1 Sistema de Monitoramento da Vida Útil de Baterias Chumbo-Ácidas em Subestações M. E. da C. Brito, F. Bradaschia, G. M. de S. Azevedo, Z. D. Lins, M. C. Cavalcanti Resumo--Um sistema de monitoramento da vida útil de baterias chumbo-ácidas estacionárias utilizadas em subestações, que está sendo desenvolvido, é apresentado. Este sistema permitirá o armazenamento de variáveis relevantes do conjunto de baterias e alarmar para a central de controle da subestação quando os valores estiverem fora de determinados limites. Software de predição e análise realizará estimativa de vida remanescente das baterias que possibilitará agilidade nas ações de manutenção e com isso, resultará na redução de falhas no sistema de proteção da subestação e no aumento da vida útil de elementos do banco de baterias. As variáveis relevantes que influenciam o tempo de vida útil são identificadas. Descrição sumarizada dos ensaios de capacidade e de medição de resistência interna das em baterias é apresentada. Palavras Chaves — Banco de baterias, monitoramento de baterias, subestação. I. INTRODUÇÃO O sistema de serviço auxiliar é essencial para a operação de uma subestação, já que esse sistema garante a alimentação para todos os relés de proteção, para todo o sistema de automação e para todos os circuitos de manobra; ou seja, uma falha neste sistema paralisa completamente a subestação. O sistema de proteção pode ficar inoperante, o que gera um grande risco para as instalações, o sistema elétrico e os clientes. Portanto, o sistema de serviço auxiliar deve ter disponibilidade e confiabilidade elevadas. Assim, o banco de baterias deve ser tratado como um elemento chave do sistema, buscando sempre a sua utilização adequada. A determinação da vida útil dos elementos dos bancos de baterias utilizadas nas subestações é um problema comum das concessionárias de energia elétrica. Vários métodos para acompanhamento do estado dos elementos foram propostos [1,2,3] e dentre os mais importantes são o ensaio de capacidade e a medição da resistência interna ou da condutância. O método da condutância possui clara vantagem em relação ao método da medida de capacidade, pois não contribui para a redução da vida útil do banco e é realizado rapidamente. No entanto, este método possui importante desvantagem, pois só se torna eficaz os resultados quando o Este trabalho está associado a projeto de pesquisa e desenvolvimento que está sendo desenvolvido entre o Departamento de Engenharia Elétrica-DEE da Universidade Federal de Pernamuco-UFPE e a Companhia Energética de Pernambuco-CELPE. M. E. da C. Brito é pesquisador da CELPE ([email protected]) F. Bradaschia é pesquisador da UFPE ([email protected] ) G. M. de S. Azevedo é pesquisador da UFPE ([email protected]) Z. D. Lins é pesquisador da UFPE ([email protected]) M. C. Cavalcanti é pesquisador da UFPE ([email protected]) acompanhamento do banco é realizado a partir do momento da instalação, não sendo recomendado para bancos que já se encontram em operação. Outro ponto importante neste método é a determinação do intervalo ótimo de monitoramento, que varia em função das condições ambientais das instalações e das condições de uso. Ressalta-se que no caso de banco de baterias antigo, a determinação da vida útil utilizando esse método limita-se a constatação da condição extrema quanto a medida de condutância; embora, esta condição possa já ter sido atingida no passado. A metodologia correntemente empregada pelas concessionárias limita-se apenas a determinar - de forma empírica - o momento de descarte do banco, sem considerar se o descarte foi prematuro e que fatores podem ser manipulados para se obter um maior tempo de utilização. O Sistema de Monitoramento de Baterias (SMB) que está sendo desenvolvido visa contornar estas deficiências provendo um permanente acompanhamento dos fatores ambientais que influenciam a vida útil das baterias, coletando e armazenando dados relevantes do banco, do ambiente e do sistema de serviços auxiliares, para compor uma base de dados que juntamente com um software de análise permita determinar a vida útil remanescente do banco de baterias, e que com os fatores ambientais e de utilização possam ser ajustados a fim de se obter o máximo tempo de utilização possível do banco de baterias. Este sistema de monitoramento poderá ser integrado ao sistema de automação da subestação, alarmando quando uma condição crítica for detectada. Hardware específico, que está sendo