Quarto Ano - F4MB Ensino Fundamental Relatório do Primeiro Semestre de 2008 de expressão de idéias e troca de opiniões. alexandre alanati de morais / arthur de lima neves / caetano camara serri braga / carolina pedreira de cerqueira costa / clara lessa pinto / danilo medeiros de souza / eduardo gonçalves martins / eleonora acosta manela / gabriel pinheiro colker / joão antonio braganca teixeira / joão gabriel cavalcanti dini nielsen / julia abib lima leal / julia fragale pastusiak / lucas lopes epifanio / lucas peres mai / luiza diniz scarpa / mariana campello do rêgo valença / renata marques canario moreira / rodrigo portella rocha seabra / rodrigo silva affonso / tiago azevedo zaluar mattos / O momento das conversas espontâneas garante às crianças a certeza de um espaço de escuta e de expressão, sempre bem aproveitado por todos. E, finalmente, o momento de discutir e se informar mais sobre algum tema de estudo trazido por nós, fecha o nosso pequeno mas intenso tempo semanal de Tribo. TRIBO Andrea de Rezende Travassos Nosso terceiro ano de Tribo. Já familiarizadas e mais maduras, as crianças participam desses encontros de uma forma mais organizada, aproveitando melhor essas aulas como um espaço 1 O momento do relaxamento, que continua presente em todas as Tribos, é uma oportunidade de se sentir como um ser único e muito importante ao lado de tantos outros seres tão singulares e essenciais, permitindo o exercício de estar no mundo com responsabilidade e compromisso por nós e pelos outros. Depois do registro do desejo, do sonho vinculado à vida de estudante nesse novo momento/ano que se inicia, trouxemos, como todos os anos, o tema de trabalho As Regras de Convivência da Escola. Relemos, discutimos, problematizamos a fim de entender cada uma delas cada vez mais e melhor e Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB buscar uma postura de auto-avaliação sobre as que cada um já dá conta de respeitar e cumprir e aquelas em que é preciso um cuidado maior. A Campanha Escola Legal organizada pela F2M fortaleceu em cada criança a consciência sobre a importância do respeito às regras num espaço coletivo. No final de junho, demos um aperitivo do tema de estudo do próximo semestre: A criança que trabalha. Em sintonia com o Projeto Institucional e juntos a Serafina, simpática personagem do livro “A criança que Trabalha” de Cristina Porto, começamos a nos aproximar desse assunto. Tema bastante triste mas de vital importância para que, conscientes, possamos depois conhecer o que se tem feito e o que se falta fazer para transformar essa história real tão dura, ainda presente no Brasil e no mundo. PROJETO E MATEMÁTICA Érika Ziegelmeyer Para a produção de um texto ou numa conversa sobre um tema determinado, o silêncio e uma certa insegurança costumavam aparecer. Por isso, caprichamos no tempo de aquecimento, usando muitos exemplos, oferecendo modelos para o grupo desenvolver melhor seu potencial. Experimentamos parcerias, arrumação em pequenos grupos e envolvemos as crianças na tarefa de incluir todos, aceitando os diferentes momentos, desenvolvimentos e necessidades. Sem dúvida, cuidar e cultivar as parcerias e o crescimento do grupo, tanto no aspecto produtivo quanto no âmbito das relações sociais, fizeram parte dos conteúdos trabalhados. Apresentamos o Tema Institucional “A Aventura do Trabalho” propondo atividades de sensibilização e reflexão a partir das imagens trazidas para a capa do caderno, das obras de Portinari que foram utilizadas na sinalização da escola e das músicas “Fábrica”, de Renato Russo e “Criança não trabalha”, de Paulo Tatit e Arnaldo Antunes. Aproveitamos a capa da agenda, com “Os operários” de Tarsila do Amaral, para refletir sobre a origem daqueles trabalhadores com feições e traços tão distintos. Conversamos e discutimos a formação do povo brasileiro, desde a vinda dos europeus, o encontro nem sempre harmônico com os índios, a vinda compulsória dos africanos e, posteriormente, dos imigrantes. Trabalhamos com a idéia de miscigenação, procurando entender que, nesse processo, há contribuição de todos os povos e etnias envolvidos. Convidamos