Discurso ministro Wagner Rossi
Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012
Ribeirão Preto, 17 de junho de 2011
Querida presidenta Dilma Rousseff, que muito nos honra a todos, ao agronegócio
brasileiro, por sua presença neste ato, que é o ato maior do nosso ano de
preparação do ano agrícola. A nossa Ribeirão Preto e ao todos nós ribeirãopretanos e brasileiros de todos os rincões que aqui viemos recebê-la. Querido vicepresidente Michel Temer, nosso companheiro e amig0 de tantas as jornadas.
Sempre sua presença é de grande importância e relevância para nós. Querido
governador Geraldo Alckmin, que traz o governo do estado, traz o apoio e a
parceria que temos procurado desenvolver no enfrentamento das grandes questões
agrícolas do nosso estado. Ministro e amigo Afonso Florence que feito um
extraordinário trabalho numa das áreas mais sensíveis da agricultura brasileira e
que completa com a sua complementaridade o trabalho que fazemos na área da
agricultura, ministro do Desenvolvimento Agrário. Querida ministra Helena
Chagas, que é quem comunica e quanta coisa para comunicar, não é Helena, com a
presidenta numa única semana abrindo uma série de trabalhos que mudam a fase
do nosso país. Veja, que ontem a presidenta lançou o “Minha Casa, Minha Vida 2”
acolhendo com a generosidade do coração tantas e tantas famílias que, durante
tantos anos, sonham com a casa própria. Mas, há poucos dias, tivemos o
lançamento do “Brasil sem Miséria” continuando um trabalho social importante do
qual ela foi parceira como coordenadora do governo do presidente Lula e
ampliando esse trabalho social, está agora disposta a acabar com o resíduo de
miséria que ainda temos para um país tão próspero, um país tão vigoroso, para um
país tão corajoso enfrentar desafios, a nossa presidenta vai enfrentar o desafio de
eliminar, eliminar não, reconstruir, fazer da vida deles algo digno e que vale a pena
ser vivida para os últimos 16 milhões de brasileiros que ainda vivem nesta condição
subumana. Senadora Kátia Abreu, que muito nos honra, nossa presidenta da CNA,
com quem tem mantido um diálogo permanente. É uma mulher lutadora, que tem
avançado e eu quero pontuar isto com muito respeito, com muita significação. A
Kátia está dando uma vista nova para a relação do campo com o restante da
sociedade brasileira. Muito obrigado, Kátia. Querido senador Sérgio Souza, que
representa o glorioso estado do Paraná, que é um dos grandes estados produtores.
Muito obrigado por ter vindo. Minha querida prefeita Darci Vera, tão dinâmica,
quase elétrica na busca daquilo que é de interesse da nossa cidade. Obrigado, Darci
por estar aqui conosco. Deputados e amigos, deputado Arnaldo Jardim, Dr. Ubiali,
deputado Duarte Nogueira, que é o líder da oposição no Congresso, mas é um filho
desta terra que recebemos com o maior carinho e eu sempre que converso com o
Duarte, eu digo a ele: Duarte, nós moramos tão perto de Minas e em Minas todo
mundo sabe. Nenhum mineiro fica contra o governo. O último mineiro que ficou
contra o governo foi Tiradentes e olha lá o que deu! Então, um convite para que ele
se aproxime mais, é um grande deputado e tenho certeza que saberá fazê-lo. Meu
querido deputado Gabriel Chalita, um quadro que o estado de São Paulo manda ao
Congresso Nacional para humanizar, para trazer àquela palavra que todos
queremos ouvir. Irajá Abreu, tem raça, tem disposição, tem juventude, grande
parceiro da agricultura. Até o hino nacional tocaram para você, Irajá. Milton Lima,
uma grande figura da nossa região, deputado, atuante, companheiro. Só posso
dizer, Milton, que é uma honra e um prazer ter você aqui. Quero saudar a todos os
deputados estaduais, os deputados que aqui estão. Quero dar um abraço no
Valdemar Costa Neto, o boy, está aí? Não vi o boy. Mas ele tem um assessor
competente que pôs no meio aqui o nome dele. Cesário Ramalho. Uma palavra
sobre o Cesário. Cesário, um amigo, mas, sobretudo, um homem voltado para este
processo de modernização da nossa agricultura. Aqui, eu tenho 200 amigos, todos
empresários de grande envergadura, competentes que poderiam estar
representando o empresariado. Eu fui buscar aquele que representa a
modernização, o avanço, a capacidade de entender essa relação complexa da
agricultura da brasileira, que é a única agricultura no mundo que tem equilíbrio
porque tem espaço para o pequenininho da agricultura familiar, para o médio
produtor, e para o grande produtor em escala. Porque esse país é generoso e abre
espaço para todos. Todos podem realizar bem a sua missão de produzir para o país.