projetado e construído, conterá o software de análise. Será permitido com esse hardware o monitoramento e armazenamento dos dados referentes aos fatores ambientais, bem como na realização de uma medição diária do valor de condutância das baterias. Salienta-se que esse dispositivo deve levar em conta as especificidades e severidade do ambiente das subestações onde serão aplicados principalmente no que tange a imunidade eletromagnética e ao nível de imunidade a transientes e ruídos. É imperativo que o dispositivo apresente uma elevada disponibilidade e confiabilidade, além de apresentar fácil instalação e manutenção com um especial cuidado no projeto das proteções para que no caso da ocorrência uma eventual falha, esta não incorra em qualquer prejuízo para o sistema de serviços auxiliares da subestação. Este artigo apresenta descrição dos importantes parâmetros para monitoramento e análise dos bancos de baterias chumboácidas estacionárias reguladas por válvula também chamadas baterias do tipo VRLA (Valve Regulated Lead Acid). O ensaio de capacidade e o ensaio de medição da resistência interna (RI) ou condutância interna em baterias são também comentados. Além disso, é feita descrição do sistema eletrônico de monitoramento para banco de baterias VRLA. 2 II. ENSAIOS DE CAPACIDADE E DE MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA INTERNA O ensaio de capacidade é um método de estimação da vida útil remanescente de baterias VRLA que está normatizado [1,2], além de ser o mais confiável, ou seja, é capaz de estimar, com precisão, o nível de degradação das baterias [4]. Entretanto, a realização de ensaios periódicos reduzem a vida útil da bateria uma vez que descargas profundas são provocadas constantemente. Ademais, se ensaios são realizados no regime de descarga nominal, os bancos de baterias terão de ser desconectados do sistema de serviço auxiliar de distribuição por horas até o fim do teste, o que constitui tarefa inviável para as empresas de energia elétrica, já que uma contingência poderia ocorrer justamente durante estes ensaios. Há, portanto, a necessidade de encontrar um método alternativo para determinar a capacidade sem retirar o banco de baterias de operação e sem provocar sua degradação. As mudanças no “estado de degradação” das baterias ocorrem de forma gradual e, embora, segundo dados práticos, baterias de diferentes tamanhos e processos de fabricação exibam valores de RI diferentes, as baterias com tamanhos, idade e histórico de descarga similares, devem exibir variações similares nas leituras de RI. Dessa forma, as medidas da RI, quando realizadas periodicamente, podem ser usadas para acompanhar o processo de degradação e envelhecimento da bateria. Obtendo-se dados suficientes, é possível realizar uma projeção da vida útil remanescente da bateria. Existem dois métodos de medição da RI em baterias VRLA: o método CC e o método CA[4]. Através de uma análise detalhada, escolheu-se o método CA como o mais imune a ruídos e o mais preciso. Esse método CA, também conhecido como método da corrente alternada, consiste em fazer percorrer através do grupo de células de bateria sob medição uma corrente elétrica senoidal de freqüência conhecida sobreposta à corrente de flutuação. III. VARIÁVEIS MONITORADAS PELO SMB A avaliação de determinadas condições operacionais atuais e passadas de um banco de baterias possibilita estimar (com elevada precisão) o estado de degradação dos elementos desse banco e, com isso, vislumbrar a sua capacidade de operar adequadamente quando da saída do sistema de retificação presente na subestação. A análise das medições poderá permitir que elemento(s) não danificado(s) do banco de baterias não sofra(m) degradação(ões) por elemento(s) degradado(s) desse banco, significando, desta maneira, redução de custos para a recuperação do banco de baterias (como um todo) e resultando na sua perfeita operacionalidade. Para minimizar os custos dos sistemas de medição e processamento de informações para o monitoramento do banco de baterias, determinadas variáveis (tais como, tensão de flutuação e RI) são medidas em grupos de elementos e, para que os valores medidos entre os grupos possam ser comparados, o número de elementos por grupo necessita ser igual. Assim, um determinado banco de baterias com N elementos será dividido em M grupos, onde o número de elementos de cada grupo é igual a K. Ou seja, N é igual a M vezes K. O número de grupos, a partir de determinado