua 7 de Setembro, 99 - 16 andar Organizacoes Associacoes Empresariais 141 NOME DA EMPRESA Associacao Brasileira das Empresas de Servicos de Petroleo - Abespetro Associacao Brasileira de Empresas de Apoio Maritimo Abeam Associacao Brasileira de Geradoras Termeletricas Abraget Associacao Brasileirade Consultores de Engenharia ABCE ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Av. Almirante Barroso, 52 - 21 andar Organizacoes Associacoes Empresariais Rua Visconde de Inhauma, 134 10 andar Organizacoes Associacoes Empresariais Av. Rio Branco, 122 - 5 andar Organizacoes Associacoes Empresariais Av. Rio Branco, 124 - 13 andar Organizacoes Associacoes Profissionais Associacao Eicuk Rio Av. Rio Branco, 89 - 26 andar Organizacoes Associacoes Empresariais Asteda - Assessoria Tecnica e Despachos Aduaneiros Ltda Rua Acre, 92 - sl 702 Servicos Logistica Servicos Seguros Servicos Construcao Civil Servicos Bancos Servicos Bancos Av. Republica do Chile, 100 Organizacoes Governo Av. Rio Branco, 156 - sl 1429 Servicos Sismica Rua Mexico, 111 - 12 andar Servicos Rua da Assembleia, 10 - gr 4013 Exploracao e Producao Inspecao/ Supervisao Cias de Petroleo Av. Presidente Wilson, 231 - sl 509 Exploracao e Producao Cias de Petroleo Rua da Assembleia, 10 - sl 2309 Servicos Praca Pio X, 17 - 9 andar Servicos Bussines Quality Ltda Rua São Jose, 40 (2,3,4,9 e 12) andar Servicos C Foster Servicos e Equipamentos de Petroleo Ltda Av. General Caldwell, 179 Servicos Aurea Seguros S/A Autograf Projetos e Construcao Banco Brascan S/A Banco BVA S/A Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social - BNDES BGP Brasil Servicos e Equipamentos Geofisicos Ltda Brasil Salvage S/A Brasoil Manati Exploração Petrolifera Ltda Brazalta Brasil Norte Comercializacao de Petroleo Ltda Brazilship Afretamentos Maritimos Ltda Bureau Veritas do Brasil Sociedade Classificadora e Certificadora Ltda Rua da Assembleia, 100 - 6 andar Rua Senador Dantas, 75 - sl 1701 Av. Almirante Barroso, 52 - 30 andar Av. Almirante Barroso, 52 - 19 andar Afretamento e Embarcacoes Classificadoras e Certificadoras Servicos Diversos Telecomunica coes 142 NOME DA EMPRESA Camara de Comercio Americana para o Brasil - Amcham RJ Camara de Comercio e Industria Brasil-Alemanha - Camara Brasil-Alemanha Camara de Comercio e Industria Brasil-China - CCIBC Camara de Comercio, Industria e Turismo Brasil-Russia Camara Brasil-Russia Camara Portuguesa de Comercio e Industria ENDEREÇO SEÇÃO Praca Pio X, 15 - 5 andar Organizacoes Av. Graca Aranha,1 - 6 andar Organizacoes Camaras de Comercio Rua Senador Dantas, 71, 12 andar Organizacoes Camaras de Comercio Av. Marechal Camara, 160, cj 1628/1629 Organizacoes Camaras de Comercio Av. Graca Aranha,1, sl 601 Organizacoes Cameron do Brasil Ltda Rua da Assembleia, 98 - 20 e 21 andar Produtos Carcara Petroleo S/A Av. Erasmo Braga, 227 gr 1001 Ccap Servicos de Traducao Ltda Ceva Freight Management do Brasil Ltda CGG do Brasil Participacoes Ltda Chemtech Servicos de Engenharia e Software Ltda Chevron Brasil Lubrificantes Ltda Chevron Brasileira de Petroleo Ltda Cimatel Brasil Ltda Av. Beira Mar, 216, gr 1004 Produtos Av. Rio Branco, 277, gr 509 Servicos Rua São Jose, 40, 6 andar Produtos Quimicos Rua Rodrigo Silva, 9 sl 1103 Produtos Compressores Av. Almirante Barroso, 