1 UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO ROBERTA DOS SANTOS AMORIM ESTUDO ESTATÍSTICO DAS CAUSAS DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITO EM RECIFE-PE MACEIÓ - AL 2014 2 ROBERTA DOS SANTOS AMORIM ESTUDO ESTATÍSTICO DAS CAUSAS DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITO EM RECIFE-PE Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Manoel Ferreira do Nascimento Filho MACEIÓ - AL 2014 3 ROBERTA DOS SANTOS AMORIM ESTUDO ESTATÍSTICO DAS CAUSAS DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITO EM RECIFE-PE Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. APROVADO EM ____/____/____ _________________________________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO ORIENTADOR _________________________________________________________ PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA BANCA EXAMINADORA 4 DEDICATÓRIA A meu esposo Daniel, que sempre me incentivou a concluir o curso. Dedico também a meus pais Alexandre e Izabel, assim como irmãos Renata e Alexandre, e sobrinhos Allice, Isabele, Arthur e Raquel. Obrigada por apoiar as minhas decisões com muito amor e paciência. E a meu filhinho Daniel que está chegando... Vocês são muito especiais para mim! 5 AGRADECIMENTOS A Deus por ter dado saúde, força e tranquilidade em todos os momentos da minha vida. A universidade UNIP, pela oportunidade de fazer o curso. Ao professor Manoel pelo apoio. Aos meus pais Alexandre e Izabel, irmãos Renata e Alexandre, e esposo Daniel, pelo amor e incentivo. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação. 5 “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” (Elleanor Roosevelt). 5 RESUMO O ato de dirigir envolve um complexo processo de interação das funções psicológicas e cognitivas. Os motoristas estão expostos no trânsito a fatores de risco e conduzir um veículo envolve memória, atenção, tomada de decisões em um ambiente repleto de informações, como tráfego de pedestres, de outros veículos, diversidade de sons e imagens. A multiplicidade de fatores, envolvidos no ato de dirigir influenciam o comportamento dos indivíduos e, consequentemente, sua forma de conduzir um veículo. Uma causa relevante, apontada na ocorrência de acidentes de trânsito, refere-se ao comportamento dos condutores. Com isso, realizar a estatística da frota veicular e das infrações de trânsito, contribuirá compreender o trânsito em Recife-PE. Para a realização desta pesquisa, utilizaram-se dados da frota veicular e das infrações de Recife-PE. Aplicou-se a estatística sobre esses dados, com auxilio do software EXCEL e do Programa R, calculando-se a frequência absoluta e relativa das infrações. Os resultados mostraram que a maioria das multas ocorreu com automóveis. Ainda, observou-se uma sazonalidade nas multas, onde, as maiores infrações ocorreram no período do verão, devido a intensificação turística, refletindo na quantidade de multas devido a excesso de velocidade, estacionar em local e hora proibido, avanço de sinal de transito e por uso de celular nas vias urbana. Palavras-chave: infração, recife, estatistica 5 ABSTRACT The act of driving involves a complex process of interaction of psychological and cognitive functions. Drivers are exposed to traffic risk factors and driving a vehicle involves memory, attention, decision making in a busy environment information, such as foot traffic, other vehicles, diversity of sounds and images. The multiplicity of factors involved in the act of directing influence the behavior of individuals and hence their way of driving. A relevant question, indicated the occurrence of traffic accidents, refers to the behavior of drivers . Therefore, perform the statistics of vehicle fleet and traffic violations will help understand the traffic in Recife -PE . For this research, we used data from the vehicle fleet and the violations of Recife -PE. Applied statistics about the data, with the aid of EXCEL software and the R program, calculating the absolute and relative frequency of offenses. The results showed that most of the fines occurred with automobiles. Still, there was a seasonality in fines, where the major infractions occurred during the summer due to tourism enhancement, reflecting the amount of fines for speeding, parking in prohibited place and time, advance warning sign and for use in urban cellular pathways. Keyword: vehicle,recife, statistics. 5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Percentual da frota registrada segundo o tipo para Recife/PE ........... 35 Gráfico 2 – Total de Infrações de trânsito aplicadas, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. ................................................. 36 Gráfico 3 – Percentual das Infrações de trânsito aplicadas, segundo o tipo o ano de 2013, para Recife-PE. ............................................................ 36 Gráfico 4 – Distribuição infrações transitar c/velocidade superior a permitida em até 20%de trânsito aplicadas, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. .................................................................. 37 Gráfico 5 – Distribuição infrações por estacionar veículo em local/hora proibido, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para RecifePE. ..................................................................................................... 38 Gráfico 6 – Distribuição infrações Estacionar em desacordo com a regulamentação, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. .......................................................................................... 39 Gráfico 7 – Distribuição infrações por avanço de sinal, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. ................................................. 40 Gráfico 8 – Distribuição das infrações por uso telefone celular no trânsito, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. .............. 41 Gráfico 9 – Distribuição das infrações por não usar capacete, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. ............................................ 42 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 13 2.1 A psicologia no trânsito................................................................................ 13 2.2 Avaliação psicológica do condutor para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ..................................................................... 15 2.3 O significado do veículo para o motorista .................................................. 18 2.4 Comportamento no trânsito - Características de personalidade dos condutores e suas influências ..................................................................... 19 2.5 Causas dos acidentes de trânsito ............................................................... 20 2.5.1 Personalidade ............................................................................................. 20 2.5.2 Stress e fadiga ............................................................................................ 21 2.5.3 Uso de drogas lícitas ou ilícitas ao volante ............................................. 22 2.5.4. Outros fatores ............................................................................................ 23 2.6 Atenção e percepção do motorista ao volante ........................................... 24 2.7 Distração do condutor no veículo ............................................................... 26 2.7.1 Telefones móveis e atenção do condutor ................................................ 26 2.7.2 Legislação pelo uso de celular ao volante ............................................... 28 2.8 Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e fiscalização.................................... 29 2.9 Infrações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) ..................................... 30 2.10 Importância das campanhas publicitárias na educação para o trânsito ........................................................................................................... 