AVALIAÇÃO ESCOLAR: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem AVALIAÇÃO ESCOLAR VÁRIOS ENFOQUES E UMA SÓ FINALIDADE melhorar a aprendizagem Adriana Patrício Delgado Maria do Socorro Taurino Nádia Conceição Lauriti Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.) Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2015 Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.) Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. D3521 Delgado, Adriana Patrício; Taurino, Maria do Socorro; Lauriti, Nádia Conceição; Pessoa, Regina Célia Montefusco Florindo (Orgs.) Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem/Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 232 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-796-0 1. Avaliação escolar 2. Currículo escolar 3. Modelos de avaliação 4. Processos educacionais I. Delgado, Adriana Patrício II. Taurino, Maria do Socorro III. Lauriti, Nádia Conceição IV. Pessoa, Regina Célia Montefusco Florindo CDD: 370 Índices para catálogo sistemático: Avaliação pedagógica 371.26 Currículo escolar 375 Política educacional 379.2 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal Sumário Apresentação............................................................................7 Capítulo 1 A educomunicação e a avaliação nos novos cenários do ensinoaprendizagem.........................................................................13 Profª Nádia Conceição Lauriti CAPÍTULO 2 Um panorama sobre ciclos, promoção automática e progressão continuada: história e concepção sob a perspectiva da avaliação de aprendizagem....................................................................39 Adriana Patrício Delgado | Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa CAPÍTULO 3 Refletindo sobre avaliação: da educação básica ao ensino superior.................................................................................65 Marie Rose Dabul | Niuza Barone Peres CAPÍTULO 4 Avaliar na educação infantil: o que é e como fazer isso?..........83 Kézia Costa de Oliveira Rocha Carvalho CAPÍTULO 5 Avaliação: mudança dos instrumentos ou o do olhar?...........105 Neuza Abbud CAPÍTULO 6 A avaliação da aprendizagem e as técnicas de si....................123 Rosiley Teixeira CAPÍTULO 7 Avaliação institucional e de sistemas: questões relevantes......153 Sandra da Costa Lacerda CAPÍTULO 8 SARESP: O sistema de avaliação da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.........................................................173 Simone Santoro Romano Capítulo 9 A prova escrita na avaliação da aprendizagem.......................201 Maria do Socorro Taurino aprESENtaÇÃo A avaliação formativa cruza o trabalho pedagógico desde seu planejamento até a sua execução, coletando dados para melhor compreensão da relação entre ensino e aprendizagem, possibilitando, assim, orientar a intervenção didática para que seja qualitativa e pedagógica. Léa Depresbiteris, 2011 A avaliação, [...] é uma forma de autoconhecimento da própria sociedade que procura conhecer a si mesma através da identificação do que prevalece em uma de suas principais instituições a -escola-, que é responsável por sua continuidade. O fracasso refletido em uma avaliação representa, na realidade, o próprio fracasso da sociedade em concretizar seus objetivos. Heraldo Marelim Viana, 2005 Começamos a apresentação deste volume, o 14 da Coletânea Pedagogia de A a Z, lembrando a contribuição de dois apaixonados pelas questões de avaliação educacional, mencionados em epígrafe, conhecidos nacional e internacionalmente, no meio acadêmico, e entre os estudiosos desta instigante e polêmica área de conhecimento. A professora Léa seria autora de um dos capítulos, sob o título “O significado da avaliação para o aluno” e o professor Heraldo, certamente escreveria esta apresentação, considerando não apenas as nossas relações de amizade mas, pela admiração e respeito mútuos que pautaram as nossas trajetórias. Os dois nos deixaram nos primeiros anos desta década de 2010. A eles, a nossa carinhosa e saudosa homenagem. As citações acima foram selecionadas para mostrar a avaliação no seu sentido técnico e também no sentido social e políti7 Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.) co. Assim, a Professora Léa assumidamente humanista, aparece defendendo a questão dos instrumentos de coleta de dados. Por outro lado, o Professor Heraldo reconhecido pelas competências técnicas de analista de instrumentos e de dados estatísticos, aparece preocupado com questões sociais. O resumo, ainda um esboço, do capítulo que completaria este volume, chegou a nos ser enviado, pela professora Léa, conforme segue: Muito se tem falado da importância do significado para a aprendizagem do aluno, qualquer que seja o nível de escolaridade. Ausubel (1963, p.58) diz que a aprendizagem significativa é o processo através do qual uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não-literal) à estrutura cognitiva do aprendiz. É no curso da aprendizagem significativa que o significado lógico do material de aprendizagem se transforma em significado psicológico para o sujeito. Qual é o significado psicológico mais comum que os alunos têm sobre a avaliação? Alguns sentem medo, outros, indiferença, outros