UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LEONARDO COELHO PEREIRA RENAN DA SILVA CASTRO ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E DE ESGOTOS SANITÁRIO EM EDIFICAÇÕES. BELÉM-PA 2013 LEONARDO COELHO PEREIRA RENAN DA SILVA CASTRO ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E DE ESGOTOS SANITÁRIO EM EDIFICAÇÕES. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas da Universidade da Amazônia como requisito para obtenção da graduação em Engenharia Civil, orientado pelo Prof. Dr. Marco Valério A. Vinagre. BELÉM-PA 2013 ii Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) _________________________________________________________________________________ Pereira, Leonardo Coelho; Castro, Renan da Silva. Estudo do Reaproveitamento de água pluvial e de esgotos sanitário em Edificações / Leonardo Coelho Pereira; Renan Da Silva Castro; orientador: Prof. Marco Valério A. Vinagre. — 2013 58 f.: il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade da Amazônia,Unama, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Belém, 2013. 1. Água Pluvial. 2. Recursos Hidricos. I. Vinagre, Marco Valerio A., orient. II. Título. CDD 23. ed.: 624 _________________________________________________________________________________ LEONARDO COELHO PEREIRA RENAN DA SILVA CASTRO Estudo do reaproveitamento de água pluvial e de esgotos sanitário em edificações. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas da Universidade da Amazônia como requisito para obtenção da graduação em Engenharia Civil, orientado pelo Prof. Dr. Marco Valério de Albuquerque Vinagre. Banca Examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. Marco Valério de Albuquerque Vinagre Orientador _______________________________ Prof. Alberto C. Melo Lima ______________________________ Prof. Dilaelson Rego Tapajos Apresentado em: ___ / ___ / ____ Conceito: ___________________ BELÉM-PA 2013 AGRADECIMENTOS A Deus, o nosso grande pai, pelo dom da vida e a certeza de meu crescimento profissional. A nossos pais pelo apoio e exemplo de dignidade e sabedoria e que não pouparam esforços para eu concluir esse objetivo. Aos amigos e a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para este trabalho. Ao Eng. Homero que de boa vontade disponibilizou meios para que a pesquisa fosse mais pratica e completa. Ao professor Dr. Marco Valério Vinagre pela serenidade, tranquilidade paciência e apoio com a qual conduziu este trabalho. iv “A água de boa qualidade é exatamente como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba”. João Guimarães Rosa v Resumo A Água sem nenhuma dúvida é o elemento mais essencial para a vida, sem água, não existiria forma alguma de sobreviver, com isso a necessidade de cuidar desse elemento tão essencial, se apresenta a competência de usarmos do método mais racional possível. Nesse meio, ambienta-se a presente pesquisa, objetivando no reuso de águas provenientes de fontes pluviais e residuárias, sendo essas águas que anteriormente seriam desperdiçadas, aprofundando nas técnicas hoje empregadas para o reuso dessas duas fontes, é mostrado todas as etapas de tratamento bem como as obrigações e restrições de cada sistema, mostrando como um estudo prático, um conjunto Habitacional, havendo a análise e viabilidade econômica deste com a aplicação dos sistemas mencionados anteriormente. Ainda em estudo salienta-se o custo final do sistema, com dados atuais. Para isso, consultamos através das normas e de toda literatura disponível, os materiais e métodos necessários para concretizar o estudo. vi Abstract The Water is undoubtedly the most essential for life , without water , there would be some element of surviving form, so the need to take care of this as essential, presents the competence of using the most rational method possible. In between , settles down to this research, aiming at the reuse of water from stormwater and wastewater sources , and these waters that previously would be wasted , deepening the techniques employed today for the reuse of these two sources is shown every stage of treatment and the obligations and restrictions of each system , showing how a practical study , a housing development , with analysis and economic viability with the application of the systems mentioned above. Still under study highlights is the final cost of the system with current data . For this , we consulted through standards and all available literature , materials and methods necessary to achieve the study . vii Lista de figuras Figura 1 Esquema de funcionamento de sistema aproveitamento de 19 água de chuva. Figura 2 Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de 20 desvio horizontal. Figura 3 Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de 21 desvio vertical. Figura 4 Mapa do Estado do Pará. Figura 5 Mapa de Belém – PA, Bairro de Canudos. Figura 6 Calhas E Condutores Para Águas Pluviais. Figura 7 Etapas Da Execução Do Projeto De Um Sistema De Drenagem 30 30 39 40 De Águas Pluviais. Figura 8 Tomada Superior De Sucção Para A Bomba Principal Figura 9 Tomada Lateral De Sucção Para A Bomba Principal Figura 10 Tomada Inferior De Sucção Para A Bomba Principal 46 46 46 viii Lista de Tabelas 14 Tabela 01 Produção hídrica no mundo por Região. Tabela 02 Vazão média de água no Brasil, em comparação aos outros 14 países da América do Sul. Tabela 03 População de proporção de área, disponibilidade de água e 15 população para as cinco regiões do país. Tabela 04 Medidas convencionais de conservação da água e 17 porcentagens aproximadas de economia. Tabela 05 Variações da qualidade da água de chuva devido ao sistema de 20 coleta. Tabela 06 Volume de Esgotos Sanitários que se pode aproveitar para 22 Águas Cinzas Claras Tabela 07 Exemplos de patógenos associados a esgotos Municipais 25 Tabela 08 Parâmetros Característicos para água de Reuso Classe 1. 27 Tabela 09 Parâmetros Básicos para água de Reuso Classe 2 28 Tabela 10 Parâmetros Básicos para água de Reuso Classe 3. 28 Tabela 11 Variáveis de quantidade de água recomendados para o uso em 29 torres de resfriamento. Tabela 12 Dimensões De Poços De Sucção. 45 Tabela 13 Número Médio De Dias Secos. 52 Tabela 14 Parâmetros De Qualidade De Água De Chuva Para Usos 53 Restritivos Não Potáveis Tabela 15 Frequência De Manutenção 53 ix Sumário 1- Introdução: ...................................................................................................... 12 1.2- Objetivo:.......................................................................................................... 13 1.2.1- Objetivo Geral: ................................................................................................ 13 1.2.2- Objetivos Específicos: ..................................................................................... 13 2- Revisão de Literatura: ..................................................................................... 13 2.1- Disponibilidade de Recursos Hídricos Mundiais ....................................... 13 2.2- Disponibilidade de Recursos Hídricos no Brasil ....................................... 14 2.3- Desperdícios de água Potável ..................................................................... 15 2.4- Uso Racional da água................................................................................... 16 2.5- Aproveitamento de Água Pluvial. ................................................................ 17 2.6- Qualidade da água Pluvial. .......................................................................... 19 2.7- Reservatórios de água Pluvial ..................................................................... 21 2.8- Reuso de Águas Cinza. .................................................................................. 21 2.9- Quantidade de Águas Cinzas Reutilizadas ..................................................... 22 2.10- Normas ABNT .............................................................................................. 23 2.11- Níveis de Tratamento de Esgotos Sanitários Municipais ............................. 23 2.12- Processos de Tratamento de Águas Residuárias. ....................................... 23 2.12.1- Tratamento Preliminar. ............................................................................... 24 2.12.2- Tratamento Primário. .................................................................................. 24 2.12.3- Tratamento Secundários. ........................................................................... 24 2.12.4- Tratamento Terciário ou Avançado. .......................................................... 24 2.13- Riscos á Saúde pública ................................................................................ 