POR QUE O MEU É DIFERENTE DO DELE? Rafael chegou em casa um tanto cabisbaixo... Na verdade, estava muito pensativo. No dia anterior tinha ido dormir na casa de Pedro, seu grande amigo, e ficou com a cabeça cheia de minhocas, ou melhor, de perguntas. Na hora do almoço o pai de Rafael reparou que ele estava diferente e resolveu conversar: - Que cara é essa Rafa? Está tudo bem filho? - Está sim pai... - Mas você está esquisito... O pai de Rafa estava certo. Rafael tinha 13 anos naquela época e nessa idade, costumamos nos sentir esquisitos às vezes, e perdidos no meio de muitas perguntas. E o pai de Rafa continuou... - Pode falar filho, posso te ajudar em alguma coisa? Aí o Rafa resolveu falar... - Sabe o que é pai, é que ontem fui dormir na casa do Pedro. - E isso não é legal? O Pedro não é seu amigo? Perguntou o pai de Rafa. - É muito pai. Mas é que na hora que o Pedro trocou de roupa pra dormir reparei que somos diferentes. Disse Rafa. - Diferentes como? Todo mundo é diferente ora! - Eu sei pai, mas você não tá entendendo! Tô falando diferente naquele lugar... - Que lugar Rafael, fala direito! Disse o pai de Rafa, que já estava ficando impaciente. - Ah pai! Tô falando assim lá embaixo... - No pênis você quer dizer? Perguntou o pai de Rafael, que já estava querendo ter uma conversa clara com o filho e estava cansado de tentar adivinhar o que Rafael estava querendo dizer... - É pai. O dele parece maior do que o meu, e, além disso, parece que está descoberto. Assim, meio pra fora. - Entendi Rafa. Ele deve ter feito uma operação de fimose e talvez o pênis dele seja um pouco maior mesmo, e daí? - O que pai? Material didático produzido por Maria Matos – Professora do Setor Curricular de Ciências Biológicas do Colégio de Aplicação da UFRJ em 2006/ 2007 - Tudo bem Rafa. Vamos conversar? - Todos os meninos e homens possuem um pênis e a bolsa escrotal onde ficam os testículos. Esses são os seus órgãos de reprodução. Entendeu? - Certo pai. Isso eu já sei. - Você já sabe, porque já viu e vê sempre no seu corpo. Nossos órgãos de reprodução são externos e visíveis, diferentes dos órgãos de reprodução das mulheres que ficam dentro do corpo. O fato deles serem externos facilita a reprodução. A forma do pênis ajuda a colocar os espermatozóides no interior do corpo da mulher. E os testículos externos mantêm a temperatura ideal para a produção de espermatozóides dentro dos túbulos seminíferos, pequenos tubos enrolados que estão dentro dos testículos e onde os espermatozóides são produzidos. Explicou o pai de Rafa. - O Pênis cresce durante a puberdade, talvez o do Pedro já tenha crescido mais do que o seu, que ainda pode estar crescendo. Acrescentou ele. - Ah, tá! Disse Rafa, que já estava se sentindo um pouco envergonhado com aquela conversa, mas ao mesmo tempo estava doido pra ouvir mais! - Mas sabe Rafa, nem todos os pênis tem o mesmo tamanho, mesmo quando já nos tornamos homens adultos. Alguns são maiores e outros menores, mas isso não importa realmente. O tamanho do pênis não é o que realmente influi no prazer da relação sexual, isso tem muito mais a ver com sentimentos, entrega e emoções do que com o tamanho do pênis. Além do mais, há uma região sensitiva, que dá prazer para mulher na relação sexual, que está logo na entrada da vagina. Rafa escutou e ficou pensativo. O pai de Rafa resolveu continuar e conversar mais: - Além do mais Rafa, você sabe que o pênis cresce quando temos uma ereção. Quando o pênis fica duro, sabe? Rafa dessa vez não teve coragem de falar nada, só ficou vermelho de tanta vergonha. Seu pai continuou... - A ereção acontece quando vemos ou pensamos em uma menina bonita e desejamos muito ela. Ou quando temos muita vontade de estar perto de uma mulher durante a relação sexual. Ou às vezes sem mais nem menos, sem nenhum motivo aparente. Material didático produzido por Maria Matos – Professora do Setor Curricular de Ciências Biológicas do Colégio de Aplicação da UFRJ em 2006/ 2007 - Também quando queremos fazer xixi, né pai?! Disse Rafa rindo. Seu pai riu e disse: - É, quando nossa bexiga está cheia também podemos ter uma ereção. Ou à noite quando sonhamos. Na ereção nosso pênis se enche de sangue e por isso se torna duro e maior. Dentro do pênis existem estruturas chamadas de corpo esponjoso e corpos cavernosos, que ficam envolta da uretra e que se enchem de sangue na ereção. - Esses negócios ficam envolta da onde pai? Perguntou Rafa, que não tinha entendido aquela história direito. - O corpo esponjoso e os corpos