ENTREVISTA
Presidente da
Cooperativa Agrícola
de Paredes de Coura
DESTAQUES
Dia Mundial da Criança
no Espaço Agros
A FORÇA DA
UNIÃO
Revista da AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.
ABR . MAI . JUN . 2011
Trimestral
Edição Gratuita
ENFOQUE
PRODER - Apoio aos
Jovens Agricultores
9
EDITORIAL
UM APELO AOS JOVENS
DE PORTUGAL
Simão Alves
N
o dia 10 de Junho, Sua Exce-
nova Ministra com a tutela da Agricultura
lência, o Senhor Presidente da
vão iniciar o seu exercício de funções,
República,
Doutor
queremos relembrar as promessas que
Aníbal Cavaco Silva, num artigo de opinião
Professor
nos foram feitas ao longo de todos
publicado no Semanário Expresso, alertou
estes anos. Todavia, é importante que
para o facto de Portugal ser, no contexto
o Estado potencie a constituição de
agrícola, na União Europeia, o país com
um mecanismo de apoio que, efecti-
a mais elevada taxa de agricultores com
vamente, impulsione os mais jovens a
idade superior a 65 anos.
criarem um vínculo à terra que os viu
Todas as questões abordadas foram,
nascer. Queremos, também, lembrar a
sem dúvida alguma, de uma enorme
necessidade de serem promulgadas leis,
pertinência, numa altura em que muitos
tendentes a possibilitar um entendi-
jovens, com raízes, desde há várias gera-
mento entre a Produção e a Distribuição,
ções, ligadas à terra, estão a abandoná-la.
sem o que o nosso futuro será incerto.
Importa, pois, nestas linhas reforçar essas
Chegou, pois, a hora de os Agricultores
mesmas palavras proferidas pelo repre-
de todo o país e de todas as idades se
sentante máximo do Estado Português,
unirem, cerrarem fileiras e incentivarem
nesse dia, tão evocativo e especial para
os mais novos a apostar nesta actividade.
nós, Portugueses.
Só assim, poderemos encarar os tempos
É evidente que a situação a todos deve
vindouros com optimismo e esperar
preocupar, na medida em que, como
que esta mensagem possa servir para
sabemos, hoje em dia, são cada vez mais
despertar, desenvolver, e, consequen-
os jovens que não querem dar segui-
temente, modernizar o nosso Sector
mento ao trabalho iniciado pela sua
Primário, indispensável para o sustento
família. Neste momento, em lugar de se
de todos nós.
intentar justificar o porquê desta situa-
Para
ção, torna-se imperioso encontrar solu-
aplaudir, mais uma vez, as palavras profe-
ções para este problema. Assim, cabe aos
ridas por Sua Excelência, o Senhor Presi-
Homens e às Mulheres que, desde tenra
dente da República: «Só eles [ jovens]
idade, aprenderam a amar e a trabalhar a
poderão alavancar e apressar o salto
terra, conseguir convencer essa geração
qualitativo de que a nossa agricultura
a dar continuidade a esse labor. Obvia-
necessita para poder contribuir, como se
mente, só isto não chega, e agora que
espera, de forma muito significativa para
um novo Governo, e, por inerência, uma
atenuar a crise em que vivemos.»
finalizar,
queremos
reiterar
e
Chegou, pois, a hora de
os Agricultores de todo o
país e de todas as idades
se unirem, cerrarem fileiras e incentivarem os
mais novos a apostar
nesta actividade.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JAN . FEV . MAR . 2011
Director da AGROS, U.C.R.L.
3
FICHA TÉCNICA
Propriedade e Editora
AGROS - União das Cooperativas de Produtores de
Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes,
U.C.R.L.
ÍNDICE
3 EDITORIAL
> UM APELO AOS JOVENS DE PORTUGAL
5 OPINIÃO
> ÉTICA E PRÁTICA AGRÍCOLA
Contactos
Rua 5 de Outubro, 1813
4481-739 Vila do Conde
Telefone: 252 241 000
Fax: 252 241 009
E-mail: [email protected]
Site: www.agros.pt
Director
Comendador Francisco Marques
6 ANÁLISE
> O SECTOR AGRO-FLORESTAL EM PORTUGAL
8 POLÍTICAS AGRO-ALIMENTARES
> A REFORMA DA PAC E A SUSTENTABILIDADE DAS EXPLORAÇÕES LEITEIRAS DO ENTRE DOURO
E MINHO: FATALIDADE OU OPORTUNIDADE
Produção e Coordenação
Dr. José Filipe Silva
12 A ORGANIZAÇÃO
Colaboraram nesta Edição
Padre Doutor Domingos Lourenço Vieira
Prof. Doutor Francisco Carvalho Guerra
Prof. Doutor José Carlos Medeira dos Santos
Eng.ª Ana Lage
Eng.ª Ana Torres
Eng.ª Eugénia Morgado
Eng.ª Sílvia Azevedo
Dr. Paulino Cardoso
Prof. Doutor Júlio Carvalheira
Dr. Victor Cruz
14 PRÁTICAS AGRÍCOLAS
> ANTÓNIO FERNANDO DE BARROS MACHADO
> MELHORES PRÁTICAS DE ENSILAGEM DO MILHO
18 ENTREVISTA
> PRESIDENTE DA COOPERATIVA AGRÍCOLA DE PAREDES DE COURA
20 HISTÓRIAS DE VIDA...
> RITA SOFIA BARROS SILVA
Sede de Redacção
Rua 5 de Outubro, 1813
4480-739 Vila do Conde
22 À DESCOBERTA DE...
> PAREDES DE COURA
N.º de Contribuinte
500291950
Depósito Legal
295758/09
ISSN
1647-3264
Registo na ERC
125612
24 ACTUALIDADE
> PRODER – APOIO AOS JOVENS AGRICULTORES
27 INSTITUCIONAL
> ENGENHEIRO FRANCISCO SILVA, CONDECORADO POR SUA EXCELÊNCIA, O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PROFESSOR DOUTOR ANÍBAL CAVACO SILVA
28 HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
> PREVENÇÃO E SEGURANÇA NA CONDUÇÃO DE TRACTORES AGRÍCOLAS
Design e Composição Gráfica
Boaventura Matos
30 EVENTOS
Impressão Gráfica
Minerva, artes gráficas
Alberto Santos & Filhos, Lda.
Av.ª Alexandre Herculano, n.º 275
4480-878 Vila do Conde
[email protected]
> AGRO 2011
Tiragem
3500 exemplares
34 DIVULGAÇÃO
Periodicidade
Trimestral
32 ENTREVISTA
> VESSADAS – ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS TERRAS DO COURA
> BOVINFOR - UMA APLICAÇÃO INFORMÁTICA AO SERVIÇO DO PRODUTOR DE LEITE
36 DESTAQUES
> DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
Fotos
iStockphoto; Shutterstock
Esta revista está escrita de acordo com a antiga ortografia.
38 SAÚDE E BEM-ESTAR
> CHEGOU O SOL: CUIDADOS A TER
OPINIÃO
ÉTICA E PRÁTICA
AGRÍCOLA
Texto DOMINGOS VIEIRA
A
produção, transformação e distribuição de alimentos e produtos agrícolas são considerados
aspectos normais da vida quotidiana. Por isso, raramente, têm sido analisados de um prisma ético. Ora, há
valores éticos que vamos aqui brevemente apreciar.