25 2.14- Padrões de Qualidade para o Reuso ........................................................... 26 2.14.1- Água de Reuso Classe 1............................................................................. 26 2.14.2- Água de Reuso Classe 2............................................................................. 27 2.14.3- Água de Reuso Classe 4............................................................................. 28 2.14.4- Água de Reuso Classe 4............................................................................. 29 3- Metodologia .................................................................................................... 29 3.1- Área de Estudo. ............................................................................................ 30 x 3.2- Levantamento de Dados .............................................................................. 31 3.2.1- ........................................................................................................... Área de Cobertura .................................................................................................................................. 31 3.2.2- .................................................................................................. Dados Pluviométricos .................................................................................................................................. 32 3.2.3- .........................................................................................Dados de Consumo de Água .................................................................................................................................. 32 3.3- Uso Final da água ......................................................................................... 32 3.3.1- Reservatório .................................................................................................. 32 3.3.2-Análise Econômica ........................................................................................... 33 4- Justificativa ..................................................................................................... 33 5- Instalações Prediais Hidrosanitárias: .............................................................. 34 5.1- Instalações Prediais de Água Fria ...................................................................... 34 5.1.1-Tipos de Sistemas e Partes Componentes. ..................................................... 34 5.1.2-Materiais Empregados. .................................................................................... 35 5.1.3-Transiente Hidráulico (Golpe de Ariete). .......................................................... 35 5.1.4-Dados de Projeto. ............................................................................................ 36 5.2- Instalações Prediais de Esgoto Sanitário. .......................................................... 36 5.3- Instalações Prediais de Drenagem Pluvial ......................................................... 37 5.4- Instalações Prediais de Combate a Incêndios ................................................... 40 5.4.1 - Função .......................................................................................................... 40 5.4.2 –Classes de Incêndio ....................................................................................... 41 5.4.3 - Sistema Sob Comando ................................................................................ 43 6- Reuso de Água Proveniente de Esgoto Sanitário ........................................... 47 7- Reuso de Água Proveniente de Drenagem Pluvial ......................................... 48 8- Conclusões ................................................................................................. 55 REFERÊNCIAS ............................................................................................... I xi Estudo do reaproveitamento de água pluvial e de esgoto sanitário em edificações. 1.0- Introdução: 1.1- Considerações Iniciais A água faz parte do patrimônio de cada habitante do Planeta, cada Continente, cada estado, cada cidade, ela é a condição de existência de vida na Terra, faz-se a mesma ser vegetal, animal ou humano e sem os mesmos fatores como o clima, a vegetação, a agricultura e atmosfera seriam inexistentes, ter direito a água significa dizer significa ao mesmo tempo ter direito á vida, o qual está presente no Art. 30 da Declaração dos Direitos Humanos (DDH,2005). Em contrapartida os processos naturais da transformação da água são lentos e frágeis, concluindo-se que o seu manuseio deve ser feito de forma racional, e consciente, para que num futuro não chegue ao seu esgotamento ou a perda da qualidade do uso, para tanto, a Captação da água pluvial, vem como resolução para questões como racionamento e desperdício, agentes que agravam a situação da disponibilização de recursos hídricos do Mundo. O Reuso Planejado da Água faz parte da Estratégia Global para a Administração da Qualidade da Água, proposta pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Mundial da Saúde (OMS,2005), tem como objetivo a manutenção e preservação dos ecossistemas e o uso sustentável da água. Em outras palavras, o reuso de água provenientes da chuva, permite que em determinada parte do ciclo hidrológico, a água seja usada 2 vezes, podendo assim desviar água potável, que antes seriam usada em atividades dispensáveis, como refrigeração de máquinas lavagem de carros, irrigação de jardins , limpeza de banheiros pátios, descargas sanitárias, em vários países o reuso o reuso planejado se faz com sucesso, como EUA e Japão. 12 1.2- Objetivo: 1.2.1- Objetivo Geral: Estudar o reuso de água pluvial e de esgotos sanitários em edificações. 1.2.2- Objetivos Específicos: • Estudar o reuso de água pluvial. • Estudar o reuso de águas de esgotos sanitários. • Analisar a viabilidade econômica em um conjunto habitacional. 2.0- Revisão de Literatura: 2.1- Disponibilidade de Recursos Hídricos Mundiais Segundo Marinoski, a disponibilidade de recursos hídricos compreende de todos os recursos de água, tanto superficial quanto subterrâneas em uma determinada região ou bacia Hidrográfica, para qualquer uso. Da água total contida no planeta, estima-se que apenas uma quantia de 2,5% desse total representa água potável, ou simplesmente água doce. Apenas 0,266% se encontram em lagos rios e reservatórios, o restante está distribuindo na biomassa e na atmosfera em forma de vapor, concluindo que apenas 0,007% de água doce de todo o planeta encontra-se em locais de fácil acesso ao Homem. (UNIÁGUA, 2006). Um total de 68,9% de água doce está congelado nas calotas polares do Ártico e Antártida, e nas regiões montanhosas. Já a água subterrânea compreende em torno de 29,9% doo volume de água doce no planeta (TOMAZ, 2001ª). A água do planeta não se encontra uniformemente, sendo que no continente asiático e sul americano concentram-se os maiores volumes disponíveis. A Ásia possui a maior parte dessa distribuição, totalizando 31,6%. Os menores potenciais são encontrados na Oceania, Austrália e Tasmânia (TOMAZ, 1998). Os valores de produção hídrica por região do mundo estão apresentados na tabela 1: 13 Tabela 01: Produção hídrica no mundo por Região. Fonte: TOMAZ, 1998. 2.2- Disponibilidade de Recursos Hídricos no Brasil O Brasil possui uma disponibilidade hídrica estimada em 35.732 m³/hab/ano, sendo considerado um país “rico em água”. Além disso, o Brasil conta com 12% da quantidade total de água doce do mundo (TOMAZ, 2001ª). Entre os Países da América do Sul destaca-se o Brasil por possuir uma vazão média de água de 177.900km³/ano, o que corresponde a 53% da vazão média total da América do sul (MARINOSKI, 2007). Tabela 02: Vazão média de água no Brasil, em comparação aos outros países da América do Sul. Fonte: TOMAZ, 1998 Apesar de o Brasil ter uma grande parte de recursos hídricos, assim como o resto do planeta, este não se encontra distribuído uniformemente, havendo um desequilíbrio oferta e demanda (MARINOSKI, 2007). Verifica-se que no país as regiões mais populosas são justamente aquelas que possuem menor distribuição de recurso hídrica, a exemplo disso citamos a região sudeste, que dispõe apenas uma quantidade de 6% de toda distribuição hídrica, porém há uma população referente a 43% do total populacional do Brasil, enquanto 14 na região Norte, que compreende a Bacia Amazônica, apresenta 69% de água disponível, em contrapartida, havendo apenas 8% da população total (GHISI, 2006). A Tabela 3 mostra a proporção de área, disponibilidade de água e população para as cinco regiões do país. Tabela 03: População de proporção de área, disponibilidade de água e população para as cinco regiões do país. Fonte: GHISI, 2006. 