22, sl 1301 Produtos Turbinas Rua da Candelaria, 9, sl 906 Recursos Humanos MBA Av. Rio Branco, 4, 11 andar Servicos Logistica CR 4 Engenharia e Consultoria Ltda Praca Olavo Bilac, 28 sl 1008 Servicos Det Norske Veritas Rua 7 de Setembro, 111, 12 andar Servicos Climbtec Servicos Tecnicos em Altura Ltda Comab Especialidades Quimicas Ltda Compressor Controls Corporation Conpet Consultoria e Engenharia de Petroleo Ltda Coppe/UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro Cory Transportes Internacional Ltda SEGMENTO Camaras de Comercio Rua da Assembleia, 10 sl 1906 Exploracao e Producao Servicos Camaras de Comercio Arvore de Natal Cias de Petroleo Traducao Rua São Bento, 8, 13 andar Servicos Logistica Av. Presidente Wilson, 231, sl 1703 e 1704 Servicos Sismica Rua da Quintanda, 50, 21 andar Servicos Av. Republica do Chile, 230, 25 andar Av. Republica do Chile, 230- 29 andar Industrial Exploracao e Producao Projetos de Engenharia Lubrificantes/ Graxas Cias de Petroleo Controle e Medicao Alpinismo Industrial Consultoria em Gas Natural e GNV Classificadoras e 143 NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Certificadoras Dominio Assessores Ltda Av. Presidente Vargas, 409, 21 andar Servicos Consultoria Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados Rua da Assembleia, 98, 13 andar Servicos Assessoria Juridica DPH Ambiental Projetos Ltda Av. Presidente Vargas, 463, 20 andar Servicos Consultoria Rua do Carmo, 65, 3 andar Servicos Meio Ambiente Av. Rio Branco, 1, sl 1605 Servicos Informatica Av. Treze de Maio, 33, sl 2206 Recursos Humanos Engenheiro Novo Tecnologia Ltda Rua Acre, 83, 9 andar Produtos Eni Oil do Brasil S/A Av. Rio Branco, 1 sls 603/608 Exploracao e Producao Av. Rio Branco, 89, sl 901 Servicos Formacao e Treinamento Tratamento de Agua e Efluentes Cias de Petroleo Assessoria Juridica Rua Anfilofio de Carvalho, 29, cob 1 Servicos Logistica Av. Rio Branco, 26, 3 andar Servicos Logistica Av. Erasmo Braga, 227, 10 andar. Servicos Consultoria Rua da Quitanda, 3, sl 806 Servicos Consultoria na Area de E&P Rua Mexico, 3 , 12 andar Produtos Compressores Av. Graca Aranha, 1 Servicos Assistencia Tecnica Av. Rio Branco,133, 21 andar Organizacoes Rua da Assembleia, 10, gr 3716/3717 Servicos Rua Buenos Aires, 90, 3 andar Recursos Humanos MBA Rua Uruguaiana, 94, (8, 10,11 e 15) andar Servicos Condicioname nto/Comission amento Ecologus Engenharia Consultiva Ltda EMC Computer Systems Brasil Ltda Empresa Brasileira de Recursos Humanos Ltda - Agencia Brasil Escritorio de Advocacia Andre Teixeira e Associados Excommerce Assessoria Internacional Expeditors International do Brasil Expetro Consultoria em Petroleo, Gas, e Biocombustiveis Ltda Expro Petroleo e Gas Ltda Exterran Servicos de Oleo e Gas Ltda Federacao das Industrias do Estado do Rio de Janeiro - Senai Oleo e Gas Federacao Única dos Petroleiros - FUP Flexlife do Brasil Servicos Petroliferos Ltda Formula Wood Cursos e Projetos - Nucleo de Petroleo Treinamentos Especializados Forship Engenharia S/A Sindicatos dos Trabalhadores Consultoria em Dutos 144 NOME DA EMPRESA Frank Mohn do Brasil Ltda Fugro Geosoltions (Brasil) Servicos de Levantamentos Ltda Fundacao Brasileira de Tecnologia da Soldagem - FBTS Gaia Silva Gaede e Associados Advocacia e Consultoria Juridica