a turma a estudar a participação dos africanos na construção do nosso país e da nossa cultura. Preocupados em não limitá-los à condição de escravos, optamos por conhecê-los em sua dimensão maior: no contexto de sua história e cultura, para depois tentar compreender a relação do trabalho escravo. Iniciamos nossa aventura explorando o continente africano. Procuramos localizá-lo no mapa mundi para depois observá-lo mais detalhadamente. Um mapa político foi dado a cada criança, onde puderam verificar a enorme quantidade de países que o constitui, os oceanos e mares ao redor, a linha do Equador, os trópicos etc. Com o auxílio da Rosa dos Ventos, brincaram de localizar alguns lugares a partir de um referencial. Com o retroprojetor, desenhamos um grande mapa e estudamos alguns aspectos físicos: os rios mais importantes, as áreas de floresta, os desertos, as áreas férteis, os oásis, procurando estabelecer algumas conexões entre esses aspectos e o desenvolvimento econômico de algumas regiões. O encontro com a turma foi suave e acolhedor. Aos poucos, fomos fortalecendo nossos vínculos de afeto e confiança, construindo a dinâmica de nossa rotina dentro das regras da escola. O grupo adora ouvir e inventar histórias, criar personagens e dramatizar, mas muitas vezes se afasta demais da realidade e demonstra bastante dificuldade na hora de se organizar autonomamente. 2 O documentário “A Origem do Homem”, do Discovery Channel, as páginas iniciais do "Atlas Afro-brasileiro", de Raul Lody, e a proposta de pesquisa para casa sobre esse assunto aproximounos de nossos ancestrais, possibilitando às crianças olhar esse povo como irmãos de origem comum. Muitas informações, histórias e mitos africanos foram apreciados em sala: “Príncipes do destino” e“Ifá, o adivinho”, de Reginaldo Prandi; “Sikulume - e outros contos africanos”, de Júlio Emílio Braz; e os DVDs “Kiriku e a feiticeira”, de Michel Ocelot; “Minha escola na Tanzânia”, produzido pelo canal futura; “Os pigmeus”, da coleção vídeo escola; e “Pierre Fatumbi Verger: mensageiro entre dois mundos”, de Lula Buarque. De início, certa estranheza pairava no ar. Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB Uma trilha com o Moleque Mateiro nos levou até as ruínas da antiga fazenda de café Nassau. Na visita à Fazenda Ponte Alta, a turma aprendeu sobre o plantio e o beneficiamento do café, e conheceu um pouco da história dos barões do café e do cotidiano dos escravos, além de ouvirem, atentamente, o depoimento de uma tataraneta de escravo que trabalha naquele hotel. Acharam graça de alguns costumes da época retratados numa grande encenação. Ao final, junto com os personagens Barão e Baronesa, arriscaram os passos do minueto, dança que originou a nossa quadrilha. Reclamaram que os traços físicos de uma personagem mais pareciam os de um homem, que a vestimenta de um avô parecia um vestido de mulher. Mas, aos poucos, as leituras foram envolvendo o grupo e, junto com nossos estudos, fomos criando uma atmosfera instigante e familiar. Uma criança escreveu: “A gente pensa que lá é diferente porque a cultura é diferente, mas é praticamente igual”. Na coleção de Antonio Olinto, em “África: Arte no Tempo”, exposta no Sesc-Madureira, foi como se a ambientação dessa mitologia se materializasse. Um encantamento transformou o semblante das crianças. Os búzios, os tabuleiros de adivinhação, as indumentárias dos orixás, as diversas máscaras e os objetos africanos pareciam pura magia, transportando-nos para outro tempo e espaço. As pesquisas de casa sobre os FON, DOGON, IORUBÁ, BAMBARA E BANTO aguçaram o interesse dos pequenos. Num breve seminário, cada grupo explicou para a turma um pouco da organização social, econômica e familiar e, ainda, algumas curiosidades sobre cada etnia, ampliando seus conhecimentos e reiterando a noção de diversidade de povos que habitam aquele continente. Nesse percurso, estudando as tradições, histórias e jeitos de ser e viver dos africanos, fomos e voltamos no tempo e no espaço. Ora desvendávamos culturas mais antigas, ora nos remetíamos a situações mais recentes. A história “Bia na África”, de Ricardo