REDES SOCIAIS EM LINGUAGENS DOCUMENTAIS:
uma análise de coautoria a partir da realidade brasileira 1
SOCIAL NETWORKS IN INDEXING LANGUAGES:
a co-authorship analysis from the Brazilian reality
Rodrigo de Sales
Universidade Federal Fluminense
[email protected]
José Augusto Chaves Guimarães
UNESP – Marília
[email protected]
Ely Francina Tannuri Oliveira
UNESP – Marília
[email protected]
Leilah Santiago Bufrem
UFPR
[email protected]
Resumo
As redes sociais medem a colaboração científica entre pesquisadores, instituições e países, tornando
visível o comportamento investigativo de dado campo. Linguagem documental é uma temática
abordada fundamentalmente no campo da organização e representação da informação. Este trabalho
apresenta a formação de redes sociais relacionadas ao tema linguagem documental a partir dos
currículos disponibilizados na Plataforma Lattes. Foram realizadas análises de coautoria entre os
pesquisadores e as instituições, além do levantamento dos periódicos que são mais utilizados para
comunicação das pesquisas, bem como das áreas de conhecimento que abarcam investigações de
linguagens documentais. Constatou-se que o índice de coautoria é alto, mas que as redes sociais do
respectivo tema são concebidas de maneira localizada.
Palavras-Chave: Redes Sociais. Colaboração Científica. Coautoria. Linguagem Documental.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olhar para o espaço intelectual de determinada área do conhecimento com a finalidade de
entender a movimentação dos elementos que a compõem, tais como autores, instituições,
textos, assuntos e canais de comunicação, possibilita maior compreensão das características e
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
DOI 10.5007/1518-2924.2011v16n31p1
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Trabalho desenvolvido com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP).
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comportamento da própria área. Dada essa importante possibilidade, os estudos que analisam
quantitativa e qualitativamente a construção dos espaços intelectuais ocupam lugar
fundamental na dimensão investigativa das diversas áreas do conhecimento. Neste ensejo,
ganham força os estudos de análise de domínio.
Hjørland (2002), ao romper com a ideia de que o domínio seja uma disciplina, ou apenas um
ramo do conhecimento, permite-nos entender o domínio como reflexo de uma comunidade
discursiva (coletividade e contexto). É o que se pode chamar de perspectiva epistemológica de
análise de domínio, pois é uma análise de como o conhecimento é produzido, organizado e
comunicado, na busca para se enxergar a própria constituição da ciência.
Inseridos na análise de domínio estão os estudos quantitativos que lançam mão de indicadores
bibliométricos utilizados para instrumentalizar e sustentar análises qualitativas. Estudos dessa
natureza, como afirmam Oliveira e Moraes (2008), indicam quais áreas, assuntos, cientistas,
instituições e países são mais férteis e produtivos. Além da informação relativa à
produtividade científica, os estudos bibliométricos identificam relações (co)autorais, que
possibilitam evidenciar redes sociais de pesquisadores, e relações de (co)citações, que
permitem identificar frentes de pesquisa e fontes de influências científicas. Assim, a
Bibliometria pode ser entendida como um conjunto de procedimentos que utiliza a
matemática, a estatística e, mais atualmente, a análise computacional para medir a produção e
a comunicação científica em suas diferentes abordagens. Estes estudos quantitativos
subsidiam e dão consistência às análises qualitativas de domínio.
Contribuem, portanto, para que se compreendam as dimensões cognitivas e sociais da Ciência
da Informação, se considerarmos os argumentos de Whitley (1974), para quem a primeira
abarca conceitos, teorias, problemas, métodos, leis e técnicas próprios de uma ciência,
enquanto a dimensão social refere-se ao estabelecimento de instituições formais
representativas da ciência: livros e revistas científicas, sociedades científicas, cursos de
graduação e pós-graduação, grupos de pesquisa e eventos.
A Ciência da Informação (CI), fortemente articulada às questões de produção e comunicação
científica, busca, por vezes, aprofundar o conhecimento de sua própria área por meio da
análise de domínio e dos recursos bibliométricos. Como afirmam Liberatore, Herrero-Solana
e Guimarães (2007), um dos campos que mais cresce na área é o estudo da produção científica
relacionada à Biblioteconomia e à Ciência da Informação, tanto nos grandes centros
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internacionais de produção, quanto nos ambientes Iberoamericanos. Nestes, o Brasil aparece
como país principal na produção de autores, segundo estudo realizado por Moya-Anegón e
Herrero-Solana (2002).
Diante de uma crescente produção bibliográfica, como é o caso da produção brasileira,
destaca-se como um dos principais indicadores bibliométricos, dentre os mais expressivos, a
análise de coautoria. Esta possibilita a identificação de redes de pesquisadores em
determinado
assunto,
tarefa
complexa
no
paradigma
científico
atual,
onde
a
interdisciplinaridade torna factível um objeto ser estudado nas mais variadas áreas de
conhecimento. Neste artigo, as linguagens documentais (LDs) constituem o objeto para o qual
converge a análise de coautoria
As denominadas linguagens documentais, expressão que remonta aos estudos de Gardin na
década de 60, (Gardin, 1966), são estruturas artificiais que auxiliam os processos de
tratamento e recuperação de documentos, atividades estudadas no campo da organização e
representação da informação. As linguagens documentais são instrumentos de Representação
Documental (RD), sendo utilizadas em etapa subsequente à identificação e à seleção de
conceitos contidos nos conteúdos documentais, quando se desenvolve o processo de
elaboração de produtos documentais, como os índices. Segundo Izquierdo-Arroyo (1995), a
representação documental designa a finalidade das estruturas conceituais e se refere ao
conteúdo operante em documentos diversos, visando explicitá-lo da forma mais exaustiva e
eficaz.