31 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 33 3.1 Ética ................................................................................................................ 33 3.2 Tipo de Pesquisa ........................................................................................... 33 3.3 Universo ......................................................................................................... 33 3.4 Sujeitos da Amostra ...................................................................................... 33 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................... 33 3.6 Plano para Coleta dos Dados ...................................................................... 34 3.7 Plano para a Análise dos Dados .................................................................. 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 43 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 44 11 1 INTRODUÇÃO O ato de dirigir envolve um complexo processo de interação das funções psicológicas e cognitivas. Os motoristas estão expostos no trânsito a fatores de risco e conduzir um veículo envolve memória, atenção, tomada de decisões em um ambiente repleto de informações, como tráfego de pedestres, de outros veículos, diversidade de sons e imagens. A multiplicidade de fatores, envolvidos no ato de dirigir influenciam o comportamento dos indivíduos e, consequentemente, sua forma de conduzir um veículo. Uma causa relevante, apontada na ocorrência de acidentes de trânsito, refere-se ao comportamento dos condutores. No Brasil, os acidentes de trânsito, os custos sociais, ambientais, psicológicos e financeiros, destacando-se a demanda por leitos hospitalares, o impacto psicológico em acidentados e familiares, as faltas ao trabalho, às indenizações e os gastos materiais. Estima-se que as despesas com os acidentes nas rodovias brasileiras sejam de R$ 22 bilhões, o que representa aproximadamente 1,2% do PIB brasileiro. A aprendizagem veicular exige do aprendiz a manifestação de capacidades e a aquisição de habilidades motoras, sensoriais, cognitivas e de informações sobre o trânsito, com suas implicações técnicas, preventivas, defensivas e punitivas. As funções cognitivas, quando relacionadas à direção veicular, incluem “memória, atenção, avaliação sistemática do ambiente e outras habilidades visuais, espaciais, verbais e de processamento de informações, tomada de decisões e resolução de problemas. Estas funções devem se processar de modo dinâmico” (PIRITO, 1999, p. 27). Percebe-se, assim, que o ato de dirigir um veículo pode parecer uma atividade simples, quase automática, mas exige uma complexa articulação de funções do condutor. Bem menos progressos têm sido alcançados em melhorias do potencial de segurança dos condutores nas estradas. Na circulação humana, o comportamento do condutor é, sem dúvida, o fator mais importante e contribuinte na imprudência ao volante e nos acidentes de trânsito. Sendo assim, a agressividade no trânsito se tornou um problema social, pois trás uma sensação de insegurança a todos que estão envolvidos com o transito, estando presente no trânsito pelos diversos comportamentos desempenhados pelos condutores e que influi na maneira de utilização desse espaço público que deve ser 12 com educação, respeito, tolerância e sem agressividade, pois a liberdade que temos com um veículo nem sempre é utilizada de forma correta. Em diversos países e inclusive no Brasil os acidentes de trânsito são considerados um importante problema de saúde pública pelas implicações, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade, em função das sequelas físicas e psicossociais decorrentes dos acidentes. O fato de termos um dos maiores índices de acidentes de trânsito no mundo reflete diretamente na qualidade da saúde pública do país, com a lotação dos hospitais públicos, e gasto excessivo com pessoal e na manutenção do aparato hospitalar, custo esse que é repassado para a população na forma de tributos. Percebe-se, portanto, a falta de uma política pública adequada para a redução dos acidentes de trânsito no país, em detrimento da qualidade da saúde pública. A psicologia do trânsito por ser um ramo da psicologia que busca analisar o comportamento das pessoas que participam do trânsito, direta ou indiretamente, será utilizada como instrumento de investigação dos fatores determinantes dos comportamentos neste espaço, sob quais condições eles se manifestam, bem como os diversos aspectos que implicam nesses comportamentos, tendo como finalidade colaborar para a segurança e o bem-estar das pessoas. Pretende-se, então, levantar os aspectos envolvidos no ato de dirigir, as funções psicológicas e cognitivas presentes nesta atividade que, principalmente nas grandes cidades, pelo número crescente de condutores e pelo caos que vêm se configurando o trânsito, merece atenção. Um outro problema ocorre por conta do uso de celulares ao volante, podendo ocasionar acidentes pela distração trazendo desde pequenos danos patrimoniais e físicos como também fatais. Dirigir exige do condutor, ações que envolvem vários campos funcionais. Por isso, os aspectos abordados neste trabalho tentam abranger essa demanda em vista da grande ocorrência das imprudências que levam aos acidentes no trânsito. Portanto, objetiva-se realizar as estatísticas das infrações para a cidade de Recife/PE para o ano de 2013. 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 A psicologia no trânsito Várias definições do que venha ser o trânsito. Segundo Meirelles e Arrudão apud Rozestraten (1988) o trânsito seria “o deslocamento de pessoas ou coisas pelas vias de circulação”, com distinção do tráfego, que seria o mesmo trânsito, mas, “em missão de transporte”. Sendo assim, todo trânsito é o deslocamento de pessoas e veículos e todo deslocamento se realiza através de comportamentos. A psicologia define o transito como um conjunto de comportamentos num sistema de normas e estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos humanos no trânsito e fatores conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. No final da década de 50 tiveram início os primeiros estudos sobre o trânsito na área de psicologia. No Brasil, esses estudos só tiveram início na década de 80, com a realização de quatro congressos nacionais de Psicologia do Trânsito realizados em Porto Alegre (1982), Uberlândia (1983), São Paulo (1985) e Rio de Janeiro (1987) (ROZESTRATEN, 1988). Da década de 70 até os dias de hoje, muitos destes estudos foram realizados na área de trânsito, principalmente por causa do grande número de vítimas dos acidentes. Essas pesquisas serviram para embasar a inserção e atuação do psicólogo nessa área. A introdução do psicólogo nessa área teve influência de pesquisas como a de Shinar (1978), que mostrou um resultado de que pelo menos 80% dos acidentes eram devidos a fatores humanos. Cabia a psicologia então estudar quais eram esses fatores humanos e o que poderia ser feito para diminuir esses índices. De acordo com Rozestraten (1988), esse ingresso do profissional de psicologia no trânsito ocorreu à princípio como aquele que deveria realizar a seleção de candidatos a carteira de motorista, avaliando o estado psicológico daqueles que tinham a intenção de dirigir um veículo. Sendo no entanto, vasto o seu campo de atuação: • Participação em equipes multiprofissionais no planejamento e realização das políticas de segurança para o trânsito; • Análise dos acidentes, considerando os fatores envolvidos, afim de sugerir formas de evita-los; 14 • Elaboração de laudos, pareceres psicológicos, relatórios técnicos e científicos; • Elaborar e aplicar técnicas de mensuração das aptidões, habilidades e capacidades psicológicas dos candidatos; • Estudar os efeitos psicológicos do uso de drogas e outras substâncias químicas na situação de trânsito; • Prestar assessoria e consultoria a