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VIOLÊNCIAS NO COTIDIANO ESCOLAR: ESTUDO DE CASO
Renata Landucci Ortale (UNINOVE - Universidade Nove de Julho, São Paulo, SP,
Prefeitura Municipal de Campinas, SP)
O presente trabalho teve como objetivo levantar os tipos de violência presentes em uma escola
pública de ensino fundamental. Também discutiu a importância de formação direcionada aos
profissionais que trabalham nas escolas para a mediação de conflitos. Foi aplicado um
questionário em 130 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental em uma escola municipal
situada em Campinas. Os resultados apontam que 83% dos alunos já sofreram algum tipo de
violência na escola. Entre os tipos de violência mais freqüente estão os apelidos com 41%, em
segundo lugar os xingamentos com 39%, a agressão física aparece em 12% dos entrevistados,
seguida de 3% de alunos que já se sentiram isolados, assim como 3% já foram vítima de
discriminação racial e 2% sofreram outro tipo de violência. Portanto, esse estudo aponta para
a necessidade de se desenvolver práticas pedagógicas na comunidade, na escola como um
todo e na sala de aula, que revitalize o cotidiano, revelando que é possível um convívio com a
pluralidade e que modifique a realidade da violência instalada.
Palavras-chave: Violência escolar. Conflito escolar. Mediação de conflito.
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VIOLÊNCIAS NO COTIDIANO ESCOLAR: ESTUDO DE CASO
A violência na escola é um tema cotidiano, que tem ganhado notoriedade mundial,
principalmente pelas constantes notícias sobre mortes ou outros incidentes graves nos
arredores ou dentro das escolas.
O problema da violência no ambiente escolar afeta o dia a dia de alunos, professores,
diretores e demais membros da equipe técnico-pedagógica da escola, prejudicando o
relacionamento entre membros da comunidade escolar, a qualidade do ensino, o desempenho
dos estudantes e seu interesse pelo estudo, conforme aponta a pesquisa nacional Violência nas
Escolas, coordenada pela UNESCO (ABRAMOVAY e RUA, 2002).
Na referida pesquisa, adotou-se uma concepção abrangente de violência, que não só
incorpora a idéia de sevícia, de utilização da força ou intimidação, mas também compreende
as dimensões socioculturais e simbólicas do fenômeno. Portanto, as instâncias da violência
expressam a ocorrência da intersecção de três conjuntos de variáveis independentes: o
institucional (escola e família), o social (sexo, cor, emprego, origem socioespacial, religião,
escolaridade dos pais, status socioeconômico) e o comportamental (informação, sociabilidade,
atitudes e opiniões).
Segundo as autoras acima citadas, é possível adotar a expressão “violências nas
escolas”, uma vez que existem múltiplas manifestações da violência e que podem variar em
intensidades, magnitudes, permanência e gravidade.
O termo “violência escolar” para NETO (2005) diz respeito a todos os
comportamentos agressivos e anti-sociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao
patrimônio, atos criminosos, etc.
Já SPOSITO (1998) afirma que um dos aspectos a serem investigados no âmbito
escolar refere-se à construção das definições que designam e normalizam condutas violentas
ou indisciplinadas. As múltiplas formas de interação entre a violência e a escola são difíceis
de exprimi-las a partir de uma única categoria explicativa, pois o reconhecimento ou não do
ato como violento é definido pelos atores (professores, alunos, funcionários, pais, entre
outros) em condições históricas e culturais diversas.
Como vemos, existe dificuldade em delimitar o significado de violência pela
diversidade de fatores que o tema envolve. O que é caracterizado como violência varia em
função do estabelecimento escolar, do status de quem fala (professores, diretores, alunos,...),
da idade e, provavelmente, do gênero. Há, portanto, elementos muito específicos que
envolvem cada situação ou fenômeno.
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Assim, este estudo teve como objetivo identificar as formas de violência presentes no
cotidiano de uma escola pública municipal de ensino fundamental. Os resultados obtidos nesta
pesquisa foram discutidos a partir de autores que tratam a respeito da violência escolar e de
medidas educativas para trabalhar com os conflitos na escola.