A cultura e a ética agrícola impõem: o respeito e a boa
gestão dos equilíbrios biológicos, a consideração dos diferentes actores - produção, transformação e distribuição –
potenciando, assim, a criação de “pontes” através de uma
região, respeitando as expectativas da comunidade e da
sociedade em geral em matéria de alimentação, fornecendo produtos alimentares sãos e frescos e permitindo
aos agricultores o melhoramento e a viabilidade da sua
exploração.
A compreensão da agricultura sustentável, como Bergström, Bowman e Sims (2005)1 a definem, deve responder a
estes objectivos: 1 - melhorar a produtividade do solo, da
água e os outros recursos naturais, a fim de responder aos
níveis crescentes de exigência; 2- produzir uma alimentação segura, completa e nutritiva que suporte a saúde
humana; 3- assegurar um rendimento adequado aos agricultores para que estes possam ter um nível de vida aceitável2; 4- ir ao encontro dos standards e das expectativas
sociais da comunidade. Por outras palavras, a agricultura
sustentável deve integrar a dimensão humana, ambiental,
a dimensão económica e a dimensão social.
Esta agricultura sustentável faz, por exemplo, uma utilização equilibrada do capital natural (água e solo), permitindo uma biodiversidade melhorada e práticas agrícolas
consideradas “amigas do ambiente”. Do mesmo modo,
está em compatibilidade com os ciclos naturais dos ecossistemas vivos em todo o sistema de produção e procura
criar um equilíbrio entre as produções vegetais e animais.
Dentro do quadro ético de uma agricultura sustentável, apresenta-se o modo de produção biológico. Hulse considera-a
como sendo «a marca da agricultura sustentável e durável.»3
Trata-se de uma agricultura que protegeria a biodiversidade, através do desenvolvimento de práticas agrícolas em
harmonia com o meio-ambiente4. Tais práticas sublinham a
importância dos recursos naturais, porque são indispensáveis
à sobrevivência e à prosperidade humana e nenhuma utilização presente de tais recursos deve comprometer outros
usos legítimos pelas gerações futuras.
Em síntese, estes valores revelam um pouco do que
devemos fazer. Hans Jonas entreviu assim o questionamento ético neste campo: «as novas dimensões do agir
reclamam uma ética da previsão e da responsabilidade
que lhes são comensuráveis.»5 Contemplemos a Natureza.
Reconheçamos cada vez mais a sua beleza, complexidade e integridade, bem como os limites da modificação
humana do mundo natural.
1 Cf. L. BERGSTRÖM, B. T. BOWMAN, et J.T. SIMS (2005), “Definition of Sustainable and Unsustainable Issues” in Nutrient Management of Modern Agriculture, Soil Use and Management, vol. 21, pp. 76-81
2 Porque não evocar aqui a ideia de cidadania alimentar uma vez que as escolhas do consumidor têm consequências para assegurar ao agricultor um rendimento justo e equitativo (Cf. J. WELSH, e R.
MACRAE (1998), “Food Citizenship and Community Food Security: Lessons from Toronto, Canada », dans Delisle et Shaw (édit.), La quête de la sécurité alimentaire au 21e siècle, Revue canadienne d’études
du développement, Université d’Ottawa, vol XIX).
3 J. H. HULSE (1995), Science, agriculture et sécurité alimentaire, Les presses scientifiques du Conseil national de recherches du Canada, Ottawa, p. 119.
4 Cf. E. COLEMAN (2004), Can Organics Save the Family Farm, Organic Consumers Association, http://www.organicconsumers.org/organic/save090604.cfm, página consultada a 28 de Abril de 2011.
2004
5 Hans JONAS (1995), El principio de responsabilidad. Ensayo de una ética para la civilización tecnológica, Barcelona, Herder, 1995, p. 51.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
PADRE. DOUTOR EM ÉTICA SOCIAL
5
ANÁLISE
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
O SECTOR
AGRO-FLORESTAL
EM PORTUGAL
6
A
zados.
A esta diversidade de produtos, somam-se
território, ocorrida pela emigração para o
cerca de 3% do PIB e de mais de 12%
as actividades e serviços em espaços
estrangeiro e/ou para regiões mais urbanas
das exportações nacionais, contribuindo,
florestais, onde sobressaem a caça e a
da costa nacional, conduziu a um progres-
assim, de modo decisivo, para a nossa
pesca em águas interiores, bem como os
sivo abandono da gestão florestal e à
balança de pagamentos.
novos mercados do sequestro de carbono
não utilização dos resíduos florestais pela
Acresce ainda que o VAB – Valor Acrescen-
e as actividades de turismo e desporto da
agricultura, que, por sua vez, potenciou
tado Bruto - dos produtos de base florestal
natureza com mercados em crescimento
o flagelo dos incêndios, que cresceram
é pelo menos da ordem dos 90%, dado que
que podem trazer novos rendimentos aos
de forma galopante, criando um maior
tudo é nacional desde a terra, à árvore, à
proprietários florestais.
receio no investimento florestal. Eis o que
exploração e ao transporte, até à transfor-
A rentabilidade da floresta é um factor
é preciso ultrapassar.
mação em produtos finais com base no
essencial da sua sustentabilidade, uma
Na verdade, cerca de metade do espaço
conhecimento e na mão-de-obra portu-
vez que a floresta portuguesa é, essencial-
florestal nacional é hoje constituído por
guesa. Esta mão-de-obra é hoje calculada
mente, privada: 91% é pertença de proprie-
matas ardidas e não replantadas, pelo que
em cerca de 260.000 postos de trabalho
tários florestais, cerca de 6% é detida por
é necessário um enorme esforço de todo o
directos e indirectos.
comunidade (baldios) e apenas 3% é do
país para reverter a situação.
A floresta portuguesa é base de três impor-
Estado Português.
Sendo a floresta portuguesa privada, este
tantes fileiras, a saber: a fileira do Pinho, a
Dos cerca de 400.000 proprietários flores-
trabalho deve ser liderado pelos proprie-
do Sobro e a do Eucalipto, que produzem e
tais espalhados pelo território, parte
tários através das suas Associações a quem
exportam mobiliário, cortiça, pasta e papel.
encontra-se agrupada em organizações de
deve ser cometido o trabalho de associar
Para além destes, conta-se ainda uma vasta
proprietários florestais (OPFs), que têm por
produtores e propriedades. As políticas
gama de produtos, tais como a resina, a
missão defender as posições da floresta
públicas de apoios devem dirigir essas
castanha, o mel, os cogumelos, as plantas
privada e garantir apoio técnico aos produ-
tarefas de agregação que não podem
aromáticas e alguns frutos silvestres que,
tores, para que estes possam implementar
perder de vista a escala económica para a
juntamente com a biomassa florestal para
uma gestão mais profissional e rentável nas
gestão sustentável das explorações.
floresta portuguesa ocupa cerca
fins energéticos, são cada vez mais valori-
de 2/3 do território nacional e
é, actualmente, responsável por
suas florestas.