O Cesário, sobretudo, tem essa visão integradora. Meu querido, Aldemir Bendine,
presidente do Banco do Brasil, o maior parceiro da agricultura brasileira, sem
dúvida. Meu querido Pedro Arraes, presidente da Embrapa, que dentre os mais
colaboradores, tem tido um desempenho desta companhia, desta empresa, que
revolucionou a tecnologia agrícola brasileira com base na ciência. Incorporar
ciência na forma de tecnologia mudou o patamar da produção no Brasil e a
Embrapa foi a grande realizadora, capitaneou esse processo. Claro que têm as
universidades federais, estaduais, no caso de São Paulo e outras. E mais, hoje
temos empresas multinacionais que atuam no país com laboratórios de pesquisa
aqui. 20 anos atrás nós importávamos pacotes tecnológicos. O protagonismo do
Brasil obrigou que essas empresas avançassem conosco e, hoje, elas geram, no
Brasil, o conhecimento científico transformando-o em tecnologia adequada à nossa
pátria. Isso é parte da grande vitória da agricultura e pecuária brasileira. Meu
querido Evangevaldo Moreira do Santos, presidente da Conab, outro grupo de
colaboradores extraordinários que temos e, na pessoa deles, me permitam dar um
grande abraço em todos os companheiros, amigos, trabalhadores que aqui estão,
gente da cana, gente da laranja...Cana, no sentido vegetal, do algodão..., do café, da
região francana, do sul de Minas, do Cerrado Mineiro. Tantos companheiros que
aqui vem participar conosco deste momento importante.
Me permitam começar falando diretamente sobre o plano. O Plano Agrícola é uma
coisa que tinha ficado rotineira, tinha ficado tradicional. Mas este ano vocês vão ver
que o Plano Agrícola é uma revolução. E uma revolução em que sentido? Em
primeiro lugar, porque consolida algo que foi construído, sobretudo na última
década, que é o respeito à produção. A presidente Dilma tem sido de uma
solidariedade extraordinária com o setor produtivo e ela destinou, mesmo em
tempos de contenção, um valor que é absolutamente adequado ao progresso da
nossa agricultura e nossa pecuária. Ou seja, R$ 107,2 bilhões para agricultura
brasileira. Um trabalho admirável de uma equipe de técnicos comandada por esse
grande companheiro e amigo, que tem nos ajudado muito a encontrar a melhor
forma de fazer política agrícola que é o Gilson Bittencourt, em nome da Fazenda,
do nosso ministro Mantega ele está aqui e eu quero, Gilson, agradecer a você, esse
trabalho extraordinário, essa vontade política de ir atrás e buscar... E ao lado dele
eu fui buscar no Banco do Brasil o José Carlos Vaz que é agora o nosso secretário
de Política Agrícola do ministério. Pois bem, o que eles fizeram? Com a minha
participação, discutimos com essa grande figura que é Osmar, que está hoje na
vice-presidência do Banco do Brasil, na área de agronegócios. Nós fizemos todo um
trabalho, as cadeias produtivas foram chamadas à discussão, opinaram. Tivemos
um grande trabalho. Mas, terminamos com um grande plano, mas, sobretudo, um
plano inovador. Primeiro, no plano, nós geramos novas áreas de financiamento que
antes estavam desassistidas. Quero começar, presidente Dilma, por uma referência
a cadeia produtiva da laranja. A laranja, durante 40 anos, teve dificuldade de
relacionamento. Grandes empresas, competentes, poderosas, empresas com grande
governança, que atuavam em nível internacional, que honram o país. Mas, na
relação com os produtores, essa relação era difícil, se esgarçava, porque a diferença
de poder na negociação era muito grande. Então, durante muitos anos... Eu fui
deputado da região laranjeira, acompanhei a luta do nosso produtor. Foi uma luta
ingente, para sobreviver. Num certo momento, a cana invadia as áreas de laranja e
o pessoal resistiu. Num certo momento, o greening que é uma ameaça terrível veio
macular os nossos pomares e eles resistiram. Eu quero dar um testemunho, um
testemunho de verdade. Eu quero dizer em primeiro lugar que esses produtores de
laranja são grandes brasileiros, que merecem todo o apoio do governo brasileiro. E
agora, quero também dar um testemunho de reconhecimento aos industriais da
laranja, do suco de laranja que tem protagonismo mundial, pois somos o maior
produtor, o maior exportador desta riqueza que agrega valor, que tem significado.
