AVALIAÇÃO ESCOLAR:
Vários enfoques e uma só finalidade,
melhorar a aprendizagem
AVALIAÇÃO ESCOLAR
VÁRIOS ENFOQUES E UMA
SÓ FINALIDADE
melhorar a aprendizagem
Adriana Patrício Delgado
Maria do Socorro Taurino
Nádia Conceição Lauriti
Regina Célia Montefusco
Florindo Pessoa
(Orgs.)
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©2015 Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.)
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D3521 Delgado, Adriana Patrício; Taurino, Maria do Socorro; Lauriti, Nádia
Conceição; Pessoa, Regina Célia Montefusco Florindo (Orgs.) Avaliação Escolar:
Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem/Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia
Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015.
232 p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8148-796-0
1. Avaliação escolar 2. Currículo escolar 3. Modelos de avaliação
4. Processos educacionais I. Delgado, Adriana Patrício II. Taurino, Maria do Socorro III. Lauriti, Nádia Conceição IV. Pessoa, Regina Célia Montefusco Florindo
CDD: 370
Índices para catálogo sistemático:
Avaliação pedagógica
371.26
Currículo escolar
375
Política educacional
379.2
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
Sumário
Apresentação............................................................................7
Capítulo 1
A educomunicação e a avaliação nos novos cenários do ensinoaprendizagem.........................................................................13
Profª Nádia Conceição Lauriti
CAPÍTULO 2
Um panorama sobre ciclos, promoção automática e progressão
continuada: história e concepção sob a perspectiva da avaliação
de aprendizagem....................................................................39
Adriana Patrício Delgado | Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa
CAPÍTULO 3
Refletindo sobre avaliação: da educação básica ao ensino
superior.................................................................................65
Marie Rose Dabul | Niuza Barone Peres
CAPÍTULO 4
Avaliar na educação infantil: o que é e como fazer isso?..........83
Kézia Costa de Oliveira Rocha Carvalho
CAPÍTULO 5
Avaliação: mudança dos instrumentos ou o do olhar?...........105
Neuza Abbud
CAPÍTULO 6
A avaliação da aprendizagem e as técnicas de si....................123
Rosiley Teixeira
CAPÍTULO 7
Avaliação institucional e de sistemas: questões relevantes......153
Sandra da Costa Lacerda
CAPÍTULO 8
SARESP: O sistema de avaliação da Secretaria de Estado da
Educação de São Paulo.........................................................173
Simone Santoro Romano
Capítulo 9
A prova escrita na avaliação da aprendizagem.......................201
Maria do Socorro Taurino
aprESENtaÇÃo
A avaliação formativa cruza o trabalho pedagógico desde seu
planejamento até a sua execução, coletando dados para melhor
compreensão da relação entre ensino e aprendizagem, possibilitando, assim, orientar a intervenção didática para que seja qualitativa e pedagógica.
Léa Depresbiteris, 2011
A avaliação, [...] é uma forma de autoconhecimento da própria sociedade que procura conhecer a si mesma através da identificação do que prevalece em uma de suas principais instituições
a -escola-, que é responsável por sua continuidade.
O fracasso refletido em uma avaliação representa, na realidade, o próprio fracasso da sociedade em concretizar seus objetivos.
Heraldo Marelim Viana, 2005
Começamos a apresentação deste volume, o 14 da Coletânea Pedagogia de A a Z, lembrando a contribuição de dois apaixonados pelas questões de avaliação educacional, mencionados
em epígrafe, conhecidos nacional e internacionalmente, no meio
acadêmico, e entre os estudiosos desta instigante e polêmica área
de conhecimento. A professora Léa seria autora de um dos capítulos, sob o título “O significado da avaliação para o aluno”
e o professor Heraldo, certamente escreveria esta apresentação,
considerando não apenas as nossas relações de amizade mas, pela
admiração e respeito mútuos que pautaram as nossas trajetórias.
Os dois nos deixaram nos primeiros anos desta década de 2010.
A eles, a nossa carinhosa e saudosa homenagem.
As citações acima foram selecionadas para mostrar a avaliação no seu sentido técnico e também no sentido social e políti7
Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.)
co. Assim, a Professora Léa assumidamente humanista, aparece
defendendo a questão dos instrumentos de coleta de dados. Por
outro lado, o Professor Heraldo reconhecido pelas competências
técnicas de analista de instrumentos e de dados estatísticos, aparece preocupado com questões sociais.