banco de baterias, é escolhido levando-se em consideração o custo total dos sistemas de monitoramento formado por cada um dos grupos e o total de informações para uma adequada tomada de decisão diante dessas informações. Ou seja, um grupo com um grande número de elementos representará custo total do sistema de monitoramento (de todo o banco de baterias) mais baixo comparado com um grupo reduzido de elementos por grupo. Em compensação, os resultados obtidos na medição poderão inviabilizar a adequada tomada de decisão do programa de monitoramento. Além disso, dois problemas podem ainda ocorrer: 1) uma mais difícil determinação do(s) elemento(s) defeituoso(s) desse grupo; 2) a deterioração mais acelerada de elemento(s) a partir de outro(s) elemento(s) degradado(s) não detectados. Assim, análise custo-benefício deve ser feita previamente para definir o mais adequado número de grupos, a partir de determinado banco de baterias. As variáveis de monitoramento do SMB são apresentadas nas subseções a seguir. A. Corrente de Circulação do Banco de Baterias Essa corrente é medida através de um sensor de corrente linear unidirecional baseado em efeito Hall que mede correntes até 20A. Os valores indicarão se o banco de baterias está na condição operacional de carga, flutuação e descarga: Estando na condição de carga (retificador restabelecendo a carga do banco de baterias após a reentrada do retificador em operação), os valores obtidos serão positivos e haverá limite máximo positivo de corrente para este carregamento. Sendo ultrapassado este limite máximo (normalmente igual a 25% do valor da corrente nominal de descarga), haverá condição de alarme indicada pelo SMB. Além do monitoramento desse limite de corrente, o SMB comparará os valores de corrente obtidos em diferentes ciclos de carga e alarmará quando da ocorrência de discrepâncias; Estando na condição de flutuação (retificador em operação suprindo a carga CC da subestação e estando o banco de baterias em paralelo completamente carregado), a corrente que circula pelo banco de baterias é próxima de zero (da ordem de microampères). O SMB comparará os valores obtidos de corrente em diferentes ciclos nesta condição operacional e alarmará quando da ocorrência de discrepâncias; Estando na condição de descarga (retificador fora de operação e banco de baterias suprindo a carga CC da subestação), os valores obtidos serão negativos e haverá limite do tempo de operação do banco de baterias. Exemplificando, sendo um banco de 75Ah com regime C10 como mostrado na Tabela I, a corrente de descarga é igual a 7,5A durante 10 horas. Se o valor da corrente de descarga for superior a 7,5A em um menor tempo este banco se descarregará. Para este banco, se a corrente de descarga for igual a 41,6A, o tempo de descarga máximo, sem que se ultrapasse a tensão mínima do banco de bateria (o que resultaria na danificação de elementos), é igual a uma hora. Assim, pode-se determinar o limite mínimo de tempo para que o banco de baterias se descarregue e gerar um alarme quando este limite mínimo de tempo for alcançado. Além do monitoramento da corrente de descarga, o SMB comparará os valores de corrente obtidos em diferentes ciclos de descarga e alarmará quando da ocorrência de discrepâncias. 3 TABELA I REGIME DE DESCARGA PARA A TENSÃO FINAL DE 1,75V A 25◦C [5] B. Tensão do Grupo de Células de Bateria Os valores de tensão de cada grupo são processados através do SMB, que identifica discrepâncias entre os valores de tensão, registra-as em memória EEPROM (ElectricallyErasable Programmable Read-Only Memory) e alarma para que procedimentos de manutenção sejam rapidamente tomados, visto que elemento(s) defeituoso(s) de determinado grupo acarretará na danificação de outros elementos deste grupo e/ou de outros grupos. Além desta análise, o SMB faz o somatório da tensão de todos os grupos e analisa este valor para a condição operacional de carga, flutuação e descarga. Estando na condição de carga, o retificador estabelece valores de tensão para que a corrente não ultrapasse o limite máximo estabelecido pelo fabricante do banco. (normalmente é o percentual de 25% do valor da corrente de descarga). Estando na condição de flutuação, o fabricante especifica uma faixa de valores aceitáveis (faixa ideal) dessa tensão de flutuação para determinado valor de temperatura. Sendo ultrapassada essa faixa, o SMB registra os valores e alarma para que procedimentos de manutenção sejam adotados (visto que, acima ou abaixo dessa faixa, a taxa de corrosão dos elementos aumenta rapidamente). A partir de análise in loco da equipe de manutenção, os seguintes procedimentos podem ser adotados: 1) Alteração no nível de tensão de flutuação estabelecido pelo retificador para a temperatura ambiente; 2) Alteração da temperatura ambiente; 3) Troca de elemento(s) danificado(s). O SMB comparará os valores de tensão nesta condição em diferentes ciclos e alarmará quando da ocorrência de discrepâncias entre os valores obtidos; Estando na condição de descarga, o fabricante especifica tensão mínima de operação do banco de baterias. A partir deste valor mínimo, os elementos do banco de bateria começam a ter perda definitiva de capacidade de armazenamento de carga até a condição de completa deterioração do(s) elemento(s) do banco de baterias. Assim, o valor da tensão de descarga retrata a profundidade de descarga do banco de bateria e, para valores abaixo da tensão mínima (indicada pelo fabricante), indica a degradação permanente do banco de bateria. Por este motivo, o SMB terá diferentes níveis de alarme para diferentes níveis de tensão até o nível de tensão mínima de operação do banco de baterias. O SMB comparará os valores obtidos de tensão na condição de descarga em diferentes ciclos e alarmará quando da ocorrência de discrepâncias entre os valores obtidos. C. Temperatura do Grupo de Células de Bateria As temperaturas de cada grupo serão medidas através do sensor LM35 da National Semiconductors [6]. Esse sensor que medirá a temperatura média de um grupo de baterias, ficará em contato com a parede externa da célula central. Os valores de temperatura de cada grupo são analisados através do SMB identificando discrepâncias entre os valores de temperatura de cada grupo, registrando o(s) grupo(s) com a(s) respectiva(s) temperatura(s) discrepante(s) em uma memória EEPROM do SMB e alarmando para que procedimentos de manutenção sejam rapidamente tomados. A temperatura ambiente considerada será a média das temperaturas de todos grupos de células de bateria e será utilizada para a obtenção do valor da tensão de flutuação recomendada pelo fabricante. Este valor será comparado com o valor da tensão que está sendo aplicado pelo retificador ao banco de baterias. Na condição de significativa discrepância entre esses valores, o SMB alarmará indicando o inadequado valor de tensão de flutuação que está sendo aplicado pelo retificador. A correção da tensão de flutuação pode elevar consideravelmente a expectativa de vida útil da bateria como observado na Tabela II. TABELA II EXPECTATIVA DE VIDA SEM E COM COMPENSAÇÃO DA TENSÃO DE FLUTUAÇÃO [5] D. Número de Ciclos de Carga e Descarga A profundidade de descarga está diretamente relacionada ao número de ciclos de cargas e descargas que o banco de baterias pode suportar durante seu tempo de vida. Conforme pode ser observado na Fig.1 [5], uma maior profundidade de descarga resulta em diminuição severa do número de ciclos, refletindo na diminuição significativano tempo de vida do banco de baterias. Tanto a profundidade de descarga (medida através da tensão do grupo de células de bateria) como o número de ciclos de carga e descarga serão armazenadas no registro de eventos em memória EEPROM do SMB. Fig. 1: Capacidade de Retenção versus número de ciclos 4 E. Resistência Interna do Grupo de Baterias O método CA (método da corrente alternada) será o método utilizado para a determinação da resistência interna do grupo de células de bateria. A descrição deste método está apresentada em [3],[7]. A determinação da resistência interna de cada grupo será feito automaticamente uma vez por dia sempre em determinado horário (pelo módulo de medição de resistência interna) e repassado para o dispositivo central do SMB. A partir dos valores obtidos da resistência interna, o SMB traçará a curva da condutância versus tempo e vislumbrará (a partir da tendência dessa curva) a previsão do tempo para se chegar a 64% do VRC (Valor de Referência de Condutância). Este valor representa 80% da capacidade de armazenamento de carga do banco de baterias. A curva de capacidade de armazenamento de carga em função da condutância (Fig. 2) permite observar se a capacidade de armazenamento de carga das baterias está em torno de 80% do VRC na primeira descarga. Fig. 2. Curva da capacidade real (em porcentagem da capacidade inicial em função da condutância percentual) A partir desta primeira