Pois bem, esses homens de tantas responsabilidades, posso simbolizá-los no
grande empresário e amigo que é o José Luís Cutrale, que esteve na mesa conosco
juntamente com seus companheiros industriais. E nós terminamos por fazer um
acordo da laranja. Foram 40 anos de luta. Quero lembrar a luta do Fábio Meirelhes,
foi um dos grandes batalhadores disso, quero lembrar a luta de tantos
companheiros que no caminho tentaram avançar. Mas, agora, nós vamos avançar
porque na agricultura do Brasil sob a presidência da presidente Dilma, nós temos
resolutividade. Não queremos fazer só discurso, embora, eu saiba fazer discurso,
nós queremos resolver questões. E é isso que estamos fazendo. Estabelecemos com
os companheiros industriais da laranja, com os companheiros produtores, um
acordo em que... Para situar... Dois anos atrás a safra foi vendida a 5, 6 reais; um
ano atrás a 15 reais; neste ano a parcela do mercado spot está sendo vendida a 7
reais. Pois bem, com essa volatilidade não há empresa que consiga enfrentar, que
consiga organizar um fluxo de caixa. Mas eu tive um grande aliado nisso e que
quero tributar o reconhecimento ao ex-secretário da Agricultura de São Paulo, João
Sampaio, que está aqui e foi outro grande companheiro nesse processo. Nós
estamos lançando uma linha de financiamento para a indústria, para financiar seus
estoques de modo a regular a oferta, de tal maneira que os preços sejam reputados
e garantindo, em contrapartida, neste início que eu espero ano que vem, com o
Concecitrus que há de vir, vocês consigam negociações ainda melhores. Mas, neste
ano enquanto o mercado spot... São 80 milhões de caixas que estão sendo vendidas
agora para indústria que estava vendendo a 7 reais, elas passam a pagar o preço
mínimo de 10 reais mais 50 centavos obrigatórios de participação e, acima de 2.100
dólares na venda do suco de laranja para o exterior, todo citricultor brasileiro agora
participa do resultados, vai ter uma parte daquilo que nós viermos a ganhar com o
preço reputado no nível internacional da laranja. Sucesso aos laranjeiros.
Para a cana temos.... A presidente Dilma que tem uma preocupação permanente,
verdadeira com este extraordinário programa, que é o programa de energia limpa,
renovável, através do etanol da cana-de-açúcar. Eu não preciso repetir aqui para
homens e mulheres que comandam o agronegócio brasileiro e que têm todas as
informações. Mas, a partir de 2008, houve uma situação de crise nos
investimentos. Alguns micaram, outros foram prolongados e a verdade é que uma
demanda intensa e crescente deixou de ser acompanhada por uma oferta adequada.
E essa diferença, esse gap, gerou uma questão importante quanto ao abastecimento
e quanto ao futuro do desenvolvimento do setor energético-alcooleiro. Pois bem, a
presidente Dilma determinou aos seus ministros que preparassem um plano
estratégico para permitir a retomada dos investimentos, greenfields, browfields,
que possam nos dar a condição de oferecer ao mundo, agora com essa nova
condição da abertura americana, a oportunidade de se beneficiarem
economicamente e ambientalmente deste grande programa brasileiro, que é etanol
de cana-de-açúcar. Aqui estão as maiores empresas, seu CO´s, os seus dirigentes e,
certamente, presidente, eles receberam as instruções que vossa excelência já nos
transmitiu. Combustível vai ser regulado pela ANP, mas vamos reabrir a
possibilidade de retomada dos investimentos e aí isto abrange uma gama imensa
de interesses, a partir dos nossos trabalhadores que terão oportunidades novas, a
partir das indústrias de fornecimento de equipamentos industriais e da lavoura.