Em décadas passadas, a desertificação do
Texto DOUTOR FRANCISCO CARVALHO GUERRA
Não podemos, nem devemos, esquecer
no investimento.
mobilizar já hoje, porque a floresta é uma
os dramas de 2003 e 2005 com cerca de
No entanto, o sucesso das ZIFs depende da
actividade geracional que não pode ser
750.000 hectares ardidos. A média de
adesão dos proprietários e da sua vontade
interrompida e que devemos às gerações
100.000 hectares / ano, desde então, signi-
em liderar esses processos, mandatando as
futuras.
ficou que a floresta portuguesa perdeu já
suas organizações para executar as acções
Mas, se na floresta o investimento só pode
cerca de 1.2 milhões de hectares.
consideradas prioritárias.
ser recuperado a médio e longo prazo, no
Infelizmente, a par do risco de incêndio,
Dentro dessa lógica de mobilização das
sector agrícola, o curto prazo já é possível.
também têm surgido outras ameaças,
pessoas, é também necessária uma forte
É de todo essencial que os Homens da terra
como novas pragas e doenças, que devem
campanha de sensibilização contra os
continuem o seu habitual esforço. Não
ser debeladas. Uma vez mais, o melhor
incêndios florestais, dirigida a toda a popu-
trocar o suor pelo subsídio será a forma, a
caminho será a concentração de esforços,
lação, desde as crianças aos adultos, para
sua forma, de contribuírem, efectivamente,
nomeadamente nas zonas minifundiárias
que todos protejam este recurso nacional
para debelar a crise económica.
do Norte e Centro.
tão importante para o país. Estejam os
Há quem diga que as gentes do Minho
Como é sabido, a resposta para o mini-
governantes atentos à sua relevância nesta
sabem de leites e de vinhos, o que têm
fúndio é a gestão florestal agrupada, onde se
época de crise.
demonstrado, ao longo dos anos, com a
devem considerar tipologias de floresta mais
De facto, os incêndios e a ausência de
admirável melhoria da qualidade destes
resistente aos incêndios, e, onde as espécies
novas plantações conduzem-nos à falta de
produtos. Não pode, nem deve, contudo
folhosas devem compartimentar as tradicio-
matéria-prima, que será dramática para os
esquecer as suas bouças, muitas vezes,
nais florestas de eucalipto e pinheiro, para
nossos industriais e, consequentemente,
cofre ou banco da família tanto para as
diminuir a progressão dos fogos.
para a nossa economia exportadora.
aflições como para os dias festivos.
As zonas de intervenção florestal, ZIFs,
Infelizmente, as árvores crescem devagar.
Que deste Minho onde nasceu o Condado
criadas em 2005, são uma boa possibi-
O eucalipto precisa de dez anos para dar
Portucalense, e que desta terra de Heróis e
lidade para se atingir estes objectivos,
celulose e todas as outras espécies como
de Santos ligados à terra volte o exemplo
porque criam uma dimensão de no
o pinheiro, o sobreiro, o castanheiro ou o
de uma nova agricultura e de uma nova
mínimo 1.000ha, o que permite a defesa
carvalho demoram ainda muito mais a dar
floresta que restitua ao Portugal de hoje a
contra os incêndios e custos mais baixos
rendimento. Por isso mesmo, temos de nos
capacidade e a dignidade de outrora.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIV. DO PORTO
7
POLÍTICAS AGRO-ALIMENTARES
Texto DOUTOR JOSÉ CARLOS MEDEIRA DOS SANTOS
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
[email protected]
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA
INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO
8
A REFORMA DA PAC
E A SUSTENTABILIDADE
DAS EXPLORAÇÕES LEITEIRAS
DO ENTRE DOURO E MINHO:
Fatalidade ou Oportunidade?
cação do regime de quotas, a gestão
nacional desse regime, os incentivos
ao abandono voluntário, as limitações aos apoios às explorações mais
pequenas, todas foram realidades que
permitiram: (1) o fim da trajectória de
ascensão das pequenas explorações
e o seu desaparecimento quase total;
(2) a concentração da produção num
número de explorações que representa hoje uma ínfima proporção do
seu número inicial; (3) o aumento das
produtividades e das produções por
produtor; (4) e, igualmente, a concentração da produção nacional em duas
zonas bem distintas – nalguns municípios do EDM, e nas regiões dominadas
pela grande exploração agrícola, como
o Ribatejo e o Alentejo, onde as produções não param de crescer.
A última reforma da PAC – desvinculando as ajudas agrícolas da produção,
criando o Regime de Pagamento
Único, e introduzindo conceitos como
o de condicionalidade ambiental –
bem como as perspectivas de uma
próxima reforma que termine de
vez com o regime de quotas, trazem
novas dúvidas sobre a sustentabilidade da produção leiteira portuguesa,
ou, pelo menos, sobre a sua manutenção nas zonas geográficas onde
tradicionalmente se desenvolveu. As
novas políticas europeias e nacionais (por exemplo o REAP1) hão-de
impor a realização de investimentos
que são incompatíveis com as reduzidas dimensões das explorações, e
arriscam-se a impedir a concorrência
com as produções leiteiras das outras
regiões europeias e mais desenvolvidas, podendo levar a um desaparecimento de explorações mais acentuado
que o actual, ou mesmo, ao colapso do
sector na região.
É sabido que as políticas orçamentais
nacionais e europeias não deixam
antever aumentos significativos nos
apoios às explorações. É sabido que
mesmo no seio do EDM, há zonas
onde a produção leiteira se sente mais
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
A
s estruturas agrárias portuguesas vêm seguindo uma
evolução idêntica à das agriculturas dos países desenvolvidos,
num processo de concentração das
actividades em explorações maiores,
mais competitivas, e mais envolvidas
com os mercados. Este percurso levou
ao desaparecimento das explorações
geridas pelos produtores mais idosos,
com menos educação formal, com
menor acesso aos recursos financeiros ou aos factores de produção
mais escassos, com menor capacidade
de inovação, ou, ainda, daquelas que
se localizavam em zonas geográficas
menos favorecidas e mais entorpecidas pelo abandono rural.
O Entre Douro e Minho (EDM) não tem
escapado a esta regra. Com estruturas
agrárias minifundiárias, nele o abandono agrícola mantem-se uma realidade, e até a produção leiteira corre o
risco de não resistir a estes processos
de ajuste estrutural. Imposições políticas internas e externas contribuíram e
contribuem para os acelerar, o mesmo
sucedendo com as sucessivas alterações sofridas ao nível dos mercados e
das regras comerciais internacionais,
bem como as cada vez mais apertadas
obrigações com a preservação dos
recursos naturais e do meio ambiente.
Para muitos, este ajustamento representa uma evolução positiva rumo a
estruturas agrárias mais eficientes e
competitivas. Contudo, hoje já não
é possível ignorar que o progressivo abandono do rural e de muitas
actividades agrárias acarreta preocupações e incertezas, sobretudo no
que se refere à preservação do meio
ambiente, à conservação da biodiversidade ou à manutenção da vitalidade
de muitas regiões. Estas são as razões
que levaram muitos governos à definição de políticas de apoio às explorações mais débeis, aumentando os seus
rendimentos e pagando pelos seus
produtos e serviços que não podem ser
negociados nos mercados. Estas são as
razões que levaram ao paradigma da
multifuncionalidade da agricultura na
União Europeia.