órgãos públicos e privados nas questões relacionadas ao trânsito e transporte; • Terapia de apoio aos acidentados de trânsito e seus familiares; • Desenvolvimento de projetos que visem a prevenção de acidentes; • Entre outros. Dentre todas essas funções que um psicólogo perito em trânsito pode realizar, vale salientar que uma das mais comuns, sem duvida, é a avaliação das condições psicológicas dos candidatos à obtenção da CNH. Diante do exposto, verifica-se que o trânsito é um fenômeno complexo e que requer uma compreensão multidisciplinar, já que envolve processos psicológicos, psicossociais, psicofísicos, culturais, etc. A psicologia do trânsito surge, então, com o intuito de analisar o comportamento das pessoas que participam do trânsito, este sistema complexo que, apesar dos grandes avanços que vem nos possibilitando, também vem se mostrando bastante problemático. Deste modo, todos os envolvidos no trânsito, direta e/ou indiretamente, são “objetos” de estudo da psicologia do trânsito: motoristas, passageiros, pedestres, ciclistas, engenheiros de tráfego, instrutores de trânsito, etc. Assim, de acordo com Cristo (2006), a psicologia do trânsito procura investigar os fatores determinantes dos comportamentos neste espaço, sob que condições eles se manifestam, bem como os diversos aspectos (psicológicos, sociais, culturais, políticos, econômicos, etc.) que estão implicados nestes comportamentos, tendo como finalidade colaborar para a segurança e o bem-estar das pessoas em seus deslocamentos. Para o Conselho Federal de Psicologia (2000), a Psicologia do Trânsito é uma área que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. Desta forma, pode-se dizer que o veículo assume as características da 15 personalidade de quem o conduz e, por isso, o trânsito, não pode ser analisado isoladamente. Envolve tudo o que o ser humano carrega consigo, sua cultura, seus valores e ideais. Este campo multidisciplinar envolve um intercâmbio de conhecimento com as diversas áreas da Psicologia e ciências afins que, direta ou indiretamente, estudam o fenômeno trânsito e transportes em sua complexidade e interface com os fenômenos biológicos e sociais. Nesse sentido, a Psicologia do Trânsito seria uma área de aplicação da Psicologia Ambiental e Psicologia Social que, por meio de métodos científicos, estuda o comportamento do homem no ambiente do trânsito, sua multideterminação no contexto onde está inserido e sua correlação com os fatores sociais, políticos, econômicos e estruturais que influenciam o sistema de funcionamento, gestão, organização e fiscalização desse trânsito. Diante dessa perspectiva, evidencia-se a necessidade de a Psicologia assumir o seu lugar na multiplicidade e na complexidade do fenômeno trânsito em seus aspectos interdisciplinares, para que possa desenvolver outras formas de atuação, deixando de ser vista apenas como operadora da Avaliação Psicológica para habilitação de condutores de veículos automotores, passando a compreender também a análise dos planejamentos urbanos, da cidadania, da educação, observando os princípios dos direitos humanos, promovendo a segurança no trânsito e a qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades. Afinal, considerando-se os princípios do compromisso social da Psicologia, esta área pode tecer a sua intervenção operando como mediadora dos processos de construção da cidadania, desvelando o véu encobridor das falácias técnicas que não consideram as subjetividades na construção das políticas públicas e denunciando toda e qualquer forma de segregação social. (MORETZSOHN, 2005). 2.2 Avaliação psicológica do condutor para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) De acordo com Rozestraten (1988), inicialmente as avaliações psicológicas eram feitas através de testes sem que houvesse um estudo crítico sobre suas validades e fidedignidades. No final da década de 50, foi sancionada a Lei 9.545, que instituía o Exame Psicotécnico para candidatos à CNH, sendo o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) o responsável por tal atividade. 16 No entanto, em 1998, com a publicação do Novo Código de Trânsito Brasileiro, o termo “Exame Psicotécnico” foi substituído pela Avaliação Psicológica Pericial. Essa alteração ocorreu em virtude das novas exigências da Resolução 80/98 do CONTRAN em relação ao procedimento que passaria a ser adotado. As principais alterações baseavam-se no fato de que a Avaliação Psicológica Pericial para o Trânsito deveria ser realizada por Peritos de Trânsito que tivessem o respectivo curso; a finalidade do exame passava a ser investigar adequações psicológicas mínimas no indivíduo para que fosse possível que os candidatos à CNH fossem capazes de conduzir de forma correta e segura (Conselho Federal de Psicologia, 2000). Vieira, Amorim e Carvalho (1953), realizaram pesquisa em relação as principais causas de inaptidão durante o processo de obtenção da CNH. Entre as principais citadas por eles encontravam-se traços de hiperagressividade e de hiperemotividade, aliados a outros distúrbios. Devido a essas pesquisas torna-se evidente a importância da avaliação psicológica no processo da obtenção da CNH, assim como a responsabilidade do psicólogo perito na realização da mesma. Atualmente, no Brasil, as avaliações psicológicas para obtenção da CNH, geralmente são compostas de mais de um teste psicológico, válidos e definidos por cada estado no qual seja aplicado. O PMK (Psicodiagnóstico Mio-Kinético) é um dos testes de personalidade mais comum na área da psicologia do trânsito, sendo adotado na maioria dos estados brasileiros trata-se de uma prova de expressão gráfica que visa avaliar a personalidade, através dos traços motor, pelos movimentos musculares nas três direções do espaço, nos sentidos: sagital, horizontal e vertical (MIRA, 2002). Os fatores que o PMK mensura são: • Tônus Vital – Elação e Depressão (é o nível de energia vital disponível e circulante); • Agressividade: Hetero, Auto-agressividade (força propulsora que leva o indivíduo a uma atitude de afirmação e domínio pessoal a qualquer situação); • Positiva – favorável, pois é uma agressividade combativa, construtiva, útil e aceitável, que impregna as ações de modo louvável e nobre; 17 • Negativa – nociva, violenta e destrutiva, pois impulsiona o homem a atos reprováveis, tais como todos os delitos anti-sociais: roubos, vinganças, agressões físicas, assaltos, homicídios; • Reação Vivencial – Extratensão e Intratensão (nível de energia psíquica dirigida para fora ou para dentro); • Emotividade (é a reação de emergência que se produz, mostrando falhas do sistema adaptativo de uma pessoa); • Dimensão Tensional: Excitação e Inibição (corresponde a um processo fisiológico básico e complexo do sistema nervoso, em que os reflexos da inibição e excitação se manifestam); • Predomínio Tensional: Impulsividade e Rigidez (deriva do próprio processo fisiológico. Podem se manifestar num processo estável, irregular ou por graves alterações que podem chegar a crises convulsivas). Tipos de pressão: • Pressão muito leve – personalidade hipersensível, potencial artístico; • Pressão leve – personalidade fina, sensível, delicada, dotada para as artes; • Pressão normal - pressão média, a mais freqüente; • Pressão forte – mais primitiva e rude; • Pressão muito forte – intensa acentuação dos instintos primários e rudeza nas atitudes. Comprometimentos do sistema nervoso, quadros tóxicos em estágio avançado de alcoolismo e alguns quadros de deterioração mental; • Tremores – persistentes em toda prova, indícios de alteração – indicativo de exames neurológicos (mão dominada). Zaninovich, no Chile, realizou uma pesquisa a respeito do PMK e sua relação com o trânsito. Analisou dois grupos: a dos bons motoristas e a dos maus motoristas. No grupo dos maus motoristas se evidenciou uma maior agressividade heterodirigida endógena, muitas vezes associada a traços auto-agressivos, ou com hetero-agressividade aumentada. Alia-se a uma instabilidade tensional com manifestações e excitabilidade e explosividade. Também houve a presença de uma forte emotividade endógena, descompensanda nos controles emocionais, diminuição no tônus vital e uma escassa coerência intrapsíquica (GALLAND DE MIRA apud ROZESTRATEN, 1988). 