2.3- Desperdícios de água Potável Dos recursos naturais, a água doce, que é de suma importância para a vida no planeta, hoje é um recurso altamente ameaçado, faz pela escassez ou pela qualidade, as crescentes agressões ao meio ambiente comprometem cada vez mais a qualidade de recursos hídricos que dispomos. Nessa situação, o desperdício entra em cena, levando em conta que cada vez a água potável se tornará mais caro e raro, o uso inadequado, principalmente em ambiente urbanos é um ato altamente reprovado para um aproveitamento melhor (MARINOSKI, 2007). O principal agravante da situação é o desconhecimento e a falta de orientação, bem como a sensibilização das mesmas quanto ao uso correto de aparelhos e equipamentos hidráulicos, vazamentos nas instalações, são alguns fatores responsável do desperdício em residência (MARINOSKI, 2007). O Desperdício do próprio sistema público de distribuição de água com vazamentos é um agente que ajuda significativamente o agravamento da situação (COGERH, 2007). O índice de perdas da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, empresa que opera em 366 municípios em todo o Estado de São Paulo, atualmente está em 33%; sendo 15% físicas e 18% comerciais. Este índice representa nove mil litros de 15 água perdidos em um único segundo. Porém, estes valores estão próximos da medição feita por países de Primeiro Mundo, como o Canadá, que perde 14% de água, a Inglaterra 17,3% do total reduzido. Em Tóquio, o índice é de apenas 8,4%, pois as tubulações são feitas de aço inoxidável em função de problemas com terremotos (SABESP, 2007). 2.4- Uso Racional da água. Atualmente o uso racional da água esta presente em vários meios de comunicação, buscando incentivar e conscientizar as pessoas da importância desse recurso vital. Define-se como uso racional de água, o conjunto de ações medidas e incentivos que tem como objetivo (TOMAZ, 2001ª): Reduzir a demanda de água; Melhorar o uso e reduzir perdas e desperdícios; Implantar técnicas para economizar água; Informar e conscientizar usuários. Diversos meios são necessário para a redução do consumo de água, reparo de vazamento, campanhas educativas, troca de equipamentos antigos, por aparelhos novos, pois geralmente os mesmos já saem com um desempenho melhor e um consumo reduzido, e estudos para reaproveitamento de água pluvial e reuso de águas cinzas (MARINOSKI, 2007). Na cidade de Province, Estados Unidos, foram feitas medidas para conservação de água, conforme tabela abaixo, juntamente com o percentual de economia prevista. 16 Tabela 04: Medidas convencionais de conservação da água e porcentagens aproximadas de economia. Fonte: TOMAZ, 2001ª. A conscientização das pessoas, juntamente com as tecnologias de racionamento, são impactantes no resultado final previsto. Os Benefícios obtidos quanto ao uso racional da água são amplos (MARINOSKI, 2007). Economia nas contas de fornecimento de água; Conservação dos recursos hídricos; Preservação do Meio Ambiente. 2.5- Aproveitamento de Água Pluvial. O Reaproveitamento de água pluvial é um sistema que atende inúmeros aspectos positivos, pois através dele, não apenas reduzimos o consumo de água potável, bem como aumentamos o racionamento, minimizando riscos de enchentes e ajudando o meio ambiente (MAY, 2004). Além disso, podem-se citar outras vantagens referentes à água da chuva (SIMIONI, et al. 2004). Utiliza estruturas já existente em uma edificação, como telhas e lajes; Baixo impacto ambiental; Complementa o sistema convencional; Reserva de água, para situações de emergência. 17 A viabilidade de implantação de determinado sistema de reaproveitamento de água pluvial depende essencialmente dos seguintes fatores: precipitação, área de captação e demanda de água. Além disso, para projetar tal sistema deve-se contar com clima, fatores econômicos e finalidade do uso. A água de chuva pode ser utilizada em várias atividades com fins não potáveis no setor residencial, industrial e agrícola. No setor residencial, pode-se utilizar água de chuva em descargas de vasos sanitários, lavação de roupas, sistemas de controle de incêndio, lavagem de automóveis, lavagem de pisos e irrigação de jardins. Já no setor industrial, pode ser utilizada para resfriamento evaporativo, climatização interna, lavanderia industrial, lavagem de maquinários, abastecimento de caldeiras, lava jatos de veículos e limpeza industrial, entre outros. Na agricultura, vem sendo empregada principalmente na irrigação de plantações (MAY, 2004). Segundo May (2004), os sistemas de coleta e aproveitamento de água de chuva em edificações são formados por quatro componentes básicos: áreas de coleta; condutores; armazenamento e tratamento. A Figura 01 apresenta esquema típico de funcionamento do sistema de aproveitamento de água de chuva em residências. Figura 01 - Esquema de funcionamento de sistema aproveitamento de água de chuva. Fonte: BELLA CALHA, 2007. 18 2.6- Qualidade da água Pluvial. O tratamento da água pluvial depende da qualidade água coletada e de seu uso final. Em caso de uso para fins não potáveis, não requer grandes graus de purificação, embora seja preciso um grau de filtragem. Para tratamento simples, pode se usar filtração simples, sedimentação natural ou cloração, o processo passa a ser mais específico quando a água destina se a uso humano, sendo necessários processos como desinfecção ultravioleta ou osmose reversa (MAY, 2004). A qualidade da água de chuva depende muito do local onde é coletada. A Tabela apresenta variações da qualidade da água pluvial em função do local de coleta. Tabela 05 - Variações da qualidade da água de chuva devido ao sistema de coleta . Fonte: GROUP RAINDROPS, 2002. O corrimento inicial da água pluvial deve ser descartado de seu uso, pois no mesmo contém elementos como poeira, detritos, folhas, pesticidas, fatores que podem influenciar na qualidade final de uso. Já existem, em alguns países, dispositivos de descarte das águas das primeiras chuvas que possuem acionamento automático, podendo ser programados para descartar um determinado volume de água. Esses dispositivos são componentes importantes para os sistemas de aproveitamento de água pluvial, pois descartam as águas destinadas a lavagem do telhado, proporcionando melhor qualidade ao armazenamento de água (MARINOSKI, 2007). 19 Figura 02: Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de desvio horizontal. Fonte: SAFERAIN, 2007. Figura 03: Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de desvio vertical. Fonte: SAFERAIN, 2007. 20 2.7- Reservatórios de água Pluvial O reservatório é o principal componente do sistema de reuso de água pluvial, pois é o componente mais dispendioso, logo a viabilidade do sistema depende deste componente, um reservatório superdimensionado geraria muito gasto e um subdimensionado não atenderia a demanda desejada. Segundo a norma NRB 15527/2007 da ABNT o reservatório de água pluvial deve ser separado do reservatório de água potável e identificado com uma placa de advertência, mostrando que o conteúdo do reservatório é não potável, a norma demostra também seis métodos diferentes para o calculo do reservatório. 2.8- Reuso de Águas Cinza. Acredita-se que o grande desafio do século XXI é a integração total de todos os recursos Hídricos, nesse ambiente se nota (ASANO, 2001). Recursos Superficiais; Recursos de águas subterrâneas; Aproveitamento de água da chuva; Reuso de Esgotos. Para Asano, 2001, a água reusada tem duas principais características, além de um uso sustentável, a água que será reaproveitada pode ser a mesma que em outra ocasião seria despejada em rios e córregos, havendo a poluição dos mesmos. Ainda para Asano, 2001, para que o reuso seja permitido, deve-se passar por 3 princípios básicos: A água a ser reusada deve passar por um controle de qualidade; A água deve ser protegida sempre; Deverá haver para a água reusada uma aceitação pública (Órgãos competentes). 21 2.9- Quantidade de Águas Cinzas Reutilizadas Para que haja o entendimento de quanto de águas provenientes de esgotos podem ser utilizadas de novo em seu ciclo, entendemos o volume que se pode reusar em uma residência como mostrada na tabela a seguir. Tabela 06: Volume de Esgotos Sanitários que se pode aproveitar para Águas Cinzas Claras. Fonte: TOMAZ, 2010. Pela tabela 6, podemos concluir que podemos aproveitar cerca de 7 litros/dia por habitante para águas cinzas, ou seja, 47%. 