Dreguer, ajudou a construir uma imagem mais contemporânea da África, onde antigas formas de organização convivem com modelos modernos. Para entender nosso modo de ser e viver, lançamos nosso olhar para bem longe. Conhecendo um pouco mais sobre aqueles povos de lá, encurtamos a distância. Compreendemos melhor quem somos nós. Reconhecer nossa afro-brasilidade é cultivar o espírito de união entre os povos e o sentimento de gratidão por aqueles que nos ajudaram a nos constituir desta e não de outra forma. Matemática O trabalho de Matemática no quarto ano faz com que as crianças lancem mão dos recursos que já possuem para que produzam seu próprio conhecimento, através de situações didáticas escolhidas para favorecer, estimular e organizar os novos conteúdos a serem aprendidos. Começamos o semestre retomando as estratégias pessoais de cálculos e o algoritmo da adição e da subtração, ampliando o campo numérico. Atividades de ler, escrever, comparar, ordenar, compor e decompor os “números grandes” foram importantes para discutir e descobrir regras sobre o nosso sistema de numeração decimal, sistematizando os conceitos de valor relativo e absoluto. Os jogos envolvendo o cálculo mental da multiplicação do 10, do 100 e do 1.000 animou a garotada. Ler, interpretar, resolver e criar problemas continua sendo a essência da atividade matemática, pois favorecem a construção de novas aprendizagens e permitem o emprego de conhecimentos já construídos. Sabendo dessa importância, procuramos oferecer dinâmicas diferentes envolvendo a realização e correção dessas atividades para que troquem mais seus saberes uns com os outros. A grande novidade do semestre ficou por conta da sistematização da multiplicação com o aprendizado do Ampliamos o estudo sobre o comércio e, mais uma vez, saltamos no tempo nos transportando para 1.530 para descobrir como, por que e para que os portugueses trouxeram uma população tão grande de africanos para o Brasil. As imagens de Debret ajudaram a montar um panorama dos séculos de escravidão. Indignadas inicialmente, alguns não entenderam direito como essa condição pôde ser aceita socialmente. Mergulhados e empolgados com a leitura da “História dos Escravos”, de Isabel Lustosa, e posteriormente no romance cheio de aventura, "Tumbu", de Marconi Leal, conheceram melhor o contexto dessa relação, sem deixar de torcer pela igualdade de oportunidades. 3 Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB algoritmo e a apresentação da tabuada. Nem todos utilizam esse algoritmo espontaneamente, mas as propostas em cima da tabuada têm sido recebidas com grande entusiasmo. Ao procurar relações e descobrir algumas propriedades multiplicativas, percebem que podem entendê-la, além de decorá-la. Para o próximo semestre, reservamos novos desafios. Com isso teremos muito trabalho pela frente. INGLÊS Rosangela Machado de Oliveira Caldas As novidades chegaram com a elaboração de um vocabulário novo relacionado ao Projeto Institucional. Iniciamos nosso estudo fazendo uma pesquisa sobre as profissões dos pais. As crianças se divertiram ao relatar para a turma curiosidades sobre elas e ficaram animadas para nomeá-las em inglês. Recorremos ao dicionário e, de posse da longa e diversificada lista, fizemos painéis individuais e em grupo. Foram usados desenhos e recortes de revistas para ilustrar o novo vocabulário. Essa coletânea de informações se transformou em um arquivo ao qual foi possível recorrer sempre que surgia alguma dúvida sobre o significado ou quanto à sua grafia. As crianças estão muito seguras e mostram muita competência em relação às propostas apresentadas. Exploramos bastante o texto "My Parents´ Professions", o que fez com que nossas aulas fossem mais proveitosas. Organizamos atividades com o 4 objetivo de entender e apreciar o texto, que se tornou uma fonte inesgotável de jogos, vídeos, fichas e registros nos cadernos. Resolvemos ‘tirar uma folguinha’ do tema do Projeto e falar sobre "free time activities". E quando não estamos trabalhando?! As possibilidades do que podemos fazer em nosso tempo livre foram bem-vindas em meio a tanto trabalho. Fizemos ilustrações