18 2.3 O significado do veículo para o motorista O veículo automotor, expressa um aspecto simbólico de ascensão social e de afirmação e poder pessoal. No imaginário coletivo o veículo simboliza status, sucesso, poder e felicidade. O veículo recebe o estatuto de um objeto capaz de dizer algo sobre os indivíduos e assim se constitui como uma das principais fontes identitárias para a sociedade de consumo. Segundo Solomon (1996); Woodruff e Gardial (1996) a associação se trata de uma cadeia hierárquica e quanto mais alto for o nível alcançado nessa hierarquia, mais alto serão os níveis de subjetividade envolvidos. De acordo com Gubner (1998), na relação do homem com a máquina, o equipamento é cada vez mais confiável enquanto o erro humano é uma fonte potencial para acidentes significativos. A ação humana, em muitas situações, é de caráter errático diante das ocasiões complexas, o que se deve em grande medida à necessidade de tomar decisões rápidas e pouco pensadas. Optando por uma única solução dentre um leque e quase infinito de possibilidades, que em muitas ocasiões, o cérebro é incapaz de avaliar todas as possíveis falhas que poderiam acontecer. Portanto, é necessário entender os complexos mecanismos do pensamento da pessoa que provocou o erro. Belk, Walerndorf e Sherry (1989) verificaram que os consumidores contemporâneos elegem determinados objetos e experiências de consumo como representantes de algo que vai além do que aparentemente propõem. O consumidor forma uma percepção de valor, pela qual a consequência derivada do uso de um produto irá levá-lo a obter os estados finais desejados, ou seja, o levará a conquista de valores pessoais. Assim como demonstra Rozestraten (1988, p.136) "o carro nem sempre é apenas um meio de transporte, é também um meio de ostentação, um símbolo de status". Dentre estas questões faz-se necessário ainda, apontar a importância do trabalho ético e rigoroso que o psicólogo perito examinador do trânsito deve desenvolver no atual contexto, com o intuito de atuar como um agente provedor de mudanças significativas no cenário violento do trânsito. O carro passa então, a ser um instrumento para assegurar o poder e o status de seus motoristas, e neste cenário a agressividade passa a ser uma marca essencial 19 para declarar a suposta superioridade de um motorista sobre o outro e sobre os pedestres. Acerca destes apontamentos Da Matta (2000) acrescenta que: No Brasil também se criou o mito de que o bom motorista é o agressivo, o esperto. Nesse ponto, entra o outro mito brasileiro que é o da malandragem: se o sinal fechou em cima de mim, eu vou furar, se a estrada está entupida, vou pelo acostamento ou corto os outros carros, porque não sou trouxa. A agressividade passa a ser uma moeda, um valor. Em um contexto social no qual os objetos de consumo recebem um lugar privilegiado, o homem acaba por se "coisificar" (AQUINO, 1998, p.15) ao se confundir com o veículo automotor. Assim, é o objeto que atribui significado ao indivíduo e não mais o contrário. O ato de dirigir é complexo, envolve diversas competências, habilidades e atitudes e requer do motorista um bom nível de maturidade emocional e capacidade intelectual, as quais lhe permitem interpretar estímulos e reagir estrategicamente no trânsito.(CRP-PR site) 2.4 Comportamento no trânsito - Características de personalidade dos condutores e suas influências Marín e Queiroz (2000), em estudos sobre fatores que contribuem para ocorrência de acidentes de trânsito, abordaram a importância do comportamento. Segundo eles, o trânsito exige decisões rápidas, tornando-se necessário considerar o estilo de condução, o modo como as pessoas fazem julgamentos e tomam decisões. Há traços de personalidade que nem sempre são fáceis de se identificar. Em pesquisa realizada por Black apud Rozestraten (1988), na Inglaterra, a respeito dos veículos, foram entrevistadas pessoas nos estados conscientes e inconscientes (hipnotizadas). No estado consciente as pessoas disseram que a segurança no carro é importante, que é bom usar o cinto de segurança e que os motoristas que andam em alta velocidade eram os culpados pelos acidentes de trânsito. No estado inconsciente, essas mesmas pessoas, disseram que o carro deveria ser macio, rápido e ter um aspecto socialmente aceito. A segurança na estrada não era muito importante e os principais culpados dos acidentes eram os carros que andavam muito devagar. Também afirmaram que o cinto se segurança 20 seria algo afeminado e o melhor do carro era a sensação de liberdade, poder e superioridade em relação aos outros. Então o veículo nem sempre é apenas visto como um meio de transporte é também um meio de ostentação, um símbolo de status, uma “ajuda” na paquera, um meio de relaxamento quando se liga o rádio e muitas vezes usado como uma terapia para dar vazão à agressividade e a sentimentos de inferioridade e fracassos do sujeito (ROZESTRATEN, 1988). Shinar (1978) realizou um estudo nessa direção, com uma bateria de questões e testes ligados a 20 características de personalidade, supostamente relacionadas com o comportamento do motorista. Constatou-se que as principais características dos pluriacidentados eram: pouca consciência de cidadania, tendências antissociais, atitudes negativistas, atribuir a responsabilidade e o controle dos fatos sempre a fontes externas e ter uma experiência escolar mais negativa. Do mesmo modo também se verificou as características de motoristas sem acidentes. Constatou-se que entre esses motoristas não havia diferenciação quanto a Q.I., nem quanto a capacidades físicas, mas todos eram considerados maridos e pais muito responsáveis, cautelosos, honestos, não agressivos e sempre esforçados (ROZESTRATEN, 1988). Mcguire apud West et al. (1993) constatou que frequentemente a história de comportamento anti-social está relacionada com acidentes de trânsito, ou seja, pessoas com dificuldades em seguir normas da sociedade em geral, dificilmente seguiram normas do trânsito, causando assim os acidentes. Segundo Pereira apud Bastos (2001), a solução de problemas que envolvem mudanças no comportamento humano está pautada, algumas vezes, em lançar mão de uma legislação mais severa. 2.5 Causas dos acidentes de trânsito 2.5.1 Personalidade Devido o grande número de acidentes de trânsito, tornou-se necessário conhecer as características em comum que compunham a personalidade de pessoas envolvidas em acidentes de trânsito. Shinar et al. (1978), fizeram uma distinção entre: 21 1 – Causas humanas diretas, comportamentos que precedem imediatamente ao acidente e que são diretamente responsáveis por ele; 2 – Causas humanas indiretas, condições e estados (como fadiga, stress, sono, embriaguez) que afetam negativamente a habilidade do motorista. As quatro principais causas humanas diretas foram: 1. Falta de vigilância; 2. Falta de atenção; 3. Velocidade excessiva; 4. Ações evasivas inadequadas. As quatro principais causas indiretas foram: 1. Debilitação por álcool; 2. Falta de familiaridade com a estrada; 3. Debilitação por outras drogas; 4. Inexperiência do motorista. Vale ressaltar que existe uma íntima relação entre as causas diretas e a indiretas dos acidentes. Assim, um motorista alcoolizado tem maior probabilidade de ficar distraído, de não ver direito, de andar com maior velocidade, etc. No Brasil, podemos considerar outras complicações como: precariedade na educação para o trânsito na escola, exames teóricos e práticos fracos para obtenção da CNH, impunidade dos delitos de trânsito, CNHs compradas ou obtidas por influência política (ROZESTRATEN, 1988). 