O resumo, ainda um esboço, do capítulo que completaria
este volume, chegou a nos ser enviado, pela professora Léa, conforme segue:
Muito se tem falado da importância do significado para a
aprendizagem do aluno, qualquer que seja o nível de escolaridade. Ausubel (1963, p.58) diz que a aprendizagem
significativa é o processo através do qual uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de maneira
não arbitrária e substantiva (não-literal) à estrutura cognitiva do aprendiz. É no curso da aprendizagem significativa
que o significado lógico do material de aprendizagem se
transforma em significado psicológico para o sujeito. Qual
é o significado psicológico mais comum que os alunos têm
sobre a avaliação? Alguns sentem medo, outros, indiferença,
outros pensam em julgamentos, notas. Mas e se, nós educadores, tentássemos mudar essa representação social dos
educandos? É uma ação viável? Creio que sim, e pretendo
nesse artigo indicar algumas estratégias com potencial para
transformar significados restritos ou pejorativos em outros
que mostrem a avaliação como meio de melhoria de uma
pessoa e da coletividade. Descreverei algumas estratégias
como as de: mediação, metacognição e autorregulação, avaliação participativa e avaliação democrática, que em minha
experiência como educadora, me têm sido de enorme valia.
O artigo busca, igualmente, despertar no professor a vontade de ousar na elaboração dos instrumentos de avaliação
da aprendizagem. Evidentemente essa ousadia não pode
ser aleatória. A elaboração e aplicação de instrumentos de
avaliação é um momento crucial do processo de ensino e
aprendizagem, porque possibilita a coleta indicadores para
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Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem
analisar e interpretar os desempenhos dos alunos. Trata-se
de pensar em instrumentos mais criativos, mais desafiadores, com maior significado para os alunos. (Depresbiteris,
Fevereiro de 2012)
Neste volume, o primeiro capítulo trata da Educomunicação e
a Avaliação nos Novos Cenários do Ensino-Aprendizagem, de autoria da Professora Nádia Conceição Lauriti que aponta a comunicação, a educação e a avaliação como áreas absolutamente interligadas pelo fato de pedirem constante negociação de significados
e ressignificações de sentidos.
O segundo capítulo intitula-se Um Panorama Sobre Ciclos,
Promoção Automática e Progressão Continuada: História e Concepção sob a Perspectiva da Avaliação de Aprendizagem, cujas autoras
Adriana Patrício Delgado e Regina Célia Montefusco Florindo
Pessoa discutem como estas reformas educacionais colocam em
evidência o tema avaliação, propondo novos modos de concebê-la e praticá-la no dia a dia da escola com implicações no currículo, na didática e na formação de professores.
No terceiro capítulo, Refletindo Sobre Avaliação: da Educação
Básica ao Ensino Superior as autoras Marie Rose Dabul e Niuza Barone Peres apresentam diferentes formas de avaliação bem
como instrumentos e técnicas utilizadas, considerando as faixas
etárias e os níveis de escolarização dos alunos, as tendências educacionais e os avanços tecnológicos na sociedade contemporânea.
No quarto capítulo, Kézia Costa de Oliveira Rocha Carvalho
apresenta o tema Avaliar na Educação Infantil: o Que é e Como Fazer Isso? A avaliação na educação infantil, requer da parte do educador muito compromisso e ética, por entender a necessidade de
um olhar cuidadoso, sensível e reflexivo para a criança desta faixa
etária e que o compromisso e a ética não serão apenas direcionados ao objeto que avaliamos, mas acima de tudo a nós mesmos.
Neuza Abbud, no capítulo cinco discute Avaliação: Mudança dos Instrumentos ou do Olhar? A autora considera o processo
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avaliativo como a manifestação de juízos de valores, em que se
supõem uma tomada de decisão por parte do professor e uma
resposta do aluno frente ao seu próprio desempenho e indaga
se os instrumentos utilizados estão efetivamente cumprindo sua
função em termos dos critérios, enquanto praticados.
O sexto capítulo intitula-se A Avaliação da Aprendizagem e
as Técnicas de Si. Nele, a autora Rosiley Teixeira analisa a avaliação como prática pedagógica que visa constituir sujeitos de “um
certo tipo” e acrescenta que estão em pauta a relação reflexiva do
educando, em busca do autoconhecimento, da autoconsciência
e do autogoverno.
Sandra da Costa Lacerda, no sétimo capítulo, apresenta Avaliação Institucional e de Sistemas: Questões Relevantes. A autora
discute como o acompanhamento dos desempenhos obtidos pelas redes ou sistemas de ensino podem, mediante seu tratamento,
possibilitar a verificação do que ocorre e permitir, que políticas
públicas sejam reorientadas para o alcance das metas almejadas.
No oitavo capítulo, Simone Santoro Romano discute o SARESP: O Sistema de Avaliação da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, analisando o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), o Índice de
Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP)
e o Programa de Qualidade da Escola (PQE). A autora ressalta
a importância da utilização dos dados apresentados, nestas avaliações externas, para o desenvolvimento do trabalho na escola,
tendo como foco a aprendizagem dos alunos e a melhoria da
qualidade do ensino.
Por fim, Maria do Socorro Taurino, no nono capítulo, analisa A Prova na Avaliação da Aprendizagem, tendo em vista construir uma base de sustentação que permita planejar a elaboração
da prova, tornando-a capaz de mostrar os resultados obtidos pelos alunos, bem como realizar uma análise que forneça subsídios
para a compreensão do que acontece com a turma, em geral, e
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Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem
com cada aluno em particular, em vista de detectar problemas e
buscar soluções para eles.