Sob uma ótica mais abrangente, Lara (1999) argumenta que as linguagens documentais
constituem-se, sobretudo, na expressão de determinada informação, de modo a possibilitar a
mediação entre o documento (enquanto produto do conhecimento socializado) e os indivíduos
de uma dada sociedade, o que, por sua vez, reverterá em
mudança nos estoques de
conhecimentos desses indivíduos.
Tálamo (1997, p. 10) defende que uma linguagem documental revela uma construção que visa
a “tratar a informação para fins de recuperação”. Nesse contexto, a autora destaca que a forma
de organização preconizada por uma dada linguagem documental atua como “[...] forma de
acesso que possibilite circulação efetiva da informação”. Desse modo, pode ser considerada
como uma metalinguagem, na medida em que pressupõem a existência de um conhecimento
registrado e não se definem em relação ao acervo (como preconizam, por exemplo, as teorias
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ligadas à garantia literária), mas para organizar conhecimento, sendo ao mesmo tempo
estrutura e organização.
Cintra et al. (1994, p. 23) esclarecem que as linguagens documentais “correspondem a
sistemas de símbolos destinados a „traduzir‟ os conteúdos dos documentos” na indexação, no
armazenamento e na recuperação da informação. Nesse sentido, e com base na concepção
gardiniana, afirmam que tais linguagens se constituem em “conjunto de termos, providos ou
não de regras sintáticas, utilizados para representar conteúdos de documentos técnicocientíficos com fins de classificação ou busca retroativa de informação”.
Quanto à sua tipologia, as linguagens documentais variam desde os esquemas de classificação
(filosóficos ou bibliográficos), passando pelos vocabulários controlados, até chegar aos
aparatos tecnológicos de controle terminológico. Tal fato leva a crer que esse assunto pode ser
tratado, de forma conjunta, por cientistas da informação, cientistas da computação, linguistas
e terminólogos, entre outros profissionais das mais variadas instituições e regiões. Evidenciar
uma rede social de pesquisadores na temática em questão contribui para a CI no tocante às
pesquisas de organização e representação da informação, pois concede uma base autoral
conectada cientificamente com um tema de grande relevância.
As estruturas cognitiva e social perceptíveis na evolução natural dessa base autoral de
especialização científica podem variar e adquirir características e manifestações particulares,
graças às condições em que atuam os pesquisadores, aos temas que elegem e às instituições às
quais estão vinculados. Para entender a conexão entre dimensão social e cognitiva de
determinada ciência, Whitley sugere como alternativa a reconstrução da história,
especialmente das instituições relacionadas ao campo científico (1974, p. 69).
O objetivo deste trabalho foi identificar redes de pesquisadores no tema em questão, por meio
da análise de coautoria, tendo por base os currículos disponibilizados pela Plataforma Lattes,
mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As
variáveis analisadas foram coautoria de pesquisadores e de instituições, área de atuação do
autor e canais de comunicação científica.
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2 AS REDES DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA
Originalmente chamada de bibliografia estatística, a „bibliometria‟ ganhou essa denominação
em 1934 por Paul Otlet, no Traité de Documentation, para significar o ramo da bibliografia
que se ocupa da medida ou da quantidade aplicada ao livro. Entretanto, outros estudos
bibliométricos destacaram-se anteriormente, sendo primeiro uma análise estatística de
publicações sobre anatomia comparativa, realizado por Cole e Eales em 1917, seguindo como
um estudo da história da ciência por Edward Wyndham Hulme e uma análise de autoria de
Gross e Gross, em 1927, sobre as referências de artigos de revistas de química indexados no
The Journal of the American Chemistry Society de 1926, o primeiro trabalho registrado sobre
análise de citação (PIZZANI, L; SILVA, R. C.; HOSSNE, 2010).
De técnica de medição de livros voltada às bibliotecas e à indústria do livro, a bibliometria
passou a se ocupar gradativamente, como nos conta Araújo (2006), de outros formatos de
produção bibliográfica, como, por exemplo, os artigos de periódicos, chegando
posteriormente à produtividade de autores e às análises de citações. Segundo Fonseca (apud
ARAÚJO, 2006, p. 12), a bibliometria é “técnica quantitativa e estatística de medição dos
índices de produção e disseminação do conhecimento científico”. Como técnica foi
extensamente utilizada no campo investigativo brasileiro na década de 1970, mas foi de certa
forma abandonada na década de 1980, como decorrência de uma reação às técnicas
quantitativas na época, vindo a ser retomada na década de 1990 com o uso dos computadores
(ARAÚJO, 2006).
Baseados no trabalho produzido por Willian McGrath em 1989, que traça as distinções entre
bibliometria, cientometria, informetria e webometria, Macías-Chapula (1998), Bufrem e
Prates (2005) e Araújo (2006) definem como objeto da bibliometria os livros, documentos,
revistas, artigos, autores e usuários. Esse processo de matematização nas ciências da
informação constituiu-se em estímulo ao interesse por conhecer, sob um ponto de vista
quantitativo e interdisciplinar, o comportamento dos fenômenos, processos e regularidades
que subjazem ao fluxo da informação documental, o que, conforme Gorbea Portal (2005),
também repercutiu nas atividades bibliotecárias e de informação que se realizam sob esse
fluxo. Ao analisar os fundamentos teóricos nos quais se sustentam os estudos métricos da
informação documental, o autor argumenta que a forma de indagar tais comportamentos nessa
esfera do conhecimento é a responsável pela proliferação de uma infinidade de conceitos,
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métodos e modelos matemáticos e estatísticos que cobrem um amplo espectro, desde as
simples fórmulas aritméticas e algébricas, até complexos modelos de redes neuronais,
passando pelas mais sofisticadas técnicas da estatística multivariante e da mineração de textos
e dados. Desse modo, é possível identificar um emergente sistema de especialidades métricas
da informação, para o qual convergem conceitos, definições e termos, partícipes de uma
linguagem formal de disciplinas dedicadas ao estudo do ciclo social da informação. Ao
descrever um modelo teórico para estudos métricos da informação documental, possível
graças ao processo de maturidade alcançada pelas especialidades métricas da informação, o
autor procura superar a controvérsia e os debates terminológicos e conceituais entre os
pesquisadores. Tal como já ocorreu em outras disciplinas científicas, nessas o exercício de
abordar um corpus teórico em que se possa sustentar este tipo de estudos é uma tarefa que
requer consolidação e maturidade disciplinar.