2.5.2 Stress e fadiga Há também os fatores passageiros que causam acidentes, porém ainda ligados ao homem, como é o caso do stress, da fadiga, estado depressivo, uso de drogas, etc. Em situações de stress, o estudioso Mcmurray apud Rozestraten (1988), constatou o envolvimento em acidentes de pessoas que tinham dado entrada a um processo de divórcio. No período em que estavam esperando uma decisão do juiz, houve um aumento considerável de envolvimento em acidentes e também em multas. Em relação a fadiga, considerou-se um número maior de acidentes em vias urbanas, no final do dia, quando todos estão voltando para casa depois de uma 22 jornada de no mínimo oito horas de trabalho, que no início do dia. O que ocorre no trânsito de grandes cidades é uma diminuição da vigilância, associada à pressa de chegar em casa (ROZESTRATEN, 1988). 2.5.3 Uso de drogas lícitas ou ilícitas ao volante No caso do uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, preocupa o fato de perturbarem a percepção ou alterarem as reações motoras, diminuírem o estado de atenção e alerta, causarem sonolência, alucinações visuais e auditivas. Segundo o Código Nacional de Trânsito, art. 89, inciso III, estabelece: “É proibido a todo condutor de veículo dirigir em estado de embriaguez alcoólica ou sob efeito de substância tóxica de qualquer natureza”. Dentre as drogas mais presentes nos acidentes de trânsito está o álcool. Sabe-se que perto de 50 % dos acidentes fatais estão relacionados com o álcool (ROZESTRATEN, 1988). Dessa maneira, o consumo de álcool é o fator mais relacionado a acidentes de trânsito, pois dificulta a tomada de decisões e entorpece as habilidades psicomotoras. Nos jovens, a tomada de decisões é marcada pela impulsividade, ousadia e confiança excessiva em sua própria destreza (MARÍN e QUEIROZ, 2000). Em projeto financiado pela National Highway Trafficf Safety (Administração Federal de Segurança no Trânsito das Rodovias), realizado com participantes norteamericanos jovens, entre 18 e 29 anos, pesquisou-se os valores e motivações dos mesmos em relação a habilidade de dirigir. Verificou-se que 60% dos participantes admitiram, pelo menos em uma ocasião, dirigir após beber. Para eles, dirigir intoxicado ocasionalmente é comum, mas habitualmente é um ato irresponsável. A motivação principal para evitar o ato de beber e dirigir seria o medo de ser detido (STEWART, COHEN, TAYLOR et al., 1997). A nova Lei 11.705, que altera o Código de Trânsito Brasileiro, e entrou em vigor no dia 19 de junho de 2008, proíbe o consumo de praticamente qualquer quantidade de bebida alcoólica por condutores de veículos. Quem for flagrado com uma dosagem superior a 0,2 gramas de álcool por litro de sangue pagará multa de 955 reais, receberá sete pontos na carteira de motorista e terá suspenso o direito de dirigir por um ano. Aqueles cuja dosagem de álcool no sangue superar 0,6 g/l deverão ser presos em flagrante. As penas poderão variar de seis meses a três anos 23 de cadeia, sendo afiançáveis por valores entre 300 e 1.200 reais. Os infratores também perderão o direito de dirigir por um ano (DENATRAN, 2008). O resultado dessa nova lei é que em menos de um mês de vigência, o número de mortos nas ruas e estradas do Brasil caiu 50% em média. Comparando com as estatísticas de anos anteriores, são 50 mortes a menos por dia, 1.500 menos em um mês. Se a lei for cumprida por um ano, até o meio de 2009, serão 18 mil mortes e 200 mil feridos abaixo do esperado, uma economia de R$ 12,5 bilhões em atendimento hospitalar. Em paralelo com a queda de 50% nas mortes aparece outra média histórica. "Somos campeões mundiais de acidentes de trânsito, e a metade dos que morrem está alcoolizada", diz Vilma Leyton, professora de medicina legal da USP e por 30 anos legista do IML de São Paulo. Para a professora, "a lei é excelente por causa da repercussão que está tendo. Estamos observando até queda na violência doméstica" (DENATRAN, 2008). 2.5.4. Outros fatores Além dos fatores humanos outros fatores, estão relacionados aos acidentes de trânsito. Porém, sabe-se que dentre os elementos que se relacionam com as causas dos acidentes, mais de 90% deles estão associados a fatores humanos. Os outros 10% têm suas causas relacionadas às condições ambientais, condições da via ou condições do veículo (ROZESTRATEN e DOTTA, 1996). Sabe-se que grande parte das rodovias brasileiras estão em péssimo estado de conservação, as mudanças são lentas e estão relacionadas aos avanços de engenharia e tecnologia voltadas para o trânsito. Com relação ao meio, as modificações que deveriam ser feitas eram: melhoria na sinalização e iluminação, melhoria na qualidade do asfalto, mecanismos para redução de velocidades, entre outros. Dados como esses advertem uma necessidade maior de investigação, desde uma perspectiva psicossocial, ao entendimento da cultura de cada local e das condições de vias. Para assim poder desenvolver de programas de capacitação, reabilitação e educação, que tenham como objetivo promover um comportamento mais adequado no trânsito (MARÍN e QUEIROZ, 2000). Em países desenvolvidos a busca por soluções em relação aos acidentes de trânsito iniciou cedo, na década de 60, chegando a obter sucesso devido a altos investimentos no setor. Porém, nos países em desenvolvimento, como não houve 24 grandes investimentos, o problema só se agravou ao longo dos anos. No Brasil, o trânsito é considerado como um dos piores e mais perigosos do mundo. Só no ano de 1997 houve mais de 38 mil mortes e 460 mil feridos, num total de 2,1 milhões de acidentes de trânsito (DENATRAN, 1997). 2.6 Atenção e percepção do motorista ao volante Segundo o professor José Aparecido da Silva, pesquisador da área de psicofísica e percepção, especialista em processos sensoriais do Departamento de Psicologia e Educação da USP Ribeirão Preto o comportamento de dirigir um veículo é composto por múltiplas tarefas. Envolve a tomada de informação, o processamento de informação, a tomada de decisão e as atividades motoras. Dirigir um veículo deve ser compreendido como uma concessão e não como um direito do cidadão. No entanto, essa concessão depende do possuidor ser imputável plenamente, ter condições físicas, apresentar características psicológicas adequadas e conhecer as leis de trânsito (Governo Federal, 1998). Para desempenhar a tarefa de dirigir, o condutor terá que estar atento aos estímulos provenientes do ambiente, quais sejam, pedestres, sinalização além de discriminar os estímulos provenientes do carro, deve concentrar sua atenção, colocando os estímulos em foco, não podendo, entretanto, perder de vista outros movimentos e demais estímulos, o que requer a distribuição da atenção (NORONHA apud NEIBOT, 1974; ROCKWELL, 1972; SHINAR, 1978). Para Rozestraten (1988) a atenção é uma qualidade da percepção mais consciente e dirigida sobre o campo global, seja focalizando um ou mais pontos dentro deste campo. A percepção somente é possível através de um comportamento complexo e ágil dos globos oculares (PRITCHARD, 1970; ROCKWELL, 1972; SHINAR, 1978), que compreende as seguintes fases: a) Detecção – Só é possível detectar o que está nos limiares absolutos, só o ouvido, olho ou pele. b) Discriminação ou Diferenciação – É possível ser verificado mais através dele detalhes no estímulo, diferenciando-o de qualquer outro. c) Processo de avaliação do espaço, tempo e velocidade, é o tempo necessário para chegar até o estímulo. d) Processo de identificação no qual se diz se o estímulo é 25 conhecido ou não, que é chamado de identificação figurativa. Segundo Rozestraten (1988): A visão se limita ao bom funcionamento do olho e dos nervos, até que alcancem os centros nervosos. A percepção é o processo psicológico que permite a identificação do padrão visto como representações de padrões vistos, o que leva a compreensão do significado da situação, base da decisão para um comportamento. A exploração visual é o movimento dos olhos em busca de informações importantes. Em uma curva quanto mais fechada, maior