Geral/Opinião
Boa prosa
Tem-se como certo que quem suportou a tentação de adquirir um novo
televisor com o objetivo de assistir aos
jogos da Copa do Mundo, não vai se arrepender. Passada a euforia do evento,
espera-se, com grande convicção, que os
preços vão desabar. Serão as chamadas
liquidações de ponta de estoque. Isto
sempre funcionou. Vai ser promoção
em cima de promoção e o consumidor
poderá escolher à vontade. Vendedores
mais experientes estimam que os preços
cairão em, até, 40 por cento.
Sofrida desde a infância, já que fora entregue para adoção pelos
pais legítimos, que alegavam não ter condições de criá-la, Edilane, já
se aproximando dos 40 anos, ainda alimentava o sonho de se casar
na igreja. “De véu e grinalda” costumava dizer. A família que a adotara, também, não era lá essas coisas. O chefe, de nome Cícero, morreu
ainda novo, deixando a viúva, Dona Francisca com quatro filhas, mais
Edilane, que era considerada como se legítima fosse. Ela correspondia,
pois era uma boa filha, muito responsável e dedicada ao trabalho.
Mas, as aperturas de um grupo familiar daquele tipo, empurraram
todas elas para o trabalho. E, trabalho grosseiro, visto que nem Dona
Francisca nem suas filhas, conseguiram se qualificar profissionalmente. Era encarar o serviço de empregada doméstica. Mesmo assim,
levavam uma vida mediana, sem nenhum luxo, mas sem nenhuma
necessidade mais grave. No final do mês elas faziam o rateio e cada
qual assumia uma responsabilidade para com as despesas da casa.
De bom mesmo, só a casinha que Cícero deixara. “Graças a Deus não
pagamos aluguel,”, costuma vaticinar Dona Francisca.
Edilane, de certa feita, trabalhou em uma casa vizinha à sua. O
patrão, advogado muito conhecido em Anápolis, a remunerava bem
e toda a família gostava dela. Até porque, Edilane era “boa de serviço”
não faltava, não resmungava, não reclamava. Estava sempre alegre,
satisfeita, era muito asseada e de pouca conversa. A emprega que
toda família sonha ter. Todavia, a vontade de casar nunca passou. Até
que ela teve alguns namoricos, principalmente com rapazes da igreja
que frequentava, entretanto, sem muito futuro.
Num certo dia, o patrão de Edilane contratou os serviços de um
pedreiro. Coisa de curta duração, apenas reparos na casa. Este se
apresentou, acompanhado de um servente (ajudante). E, foi nele
que Edilane bateu o olho. “É esse” suspirou. E, de fato, o rapaz era
bem falante, comunicativo, todo gentileza para com ela. Foi amor à
primeira vista. O conquistador, em poucos encontros, já falava em
casamento. Edilane o levou à sua casa, apresentou-o à família e todos
ficaram muito felizes. Tratavam o “futuro esposo de Edilane” como a
um a príncipe. O tempo correu depressa e o namoro já durava quase
dois meses. Foi quando o dito cujo, de nome Rogério, pediu a ela
“uma prova de amor”. Ela, coitada, perdida de paixão, resolveu sair
com ele. Por várias vezes. Depois disso, então, Rogério passou a desconversar sobre o casamento. Dizia que estava apertado, que estava
devendo muito, essas coisas. Edilane entristeceu-se e começou a ficar
mais exigente. Passou a vigiar os passos de Rogério. Foi aí que a casa
caiu. Em pouco tempo ela ficou sabendo, dentre outras coisas, que
ele, o Rogério, era casado, que morava na Vila Jaiara e que tinha quatro filhos. Era tudo verdade. Fim de um sonho. O enxoval que estava
em fase de montagem foi abandonado em uma mala, no quarto de
Edilane. A vergonha dos vizinhos, dos irmãos da igreja e dos familiares quase a mata de depressão. Rogério sumiu no mundo e Edilane
não se casou. Está solteira até hoje, aos 42 anos. (fato verídico).