O presente estudo lança mão de „artigos‟ publicados em „coautoria‟ com o intuito de
identificar „redes sociais‟ de pesquisadores de linguagens documentais.
Redes sociais podem medir a colaboração científica entre pesquisadores, instituições e países,
tornando visível a frente de pesquisa de dado campo. E isso pode ser realizado por meio da
análise de cocitação ou análise de coautoria. Nesse sentido, o estudo de Chen, IbekweSanjuan e Hou (2010) apresenta um método de análise de cocitação de perspectiva múltipla
para caracterização e interpretação de estruturas e dinâmicas de clusters de cocitação. O
método integra a visualização de redes, agrupamentos espectrais, rotulagem automática de
clusters e sumarização de textos, focando-se nas interrelações entre os membros de um cluster
de cocitação e seus citantes. Os autores aplicaram o método em um corpus definido por doze
revistas da área da CI, publicadas entre 1996 e 2008, buscando três variáveis: uma análise
comparativa de cocitação de autores (comparative Author Cocitation Analysis – ACA), uma
ACA progressiva de uma série temporal das redes de cocitação e uma análise progressiva de
documentos de cocitação (document co-citation analysis – DCA). Os resultados
demonstraram que o método aumenta a capacidade de interpretação e de responsabilidade das
redes ACA e DCA.
Alguns fatores são determinantes no processo de colaboração científica. As pesquisadoras
Lara e Lima (2009, p. 218) citam alguns, tais como: alteração nos padrões e níveis de
financiamento; anseios por parte dos pesquisadores em aumentar a popularidade, visibilidade
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e reconhecimento científico; demanda gradual pela racionalização do poder científico;
necessidade de instrumentos em maior escala e complexidade; especialização científica
gradativa; avanço das disciplinas nas quais o pesquisador necessita de conhecimentos de
outros pesquisadores; profissionalização crescente da ciência; necessidade de adquirir
experiência e treinar novos pesquisadores; desejo de trabalhar interdisciplinarmente;
necessidade de trabalhar em estreita proximidade física com outros pesquisadores. Entretanto,
“a negociação e a troca na colaboração científica exigem, também, investimentos de ordem
sócio-emocional para manter relacionamentos colaborativos”.
Alguns pesquisadores têm estudado as redes sociais que se formam nas diferentes áreas e
subáreas do conhecimento. Assim, na temática “estudos métricos”, sobretudo no tema „redes
de colaboração científica‟, conforme Oliveira, Gracio e Segundo (2009), destacam-se
lideranças como: Liberatore, Herrero-Solana, Moya-Anégon, Olmeda Gómez e Molina (na
Espanha); Garfield, Price, Katz e Frame (nos E.U.A); Meadows e Thelwall (no Reino Unido);
e Rousseau e Glänzel (na Bélgica).
Wasserman e Faust (1994) trazem a ideia de que rede social é o conjunto formado pelos
atores (países, instituições e pessoas) e suas inter-relações. A análise da rede possibilita
retratar e descrever a estrutura de um grupo científico.
A força que traz a colaboração às pesquisas, combinando disciplinas para realizar estudos que
não poderiam ser feitos isoladamente é enfatizada por Bellanca (2009) ao estudar padrões de
colaboração com pesquisadores do Departamento de Biologia e Química da Universidade de
York, por meio de análise de três redes e de variáveis como grau de distribuição e preferência
por colaboração no campo de pesquisa em que atuam. O tipo de análise realça evidências
quantitativas para entender os padrões de colaboração científica e pode servir como promotor
de estratégias interdisciplinares nas instituições.
Neste caso, as redes apresentam o potencial de orientar a pesquisa empírica para o seu objeto
de estudo, ou seja, a colaboração entre autores da área de linguagens documentais. Verifica-se
a possibilidade de generalizações a partir das evidências empíricas que elas traduzem, dada a
sua relevância para a compreensão dos esforços individuais, institucionais, regionais e
internacionais, assim como dos poderes, disposições e relações de força desconhecidos ou
pouco compreendidos, mas que favorecem a compreensão do domínio. Na concepção de
Lloyd (1995, p. 25), é um recurso para constituir teoricamente objetos de investigação.
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Estes “domínios do conhecimento científico” que devemos conhecer e reconhecer são
produtos da história da metodologia, da teoria e da descoberta científica e, como tal, passam
por constante processo de refinamento. Tornam-se produtos de processos de constituição e
unificação, e estes processos ao serem recuperados contribuem para a compreensão da
institucionalização científica que, segundo Whitley (1974, p. 71), se refere ao padrão de ações
e significados. Em síntese, pode-se afirmar que um domínio é institucionalizado quando a
coerência e a coesão contribuem para evidenciar linhas, objetivos, métodos e ideais, em
determinado campo de conhecimento.