a atividade ocular. (SHINAR et. at., 1977) Segundo Rozestraten (1988) a falha de atenção é um dos mais importantes fatores humanos causadores do acidente. A atenção pode ser: • Difusa ou Vigilância: é a busca de algo importante, é a busca de indícios perigosos, que vai depender muito da situação, numa estrada reta e tranquila, há necessidade de um nível baixo de atenção ao contrário em uma avenida movimentada, os dois olhos do condutor podem ser insuficientes diante de muitos estímulos que se apresentam e que podem esconder indícios de perigo. (ROZESTRATEN, 1998) Muitas vezes condutores de veículos que se envolvem em acidentes dizem que “não viu o pedestre” ou “não viu o veículo com o qual colidiu.” Atenção difusa é vital para o condutor de qualquer veículo. • Atenção Concentrada: é dirigida para determinado objeto ou para uma determinada situação. (ROZESTRATEN apud ROBINSON, 1975). De acordo com Rozestraten (1998) a atenção difusa é interrompida no momento em que o motorista precisa concentrar-se em algum indicio, como sinalização, veículos com perigo de colisão, pedestres que podem ser atropelados,Falhar na detecção de um indício, ou na concentração sobre um indício detectado, significa quase com certeza, um acidente. • Atenção Distribuída: é a atenção concentrada distribuída para vários objetos. Por exemplo: dirigir conversando com alguém nos dias atuais em telefone celular, escutando música ou resolvendo problemas financeiros ou familiares. Segundo Brown (1965) que realizou vários estudos para demonstrar que, sob exigência de pouca atenção, os motoristas eram capazes de realizar tarefas mentais adicionais sem prejudicar a tarefa principal que era dirigir. 26 2.7 Distração do condutor no veículo A distração do motorista pode ser caracterizada como qualquer atividade que tire a atenção da tarefa de dirigir. Quaresma et. al. apud Ranney et. al. (2006) caracterizam a distração. Os autores categorizam a distração de quatro maneiras: distração visual, como olhar para algum lugar que não seja a via; distração auditiva, como responder um chamado do telefone celular; distração biomecânica, como ajustar o volume do rádio manualmente; e distração cognitiva, como estar perdido no pensamento. Vários pesquisadores Harbluk (2000 e 2005), Burns (2005) e Lee (2004), consideram que sistemas baseados na fala não solucionam totalmente o problema da distração com equipamentos eletrônicos em veículos. Dependendo do modelo mental do sistema que o motorista deve manter, este pode aumentar ainda mais a sua carga cognitiva causando a distração. Nos últimos anos, com o avanço das novas tecnologias, muitos equipamentos eletrônicos como sistemas de áudio, sistemas de comunicação sem fio (wireless) e navegadores vêm sendo desenvolvidos para serem utilizados em veículos. Estes equipamentos muitas vezes estão disponíveis aos motoristas enquanto dirigem o veículo, e aliados à falta de tempo fora do trabalho e ao congestionamento das vias de transporte vêm sendo bastante utilizados. Conforme foram projetados e pela sua complexidade de uso estes equipamentos podem distrair o motorista e ocasionar acidentes no trânsito. 2.7.1 Telefones móveis e atenção do condutor Apesar da proibição do uso de telefones celulares durante a condução em muitos países, a maioria dos usuários acham, principalmente os mais experientes com eletrônicos, que são capazes de usar esses aparelhos sem se distraírem. Estes se consideram pessoas “multitarefas” capazes de dirigir, conversar no telefone, fumar e comer alguma coisa ao mesmo tempo. Os usuários em geral não têm noção de quanto este tipo de aparelho pode distrair. Usar o celular enquanto está na direção do veículo é uma infração de trânsito que a cada ano vem crescendo bastante, e, apesar de ainda não se ter um levantamento de vítimas e colisões relacionadas à falta de atenção e distração que 27 essa conduta pode causar, acredita-se que muitos acidentes acontecem devido a essa prática. Com exceção da resolução do CONTRAN número 190_06, que proíbe o uso de equipamento capaz de gerar imagens para fins de entretenimento para o motorista durante a condução de um veículo e a proibição do uso de celular, não existem no Brasil normas ou legislações de segurança que regulamentem o desenvolvimento, a aplicação e a validação destes equipamentos. Países como Estados Unidos, Japão e os da Comunidade Européia vêm trabalhando nestas questões em seus governos nos departamentos de transporte, desde o final da década de 90, no desenvolvimento de diretrizes para serem seguidas e atendidas tanto pelas montadoras quanto pelos fornecedores destes equipamentos. Como foi visto, a comunicação entre o motorista e os equipamentos eletrônicos é feita, normalmente, através de controles e displays, e em alguns casos através do comando de voz. Pela complexidade do uso destes equipamentos, os autores consideram que eles podem distrair os motoristas, desviando sua atenção da via e aumentando os riscos de acidentes (QUARESMA e MORAES, 2006). Numa pesquisa realizada por Stutts et al., com o objetivo de investigar quais eram as atividades realizadas por motoristas que pudessem levar à distração, com 70 participantes, os autores concluíram que todos os motoristas estiveram envolvidos com algum tipo de distração. Cerca de 3/4 dos motoristas comeram ou beberam enquanto dirigiam e 1/3 usou o telefone celular com o veículo em movimento. Estes altos valores mostram o desconhecimento e/ou a falta de preocupação dos motoristas com relação a distração e a sua segurança. Segundo Quaresma et al. (2006), além da resolução 190_06 e a proibição do uso de telefone celular pelo motorista com o veículo em movimento, não existe em toda a legislação de trânsito brasileira qualquer outro item relacionado ao uso de sistemas eletrônicos. Nem tampouco grupos ou comitês que provavelmente venham trabalhando nestas questões no Brasil. Portanto, considerando o aumento e entrada destes sistemas nos veículos brasileiros, tornam-se cada vez mais necessárias pesquisas relacionadas a este tema (QUARESMA e MORAES, 2006). No Brasil não existe um levantamento de quantas pessoas morreram ou foram vítimas de acidentes de trânsito, fatal ou com lesões, ou com apenas danos patrimoniais, por causa da distração provocada pelo uso do celular enquanto dirige. 28 Na verdade esse levantamento seria muito difícil de ser feito, porque o condutor envolvido em acidente, muitas das vezes, negaria que estivesse fazendo uso do seu celular, caso ele sobrevivesse. De acordo com Médici (2012) não é possível uma análise desse tipo em acidentes no Brasil pela ausência de um órgão público que realmente defina políticas e faça a gestão do trânsito com a abrangência necessária para gerar informação e estabelecimento de políticas de prevenção. 2.7.2 Legislação pelo uso de celular ao volante A Lei nº 9.503, de 27 de setembro de 1997, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), celular. No artigo 252, inciso VI do CTB, a infração está descrita como média, com penalidade de multa de R$85,13 e perda de quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), veja: (...) Art. 252. Dirigir o veículo: (...)VI -utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular; Infração -média; Penalidade -multa. Para coibir o uso desses aparelhos na direção de veículos automotores, existe proposta no Congresso que defende punição maior para quem usa celular ao volante. Ao elaborar o Projeto de Lei nº 7.471/10, o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB/MT) modificou o texto original do Código de Trânsito Brasileiro para aumentar a punição aos motoristas que cometem infrações e assim coibir tal comportamento. A redação do artigo 252 passaria a ser: “Art. 252 VI –utilizando fone de ouvido; Infração –média; Penalidade –multa; VII –utilizando aparelho móvel ou portátil de comunicação, computação ou entretenimento,em qualquer uma de suas múltiplas funções; Infração –gravíssima; Penalidade –multa.” 