NA RUA ÁRABE
NUNO ROGEIRO
NA RUA ÁRABE
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
D A S R E V O LT A S
NO MÉDIO ORIENTE
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NUNO ROGEIRO
8
NA RUA ÁRABE
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO
15
I. CHOQUE E ESPANTO
19
O PRÍNCIPE E O POBRE
21
DE ROBESPIERRE A LAWRENCE
22
II. SITUAR A REVOLTA: O ECOSSISTEMA HUMANO
29
A ECONOMIA COMO EXPECTATIVA
30
PROCESSOS COMPARADOS
31
III. ALGUNS CASOS DE ESTUDO
33
MAGREBE: O CALDEIRÃO (DO) VIZINHO
34
No enorme deserto
34
Os piratas das dunas
36
As raízes e as causas
39
A revolta civil
42
9
ÍNDICE
LÍBIA: O CRIME DO PAI AMARGO
44
Sobre pesos e medidas
44
Os gritos do desespero
47
A força que protege
49
Amigos e inimigos
52
EGIPTO: O MISTÉRIO DA GRANDE PIRÂMIDE
53
Os charutos do faraó
53
De Heliópolis à câmara de Hórus
56
A «cidade dos mortos vivos»
59
«Com ou sem sangue?»
65
Transitar da transição
68
No labirinto dos reformadores
71
O serralho do sultão
73
NA TERRA PROMETIDA: UM DESTINO JORDANO
76
Daguerreótipo de um protesto
76
Chegar sem cegar
78
Maremoto no mar Morto
80
A cidade das águas
82
Encontros e desencontros
83
A hora dos espiões
85
Um jornalista na paisagem
87
Sião e negócio
88
IRÃO: PERSAS DO PUZZLE
90
R., «o moderado»
90
A peregrinação exemplar (entre infernos)
93
Interesses comuns
104
Que pluralismo?
106
Quando a caravana pára
115
Melopeias e meditações
117
10
ÍNDICE
XINJIANG: PORQUE ESTÃO NO TURQUESTÃO?
118
A «China islâmica»
118
Bagatelas para um massacre
120
O longo caminho
124
IV. A CAUSA DAS COISAS: PORQUÊ A REVOLTA?
127
CAUSAS IMEDIATAS
127
Patologia política
128
6XEGHVHQYROYLPHQWRHDVÀ[LD
129
A esclerose dos regimes
132
A pobreza e a injustiça
134
A repressão em linha
136
A religião?
138
CAUSAS MEDIATAS OU REMOTAS
143
Velhos e esquecidos: ideais e abandonos
143
Promessas expi(r)adas
145
Pesada herança
146
O culminar de processos sociais
147
A sedimentação ideológica
150
Problemas não resolvidos
151
V. OS «ACELERADORES» DAS REVOLTAS
153
A GUILHOTINA ELECTRÓNICA (E OUTRAS HISTÓRIAS EM REDE)
154
Diz funções
154
Velhas e novas redes
155
À medida do Oriente
158
Os rompedores do bloqueio
159
A (I)MEDIATIZAÇÃO
164
O PAPEL DOS REGRESSADOS E DOS EMIGRADOS
169
ASCENSÃO DE LIDERANÇAS
176
11
ÍNDICE
O COMPORTAMENTO DO PODER
179
POSIÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS
181
FACTORES EXTERNOS
186
PROCESSOS SIMBÓLICOS
196
VI. A MÃO QUE EMBALA O BERÇO: REALIDADES
199
E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
IRÃO
200
ISRAEL
203
AL-QAEDA
206
IRMANDADE MUÇULMANA
209
ARÁBIA SAUDITA
213
EUA
215
TURQUIA
222
VII. AS CONSEQUÊNCIAS DAS REVOLTAS
227
TIRANICÍDIOS E PRINCÍPIOS
229
A TEORIA DOS DOMINÓS
233
AS ESPERANÇAS DE REFORMA DEMOCRÁTICA
236
TRANSIÇÃO NEGOCIADA
240
O ESPECTRO DE GOLPES DE ESTADO E GUERRAS PROLONGADAS
244
DESTRUIÇÃO E RECONSTRUÇÃO ECONÓMICA
245
SOBRE NOVOS ESCÓIS
252
NOVOS EQUILÍBRIOS E DESEQUILÍBRIOS REGIONAIS
255
NOVAS CONSTITUIÇÕES
262
ENDURECIMENTO DOS REGIMES
275
ASCENSÃO DE NOVOS ACTORES TOTALITÁRIOS
279
EXPANSÃO
285
CONSEQUÊNCIAS PARA A EUROPA
288
12
ÍNDICE
VIII. A REVOLTA ÁRABE E O PROBLEMA DO
297
«CHOQUE DAS CIVILIZAÇÕES»