Galaxia Maritima Ltda GE SeaCo Brasil Ltda ENDEREÇO Av. Presidente Vargas, 463, 19 andar Praca Floriano, 19, 15 andar Rua 1 de Marco, 23, (7 e 17) andar Av. Rio Branco, 116, 9 e 10 andar Av. Rio Branco, 45, sl2507 e 2508 SEÇÃO SEGMENTO Produtos Bombas Servicos Organizacoes Servicos Servicos Geologia, Geofisica e Geoquimica Associacoes Profissionais Assessoria Juridica Apoio Martimo Locacao de Equipamentos Rua da Assembleia, 11, 5 andar Servicos Rua da Assembleia, 19, 5 andar Servicos Localização de Estrangeiros Rua da Assembleia, 10 sala 1715 Exploracao e Producao Cias de Petroleo Rua Mexico, 3, 11 andar Servicos Gas Georesearch do Brasil Ltda Rua da Quitanda, 3 gr 710 Servicos Geosoft Latinoamerica Geoterra Servicos Ltda Praca Floriano, 51 Rua Mexico, 3, 11 andar Av. Marechal Camara, 160, 5 andar Av. Erasmo Braga, 227, 11 andar Rua da Assembleia, 66, (2 e 9) andar Produtos Servicos Geoprocessamento Informatica Gas Servicos Consultoria Industrial Lubrificantes/ Graxas Servicos Perfuração Rua Buenos Aires, 2, sl 1602 Servicos Meio Ambiente Rua da Candelária, 97 Produtos Ferramentas General Visas Documentacao para Estrangeiros e Relocation Ltda Genesis 2000 Exploracao e Producao de Hidrocarbonetos Ltda Geogas Servicos de Oleo e Gas Ltda Guimar Engenharia S/A Gulf Brasil Novopar 2010 Holding Petroleo Ltda Halliburton Servicos Ltda Hidrosfera Oceanografia e Consultoria Ambiental Ltda Hytorc do Brasil Importacao e Exportacao Ltda IEC Instalacoes e Engenharia de Corrosao Ltda IES Brasil Consultoria Ltda IHS Informacoes e Insight LTDA - CERA Cambridge Energy Research Associates Instituto Brasileiro de Petroleo, Gas e Biocombustiveis - IBP Instituto Latinoamericano de la Calidad Av. Presidente Vargas, 633, gr 2001/03 e 2010/19 Av. Nilo Pecanha, 50, 1617 andar Av. Rio Branco, 99, 19 andar Av. Almirante Barroso, 52, 26 andar Av. Marechal Camara, 160, sl 1330 Servicos Servicos Servicos Organizacoes Servicos Projetos de Engenharia Consultoria na Area de E&P Consultoria em Energia Associacoes Empresariais Classificadoras e 145 NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO Instituto Nacional Desenvolvimento de Educacao Continuada - Indec Rua 7 de Setembro, 92, sl 204 e 205 Recursos Humanos MBA Intec do Brasil Ltda Praca Floriano, 19, 4 andar Servicos Projetos de Engenharia Rua São Bento, 9, 9 andar Servicos Logistica Av. Rio Branco, 39, gr 501 Servicos Logistica Produtos Eletronicos Servicos Exploracao e Producao Estaleiros Cias de Petroleo Rua do Ouvidor, 87, sobreloja Servicos Informatica Av. Rio Branco, 156, sl 3401 Servicos Traducao Av. Rio Branco, 89, 10 andar Recursos Humanos Recrutamento e Selecao Rua Dom Gerardo, 63, sl 1703 Av. Presidente Wilson, 231, 23 andar Av. Rio Branco, 311, sl 801 Av. Rio Branco, 311 gr 801 Servicos Produtos Produtos Logistica Assessoria Juridica Motores Compressores Av. Rio Branco, 125, 19 andar Servicos Seguros Servicos Consultoria Servicos Manutenção Servicos Logistica Rua 7 de Setembro, 54, 4 andar Servicos Consultoria Rua Beneditinos, 16 sl 902 Produtos Compressores Av. Graca Aranha, 57, 11 andar Servicos Seguros Av. Almirante Barroso, 63, cj 1417 Servicos Consultoria em Energia Rua da Assembleia, 10, sl 3605 Servicos Projetos de Engenharia Rua Teofilo Otoni, 52, 5 andar Servicos Logistica Interfreight