Força do poder
Nova sistemática
Quem reclama do atendimento em alguns setores como saúde;
bancos, supermercados, etc. é porque nunca dependeu de atendimento em um cartório. Com raras
e honrosas exceções, esses estabelecimentos fazem do povo “gato e
sapato”. Além de cobrarem taxas
exorbitantes, talvez as mais altas
do Brasil, eles não oferecem condições de conforto e segurança
para os clientes que os procuram.
São raros os que têm assentos para
idosos e deficientes. Sem contar as
pessoas ditas “normais” que ficam
na fila por duas, três horas à espera de um documento. Às vezes, na
calçada do cartório.
O interessante de tudo é que
ninguém, absolutamente ninguém,
cobra qualidade no atendimento
desses prestadores. E, ai de quem
reclamar no balcão... Corre o risco de não ser atendido. Uma simples cópia de certidão demora uma
eternidade para ser expedida e, em
muitos casos, os atendentes pensam estarem fazendo “um grande
favor”. De onde será que sai tanta
força para esse pessoal?
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Na semana passada a polícia apreendeu uma moto
furtada e que estava sendo
conduzida por um conhecido marginal da Cidade.
A abordagem aconteceu no
Residencial
Copacabana.
Com os dados do veículo
rastreados no sistema de
computação da PM, foi fácil localizar o endereço de
seu legítimo proprietário.
Os policiais, então, foram
ate à residência dele, no
Bairro JK, e chamaram na
campainha. O dono, meio
atordoado, abriu a porta.
Estava saindo do banho. O
policial perguntou se ele
tinha conhecimento do furto da moto. Ele, veementemente, insistiu em dizer
que a moto não havia sido
furtada e que estava na calçada em frente à sua casa.
Mas, ao checar, viu que ela,
de fato, não estava mais lá.
Fora furtada horas antes e
o proprietário não tomara
conhecimento. Agradecido,
recebeu o veículo intacto.
O marginal foi preso. Mais
uma vez. Segundo dados da
polícia, a décima segunda.
Comércio automotivo
Com um mês de junho
fraco, principalmente por
causa dos feriados provocados pelos jogos da Copa,
o mercado de carros e comerciais leves teve o pior
primeiro semestre dos últimos três anos. Foram vendidas, de janeiro a junho,
1.583.066 unidades, contra
1.707.633 no mesmo período do ano passado, o que
indica uma queda de 7,3%.
O desempenho do primeiro
semestre só foi melhor que o
resultado do mesmo período
de 2010, quando foram vendidos 1.393.677 carros e comerciais leves. Os dados são
da ANFAVEA - Associação
Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores.
Espertalhão
A 1ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região condenou um advogado por se apropriar indevidamente de R$ 15.876,98
que seu cliente havia ganhado em uma ação previdenciária. A decisão atendeu apelação do Ministério Público
Federal em Marília, interior
de São Paulo. O cliente teve
o direito à aposentadoria
por invalidez reconhecido e
deveria ter recebido o valor,
referente aos retroativos do
benefício, em fevereiro de
2009. No entanto, em vez
de repassar o dinheiro para
o cliente, o advogado fez
com que este transferisse
tudo para sua própria conta
corrente. Segundo o cliente,
o advogado o levou a uma
agência da Caixa Econômica Federal para assinar “alguns papéis”, alegando que
se destinariam a “simples
conferência”. A vítima afirmou que não sabia que o dinheiro já se encontrava disponível para saque e muito
menos que estava repassando os valores ao advogado.
Após ser procurado, por
várias vezes, pelo cliente ao
longo de um ano, o advogado lhe entregou, apenas,
R$ 10 mil, sustentando que
tinha direito a honorários
de 30% do valor recebido
na ação, apesar de ter sido
nomeado pela assistência
judiciária. Ah, se isso acontecesse só lá em Marília...
Liquidações
Alguns secretários municipais, por
não terem lastro político (são essencialmente técnicos) ficam mais vulneráveis
às críticas disparadas contra eles por
conta de agentes partidários insatisfeitos, ou, contrariados, quando não são
atendidos a tempo e à hora. Nesta relação podem ser colocados Francisco Costa
(Meio Ambiente); Francisco Rosa (Ação
Social) e Luiz Carlos Teixeira (Saúde).