O intercâmbio de informações advindas da produtividade de diferentes pesquisadores e
instituições promove a união de esforços intelectuais e matérias nesse sentido. A coautoria de
artigos científicos é o registro mais evidente desta interação entre pesquisadores, sem
desconsiderar o intercâmbio de conhecimento, muitas vezes não registrado, resultante das
conversas entre pesquisadores, nas palestras, conferências, entre outras modalidades de
eventos. Segundo Beaver (2004), “a coautoria reflete a geração e troca de conhecimento novo
e atual, com a qual se alcança maior autoridade do ponto de vista epistemológico, colocando
em evidência a resolução de problemas conjuntos” (apud OLMEDA GÓMEZ; PERIANERODRÍGUEZ; OVALLE-PERANDONES, p. 129, 2008).
A análise de coautoria pode ser empregada para investigar a mobilidade internacional de
pesquisadores como elemento fulcral da colaboração científica, como encontrado em De
Filippo, Sanz Casado e Gómez (2007); para o mapeamento das redes de colaboração
científica de universidades de um país, como em Olmeda-Gómez, Periane-Rodríguez e
Ovalle-Perandones (2008); ou ainda para evidenciar ondas sucessivas que evidenciam
relações entre autores, com a finalidade de indicar estruturas de influências científicas, como
encontrado em Molina e Muñoz (2001).
Assim, as redes de coautorias podem se referir a pesquisadores ou instituições, em âmbito
micro ou macro, em geral, ou com foco em determinada temática.
As linguagens documentais constituem o objeto para o qual converge a análise de coautoria
nesta pesquisa. Também conhecidas como modelos, instrumentos ou sistemas de
representação do conhecimento, artificialmente construídas e constituídas de sistemas
simbólicos, como termos, notações alfa-numéricas e símbolos, essas linguagens visam
descrever sinteticamente conteúdos documentais e são utilizadas nos sistemas documentários
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para o tratamento e recuperação da informação. Variam quanto à tipologia: os sistemas de
classificação servem tanto para dar ordem às disciplinas quanto para a organização de
coleções bibliográficas; as listas de cabeçalhos de assunto e os tesauros servem para controlar
a terminologia adotada nos processos de indexação e recuperação da informação; as
taxonomias são usadas para a organização e recuperação de informações em empresas e
instituições; e as ontologias visam formalizar uma estrutura terminológico-conceitual em
ambientes digitais.
Piedade (1983) define esquemas de classificação como estruturas de ideias (classes)
ordenadas sistematicamente de maneira coordenada e subordinada. A autora cita como os
principais: Classificação Decimal de Dewey, Classificação Decimal Universal, Classificação
de Cutter, Classificação da Biblioteca do Congresso Americano, Classificação de Brown,
Classificação de Bliss e Classificação de Ranganathan. Langridge (1977), sob uma ótica mais
relacionada à organização do conhecimento em ambientes informacionais, afirma que as
classificações, além de identificar itens informacionais, demonstram a gama de assuntos e
suas relações em um acervo bibliográfico.
As listas de cabeçalhos de assunto são listas de termos rigorosamente estruturadas que operam
como um vocabulário controlado, cujos termos devem ser escolhidos em um léxico específico
já existente. Essas listas são compostas das seguintes formas: um vocabulário, que é uma lista
de termos aprovados para representar assuntos; uma gramática, que é rigorosa quanto ao
controle de sinônimos, quase-sinônimos e homógrafos e regras, que estabelecem o uso da
linguagem (CESARINO; PINTO, 1978).
Gomes (1990, p. 16) define tesauro como “linguagem documentária dinâmica que contém
termos relacionados semântica e logicamente, cobrindo de modo compreensivo um domínio
do conhecimento”, enquanto Vizcaya-Alonso (1997, p. 144) o define como “una lista
estructurada de conceptos (descriptores) destinados a representar de forma unívoca el
contenido semántico de los documentos y las necesidades de información”.
O tesauro é caracterizado pela especificidade e pela complexidade existente no
relacionamento entre os termos. Geralmente é temático, voltado para uma área específica de
conhecimento, ou criado de forma multidisciplinar objetivando solucionar um problema em
especial (SALES, 2008).
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Segundo Campos e Gomes (2008), as taxonomias atualmente são estruturas classificatórias,
cuja finalidade é servir de instrumento para a organização e recuperação de informação em
empresas e instituições. Estão sendo vistas como meios de acesso, atuando como mapas
conceituais dos tópicos explorados em um serviço de recuperação, e seu desenvolvimento
para o negócio de empresas tem sido um dos pilares da gestão da informação e do
conhecimento.
Em cenário mais recente, no contexto específico da CI, surgem as ontologias, como
instrumentos que podem ser adotados como linguagem documental. As ontologias, nessa
ótica, são aparatos da Engenharia Computacional, que, constituídos por uma terminologia
específica e por regras de inferências, possibilitam a formalização de uma estrutura conceitual
de dado domínio.
Uma ontologia pode ser concebida como especificação formal e explícita de uma
conceitualização compartilhada (GRUBER, 1993) ou, conforme Ding e Foo (2001), como
uma estrutura de termos que possibilita o compartilhamento de informações de determinado
domínio do conhecimento. Privilegiando o aspecto informacional da ontologia, o estudo de
Pinto, Silva e Sena (2010) desenha uma ontologia com vistas à melhor visualização e
recuperação da informação, frente a outros métodos. Os autores defendem a representação da
informação por meio de árvores hiperbólicas frente às tradicionais estruturas de bases de
dados. A sua modelação visual pode ser realizada em novo produto ou na adaptação a
recursos já existentes, como o Protègè, e acoplamento de outros programas a gestores de
ontologia, como Ucinet, NetDraw e Pajek. Os autores também se referem a outros estudos,
como o de Mika (2005), o de Wennerber (2005) e o de Vallet (2005), que mencionam a
apropriação ontológica na Internet, assim como algumas iniciativas que alicerçam essa nova
competência, como a criação do TouchGraph, do Grooker e do Kartoo, que trabalham com
um sistema de Inteligência Artificial como base da visualização informacional por cartografia
inferencial de termos.