cavernosos ficam em volta da uretra. A uretra é o tubo que passa dentro do pênis e por onde sai o xixi, quando precisamos urinar, e o esperma na ejaculação, quando os espermatozóides e o líquido seminal são liberados. Falou o pai de Rafa. - É aquela coisa branca que sai do nosso pinto pai? Perguntou Rafa. - Isso Rafa. Esse é o esperma que é liberado do pênis quando estamos muito excitados. Com a excitação, na masturbação ou no ato sexual, o esperma é liberado em jatos, é o que chamamos de ejaculação. Depois da ejaculação vem uma sensação de prazer e relaxamento muito agradável. É o orgasmo. - Pai? Mas do que essa coisa branca é feita mesmo? Quis saber Rafa. - É feita dos espermatozóides em um líquido nutritivo produzido em estruturas chamadas vesículas seminais. E mais um líquido produzido na próstata, que elimina a acidez da uretra e da vagina. Essa acidez pode matar os espermatozóides e dificultar seu encontro com o óvulo ou a fecundação. Os espermatozóides e mais esses líquidos formam o esperma. Na ejaculação, ocorre a contração das glândulas que produzem esses líquidos, dos tubos que levam os espermatozóides e da uretra e o esperma é liberado. Entendeu? Rafa na verdade estava um pouco confuso com tantas informações... Mas resolveu continuar perguntando. Quem sabe em algum momento aquilo tudo fazia sentido? - Mas pai, os espermatozóides não são produzidos dentro dos testículos? - Isso, filho. Eles são produzidos nos túbulos seminíferos que ficam dentro dos testículos e depois são levados por outros tubos chamados epidídimo e canal deferente Material didático produzido por Maria Matos – Professora do Setor Curricular de Ciências Biológicas do Colégio de Aplicação da UFRJ em 2006/ 2007 até a uretra. Quando são liberados. Na masturbação, no ato sexual, ou às vezes à noite, né?! Quando o excesso de espermatozóides pode ser liberado ao longo do sono. - Pai, isso tudo só acontece quando temos uma ereção? Perguntou Rafa. - É filho. E às vezes queremos muito ter uma ereção e não conseguimos. Às vezes porque estamos cansados, preocupados, deprimidos, ou com alguma dificuldade. Na primeira vez então, é muito difícil. Na minha primeira tentativa de relação sexual, eu fiquei com tanta expectativa e tão nervoso que não deu certo. Não tive uma ereção. - E aí pai? - Aí ao longo do tempo eu fui crescendo e percebi que precisamos estar relaxados e maduros para experimentar uma relação sexual gostosa. Eu entendi que para que a relação sexual seja prazerosa precisamos gostar muito um do outro, e estar maduro para entender nossos sentimentos e o sentimento do outro. Além de estarmos tranqüilos sabendo que estamos bem protegidos de uma gravidez que não desejamos ou de alguma doença sexualmente transmissível. Rafa achou aquela conversa meio esquisita, mas bonita ao mesmo tempo. Ele queria gostar de uma mulher assim um dia... Aí lembrou que ainda tinha uma pergunta: - E aquela história de fi... Que você falou do pênis do Pedro? Rafa perguntou, cheio de curiosidade. - Ah é! A fimose! Lembrou o pai do Rafa. - Todo homem nasce com uma pele bem fina cobrindo o pênis, é o prepúcio. Em algumas culturas, como os judeus e os muçulmanos, é uma tradição religiosa retirar essa pele assim que o bebê do sexo masculino nasce, é a operação de circuncisão. - E isso dói pai? Perguntou Rafa, com uma expressão de pavor no rosto. - Não filho, é uma operação bastante simples. Disse o pai de Rafa. E continuou: - Outras vezes, mesmo que o menino não pertença a essas religiões, quando o prepúcio é muito apertado e é difícil puxá-lo para limpar o pênis ou manipulá-lo, a criança precisa também operá-lo. Aí ele faz a circuncisão ou a fimose e retira uma parte desse prepúcio. O Pedro deve ter feito isso... - Sei pai. E isso vai fazer diferença quando a gente crescer e for namorar? Quis saber Rafa. Material didático produzido por Maria Matos – Professora do Setor Curricular de Ciências Biológicas do Colégio de Aplicação da UFRJ em 2006/ 2007 - Não filho. O importante é você conhecer bem o seu corpo, se aceitar e se gostar. Se dar bem com você mesmo e com seu corpo é fundamental para que no futuro você possa se dar bem com a sua namorada! Depois de toda essa conversa, Rafael continuou pensativo e ainda cheio de perguntas. Mas se sentiu feliz. Rafa percebeu que era realmente muito bom conversar, crescer e amadurecer... Material didático produzido por Maria Matos – Professora do Setor Curricular de Ciências Biológicas do Colégio de Aplicação da UFRJ em 2006/ 2007