Como explicar as várias cores que podemos percepcionar? A nossa retina é composta por um conjunto de células foto-receptoras, isto é que são sensíveis aos diferentes comprimentos de onda e intensidade das ondas electromagnéticas que lhe chegam. As ondas electromagnéticas visíveis têm comprimento de onda, aproximadamente, entre 400 nm (violeta) e os 700 nm (vermelho). Nos olhos mais concretamente na retina, existem dois tipos de células foto-receptoras, os cones e os bastonetes. Existem três tipos de cones uns sensíveis ao vermelho (700 a 600 nm), outros ao verde (600 a 500 nm) e outros ao azul (500 a 400 nm). Mais concretamente os nossos olhos conseguem distinguir as diferentes intensidades de luz detectada por cada um deste tipo de cones. È esta diferença de intensidade detectada em cada um dos diferentes tipos de cones que é comunicada ao cérebro, e que permite distinguir as diferentes cores que podemos percepcionar. Ou seja, é a “ soma” destas três respostas que origina a percepção da cor. As três figuras seguintes pretendem ilustrar a resposta de cada cone às diferentes zonas do espectro vísivel. Os valores que nelas se encontram correspondem ao comprimento de onda em nanómetros. 700 600 500 400 700 600 500 400 700 600 500 Figura 1 – Sensibilidade do cone vermelho Figura 2 – Sensibilidade do cone verde 400 Figura 3 – Sensibilidade do cone azul AL Como se pode observar os três tipos de cones conseguem abarcar a quase totalidade do espectro visível, embora cada um seja mais sensível ás ondas de determinada zona. Podemos explicar a percepção das cores considerando que estas podem ser “sintetizadas” quando nós alteramos a constituição do espectro que incide na retina. O que consequentemente condiciona a resposta dos diferentes cones. Assim, se à retina chegar em intensidade igual, todas as ondas electromagnéticas do espectro visível a cor percepcionada será o branco (Fig.4). Contudo se essa intensidade for reduzida então a cor percepcionada será o cinzento (Fig.5). Ao contrário se desse espectro ou conjunto de ondas electromagnéticas que formam a luz branca for eliminado a gama correspondente aos menores comprimentos de onda (400 a 500 nm) a cor percepcionada será o amarelo (Fig.6). Ou seja, podemos pensar nesta cor como resultante da “soma” dos ondas electromagnéticas que não foram eliminadas ou como se fosse uma tinta, que reflecte preferencialmente essa cor absorvendo na zona do azul. Eliminando desse conjunto a gama de comprimentos de onda de valor maior (600 a 700 nm) a cor percepcionada é o ciano (Fig.7). Por sua vez, eliminando a gama de comprimentos de onda intermédios (500 e 600 nm) a cor percepcionada é o magenta (Fig.8). 700 600 500 400 Figura 4 – Cor percepcionada pelo olho (branco) quando a distribuição do espectral é toda igual 700 600 500 400 Figura 5 – Cor percepcionada pelo olho (cinzento) quando a distribuição espectral é toda igual, mas com menor intensidade 700 600 500 400 Figura 6 – Cor percepcionada pelo olho (amarelo) quando se subtrai toda a zona azul do espectro. AL 700 600 500 400 Figura 7 – Cor percepcionada pelo olho (ciano) quando se subtrai toda a zona do vermelho do espectro. 700 600 500 400 Figura 8 – Cor percepcionada pelo olho (magenta) quando se subtrai toda a zona do amarelo e verde do espectro. Deste raciocínio e da observação das figuras podemos inferir que é possível “sintetizar” as diversas cores do espectro visível a partir de quantidades proporcionadas de cada uma das três cores fundamentais, vermelho, verde e azul. Este mesmo processo é usado pelo aparelho de TV para projectar uma imagem no ecrã o qual é composto por círculos de vermelho, verde e azul. Cada uma das cores observadas no ecrã é “sintetizada” fazendo embater nesses círculos com diferente intensidade um feixe de electrões. Isto é, se queremos um ecrã vermelho então serão impressionados com maior intensidade os círculos de cor vermelha e com reduzida intensidade, os outros círculos de cor verde e azul. Mas se queremos um ecrã amarelo então já temos de impressionar com igual intensidade os círculos vermelhos e verde e com reduzida intensidade, o azul. Figura 10 – Detalhe de um ecrã de televisão, evidenciando a sua constituição em termos de cores primárias AL Este modo de explicar a percepção das cores é baseado na Teoria das Três cores elaborada por Thomas Young e Herman von Helmholtz. Por volta de 1850, James Maxwell procurou quantificar essa mesma teoria usando uma caixa de luz (fig.11), a qual com o controle da abertura de três ranhuras e de espelhos e prismas conseguia “sintetizar” luzes de diferentes cores ( Fig.12). Essencialmente com esta teoria podemos inferir que é possível percepcionar cores diferentes por adição de luzes diferentes. Mas também, podemos observar diferentes cores a partir da mistura de tintas devido ao processo de subtracção de determinadas zonas do espectro vísivel. Luz Branca incidente Figura 11 – Caixa de luz de James Clerk Maxwell (adaptado do livro “Colour - Art and Science”, Trevor Lamb e Janine Bourriau) A Figura 12 – Esquema de funcionamento da caixa de luz de Maxwell (adaptado do livro “Colour - Art and Science”, Trevor Lamb e Janine Bourriau) Ao incidir luz branca na parte lateral esquerda, e controlando o tamanho das fendas, só feixes de luz vermelha, verde e azul incidiriam no espelho e nos dois prismas contíguos, deste modo, iria emergir em A um feixe de luz que resultava da adição dos que tinham entrado inicialmente pelas fendas. Este feixe podia ser comparado com um feixe de luz branca que emergia também de A, mas que não tinha sofrido dispersão. AL