Abre-se todo um descortinar que eu tenho certeza que nosso programa de etanol
será cada vez mais um grande sucesso brasileiro. Eu quero dizer que estamos
lançando a nossa parte. A presidenta, claro, segmentou as providências, embora,
seja um conjunto, uma política energética nova para o etanol. Nós estamos
lançando financiamento de renovação de canaviais. Por que ? Porque do ponto de
vista da agricultura o grande estrangulamento é falta de renovação de canaviais que
está diminuindo a produtividade. Nos últimos dois anos, presidente, nós perdemos
produtividade em cana-de-açúcar que somos grandes expertos. Estamos lançando
para o produtor independente, para o fornecedor, um financiamento em quatro
anos de até 20% dos seus canaviais por ano ou um milhão de reais para cada
produtor em cada safra. Vamos retomar o investimento da base, a base de todo o
setor sucroalcooleiro é o plantador de cana que tem que ser a primeira
preocupação.
Estamos agora, presidente, e é uma coisa que me deixa até um pouco emocionado...
Uma das coisas que todos nós que somos da área, que lutamos no dia a dia do
campo, sabemos que há uma diferença no desenvolvimento do nosso país, que
temos desenvolvido uma coisa tão equilibrada, mas houve um desequilíbrio e esse
desequilíbrio se deu na relação entre a lavoura e a pecuária. Qualquer produtor
agrícola vai ao banco e lá no Banco do Brasil, nos bancos particulares que são
grandes parceiros nossos ou numa das linhas de financiamento do BNDES, vai
buscar o financiamento adequado daquilo que ele precisa fazer. O pecuarista, não.
O pecuarista vai ao banco, pode tirar dinheiro, ele não gosta, ele é avesso ao risco e
aí ele vai lá porque ele é um fazendeiro respeitado, porque ele tem propriedade,
porque ele movimenta o banco. Não é justo. Isso gerou um gap imenso. Vocês
viram: 774% da agricultura brasileira em cinquenta anos, pois na pecuária foi
250%, aproximadamente. Então, essa diferença, o governo da presidente Dilma,
por determinação dela que estudasse a fundo essa questão e oferecesse
oportunidade de diminuir essa diferença, nós estamos lançando as primeiras linhas
para financiar a pecuária brasileira. Primeiro, nossa fraqueza, nossa fragilidade.
Nós temos que mudar a nossa mentalidade em relação à pecuária. Eu não estou
falando da pecuária de ponta, não estou falando do Duda, não estou falando do
Jovelino, não estou falando do Jonas. Estou falando do pecuarista lá da ponta. Não
chegou a genética, não chegou, sobretudo, pasto adequado. A primeira linha, nós
precisamos melhorar as nossas pastagens, mas melhorar assim... Tem que corrigir
a terra, que fazer adubação, tem que fazer manejo adequado, tem que selecionar
novas variedades de gramíneas, tem que consorciar com leguminosas, tem que
fazer tudo o que for adequado para que tenhamos uma pecuária de primeiro
mundo. Vamos financiar com grande ganho ambiental e grande ganho econômico a
renovação de pastagens. Nós queremos sair do 1,2 cabeças por hectare, que é a
nossa média nacional, para uma situação nova de, pelo menos, três cabeças por
hectares em dez anos. Isso muda o patamar do nosso plantel, mas, além disso,
libera terras para agricultura, para outras culturas mais adequadas. Segunda linha.
Nós estamos com um problema gravíssimo no Brasil e todos nós sabemos: o
morticínio de matrizes. No Mato Grosso, no ano passado, 47% dos abates foram de
fêmeas. No nível nacional é um pouco superior, é um terço de abate de fêmeas.
Quando o fazendeiro abate a fêmea, ele se ressente, sobretudo, àquele que ama a
sua criação, o seu trabalho, a sua vida no campo. Ele olha e diz: preciso pagar as
minhas dívidas, se no pasto só tiver fêmea, vai fêmea mesmo. Nós estamos
querendo lançar uma contradita a essa prática. Queremos que o fazendeiro,
pecuarista tenha condições de reter as matrizes. Estamos gerando um
financiamento para retenção de matrizes. Não vamos matar hoje a receita futura de
vários anos. Nós sabemos e respeitamos que há pecuaristas que não gostam de
criar, que estão especializados na recria, na engorda e hoje com o protagonismo
que nós temos, mundial, um protagonismo mundial no mercado de carnes, nós
precisamos ampliar o nosso plantel ou não tem jeito. Nós não conseguiremos - se
nós não ampliarmos o nosso plantel - atender a demanda. O que nós estamos
fazendo? Para aquele que não quer criar, nós financiamos a venda de matrizes, a
compra por terceiros pecuaristas que queiram que as matrizes produzam e também
a compra de reprodutores. Essas são as três linhas que estamos lançando para
começar um movimento que a presidenta Dilma me determinou que tivesse
continuidade no combate a matança clandestina que, infelizmente... Vou dizer um
dado que não gosto de dizer, mas é o próximo passo, 50% do abate é clandestino no
nosso país que é o primeiro do mundo em carne. Isso é inadmissível e nós vamos
trabalhar para que isso mude, que acabe, se possível.
