Professor paga fiança de R$ 1,2 mil e é liberado A GAZETA - CADERNO B PÁGINA 5 CUIABÁ, 30 DE SETEMBRO DE 2009 TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS Quadrilha é formada por policiais, advogados e empresários de MT 13 pessoas foram presas ontem na Operação Maranello, deflagrada pela Polícia Federal, e 11 continuam sendo procuradas NADJA VASQUES Lista dos que tiveram a prisão preventiva pedida pela PF DA REDAÇÃO empresário Alexandre Zangarini e o advogado Edésio Ribeiro Neto, o Binho, estão entre os 13 presos da Operação Maranello, deflagrada ontem pela Polícia Federal de Mato Grosso para combater uma quadrilha internacional de tráfico de entorpecentes ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Zangarini, segundo a PF, seria o financiador do tráfico, enquanto Binho atuaria como organizador. Onze pessoas estão foragidas. (Veja na página a lista das pessoas que tiveram a prisão preventiva pedida pela Polícia Federal). Entre os presos estão 4 investigadores da Polícia Civil, empresários, traficantes e intermediadores. No total, foram expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso 24 mandados de prisão preventiva, a maioria para Cuiabá, mas também para serem cumpridos em Corumbá (MS), São Paulo (SP) e Teixeira de Freitas (BA). A PF também apreendeu 9 veículos importados de luxo, entre eles uma Ferrari, 2 BMW, um Corvette, uma Mercedes, um Porsche, uma moto e vários carros nacionais. Foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e 20 pessoas foram conduzidas coercivamente à Polícia Federal, para prestar esclarecimentos. Além dos carros, os federais apreenderam joias e relógios, decretaram indisponíveis 42 contas correntes utilizadas supostamente para lavagem de dinheiro e evasão de divisas e bloquearam nos cartórios as escrituras dos imóveis pertencentes a todos os investigados. Por determinação judicial, todos os bens dos acusados, desde 2004, foram considerados indisponíveis. A PF suspeita que as transações financeiras da quadrilha tenham rendido R$ 3 milhões. A Operação Maranello, em referência à cidade italiana onde se fabrica a Ferrari, é resultado da apreensão de 383 kg de cocaína pela Polícia Civil em 20 de junho, na Fazenda Sete Irmãos, em Barão de Melgaço (113 km ao sul de Cuiabá). Como a origem da droga era boliviana, a investigação passou a ser conduzida pela Polícia Federal. Há informações do envolvimento de um delegado da Polícia Civil no esquema. Sobre esse fato, o delegado Evandro Iwasaki, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, informou que as investigações continuam e que as prisões pedidas até o momento foram baseadas em provas contundentes da participação dos acusados. O delegado acredita que, após as oitivas, a Polícia chegará aos nomes de outros envolvidos. Os policiais civis Wagner Rodrigo de Amorim, Adauto Ramalho da Silva, Neuri Alves da Silva e Jocenil Paulo de França, presos durante a operação, tinham uma participação efetiva na quadrilha, segundo o delegado Evandro. Eles atuavam como braço armado, mas também foram responsáveis por esconder a droga na fazenda e proteger o local. A Polícia Civil demorou quase 30 dias para localizar o entorpecente, O Fotos: Chico Ferreira Foram expedidos 24 mandados de prisão preventiva, a maioria para Cuiabá, mas também para serem cumpridos em MS, SP e BA embalado em 376 tabletes, dentro de 13 sacos plásticos escondidos sob uma lona na mata. Na ocasião, os policiais Wagner e Adauto foram presos, mas depois conseguiram habeas corpus. De acordo com o diretor da Polícia Civil, José Lindomar da Costa, Wagner e Adauto já respondem processo criminal e administrativo na Corregedoria Geral da Polícia Civil e estavam afastados das suas funções. O mesmo procedimento será instaurado para apurar a responsabilidade dos policiais Neuri e Jocenil. Dólar-cabo - Os integrantes da quadrilha utilizavam o método conhecido como dólar-cabo para pagar os fornecedores na Bolívia. O esquema funciona da seguinte maneira: o comprador paga o intermediário, em dinheiro. Esse geralmente tem um negócio no Brasil e usa um “laranja”, pessoa física ou jurídica, para depositar o dinheiro. Esse mesmo intermediador tem uma empresa na Bolívia e autoriza, por telefone, que o valor seja pago ao fornecedor. O objetivo 9 veículos importados de luxo foram apreendidos, entre eles uma Ferrari, 2 BMW, um Corvette, uma Mercedes, um Porsche, uma moto e vários carros nacionais Alexandre Zangarini - empresário Edesio Ribeiro Neto - advogado Aroldo Fernandes da Luz - advogado Adonai Novais de Oliveira Adauto Ramalho da Silva - policial civil Wagner Rodrigo de Amorim - policial civil Neuri Alves da Silva - policial civil Jocenil Paulo de Franca - policial civil Jackson Luiz Costa Conceição Mario Marcio Nascimento dos Santos Munir Hammoud Marcelo José Hardman Medina Daniel da Silva Guia Alaor Gomes Corrêa Júnior Manoel Osmario Batista Corrêa Roberto Carlos Pereira Marcelo da Silva Pereira Rubens Antero da Costa Ribeiro Helder Pereira Diniz Antônio Martins de Assis Edilson Amorim do Nascimento Enivaldo Fernandes de Souza Francisco Fernandes de Souza Jony da Costa Silva Ricardo da Costa Silva Rodolfo da Costa Silva é não enviar dinheiro para o exterior, pois nesse caso o Banco Central precisa ser avisado. Como a autorização é feita por telefone, o método recebeu o nome de dólar-cabo. A Polícia Federal supõe que essa pessoa seja o empresário Alexandre Zangarini, que além de ter empresa de compra e venda de automóveis em Cuiabá possui cassinos e máquinas de caça-níqueis na Bolívia. Em 13 de março de 2003, Zangarini prestou depoimento ao juiz federal Cesar Bearsi como testemunha. Ele admitiu conhecer todos os envolvidos com o jogo ilegal em Mato Grosso, entre eles Marlon Marcos Baffa Pereira, Rivelino Brunini e Fauze Rachid Jaudy, o sargento José Jesus de Freitas e o uruguaio Julio Bachs Mayada, considerado o gerente da exploração de máquinas em Mato Grosso. Na Bolívia, Alexandre Zangarini é considerado um dos chefes do crime organizado. Ele é apontado como responsável pela extradição de outro brasileiro, Elson João Freese, concorrente dele no negócio de máquinas caça-níqueis, em Santa Cruz. Embora na Bolívia os jogos sejam legalizados, as máquinas caça-níqueis precisam de licenças de funcionamento, porque são destinadas para adultos. Em entrevista a um jornal boliviano, Zangarini, dono da Jet Games, afirmou ter 5 mil máquinas em funcionamento em todo o país, desde 2004. Ele alegava que as suas máquinas eram legais, mas vinha sendo investigado pelo equivalente ao Ministério Público do Brasil, porque as máquinas estavam distribuídas em locais onde crianças tinham acesso. Reincidente - O advogado Edésio Ribeiro, o “Binho”, responde em liberdade pelo crime de roubo. Ele é acusado de ser o mentor de uma assalto a uma joalheria dentro de um shopping de Cuiabá, em 2004.