A crescente dualidade observada no
interior das agriculturas europeias,
separando, por um lado, zonas dominadas por explorações eficientes e
competitivas, e, por outro, zonas dominadas por explorações que lutam pela
sua sobrevivência, mas que apesar de
tudo detêm uma importância económica, social e ambiental importante,
mantém na ordem do dia a questão da
multifuncionalidade, e torna urgente
a necessidade da territorialização de
políticas. O futuro mais próximo da
Política Agrícola Comum (PAC), a previsível evolução dos mercados mundiais,
e as crescentes preocupações ambientais, aumentam a fragilidade competitiva de muitas explorações, tornando
imperioso o desenho de políticas territorializadas que lhes permitam manter,
ou mesmo melhorar, os distintos
papéis que vêm desempenhando nas
nossas sociedades.
A produção leiteira do EDM pode estar
nesta situação. De facto, foi a integração do sector leiteiro nacional na
PAC que alterou a tendência, até então
vivida, para o domínio da pequena
produção do norte litoral. As sucessivas reformas daquela política, a apli-
9
ameaçada que noutras. Por isso, uma
opção estratégica nacional e regional,
pela manutenção da pequena e média
produção leiteira do noroeste português, parece implicar forçosamente o
estudo da viabilidade das suas explorações, numa perspectiva que seja
claramente territorializada.
O carácter multidimensional da
sustentabilidade (envolvendo aspectos
económicos, sociais e ambientais),
aconselha a que o seu estudo se faça
através da determinação de indicadores compostos de sustentabilidade2
que permitam abarcar aqueles três
aspectos. A necessária perspectiva
territorializada aconselha o recurso
aos Sistemas de Informação Geográfica
e à estatística espacial.
Foi o que se fez num estudo recente,
que tomou por base os dados retirados do inquérito realizado em 2006
ao universo das explorações leiteiras da
bacia leiteira primária do EDM (então
cerca de 2.000 explorações), para
efeitos da elaboração do seu Plano
de Ordenamento. Tendo em atenção
os objectivos do estudo, foi escolhido
um conjunto de variáveis que pudesse
abarcar as três vertentes da sustentabilidade: a económica, a social e a
ambiental. Para a primeira vertente,
estudaram-se: a produtividade do
Tabela 1
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
com o Indicador Global de Sustentabilidade5.
Como fica patente, os problemas
económicos, sociais e ambientais que
condicionam a sustentabilidade da
actividade leiteira não são territorialmente coincidentes. Viana do Castelo,
por exemplo, apresenta uma das piores
situações no que toca aos aspectos
económicos, mas é claramente um
dos concelhos onde os problemas
ambientais são menos importantes.
Situação oposta é, por exemplo, a de
Vila do Conde.
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), ferramentas actualmente
imprescindíveis em questões como o
desenvolvimento de políticas territorializadas ou o planeamento e ordenamento do território, podem ajudar
a apurar a visualização da distribuição
espacial dos problemas de sustentabilidade evidenciados na tabela anterior.
Através da utilização de métodos de
interpolação espacial (como o Kriging
Ordinário), é possível obter mapas
como os aqui mostrados, onde claramente se delimitam as zonas de maior
ou menor probabilidade de sustentabilidade das explorações leiteiras dos
concelhos da bacia leiteira do EDM
(exceptuando-se por questões metodológicas o de Oliveira de Azeméis).
Número de
Explorações
IC
Sustentabilidade
Económica
IC
Sustentabilidade
Social
IC
Sustentabilidade
Ambiental
IC de
Sustentabilidade
Global
P. de Varzim
201
0,1571
0,4233
0,5601
0,2791
Vila do Conde
363
0,1566
0,4260
0,5597
0,2791
V. N. Famalicão
174
0,1450
0,4235
0,5626
0,2719
Maia
60
0,1433
0,3906
0,5647
0,2664
Matosinhos
65
0,1402
0,3967
0,5648
0,2654
Barcelos
616
0,1369
0,3929
0,5538
0,2604
Trofa
91
0,1251
0,3942
0,5713
0,2566
Santo Tirso
43
0,1098
0,4279
0,5657
0,2503
O. de Azeméis
116
0,1351
0,3129
0,5545
0,2479
Esposende
114
0,1141
0,3791
0,5444
0,2416
Viana Castelo
56
0,1054
0,3724
0,5727
0,2409
Concelho
10
trabalho (em euros de margem bruta
padrão por unidade de trabalho
anual); a produtividade da terra (em
euros de margem bruta padrão por
hectare de SAU3); a dimensão económica das explorações (em unidades
de dimensão europeias totais); e a
proporção dos rendimentos da família
obtidos fora da exploração. Para a
segunda vertente: a idade do produtor;
o seu nível de instrução; a existência ou
não de sucessores ocupados na exploração; e a forma de exploração da
terra, particularmente a proporção de
SAU “outras formas” – nem explorada
por conta própria, nem por arrendamento. Para a vertente ambiental: a
relação entre o azoto orgânico produzido na exploração e o máximo que lhe
é permitido aplicar ao solo; a relação
entre a capacidade de armazenamento
de estrumes e chorumes existente e
a devida; a distância da exploração
a núcleos urbanos; e a produção de
gases com efeito de estufa equivalente
a CO2.
Uma vez depuradas, normalizadas e
ponderadas as variáveis, foram determinados os Indicadores Compostos
de Sustentabilidade por concelho4,
encontrando-se os seus valores indicados na Tabela 1. Nela, os concelhos
encontram-se ordenados de acordo
que mais a condicionam (a avaliar pela
quase coincidência observada entre os
mapas das sustentabilidades económica e global).
Num momento em que as próprias
instituições europeias falam em: (1)
atribuir maior legitimidade, equidade
e eficácia à PAC; (2) transformar o
RPU através de novos fundamentos,
modelos e critérios de distribuição;
(3) reforçar os pagamentos por bens
públicos agrícolas e rurais; e (4) desenvolver critérios objectivos e equitativos de distribuição dos recursos,
evidências como as aqui apresentadas deveriam motivar os agentes

económicos
ligados à produção
leiteira do noroeste a olhar os tempos
que se aproximam como tempos de
mudança e de desafio. Defender a
produção leiteira regional pode não
implicar prosseguir no caminho da
concentração e do abandono, como
o até aqui vivido. Se cada exploração cumpre objectivos e funções
diferentes na nossa economia, na
nossa sociedade, no nosso território,
saibamos então tirar o devido partido
dos recursos que são postos à nossa
disponibilidade, e saibamos assumir
as diferenças existentes, afastando
de vez o princípio aparentemente
inevitável de que só o grande é bom
e eficiente.

1 Regime de Exercício da Actividade Pecuária.
2 Indicadores que agrupem num só valor um conjunto heterogéneo de variáveis.
3 Superfície Agrícola Utilizada.
4 Todos compreendidos entre 0 e 1, correspondendo o 0 à pior situação, e o 1 à melhor.
5 O Indicador Global é ele próprio um indicador composto, resultante da agregação dos indicadores de sustentabilidade económica, social e ambiental.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Neles destacam-se as zonas de alta,
média e baixa sustentabilidade (económica, social, ambiental e global), de
acordo com as variáveis estudadas e as
opções metodológicas tomadas.
Claramente, a mais elevada sustentabilidade económica encontra-se ao longo
dos vales do Ave e do Este, enquanto
a menor sustentabilidade ambiental
se encontra na Zona Vulnerável n.º 1.