22 2.10- Normas ABNT A Norma NBR 5626/1998 de Instalação predial de água fria prevê em seu item 1.2 o que se pode ser usada para água potável ou não potável, prevê ainda no item 5.2.1.3 que as instalações devem ser independentes e que a água não potável pode ser usada em descargas e bacias sanitárias, mictórios e reservatórios de incêndios. Para Edificações deste tipo é obrigatório o uso de dois reservatórios, uma para a água potável e um para água não potável. 2.11- Níveis de Tratamento de Esgotos Sanitários Municipais O Tratamento de Esgoto é uma combinação de três processos conforme as Nações Unidas em 2007: Processos Físicos, onde as impurezas são removidas por peneiramento, sedimentação, filtração, flotação, absorção, ou adsorção ou ambas e centrifugação. Processos Químicos, que são os quais as impurezas são removidas através da coagulação, absorção, oxido-redução, desinfecção e troca iônica. Processos Biológicos, os poluentes são removidos usando mecanismos biológicos, como tratamento aeróbico, tratamento anaeróbico e processo de fotossíntese. 2.12- Processos de Tratamento de Águas Residuárias. Segundo Borrows, 1997 o tratamento de Esgoto está dividido em: Tratamento Preliminar; Tratamento Primário; Tratamento Secundário; Tratamento Terciário Ou Avançado. 23 2.12.1- Tratamento Preliminar. O tratamento preliminar está basicamente ligado à remoção de tamanho grande e partículas de detritos, através de Gradeamento, Remoção de areia, caixa de retenção de óleo e gordura e Peneiras. 2.12.2- Tratamento Primário. O tratamento primário utiliza o método que consiste basicamente em remover os sólidos suspensos, estes utilizando meios como, decantação primária, precipitação química de baixa eficiência, sedimentação, flotação por ar dissolvido, coagulação e sedimentação (juntas). O tratamento consiste também em digestores para tratamento do lodo removido e desidratação do lodo. 2.12.3- Tratamento Secundários. É a parte do tratamento que em que haverá a remoção dos poluentes biodegradáveis. Dependendo do sistema adotado, as eficiências de remoção são altas. Os processos de tratamento secundário, conforme Nunes, 1996 são: Processo de lodos ativados Lagoas de estabilização Sistemas anaeróbicos com alta eficiência Lagoas aeradas Filtros biológicos Precipitação química com alta eficiência 2.12.4- Tratamento Terciário ou Avançado. O tratamento terciário consiste basicamente na remoção de poluentes específicos como nitrogênio, fósforo, cor, odor: Coagulação química e sedimentação; Filtros de areia; 24 Adsorção em carvão ativado; Osmose reversa; Eletrodiálise; Troca iônica; Filtros de areia; Tratamento com ozônio; Remoção de organismos patogênicos; Reator com membranas; O tratamento terciário vai remover o que restou dos sólidos em suspensão, das matérias orgânicas, do nitrogênio, do fósforo, metais pesados e bactérias. É usado quando o tratamento secundário não consegue remover nitrogênio, fósforo, etc. Comumente faz-se coagulação e sedimentação seguido de desinfecção. Geralmente é usado quando pode haver contato das águas de reuso com os seres humanos. 2.13- Riscos á Saúde pública Tratado como um fator importante, o reuso inadequado, ou de má qualidade pode causar doenças como: cólera, febre tifoide, disenteria, helmintos. Os patógenos que se pode encontrar em um esgoto bruto são os seguintes (TOMAZ, 2010). Tabela 07: Exemplos de patógenos associados a esgotos Municipais. Fonte: NAÇÕES UNIDAS, 2007. A desinfecção de tais agentes é feitas através de processos como, adição de cloro, exposição ultravioleta e ozônio, os ovos de helmintos só são extraídos quando os mesmos atingem a temperatura de 40º Celsius, o processo de remoção dos ovos é feita por coagulação, sedimentação ou floculação. 25 2.14- Padrões de Qualidade para o Reuso Não existe até o momento legislação que quanto ao reuso sanitário, em contra partida o Sinduscon – São Paulo, 2005 definiu 4 classes de água para reuso que se pode tornar como base, são eles (SINDUSCON, 2005). Água de Reuso Classe 1; Água de Reuso Classe 2; Água de Reuso Classe 3; Água de Reuso Classe 4. 2.14.1- Água de Reuso Classe 1. São para águas tratadas, destinadas a edifícios em descargas de bacias sanitárias, lavagem de pisos, chafarizes, espelhos de água, lavagem de roupas, lavagem de veículos, etc. Conforme Tabela 08 (SINDUSCON,2005) 26 Tabela 08: Parâmetros Característicos para água de Reuso Classe 1. Fonte: Sinduscon, 2005. 2.14.2- Água de Reuso Classe 2. São para águas tratadas destinadas a construção de edifícios como lavagem de agregados, preparação de concreto, compactação de solo, controle de poeira, conforme Tabela 09 (SINDUSCON, 2005). 27 Tabela 09: Parâmetros Básicos para água de Reuso Classe 2. Fonte: Sinduscon, 2005. 2.14.3- Água de Reuso Classe 4. São para águas tratadas destinadas a irrigação de áreas verdes e rega de jardins, conforme Tabela 10 (SINDUSCON, 2005). Tabela 10: Parâmetros Básicos para água de Reuso Classe 3. Fonte: Sinduscon, 2005. 28 2.14.4- Água de Reuso Classe 4. São para águas tratadas destinadas a resfriamento de equipamentos de ar condicionado e com água a ser usada em torres de resfriamento com recirculação e sem recirculação, conforme Tabela 11 (SINDUSCON, 2005). Tabela 11: Variáveis de quantidade de água recomendados para o uso em torres de resfriamento. Fonte: Sinduscon, 2005. 3.0- Metodologia Para podermos verificar a economia gerada em consumo de água potável em um sistema de captação de água pluvial, a metodologia desenvolvida seguirá uma esquematização de algumas etapas: descrição do objeto de estudo, levantamento 29 de dados referentes ao consumo de água, dados pluviométricos da região, determinação de áreas de cobertura, dimensionamento do reservatório de água pluvial, analise e viabilidade econômica do sistema. 3.1- Área de Estudo. O município de Belém, com área de 1070 km², está localizado na costa leste do estado do Para, banhada pela baia do Guajará e é composto por 38 bairros. A edificação estudada se localizara no bairro de Canudos. Figura 04: Mapa do Estado do Pará. Fonte: guianet.com.br. 30 Figura 05: Mapa de Belém – PA, Bairro de Canudos. .Fonte: Google 3.2- Levantamento de Dados Para realizar a estimativa dos usos finais de água e a análise de viabilidade econômica da implantação de um sistema de aproveitamento de água pluvial para o edifício, foi necessário realizar levantamentos de dados, através de entrevistas com engenheiros e professores, coleta de contas de consumo de água, leituras de hidrômetro, verificação de áreas de captação, dados pluviométricos entre outros. 3.2.1- Área de Cobertura 31 O levantamento das áreas de cobertura (áreas de captação) de todo o edifício fez-se necessário, além de outras variáveis, para estimar o volume do reservatório de água da chuva. O cálculo destas áreas foi feito baseado nas áreas de telhado verificadas na planta de cobertura da edificação. Os dados relativos às áreas de captação de água de chuva são muito importantes, pois a área de telhado trata-se de uma das variáveis que serão usadas no método de dimensionamento de reservatórios de água de chuva, abordado mais a frente no item 3.3.2. 3.2.2- Dados Pluviométricos Os dados pluviométricos foram obtidos através de um estudo realizado pela parceria da UFPA, EMBRAPA e SUDAM, onde a pesquisa foi realizada por um período de 61 anos (1931 – 1991). 3.2.3- Dados de Consumo de Água Os dados de consumo de água do prédio foram calculados para que possa ser feita uma comparação entre os valores de consumo diário estimados, através dos levantamentos de vazões dos aparelhos sanitários e entrevistas, com o valores de consumo estimado com o reuso de águas pluviais e residuárias. 3.3- Uso Final da água Para realizar a estimativa do consumo de água por usos finais no prédio, foram coletados dados de pesquisas feitas em diversos locais do mundo, chegando à conclusão que 30% do consumo total em uma residência, é para fins não potáveis. 3.3.1- Reservatório O reservatório de acumulação da água pluvial é um dos componentes mais importantes de um sistema de aproveitamento de água pluvial, o qual deve ser dimensionado, principalmente considerando os seguintes fatores: demanda de água pluvial, áreas de captação, precipitação pluviométrica e custos totais de implantação. Para estimar o volume ideal do reservatório de água pluvial para o presente estudo, baseou-se nas áreas de cobertura da edificação, no consumo diário de água per capita, na precipitação da região, no coeficiente de perdas e no percentual de água 32 potável usada para fins não potáveis que poderia ser substituída por água pluvial. Para o dimensionamento, foi usado o método de Azevedo Neto sugerido pela norma NBR 15527/2007. Método Azevedo Neto: V = 0,042 x P x A x T (Litros) P é a precipitação média mensal A é a área de captação T é o número de meses de pouca chuva (estiagem) Optou-se em dividir o reservatório em 4m³ elevado e 7m³ em uma cisterna. Neste caso, há necessidade de bombeamento da água para o reservatório superior, realizado por motobombas. Quanto ao reservatório superior, será considerado localizado sobre a laje da cobertura. Essas informações são importantes para a estimativa de custos da implantação do sistema, que será abordada no próximo item. 3.3.2- Análise Econômica A fim de se estimar o potencial de economia proveniente da implantação de um sistema de reuso de água pluvial e residuária, foi verificado o percentual de água potável utilizado em fins não potáveis, e também foi estimado o volume ideal de reservatório de acumulação da água pluvial. Em seguida, foi feito o levantamento do custo desse sistema e calculado em quanto tempo o sistema se pagaria. 