Ao afirmar que ontologias podem ser entendidas como a reinvenção das classificações, na
medida em que parte de seu estudo é classificação das coisas e tipos das coisas (concretas e
abstratas), Soergel (1999) empresta ao termo ontologia o significado de uma classificação
superficial adicional das categorias básicas das coisas.
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Considerando toda a complexidade das linguagens documentais, um estudo que tece rede(s)
social(is) em tal temática surge no campo da organização e representação da informação como
pertinente e necessário para o mapeamento de pesquisadores e instituições que fomentam tais
pesquisas.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a elaboração da análise de coautoria e a concepção das redes sociais de pesquisadores e
instituições relacionados aos estudos de
linguagens documentais,
foi construído
primeiramente um corpus de análise, ou seja, definido o universo de documentos a serem
analisados - exclusivamente artigos científicos. Para tanto, utilizou-se como fonte os
currículos disponibilizados pela Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/), base de dados de
currículos e instituições das áreas de Ciência e Tecnologia, desenvolvida e mantida pelo
CNPq – uma das agências de fomento à pesquisa do Governo Brasileiro. O levantamento foi
realizado entre os dias 26 de junho e 02 de julho de 2009, cumprindo-se as buscas criteriosas,
conforme descrito a seguir.
Primeiramente foi realizada uma busca de currículos, por assunto, na interface da Plataforma
Lattes. O levantamento foi efetuado nas bases dos currículos dos Doutores e teve como
termos de busca as seguintes sentenças: Linguagem Documentária 2, Linguagens
Documentárias, Linguagem de Indexação e Linguagens de Indexação. Essa variação nos
termos de busca foi definida pelo fato de que a mesma variação ocorre na literatura da área.
Por exemplo, os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comumente adotam o
termo „linguagem documentária‟, ao passo que os da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) preferem a adoção do termo „linguagem de indexação‟, refletindo, como destaca
Guimarães (2008), respectivamente as orientações francesa e inglesa do Tratamento Temático
da Informação. Assim, a busca por palavra-chave não tem uma cobertura total de recuperação,
apresentando alguma possibilidade de erro no processo.
Com o propósito de viabilizar uma análise que cobrisse os artigos publicados em um período
de dez anos (2000 a 2009), foram selecionados apenas os currículos cuja produtividade
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Embora parte dos pesquisadores atuais esteja adotando o termo linguagem documental, por coerência à língua
portuguesa (que determina o uso do sufixo „al‟ para os adjetivos derivados de substantivos terminados em
„nto‟), a opção pelo termo linguagem documentária se faz necessária pelo fato de ser o termo
predominantemente utilizado na literatura corrente.
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indicava ao menos 50% de relação com o tema „linguagem documental‟, baseado no
indicador de frequência relativa dos termos de busca sobre o currículo encontrado, mecanismo
concedido pela própria Plataforma Lattes. Tal medida foi tomada com o único propósito de
tornar possível operacionalmente esta investigação, tratando-se, portanto, de um recorte
metodológico necessário e consciente da possibilidade de não abarcar todos os currículos que,
em menor medida, apresentam relação com as linguagens documentais. Como resultado do
levantamento, obteve-se 37 currículos.
Em cada currículo foi verificada a parte destinada aos artigos publicados. Para cada artigo
contido nos 37 currículos, foram efetuadas leituras dos títulos, palavras-chave e resumo, com
o fim de verificar se de fato o artigo tratava do tema linguagens documentais. Como resultado,
obteve-se sessenta artigos, sendo vinte de autoria simples e quarenta em coautoria. Esse
resultado sugere que o respectivo tema vem sendo tratado predominantemente em parcerias.
Por um lado, pelos tênues limites entre os elementos associativos componentes do domínio
das linguagens documentais e, por outro, acompanhando o tipo de autoria que tem
predominado nas pesquisas nos diferentes campos do conhecimento, especialmente nas
ciências sociais e aplicadas, onde há um crescimento dos trabalhos em coautorias.
A próxima etapa consistiu em extrair dos quarenta artigos escritos em coautoria as seguintes
informações: a) nomes dos autores e registro das autorias feitas em conjunto; b) nomes das
instituições às quais os autores estão vinculados e registro das parcerias institucionais; c) área
de atuação dos autores e d) periódicos em que os artigos foram publicados.
Os vínculos institucionais e as áreas de atuação foram considerados de acordo com o
apresentado nas publicações analisadas. Biblioteconomia, Arquivologia e Documentação
foram incorporadas à CI. Nas situações de autores vinculados a mais de uma instituição, como
profissional e acadêmica (Pós-Graduação), optou-se pela afiliação acadêmica, por se entender
que os motivos propulsores de elaboração de artigos foram, predominantemente, fomentados
pelos cursos de Pós-Graduação.