Claramente, tanto a sustentabilidade
económica como a ambiental são
territorialmente opostas. Claramente,
também, as questões sociais não
parecem ser as que mais condicionam
a sustentabilidade das explorações,
sendo, sim, os aspectos económicos os
11
A ORGANIZAÇÃO
É costume dizer-se: os Homens passam, mas as Instituições ficam. Se é
verdade este dito popular, também não deixa de ser, se dissermos que,
muitas vezes, esses mesmos Homens ficam umbilicalmente ligados a
essas Organizações. É o que acontece com o nosso entrevistado desta
edição, o Senhor António Machado. A ele, a Agros deve muito do
trabalho desenvolvido, sobretudo, na região do Vale do Sousa e das
Terras de Basto. Eis o seu testemunho.
NOME
IDADE
ESTADO CIVIL
António Fernando de Barros Machado
63
Casado
FILHOS
2
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Entrevista Dr. FILIPE SILVA
Fotos ARQUIVO AGROS
12
A Força da União (F.U.) - É nosso Colaborador desde
o ano de 1965. Fale-nos do seu percurso na Organização.
Senhor António Machado (A.M.) - Após cumprir
a minha especialização escolar, em Junho desse ano,
iniciei a minha actividade profissional na Federação
dos Grémios da Lavoura, mais propriamente no Laboratório Central do Porto, passando, também, pelo
Núcleo desta cidade. Em Dezembro, fui destacado para
prestar apoio ao Núcleo de Braga, e, no início de 1966,
fui transferido para o laboratório do Núcleo de Celorico de Basto. Pouco tempo depois, assumi a sua supervisão.
Todavia, a vida dá muitas voltas, e, no início da década
de 1970, mais propriamente entre 1971 e 1972, estive a
trabalhar no Centro de Tratamento de Leite (C.T.L.), em
Leça do Balio. Aí, partilhei responsabilidades com mais
três colegas, competindo-nos zelar pelo funcionamento
da unidade, desde a recepção do leite até à sua expedição, em especial, na parte ligada ao seu tratamento
(refrigeração, pasteurização, desnatagem, leite achocolatado e esterilizado).
Como diz o ditado, “o bom filho a casa torna”, em 1973,
regressei ao Núcleo de Celorico de Basto com as funções
anteriormente exercidas, passando, também, um ano
depois, a prestar apoio ao Núcleo de Penafiel.
Com a extinção da Federação dos Grémios da Lavoura,
e consequente passagem do património leiteiro desta
instituição para a Agros, convidaram-me para trabalhar
nesta Organização. Em 1979, fui incumbido de dirigir o
Centro de Concentração da minha terra natal, Celorico
de Basto.
Em 1984, após a abertura do Posto de Concentração de
Lousada, foi-me delegada a tarefa de reorganizar todos
os circuitos de recolha, ou seja, todo o leite recepcionado
nesta região. A partir de então, passei a ter uma maior
ligação a todos os serviços deste núcleo [Lousada].
Dez anos depois, assumi o cargo de Chefe de Núcleo
de Lousada, por nomeação da Exma. Direcção da
Agros e do seu Director Geral. Desde já, aproveito esta
oportunidade para expressar o meu reconhecimento
pela confiança em mim depositada. Neste contexto,
não posso deixar de referir dois Homens que muito
me marcaram, os saudosos Senhores Comendadores
Fernando da Silva Mendonça e João dos Anjos Lopes.
No ano de 2005, cessou, definitivamente, a actividade
do Posto de Concentração de Lousada. Nas suas instalações, a partir de então, começou a funcionar o Laboratório Interprofissional (ALIP), passando o núcleo
para o centro da vila, aí se mantendo até hoje. Actualmente, cabe-me coordenar e supervisionar toda a sua
actividade: informar, esclarecer e aconselhar os produtores. Por outro lado, sempre que necessário, estabeleço ligação com outros departamentos da empresa e
Cooperativas agrupadas da Agros.
(F.U.) - O que significa para si ser um Colaborador da
Agros, U.C.R.L.?
(A.M.) - Empenho, dedicação e sempre um bom relacionamento com os demais colegas. Durante todos
estes anos, quase meio século, acompanhei sempre o
seu crescimento. Porque vivi o passado e conheço o
presente, posso dizer que sinto um enorme orgulho em
pertencer a esta família. Aos mais novos, lembrar que,
tudo isto, foi construído com muito “trabalho, vontade
e perseverança”. Se assim não fosse, não poderíamos
afirmar, hoje em dia, sermos, sem dúvida, uma Organização de referência no panorama agrícola nacional.
ORIGENS E FUTURO
História
Longevidade Empresarial
Cooperação
Grupo
Novos Projectos AGRO
Espaço Agros
Grupo Cooperativo AGROS
AGROS - União de Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.
Lugar de Caçapos - Argivai . 4490-227 ARGIVAI . TEL 00351 252 241 000
www.agros.pt
PRÁTICAS AGRÍCOLAS
MELHORES PRÁTICAS
DE ENSILAGEM
DO MILHO
A
ensilagem da planta inteira do milho cresceu com a
produção de leite, sendo hoje uma prática corrente
e inquestionável no Entre Douro e Minho. O valor
energético elevado, a facilidade de conservação e a elevada
produtividade de matéria seca por hectare, impõem a
silagem de milho sobre as outras forragens. A ensilagem é
um processo de conservação que se baseia na fermentação
por bactérias, que ao acidificarem o meio permitem que a
forragem se conserve.
1
Texto
Eng.ª ANA LAGE
(AGROS – Laboratório de Análises de Alimentos para Animais)
Eng.ª ANA TORRES
(Cooperativa Agrícola de Barcelos – Serviço Alimentação Animal)
Eng.ª EUGÉNIA MORGADO
(Cooperativa Agrícola de Barcelos – Serviço de Alimentação Animal)
Eng.ª SÍLVIA AZEVEDO
(AGROS – Laboratório de Análises de Alimentos para Animais)
Será disponibilizada bibliografia a quem a solicitar.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
MOMENTO IDEAL DE CORTE E TAMANHO DA PARTÍCULA
14
O momento mais adequado para colher a planta do milho é determinado pela formação do
grão. O corte deve ocorrer quando este se encontra no estado leitoso-pastoso (linha de leite
entre 1/2 e 2/3 do comprimento do grão).
O tamanho do corte da forragem deve ser entre 0,8cm e 1,2cm (e os grãos triturados). Este
tamanho facilita a compactação e permite que as bactérias alcancem mais facilmente os
açúcares da forragem, o que favorece o arranque da fermentação, melhorando a conservação. Além disso, se as partículas forem curtas, é favorecida a ingestão do alimento pelos
animais. Sendo certo que as vacas precisam de fibra longa para ruminar, essa pode ser assegurada por uma quantidade diária de feno ou palha, sem que seja, assim, necessário sacrificar a qualidade da silagem de milho.
3
4
• Limpar o silo antes da colheita.
• Caso o silo seja feito na terra, revestir com plástico as partes inferior e laterais.
Em silos de cimento, impermeabilizar todas as fendas das paredes.
• Encher o silo de forma a haver uma sobreposição gradual da forragem (encher
no sentido do fundo para a entrada, para que se possa ter a menor área possível
de material exposto ao ar), através de camadas pouco espessas, o que facilita a
compactação e evita a formação de bolsas de ar.
• Realizar esta tarefa com a máxima higiene.
• Compactar muito bem e ajustar o ritmo de enchimento ao teor de humidade
da forragem (quanto mais seca, mais tempo de calcamento). O objectivo é
obter mais de 600kg/m3 de silagem.