METODOLOGIA
Participantes
Participaram da pesquisa 130 estudantes de uma escola municipal de ensino
fundamental, localizada em Campinas, sendo: 35 (26,92 %) do sexto ano, 30 (23,07 %) do
sétimo ano, 34 (26,15 %) do oitavo ano, 31 (23,84 %) do nono ano, 62 (47,7%) do gênero
masculino e 68 (52,3%) do gênero feminino; com idades entre 10 e 16 anos.
A escola encontra-se em Sousas, um sub-distrito de Campinas (SP), a maioria dos
alunos mora em casas próprias, com ruas asfaltadas e saneamento básico. A renda familiar de
aproximadamente 50% dos alunos situa-se entre 1 e 3 salários mínimos.
Instrumento
Foi elaborado um questionário contendo seis perguntas fechadas. As categorias
pesquisadas dividem-se em: agressores e vítimas, tipos de violência física e simbólica, local e
período de maior incidência de violências na escola e medidas educativas para diminuir a
violência.
Procedimentos
O pesquisador entregou uma carta à direção da escola, explicando os objetivos de sua
pesquisa e solicitando autorização para aplicação de questionário nos alunos do sexto ao nono
ano do ensino fundamental.
No dia agendado para a aplicação do questionário, os alunos responderam as questões
individualmente, em sua sala de aula, na presença do pesquisador, utilizando
aproximadamente 30 minutos. O questionário foi aplicado aos alunos do 6º ao 9º ano do
ensino fundamental.
A equipe gestora da escola solicitou ao pesquisador que disponibilizasse o
questionário para a Comissão Própria de Avaliação (CPA), assim como, os resultados de sua
pesquisa. Essa comissão aplicou o questionário às demais turmas (1º ao 5º ano e 1º ao 4º
Termo da Educação de Jovens e Adultos) e os resultados obtidos passaram a integrar o
projeto pedagógico da unidade escolar em estudo.
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Resultados e Discussão
A primeira questão indagava se o aluno já havia sofrido algum tipo de agressão na
escola. 83% dos entrevistados responderam afirmativamente. Fato relevante, pois o Estatuto
da Criança e do Adolescente (2004) em seu artigo 17 diz:
“O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e
moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.”
A luz desse artigo podemos afirmar que está ocorrendo uma violação dos direitos da
criança e do adolescente, que é vítima de algum tipo de violência no seu ambiente escolar.
Também o artigo 18 do mesmo estatuto coloca:
“É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo
de qualquer tratamento desumano, violento e aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”
Portanto, é de responsabilidade de todos os membros da equipe escolar zelar por um
convívio social que resguarde seus alunos de qualquer forma de violência.
Na tabela a seguir encontramos as respostas para a pergunta sobre quais os tipos de
violência que os alunos já passaram na escola pesquisada.
Tabela 1. Tipos de violência sofridas pelos alunos
Xingamentos
Apelido
Agressão Física
Isolamento
Discriminação Racial
Outros
39%
41%
12%
3%
3%
2%
Observando as respostas podemos notar que as agressões físicas representam apenas
12%, porém as práticas sutis e cotidianas, observadas na sala de aula que veiculam o racismo
ou a intolerância, representam a maioria das situações de violência vividas pelos alunos (41%
apelidos, 39% xingamentos, 3% isolamento e 3% discriminação racial).
Em pesquisa realizada em duas escolas de Campinas, GUIMARÃES (1996), verificou
que todos os professores relacionavam a violência a uma agressão física ou verbal. Além de
não considerarem a escola violenta, eles viam estes acontecimentos (brigas, roubos e
xingamentos) como “natural da idade” ou “coisas de alunos”. Outro resultado relevante é a
associação das causas da violência com o ambiente familiar e a estrutura econômica. As
soluções apontadas tinham como objetivo amenizar as manifestações de hostilidade entre os
alunos para “melhorar” o comportamento deles ou adaptá-los às normas da escola. Destaca,
ainda, que as escolas produzem sua própria violência e sua indisciplina.