Finalmente, as questões mais gerais. Um trabalho extraordinário das equipes
técnicas, do Gilson, do José Carlos, simplificando ao máximo a vida dos senhores.
E para isso começa assim: aumentamos os limites para financiamento da chamada
classe média rural. Por que? Porque hoje nós temos no país, construímos com
muita força, o presidente Lula deu um grande avanço nisso e a presidente Dilma
tem dado uma abertura extraordinária para os pequenos agricultores da agricultura
familiar. Eu sou daqueles, talvez tenha sido o primeiro e acho que isso é importante
nós dizermos, sobretudo, vocês que são maiores, que são grandes, que é
grandemente importante para o país termos uma pequena agricultura de
agricultura familiar, de agricultores que manejam a sua terra, que produzem
alimentos para consumo local porque isso estabelece uma complementaridade com
a nossa agricultura empresarial capaz de gerar resultados imensos para nosso país
e se volta mais para commodities, para exportação, para energia renovável.
Portanto, nada nos conflita. E o grande mérito desse trabalho foi a pacificação no
campo. Eu repudio, digo a você meu querido ministro Florence, que eu e
agricultura brasileira repudiamos as agressões que alguns líderes camponeses tem
tido no norte do país. Quero que nosso país tenha coragem de não aceitar essa
provocação. Nós temos que construir um país para todos em que todos tenham
direitos e nós que somos maiores, sob a orientação da nossa presidente, com a
solidariedade do nosso vice-presidente, vamos trabalhar para que isso ocorra. Pois
bem, nós estamos mudando esse patamar dos financiamentos da classe média
rural. Hoje, o pequenininho tem o Pronaf, tem uma atenção muito boa, mesmo
alguns produtores de agricultura empresarial que trabalham com pequenas áreas
se credenciam ao Pronaf, e, portanto, engrossam os números do meu querido
Florence. O grande tem meios para viabilizar sua cultura. Nós estamos
preocupados com a classe média rural, com o médio produtor, estamos
aumentando os limites de crédito para eles, estamos aumentando a renda que
agora vai até 700 mil reais de faturamento anual e estamos dando condições novas
de juros melhores para esta faixa, que tem o mérito de ser o sustentáculo do nosso
país na área agrícola. Claro, que nós temos honra de ter um grande produtor, aqui
nós estamos com o maior produtor, o Eraí. Temos honra de ver um trabalho como
o do Eraí. Mas, queremos que o nosso produtor médio tenha acesso a todos os
meios para que ele seja um grande médio produtor no nosso país.
Quero dizer também que, vou deixar presidenta porque se não você não vai falar
nada, o presidente Lula veio uma vez aqui, eu falei, falei, falei... Eu não vou falar
porque a presidente vai falar coisas importantes sobre a forma como nós estamos
avançando. Mas, o que eu quero dizer a vocês que nós temos a honra de ter aqui a
cadeia de café praticamente toda aqui. Me lembro que quando eu entrei no
ministério havia uma conflituosidade, uma relação de tensão dentro da cadeia do
café. Só teve um antídoto a ela: o diálogo, nós conversarmos, respeitando a todos os
elos da cadeia e assim construímos uma relação nova que hoje se você encontrar
um cafeicultor, é um prêmio na televisão, se você encontrar um cafeicultor que não
esteja com o sorriso daqui até aqui, ganha um prêmio na televisão porque está todo
mundo rindo no café. E, assim, todas as cadeias que aqui estão. Quero dizer a vocês
porque isso é uma obrigação. Vocês me conhecem há muitos anos, sabem que não
sou homem de meias palavras, não sou homem de bajulações e muito menos sou
homem de enfrentar com a mentira, a verdade. Eu tenho que dar o meu
testemunho. Foi na minha mesa que se construiu, por orientação da nossa
presidente Dilma, o consenso do Código Florestal. Quero dizer que os avanços
foram tantos que eu mesmo que participei diretamente da composição, não
acreditava. Conversava com Kátia sobre isso, a luta que foi. Eu penso que aqui há
muitos produtores, nenhum de vocês, inclusive eu, acreditava que devíamos fazer a
junção de APP com reserva legal. Se um acreditasse, estava sonhando. Isso só foi
feito porque assim determinou a nossa presidenta. Esse avanço imenso, ninguém
aqui teria a ousadia de pensar que nós íamos emplacar o que é justo, o que é
correto e que teve o beneplácito e o apoio da nossa presidenta, que é a
compensação, que é o que todos temos que fazer no bioma, portanto, adequando a
produção. Não em cima das áreas mais produtivas, mas daquelas que ficaram
atrasadas e é lá que temos que fazer reserva e preservar a nossa biodiversidade que
é um valor tão intenso. Ninguém acreditava nisso. Ninguém acreditava que nas
recuperações das reservas legais nós seríamos autorizados a manejar 50% da área
com essências exóticas e explorá-las. Portanto, quero dizer presidente, e aí eu digo
com muita responsabilidade. Quero dizer, presidenta Dilma, que foi a sua
orientação que permitiu os avanços que tivemos na discussão do Código Florestal.