descarga, ocorre aumento da capacidade de armazenamento até chegar a 100% de VRC (máxima condição de armazenamento de carga). A partir deste ponto, a cada ciclo de carga e descarga, ocorrerá a queda no valor da condutância até chegar ao valor de 64% de VRC, que representa 80% da capacidade de armazenamento de carga dos elementos (valor mínimo de operação sugerido por norma). Ao se atingir este ponto, o SMB informará - através de alarme - que existe necessidade de troca de elemento(s) do banco de baterias. Nesta ocasião, a equipe de manutenção fará testes em cada um dos elementos do banco de baterias e indicará quais os elementos devem ser substituídos. comprimento para que não haja problemas de compatibilidade eletromagnética. As variáveis de uma célula ou grupo de células serão monitoradas por um módulo de Medição de Tensão, Temperatura e Resistência interna (módulo MTTR), podendo ter vários módulos MTTR em um banco de baterias. Para a medição da corrente do banco de baterias será usado um único módulo de Medição de Corrente (módulo MC). Os módulos MTTR e o módulo MC serão instalados no rack do banco de baterias para que os cabos de conexão às baterias sejam os mais curtos possíveis. Neste rack, há um dispositivo que converterá os sinais padrão RS-232 [8] em sinais no padrão do enlace de comunicação instalado. Esses sinais serão enviados aos módulos através de um único cabo serial onde estarão todos os módulos conectados em paralelo. A comunicação entre os módulos e a UPC é digital e usa um Barramento de Comunicação serial Compartilhado (BCC). Um enlace de comunicação será usado neste sistema devido à grande distância entre a UPC e o rack do banco de baterias. Nas subseções a seguir são detalhados a UPC, os módulos de medição e o BCC. A. Descrição da UPC A UPC será o dispositivo principal do SMB, sendo responsável por gerenciar e controlar a operação do SMB. Suas funções são: 1) Controlar a operação dos módulos MTTR e MC; 2) Acionar os relés de alarmes; 3) Manter um registro de eventos; 4) Possibilitar a configurar dos parâmetros do SMB através de uma Interface Homem-Máquina (IHM); 5) Prover comunicação com o modem para permitir acesso remoto. Para que a UPC possa desempenhar estas funções, será usada a configuração mostrada na Fig. 4. A alimentação deste sistema é feita através da rede de corrente contínua da subestação (rede de 125VCC) de forma que possa continuar funcionando durante alguma contingência na rede elétrica. A fonte de alimentação da UPC é uma fonte chaveada com saídas de 5VCC para alimentação dos circuitos digitais e outra saída em 12VCC para alimentação dos relés. Outros níveis de tensão poderão ser adicionados caso surja necessidade. O componente central da UPC é um microcontrolador (MCU MicroController Unit), que é um pequeno computador em um único circuito integrado contento um núcleo de processamento IV. DESCRIÇÃO DO SMB A estrutura do SMB é apresentada na Fig. 3. O SMB possui uma Unidade de Processamento Central (UPC) que será instalada no rack dos equipamentos de comunicação da subestação. Desta forma, a comunicação com o modem da subestação pode ser feita com um cabo serial de reduzido Fig. 3. Diagrama dos blocos do SMB Fig. 4. Diagrama dos blocos da UPC 5 mais memória, alguns periféricos e entradas e saídas (I/O Input/Output). Os periféricos necessários para esse sistema é uma interface de comunicação serial USART (Universal Synchronous Assynchronous Receiver Transmitter), bastante utilizada em dispositivos microcontrolados [9], e um barramento serial multi-mestre I2C (Inter-Intergrated Circuit). A USART será usada para comunicação com o modem e o I2C será usado para conectar o microcontrolador a um relógio de tempo real (RTC-Real-Time Clock) e a uma memória EEPROM. A comunicação com os demais dispositivos da UPC será feita através das I/O. B. Descrição dos Módulos MTTR Cada um dos Módulos de Medição de Temperatura, Tensão e Resistência interna (MTTR) será responsável por realizar medições de temperatura, tensão e resistência interna de cada grupo de células de baterias. O SMB a ser instalado na subestação poderá ter um ou mais módulos MTTR, dependendo dos requisitos de custo e de precisão na medição e na detecção de problemas definidos no projeto. Assim, três possibilidades para a instalação dos módulos MTTR podem ser seguidas: 1) Um módulo MTTR para cada célula do banco de baterias; 2) Um único módulo MTTR para o banco de baterias; 3) Um conjunto de M módulos