transportes Internacionais Ltda Interoceanica Chatering e Logistic Ltda JRC do brasil Empreendimentos Eletronicos Keppel Fels Brasil S/A Koch Petroleo do Brasil Ltda KRAV-Centro Autorizado de Servicos de Informatica Ltda Lersh Traducoes S/C Ltda Locer Assessoria e Consultoria em Recolocacao de Recursos Humanos Ltda Logike Associados S/C Ltda Macleod Dixon Consultores em Direito Estrangeiro Ltda Man Diesel e Turbo Brasil Ltda Manturbo do Brasil Ltda Marsh Corretora de Seguros Ltda Marte Engenharia Ltda Marte Engenharia Ltda Maxicargo International Ltda MCS Servicos Maritimos Computacionais Ltda Metano do Brasil S/A Miral Administracao e Corretagem de Seguros Ltda Motitec Engenharia e Consultoria Ltda Mount Eengenharia, Consultoria, Comercio e Participacoes Ltda MS Logistica Aduaneira e Av. Almirante Barroso, 63, gr309 Rua da Assembleia, 10, gr 2001 Rua da Quitanda, 50, 5 andar Av. Rio Branco, 251, (11, 14 e 15) andar Av. Rio Branco, 251, (11, 14 e 15) andar Rua da Quintanda, 187, 10 andar Servicos SEGMENTO Certificadoras 146 NOME DA EMPRESA Transportes Integrados Ltda MSC Engenharia Comercio Representacoes Ltda ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Av. Nilo Pecanha, 26, sl 904 e 908 Servicos Naval Newfield Brasil Ltda Rua do Carmo, 43, 9 andar Exploracao e Producao Cias de Petroleo Rua Mayrink Veiga, 6, 4 andar Servicos Logistica Av. Nilo Pecanha, 50, gr 2701 Servicos Noronha Engenharia S/A Av. Graca Aranha, 226, 9 andar Servicos Nuovo Pignone SPA - GE Oil e Gas Ocean Wheels Chart e Integrated Logistics Ltda Av. Republica do Chile, 500 - 19 andar Produtos Compressores Rua da Assembleia, 41, 4 andar Servicos Logistica OL Naval Ltda Av Augusto Severo, 8, 5 andar Produtos Av. Graca Aranha, 1, 5 andar Organizacoes Rua dos Andradas, 132 slj Produtos Informatica Nicomex Logistica Internacional Ltda Noble Denton e Associates Servicos Maritimos Ltda Organizacao nacional da Industria do Petroleo - ONIP Paper Rio Comercio e Servicos Ltda Consultoria Naval Projetos de Engenharia Guinchos e Guindastes Associacoes Empresariais Paradigm Geophysical do Brasil Ltda Av. Rio Branco, 138, sl 1702 Servicos Consultoria em Tecnologia da Informacao Paschoalin Consultoria Tecnica e Representacao Comercial Ltda Rua São Bento, 8, 2 andar Servicos Consultoria Transporte Dutoviario Industrial Petroquimica Av. Presidente Vargas, 328 Transporte Dutoviario Rua Santa Luzia, 651, 27 andar Produtos Umbilicais Rua Senador Dantas, 75 sl 2409/2410 Produtos Choke Av. Republica do Chile, 65 Exploracao e Producao Av. Rio Branco, 156, sl 528 Servicos Cias de Petroleo Consultoria na Area de E&P Petroserv S/A Av. Almirante Barroso, 52, 7 andar Servicos Phoenix Assessoria e Consultoria Maritima Ltda Av. Venezuela, 3, gr 1504 Servicos Pinheiro Neto Advogados Av. Nilo Pecanha, 11, 8 andar Servicos Petrobras Gas S/A - Gaspetro Petrobras Quimica S/A Petroquisa Petrobras Transporte S/A Transpetro Petrocean Comercio Internacional Ltda Petrolane Servicos em Petroleo Petroleo Brasileiro S/A Petrobras Petroleum Consultores Associados Ltda Av. Republica do Chile, 500, 28 andar Av. Republica do Chile, 65, sl 903 Perfuracao Meio Ambiente Assessoria Juridica 147 NOME DA EMPRESA ENDEREÇO SEÇÃO PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes Rua da Candelária, 65, 