Discurso por ocasião do 43º Aniversário da Escola de Sargentos do Exército Caldas da Rainha, 5 de Junho de 2015 A qualidade de qualquer Exército está nos seus soldados. Mesmo com a tecnologia e os equipamentos sofisticados, um Exército, sem soldados de qualidade, não pode lutar, sustentar e vencer uma guerra. Mas por de trás dos grandes soldados, está alguém que na verdade os treina, entende e protege, o SARGENTO, sem dúvida o melhor soldado do pelotão, aquele que terá sempre como recompensa a honra e o privilégio de liderar os homens e as mulheres que, ontem como hoje, são o pilar da identidade de qualquer nação. Esta pequena conclusão, resumida do livro “Long hard road. NCO experiences in Afghanistan and Iraq”, enfatiza a importância do Sargento como principal alicerce de qualquer Exército, opção que determina uma escola de formação de sargentos disponível para estimular a competência, o profissionalismo e o rigor da identidade organizacional, uma escola de formação de sargentos disponível para ENSINAR, SERVIR e EDUCAR (ESE). Excelentíssimo Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército, Excelência, O facto de se dignar a presidir a esta Cerimónia é a demonstração inequívoca da importância que o Comando do Exército atribui a esta Escola, Casa-Mãe do Sargento Português. A presença de Vossa Excelência impele-nos a prosseguir os caminhos já trilhados, e, com a mesma determinação e vontade de servir, consolidar processos e valências para afirmar uma escola moderna e em linha com necessidades formativas que firmem a natureza, a identidade e o valor do Sargento do Exército Português. Bem-haja, Meu General, pela sua presença! 1 Excelentíssimos, Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, Senhor Vereador da Educação e Desporto em representação do Excelentíssimo Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Agradecemos, com sentido reconhecimento, a presença de Vossas Excelências nesta Cerimónia que é, acima de tudo, a expressão visível da abertura, proximidade e apoio que caracterizam as relações que têm sido fundadas entre a Escola e a Edilidade, cooperação que apenas tem o firme propósito de servir e de estar, com e para a comunidade caldense. Permita-me que na pessoa do Senhor Presidente da Assembleia Municipal saúde, também, os Presidentes das Uniões de Freguesia das Caldas da Rainha e todas as entidades civis e de segurança do Concelho que se dignaram a estar presentes. Obrigado por terem vindo! Excelentíssimo Senhor Tenente-General Comandante da Instrução e Doutrina, Excelentíssimo Senhor Major-General Diretor de Formação, Meus Comandantes, Na pessoa dos Meus Generais encontramos sempre a determinação e a vontade para que esta Casa afirme o seu valor e identidade, através de um percurso formativo e académico em linha com as exigências e aspirações operacionais que determinam a credibilidade e força do Exército. Numa altura em que, fruto da transformação da Estrutura Superior do Exército, o Comando da Instrução e Doutrina será em breve extinto, permitam-me que me dirija em particular ao seu último Comandante, Exmo Tenente-General Rovisco Duarte, para agradecer, com sentido e humilde reconhecimento, todo o apoio e incentivo a esta Casa, posição que foi determinante para projetar, hoje, uma Escola moderna, adaptável e capaz de enfrentar o futuro. 2 Permita-me ainda que na pessoa do Meu General saúde, também, o Exmo Tenente-General Quartel-Mestre-General e todos os antigos Comandantes e Adjuntos dos Comandantes aqui presentes, e que reafirme a disponibilidade da Escola para continuar a ser um parceiro e colaborador ativo na formação e qualificação dos quadros do Exército. Muito obrigado pela vossa presença! Ilustres Convidados, Familiares e Amigos dos Soldados-Cadetes da Escola das Armas e Soldados-Instruendos da Escola de Sargentos do Exército que hoje juram bandeira, Militares e Funcionários Civis da Escola de Sargentos do Exército, Alunos, Cadetes e Instruendos, É na escola militar que se sustentam as bases da competência técnicoprofissional, do conhecimento e da ética militar, do espirito de iniciativa e do sentido da liderança de todos aqueles que terão superiores responsabilidades de comando. Por isso mesmo, temos procurado ser ESE (ENSINAR, SERVIR e EDUCAR) tendo por base uma atitude responsável e em linha com as determinações superiores do Exército, ambição que nos permitiu realizar e desenvolver um conjunto significativo de ações formativas e encerrar muitos dos processos que são hoje determinantes para a afirmação de uma Escola marcada por padrões de representatividade e desempenho superiores. Assim, no corrente ano letivo: Enquadrados pelas orientações de Sua Excelência o General Chefe do Estado-Maior do Exército, expressas na Diretiva de Planeamento do Exército para o Biénio 2015-2016 e muito recentemente reforçadas com a aprovação do Estatuto dos Militares das Forças Armadas, estamos a participar a adequação do Curso de Formação de Sargentos do Quadro Permanente, apropriando o curso a novas exigências profissionais e de qualificação técnica, nomeadamente as relativas ao nível 5 de qualificação; 3 Estamos a efetuar um Curso de Formação de Sargentos para o Quadro Permanente e um para o Regime de Voluntário e Contrato, ambição que quando compreende os cursos de progressão de carreira já realizados e por realizar, projetará o maior efetivo em formação da Escola dos últimos oito anos; Em colaboração com o Centro de Psicologia Aplicada do Exército e a Universidade do Porto, estamos a realizar um Projeto de Investigação para análise da resposta psicofísica em contextos de atuação adversos, iniciativa que, entre outros resultados, permitirá introduzir novas abordagens para o treino físico militar e que muito recentemente, por ocasião da visita de Sua Excelência o General Chefe à Universidade do Porto, mereceu os mais rasgados elogios da Reitoria e das comunidades académicas e científicas desse centro de