4.0- Justificativa Este estudo tem como meta principal apresentar em dados e projetos no qual visam um uso conscientizado dos recursos hídricos, tornando como foco na sustentabilidade e na maior economia possível, usando como elemento chave as águas, provenientes de fontes pluviométricas, bem como de esgoto, por meio de captura pluvial e a reciclagem das águas residuárias. Acreditamos que com o alto índice pluviométrico regional, nosso trabalho destina-se a aperfeiçoar o uso e reutilizar águas que anteriormente seriam descartadas. 33 5.0- Instalações Prediais Hidrosanitárias: 5.1- Instalações Prediais de Água Fria A importância da água para a sobrevivência é inestimável, segundo a O.M.S. 81% dos casos de doença existe como origem principal, a água, uma água que não é devidamente tratada oferece riscos a saúde, a água é uma fonte de muitas finalidades, como criação de energia elétrica através das barragens, principal meio de combate a incêndios, sem falar na importância que tem em hospitais quanto à higiene e segurança de pacientes. Assim como no que se refere à qualidade da água, a maneira de como ela é distribuída é o que vai determinar os melhores ou piores níveis de qualidade de vida e saúde. A água para chegar aténossas mãos, ela passa por uma série de etapas até apresentar-se para o consumo final, primeiro captada, a mesma passa por vários tratamentos para então ser levada para o reservatório para ser levada a população. O lugar aonde a água citada é tratada são as estações de tratamento de água (popularmente abreviado ETAs) sendo o tratamento dividido em basicamente quatro etapas: coagulação, decantação, filtração e desinfecção. A tubulação que sai do reservatório elevado é denominada rede de distribuição, o mesmo que transporta a água através das avenidas e ruas da cidade, o ramal predial é o que liga a conexão da residência com a rede e nele é conectado um medidor de vazão onde a instalação predial se inicia finalmente. Em suma, as instalações prediais de água fria são o conjunto de conexões e peças, aparelhos e acessórios que existem a partir do ramal predial, que vai permitir levar a água da rede publica até os pontos de consumo e utilização que são localizados dentro das residências. 5.1.1-Tipos de Sistemas e Partes Componentes. Referindo-se ao abastecimento, são aplicados os seguintes sistemas: a- Direto: Todos os equipamentos são abastecidos diretamente da rede pública. 34 b- Indireto: Todos os equipamentos são alimentados pelo reservatório localizado no nível superior da edificação, o mesmo que é alimentado pela rede pública (caso haja pressão suficiente na rede). c- Misto: Alguns aparelhos são alimentados pela rede pública e outras pelo reservatório superior. d- Hidropneumático: Todos os pontos de consumo são alimentados por um conjunto hidropneumático, cuja principal finalidade é obter a pressão almejada no sistema, desprezando o uso de um reservatório superior. Entre esses, os três primeiros são os mais utilizados, sendo que para residências o sistema misto possui certa vantagem em relação aos outros, pois consome água dos reservatórios superior apenas quando necessário, para edifícios altos o mais recomendado é o sistema indireto. Quanto ao sistema Hidropneumático é incomum, pois o seu alto custo de implantação e a complexidade de seu sistema mecânico, geralmente fazem o construtor a optar entre os outros tipos. 5.1.2-Materiais Empregados. Geralmente em sistemas de água fria se empregam os tubos de aço Galvanizado (fogo) sem eles com ou sem costura, de cobre, de ferro fundido (f ofo) ou mesmo de PVC rígido com juntas soldadas ou rosqueada, sendo esse uns dos mais usados ultimamente. Para instalações que não sofrem o fenômeno chamado de Golpe de Ariete, os tubos de PVC com juntas soldadas são a melhor recomendação, pois são manejados mais facilmente, além do fato de seu diâmetro permanecer inalterado ao longo do tempo. Nas tubulações que apresentam recalque, sujeitas a maiores pressões, é aconselhável o uso de tubulações compostas por ferro galvanizado, com juntas de roscas, ou mesmo flangeadas, pois subpressões provocadas devido ao golpe de aríete provocam danos significativos às tubulações de PVC. 5.1.3-Transiente Hidráulico (Golpe de Ariete). Ao descer da água com uma velocidade elevada pela tubulação, é bruscamente interrompida, os equipamentos da instalação ficam sujeitos a um golpe de grande intensidade (elevação de pressão). 35 Denominado Golpe de Ariete a variação de pressão acima e abaixo do valor de funcionamento normal dos condutos forçados, em consequência a mudanças de velocidade da água, motivada dos registros de regulagem de vazões. Normalmente acompanhado de um som de martelada, que faz jus ao nome, além de um ruído desagradável, o Golpe de Ariete pode danificar conexões e aparelhos. Através disso, cabe ao Engenheiro a estudar quantitativamente e todos os possíveis jeitos de suaviza-los ou evita-los. Os principais aparelhos que causam esse golpe são algumas válvulas de descarga e registros de fechamento rápido, porém já existem fábricas no Brasil que produzem esse tipo de peça amenizando, quase anulando o fenômeno citado. 5.1.4-Dados de Projeto. Os projetos de água fria só podem ser aprovados segundo a Norma brasileira NBR5626 de 1996 da ABNT e as normas da concessionária fornecedora de água local, atendendo as especificações: DIÂMETRO MÍNIMO: ½” OU 15 m (SABESP: 3/4” OU 20 mm é conveniente adota-lo) PRESSÃO ESTÂNCIA MÁXIMA: 40 mca PRESSÃO DINÂMICA MÍNIMA: 0,5 mca CÁLCULO DAS PEDRAS DE CARGA: pelas fórmulas de Flamant ou Fair-Whipple-Hsiao para água fria pelos respectivos ábacos; VELOCIDADE DE MÁXIMO: V< 2,5m (D em m, V em m/s) PERDA DE CARGA NO BARRILETE: 8%=Jmax< 0,08 m/m 5.2- Instalações Prediais de Esgoto Sanitário. O sistema público de esgoto sanitário é geralmente classificado em dois tipos: • Sistema unitário: onde águas pluviais e as águas residuárias são conduzidas em uma mesma canalização ou galeria. • Sistema separador absoluto: no qual há duas redes publicas independentes uma da outra, uma com a função de conduzir as águas pluviais e a outra para conduzir aságuas residuárias.Segundo Macintyre, a instalação de esgoto predial tem 36 a função de encaminhar as águas residuárias da residência para a rede de esgoto publica ou para seu tratamento adequado. As águas residuárias, que são despejos líquidos das habitações, são divididas em dois tipos: • Águas Imundas ou Águas Negras: são águas residuárias contendo dejetos (matéria fecal), elevada quantidade de matéria orgânica instável, putrescível, com grande quantidade de micro organismos. •Águas Servidas ou Águas Cinzas: são as resultantes de operações de lavagem e limpeza de cozinhas, banheiros e tanques. O sistema de esgoto predial é dividido em duas partes: • Instalação de esgoto primário: é o trecho conectado ao coletor publico e ao qual tem acesso os gases provenientes desse coletor (ou de uma fossa). Constituído por: coletor predial, subcoletores, caixas de inspeção tubos de queda, ramais de descarga, ramais de esgoto, tubos de ventilação, desconectores. • Instalação secundaria: é o trecho de ramais de descarga e esgoto, separados da rede primaria por um desconector, de modo que eles não tenham acesso os gases. São os ramais dos aparelhos, tubos de esgotamento de pias (tubos de gorduras), de tanques e de maquinas de lavar roupa. Geralmente a instalação primaria e secundaria, são divididas por um desconector, que tem a função de impedir a passagem de gases para dentro do ambiente. Exemplos de desconectores são as caixas sifonadas, ralos sifonados, os sifões e as caixas retentoras. 