29 Diante dessa possível modificação, as novas tecnologias seriam alcançadas e os motoristas ficariam sujeitos a penalidade por utilizarem iPad, e-books, notebook, playstation portable, hands-free e futuras inovações, com infração gravíssima, multa de R$191,54 e perda de sete pontos na CNH. Já para o problema de autuação do motorista que utiliza fones de ouvidos passaria a ter um amparo melhor, pois com essa nova redação, utilizando o termo “fone de ouvido” no singular, garantiria uma maior aplicabilidade da lei pelos agentes de trânsito, pois como a lei está redigida,quem utiliza apenas um fone é permitido. Drews, Siegel e Strayer (2006) fizeram uma pesquisa comparativa entre os motoristas que dirigem falando ao celular e os que dirigem após ingerir bebidas alcoólicas. Nessa pesquisa,eles concluíram que os motoristas que falam ao celular, segurando-o ou com mãos-livres,são tão incapacitados quanto motoristas bêbados. Um estudo do National Safety Council (2009) revelou que motoristas que conduzem o carro falando ao celular segurando-o com a mão ou utilizando a tecnologia hands-free, visualizam 50% menos do ambiente externo e que ¼ de todos os acidentes envolve um motorista que estava falando ao celular. Em alguns países a legislação proíbe o uso do celular, mas permite o uso de tecnologias hands-free, como, por exemplo, no estado da Califórnia – USA. No Brasil, o nosso CTB não faz menção ao uso de novas tecnologias, autorizando, inclusive, o uso de fone em apenas um ouvido. Com essa possível alteração na Lei 9.503/97, proposta pelo parlamentar Carlos Bezerra, acredita-se que pode haver uma redução no número de infrações de trânsito relacionada ao uso de celular ao volante e a quantidade de acidentes envolvendo a falta de atenção, relacionada ao uso desse aparelho (CHAGAS, 2012). 2.8 Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e fiscalização A publicação do novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) foi uma tentativa do governo e sociedade brasileiros de tentar reverter as alarmantes estatísticas do Brasil. O novo Código prevê punições mais severas, como multas de altos valores, possibilidade de perda da habilitação, apreensão do veículo e a elaboração de mecanismos jurídicos para punição de crimes de trânsito (CALDAS, 1998). Mesmo após a publicação do novo CTB, os resultados não foram exatamente os esperados. O que houve, foi uma pequena redução, a principio, do número de 30 acidentes e vítimas, seguido pelo retorno aos níveis anteriores de mortes e acidentes de trânsito, em pouco mais de um mês (BASTOS, ANDRADE e CORDONI, 1999). Esse resultado mostra a falta de mecanismos rígidos de fiscalização e controle eficiente, que façam obedecer às regras estabelecidas pela lei já sancionada. Porém, isso não ocorreu. Os guardas de trânsito em sua grande maioria trabalham com um número reduzido de pessoal, com equipamentos escassos e por vezes até despreparados para lidar com certas situações. Diante disso, os motoristas nutriram um sentimento de impunidade que estimulou o não cumprimento da lei. Segundo Cohen apud Chammé (1997), se o controle social fosse exercido de maneira eficiente, o comportamento do indivíduo seria consistente com o tipo de comportamento esperado. 2.9 Infrações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em seu art. 1º, parágrafo 1º, considera trânsito como a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isoladas ou em grupos, conduzindo ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga. As estatísticas indicam que o trânsito no Brasil tem muito a melhorar em todos os sentidos e, de modo geral, tem causado preocupações com relação à falta de segurança, já que diariamente ocorrem acidentes, deixando várias pessoas mortas ou feridas, evidenciando a violência no trânsito. Segundo Moretzsohn (2005), em diversos países, os problemas causados pelo trânsito configuram-se na perspectiva do meio ambiente, causam impacto na qualidade de vida das pessoas e, não raro, são casos de alarde na saúde pública. As infrações de trânsito são entendidas como consequência de um mau comportamento, que podem expor o condutor a uma situação de risco, e por sua vez ocasionar em acidente. Assim, a investigação dos fatores humanos como responsáveis pela ocorrência de infrações e acidentes se torna relevante. Dentre os fatores que favorecem a ocorrência de um número tão elevado de acidentes, aparece o fator humano como o principal. Conforme Ferreira (2004), o ser humano não pode ser analisado separadamente, já que o mesmo tem sua história, 31 personalidade, interesses, necessidades e busca satisfazê-las, gerando conflitos no trânsito, pois interpreta as regras estabelecidas conforme sua visão de mundo. O presente trabalho irá abordar algumas considerações sobre a Avaliação Psicológica e as técnicas de mensuração utilizadas para se verificar as habilidades, aptidões e capacidades psicológicas dos condutores e candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disto, também ressalta os efeitos psicológicos do uso do álcool e outras drogas na situação de trânsito, já que estes são assuntos de suma importância no que se refere à reflexão da prática dos profissionais envolvidos neste contexto, com o intuito de que o trânsito seja vivenciado pelos usuários de forma mais democrática e segura. 2.10 Importância das campanhas publicitárias na educação para o trânsito No que se refere ao homem, para promover mudanças nos comportamentos dos motoristas e pedestres faz-se necessária uma série de intervenções. Essas intervenções deveriam ocorrer através de políticas públicas, como campanhas publicitárias de informação ao público, programas de educação para promoção de um trânsito saudável e mudanças na legislação (MARÍN e QUEIROZ, 2000). Segundo Pereira (1986), para obter mudanças de opinião de uma população em relação a problemas sociais, como no caso do trânsito, vale lançar mão dos exemplos de pessoas e grupos admirados, exercendo assim uma influência positiva na grande massa. Assim como campanhas publicitárias envolvendo essas pessoas admiradas, vale ressaltar que os programas educativos são fundamentais, mesmo que seus resultados só apareçam a médio ou longo prazo, pois eles são o único meio de aumentar o nível de consciência social e de responsabilidade individual dos cidadãos (FARIA e BRAGA, 1999). Se esses valores fossem ensinados desde a infância, provavelmente na fase adulta, teríamos pedestres e motoristas mais conscientes. Infelizmente, menos de 10% dos alunos de escolas brasileiras têm acesso à educação para o trânsito. Onde esse tipo de educação existe, as abordagens pedagógicas utilizadas não contemplam a expectativa do público alvo, abordado somente de maneira cognitiva, não resultando em comportamentos adequados ou mudanças dos mesmos. Para Faria e Braga (1999), um programa de educação para o trânsito eficiente deve transformar o estudante em um agente ativo no processo ensino/aprendizagem. 32 Para isso, seria necessária além de outros fatores, a abordagem dos temas de maneira que contemplassem aspectos históricos, sociais, locais e comunitários, para que haja a formação de cidadãos conscientes. 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Ética A presente pesquisa não segue as exigências éticas e científicas fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, haja vista que, não houve necessidade de coleta de informações com seres humanos. 3.2 Tipo de Pesquisa Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de abordagens quanti-qualitativa das infrações de trânsito em Recife/PE. 3.3 Universo O presente estudo abrangeu a cidade de Recife-PE. 3.4 Sujeitos da Amostra Essa pesquisa visa estudar e realizar estatísticas das infrações de trânsito que ocorreram duram o ano de 2013. 