conhecimento, principalmente por ser um projeto inovador e com capacidade de agregar “Saber” com utilidade prática para o tecido empresarial português. Temos vindo alargar a formação orientada para a Liderança de Pequenos Grupos a várias entidades, potenciando-se dessa forma o valor da Escola na assunção de uma oferta formativa de excelência; E consolidamos a implementação do Centro de Línguas do Exército, através: De avaliações da proficiência linguística a cerca de 1.000 militares do Exército a título individual ou em Forças Nacionais Destacadas, com mais de 5.000 provas realizadas; Da adequação dos processos de certificação e avaliação aos requisitos que são hoje colocados pela NATO para o reconhecimento em línguas estrangeiras; Da consolidação da sua capacidade formativa na modalidade de ensino à distância, atualmente com 40 militares em processo de formação, mas que poderá ser extensível à modalidade presencial e alargada a outras línguas estrangeiras para além do inglês; E com a criação de um logotipo e projeto infraestrutural para o funcionamento do Centro de Línguas, realidades que em definitivo concorrem para a sua identidade e plena afirmação. 4 Mas estas realizações, que refletem muitas das missões da Escola, não podem secundarizar o esforço cooperativo que permite projetar hoje uma escola moderna, adaptável e ligada à sua comunidade, sentido de presença e de afirmação que é determinante para melhor ENSINAR, SERVIR e EDUCAR: Mantemos uma participação ativa junto das Comissões Municipais de Proteção Civil e de Defesa da Floresta contra Incêndios participando no planeamento e no apoio logístico à realização de exercícios e simulacros no âmbito de catástrofes; E reforçamos a relação com a comunidade local com uma participação ativa junto dos Agrupamentos de Escolas das Caldas da Rainha e de Óbidos, com o apoio no âmbito logístico e formativo a várias organizações e organismos públicos e privados, e com o apoio social voluntário a diversas instituições de solidariedade das Caldas da Rainha, como são o caso da Cantina Social da Santa Casa da Misericórdia ou a Conferência de São Vicente de Paulo. Excelentíssimo Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército, Distintos Convidados, Hoje, para além das comemorações do nosso aniversário, é também motivo de especial orgulho e alegria que assistimos à Cerimónia do Juramento de Bandeira do 1º Curso de Formação de Oficiais, do 1º Curso Especial de Formação de Oficiais e do 1º Curso de Formação de Sargentos de 2015, ato solene que decorrerá dentro de momentos e que terá todos os pelotões em parada enquadrados pelos oficiais e sargentos que muito em breve formalizarão a sua entrada no Quadro Permanente do Exército. Permitam-me, assim, que as minhas próximas palavras sejam dirigidas a esses militares e seus familiares e amigos, referindo que o tempo que se encerra, com tão nobre ato solene, foi o tempo de adaptação, foi o tempo para viver uma nova realidade, foi o tempo da incerteza, foi o tempo do desconforto, foi o tempo sem facebook, foi o tempo da importância do coletivo perante a adversidade da exigência dos desafios. 5 Em suma, foi o tempo em que todos aprendemos, como bem referia Saint-Exupéry: “aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”. Esse novo tempo também acontece porque, movidos pelo espírito de bem-servir Portugal e os Portugueses, há da vossa parte o entusiasmo e disponibilidade genuína para servir no Exército Português. Parabéns pela vossa opção! Militares e Civis da Escola de Sargentos do Exército, Esta Cerimónia é também o momento para que publicamente se possa reconhecer o empenhamento e dedicação do conjunto de mulheres e de homens que, numa retaguarda discreta, permitem que haja Escola. Bem-hajam pelo vosso apoio e genuína vontade em servir, principalmente quando os limites da nossa capacidade obrigaram a um esforço acrescido e que só foi possível pelo elevado espírito de missão de muitos de vós. Para além da simples alocação dos recursos, haverá sempre a paixão e a felicidade de se transferir o que se sabe, e aprender o que se ensina, processo que comporta uma maior relevância quando os desafios futuros, nomeadamente com a introdução de um ciclo de estudos para o nível 5 de qualificação, projetam a necessidade de uma estrutura organizacional que enfatize novos processos de realização, gestão e controlo escolar. Assim, o crescimento da Escola para essa realidade formativa, terá sempre que antever uma estrutura verdadeiramente sustentável e com um Corpo Docente que habilite essa ambição, propósito que desde a primeira hora, com o apoio do Comando da Instrução e Doutrina do Exército vimos procurando concretizar, seja através do apoio ao desenvolvimento dos ciclos de estudos desse nível de formação, seja através da apresentação de propostas consolidadas para a definição de uma estrutura orgânica capaz de sustentar essa realidade. Consciente da vossa lealdade e capacidade de realização, enfrentaremos o futuro com a imaginação e entusiasmo que vem marcando a execução perfeita do trabalho de hoje. Obrigado pela vossa dedicação! 6 Excelentíssimo Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército, Meus Generais, Distintos convidados, Caros Alunos e Formandos, Como referiu o filósofo, professor e ensaísta Ruben Alves: “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre… jamais...” Mas essa palavra, quando vivida e ouvida no seio organizacional, é ainda mais decisiva, principalmente quando ela determina a essência da sobrevivência de cada um e de todos nós. Por isso, hoje como ontem, conscientes que é preciso fazer um esforço contínuo para amar o presente, mantemos a mesma motivação para ser ESE (ENSINAR, SERVIR e EDUCAR) e, inspirados no nosso lema, “VONTADE E SABER”, procuraremos deixar muito de nós e sermos parte indissociável da afirmação do Exército Português como uma força credível e de elevada prontidão, ao serviço de Portugal e dos Portugueses. Disse. 7