DESDE RATISBONA
297
PENSAR A JIHAD
299
ALIANÇA DAS CIVILIZAÇÕES
302
UM ARTIGO COM SEQUÊNCIA
304
A CIVILIZAÇÃO DA REVOLTA
307
IX. PARA CONCLUIR: QUE REVOLUÇÃO?
311
NOTAS
315
ANEXO: OS PANFLETOS DA PRAÇA TAHRIR
349
13
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I . C H O QU E E E S PA N TO
No novo Conceito Estratégico da NATO (CEN), aprovado com pompa e circunstância em Lisboa, em Novembro de 2010, não há uma única referência à possibilidade
remota de uma revolta árabe. Pode sempre dizer-se que o
CEN precisa de ser válido daqui a dez anos e que a revolta
árabe pode já não o ser nessa altura. Ou que os meios securitários do Ocidente estavam a olhar para outras direcções há oito meses.
Mas não só o Ocidente. No último número de 2010 do
LQÁXHQWHEROHWLPUXVVRInternational Affairs, espécie de órgão
RÀFLRVRGR0LQLVWpULRGRV1HJyFLRV(VWUDQJHLURVGH0RVcovo (o ministro Sergei Lavrov é o presidente do Conselho
Consultivo), o embaixador iemenita na Federação Russa podia ainda prever, não a revolução, mas «um país à beira do
desenvolvimento». Mohammed al-Hilali achava, por exemplo,
que o discurso do Presidente Saleh, de Maio desse ano, era
visionário e «assegurava a estabilidade nacional» (sic). Poucos
19
NUNO ROGEIRO
meses depois de o texto ser publicado com chancela russa, o
Iémen ardia em fogo rápido.
Mudando de continente e de âmbito, também a clássica Foreign Affairs americana, no seu último número de 2010, tinha
SRXFDRXQHQKXPDSUHYLVmRGDUHYROWDiUDEHGRÀPGRDQRH
do início de 2011. Michael Crawford e Jami Miscik, em «The
Rise of Mezzanine Rulers», advertiam para a emergência, no
Médio Oriente e no Sul da Ásia, de actores subestatais que
criavam um novo patamar de poder entre os dirigentes tradicionais e o povo. Porém, se dissecarmos o artigo, vemos que
é mais sobre um fenómeno emergente na última década do
que uma visão do futuro próximo. Trata-se de referir o desaÀRTXHFRORFDPVREUHWXGRDR'LUHLWR,QWHUQDFLRQDORVSRGHres de facto em Estados em crise, falhados ou multipolares, da
Somália ao Paquistão, passando pelo Líbano, pelos territórios
palestinianos e pelo Iraque. Hezbollah, Talibãs, LeT, Al-Qaeda, Hamas, subestados que controlam partes de territórios ou
SRSXODo}HVRXLQÁXHQFLDPGHVWLQRVORFDLVRXFRQWHVWDPD
autoridade, o alcance e a administração dos governos centrais.