5.3- Instalações Prediais de Drenagem Pluvial Os sistemas prediais de drenagem de águas pluviais têm como objetivo agrupar e encaminhar as águas pluviais desde a área de captação, no edifício, até à rede pública. Para uma instalação adequada há que ter em conta inúmeros fatores, não só de natureza regulamentar, mas também outros que visam a optimização do sistema economicamente, na sua própria integração e interligação com os restantes sistemas que operam num edifício. 37 O sistema é o conjunto de calhas, condutores, grelhas, caixas de areia e de passagem e demais dispositivos que são responsáveis por captar águas da chuva e de lavagem de piso e conduzir a um destino adequado. Este sistema é fundamental, pois evita alagamentos, diminui a erosão do solo e protege as edificações da umidade excessiva. Figura 06: Calhas E Condutores Para Águas Pluviais. Fonte: MACINTYRE, Joseph. 2012. A execução do projeto de um sistema de drenagem de águas pluviais divide-se, de uma forma geral, em três partes distintas. 38 Figura 07: Etapas Da Execução Do Projeto De Um Sistema De Drenagem De Águas Pluviais. Fonte: RINO, Eduardo 2011. A primeira corresponde à análise dos dados existentes, efetuada com o recurso à planta do edifício e não desprezando a existência de projetos de outras especialidades. Torna-se, portanto, útil e aconselhável à comunicação entre todos os projetistas e arquitetos envolvidos na obra, de modo a evitar futuras incompatibilidades. A segunda parte consiste na execução do traçado do sistema, o que engloba a localização de acessórios e instalações complementares. A terceira parte corresponde ao dimensionamento, que tem como finalidade a obtenção dos diâmetros das canalizações, dimensões de câmaras retentoras. Existem três materiais diferentes de calha usados com mais frequência, feito em PVC, concreto e Aço; Cada um com seus pontos positivos e negativos, que devem ser analisados visando o melhor custo benefício para o projeto estudado. Foi entrevistado o engenheiro Pedro Castro, segundo ele, as calhas em PVC são fáceis de instalar e o material já vem com acabamento de fabrica agradando na visualização estética e economizando tempo na construção, a manutenção feita para esse tipo de material é simples. A principal desvantagem é que os suportes que apóiam este tipo de calha são frágeis e limitam-se a telhados com pouca vazão de água. Comparando com as calhas feitas em concreto e aço, a de PVC tem um custo menor.As confeccionadas em Aço são muito eficientes quando se trata de grande volume de água da chuva e rapidez em execução. Seu suporte é reforçado assim como sua estrutura e já vem pronta de fabrica ou podendo ser fabricada também na obra. Sua manutenção, por outro lado, requer certa atenção na limpeza e nos 39 tratamentos anti-corrosivos. O custo do aço é alto em relação ao concreto e o PVC, porém, pode ser a solução mais adequada para coberturas com alta vazão.As calhas em concreto armado, assim como as de aço, suportam um grande volume de água de chuvas, porém, sua manutenção é extremamente complicada. Sua limpeza é difícil de ser feita, pois com o passar do tempo e com a umidade que acumula no concreto, acaba criando uma superfície lodosa de difícil remoção. Por ser de um material pesado, deve-se atentar para grandes vãos, pois é necessário levar em consideração sua carga no projeto estrutural. 5.4- Instalações Prediais de Combate a Incêndios Instalações de combate a incêndio em prédios e edificações é um ponto muito discutido nos tempos atuais, com o aumento do número de incidências, algumas vezes trágica, se faz eficiente à presença de um sistema eficaz de combate á pânico e incêndio, tornando esses inconvenientes casos em uma situação mais fácil de controlar. 5.4.1 - Função Instalações de combate á incêndio visamà proteção de habitantes que residem ou que transitam em determinada edificação, para a regulamentação da função do sistema se tem como base a NBR 13714: ”Instalação Hidráulicas Contra Incêndios, sob comando por Hidrantes e Mangotes” sendo que, durante a execução e projeção do mesmo, sendo NBR11742:”Porta-Fogo consideradas para saída outras de normas importantes emergência”, assim como a como a NBR12693:”Sistemas de proteção por extintores de incêndio”. Os três principais elementos que compõe as instalações usuais de obras são : Sistema sob Comando, Hidrantes. Sistema Automático de Sprinklers Sistemas de Extintores portáteis 40 5.4.2 –Classes de Incêndio As classes de incêndio são classificadas segundo a NR23:”Proteção contra incêndio”, que por sua vez organiza a ação conforme o tipo de material em combustão. 5.4.2.1 - Classe A Materiais sólidos, de fácil combustão e que queimam tanto em sua superfície quanto emsua profundidade e obrigatoriamente deixam resíduos, tais como papel, madeira, tecido, etc. Como cuidados é importante que: Se mantenha as áreas de trabalho e estocagem de materiais organizados e isentos de fontes de ignição Materiais que não se dissolvem como a água, como o óleo, devem ser descartados em recipientes metálicos e longe de fontes de ignição. As Lixeiras devem ser esvaziadas diariamente. A rede de Hidrantes e Sprinklers(Se houver) deve ser adequadamente dimensionada com pressão e volume de água suficiente conforme o porte de cada edificação. 5.4.2.2 - Classe B A classe B é composta pelos materiais que queimam apenas na sua superfície e que por sua vez não deixam resíduos, como a Gasolina, verniz, óleo, entre outros. Com esses tipo de material é muito importante que: O manuseio de líquidos inflamáveis seja feito em áreas abertas e ventiladas; A sobra de líquidos inflamáveis devem ser guardados em armários bem fechados e com o recipiente bem vedado, evitando vazamentos; O Estoquede líquidos inflamáveis devem ficar distante de qualquer fonte de faísca; Nunca transportar mais do que cinco galões de líquido inflamável individualmente; 41 Uma quantidade de superior á 20 litros não é permitida para estocagem em edificações, ao menos que a mesma tenha a autorização do órgão responsável para o mesmo. Não sendo em forma de neblina, água nunca se deve ser usada para o controle de um incêndio classe B; 5.4.2.3 - Classe C Motores elétricos quando energizados, como motores, estabilizadores, transformadores, são características da Classe C de incêndio, sendo a classe mais comum de incêndio em locais de trabalho. Para esta classificação: Os equipamentos mais antigos devem ter sua fiação inspecionada com frequência, para que quando a parte isolante estiver desgastada, as ações cabíveis serem aplicadas; Usar apenas fusíveis com a capacidade dimensionada, e no caso de queima dos mesmos, efetuar a verificação; Não sobrecarregar os pontos de instalação elétrica, no máximo duas tomadas por ponto; Não ligar vários equipamentos em uma tomada, para evitar superaquecimento da saída; 5.4.2.4 - Classe D É aquele que surge em metais pirofóricos, tais como titânio, magnésio, zircônio, potássio, sódio, etc. A melhor forma de prevenção é adotar as medidas relativas aos cuidados com o manuseio, utilização e armazenamento. Estas informações estão na Folha de Informações de Produtos Químicos (FISPQ) ou Ficha de Emergência, ambas fornecidas pelo fabricante. 42 5.4.3 - Sistema Sob Comando O sistema constitui-se de uma rede de canalização, que partindo de um reservatório de água, abastece vários hidrantes da edificação, e o afluxode água até o local do incêndio é feito através de manobras de registros e manipulação de mangueiras de incêndios. Em conjuntos habitacionais a rede de abastecimento de água deve alimentar hidrantes de coluna nos passeios, distanciados de 90 em 90 metros, segundo a Norma Brasileira 13714, de modo a combater diretamente ao incêndio, sendo ele com adaptação de mangueiras ou mesmo a bomba do carro pipa do caminhão de bombeiros. 