e outros registros relacionados às atividades gostosas que podemos fazer nesse tempinho de descanso. Mãos à obra, novamente! Dessa vez a música "It´s been a hard days night", cantada pelos Beatles, embalou algumas das nossas aulas. Exploramos bastante a letra e fizemos exercícios e descobertas relacionadas à língua inglesa. As crianças estão muito sabidas na construção de frases e na utilização do verbo "to Be", no plural e no singular, na substituição dos nomes próprios por pronomes pessoais e no uso dos artigos indefinidos. Ao longo do semestre buscamos uma integração com o Projeto Institucional, mas dedicamos atenção, através de fichas e exercícios, a conteúdos específicos da língua selecionados para cada série. ARTES Moema Moura Santos Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB A partir da apreciação dos trabalhadores rurais de Portinari, resolvemos fazer nossa versão fotográfica sobre os trabalhadores urbanos do entorno da escola. Nos preparando para essa tarefa, fizemos um estudo sobre os planos de filmagem e fotografia. Desenhamos três planos diferentes de uma mesma cena em que aparecesse um trabalhador. Com essa divertida empreitada pelas ruas, reunimos bastante material para nossas colagens. Ilustramos, em grupos, o trabalho de diversos profissionais dos arredores da escola com nossas fotografias e materiais que trouxemos de casa, como papelão, recortes de jornais e revistas, adesivos, misturando-os ao guache, nanquim, lápis de cor e muitos outros escolhidos livremente pelas crianças. Começamos o ano com uma tarefa diferente. Inspirados na observação dos diários gráficos de artistas como Leonardo Da Vinci, Frida Khalo, Yomar, Renato Alarcão, resolvemos transformar o caderno de desenho em nosso diário gráfico. A partir daí, toda a nossa percepção sobre ele foi alterada. Com esse novo título, percebemos que poderíamos usar materiais diferentes das nossas canetinhas e lápis. Agora, tudo que achávamos interessante podia ser transformado em colagens. Começamos esse processo nas aulas de artes e, depois, levamos nosso diário para a sala de aula para darmos continuidade ao trabalho. 5 A partir de nossos estudos sobre a África, em projeto, estudamos sobre a estamparia africana, como cada povo tem sua própria técnica e simbologia para ilustrar os tecidos. Ficamos fascinados pelos símbolos Adinkra, do povo de Gana e da Costa do Marfim. Assim, fizemos nossos próprios tecidos e símbolos. Criamos carimbos em uma folha de EVA e colamos numa madeira. Aquarelamos o fundo do tecido e carimbamos, sobre ele, nossos símbolos. Foi tão divertido conhecer essa nova técnica que no fim da aula as crianças quiseram estampar toda a roupa da professora. MÚSICA João Luiz Pena Santos Começamos o ano nos reencontrando, matando a saudade e Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB relembrando atividades e músicas já tocadas. Fizemos várias atividades para resgatar o estudo da flauta doce e os conceitos de leitura e escrita de partituras. Essas atividades serviram para que as crianças que chegaram este ano pudessem se inteirar do que já tínhamos feito no ano passado e, com isso, se aproximar mais da produção da turma nas aulas de Música. Passado esse momento, começamos a trabalhar “O Cio da Terra”, de Chico Buarque e Milton Nascimento, cuja letra é bastante afinada com Projeto Institucional deste ano. Ouvimos gravações diferentes, conversamos sobre elas e também sobre sua letra, que logo começamos a cantar. A flauta doce surgiu, inicialmente, tocando a melodia. Quando esta já tinha sido bastante ensaiada, vieram as outras vozes. O arranjo, por conter canto e várias vozes de flauta diferentes, foi um grande desafio que mobilizou as crianças durante todo o semestre. Projetadas no telão, inspiraram as crianças em elaboradas criações de seqüências coreográficas em pequenos grupos, combinando a ação sugerida com alguns movimentos sincronizados. Filmamos e trocamos impressões sobre a produção de todos. Envolvidos com os estudos sobre África, vimos e comentamos algumas danças através de vídeos no "youtube". Depois da oficina de dança africana, que as crianças