Mas algumas obras incisivas e visionárias alertavam, de há
algum tempo a esta parte, para o potencial insurgente dentro
do islão. É o caso do último livro de Graham Fuller, que se
tornou famoso na CIA e no Departamento de Estado norte-americano, em 1979, ao advogar o diálogo com forças moderadas do Irão, pouco tempo depois da revolução que levou à
queda do xá. Fuller refere três elementos que podem reavivar
a violência no mundo muçulmano: a existência de movimentos
de contestação a poderes despóticos, questões pós-coloniais
mal resolvidas e a luta pela libertação nacional ou resistência
a ocupantes estrangeiros. O primeiro problema, como é óbYLRHVWiQRFHUQHGDUHYROWDHPFXUVRGHVGHRÀQDOGH
20
NA RUA ÁRABE
Conselho de Fuller aos decisores americanos: «Conduzir a
política nacional no Médio Oriente como se o islão não exisWLVVHª2FRQVHOKRSRGHSDUHFHUXPDSURYRFDomRPDVVLJQLÀFD
apenas, como explica o autor, que «a vasta maioria dos problemas na região pode ser abordada e resolvida sem o recurso ao
islão como explicação ou factor operativo». Ou seja: sem que o
islão obceque, tolha, sirva de pretexto ou de fantasma. Não se
olha também para a geopolítica da União Europeia pelo crivo
GDLQÁXrQFLDGD,JUHMD&DWyOLFD$SRVWyOLFD5RPDQD
O p ríncipe e o p obre
A princesa Rania da Jordânia tem qualquer coisa de actriz,
PRGHORIRWRJUiÀFR&LQG\&UDZIRUGVHJXQGRRVFRQKHFHdores) e activista social. Na conversa que tivemos em Lisboa,
foi sobretudo a última que falou. Explicou que não se podem
colocar todos os regimes e sociedades árabes no mesmo saco
(o da minimização das mulheres, por exemplo) e aludiu ao
frágil equilíbrio político jordano de uma monarquia pequena,
governada por um escol ocidentalizado, cercada por vizinhos
poderosos, belicosos ou frágeis (Israel, Síria, Líbano), com
uma população maioritariamente estrangeira ou não autóctone, e uma difícil relação com alguns sectores do mundo muçulmano, devido a ser uma das faces do islão que fez a «paz
dos bravos» com Israel, vista como «capitulação» pelos críticos.
«É verdade que o seu marido, o rei Hussein, nas últimas
horas de vida do rei Hussein, se disfarçou de pedinte e andou pelas ruas, confundido com o povo, para saber o que este
pensava dele?» Perguntei isto com a perfeita noção do risco.
A história corria como boato insistente, dentro dos meios
21
NUNO ROGEIRO
selectos de Amã, entre serviços secretos, jornalistas e coPXQLGDGHGLSORPiWLFD0DVQXQFDIRUDFRQÀUPDGDHPERD
verdade. Rania respondeu-me com naturalidade: «Sim, é verdade. Achou que seria uma boa maneira de tomar o pulso às
pessoas e ver em que estado se encontrava o nosso regime.»
Esta ideia de uma conduta política baseada no entendimento do espaço comum, de moral estatal derivada da empatia,
SRGHWHUVHGX]LGRÀOyVRIRVVHGLPHQWDGRURPDQFHVKLVWyULcos sobre soberanos bondosos, mas raramente saía dos reinos da efabulação. Em Amã, o rei que ama passou de mito
a prática. Mas não é seguro que possa esperar pairar sobre a
revolta das ruas, sem medidas suplementares a essa espécie
de ternura de estadista. Tal como em outros regimes pessoais
relativamente benignos, mais ou menos enraizados na tradição (o caso de Marrocos vem à tona), o romantismo entronizado não é, por si mesmo, um seguro de vida1.
De Ro be s pi e rre a Law re nc e
Para estudar as revoluções, é preciso desenterrar Crane Brinton? Não, mas ajuda. O ilustre historiador de Harvard, falecido
pouco depois do Maio de 68, entrou na galeria dos observadores de distúrbios e golpes comparados, por um pequeno e
penetrante ensaio publicado três décadas antes da sua morte.
Chamava-se Anatomia da Revolução e continuava a sua importante obra de análise do jacobinismo. Ali se procurava comparar uma série de revoluções (Inglesa em 1642-1651, Francesa,
Americana e Russa), tentando decifrar traços comuns, movimentos semelhantes, grandes linhas de força e, obviamente,
diferenças essenciais.