Para melhor visualização dos dados quantificados, foram criadas matrizes quadradas e
simétricas para a observação das coautorias pessoais e institucionais (conforme exposto nos
Resultados e Discussões), utilizando-se o programa Microsoft Office Excel 2007®. E para a
representação gráfica das redes de colaboração científica, foi empregado o software Pajek –
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programa em forma de arquivo, recomendado para gerar representações gráficas de redes
sociais.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Em decorrência das etapas descritas anteriormente, obteve-se resultados que tornaram
possível a construção de redes sociais que envolvem o espaço investigativo da temática
estudada. A primeira medida a ser tomada, quando da análise dos resultados, foi calcular o
Índice de Colaboração segundo definido por Spinak (1996). Segundo o autor, o índice de
colaboração pode ser calculado mediante a somatória do produto da quantidade de autores por
artigo (i) com a quantidade de artigos com i autores (Ni) divididos pelo número total de
artigos (N), conforme ilustrado na fórmula abaixo:
Índice de Colaboração (IC)
IC=∑i.Ni/N
Onde: N = total de artigos
i = quantidade de autores no artigo
Ni = quantidade de artigos com i autores
IC = Média ponderada de autores por artigo
Aplicando o cálculo para a identificação do índice de colaboração, temos, na presente
investigação, o índice de colaboração (IC) = 2,42, isto é, em média, cada artigo foi produzido
por 2,42 autores, um número consideravelmente elevado se entendermos que cada artigo
analisado foi escrito por mais de dois autores, evidenciando assim a forma colaborativa da
pesquisa no tema estudado.
O registro dos dados dos quarenta artigos elaborados em coautoria identificou 67 autores e
treze instituições às quais aqueles estão vinculados. No Quadro 1, estão listados os autores
organizados por ordem numérica definida aleatoriamente (sem lógica de ocorrência) no
momento da análise dos artigos.
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27
28
29
30
31
32
33
34
CAFÉ, L.
BRATFISCH, A.
MENDES, F.
CAMPOS, M. L. DE A.
GOMES, H. E.
MARCONDES, C. H.
CAMPOS, M. L. M.
CAMPOS, L. M.
LIRA, L.
SALES, L. F.
MARTINS, A. E.
BOCCATO, V. R. C.
FUJITA, M, S, L.
RUBI, M. P.
GIL LEIVA, I.
RAMALHO, R. A. S
VIDOTTI, S. A. B. G.
SILVA, M. dos R. da
LIMA, V. M. A. de
KOBASHI, N. Y.
COUTO, M. L. de M. do
SANTOS, C. A. C. M. dos
AMARAL, M. C.
TOKAREVICZ, S.
DELLA TORRE, S. R. S.
GUERRA, S. R. Y.
BARCELLOS, J. C. H.
SILVA, C. R. da
LARA, M. L. G. de
TÁLAMO, M. de F. G. M.
MOREIRA, M. P.
MOURA, M. A.
MOREIRA, A.
ALVARENGA, L.
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
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59
60
61
62
63
64
65
66
67
OLIVEIRA, A. de P.
NAZÁRIO, L.
RODRIGUES, D. C. da S.
VIEIRA, E. Q.
SILVA, I da
PAOLIELLO, L. M. B. de O.
ALMEIDA, M. B.
CARDOSO, A. M. P.
CENDON, B. V.
SILVA, A. P.
AMORIM, V. R. de
NARDI, M. I. A.
FAGUNDES, S. A.
BARQUÍN, B. A. R.
MOREIRO GONZÁLEZ, J. A.
PINTO, A. L.
SALES, R.
LENZI, L. A. F.
MAIMONE, G. D.
UNGER, R. J. G.
FREIRE, I. M.
FERREIRA, G. I. S.
BONOTTO, M. E. K. K.
VAN der LAAN, R. H.
CAREGNATO, S. E.
NEVES, I. C. B.
GASPERIN, I. M. de
XAVIER, A. G.
RIBEIRO, A. F.
SANTOS, L. R. dos
ROCHA, R. P. da
GUIMARÃES, J. A. C.
MARTINEZ, M. L. C.
Quadro 1: Lista de Autores dos Artigos
Fonte: Elaborado pelos autores
Para a análise da colaboração científica dos autores, foi criada uma matriz quadrada e
simétrica 67x67, respeitando a definição dos números atribuídos para cada autor, como
apresentado no quadro acima, ou seja, a autora 13 é a „FUJITA, M. S. L.‟, tanto no quadro de
autores quanto na matriz simétrica.
Para visualizar a rede social entre os 67 autores constantes nesta investigação, foi construída,
por meio do software Pajek, a representação gráfica da rede colaborativa aqui identificada,
conforme mostra a Figura 1. Manteve-se a numeração dos autores, que são abaixo
representados pelas esferas em tom vermelho. As ligações autorais são demonstradas pelas
linhas azuis, cujas espessuras variam de acordo com o número de coautorias ocorridas entre as
duas esferas (autores).
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Figura 1: Redes Sociais dos Autores
Fonte: Elaborada pelos autores
Observando a Figura 1, constata-se a existência de várias subredes colaborativas, mas que
existem de forma quase isolada umas das outras, o que leva a inferir que a pesquisa em
linguagens documentais, embora fomentada com certo grau de colaboração, apresenta-se sem
comunicação entre as próprias subredes. Em decorrência, calculada a densidade da rede em
questão, ou seja, tomando-se o quociente entre o número de conexões presentes na rede (140)
pelo número total de conexões possíveis (2.211), obteve-se a densidade de 0,06, configurando
6% das possibilidades de conexões, indicador que sugere uma frágil relação entre os
pesquisadores.
Destaca-se que a rede mais coesa, entendendo-se coesão como um grande número de autores
se comunicando com todos os outros, é a rede composta pelos autores 12, 19, 20, 21, 22, 23,
24, 25, 26 e 27, todos vinculados (acadêmica ou profissionalmente) à Universidade de São
Paulo (USP). A referida rede constitui um clique, na medida em que cada autor faz
interlocução com todos os demais da mesma rede. Destaca-se outra rede menor que também
configura um clique, formada pelos autores 32, 36, 37, 38, 39 e 40. Observam-se ainda
formações de tríades isoladas, ou seja, três autores colaborando somente entre si, como
verificado na interlocução feita entre os autores 48, 49 e 50 e, 33, 34 e 35. Com relação à
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autora 12, foram identificados artigos publicados sob filiação da USP e da Universidade
Estadual Paulista (UNESP), fator que explica seu papel de ligação entre ambas as redes
institucionais, já que a rede formada pelos autores 13, 14, 15, 16, 17, 18, 46 e 47 é,
notadamente, de pesquisadores da UNESP. Ambas as instituições são do Estado de São Paulo.