11 andar Servicos Proenco Brasil Ltda Rua do Ouvidor, 60, sl 1301 Recursos Humanos Projemar S/A Estudos e Projetos de Engenharia Prysmian Energia Cabos e Sistemas do Brasil S/A Quattor Participacoes S/A Queiroz Galvao Exploracao e Producao S/A Av. Almirante Barroso, 63, 29 andar Rua da Assembleia, 10, gr 4114/2012 Av. Graca Aranha, 182 , 9 andar Av. Almirante Barroso, 52, 13 andar Av. Presidente Antonio Carlos, 51, 7 andar Rua Conde Lages, 44 gr 1201 SEGMENTO Consultoria em Gestao Empresarial MBA Industrial Exploracao e Producao Projetos de Engenharia Cabos e Condutores Petroquimica Cias de Petroleo Servicos Perfuracao Produtos Naval Rua da Quitanda, 68, 8 andar Produtos Tubos Av. Presidente Wilson, 231, 5 andar Servicos Geologia, Geofisica e Geoquimica Av. Rio Branco, 18, 8 andar Produtos Informatica Av. Rio Branco, 1, sl 1401 B Servicos Rua São Jose, 90, sl 2201 A Servicos Av. Presidente Wilson, 231, 20 andar Servicos Seadbrokers Brasil Ltda Rua da Assembleia, 10 37 andar Servicos Seal Inspection & Training Ltda Av. Rio Branco, 45, sl 2404 Servicos Av. Rio Branco, 110, 21 andar Organizacoes Governo Rua do Carmo, 8, 11 andar. Servicos Seguros Produtos Conteiners Servicos Afretamento e Embarcacoes Distribuição GLP Exploracao e Producao Cias de Petroleo Queiroz Galvao Oleo e Gas S/A Radiomar Industria e Comercio Rig Servicos e Equipamentos de Petroleo Ltda RPS Consultores do Brasil Ltda Saga Sistemas e Computadores S/A Saipem do Brasil Servicos de Petroleo Ltda Santos CMI Engenharia e Construcoes Schlumberger Servicos de Petroleo Ltda Secretaria de Estado de Desenvolvimento Economico, Energia, Industria e Servicos Proderj - Sedeis RJ Securitas Uniao Corretora de Seguros Ltda Serviços de Conteiners Contil Ltda Sevan Marine do Brasil Ltda SHV Gas Brasil Ltda Silver Marlin Exploracao e Producao de Petroleo e Gas Rua Visconde de Inhauma, 58 sl 809 Av. Presidente Wilson, 231, sl1502 Av. Presidente Wilson, 231 , 19 andar Av. Rio Branco, 147, 2 andar Servicos Produtos Projetos de Engenharia Projetos de Engenharia Estudos de Reservatorio Afretamento e Embarcacoes Inspecao/ Supervisao 148 NOME DA EMPRESA Ltda ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Av. Passos, 34 Organizacoes Sindicatos dos Trabalhadores Av. Chuchill, 94 Organizacoes Sindicatos Patronais Av. Almirante Barroso, 52, sl 2002 Organizacoes Sindicatos Patronais Praca Pio X, 15, 3 andar Servicos Assessoria Juridica Rua Carlos de Carvalho, 34, lj A Produtos Eletronicos Rua da Alfandega, 91, 6 andar Servicos Av. Treze de Maio, 33, gr 709 Servicos Informatica Locacao de Mao de Obra Av. Erasmo Braga, 227, 11 andar Recursos Humanos Av. Presidente Vargas, 542 gr 713 Organizacoes Av. Rio Branco, 156, sl 2509 Organizacoes Rua do Carmo, 43, 12 andar Produtos Av. Venezuela, 27, gr 202/14 Servicos Somafoto Ltda Av. Rio Branco, 123, sl 1905 Servicos Sonangol Pesquisa e Prdocao do Brasil Ltda Rua da Assembleia, 98, 18 andar Av. Rio Branco, 1 gr 1505 a 1507 Exploracao e Producao Exploracao e Producao Afretamento e Embarcacoes Servicos Diversos Cias de Petroleo Cias de Petroleo Rua da Candelaria, 79, sl 11 Servicos Workover Rua Primeiro de Marco, 37, sl 201 Servicos Logistica Rua do Ouvidor, 121, 6 andar Servicos Assessoria Juridica Av. Almirante Barroso, 52, sl 1301 Servicos Gas