22
NA RUA ÁRABE
A força do livro está, desde logo, no desprendimento cientíÀFRQR©PDTXLDYHOLVPRªHPVHQWLGRWpFQLFRGHVFREULURPHcanismo do relógio, sem julgar), na ausência de ira e paixão
pelo estudo destas grandes turbações humanas. Vem depois
a aguda noção das revoluções como «processo histórico» e não
VLPSOHV©PRPHQWRª)LOPHQmRIRWRJUDÀD%DQFDUURWDHFRnómica e política, reivindicações revoltosas, dúvida do poder,
ensaio de repressão ou atraso do processo, tomada do trono,
reinos de terror e virtude, luta entre radicais e moderados,
terror, arrefecimento do processo, Termidor e ditadura pessoal: Cromwell, Bonaparte, Estaline e a excepção americana.
Excepção que, no entanto, levou ao fortalecimento do governo federal acima dos Estados e do Presidente acima das
reclamações de governo de gabinete. Excepção que deriva de
uma guerra que foi mais de libertação nacional ou colonial
do que revolucionária.
Brinton mostra que as dúvidas, desmoralização, deserções
– incluindo as forças de segurança – nos regimes em crise
se associam à determinação dos descontentes. E prova que
HVWHVQmRVmRGHVFODVVLÀFDGRVVRFLDLVRXOHJL}HVGHPLVHUiveis, mas pessoas de todas as categorias, espécie de mosaico
da sociedade insatisfeita. E mostra ainda que as aspirações
espirituais (cidadania, dignidade, voto, liberdade) podem ser
tão ou mais importantes que as preocupações económicoÀQDQFHLUDV$HVSHUDQoDYDOHPDLVGRTXHDPLVpULDVHEHP
que a libertação da miséria seja também um objectivo político.
Por outro lado, o autor explica que o momento crucial
de mudança dá-se quando o regime falha na repressão ou na
WHQWDWLYDGHFDSWDURVUHYROWRVRVTXDQGRDIRUoDpLQVXÀFLHQWH
ou exagerada, provocando revoltas ainda maiores, e quando o
diálogo e as concessões propostas têm, fortemente, o cheiro
23
NUNO ROGEIRO
a fraqueza. Outro ponto de transformação: a passagem da
lealdade dos intelectuais para a área da rua.
Depois de um período de lua-de-mel, a revolução gira,
em geral, dos moderados para os extremistas e pode seguir-se um período de purgas, vinganças e retaliações de uns
grupos em relação aos outros. Este tempo pode ser antecedido de um «governo dual», em que centristas e radicais
disputam, partilham ou co-gerem o poder.
O triunfo temporário dos radicais deve-se a uma série de
factores, incluindo a melhor organização, o espírito de missão,
o descomprometimento – pelo menos aparente e na linguagem – com o antigo regime e porque os moderados aparecem
sempre como um meio-termo, incapazes de ganhar adeptos
entre a velha ordem e a nova.
Quanto ao arrefecimento revolucionário do Termidor
– usando sempre a experiência francesa – Brinton explica-o
por uma série de factores, incluindo a necessidade de segurança, a frustração e a desilusão das massas e dos militantes,
a falta de progresso material, o excesso de arbitrariedade e os
banhos de sangue e a ascensão de novas estruturas técnicas
de direcção, racionalizadas ou baseadas no poder pessoal e
nas visões de um tirano.
Muita água passou debaixo das pontes, entretanto. Brinton já não viu as revoluções do Leste Europeu, a queda das
DXWRFUDFLDVFRPXQLVWDVRÀPGR[iGD3pUVLDDUHYROWDiUDbe. E muito foi entretanto escrito sobre o fenómeno revoluFLRQiULRQD&LrQFLD3ROtWLFDHGLVFLSOLQDVDÀQVUHDOoDQGRVH
as obras de Chalmers Johnson, Ted Robert Gurr, Samuel
Huntington, Alain Badiou e Theda Skocpol, por exemplo.
Por outro lado, a comparação do processo a um relatório
24
NA RUA ÁRABE
clínico, com sintomas, febre, agravamento, etc., é uma metáfora poderosa, mas precisa de ser tomada em muitos sentidos literários. E há a questão dos dados e das estatísticas,
que precisam de ser estudados antes de estabelecermos um
modelo comparado.