A rede formada pelos autores 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 vem ratificar a ideia de regionalização da
colaboração autoral, pois é formada por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense
(UFF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituições do mesmo estado
brasileiro. O mesmo ocorre com os autores 56, 57, 58, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64 e 65, que
formam uma rede composta por pesquisadores vinculados a uma instituição do estado do Rio
Grande do Sul e a rede formada pelos autores do estado de Minas Gerais (31, 32, 36, 37, 38,
39, 40, 41, 42, 43, 44 e 45). Essa questão da regionalização dos autores que colaboram
cientificamente será mais bem visualizada na representação gráfica das redes sociais
institucionais.
Ainda se pode ressaltar a expressiva quantidade de autores produzindo conjuntamente, pois
são 67 autores que escreveram quarenta artigos, assim como de autores que compõem as redes
regionais, o que indica que há uma boa comunicação entre pesquisadores de uma mesma
instituição ou instituição vizinha. Destaca-se ainda a baixa quantidade de autores que não
fazem parte das grandes subredes sociais, como observado na parte central da Figura 1.
A figura 2 apresenta a rede institucional, a partir das 13 instituições às quais estão vinculados
os 67 pesquisadores em questão.
Considerando que o número de coautorias é maior na colaboração entre pesquisadores da
mesma instituição, destaca-se, na Figura 3, a Universidade Estadual Paulista (UNESP),
liderando o número de autorias conjuntas na instituição com nove artigos. Em seguida, a
Universidade Federal Fluminense (UFF), com seis artigos e Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), com quatro artigos. Note-se que, embora a USP tenha apresentado a maior
coesão na formação das redes sociais expostas, Figura 1, ela apresenta menor quantidade de
artigos publicados conjuntamente entre seus pesquisadores, apenas três, mesmo número da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isto sugere que os autores vinculados
à USP apresentam, segundo esta análise, maior articulação entre eles quanto à quantidade de
autores por artigo e não quanto à quantidade de artigos publicados. No que diz respeito à
colaboração entre instituições, destaca-se a UFRJ junto com a Universidade UFF, e a USP,
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em conjunto com a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC/CAM), as quais
publicaram três artigos em colaboração. Porém, como já ressaltado anteriormente, há uma
tendência às colaborações científicas de se desenvolverem de maneira regional, como pode
ser observado na Figura 2.
Figura 2: Redes Sociais das Instituições
Fonte: Elaborada pelos autores
Na ilustração acima, as instituições estão representadas, no caso brasileiro, por esferas
coloridas de acordo com a unidade da Federação: azul representa São Paulo; vermelho
representa Minas Gerais; verde, Rio Grande do Sul; azul claro, Santa Catarina; e verde claro
representa o Rio de Janeiro; no âmbito do exterior, o amarelo refere-se às instituições
espanholas. As esferas estão dimensionadas de acordo com a quantidade de coautorias
internas. Como verificável, as esferas representativas da UNESP e da UFF são maiores por
apresentarem maior produtividade colaborativa interna. As linhas que ligam as esferas
(instituições) também têm suas espessuras de acordo com o volume de coautorias
identificadas. De forma geral, a rede institucional apresenta-se frágil, com densidade
aproximadamente de 9%, indicador que mostra poucas colaborações existentes entre as 13
instituições.
Com exceção da ligação existente entre a UNESP e a Universidade de Múrcia na Espanha,
não há colaboração realizada entre instituições de regiões/estados diferentes. Ao agrupar essas
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redes institucionais em linhas horizontais associadas por regiões, conforme Figura 3, nota-se a
ausência de ligações de autorias entre as instituições brasileiras de estados de origens
diferentes.
Figura 3: Redes Sociais das Instituições por Região
Fonte: Elaborada pelos autores
Nesta representação gráfica (Figura 3), vale destacar o papel fundamental das instituições que
atuam como nós de ligação entre as demais instituições das respectivas regiões. É o caso da
USP, ligando instituições paulistas, da UFMG, ligando instituições mineiras e da UFF,
ligando instituições cariocas. O papel centralizador dessas instituições viabiliza uma ligação
indireta entre instituições que não apresentaram coautorias diretas, fato que evita um maior
isolamento no universo da pesquisa em linguagens documentais.
O mais preocupante no isolamento estadual das redes sociais é o fato de que USP, UFMG,
UFRJ e UFSC, por se constituírem em instituições com Programas de Pós-Graduação em CI,
tratam do tema linguagem documental, mas não se comunicam, não estão praticando a
colaboração científica para um mesmo tema. Isso, muitas vezes, ocasiona, involuntariamente,
trabalhos realizados com duplo esforço intelectual e material.
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Outras duas informações extraídas nesta análise que possibilitam maior compreensão do
comportamento social dos pesquisadores são a área de atuação dos autores e os periódicos
preferidos para a publicação dos artigos relacionados ao tema.
Foram identificadas sete áreas de conhecimento, sendo a expressiva maioria de autores da
área da CI. Detalhadamente, foram as seguintes: Ciência da Informação – 58 autores (aprox.
