III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS EM UM
PRONTO ATENDIMENTO MUNICIPAL DA REGIÃO CENTRO-OESTE DO
ESTADO DE MINAS GERAIS SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
André LUÍS RIBEIRO DOS SANTOS 1; Ricardo VÍTOR RIBEIRO DOS SANTOS
1
2
Professor Substituto do Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí, extensão
Oliveira/MG. 2 Professor do Centro Federal de Minas Gerais(CEFETMG) campus Curvelo
RESUMO
Estudo do perfil demográfico e epidemiológico da clientela atendida em um Pronto Atendimento
Municipal (PAM) de uma cidade localizada na região Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais.
Busca-se com este estudo caracterizar a realidade deste Pronto Atendimento, quanto a triagem de
pacientes, volume e natureza dos atendimentos. Usando-se como metodologia uma pesquisa
exploratória descritiva com análise de dados, sendo a amostra constituída por 382 prontuários de
pacientes atendidos no período de junho de 2008 a maio de 2009. Foram estudadas a variável:
Classificação de risco do atendimento, as co-variáveis: Sexo, faixa etária. Constatou-se que 11% de
casos emergenciais, 39% urgências e 50% de prontuários encaixados no perfil “outros”, não
perfazendo assim características de pacientes que necessitariam de atendimento ambulatorial e sim
de atenção primária oferecida nas Unidades Básicas de Saúde da Família. Do total de prontuários
investigados, 53% foram do sexo feminino e 47% do sexo masculino. Os resultados indicam que,
embora a triagem ou Classificação de Risco no Pronto Atendimento seja realizada por técnicos de
enfermagem, sob supervisão de uma profissional Enfermeira, a instituição cumpre sua missão de
atendimento preferencial a pacientes com potencial risco de vida, mas o sistema por vezes encontrase congestionado por clientes que não estão adequados ao seu perfil, comprometendo assim a
qualidade da assistência prestada àqueles que realmente a demandam.
Palavras chave: Triagem. Classificação de risco. Pronto Atendimento Municipal.
INTRODUÇÃO
As unidades de Pronto Socorro têm como finalidade a promoção de serviços médicos
requeridos em caráter de emergência e urgência com o objetivo de prolongar a vida, ou ainda,
prevenir conseqüências críticas para o usuário. Estes serviços de emergência possuem como
características: o acesso irrestrito, o número excessivo de pacientes com uma grande diversidade na
gravidade do caso inicial, com pacientes críticos ao lado de pacientes mais estáveis, a sobrecarga da
equipe de enfermagem e número insuficiente de médicos.
O problema da superlotação vem se agravando nos locais de atendimento a urgências e/ou
III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
emergências, fato conhecido, tanto pelas instituições de saúde públicas ou privadas, sejam
hospitalares ou da rede básica, como pelos profissionais de saúde, usuários e população. As
conseqüências são as elevadas taxas de ocupação dos leitos de observação das emergências, devido
à necessidade de uma falsa resolutividade e acolhimento, bem como, uma elevada procura por
consultas médicas, muitas vezes desnecessárias, o que implica custos individuais e desperdício de
recursos públicos, já que boa parte da população que procura este serviço não necessita deste tipo
de atendimento, mas de atendimentos de baixa complexidade, frequentemente voltados às doenças
crônicas não transmissíveis, próprias do processo de envelhecimento da população.
A presente pesquisa tem como objetivo, conhecer o perfil dos atendimentos realizados no
Pronto Atendimento Municipal (PAM) localizado na região Centro Oeste do Estado de Minas
Gerais quanto à classificação de risco.
Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de conscientizar a população local sobre a real
função do PAM e servir de fonte geradora de material para realização de estudos e intervenções
futuras para este setor.
MATERIAL E MÉTODOS
Para descrever o perfil dos pacientes quanto aos casos de emergência, urgência e outras no
Pronto Atendimento Municipal foi realizada uma pesquisa de campo para coletar os dados e
classificá-los quanto as categorias emergência, urgência e outras. No momento em que o paciente
da entrada no PAM, é preenchido uma ficha (prontuário) com observações prévias e suas queixas.
Esse levantamento foi realizado a partir da análise de prontuários de pacientes atendidos entre junho
de 2008 a maio de 2009. Estes prontuários encontram-se arquivados em compartimentos separados
por meses (ver TAB. 1).
TABELA 1- Distribuição dos prontuários
por meses no PAM.
Meses
Nº de atendimentos
junho
3641
julho
5153
agosto
4033
setembro
3749
outubro
3543
novembro
3823
dezembro
3465
janeiro
3419
fevereiro
3763
março
3952
abril
3642
4015
maio
Total
46198
Fonte: PAM / MG-Região Centro Oeste
III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
O PAM/MG, região centro oeste do estado, atendeu 46198 (população) pacientes no período
de junho/08 a maio/09 (ver TAB 1). Como essa população é finita e relativamente grande, foi
necessário realizar uma amostragem, que é o procedimento de se obter ou coletar uma amostra.
Como os prontuários estão distribuídos por meses, e de forma bastante homogênea, foi
utilizada a amostra aleatória simples, porém sorteando dentro de cada mês uma quantidade de
prontuários proporcional ao número de pessoas atendidas e ao tamanho da amostra (ver TAB. 2).