pensam em julgamentos, notas. Mas e se, nós educadores, tentássemos mudar essa representação social dos educandos? É uma ação viável? Creio que sim, e pretendo nesse artigo indicar algumas estratégias com potencial para transformar significados restritos ou pejorativos em outros que mostrem a avaliação como meio de melhoria de uma pessoa e da coletividade. Descreverei algumas estratégias como as de: mediação, metacognição e autorregulação, avaliação participativa e avaliação democrática, que em minha experiência como educadora, me têm sido de enorme valia. O artigo busca, igualmente, despertar no professor a vontade de ousar na elaboração dos instrumentos de avaliação da aprendizagem. Evidentemente essa ousadia não pode ser aleatória. A elaboração e aplicação de instrumentos de avaliação é um momento crucial do processo de ensino e aprendizagem, porque possibilita a coleta indicadores para 8 Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem analisar e interpretar os desempenhos dos alunos. Trata-se de pensar em instrumentos mais criativos, mais desafiadores, com maior significado para os alunos. (Depresbiteris, Fevereiro de 2012) Neste volume, o primeiro capítulo trata da Educomunicação e a Avaliação nos Novos Cenários do Ensino-Aprendizagem, de autoria da Professora Nádia Conceição Lauriti que aponta a comunicação, a educação e a avaliação como áreas absolutamente interligadas pelo fato de pedirem constante negociação de significados e ressignificações de sentidos. O segundo capítulo intitula-se Um Panorama Sobre Ciclos, Promoção Automática e Progressão Continuada: História e Concepção sob a Perspectiva da Avaliação de Aprendizagem, cujas autoras Adriana Patrício Delgado e Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa discutem como estas reformas educacionais colocam em evidência o tema avaliação, propondo novos modos de concebê-la e praticá-la no dia a dia da escola com implicações no currículo, na didática e na formação de professores. No terceiro capítulo, Refletindo Sobre Avaliação: da Educação Básica ao Ensino Superior as autoras Marie Rose Dabul e Niuza Barone Peres apresentam diferentes formas de avaliação bem como instrumentos e técnicas utilizadas, considerando as faixas etárias e os níveis de escolarização dos alunos, as tendências educacionais e os avanços tecnológicos na sociedade contemporânea. No quarto capítulo, Kézia Costa de Oliveira Rocha Carvalho apresenta o tema Avaliar na Educação Infantil: o Que é e Como Fazer Isso? A avaliação na educação infantil, requer da parte do educador muito compromisso e ética, por entender a necessidade de um olhar cuidadoso, sensível e reflexivo para a criança desta faixa etária e que o compromisso e a ética não serão apenas direcionados ao objeto que avaliamos, mas acima de tudo a nós mesmos. Neuza Abbud, no capítulo cinco discute Avaliação: Mudança dos Instrumentos ou do Olhar? A autora considera o processo 9 Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.) avaliativo como a manifestação de juízos de valores, em que se supõem uma tomada de decisão por parte do professor e uma resposta do aluno frente ao seu próprio desempenho e indaga se os instrumentos utilizados estão efetivamente cumprindo sua função em termos dos critérios, enquanto praticados. O sexto capítulo intitula-se A Avaliação da Aprendizagem e as Técnicas de Si. Nele, a autora Rosiley Teixeira analisa a avaliação como prática pedagógica que visa constituir sujeitos de “um certo tipo” e acrescenta que estão em pauta a relação reflexiva do educando, em busca do autoconhecimento, da autoconsciência e do autogoverno. Sandra da Costa Lacerda, no sétimo capítulo, apresenta Avaliação Institucional e de Sistemas: Questões Relevantes. A autora discute como o acompanhamento dos desempenhos obtidos pelas redes ou sistemas de ensino podem, mediante seu tratamento, possibilitar a verificação do que ocorre e permitir, que políticas públicas sejam reorientadas para o alcance das metas almejadas. No oitavo capítulo, Simone Santoro Romano discute o SARESP: O Sistema de Avaliação da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, analisando o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) e o Programa de Qualidade da Escola (PQE). A autora ressalta a importância da utilização dos dados apresentados, nestas avaliações externas, para o desenvolvimento do trabalho na escola, tendo como foco a aprendizagem dos alunos e a melhoria da qualidade do ensino. Por fim, Maria do Socorro Taurino, no nono capítulo, analisa A Prova na Avaliação da Aprendizagem, tendo em vista construir uma base de sustentação que permita planejar a elaboração da prova, tornando-a capaz de mostrar os resultados obtidos pelos alunos, bem como realizar uma análise que forneça subsídios para a compreensão do que acontece com a turma, em geral, e 10 Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem com cada aluno em particular, em vista de detectar problemas e buscar soluções para eles. A partir do exposto, depreende-se o significado e o contexto do presente volume, tentando mostrar a avaliação por diversos ângulos e pontos de vista, mas firme na ideia de que o seu valor se encontra no potencial de melhorar processos e resultados educacionais. São Paulo, março de 