vivenciaram numa ao SESC, exercícios de sensibilização foram propostos inspirando novos movimentos baseados nos elementos da natureza: água, terra, fogo e ar. Em seguida, peneiras, leques e bastões foram usados para improvisações. Apresentamos o resultado dessa experimentação na Mostra de Artes. Para fecharmos o semestre, preparamos uma quadrilha para nossa festa junina. A partitura, mais complexa que as anteriores, foi também estudada e serviu de apoio e referência nos ensaios. Com o decorrer do tempo, ficou clara a importância da atenção e da concentração na música e na regência para que o arranjo pudesse ser ensaiado e apresentado. Durante as aulas, além dos ensaios, assistimos a vídeos, ouvimos gravações, exercitamos a percepção musical e a concentração em vários exercícios e brincadeiras. Conter a agitação das crianças e direcionar essa energia para processos mais produtivos foram grandes desafios que, aos poucos, temos conseguido superar. Durante o semestre, a turma mostrou um comportamento instável, alternando aulas muito produtivas, nas quais predominava uma postura colaborativa e interessada, com outras bastante improdutivas, nas quais pôde-se observar certo desinteresse e atitude inadequada. A desatenção, as brincadeiras e conversas paralelas se mostraram como obstáculos a serem ultrapassados. Com o passar do tempo, a turma foi começando a funcionar melhor e a organização em pequenos grupos ajudou. Embora precise manter o esforço para melhorar nesses aspectos, o resultado do que já se conquistou pôde ser visto na apresentação da turma na Mostra de Artes. EXPRESSÃO CORPORAL Ana Cecilia Pinheiro Guimarães No início do ano, lembramos, juntos, os critérios e as regras para o bom andamento das aulas. Falamos dos cuidados e da responsabilidade para com o próprio corpo e o dos colegas. Começamos a pensar sobre o Projeto Institucional, procurando situar o corpo dentro do tema Trabalho. Refletimos sobre como se move o corpo em cada função de trabalho ou profissão. Depois de improvisar, livremente, com os movimentos de algumas das profissões, começamos a nos deter nas qualidades desses movimentos. Dedicamos algumas aulas à apreciação estética dos gestos, experimentando as diferenças de qualidade como força, peso, flexibilidade, equilíbrio. As reproduções das obras de Portinari, que foram utilizadas na sinalização da escola, serviram de base para nosso estudo. 6 CORAL Fernando Ariani, Raimundo Niccioli e Rosângela Nosso coral é mais uma oportunidade de exercitar o trabalho coletivo. Todos participam congregando diversas características, tanto musicais como de personalidade, festejando toda essa diversidade. Buscamos o aprendizado e o exercício da linguagem musical, desenvolvendo os diversos fatores que se fazem necessários à prática coral concentração, domínio do corpo, do ritmo, da respiração e a percepção musical. Com exercícios e o repertório que está sendo preparado, exercitamos a consciência e o controle da respiração como mola mestra do canto e da música. Buscamos desenvolver a técnica vocal, para desenvolver e dominar, cada vez mais, o instrumento natural de cada um. Os objetivos são abrir os ouvidos, utilizar, lúdica e intuitivamente os fundamentos musicais como registros (graves e agudos), usar a energia adequada para executá-los e perceber os intervalos, impulsos e apoios, harmonia vocal, dinâmica (alterações de intensidade) e agógica (alterações do tempo musical). Dividimos o repertório em duas vertentes: músicas novas (Homenagem ao Malandro, de Chico Buarque, e O Dia em que a Terra Parou, de Raul Seixas, que foram pesquisadas e arranjadas em função do projeto deste ano "Aventura do Trabalho") e músicas que já faziam parte do repertório Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB anteriormente, que cumprem o papel essencial de favorecer a acolhida dos alunos do Quarto Ano, que iniciam a atividade. Os do Quinto Ano, já experientes na atividade, têm uma função importante nesse momento. parte de quem conta quanto de quem ouve. E é justamente deste estado, ou seja, da atenção absoluta, que as imagens vão se desprendendo do texto e se