5.4.3.1- Componentes do Sistema 5.4.3.1.1 - Reservatório A capacidade do Reservatório Quanto ao Reservatório de incêndio, o mesmo deve apresentar, ainda segundo a NBR 13714: Se o reservatório abastecer outros estabelecimentos que não estejam destinados á incêndios, o volume destinado ao combate deve ser manter o mesmo Divisão em duas ou mais células, para que a manutenção não pare completamente o funcionamento do sistema O reservatório deve ser fechado completamente a fim de evitar qualquer elemento externo que pode levar a perda da qualidade da água estocada Reservatórios devem ser construídos preferencialmente de concreto armado ou metálico, obedecendo todos os quesitos anteriores, outros materiais podem ser usados com a condição de serem, resistentes ao fogo, a impactos mecânicos e intempéries. O reservatório destinado ao uso dos mangotinhose sistema de Hidrantes, deve ser disponível uma chave de nível, ou dispositivo de alarme, para que haja a notificação quando o mesmo apresentar um nível baixo de água. O reservatório deve possuir ladrão e sistema de drenagem devidamente dimensionada. - Quanto ao reservatório elevado: 43 Quando o abastecimento do mesmo é feito por gravidade, os reservatórios elevados devem estar disponíveis ás vazões e pressões mínimas, para cada sistema, com isso: o Do fundo do reservatório até o hidrante ou mangote, mais desfavorável hidraulicamente. o Da face superior do tubo de adução até o hidrante ou mangote mais desfavorável possível. - Quanto aos Reservatórios ao nível do solo, semi-enterrados ou subterrâneos: Bombas fixas de acionamento automático. O reservatório deve conter uma capacidade efetiva, com ponto de tomada da sucçãoda bomba principal, localizado junto ao fundo deste, conforme ilustrado na tabela (A SER INSERIDA) Para o cálculo da capacidade efetiva, deve ser considerada a altura a distância entre o nível normal da água e o nível X da água, conforme a figura (A SER INSERIDA) O nível de água X é calculado como o mais baixo nível, antes de ser criado um vórtice com a bomba principal em plena carga, e deve ser determinadopela dimensão A da Tabela (A SER INSERIDA) Dimensão de poços de Sucção Tabela 12- Dimensões De Poços De Sucção. Fonte: NBR 13714: Hidrantes EMangotinhos 44 O reservatório deve se localizar de maneira que facilite o acesso do Corpo de Bombeiros Figura 08: Tomada Superior De Sucção Para A Bomba Principal Fonte: NBR 13714: Hidrantes E Mangotinhos Figura 09: Tomada Lateral De Sucção Para A Bomba Principal Fonte: NBR 13714: Hidrantes E Mangotinhos Figura 10: Tomada Inferior De Sucção Para A Bomba Principal Fonte: NBR 13714: Hidrantes E Mangotinhos 45 5.4.3.1.1 – Bombas de Incêndio Segundo a Norma Brasileira 13714, encontramos a regulamentação de instalação do sistema de bombas destinadas ao combate a incêndios, devem obedecer as seguintes características: Quando o abastecimento for feito por bomba de incêndio, o mesmo deverá possuir uma bomba elétrica ou de combustão interna e esta será destinada a abastecer exclusivamente o sistema. As dimensões da casa de bomba devem ser tais que permitam o acesso em toda volta das bombas de incêndio e espaço suficiente para qualquer serviço de manutenção local, nas bombas de incêndio e no painel de comando, inclusive a viabilidade de remoção completa de qualquer bomba de incêndio, permanecendo a outra em condição de funcionamento imediato. As bombas de incêndio devem ser usadas apenas para esse fim. As bombas de incêndio devem ser protegidas contra danos mecânicos, intempéries, agentes químicos, fogo ou umidade. As Bombas principais devem ser acopladas por meio de luva elástica, sem interposição de correias e correntes, possuindo a montante uma válvula de parada e a jusante uma válvula de retenção e outra de paragem. A automatização da bomba principal ou de reforço deve ser executada de maneira que, após a partida do motor, seu desligamento seja apenas manual no seu próprio painel de comando, localizado na casa de bombas. Pelo menos um acionamento manual para bomba principal ou de reforço O funcionamento automático é iniciado pela simples abertura de qualquer ponto de hidrante da instalação. As bombas principais devem atingir pleno regime em aproximadamente 30 s após a sua partida. As bombas de incêndio, preferencialmente, devem ser instaladas em condição de sucção positiva. Esta condição é conseguida quando a linha do eixo da bomba se situa abaixo do nível X de água. Admite-se que a linha de centro do eixo da bomba se situe 2 m acima do nível X de água, ou a 1/3 da capacidade efetiva do reservatório, o que for menor, acima do que é considerada condição de sucção negativa. 46 A capacidade das bombas principais, em vazão e pressão, é suficiente para manter a demanda do sistema de hidrantes e mangotinhos, de acordo com os critérios adotados. Não é recomendada a instalação de bombas de incêndio com pressões superiores a 1 MPa. Quando for necessário, manter a rede do sistema de hidrantes ou de mangotinhos devidamente pressurizada em uma faixa preestabelecida e, para compensar pequenas perdas de pressão, uma bomba de pressurização (Jockey) deve ser instalada; tal bomba deverá ter vazão máxima de 20 L/min. A pressão máxima de operação da bomba de pressurização (Jockey) instalada no sistema deve ser igual à pressão da bomba principal, medida sem vazão (shut-off). Recomenda-se que o diferencial de pressão entre os acionamentos seqüenciais das bombas seja de aproximadamente 100 kPa. As automatizações da bomba de pressurização (Jockey) para ligá-la e desligá-la automaticamente e da bomba principal para somente ligá-la automaticamente devem ser feitas através de pressostatos e ligados nos painéis de comando e chaves de partida dos motores de cada bomba. 6-Reuso de Água Proveniente de Esgoto Sanitário A resolução nº 54 de 28 de Novembro de 2005, publicado em 9 de Março de 2006, estabelece diretrizes para o reuso de água não potável, e estabelece definições. •Águas Residuárias: Esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuárias, tratadas ou não. Água Residuária que se encontra dentro dos padrões de reuso para as suas modalidades pode ser usada diretamente ou indiretamente. •Reuso Direto das Águas: Uso planejado, conduzida diretamente ao local de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. 47 •Reuso potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento é disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e subsequente captação, tratamento e finalmente utilizado como água potável, conforme Mancuso et al, 2003. A resolução prevê ainda que a atividade do reuso deve ser informada ao Órgão Gestor bem como a sua localização, finalidade de reuso, vazão, volume diário de reuso. O reuso de esgotos sanitários que saem das estações de tratamento de esgoto públicas não são destinados a ser transformados em água potável, geralmente essa prática só se torna comum em áreas onde não há a presença efetiva de recursos hídricos (TOMAZ, 2010). Os principais destinos dessas águas são (TOMAZ, 2010). Para o Uso Industrial; Agrícola; Para o meio Ambiente; Recarga de Aquíferos Subterrâneos; Uso Recreacional; Uso Urbano. 7-Reuso de Água Proveniente de Drenagem Pluvial A captação de águas de chuva para o abastecimento sistemas prediais tem sido uma prática usual há muitos anos. Há recursos tecnológicos na construção civil que nos dão a possibilidade de reciclarmos águas, que são coletadas pelos sistemas de drenagem de residências, que recebendo o tratamento adequado, podem ser 48 aproveitadas em diversas atividades domesticas e industriais. Assim, então, o uso de águas pluviais, mesmo com o seu custo inicial alto, os benefícios futuros para uma residência, condomínios verticais ou indústrias serão apresentados de forma positiva pela redução de custos, principalmente com a redução da utilização de água potável proveniente das concessionárias em algumas atividades do dia a dia, como exemplo de alguns temos a utilização da água da chuva no abastecimento dos vasos sanitários, máquinas de lavar louça e roupa, lavagem de carro e calçada. Atualmente, a Alemanha, Austrália e o Japão se destacam na utilização de águas pluviais para fins não potáveis, com soluções criativas e inovadoras. Para fins potáveis, aságuas pluviais requerem tratamento para alcançar o nível de potabilidade estabelecido na portaria 518/2004 do Ministério da Saúde, válida para o Brasil. Esse sistema de coleta requer um subsistema que desvie o volume de chuva inicial, para fazer a devida limpeza da superfície de captação. Uma peneira pode remover o material mais grosseiro (0,2 a 1,0 mm), e as perdas nessa limpeza ficam em volta de 2 mm de chuva(NBR 15527/2007); há no mercado uma série de equipamentos para essa função de forma manual ou de forma automática através de dispositivos de auto-limpeza. Os componentesdeterminantesno dimensionamento desse sistema são as áreas de captação e, sobretudo, os reservatórios de armazenamento de água, que podem estar apoiados, enterrados ou elevados.Em um estudo realizado no Brasil por May (2004), analisou-se a qualidade da água de chuva para consumo não potável na cidade de São Paulo. Através de um sistema experimental, instalado no Centro de Técnicas de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, foram realizadas análises da composição física, química e bacteriológica da água de chuva, para verificar a necessidade de tratamento da água antes de ser utilizada. As amostras de água de chuva foram coletadas em dois pontos de amostragem, telhados do edifício e reservatórios de acumulação. Com base nos resultados das análises, verificou-se que a água coletada nos reservatórios apresentou melhor qualidade em relação às amostras coletadas diretamente do coletor de água de chuva nos telhados. Dessa forma, recomenda-se o descarte do volume de água correspondente aos primeiros 15 a 20 minutos de chuva, para que seja feita a limpeza do telhado. 