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados Para a realização desta pesquisa, utilizaram-se dados brutos da frota veicular de recife, para o ano de 2013, caracterizando-as e, posteriormente, realizou-se estatística sobre os dados de infrações no respectivo ano. Esses dados estão disponíveis online no site do DETRAN/PE. 34 3.6 Plano para Coleta dos Dados Com acesso à internet, coletaram-se os dados disponíveis no site do DETRAN e, posteriormente, foram organizadas para estudo estatístico das infrações e da frota de veicular de Recife-PE. 3.7 Plano para a Análise dos Dados Dispostos dos dados foram tratados e analisados com auxílio de um software EXCEL para o tratamento estatístico e do programa R para a realização estatística da Frequência absoluta e acumulada das infrações ocorridas em 2013 na cidade de Recife-PE. 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O gráfico 1 mostra a distribuição percentual da frota veicular no município de Recife/PE. Em 2013, registrou-se 636.114 veículos em Recife, dos quais, grande dessa frota é composta por automóveis com 394.456 (62,0%), seguidos por 125.832(19,8%) motocicletas e 85.185(13,4%) veículos de carga. Gráfico 1 – Percentual da frota registrada segundo o tipo para Recife/PE Fonte: Detran-PE Observa-se no gráfico 2 uma sazonalidade nas ocorrências de infrações de trânsito, com menores índices de infração ocorrendo no meio do ano, coincidindo com o período chuvoso, as maiores infrações ocorrendo no período do verão. Essa sazonalidade ocorre devido a quantidade de veículos que trafegam no período do verão tem a tendência a ter maiores ocorrências de infrações devido ao aumento do fluxo de veículos, principalmente, por ser uma região turística. 36 Gráfico 2 – Total de Infrações de trânsito aplicadas, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE Além disso, grande parte das multas deve-se por transitar com velocidade superior a permitida em até 20% da via, participando com 24,1% das multas devido a excesso de veicular, 10,6 % foi devido estacionar em lugar e horário proibido, 9,2% por avanço de sinal e, 7,9% por estacionar em desacordo com a regulamentação (Gráfico 3). Gráfico 3 – Percentual das Infrações de trânsito aplicadas, segundo o tipo o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE 37 No caso das infrações transitar com velocidade superior a permitida em até 20%de trânsito aplicadas, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife (Gráfico 4). Nota-se que o mês de outubro ocorreu 15.365 multas corresponde 16,7% das infrações, seguidos por fevereiro 8.995 (9,8%), janeiro 8.781 (9,5%), março 8.394 (9,1%) e dezembro 8.317 (9,0%), totalizando 49.852, ou seja, 54,3% das multas. Os meses de junho 3.500 (3,8%) agosto 4.020(4,37) e julho 4.883 (5,3%) foram os meses em que ocorrem as menores incidências de multas. Os meses de maio a agosto temas menores infrações de multas, isso é devido a período do inverno, e com as chuvas, ocorre naturalmente a redução da velocidade dos veículos, e aumenta atenção. Gráfico 4 – Distribuição infrações transitar c/velocidade superior a permitida em até 20%de trânsito aplicadas, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. Fonte: Detran-PE No gráfico 5 temos a distribuição infrações por estacionar veículo em local/hora proibido, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE Praticamente, as maiores frequências de multas ocorrem em Setembro 4.534 (11,2%), agosto 4.123 (10,2%) outubro 4.016 (9,9%), dezembro 4.013 (9,9%). 38 Adicionando as multas de janeiro, a quantidade de multas somam 50% do tal de multas que ocorreram durante o ano de 2013. Com exceção do mês de fevereiro, as menores quantidades de multas aplicadas ocorreram de abril a julho. Em relação ao mês de fevereiro, essas multas podem estar ligadas ao período do carnaval. Gráfico 5 – Distribuição infrações por estacionar veículo em local/hora proibido, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE No gráfico 6, temos a distribuição infrações por estacionar em desacordo com a regulamentação, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. Averígua-se que as maiores ocorrências de multas ocorrem nos meses de verão. Mais de 50% das infrações ocorrem durante os meses de outubro a março, com exceção de fevereiro. Devido a intensificação do fluxo de veículos nessa estação ocasionados pelo aumento fluxo turístico, propicia essas irregularidades. Enquanto que os meses do período chuvoso dessa região, desintensifica a movimentação turística, tendo assim, menores ocorrências de infrações por esse tipo. 39 Gráfico 6 – Distribuição infrações Estacionar em desacordo com a regulamentação, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE No gráfico 7, temos a distribuição infrações por avanço de sinal, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. Nota-se que a quantidade de multas por avanço de sinal de setembro 3.816(10.89%), chegando ao ápice em dezembro com 5.638(16.09%). Ocorre a diminuição de multas de maio 1.841(5,25) a julho 1.516 (4,32%) infrações. Em quatro meses, de setembro a dezembro, corresponderam a 50% das infrações para o ano de 2013. 40 Gráfico 7 – Distribuição infrações por avanço de sinal, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE No gráfico 8 temos a distribuição das infrações por uso telefone celular no trânsito, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. A coincidência do aumento do fluxo de veículos relacionados ao período festivo de natal e ao Réveillon refletiu na quantidade de multas no mês de janeiro, aplicando-se nesse período 2.920, cerca de 11.87% do tal das multas. Com o celular no ouvido, o motorista reage de forma mais lenta. Dificilmente olha para o retrovisor, assume uma trajetória errática na via, reduz ou ultrapassa a velocidade compatível com o tráfego. Avança o sinal, tem dificuldade para trocar marchas e simplesmente não vê as placas de sinalização no trânsito. Cada uma dessas situações já poderia desencadear um acidente. Agora imagine o potencial de estrago da combinação delas. 41 Gráfico 8 – Distribuição das infrações por uso telefone celular no trânsito, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Fonte: Detran-PE O gráfico 9 temos a Distribuição das infrações por não usar capacete, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife-PE. Observa-se que as maiores ocorrências de infrações e multas por não uso de capacetes pelos motociclistas, em Recife, ocorreram nos meses de agosto, outubro e setembro com 960 (11,1%), 903 (10,5%) e 826 (9,6%), respectivamente. Contudo, os meses de dezembro e novembro, foram os meses em que foram registradas as menores incidências de multas com 8.608 (6,3%) e 8.068 (6,4%) 42 Gráfico 9 – Distribuição das infrações por não usar capacete, segundo o tipo e mês para o ano de 2013, para Recife. Fonte: Detran-PE 43 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da crescente quantidade de mortes nas estradas devido a acidentes de trânsito, por fatores humanos, estudar as causas das infrações em recife propiciará tomada de decisões dos órgãos de trânsito. Com isso, a realização da estatística de infrações e multas proporcionará campanhas publicitárias para conscientização dos motoristas e condutores. Diante dessa perspectiva, estatisticamente, a maioria das multas incidiu em automóveis seguidos por motocicletas. Sazonalmente, as maiores infrações ocorreram no período do verão, devido a intensificação turística, refletindo na quantidade de multas devido a excesso de velocidade, estacionar em local e hora proibido, avanço de sinal de transito e por uso de celular nas vias urbana. Portanto, estudar o trânsito contribuirá para uma melhor compreensão dos efeitos e causas, minimizando custos sociais, ambientais, psicológicos e financeiros causados pelos acidentes de transito. 44 REFERÊNCIAS AQUINO, Regina. Anatomia da neurose de trânsito. Estado de Minas. Belo Horizonte, 30 março de 1998. Caderno Nossa Cidade. P.15.arquivos/cartilhas/DIRECAO_DEFENSIVA.pdf. BASTOS, Y. G. L.; ANDRADE, SELMA MAFFEI DE; CORDONI JUNIOR, L. 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