TABELA 2- Distribuição dos prontuários amostrados por meses.
Nº de atendimentos
Meses
amostrados
Junho
31
Julho
43
Agosto
34
Setembro
31
Outubro
29
Novembro
31
Dezembro
29
Janeiro
28
Fevereiro
31
Março
32
Abril
30
Maio
33
Total
382
Fonte: PAM /MG Região Centro Oeste
Para conhecer o tamanho da amostra com o intuito de estimar a proporção (p) de uma
população finita foi utilizada a seguinte fórmula:
Z 2 × pˆ × qˆ × N
n= 2
d × ( N − 1) + Z 2 × pˆ × qˆ
sendo: N: tamanho da população; Z: abscissa da Normal padrão; p̂ : estimativa da proporção;
qˆ = 1 − pˆ : complemento da estimativa; d: erro amostral; n: tamanho da amostra.
Como não se sabe a proporção (p) real do número de pacientes atendidos no PAM baseados
na classificação de risco (emergência, urgência e outras), usou-se pˆ = 0.5 e qˆ = 0.5 , pois, são
valores que fazem com que o tamanho da amostra aumente, de tal forma que ela seja mais
representativa. O erro amostral utilizado foi de 5% (d), isto é, um nível de confiança de 95%, assim
de acordo com a tabela da Normal Padrão, Z = 1,96. Diante do exposto, o tamanho da amostra para
estimar a proporção (p) dessa população finita foi de 382 prontuários.
Os dados foram agrupados em tabelas do Excel e classificados quanto ao risco (Emergência,
III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
Urgência e Outros), quanto ao sexo, idade e faixa etária.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi possível observar uma relativa equivalência na quantidade de clientes do sexo masculino
(47%) e feminino (53%), este fenômeno também se repete nos dados encontrados no DATASUS,
onde este estima 51% de cidadãs do sexo feminino e 49% representantes do sexo masculino.
Quanto à faixa etária, foi constatada maior incidência de atendimentos ao pacientes na faixa
entre 30 a 35 anos, porém nota-se que pelo conjunto existe uma homogeneidade ao número de
pacientes da faixa etária de 0 a 60 anos.
GRÁFICO 1 – Porcentagem de casos por classificação de risco no período de Junho de 2008 a Maio de 2009
no PAM/ MG da Região Centro Oeste
FONTE: Formulários aplicados pelos autores na pesquisa de campo.
Os resultados obtidos ao longo da pesquisa nos mostram a porcentagem de atendimentos
realizados pelo PAM de acordo com sua natureza, sendo que, em primeiro lugar se destacam os que
não se enquadram no padrão de urgência/emergência (GRAF. 1).
Tal a contextualização do gráfico, nota-se o desvio da prioridade de atendimento que deve
ser prestado pelo PAM /MG, portanto existe uma divergência no modo de pensar e tratar a urgência
pelos profissionais envolvidos e usuários desses serviços. Por um lado, têm-se portas de entrada do
sistema ambulatorial; por outro lado, uma população que deseja o serviço e acredita que não está
interferindo no verdadeiro papel institucional. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a
III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
unidade de emergência é destinada a promover serviços médicos requeridos com caráter de
emergência e urgência para prolongar a vida ou prevenir conseqüências críticas, os quais devem ser
proporcionados imediatamente (Poll et al., 2008), descreve que a sobrecarga de trabalho, em
serviços de pronto atendimento reflete em um desperdício da vocação maior do serviço que seria
salvar vidas.
CONCLUSÃO
O que deve ser considerado é que os serviços de emergência devem ser reavaliados sempre
para adequação e otimização do atendimento, e assim prover satisfação e um bom resultado, tanto
do ponto de vista do usuário, quanto dos profissionais envolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, D.M. Demanda de pronto-atendimento ao serviço de emergência de um hospital geral
em um município coberto pela estratégia de saúde da família: o caso de Quissamã. Dissertação
(Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro,
2007.
BRASIL, Ministério da Saúde/SUS. Lei n° 8.080, de 19/09/1990- Dispões sobre para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e funcionamento dos serviços correspondentes e de
outras providencias. Diário oficial da União, Brasília, DF, 20 set.1990.
LIMA, S. B. S.; ERDMANN, A. L. A Enfermagem no processo da acreditação hospitalar em um
serviço de urgência e emergência. Acta Paul Enferm, Santa Maria, RS, v. 19, n. 3, p. 271-278, jul.
2006.
MENDES, E.V. Os sistemas de serviços de saúde : o que os gestores deveriam saber sobre essas
organizações complexas. Fortaleza : Escola de Saúde Pública do Ceará, 2002.
POLL, M. A.; LUNARDI, V. L.; FILHO, W. D. L. Atendimento em unidade de emergência:
organização e implicações éticas. Acta Paul Enferm, Cruz Alta, RS, v. 3, p. 509-514, maio 2008.
Portal DATASUS http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popMG.def, acessado em
18/06/2009.
STRALEN, C. J. V.; et al. Percepção dos usuários e dos profissionais de saúde sobre atenção
básica: comparação entre unidades com e sem saúde da família na Região Centro-Oeste do Brasil.
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 148-158, 2008
TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. Rio de Janeiro, RJLTC, 2008. 696p.
Download

perfil epidemiológico dos pacientes atendidos