• Fechar muito bem o silo com um bom plástico. Colocar um peso sobre o plástico, equivalente a 10 cm de terra, para expelir o ar da superfície do silo e
evitar as trocas gasosas entre a camada superior e a atmosfera. O uso de pneus
também é uma solução, desde que toda a superfície fique revestida.
• Prever um sistema eficiente para evacuação de efluentes.
• Inspeccionar o silo com frequência e tapar os buracos encontrados.
ADITIVOS
Em algumas situações, o uso de aditivos pode ser necessário para assegurar
condições apropriadas de fermentação e/ou estabilidade após abertura do silo.
Contudo, a sua aplicação deve servir para melhorar as práticas de ensilagem e
não para as substituir.
ABERTURA DO SILO
• Nunca abrir o silo antes de passadas pelo menos 4 semanas do seu fecho.
• Retirar diariamente uma fatia de, pelo menos, 15cm de profundidade em toda
a sua frente.
• Utilizar equipamentos adequados que permitam um corte uniforme.
• A silagem que esteja estragada deve ser separada e retirada da entrada do silo.
• Cobrir a frente do silo em dias de chuva ou de muito calor.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
2
ENCHIMENTO, COMPACTAÇÃO E FECHO DO SILO
15
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
5
16
QUALIDADE DA SILAGEM
a) Características da fermentação: É importante avaliar o processo fermentativo, porque qualquer
desvio da normalidade pode transformar uma forragem de boa qualidade numa má silagem. Os
aspectos a considerar são a temperatura da silagem (não deve estar quente), cheiro (ligeiro cheiro
a vinagre), a cor (verde acastanhada), o pH (deve situar-se entre 3,5 e 4) e o teor de ácidos orgânicos
(ác. láctico: 4 a 6%; ác. acético: <2%; ác. propiónico: <1% e o ác. butírico: <0,1%).
b)Valor Nutritivo: Conhecer o valor nutritivo da silagem é fundamental para se formularem regimes
alimentares com rigor. Porém, também é preciso saber que quantidade dos nutrientes presentes na
silagem é, de facto, aproveitada pelo animal. Um estudo realizado por Chris Allada (2009) demonstrou
que a digestibilidade da matéria seca (MS), do amido e da fibra neutro detergente (NDF) aumentou
com o tempo de armazenamento (até 11 meses, tempo em que decorreu o estudo). Ora, significa
isso que haverá mais nutrientes disponíveis para o animal nas silagens mais velhas relativamente às
mais recentes. Por essa razão, na transição da silagem mais velha para uma silagem nova, a produção
poderá cair.
Os parâmetros mais importantes são:
MS - deve situar-se entre 30 e 35 %. Valores fora deste intervalo indicam uma escolha incorrecta do
momento de corte, ensilagem com chuva e/ou diferenças entre variedades e ciclos.
NDF - deve ser inferior a 45 % na MS. Valores superiores indicam um desenvolvimento deficiente
da espiga devido ao stress (colocaria em itálico a palavra anterior, uma vez que é um estrangeirismo,
embora corrente na línua portuguesa) hídrico no momento do seu lançamento, corte prematuro,
diferenças entre variedades e ciclos e/ou densidades de sementeira elevadas.
Amido – deve ser superior a 28% na MS. Os valores inferiores indicam stress hídrico no momento do
lançamento da espiga e/ou corte prematuro da planta.
Para conhecer o valor nutritivo da silagem, é indispensável a análise da composição química. Do
trabalho realizado pelo Laboratório de Análise de Alimentos para Animais, nestes treze anos de actividade, apresentamos no Quadro 1 a composição química média das 5331 silagens de milho, analisadas nas campanhas de 1998-99 até à presente (a decorrer), bem como o respectivo coeficiente de
variação.
QUADRO 1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DAS SILAGENS DE MILHO NAS CAMPANHAS DE 1998-99 A 2010-11*
(OS VALORES DE PB, GB, NDF E AMIDO ESTÃO EXPRESSOS EM % DA MS).
MATÉRIA SECA (%)
Campanha
Mín.
1998-99
22,4
Média
PB
Máx.
Mín.
39,4
5,2
CV (%)
28,4
21,1
31,0
20,7
28,9
2001-02
20,6
30,9
44,9
6,2
29,7
2003-04
24,4
31,5
5,3
7,4
44,6
5,1
7,3
32,8
40,4
5,3
7,4
42,6
4,7
7,4
6,1
21,6
32,3
23,8
32,5
46,2
5,9
22,7
32,7
49,2
5,2
22,7
31,7
51,5
5,2
24,2
34,0
42,0
5,5
22,8
33,9
10,9
1,5
9,4
1,4
7,7
7,3
7,3
47,0
3,9
7,4
5,2
7,3
4,6
36,8
2,9
2,8
2,7
9,2
1,4
9,0
1,8
2,7
50,8
4,4
37,5
47,3
1,7
2,9
4,1
31,9
48,5
4,3
12,7
27,8
1,8
2,8
3,8
36,3
47,7
4,0
36,8
46,1
1,4
2,8
46,8
1,5
2,7
3,9
34,9
47,4
4,8
34,1
47,7
35,7
47,7
1,4
2,8
34,8
45,1
11,3
9,6
1,9
2,8
9,9
1,6
2,7
27,0
44,8
12,7
27,8
3,8
35,9
45,8
3,4
35,4
46,1
9,4
41,5
46,1
44,8
15,4
60,4
11,6
27,9
59,6
14,5
28,9
42,2
17,3
37,6
15,2
59,9
11,4
27,9
37,7
14,3
67,5
8,2
26,9
38,9
18,2
61,5
14,3
30,1
41,5
16,7
64,4
8,4
30,6
40,1
14,5
63,8
10,1
32,5
42,6
13,6
59,8
17,0
8,2
11,8
34,9
17,9
8,8
10,8
7,2
11,8
8,5
3,9
27,6
61,5
9,4
3,7
23,1
18,3
9,1
12,5
11,3
11,6
8,9
13,1
10,0
60,8
8,7
35,1
Máx.
21,5
8,7
3,9
Média
CV (%)
8,0
11,6
10,8
11,4
8,3
10,2
10,0
60,7
8,3
11,0
9,4
Mín.
8,0
12,3
2,9
AMIDO
Máx.
CV (%)
11,7
7,7
45,2
2,9
Média
12,7
7,3
10,6
2010-11*
10,2
6,9
8,7
2009-10
7,8
Mín.
13,6
8,0
10,8
2008-09
1,7
8,0
10,9
2007-08
10,6
5,8
10,4
2006-07
7,5
NDF
Máx.
12,2
6,6
49,5
Média
CV (%)
6,8
10,0
2005-06
2,2
7,5
8,9
24,5
10,1
10,9
11,0
2004-05
7,8
42,2
11,6
20,2
8,2
10,1
10,2
2002-03
Mín.
9,5
11,5
2000-01
GB
Máx.
CV (%)
9,8
1999-00
Média
32,3
42,1
12,1
60,2
10,5
31,9
42,8
15,9
Ao longo dos anos, tem-se verificado uma melhoria
do valor nutritivo, principalmente, nos parâmetros da
MS, NDF e amido. Como se pode observar, as silagens
de milho produzidas na última campanha (2009-10),
comparativamente com as produzidas na campanha
1998-99, apresentam teores médios superiores em MS
(34,0% vs 28,4%) e em amido (32,3%MS vs 23,1%MS) e
valores médios inferiores de NDF (45,8%MS vs 50,8%MS).