86,6%); Ciência da Computação – 3 autores (aprox. 4,5%); Sistemas de Informação – 2
autores (aprox. 3%); Letras – 1 autor (aprox. 1,5%); Educação – 1 autor (aprox. 1,5%); Artes
– 1 autor (aprox. 1,5%) e; Comunicação – 1 autor (aprox. 1,5%). Embora a grande maioria
dos autores pertença à área da CI, percebe-se certo grau de interdisciplinaridade – nada muito
expressivo, porém registrável – quanto à abordagem da temática em questão.
Quanto aos periódicos que publicaram os quarenta artigos na temática em coautorais,
registrou-se um total de 13 títulos, relacionados na Tabela 2.
PERIÓDICO
DataGramaZero
Perspectivas em Ciência da Informação
Transinformação
Informação e Sociedade: Estudos
Encontros Bibli
Em Questão
Ponto de Acesso
Cadernos de Biblioteconomia, Arquivística e Documentação
Informação & Informação
Rumores
Information Research
Seminário de Pesquisa em Ontologia no Brasil3
Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação
Tabela 2: Lista dos Periódicos
Fonte: Elaborada pelos autores
CIDADE
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Campinas
João Pessoa
Florianópolis
Porto Alegre
Salvador
Lisboa
Londrina
São Paulo
Londres
Rio de Janeiro
Campinas
Artigos
13
7
6
3
2
2
1
1
1
1
1
1
1
%
32,5
17,5
15
7,5
5
5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
Os resultados mostram que o tema linguagens documentais vem sendo, nesta década,
amplamente difundido pela Revista DataGramaZero, seguida pelas revistas Perspectivas em
Ciência da Informação e Transinformação. Destaque-se a ausência da Revista Ciência da
Informação, considerada o principal periódico brasileiro da área.
3
Embora não se trate de um periódico da área da CI, esse canal de comunicação entrou na presente investigação
pelo fato de o mesmo constar no currículo do autor do artigo como publicação em periódico. Portanto, trata-se de
respeito à informação concedida pelo pesquisador.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Com os resultados aqui apresentados, é possível definir com clareza algumas inferências a
respeito das redes sociais formadas por pesquisadores do tema linguagens documentais. A
pesquisa neste tema é concebida em alto índice de colaboração - são mais de dois autores por
artigo
publicado.
Porém,
esse
apreciável
índice
é
fruto
de
uma
colaboração
predominantemente intrainstitucional, pois é notório que a formação das redes sociais é mais
densa quando se trata de coautorias de pesquisadores pertencentes à mesma instituição. A
coautoria mais frequente foi praticada pelas autoras Maria Luiza de Almeida Campos e Hagar
Espanha Gomes, ambas vinculadas à UFF.
Essa intensificação de redes formadas dentro das próprias instituições, até certo ponto
esperada, constata que a proximidade física ainda é um fator dominante na comunicação entre
membros pesquisadores. Essa proximidade espacial também fala mais alto na constituição das
redes entre instituições, pois se constatou que os pesquisadores, quando não estão produzindo
juntamente com seus colegas de „casa‟, estão colaborando com autores de instituições
vizinhas, do mesmo estado. A instituição que apresentou maior número de artigos
coproduzidos internamente foi a UNESP, e as que apresentaram maior quantidade de
coproduções entre instituições diferentes foram a USP, a PUC/Campinas, a UFRJ e a UFF.
Ao mesmo tempo em que se evidencia uma preocupante falta de colaboração entre
instituições de estados brasileiros diferentes, chama-se atenção para o papel de grande
relevância das universidades centralizadoras (USP, UFMG e UFF), que associam, mesmo de
forma indireta, instituições não praticantes de coautorias e trabalhos colaborativos. Porém, é
necessário atenção para que as instituições, sobretudo aquelas que mantêm programas de PósGraduação, fomentadores por excelência de pesquisa, que não desperdicem capital intelectual
e material por mera falta de comunicação.
Pode-se confirmar que esses processos e comportamentos, ao serem recuperados,
contribuíram para a compreensão da institucionalização científica na área, conforme indica
Whitley (1974).
Como era de se esperar, os autores relacionados à literatura que aborda o tema linguagens
documentais são predominantemente da área da CI, embora haja certo grau de
interdisciplinaridade quanto às áreas registradas nesta pesquisa. O periódico que
majoritariamente vem publicando artigos sobre o tema em estudo é a Revista DataGramaZero.
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Como recomendação para futuros trabalhos, sugere-se a análise mais detalhada a respeito das
formações dos cliques e tríades aqui constatados, com a finalidade de evidenciar os motivos
que acarretam tais formações de colaboração. Fica, também, a possibilidade de se verificar a
análise de agrupamentos, também conhecida como clusters ou análise de conglomerados.
Seria de significativo complemento, para a compreensão da pesquisa em linguagens
documentais, a análise de citação e de cocitação a partir da fonte utilizada nesta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
De modo especial, agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP) pelo apoio financeiro e à Dra. Maria Cláudia Cabrini Grácio pelas elucidações
técnicas e conceituais.
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Abstract
Social networks can measure the scientific collaboration among researchers, institutions and countries,
making visible the investigative behavior of any field. Indexing language is a theme primarily
approached by the area of information organization and representation. This paper presents the
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formation of social networks related to the indexing language theme using the available curricula on
the Lattes Platform. Co-authorship analyses were done for researchers and institutions, as well as
information about the journals most used to communicate the theme and knowledge areas that deal
with investigations of indexing languages. It was found that co-authorship index is high, but the social
networks of the respective theme are designed in a localized way.
Keywords: Social Networks. Scientific Collaboration. Co-authorship. Indexing Language.
Oginais recebidos em:14/11/2009
Aceito para publicação em: 24/10/2010
Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.1-24, 2011.
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