CARTA DE APOIO AOS/ÀS TRABALHADORES/AS DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ Belo Horizonte, 3 de maio de 2015 “Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixar cooptar. Não se deixar esmagar. Lutar sempre.” Florestan Fernandes Há dias que ensinam por toda uma vida. O último 29 de abril foi, com certeza, um desses dias. O Brasil inteiro assistiu indignado ao massacre promovido pela Polícia Militar paranaense a mando do governador Beto Richa contra o seu povo. Vocês, companheiras e companheiros, sentiram na pele o que é, nas palavras de Florestan Fernandes, a estúpida “intolerância dos ricos”. Nós, de norte a sul do país, sentimos junto a vocês, não na pele, mas em nossas consciências. Cada golpe, cada bomba e cada tiro que os/as atingiu naquela quarta-feira atingiu igualmente a toda classe trabalhadora brasileira. Vocês, que têm a educação como trabalho, sem dúvida muito aprenderam e muito ensinaram naquele dia. A vida é assim mesmo: quando se ensina, também se aprende; quando caminhamos, nos cansamos, mas avançamos; quando caímos é que podemos nos levantar. Aqueles/as que estiveram presentes no Centro Cívico aprenderam pessoalmente e coletivamente muitas coisas naquela tarde. Aprendizados que são históricos de nossa classe, sobre como o lado de lá pensa e se comporta todas as vezes que os/as oprimidos/as ousam dizer “não”. Aprender essa lição é preciso, companheiros/as. E muito ensinaram. Que se colocar em luta, que resistir é necessário, é fundamental. Ensinaram que a força bruta jamais conseguirá deter a verdade. Nenhuma treva, por mais densa que seja, é capaz de deter a luz da verdade e da justiça, quando essas estão em nossas mãos. O imenso apoio popular e a imensa solidariedade que agora se dirigem a vocês são prova disso. Nós, aqui de Minas Gerais, nos sentimos especificamente identificados/as com o que vocês vivem neste momento. Há muito em comum em nossas caminhadas. Aqui, também vivemos, durante longos doze anos sob as mãos pesadas de governos neoliberais do PSDB. Em nome do “choque de gestão” dos governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia, sentimos nossos direitos serem arrancados. Sentimos nossas riquezas serem roubadas e nossas vozes silenciadas. Chegamos a duvidar de nossos sonhos. A vida do povo mineiro piorou muito durante aqueles doze anos. Certamente, vocês sabem do que estamos falando. Nesses momentos, a “intransigência dos/as pobres” é a arma que nos resta empunhar. E isso fizemos por aqui. Tantas perdas nos fizeram muito ganhar. Em 2011, os/as trabalhadores/as da educação de Minas fizeram a mais longa greve de sua história. Foram 112 dias de luta contra o governo, a mídia e a elite do estado. Durante essa greve, os/as educadores/as mineiros/as também sentiram na pele a truculência da PM. Aquela greve tornou possível um processo de unidade em Minas, que segue firme e crescendo até hoje. Em solidariedade à luta da Educação, diversas organizações populares, do campo e da cidade, se uniram. E seguem unidas, construindo diversas lutas em conjunto. Nomeamos essa articulação de “Quem Luta, Educa”. Nos dias 1, 2 e 3 de maio mais de 1500 lutadores/as do povo, de mais de 100 organizações estiveram reunidos/as no 6º Encontro dos Movimentos Sociais de Minas Gerais. A mensagem que queremos deixar para vocês é a seguinte: não recuem um milímetro sequer. Se hoje as dificuldades são grandes, isso é sinal apenas de que a vitória se aproxima. Em 2011, sofremos. Em 2014, o povo mineiro derrotou nas urnas o projeto neoliberal, dizendo não à Aécio Neves a nível nacional e à mais uma reeleição tucana no governo estadual. Quem luta, educa. Com a brava luta que travam vocês estão educando o povo paranaense e brasileiro. Estão fazendo girar a roda da história em nosso favor. A madrugada é mais escura quando o amanhecer já se aproxima. Toda solidariedade à luta de vocês! Forte abraço dos movimentos sociais de Minas Gerais! Pátria livre! Venceremos! 6º Encontro dos Movimentos Sociais de MG