A elevada variação destes parâmetros contrasta com a
reduzida variação dos teores médios da proteína bruta
(PB) (7,4%MS vs 8,2%MS) e gordura bruta (GB) (2,8%MS
vs 2,9%MS).
Tomando em conta a última campanha 2009-10, verifica-se que o valor médio da MS é de 34,0%, com um coeficiente de variação (CV%) de 10,6%; isto diz-nos que 95%
destas silagens apresentam valores de MS compreendidos
entre 27% e 41%. Continuando a tomar como referência a
campanha 2009-10, afere-se que 95% das amostras apresentam valores médios em amido e em NDF que se situaram entre 24,5%MS e 40,0%MS e 38,3%MS e 53,3%MS,
respectivamente. São variações consideráveis dentro da
mesma campanha e que devem ser tidas em conta na
hora de formular regimes alimentares. Relativamente aos
parâmetros PB e GB, constata-se que apresentam variações menores, em termos absolutos, do que os restantes
parâmetros, mas que não podem ser ignoradas.
Podemos, assim, concluir que as silagens de milho produzidas na nossa região apresentam um valor nutritivo
médio elevado. Porém, face à variação observada entre
explorações e dentro da mesma exploração, é de extrema
importância analisar a silagem, pelo menos, sempre que
se abre um novo silo.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Fonte: Laboratório de Análise de Alimentos para Animais – AGROS * - Campanha a decorrer (valores provisórios)
17
EDIFÍCIO SEDE
ENTREVISTA
Texto Dr. FILIPE SILVA
Fotos ARQUIVO AGROS
A COOPECOURA – Cooperativa dos Agricultores do Concelho
de Paredes de Coura, C.R.L. - foi constituída no dia 23 de Abril
de 1979, tendo-se tornado associada da Agros no ano de 1981.
Conta, actualmente, com cerca de mil Associados e com oito
Colaboradores. O seu volume de negócios foi, em 2010, de
10.351.104 Euros, tendo tido um total de proveitos na ordem dos
10.755.971 Euros. Para além do edifício onde está sedeada, esta
Instituição possui, ainda, um armazém e algumas viaturas. Nesta
entrevista, o seu Presidente, Senhor Manuel Oliveira, coadjuvado pelos demais membros da Direcção, os Senhores Amândio
Barbosa e Manuel Barros, e pela sua Gerente, D. Emília Amorim,
dar-nos-á a conhecer esta Organização localizada no coração do
Alto Minho.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011
A Força da União (F.U.) - O concelho de Paredes de
Coura está inserido numa região com características orográficas específicas e peculiares. Quais os
produtos agrícolas que esta terra ‘‘oferece ‘’?
Senhor Manuel Oliveira (M.O.) - O nosso concelho,
devido às suas características muito próprias, foi considerado, durante muitos anos, em razão de aqui abundar
a produção de cereais, ‘‘o celeiro do Minho.” Hoje em
dia, porém, esta terra e os seus animais oferecem muitos
e variados produtos, destacando-se, entre eles, obviamente, o leite, mas também, a boa carne e os já citados
cereais.
18
(F.U.) - Como qualifica o papel da vossa Cooperativa na área social que lhe está consignada? Qual o
vosso principal sustentáculo económico?
(M.O.) - A Cooperativa tem por lema servir, o melhor
possível, os seus Associados, com o intuito de lhes garantir
estabilidade. Somos, também, o seu pilar de apoio, no
caso de estes estarem a passar por uma situação financeira
menos favorável.
Por outro lado, o principal sustentáculo económico da
Cooperativa é, de momento, a sanidade animal, seguindo-
D. Emília Amorim; Sr. Amândio Barbosa; Sr. Manuel Oliveira e Sr. Manuel Barros
se a secção de Compra e Venda de Produtos para a agricultura, não menosprezando os serviços e o leite que, igualmente, dão o seu contributo.
(F.U.) - Quantas secções existem na Cooperativa? O
que vos levou a criá-las?
(M.O.) -Neste momento, quatro: OPP/ADS-Sanidade
animal, em grandes e pequenos ruminantes; Compra e
Venda de Produtos, especialmente, factores de produção;
Leiteira, para ajudar e apoiar os produtores de leite do
concelho; a Secção dos Serviços é, também, bastante
procurada pelos nossos Associados, que, através dela,
podem aceder à documentação do SNIRA (identificação
animal, recepção de candidaturas, pagamento único,
registo de efectivos, guias para movimentação de animais)
e a todo um vasto leque de outros serviços que, diariamente, nos são por eles solicitados.
(F.U.) - É Presidente desta Organização desde 2001.Que
balanço faz deste tempo à frente dos seus destinos. O
que preconiza para o futuro.?
(M.O.) - Procuramos sempre ir ao encontro das necessidades dos nossos Associados. Para tal, ao longo do
(F.U.) - A Cooperativa Agrícola de Paredes de Coura é
associada da Agros desde o início da década de 1980.
Como avalia a relação existente entre estas duas
Organizações?
(M.O.) - Desde que estou à frente desta Instituição,
existiu sempre uma relação cordial, séria e de mútuo
respeito. Neste contexto, sabemos que, quando necessário, podemos contar com o apoio incondicional da
nossa União de Cooperativas. Posso ainda afirmar, sem
qualquer dúvida, que a Agros, conjuntamente com as
Cooperativas agrupadas da região do Alto Minho, ajudou
em muito, o incremento da actividade agrícola, aqui, na
nossa região.
(F.U.) - Como antevê o futuro do sector do leite após
2015, caso se venha a verificar a abolição das quotas?
(M.O.) - Com algum pessimismo, pois, no caso de este
sistema de regulação se vier a extinguir, considero que
Portugal não terá possibilidades de competir com os
outros países, em particular, os da Europa do Norte. Não
temos argumentos para poder competir com eles. Por isso,
afirmo, sem qualquer hesitação, que deveremos “lutar”
para que tal não aconteça, para bem de todos nós e da
agricultura portuguesa.
(F.U.) - Actualmente, e reportando-nos especificamente ao nosso país, o sector agrícola debate-se com
alguns problemas. Apesar dessas dificuldades, considera que os mais jovens têm condições para dar continuidade a esta nobre actividade?
(M.O.) - Sim, porém, terá que existir uma outra forma de
os incentivar, para que estes possam, sem receio, dar continuidade a esta actividade. Todavia, e apraz-me salientar,
que, no nosso concelho, temos verificado o gosto dos mais
novos pela Agricultura, embora de uma forma residual.
Acredito que se existissem mais apoios, eles poderiam
apostar, de um modo mais afirmativo, em estabelecer-se
neste sector.
(F.U.) - O Plano de Execução do PRODER, para o
período 2007-2013, está a caminhar a passos largos
para o seu final. Como o avalia?
(M.O.) - É um programa com algumas vantagens, mas
que não são suficientes, pelo menos, no que respeita à
área geográfica [Alto Minho] onde estamos inseridos. No
entanto, considero que deveria ser mais bem aproveitado,
pois muito dinheiro que poderia ajudar os Agricultores
para, por exemplo, modernizarem as suas explorações,
pelas mais variadas razões, não lhes foi entregue. Futuramente, é necessário repensar a situação.