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Em relação ao comportamento agressivo entre os estudantes e o papel da instituição
escolar NETO (2005, p.2) escreve:
O comportamento agressivo entre estudantes é um problema universal,
tradicionalmente admitido como natural e frequentemente ignorado ou não
valorizado pelos adultos. Estudos realizados nas 2 últimas décadas demonstram que
a sua prática pode ter consequências negativas imediatas e tardias para todas as
crianças e adolescentes direta ou indiretamente envolvidos. A adoção de programas
preventivos continuados em escolas de educação infantil e de ensino fundamental
tem demonstrado ser uma das medidas mais efetivas na prevenção do consumo de
álcool e drogas e na redução da violência social.
Vale ressaltar que apelidos e xingamentos são as formas de violência mais freqüentes
encontradas neste estudo e que muitas vezes são tolerados por educadores, pois são tidos
como inerentes a fase de desenvolvimento dos alunos, conforme apontado acima.
Quando questionados se já agrediram algum colega, 75% dos alunos afirmaram ter
cometido algum tipo de agressão. Fato curioso, pois 83 % já sofreram algum tipo de agressão
na escola e 75% já agrediram, apontando a existência de um movimento constante de
comportamentos agressivos por parte da maioria dos alunos.
Os estudos de YAMASAKI (2007, p.192), sobre violências no contexto escolar,
corroboram com os dados encontrados neste trabalho, uma vez que a mesma trata da violência
horizontal na perspectiva freiriana, na qual a agressão é dirigida aos próprios companheiros,
reconhecendo a existência de mútua agressão entre pares. A presente autora cita Paulo Freire,
ao dizer que o oprimido muitas vezes reproduz a violência que aprendeu dos opressores,
compreensão essa que considera a violência como construção social.
NETO (2005) ao estudar as formas de envolvimento dos estudantes nos
comportamentos agressivos aponta que as crianças ou adolescentes podem ser identificados
como vítimas, agressores ou testemunhas de acordo com sua atitude diante das situações de
conflito. Portanto, os dados obtidos nesta pesquisa confirmam o envolvimento dos estudantes
ora como agressores ora como vítimas.
Tabela 2. Tipos de violência feitas contra um colega de escola
Xingamentos
Apelido
Agressão Física
Isolamento
Discriminação Racial
Outro
41%
40%
16%
1%
1%
1%
Na tabela 2 observamos novamente a predominância de xingamentos e apelidos entre
as formas de violência mais frequentes, fato esse que nos remete a uma reflexão sobre o
fenômeno “bullying” nas escolas.
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Várias pesquisas focalizam conflitos entre alunos, denominados de bullying, um termo
criado na década de 80 na Noruega, originado da palavra inglesa bully, valentão. Na forma de
verbo, indica a ação de ameaçar, intimidar.
O termo bullying não encontra exata tradução no português, mas ABRAMOVAY e
RUA (2002), o consideram como “intimidação física” e ressaltam a sua ocorrência dentro da
comunidade escolar no Brasil.
Estudos sobre a intimidação física e/ou verbal descrevem o agressor como uma pessoa
que apresenta forte necessidade de dominar os outros, é considerada hábil socialmente, tem
uma boa compreensão da emoção dos outros, não sofre retaliações de seus colegas de classe,
está bem situada no grupo e é um líder entre os outros estudantes. (MOUTTAPA et al, 2004)
NETO (2005, p.5) faz uma diferenciação entre o bullying direto e o indireto:
O bullying é classificado como direto, quando as vítimas são atacadas diretamente,
ou indireto quando estão ausentes. São considerados bullying direto os apelidos,
agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e gestos que geram
mal estar aos alvos. São atos utilizados com freqüência quatro vezes maior entre os
meninos. O bullying indireto compreende atitudes de indiferença, isolamento,
difamação e negação aos desejos, sendo mais adotados pelas meninas.
Na escola pesquisada encontramos, conforme a tabela 4, a existência do bullying direto
(41% xingamentos, 40% colocar apelidos e 16% agressão física) predominando sobre o
bullying indireto (1% isolamento e 1% discriminação racial).