MTTR, cada um realizando medições em um conjunto de K células do banco de baterias. O diagrama de blocos de um módulo MTTR é apresentado na Fig. 5. Como pode ser visto nesta figura, o módulo MTTR é subdividido em quatro partes: 1) Módulo Resistência Interna; 2) Módulo de Tensão; 3) Módulo de Temperatura; 4) Bloco de Sensores e Condicionador de Sinais. Fig. 5. Diagrama de blocos de um módulo MTTR C. Descrição do Módulo MC O módulo de Medição de Corrente (MC) será responsável por realizar a medição da corrente de carga e descarga do banco de baterias. Como todas as células de baterias estão conectadas em série, elas compartilham a mesma corrente de carga, de flutuação ou de descarga. Portanto, só haverá a necessidade de um único módulo MC para todo o banco de baterias. O diagrama em blocos de um módulo MC é mostrado na Fig. 6. Como pode ser visto, o módulo MC é subdividido em duas partes: 1) Módulo Corrente A/D; 2) Bloco Sensor e Condicionador de Sinal. Figura 6: Diagrama de blocos do módulo MC D. Descrição do BCC O Barramento de Comunicação serial assíncrono Compartilhado (BCC) será a via de comunicação entre a UPC e os módulos de medição do SMB. O canal seguirá o padrão de comunicação RS-232 a três fios [8]: um para o TX (envio de dados), um para o RX (recebimento de dados) e o terra (a referência para os canais TX e RX). No padrão RS-232, os valores binários 0 e 1 são representados pelas tensões -12V e +12V em relação ao terra, respectivamente. O dispositivo que realizará esta tarefa é o MAX232 [10], que possui dois circuitos conversores para dois canais RS-232 distintos. É importante que a UPC do SMB seja instalada fisicamente no rack dos equipamentos de comunicação da subestação. Embora, o banco de baterias possa ficar localizado distante da UPC, podendo ficar inclusive em uma sala distinta. Como os módulos de medição terão sensores, estes sensores precisarão estar localizados próximos ao banco de baterias (de preferência em um rack próprio). Portanto, o BCC poderá se estender por metros de distância e, com o nível de interferência eletromagnética das subestações, é desaconselhável a sua implementação com fios de cobre, mesmo que blindados. O BCC do rack dos módulos de medição do SMB, que se localiza próximo ao banco de baterias, será implementado usando fios de cobre blindados e transportará dados no padrão RS-232. A solução para o enlace comunicação à distância será usar radiofreqüência (RF), implementando uma rede sem fio pessoal de baixa taxa de transmissão (LR-WPAN- Low-Rate Wireless Personal Area Network). As redes LR-WPAN são baseadas no protocolo de comunicação de alto-nível ZigBee[11], que está associado ao padrão IEEE 802.15.4-2006 [12]. Estas redes de comunicação funcionam na banda de frequência ISM 2:4GHz, que não sofre interferência eletromagnética proveniente das subestações. Essa rede de comunicação de baixo custo será implementada com dois módulos ZigBee de baixa potência com antena direcional integrada se comunicando na configuração ponto-a-ponto. Um módulo ZigBee estará integrado ao rack dos módulos de medição do SMB e o outro módulo ZigBee estará integrado ao rack da UPC. Com esta rede, pode-se conseguir uma taxa de transmissão de até 250Kbps a uma distância de até 90 metros em ambientes fechados [13]. Cada módulo ZigBee estará conectado a um adaptador ZigBee/RS-232 [13] [14], que converte as 6 informações digitais do padrão ZigBee para o padrão RS-232 e vice-versa, permitindo assim integrar o enlace de comunicação em RF com o BCC baseado no padrão RS-232. Configurando apropriadamente os módulos, o enlace em RF tornaria-se transparente tanto para a UPC como para os módulos de medição, permitindo uma comunicação rápida e segura entre os blocos do SMB. O diagrama em blocos do BCC do SMB baseado no protocolo ZigBee que será implementado é apresentado na Fig. 7. [11] S. C. Ergen, “ZigBee/IEEE 802.15.4 Summary,” Adv. Tech. Lab of National Semic., Sept. 2004. [12] Wireless Medium Access Control (MAC) and Physical Layer (PHY) Specifications for Low Rate Wireless Personal Area Networks (WPANs), IEEE Std. [13] XBeer/XBee-PROr ZB RF Modules, Digi International Inc., Minnetonka, USA, November 2010 [14] .XBeer & XBee-PROr ZB: ZigBeer Embedded RF Module Family forOEMs, Digi International Inc., Minnetonka, USA, 2010. VII. BIOGRAFIAS Fig. 7. Diagrama de blocos de comunicação compartilhada baseado no protocolo ZigBee. Márcio Evaristo da C. Brito é graduado em Eng. Elétrica