Os demais, em sua maioria, têm padrinhos fortes. Três deles são intocáveis.
Samuel Vieira
Fé e bem estar
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Uma pessoa de fé tem ou não mais
chance de encontrar a felicidade?
N
um artigo publicado pela revista Seleções, em
Abril/2004, foram avaliadas 10 “Chaves da felicidade”, tendo como fundamento teórico uma ampla
pesquisa de campo, com
estudiosos e cientistas entrevistando milhares de
pessoas de diferentes idades, línguas e culturas para
verificar quais seriam estes
fatores que poderiam gerar
felicidade. Além da riqueza, inteligência, família e
idade, a fé foi um dos temas
discutidos. Uma pessoa de
fé tem ou não mais chance
de encontrar a felicidade?
Apesar de Karl Marx
afirmar que a religião é
um “ópio do povo”, cuja
finalidade é anestesiar sua
capacidade crítica da raça
humana e Freud ter considerado a religião “uma neurose obsessivo-compulsiva”, a pesquisa revelou que
há uma profunda relação
entre Fé e Bem Estar. Uma
pessoa que professa uma fé
é, de fato, mais propensa à
alegria que uma que ignora
realidades espirituais.
Isto torna-se claro no
meio das ambigüidades,
dores e tragédias da vida. A
fé nos sustenta no meio das
dificuldades. Quem crê tem
mais propensão à resignação e sente maior conforto
no meio das lutas porque
relaciona crises e perdas
a um propósito maior. Se
Deus existe, é poderoso e
bom, então o sofrimento
faria parte de um plano e
de um sentido maior, ainda
não possa ser explicado.
Acreditar na vida após
a morte é outro aspecto
que tem um efeito altamente positivo em tempos
de lutos e perdas. Quando
a morte não é vista como
ponto final, mas transição
e passagem, a dor pode ser
amenizada, afinal, perder
um ente querido, mesmo
quando o mesmo encontra-se doente e idoso é algo
fortemente emocional, e
a fé se torna uma fonte de
grande esperança nestes
momentos. O fim da vida,
o funeral e o túmulo são,
por sua natureza intrínseca,
grandes fontes de angústia,
e sem uma convicção de
eternidade, a perda torna-se
ainda mais dura e pesada.
O Dr. Haroldo G. Koenig, da Duke University
afirma que o fator fé se
torna especialmente po-
3
Edilane não se casou
Puxão de orelha
NILTON PEREIRA
Inusitado
Aná­po­lis, de 11 a 17 de julho de 2014
sitivo quando se envelhece. “Você vê esse efeito
em tempos de estresse. A
crença religiosa pode ser
uma forma muito poderosa
de lidar com a adversidade”. A fé traz estabilidade,
conforto, equilíbrio e esperança em tempos aflitivos
e nas intempéries da vida.
Outro fator que relaciona fé e o bem estar é que
a religião tem um forte
componente comunitário,
trazendo interação social
e apoio. O fato da pessoa
participar de uma comunidade dá sentido de pertencimento que enfraquece a
força negativa da solidão,
do abandono e do anonimato, principalmente em
grandes centros urbanos.
Mas não é só uma questão de receber. Todas as
religiões encorajam a solidariedade, fraternidade e
engajamento. Pessoas que
repartem e cooperam em
projetos tornam-se generosas e consequentemente,
isto traz qualidade de vida.
Doar e doar-se é uma enorme fonte de satisfação.
Por estas e outras razões, a fé está intimamente ligada ao bem estar das
pessoas.
O controle dos estacionamentos de veículos no setor
central de Anápolis vai passar
por reformulações. Uma coisa
é certa: o trabalho dos agentes,
chamados “amarelinhos”, estaria com os dias contados nesta
área. O sistema a ser implantado é de concepção moderna e já
funciona em algumas cidades
do Sul do País. A tecnologia está
sendo importada de lá.
Comunicando
Tem um ente público em
Anápolis que abriga em suas fileiras nada menos que 35 funcionários só para o setor de comunicação social. É bom dizer,
todavia, que não existe nada de
ilegal nisso. Mas que este batalhão de comunicadores daria
tranquilamente para se montar
um bom jornal e/ou uma emissora de rádio ou, televisão, com
certeza. daria...