As práticas de violência apresentadas neste estudo estão em consonância com o
trabalho de YAMASAKI (2007, p.187), ao afirmar que aqueles que não se enquadram nos
padrões estabelecidos estão sujeitos à violência, que pode incluir agressões verbais e físicas,
apontando a dificuldade de convívio social com a pluralidade.
A importância dos estudos de DELORS (1998), no contexto da violência escolar,
afirma-se na medida em que o autor propõe, entre outros valores e princípios de convivência
para a educação no século XXI, “aprender a conviver com o outro”, indicando que os
profissionais de educação devem trabalhar nessa perspectiva com olhar sobre a possibilidade
de superação das violências.
Ao pesquisarmos o local de maior incidência de agressões na escola, encontramos que,
como mostra a tabela abaixo, 38% acontecem na sala de aula, 29% durante o lanche, 23% nos
horários de entrada e saída e 10% nas aulas de educação física.
Tabela 3. Locais de incidência de agressões na escola
Dentro da sala de aula
Durante o lanche
Nos horários de entrada e saída
Nas aulas de Educação Física
38%
29%
23%
10%
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Segundo SPOSITO (1998), as ações violentas ocorrem na escola nos minutos de
ocisiosidade entre uma disciplina e outra ou nas aulas vagas, devido à ausência de professor.
Em nossa pesquisa encontrarmos o maior índice de ocorrência de agressõs dentro da sala de
aula, ou seja, na presença de um professor.
Já GUIMARÃES (2006) discute a violência e a autoridade no espaço escolar, entende
que professores e alunos devem administrar a violência, formulando regras comuns. Acredita
que o professor deve ocupar lugar limitador, mas permitir aos alunos negociar seus conflitos.
Atribui a dificuldade do professor em administrar os conflitos, ao fato dele se concentrar
apenas na sua posição normalizadora, ocupando seu lugar através da imposição de regras.
Portanto, o papel do professor como mediador de conflitos deve passar pela reflexão
crítica de suas práticas pedagógicas, desconstruindo-as e re-significando o seu modo de se
relacionar e de se conceber o mundo e os homens.
Na tabela 4 encontramos algumas medidas para evitar ou diminuir a violência. Nota-se
que 28% sugeriram a suspensão do aluno agressor, seguido por 27% que propõem chamar os
pais, 19% desenvolver atividades que propiciem o respeito, 14% retirar da sala de aula e
apenas 12% assinalaram o diálogo.
Tabela 4. Medidas sugeridas pelos alunos para evitar a violência
Suspensão do aluno agressor
Diálogo com os envolvidos no conflito
Chamar pais e responsáveis
Desenvolver atividades dentro da escola que propiciem o respeito
Retirá-lo da sala de aula
28%
12%
27%
19%
14%
AQUINO (1998) faz uma crítica à maneira que a escola tenta solucionar os conflitos
através de encaminhamentos para diretor, pais ou responsáveis, psicólogos e outros. Muitas
vezes, através do expurgo ou da exclusão velada sob a forma das “transferências”.
Para NETO (2005) a prevenção de comportamentos agressivos entre os estudantes
alcança melhores resultados por meio de intervenções precoces que envolvam pais, alunos e
educadores. Para esse mesmo autor o diálogo, a criação de pactos de convivência, o apoio e o
estabelecimento de elos de confiança e informação são instrumentos eficazes, não devendo ser
admitidas, em hipótese alguma, ações violentas.
NAYLOR e COWIE (apud MOUTTAPA et al., 2004, p. 320) obtiveram sucesso na
promoção de um ambiente social favorável na sala de aula e redução das agressões verbais,
através da utilização de sistemas de apoio de condutas de grupo, que inclui agir como amigo,
para resolução de conflito, e programas de aconselhamento.