transformando em cena. Assim, vai surgindo o teatro. Montamos um repertório aparentemente pequeno, mas razoavelmente complexo, a várias vozes, incluindo alguma encenação, e que foi trabalhado no sentido de se realizar o melhor possível, dentro das limitações reais de idade das crianças. O trabalho de contação de histórias com o quarto ano foi se tornando possível à medida em que eles foram se apropriando do que estavam contando. Afinal, aquela história contava como todas as outras histórias passaram a ser contadas. “Não queremos dizer que o que vamos contar agora é verdade. É apenas uma história; deixe-a ir e vir” – assim começava a fala da narradora, logo no início. Fizemos grandes conquistas até chegarmos à apresentação da Mostra de Artes. Na avaliação do evento as crianças disseram: “Não imaginava que ficaria tão bom” ... “No dia, me concentrei e deu tudo certo!” ... “A gente estava concentrado porque tinha muita gente lá” . É gratificante constatar o entusiasmo demonstrado por elas. Estavam felizes e realizadas com o resultado da cantoria. Os alunos entenderam, enfim, que o segredo de uma boa história está em como se conta. Não importa tanto se ela é verdadeira ou não. O que importa é se ela está sendo contada com verdade. E isso, eles conseguiram. EDUCAÇÃO FÍSICA Renato Lent Santos TEATRO Raquel Liborio Coube às F4 a tarefa de aprender a contar histórias, à maneira como ainda fazem os tradicionais Griôs Africanos, ou seja, em forma ritual, reunidos em roda, em volta da fogueira, como forma de reverenciar o seu povo. À medida em que as aulas de Projeto foram se desenvolvendo, começamos a escolher qual história iríamos contar nas aulas de Teatro. Assistimos a uma animação chamada "O Baú das Histórias", da coleção Crianças Criativas, que nos trouxe a narrativa de um homem aranha africano. Essa história conta, justamente, como Ananse resgatou as histórias que antes pertenciam apenas a Nyame, o deus do céu. Parecia perfeita para o que queríamos! Definida a história, começamos a aprender a contá-la, primeiro por nós e para nós, depois por nós, para nós e para os outros. Os alunos eram, ao mesmo tempo, atores e contadores, ou seja, atores / narradores. Dessa forma, pudemos trabalhar a narrativa e a delicada relação que existe entre narração e ação dramática. Pudemos verificar, também, o quanto contar histórias é um ato coletivo, pois agrega, humaniza e organiza as pessoas em torno de algo comum. Contar histórias é um ato de apreciação; requer escuta, sensibilidade, atenção e imaginação, tanto da Nossas crianças chegaram aos recreios ansiosas para saber se vai ter pátio sobre rodas, quando?, e o torneio de futebol e queimado?, e as olimpíadas?. Como tudo vem a seu tempo, as coisas começaram a acontecer. O pátio sobre rodas aconteceu logo, e as crianças, felizes, trouxeram seus patins, patinetes e skates a fim de curtir um recreio diferente. Um circuito foi montado para desafiá-las, testando seu equilíbrio, atenção, destreza, percepção do espaço e o cuidado com os outros. Nos casos de excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e avanço de sinal, eram multadas ficando um minuto do lado de fora e estimuladas a trocar de brinquedo com um colega ou emprestá-lo aos que não haviam trazido. O sucesso foi grande e, não raro, pudemos ouvir: “Eu amei!”, “Eu adorei!”, “Vai ter outro?!” As preferências se dividem entre o futebol e o queimado, embora gostem de jogar outros jogos. Em alguns momentos, necessitam de palavras de incentivo a fim de desafiarem a si próprios. Em relação à organização dos times, obtiveram uma considerável melhora, o que resultou numa otimização do 7 Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB tempo de jogo. O torneio de futebol e queimado se realizou e, através dele, nossas meninas e meninos puderam testar e treinar suas habilidades e colocar à prova suas emoções. As torcidas estavam afinadas e animadas, e as crianças tiveram a oportunidade de exercitar o respeito, o cuidado com o outro e a cooperação com o grupo, além de lidar com as vitórias e derrotas. 8 Escola Sá Pereira – Relatório Semestral 2008 – Ensino Fundamental – F4MB