Elias Hanna
[email protected]
O que podemos aprender
com a humilhação
T
erminei, alias, como
todos os brasileiros, o trabalho mais
cedo. No caminho do trabalho para casa, ruas já
um tanto vazias. Entro no
prédio e o porteiro otimista arrisca um resultado 2x0
para o Brasil. Digo-lhe que
também acredito na vitoria,
mas arrisco um 2x1. Sento ao sofá da sala, filho e
mulher ao lado e aguardo,
ansiosamente, o inicio do
espetáculo. Confesso que
me incomoda o ufanismo
de analistas e narradores
como a acreditar que só
exista um time, o nosso, e
outro mero coadjuvante.
Transformaram o hino em
grito de guerra, mas não
conseguiram exorcizar a
ausência do craque Neymar. Mau presságio, afinal,
como enfrentar uma batalha lamentando a ausência
de um soldado. Do outro
lado jogadores, nenhum
deles com aparência extraterrestre. Tudo pronto, jogo
duro, goleada, nem pensar!
Qualquer resultado, desde
que seja nossa vitoria estará de bom tamanho.Como
se diz na gíria futebolística, onze contra onze e que
vença o melhor e que este
melhor seja o Brasil.
Mal o jogo se inicia e
chutamos a primeira bola
ao gol, fraquinha, longe da
meta, mas, apressam se os
analistas, nossa seleção está
com personalidade, partiu
para cima, haverá de encurralar o adversário. Mais
uns poucos minutos e a repetição daquilo que vimos
desde o primeiro jogo, ausência de meio campo, um
atacante nulo e chutões da
defesa tentando ligar o ataque. Meu Deus, vamos sofrer! O que não prevíamos
era que o sofrimento viria
rapidamente misturado a
vergonha e a humilhação.
Doeu, doeu muito cada
gol sofrido. Parecia inacreditável, a seleção tantas vezes campeã, dentro de casa,
apoiada por 60000 pessoas,
triturada, alquebrada, humilhada. Os jogadores se
entreolhavam em busca de
uma explicação, a comissão
técnica comandada por um
bufão sem manifestar qualquer reação e nas arquibancadas crianças, jovens, adultos, homens e mulheres de
todas as idades chorando.
Vergonha, humilhação, que
outras palavras acrescentar?
Já sofri muito com o futebol, torço vocês sabem
pela Anapolina, mas nunca poderia imaginar que a
Seleção dos maiores “craques” do país dono da bola
pudesse perder de forma
tão apática. Não que estivéssemos praticando um
futebol que honrasse nossas tradições, mas naquele
fatídico 08 de julho jogamos como se fossemos o
Íbis diante do Real Madrid.
Mas sobra alguma coisa
da vergonha e humilhação
imposta pelos alemães?
Nunca havíamos fracassado
desta maneira, perdemos a
magia? Jogar futebol tornar-se-á uma agonia? Nosso talento morreu junto com os
sete gols que tomamos?
Para Pierre Ansart “ser
humilhado é ser atacado
em sua interioridade, ferido em seu amor próprio,
desvalorizado em sua auto-imagem, é não ser respeitado. O humilhado se vê e se
sente diminuído, espoliado
em sua autonomia, na impossibilidade de elaborar
uma resposta, atingido em
seu orgulho e identidade,
dilacerado entre a imagem
que faz de si e a imagem
desvalorizada ou difamante
que os outros lhe infligem”.
Continuaremos humilhados caso deixemos que
as coisas se perpetuem. É
preciso uma mudança radical na mentalidade daqueles que dirigem não
só o esporte, mas também
cobrarmos mudança de
atitude, melhor planejamento também em outras
áreas que nos humilham,
caso da educação, saúde
e segurança neste pais. A
humilhação que nossos
jogadores nos fizeram passar pode ser o inicio de
uma mudança de atitude
que nos faça aprender com
tantos outros que uma vez
humilhados
adquiriram
forças para virar o jogo.
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O que podemos aprender com a humilhação Fé e