49 A Norma NBR 15527:2007 da ABNT preconiza os requisitos para o aproveitamento de águas de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis, após um tratamento adequado, para suprir as demandas em bacias sanitárias, irrigação de gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios, espelho d’água e usos industriais. A quantidade de precipitações de chuva é o fator determinante nesse tipo de abastecimentode água, pois dela se pode aproveitar até 50%, levando em conta os coeficientes de escoamento superficial e as perdas inevitáveis, tais como descarte da água de lavagem do telhado, que se recomenda adotar 1,0 L/m2 ou 1 mm de chuva por metro quadrado de telhado. O coeficiente de escoamento superficial(C) depende da inclinação do telhado e do material da superfície decaptação, que varia de 0,67 a 0,90. A precipitação média em nível mundial é da ordem de 760 mm por ano, que é considerada baixa porque é menor que 1.000 mm; seria razoável se fosse de 1.000 mm até 1.500 mm; boa até 2.000 mme excelente acima de 2.000 mm. Por essa classificação, toda a Região Amazônica tem precipitações excelentes, comparando com a Austrália (um país referencia em reuso de água pluvial), que tem um índice pluviométrico de 736 mm. Em Belém o índice pluviométrico chega a 3.752,3 mm, ou seja, cinco vezes mais que o da Austrália. Esses dados encorajam a utilização de águas de chuvas na região de Belém. Outro fator de igual importante quanto o volume de precipitações anuais, é a distribuição da chuva nos meses do ano. Essa distribuição consta na tabela 02, elaborado pelo HMSO da Inglaterra, que apresenta o número médio de dias sem chuvas. Belém detém o menor número de dias secos, 132, que significa uma estiagem de chuvas de 36,16%, e São Paulo maior número de dias, 258, com 70,69% de estiagem. É importante, também, dispor do número de dias contínuos de estiagem. 50 Tabela 13: Número Médio De Dias Secos. Fonte: Azevedo Neto. Revista Bio da ABES ano III, número 2 abr/jun/1991 páginas 44 a 48 Examinando-se esses dados estatísticos e focalizando os períodos críticos (sem chuva ou de pouca chuva), pode-se fixar o tempo desejável para reserva ou acumulação de água. Esse período e a demanda de água prevista são as variáveis básicas que vão definir as dimensões do reservatório para armazenar água suficiente para assegurar o suprimento de água sem interrupções. A escolha da solução depende, sobremodo, da viabilidade econômica; porquanto, maior for o período crítico de chuvas, maior o volume de armazenamento e maior os custos da obra. Convém registrar que o custo do reservatório de acumulação é predominante no custo final do sistema de aproveitamento de águas de chuvas para fins não potáveis. A qualidade da água da chuva, de acordo com a utilização prevista, tem a devida relevância na conclusão dos estudos para definir a escolha do sistema adequado, assim como as medidas exigidas para a manutenção do sistema. O tratamento da água pluvial para fins não potáveis não requer grandes cuidados de purificação, embora certo grau de filtragem seja necessário. Para um tratamento simples, podem-se usar processos de sedimentação natural, filtração simples e cloração. As tabelas 8 e 9, apresentadas a seguir, esclarecem os requisitos da qualidade da água da chuva e da manutenção do sistema, segundo a NRB 15527/2007. 51 Tabela 14: Parâmetros De Qualidade De Água De Chuva Para Usos Restritivos Não Potáveis Fonte: ABNT NBR 15527:2007 Tabela 15: Frequência De Manutenção Fonte: ABNT NBR 15527:2007 O projeto a ser adaptado, precisa atender 46 pessoas com um consumo per capta exigido pela concessionária de água de 250 litros / dia, estudos realizados mostram, a níveis globais, que o aparelho que mais consome água é a bacia sanitária, podendo variar seu percentual de 20 a 40%, e o total não potável tem uma variação entre 45 e 55% da água destinada ao consumo doméstico (MARTINI, Felipe 2009), 52 no Brasil mostram que dentro de uma residência os pontos de maior consumo de água são para tomar banho no chuveiro (36%), para dar descarga nos vasos sanitários (27%) e para lavagem de roupa (12%). A água destinada a vasos sanitários, lavagem de carros e jardins não requerem qualidade em nível potável, daí que se poderia afirmar que, em média, 30% do total da água consumida em uma residência são para usos não potáveis, logo, usaremos 30% do consumo per capta exigido pela concessionária de água regional. Dados: - Precipitação anual = 3.752 mm, correspondente ao ano 1989. - Precipitação média mensal = 313 mm - Precipitação média aproveitável 50% = 156 mm / mês = 0,156 m / mês - Área de captação da chuva = 197 m² - População = 42 - Consumo per capta x 30% = 250 x 0,30 = 75 Litros / dia Calculo: • Consumo mensal = 42 x 250 x 0,30 x 30 = 94.500 Litros/ mês = 94,50 m³ / mês • Volume de água captado por ano = 197 x 50% x 0,313 x 12 = 370 m³ / ano • Volume de água consumida por ano = 94,50 x 12 = 1134,00 m³ / ano • Volume Captado < Volume Consumido •Método prático alemão: V = min (V*; D) x 0,06 (Litros) V* é o valor numérico do volume aproveitável de água de chuva anual V* = 739.932 litros (197 x 313x12) D é o valor numérico da demanda anual de água não potável =1.134.000,00 Litros V é o valor numérico do volume de água do reservatório V = 739.932 x 0,06 = 44.395,92 litros = 44,396 m3 V= 1.134.000,00 x 0,06 = 68.040,00 litros = 68,04 m3 Vadotado = 68,04 m3 (o menor dos dois) 53 •Método Azevedo Neto: V = 0,042 x P x A x T (Litros) P é a precipitação média mensal = 313 mm A é a área de captação 197 m2 T é o número de meses de pouca chuva (estiagem) V = 0,042 x 313 x 197 x 4 = 10.359,05 litros = 10,36 m3 Segundo alguns especialistas da área, o reservatório entra em uso antes de atingir sua capacidade máxima, e devido o uso constante, o volume máximo não é atingido, permitindo assim o uso de um coeficiente de consumo igual a 70% do volume do reservatório. V= 94,50 x 70% = 66,15 m³ Consumo diário = 42 x 250 x 0,30 = 3,15 m³ Reservatório Superior = 20,00 m³ Cisterna = 46,15 m³ O reservatório superior contem, aproximadamente, 30% do volume total requerido no projeto, serão 2 reservatórios de fibra de vidro com 10.000 litros de capacidade cada um, tendo uma reserva de aproximadamente 6 dias sem reabastecimento. A cisterna tem aproximadamente 70% da demanda de água e será em concreto armado com aditivo impermeabilizante. O volume do reservatório define a eficácia do sistema, pois quanto maior o reservatório maior a probabilidade de se manter a continuidade no suprimento de água, porém maior também será o custo da obra. Este custo pode se elevar a valores que inviabilizem a sua implantação. 54 8- Conclusões: Com o estudo feito, em pesquisas, na literatura e no campo obtivemos os seguintes resultados: Economia do sistema de reuso de agua pluvial Economia = Água para reuso de um ano x 100% / Consumo anual total Economia = 370m³ x 100% / 3780m³ = 9,79% Em um ano economiza 370 m³ = R$2.471,60 Sistema tem custo total = R$38.244,65 Sistema cobrira o custo em 15 anos e meio. ETE Home = R$18.550,00 Coeficiente de retorno 80% = 250 x 80% = 200 Litros / pessoa Como só é aproveitado 30% para fins de uso não potável, não será usada a capacidade total do equipamento. O sistema de reuso de água pluvial não tem capacidade de suprir a demanda requerida, logo o déficit será coberto pelo sistema da ETE Home. Economia total = 1134 x 100 / 3780 = 30% Em um ano economiza no total 1134m³ = R$7.575,12 Sistema tem custo total = R$56.794,65 Sistema cobre o custo em 7 anos e meio. A ETE Home não atingira o seu rendimento máximo, por causa da limitação do uso de água não potável (30%).Considerando que a vida útil do concreto, exerce uma média de 100 anos, conclui-se que o sistema seria sim uma ótima opção para um uso econômico e sustentável da água que antes seria desperdiçada, comprovando os estudos feitos anteriormente, isso prova que hoje em dia a opção do uso de sistema de captação de água pluvial para o reuso, bem como estações de tratamento de águas cinzas e negras é uma grande opção para a construção sustentável, área de crescimento para a Engenharia, que o tema sirva de introdução para os acadêmicos que se interessem, e estude ainda mais a fundo a presente 55 pesquisa. O sistema de água pluvial não foi capaz de suprir a demanda requerida, o êxito só foi possível com a implantação da ETE Home. 56 REFERÊNCIAS ABNT NBR 5626/1998 - Instalações prediais de água fria ARAÚJO, Eliete. Sistemas Prediais de Combate a Incêndios. 2010. ASANO, TAKASHI. 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