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ORTEGA e DEL REY (2002) propõem estratégias educativas para prevenção da
violência escolar, pois consideram o fenômeno do clima de conflito como um processo
reversível, enfatizando a necessidade de uma análise consciente da natureza social, cultural e
psicológica das relações interpessoais. Apresentam, neste livro, atividades para melhorar o
diálogo e a convivência na sala de aula. Também refletem sobre papel do professor:
Assumir-se como um profissional reflexivo, que enfrenta a tarefa educacional a
partir da indagação sobre as condições de seu trabalho a partir da compreensão das
necessidades concretas do(as) alunos (as), da utilização de recursos e procedimentos
inovadores, e da tomada de decisões negociadas e valorizadas como interessantes, no
contexto da equipe docente, tem alguns benefícios que não foram ainda
suficientemente divulgados. Efetivamente, só com uma atitude pesquisadora e um
espírito crítico diante da realidade e das opiniões, é possível se fazer frente aos
fenômenos de um clima conflituoso, atualmente presentes nas salas de aula e nos
contextos educacionais. ORTEGA e DEL REY (2002, p.42)
TOGNETTA (2003), fundamentada na teoria piagetiana sobre o desenvolvimento
moral na criança, aponta para a necessidade de relações de cooperação e respeito mútuo para
melhoria das relações interpessoais no convívio escolar e apresenta propostas de trabalho com
moralidade e afetividade na escola.
Podemos constatar a partir dos dados da tabela 4 que os alunos reproduzem em suas
respostas a forma de o sistema escolar administrar seus conflitos, que são aquelas conhecidas
e vividas por eles, indicando o diálogo como a última medida para prevenir a violência
escolar.
Nesse cenário, algumas iniciativas emergem na tentativa de diminuir e prevenir a
violência escolar, a mediação de conflitos é um procedimento por meio do qual uma terceira
pessoa imparcial e capacitada age no sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma
disputa, evitando antagonismos, porém sem prescrever uma solução (SALES e ALENCAR,
2004).
O currículo escolar deve inserir gradativamente a mediação de conflitos para que não
seja uma ação isolada, mas incorporada ao cotidiano da instituição, assim, é preciso que seja
compreendido como um desejo de toda comunidade interna e externa da escola para
efetivação do processo de superação das violências.
A mediação de conflitos é tratada por CHRISPINO (2007, p.13) ao afirmar que:
O primeiro ponto para a introdução da mediação de conflito no universo escolar é
assumir que existem conflitos e que estes devem ser superados a fim de que a escola
cumpra melhor as suas reais finalidades. Há, portanto, dois tipos de escola: aquela
que assume a existência de conflito e o transforma em oportunidade e aquela que
nega a existência do conflito e, com toda a certeza, terá que lidar com a manifestação
violente do conflito, que é a tão conhecida violência escolar.
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Podemos pensar que sendo a escola um espaço de convivência de pessoas com
diferentes características, educações, religiões e personalidades, é natural que surjam
divergências das mais diversas espécies, porém é papel de todos os membros envolvidos no
processo educacional buscarem estratégias para administrarem os conflitos escolares.
Desta forma, este estudo sugere a mediação de conflitos como um instrumento
pedagógico viável para superação das violências no contexto escolar, pois o mesmo
desenvolve a tolerância entre as partes, o respeito às diferenças e a solidariedade, colaborando
para construção de uma democracia participativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo de caso apontou que 83% dos alunos entrevistados já foi vítima de algum
tipo de violência dentro da escola, assim como 75% afirmaram já terem agredido um colega.
Dentre as formas de violência mais freqüentes encontradas estão os xingamentos e os apelidos
(80%), a agressão física apareceu em um índice bem inferior (13%).
Estamos diante de uma realidade: a violência no cotidiano escolar. É dever dos
educadores e gestores assumirem a responsabilidade, buscando medidas educativa tais como a
mediação de conflitos proposta por alguns autores, a fim de garantir às crianças e aos
adolescentes uma convivência pacífica e saudável dentro da escola e respeitando um direito
garantido no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Cremos que a escola tem um papel social importante na construção coletiva e
permanente das condições favoráveis para o pleno exercício da cidadania. Assim, espera-se
que o desenvolvimento de hábitos de diálogo e de respeito possibilitem melhores condições
para a consolidação de uma cidadania que contemple o multiculturalismo.
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