É a Dilma que fez isso! E aí, no final, ela exigiu uma única coisa e eu digo que estou
ao lado dela 100%! Eu não aceito, como os verdadeiros produtores rurais não
aceitam, que o tratamento seja dado igual a quem desmatou com legalidade, com a
lei da época, àqueles que fazem do desmatamento um pecado capital porque
destroem sem nenhum respeito a floresta que nós queremos preservar. Está
certíssima, presidente! E eu tenho certeza que a agricultura brasileira está ao seu
lado nessa batalha. E tenho certeza que o Congresso Nacional saberá corrigir os
arroubos do processo que foi equivocado. Por isso, não seria justo ao encontrar
com você todos que representam a produção nacional na área agrícola, na pecuária,
não seria justo deixar de dizer, presidenta, que nós devemos a senhora os avanços
obtidos. E que a senhora tem a nossa solidariedade total do nosso trabalho para
que pequenos arroubos desnecessários que contrariam a lógica. Não se pode tratar
o legal e o ilegal da mesma maneira. Quem o fizer está atendendo apenas os
interesses dos ilegais. Isso não é o nosso interesse. Presidente, o tempo urge,
desculpe ter me prolongado um pouco, mas eu que quero dizer a senhora que no
Brasil o tempo é agora, que no Brasil o tempo agora é o tempo da colheita, do
plantio, porque esse Brasil é tão rico, ele dá várias safras. Quero dizer que o tempo
é agora de nós levantarmos esse país para o desafio da produção. Temos 55% da
cobertura vegetal original. Cabral, quando descobriu o Brasil, grande parte da
nossa vegetação é a mesma, reciclada apenas pela natureza. Nós somos a terceira
agricultura orgânica do planeta, quase dois milhões de hectares no Brasil são
plantados sem nenhuma química, nós somos o maior explorador de floresta com
sustentabilidade, oito milhões de hectares. Nós somos, portanto, uma agricultura
respeitadora do meio ambiente, nós somos preservadores porque dependemos da
terra, das suas condições, dos nossos rios, das nossas nascentes para tocar o nosso
negócio. E nós temos empresários altamente produtivos, com visão, inovadores,
temos trabalhadores extraordinariamente produtivos, capazes de enfrentar o
trabalho de qualquer nação do mundo. Por isso, talvez, presidenta me desculpe o
nosso grande Paulo Skaf, uma voz importante no nosso país, na nossa indústria,
não tenho nenhuma restrição a indústria, ao contrário. Aqui estão industriais da
agroindústria brasileira. Mas, diferentemente da indústria, presidente, a
agricultura brasileira pode dizer a senhora, a pecuária brasileira pode dizer a nossa
presidenta Dilma: conte conosco porque nós vamos garantir a segurança alimentar
do nosso país, nós vamos gerar os recursos que o país precisa para o seu
desenvolvimento e vamos, sobretudo, respeitar a natureza e respeitar as relações
do trabalho que são exemplares na agricultura brasileira. Eu já disse, o tempo urge.
Vamos ao campo porque é lá o nosso trabalho. Muito obrigado.
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Discurso do Ministro Wagner Rossi