Sindicato dos Trabalhadores na Industria do Petroleo do Estado do Rio de Janeiro - Sindipetro RJ Sindicato Nacional da Industria da construcao e Reparacao Naval e Offshore - Sinaval Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustiveis e Lubrificantes Sindicom Siqueira Castro Advogados Sistab Tec Comercio e Servicos de Equipamento de Energia Ltda Sistemas Senior RJ Ltda SLM Recursos Humanos Ltda Smartpetro Desenvolvimento Profissional em Petroleo Gas e Energia Ltda Sociedade Brasileira de Engenharia Naval - Sobena Sociedade Brasileira de Geofisica SoEnergy Sistemas Internacionais de Energia S/A Solana Navegacoes e Servicos Maritimos Ltda Sonangol Starfish Oil e Gas S/A Sotep SociedadeTecnica de Perfuracao S/A Southeaste Comercio de Equipamentos e Suprimentos Maritimos Ltda Stroeer, Royster e Ohno Advogados Suez Energy Brasil Ltda Formacao e Treinamento Associacoes Profissionais Associacoes Profissionais Motores 149 NOME DA EMPRESA Superquip Serviços e Equipamentos Tecnicos Ltda ENDEREÇO SEÇÃO SEGMENTO Rua Mexico, 3 , 18 andar Produtos Valvulas Tarmar Energia e Participacoes Av. Almirante Barroso, 63, sl 702 Servicos Perfuracao Tauil e Chequer Advogados Affiliated with Thompson e Knight LLP Rua do Carmo, 43 Servicos Assessoria Juridica Telespazio brasil S/A Av. Rio Branco, 1, sl 1807 Servicos Tinoco Anticorrosao Ltda Rua São Jose, 46, sl 807 Produtos Tranship Transportes Maritimos Ltda Trench Rossi Watanabe Advogados Praca XV de Novembro, 34, 5 andar Servicos Av. Rio Branco, 1, 19 andar Servicos Rua da Assembleia, 10, sl 3302 Produtos Av. Almirante Barroso, 63, sl 702 Av. Presidente Antonio Carlos, 51, 12 andar Rua Araujo Porto Alegre, 36, 4 andar Exploracao e Producao Tridente Industria e Comercio de Equipamentos Ltda UBX Interprise Ltda Ullhoa Canto, Rezende e Guerra Advogados Unipar - Uniao de Industrias Petroquimicas Universidade Estacio de Sá Instituto Politecnico Utec Survey Inc Valerus Energia Ltda Van Erven S/A Comercio de Valvulas e Conexoes Vanuza Sampaio Advogados Associados Veirano Advogados Vereda Estudos e Execucao de Projetos Ltda Vieira, rezende, Barbosa e Guerreiro Advogados S/C Wellstream do Brasil Industria e Servicos Ltda Western Geco Servicos de Sismica Ltda Wilson Sons Comercio Industria e Agencia de Navegacao Ltda Av. Presidente Vargas, 642 Av. Almirante Barroso, 63, sl 405 Rua Mexico, 3, 11 andar Servicos Industrial Petroquimica Recursos Humanos Curso Tecnico Servicos Servicos Rua Teofilo Otoni, 131 Produtos Rua da Ajuda, 35, 13 andar Servicos Av. Presidente Wilson, 231, 23 andar Av. Presidente Vargas, 590, gr 2105 Av. Presidente Wilson, 231, 18 andar Telecomunica coes Tratamento de Superficie Apoio Martimo Assessoria Juridica Equipamentos para Gnc e Gas Cias de Petroleo Assessoria Juridica Servicos Servicos Servicos Apoio Martimo Gas Automacao/In strumentacao Assessoria Juridica Assessoria Juridica Meio Ambiente Assessoria Juridica Linhas Flexiveis Av. Rio Branco, 138, 11 andar Produtos Av. Presidente Wilson, 231, 12 andar Servicos Sismica Av. Rio Branco, 25, 4 andar Servicos Logistica 150 NOME DA EMPRESA Wood Interbrok Seguros Workaday South East Logistica e Transportes Ltda ENDEREÇO Av. Marechal Camara, 160, 13 andar Av. Presidente Vargas, 962 sl 1403 SEÇÃO SEGMENTO Servicos Seguros Servicos Logistica