A partir do exposto, depreende-se o significado e o contexto do
presente volume, tentando mostrar a avaliação por diversos ângulos
e pontos de vista, mas firme na ideia de que o seu valor se encontra
no potencial de melhorar processos e resultados educacionais.
São Paulo, março de 2015
Maria do Socorro Taurino
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Capítulo 1
A EDUCOMUNICAÇÃO E A AVALIAÇÃO NOS
NOVOS CENÁRIOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM
Profª Nádia Conceição Lauriti
Introdução
O conceito de educomunicação vem se firmando há algumas
décadas no Brasil (Soares, 1995; 1999; 2000) para designar um
novo campo de conhecimento e de intervenção social que se delineia na interface entre a Comunicação e a Educação.
Soares (2000) circunscreve essa nova área emergente no campo do planejamento e da execução das políticas de comunicação
educativa, tendo como objetivo a criação e o desenvolvimento de
ecossistemas comunicativos mediados pelos processos de comunicação e por suas tecnologias.
O autor define a educomunicação como
(...) o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos em
espaços educativos presenciais ou virtuais (tais como escolas,
centros culturais, emissoras de TV e rádio educativos, centros
produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros coordenadores de educação a distância ou ‘e-learning’, e
outros...), assim como o coeficiente comunicativo das ações
educativas, incluindo as relacionadas ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (Soares, 2000, p. 63)
O educomunicador é visto como um profissional que deve
estar preparado para enfrentar as contradições inerentes a um
campo ainda em formação e atuar em todas as atividades em
que se faz necessária a utilização dos processos e recursos da co13
Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.)
municação, a partir de uma perspectiva pedagógica adequada ao
momento histórico.
Em sua abordagem, o autor identifica algumas áreas que não
se excluem, nem se sobrepõem, mas aglutinam diferentes ações
possíveis de serem exercidas pelo educomunicador. São elas:
a) Área da gestão comunicativa nos espaços educativos, voltada para o planejamento, execução e avaliação de projetos, programas, processos e procedimentos que se articulam no âmbito
da Comunicação, da Cultura ou da Educação;
b) Área da mediação tecnológica nos processos educativos,
que abrange os procedimentos em torno dos múltiplos usos das tecnologias da informação e da comunicação na educação a distância;
c) Área da educação para a comunicação (Media Education
ou Media Literacy) que é a mais antiga área que aproxima a Comunicação da Educação e refere-se ao estudo da relação entre os
polos vivos do processo de comunicação (estudos de recepção),
assim como, no campo pedagógico, à formação de receptores autônomos e críticos frente aos meios de comunicação;
d) Área da expressão artística mediada pela produção midiática;
e) Área da pesquisa e reflexão epistemológica sobre a inter-relação Comunicação/Educação como fenômeno cultural
emergente que corresponde tanto aos estudos voltados para o
entendimento e para a legitimação desse novo campo, quanto
para todos os projetos de pesquisa voltados para cada uma das
vertentes arroladas acima.
É a aproximação dessas quatro áreas que delineia o desenho
do campo da educomunicação, a partir de um substrato comum
que é a ação comunicativa nos espaços educativos, contemplando
a comunicação interpessoal, a grupal, a organizacional e a massiva, utilizadas com o objetivo de produzir e desenvolver ecossistemas comunicativos por meio de ações educativas e formativas.
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Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem
Assim, este artigo insere-se na área de pesquisa e reflexão
epistemológica sobre o campo da educomunicação, tendo por
hipótese que a análise e a discussão das interações educomunicativas em qualquer uma das suas dimensões não podem afastar-se
das metanarrativas da avaliação. Comunicação, educação e avaliação estão visceralmente interligadas por serem áreas que sempre pedem constante negociação de significados e ressignificações
de sentidos, além do exercício permanente dos movimentos avaliativos (Lauriti, 2001, p.57).
Nos tempos-espaços atuais da educação, a necessidade dessa
inter-relação vem se consolidando cada vez mais intensamente, em
consequência do vertiginoso crescimento dos novos cenários educativos criados pelos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem.
Considerando-se essa perspectiva, para contribuir com essa
discussão, centramos esta reflexão em dois eixos: na necessidade de
avaliação e validação do material educativo que é utilizado nos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem e no papel da educomunicação nos processos avaliativos do ensino-aprendizagem, ressaltando-se a importância do feedback dos resultados nesse contexto.
1. A gestão educomunicativa e a necessidade de validação
de material instrucional em ambientes virtuais de
aprendizagem
Conforme delineada acima, a educomunicação pode revelar-se como uma perspectiva produtiva para que se analisem os
processos avaliativos associados ao ambiente virtual de aprendizagem que os cercam e podem condicionar a sua eficácia. Por
essa razão a perspectiva ampliada proposta, que aproxima Educação, Comunicação e Avaliação, estaria inscrita tanto na área de
reflexão epistemológica, quanto na área de gestão da comunicação nos espaços educativos. Esta última constitui o componente
pragmático do processo, explicado teoricamente pela reflexão
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