2015 Maria do Socorro Taurino 11 Capítulo 1 A EDUCOMUNICAÇÃO E A AVALIAÇÃO NOS NOVOS CENÁRIOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM Profª Nádia Conceição Lauriti Introdução O conceito de educomunicação vem se firmando há algumas décadas no Brasil (Soares, 1995; 1999; 2000) para designar um novo campo de conhecimento e de intervenção social que se delineia na interface entre a Comunicação e a Educação. Soares (2000) circunscreve essa nova área emergente no campo do planejamento e da execução das políticas de comunicação educativa, tendo como objetivo a criação e o desenvolvimento de ecossistemas comunicativos mediados pelos processos de comunicação e por suas tecnologias. O autor define a educomunicação como (...) o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais (tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádio educativos, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros coordenadores de educação a distância ou ‘e-learning’, e outros...), assim como o coeficiente comunicativo das ações educativas, incluindo as relacionadas ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (Soares, 2000, p. 63) O educomunicador é visto como um profissional que deve estar preparado para enfrentar as contradições inerentes a um campo ainda em formação e atuar em todas as atividades em que se faz necessária a utilização dos processos e recursos da co13 Adriana Patrício Delgado; Maria do Socorro Taurino; Nádia Conceição Lauriti; Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa (Orgs.) municação, a partir de uma perspectiva pedagógica adequada ao momento histórico. Em sua abordagem, o autor identifica algumas áreas que não se excluem, nem se sobrepõem, mas aglutinam diferentes ações possíveis de serem exercidas pelo educomunicador. São elas: a) Área da gestão comunicativa nos espaços educativos, voltada para o planejamento, execução e avaliação de projetos, programas, processos e procedimentos que se articulam no âmbito da Comunicação, da Cultura ou da Educação; b) Área da mediação tecnológica nos processos educativos, que abrange os procedimentos em torno dos múltiplos usos das tecnologias da informação e da comunicação na educação a distância; c) Área da educação para a comunicação (Media Education ou Media Literacy) que é a mais antiga área que aproxima a Comunicação da Educação e refere-se ao estudo da relação entre os polos vivos do processo de comunicação (estudos de recepção), assim como, no campo pedagógico, à formação de receptores autônomos e críticos frente aos meios de comunicação; d) Área da expressão artística mediada pela produção midiática; e) Área da pesquisa e reflexão epistemológica sobre a inter-relação Comunicação/Educação como fenômeno cultural emergente que corresponde tanto aos estudos voltados para o entendimento e para a legitimação desse novo campo, quanto para todos os projetos de pesquisa voltados para cada uma das vertentes arroladas acima. É a aproximação dessas quatro áreas que delineia o desenho do campo da educomunicação, a partir de um substrato comum que é a ação comunicativa nos espaços educativos, contemplando a comunicação interpessoal, a grupal, a organizacional e a massiva, utilizadas com o objetivo de produzir e desenvolver ecossistemas comunicativos por meio de ações educativas e formativas. 14 Avaliação Escolar: Vários enfoques e uma só finalidade, melhorar a aprendizagem Assim, este artigo insere-se na área de pesquisa e reflexão epistemológica sobre o campo da educomunicação, tendo por hipótese que a análise e a discussão das interações educomunicativas em qualquer uma das suas dimensões não podem afastar-se das metanarrativas da avaliação. Comunicação, educação e avaliação estão visceralmente interligadas por serem áreas que sempre pedem constante negociação de significados e ressignificações de sentidos, além do exercício permanente dos movimentos avaliativos (Lauriti, 2001, p.57). Nos tempos-espaços atuais da educação, a necessidade dessa inter-relação vem se consolidando cada vez mais intensamente, em consequência do vertiginoso crescimento dos novos cenários educativos criados pelos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem. Considerando-se essa perspectiva, para contribuir com essa discussão, centramos esta reflexão em dois eixos: na necessidade de avaliação e validação do material educativo que é utilizado nos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem e no papel da educomunicação nos processos avaliativos do ensino-aprendizagem, ressaltando-se a importância do feedback dos resultados nesse contexto. 1. A gestão educomunicativa e a necessidade de validação de material instrucional em ambientes virtuais de aprendizagem Conforme delineada acima, a educomunicação pode revelar-se como uma perspectiva produtiva para que se analisem os processos avaliativos associados ao ambiente virtual de aprendizagem que os cercam e podem condicionar a sua eficácia. Por essa razão a perspectiva ampliada proposta, que aproxima Educação, Comunicação e Avaliação, estaria inscrita tanto na área de reflexão epistemológica, quanto na área de gestão da comunicação nos espaços educativos. Esta última constitui o componente pragmático do processo, explicado teoricamente pela reflexão 15