e especialização em Gestão e Controle Ambiental pela Universidade de Pernambuco (1999 e 2006, respectivamente) e mestrado em Engenharia Elétrica pela UFPE (2011). Atualmente trabalha para obter o grau de doutor e é Engenheiro da CELPE, possui experiência na área de Eng. Elétrica, atuando principalmente nos seguintes temas: Qualidade da Energia, Restaurador Dinâmico de Tensão, Afundamento de Tensão. V. CONCLUSÕES Este artigo descreve o projeto de SMB que operará associado ao sistema de comunicação de uma subestação. A SMB será capaz de monitorar o estado atual do conjunto de células de baterias VRLA, alarmando o sistema de automação da CELPE não só quando uma condição operacional de tensão, temperatura e corrente estiver fora dos valores típicos, mas também alertando a necessidade de troca de células ou conjunto de células de bateria da subestação. Pretende-se, inicialmente, instalar dois protótipos do SMB em subestações da CELPE com características físicas e dimensionais diferentes com o intuito de oferecer subsídios para a construção do projeto final. A presença do SMB em uma subestação proporcionará benefícios ambientais e econômicos, relacionados à redução dos descartes das baterias com o aumento da vida útil das mesmas, diminuição nos custos de manutenção e uma maior confiabilidade do sistema elétrico. Fabrício Bradaschia nasceu em São Paulo, Brasil, em 1983. Ele recebeu os títulos de Bacharel e Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil, em 2006 e 2008, respectivamente, onde está trabalhando para obter o título de Doutor. Seus interesses de pesquisa são conversores fonte Z, técnicas de PWM, sistemas de energias renováveis e métodos de sincronização com a rede. Gustavo M. de S. Azevedo possui graduação (20012005), mestrado (2006-2007) e doutorado (20072011) em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente é professor substituto do Departamento de Engenharia Elétrica na UFPE. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, atuando principalmente nos seguintes temas: microrredes, geração distribuída, energias renováveis, sistemas fotovoltaicos e qualidade de energia. VI. REFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS [1] Acumulador Chumbo-Ácido Estacionário Regulado por Válvula Ensaios, ABNT Std. NBR 14205, 2002. [2] IEEE Recommended Practice for Maintenance, Testing, and Rep. of Valve-Reg. Lead-Acid (VRLA) Batteries for Stationary Applications, Std. 1188, 2005. [3] P. E. R. Cardoso, “Estudos de Correlação de parâmetros elétricos terminais com carac. de desempenho em baterias”, Dissertação de Mestrado, UNICAMP - SP, 2005. [4] A. R. Waters, et all “Monitoring the State of Health of VRLA Batteries Through Ohmic Meas.”, in 19th INTELEC'97, Oct. 1997, pp. 675-680. [5] D. M. Santana and V. L. M. D. Silva, Manual Técnico (Série 2V ), 3 ed., Newmax, São Paulo, June 2005. [6] LM35 - Precision Centigrade Temperature Sensors, National Semicond. Corporation, 2000, http://www.national.com/ds/LM/LM35.pdf [7] Double Layer Capacitance for the Estimation of Battery Capacity,_ in 25th InternationalTelecommunications Energy Conference INTELEC'03, October 2003, pp.733-738. [8] J. Axelson, Serial Port Complete: Programming and Circuits for RS-232 and RS-485 Links and Networks, 1st ed. Madison, USA: Lakeview Research, 1998. [9] Getting Started - USART: Using the USART in Asynchronous Mode, Microchip Technology Inc., 2001. [10] MAX232, MAX232I Dual EIA-232 Drivers/Receivers, 1st ed., Texas Instruments, Texas, USA, March 2004. Zanoni Dueire Lins é engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1985, realizou o mestrado na área de sistemas elétricos de potência na UFPE em 1992 e, doutorado em engenharia elétrica, pela UNICAMP, em 2001, na área de automação de máquinas elétricas. É professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFPE desde 1993, onde desenvolve pesquisas na área de, eficiência energética, qualidade de energia, sistemas fotovoltaicos e distribuição de energia elétrica. Marcelo Cabral Cavalcanti nasceu em Recife em 1972. Recebeu o grau de Engenheiro Eletricista em 1997 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e os graus de Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em 1999 e 2003, respectivamente. Desde 2005, é Professor Adjunto do Depto. de Engenharia Elétrica na UFPE. Sua área de pesquisa é eletrônica de potência aplicada a sistemas fotovoltaicos e qualidade de energia, sendo co-autor de 19 periódicos.