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indorama. Palavra de origem tupi que significa terra das palmeiras.
Palmeiras como inajá, pupunha, buriti, tucum, tucumã, pindoba, tucumaí.
Em Pindorama, todos os dias eram dos índios, e também dos papagaios, dos
tamanduás, dos gaviões. E do urubu-rei, da jaguatirica, da ariranha, do jacaré-depapo-amarelo, do peixe-boi, do lobo-guará, do macaco-prego, do mutum.
Pindorama era também como os povos ando-peruanos nomeavam esta terra
em que hoje chamamos de Brasil, e que era habitada por milhares de diferentes
povos. A estes povos, de línguas bem diferentes entre si, foram atribuídos nomes
que muitas vezes não eram adotados por eles mesmos. Hoje, descendentes
dos antigos povos como os Krenak, os Pataxó, os Mura, os Maxacali, os Xavante,
os Krahó, os Xacriabá, os Karajá ou os Ticuna vivem nas aldeias lutando para
preservar sua língua, seus hábitos, suas tradições e sua própria terra. Dos
milhões de índios que viviam no extenso território brasileiro estão apenas
alguns mil. Matemática estranha, que em quinhentos anos não multiplicou
o número dos índios: subtraiu.
laura
conhecimento, sabedoria – Os diversos povos mantinham diferentes
hábitos e tradições ensinados de pai para filho. Sabedoria de cada povo
indígena que era – e ainda é – compartilhado por todos da aldeia, mesmo
com as tarefas divididas entre os homens, as mulheres, os velhos e as crianças.
Nas aldeias indígenas, todos ajudam, todos aprendem. Geralmente,
as mulheres plantam e colhem, preparam os alimentos, cuidam dos filhos.
Em muitos povos – não em todos, porque alguns povos não são caçadores – os
homens cuidam da caça e pesca e também confeccionam com habilidade e
arte, utensílios de que precisam como arcos, tacapes, canoas e armadilhas para
caçar e percar. As crianças também participam da vida da aldeia, ajudando as
mães, acompanhando os adultos nas roças e na coleta de alimentos na mata,
brincando com miniaturas de objetos como cestos, arco-e-flechas e
recebendo de todos atenção e respeito.
Tradições e hábitos que revelam o conhecimento e sabedoria que
as diferentes culturas e línguas indígenas mantêm há milhares de anos.
mitos, mistérios – Com os mitos os índios explicavam a origem do mundo e da
vida, a formação dos povos, buscando respostas para tudo o que existia ao redor.
Para a memória não se perder, contavam essas histórias revelando sua maneira
de pensar, hábitos e costumes. Mitos antigos dos índios Mura, que hoje vivem
próximo ao rio Madeira, no Amazonas, contam que o arco-íris era a boca aberta
da cobra-grande, por onde os espíritos entravam no céu. Para os Xavante,
que vivem no Mato Grosso, no Parque Nacional do Xingu, o arco-íris é bafo
de serpente depois da chuva, e a Via-Láctea, um rastro de orvalho...
Para explicar a sua própria origem, os índios também têm suas histórias.
O segredo da existência de cada povo pode ser uma árvore, fendas numa
montanha, ou gotas da chuva. Para os Pataxó, que vivem em Minas Gerais
e no sul da Bahia, à beira-mar, os primeiros habitantes vieram de gotas da chuva.
Pataxó é água da chuva, que caminha para o rio, que caminha para o mar...
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