De qualquer maneira, é tentador reler Brinton à luz do que
se passa no mundo árabe. Em quase todos os movimentos
encontramos elementos estudados pelo tradicional historiador
americano. Os mesmos fenómenos, o mesmo estado mental
febril, as mesmas personagens e intérpretes, as mesmas ambiguidades e fraquezas do poder, as mesmas ousadias, avanços e recuos dos militantes. Não havia então internet, mas
rotativas e correios a cavalo, cartazes e pelourinhos (cf. infra,
«A guilhotina electrónica»). Porém, a última imagem das massas numa praça, do ponto de vista do guarda do palácio que
pergunta se deve premir o gatilho, é a mesma, certamente.
Apesar do tom desprendido, Brinton parece sempre céptico em relação aos benefícios da revolução quando comparados com os malefícios e os resultados a longo prazo, que
considera mínimos se comparados com revoluções tecnolóJLFDVUHOLJLRVDVHFLHQWtÀFDVFRPJXHUUDVHPRYLPHQWRVGH
secessão. No entanto, o autor reconhece a energia envolvida
nas revoltas e a capacidade de mobilização positiva de áreas
sociais e políticas antes alienadas ou reprimidas. Até porque
só se julgam as revoluções pelo ponto de chegada e não pelo
ponto de partida2.
Houve no século XX outra revolta árabe (cf. infra), nascida
da eclosão dos nacionalismos e da militância sectária, por todo
o Médio Oriente ocupado pelos impérios e sobretudo pelo
trono otomano. O acelerador histórico foi, na época, a larga
campanha de guerra subversiva e não convencional franco-
25
NUNO ROGEIRO
LQJOHVDFRPXPSXQKDGRGHHVSHFLDOLVWDVRÀFLDLVHVROGDGRV
de escol a enquadrar milícias, guerrilhas, sabotadores, insurrectos, legiões cavalgando camelos e cavalos, atacando pelo
deserto, fugindo para montanhas, destruindo vias férreas e
praticando ousados golpes de mão. Os mais novos conheFHPDKLVWyULDSHODÀJXUDPtWLFDGH7(/DZUHQFHLawrence
de Arábia, imortalizado no cinema por Peter O’Toole (bastante mais alto, carismático e arrebatador do que a personagem original). Mas quem se fascine com os paralelismos,
pode encontrar fantasmas de Lawrence nos elementos do
SAS britânico e do COS francês, enquadrando a turbamulta
GHUHYROWRVRVFRQWUD.DGKDÀTXHYLSDVVHDUFRPRWXULVWDV
em Tobruk e na fronteira com o Egipto.
A revolta de 1916 era, essencialmente, uma campanha de
autodeterminação nacional, em que os colonizados se levantavam contra o império. Mas havia muitos elementos da presente turbação, com o crescimento de uma nova geração de
combatentes – civis, militares e paramilitares – dispostos a reconstruir o mundo num ponto crucial da terra.
E os mais letrados não se esquecem da desilusão de LawUHQFHQRÀOPHGH'DYLG/HDQTXDQGRDVVLVWHjVGLYLV}HVQR
SDUODPHQWRiUDEHDFDEDGRGHFULDUHjVGLVFXVV}HVLQÀQGiYHLV
sobre a melhor maneira de governar o novo mundo.
Chegados ao poder, os revolucionários, cuja especialidade era o desmantelamento, precisavam de construir. Dividiram-se logo leões e raposas, moderados e iracundos,
candidatos a fuziladores e potenciais vítimas dos pelotões
de fuzilamento, chanceleres e oradores, eminências pardas
e tribunos da plebe.
$UHYROXomRFRPLDRVVHXVÀOKRV2VVHXVÀOKRVFRPLDP
a revolução.
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Os que querem novas legislaturas, de Tunes a Damasco,
de Bagdad ao Líbano, do Cairo a Bengazi, pensarão certamente nestes paralelos, mesmo sem ter lido Crane Brinton
e sem ter visto David Lean e o seu resplandecente guerreiro
das sombras3.
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