(F.U.) - Como tem sido hábito nos últimos anos,
no primeiro fim-de-semana de Julho realizar-se-á
mais uma Edicão da EXPOLEITE. Que balanço faz
deste certame? O que preconiza para ele futuramente?
(M.O.) - Efectivamente, temos vindo a apoiar este certame,
já com credenciais no roteiro das feiras agrícolas do Norte
de Portugal, e que tem despertado, cada vez mais, maior
interesse por parte dos Agricultores e público em geral.
Esperamos que este ano a tendência dos anos anteriores
se mantenha e que tenhamos, aqui, no primeiro fim-de-semana de Julho, uma elevada afluência de visitantes.
(F.U.) - Para finalizar, que mensagem gostaria de
deixar aos Associados da vossa Cooperativa?
(M.O.) - Em nome dos restantes membros da Direcção e
dos demais Colaboradores desta Cooperativa, quero dizer-lhes que, nesta casa, terão sempre alguém com capacidade para responder às suas dúvidas ou solicitações. Por
outro lado, daremos continuidade ao trabalho iniciado
há já quase três décadas, procurando sempre trabalhar
em prol dos Agricultores e da Agricultura no concelho de
Paredes de Coura.
LOJA DA COOPERATIVA
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
tempo, temos vindo a efectuar algumas obras de melhoramento nas nossas actuais instalações, nomeadamente,
a construção de compartimentos próprios, conforme a
legislação em vigor, para o armazenamento e venda de
produtos agro-quimicos. Futuramente, estamos a pensar
proceder a algumas remodelações no nosso armazém
e abrir um novo posto de vendas, sem, todavia, alienar
o património da Cooperativa. Para nós, isso é ponto
assente, pois, queremos que aqueles que nos sucederem,
encontrem esta Organização, apesar de ela ser uma casa
modesta, sem encargos financeiros incomportáveis para a
sua sustentabilidade.
19
HISTÓRIAS DE VIDA...
ALGURES ENTRE DOURO E MINHO
E TRÁS-OS-MONTES
Texto Dr. FILIPE SILVA
Fotos ARQUIVO AGROS
D
Nome
Rita Sofia Barros Silva
Naturalidade
Braga
Residência
Padroso – Arcos de Valdevez
Data de nascimento
6 de Novembro de 1981
Estado Civil
Casada – 1 filha
Formação
- licenciatura em Educação Social;
- curso de empresária agrícola (2002);
- curso de operador de enfardadeiras (2004);
- curso de aplicação manuseamento de fitofármacos (2004).
Experiência profissional
- adquirida na exploração
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011
Objectivos futuros:
- aumentar a autoprodução para alimentar os seus animais;
- dar continuidade ao melhoramento genético;
- criar novas condições nas instalações da recria.
20
Quota leiteira na presente campanha
Quota leiteira – 1.030.346 Kg. na presente campanha
2010/2011
- Produção média mensal na campanha leiteira
2010/2011 – 62.500 litros
esde tenra idade que Rita
Sofia está ligada à actividade agrícola. Recorda-se de ainda menina ajudar os seus
avós nestas lides. Em relação a este
tema, lembra que «esta exploração
começou a ganhar forma pela mão do
meu avô, o Senhor Laureano Barros,
dedicando-se, por essa altura, quase
única e exclusivamente à produção
de batata de semente. Todavia, com
o seu declínio, surgiu a possibilidade
de se dar início à produção de leite.»
Foi assim que aconteceu, recorda,
afirmando ainda que, «esta actividade
se iniciou com apenas doze animais,
sendo o leite entregue no posto de
recolha daqui de Padroso. Por essa
altura, na nossa região, a produção de
leite era secundária em relação à da
batata de semente. Isto, porque era
praticada, essencialmente, para aproveitamento das pastagens não utilizadas e produção de estrume, aproveitado como fertilizante na produção
da batata.»
Já na década de 1990, mais concretamente em 1992, esta empresa agrícola passa a ter apenas gado de leite
e carne de raça minhota. Segundo a
nossa entrevistada, «esta foi, na altura,
a decisão mais acertada que poderíamos ter tomado.» Para corresponder a
este novo desafio, em meados dessa
década, «iniciou-se a construção de
um estábulo com capacidade para um
efectivo de 50 animais. Foi então que
importámos os primeiros animais de
raça Holstein Frísia (16 novilhas vindas
da Holanda e da Alemanha).»
Rita Sofia recorda-se que, «à época,
fez-se um grande investimento na
área da exploração, nomeadamente
com a aquisição de novas alfaias agrícolas, sistemas de rega por aspersão e
com a construção de espaços e equipamentos de apoio. Porém, o grande
RECURSOS HUMANOS
Todo o trabalho é assegurado por
três pessoas com vínculo familiar e
um colaborador: pela própria Rita
Sofia, por seus tios, Manuel Alcides
Barros e Inês Barros, e pelo Senhor
Afonso Machado. Cada um tem as
suas tarefas definidas na exploração:
a alimentação a cargo dos homens;
e a ordenha e recria, a cargo das
senhoras. No entanto, é de salientar
uma voluntária inter-ajuda, quando
necessário.
salto em frente ocorreu no ano de
2007, com a edificação de novas e
modernas instalações e a reconversão
das já existentes, para aí ficarem instalados os vitelos, as novilhas e as vacas
secas. Esta infra-estrutura com capacidade para 100 animais em produção,
possui ainda uma sala de ordenha,
parque de espera, sala técnica (lavagens e maquinaria), sala do tanque
(500 ml), farmácia, subcentro de inseminação artificial, escritório e instalações sanitárias.» De realçar ainda que,
desde então, foram importados mais
vinte animais provenientes de França.
Quanto ao trabalho desenvolvido pelas
empresas participadas da Agros, Ana
Sofia não tem dúvidas em afirmar que
os produtos e serviços por elas pres-
tados são de óptima qualidade. Neste
contexto, destaca «a excelência dos
produtos de higienização, assim como
o material de acomodação animal
adquiridos à Agros Comercial, em
especial, os Cornadis da Jourdain.»
Para finalizar, e no que respeita ao
papel desempenhado pela nossa
União de Cooperativas nesta região
do Alto Minho profundo, esta empresária agrícola destaca que «a Agros e
o seu Departamento de Produção de
Leite foram a alavanca para que este
sector prosperasse nestas terras.» Eis o
testemunho de uma produtora, cujo
efectivo, também já foi, por diversas
vezes, premiado, nomeadamente nas
anteriores edições da ExpoLeite, e, este
ano, da AGRO.
MANEIO ALIMENTAR
Diferenciado consoante a categoria
animal. Assim, enquanto as vacas
em produção são alimentadas à base
de silagem de milho, concentrado e
palha, as secas e novilhas, igualmente,
com palha e concentrado, assim como
com rolo de azevém.
DADOS SANITÁRIOS
Nesta exploração, em relação a este
tema, impera o sentido de responsabilidade, pois, a mesma, possui o
estatuto de indemne para a Peripneumonia contagiosa dos bovinos, Tuberculose, Brucelose e Leucose. Todos os
animais estão vacinados contra o IBR,
BVD, entre outras.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Rita Sofia quer dar continuidade ao trabalho iniciado, por seu avô,
há aproximadamente trinta anos, depois, prosseguido por seu tio,
e, agora, sob sua supervisão. Segundo ela, este seu exemplo de vida
serve, acima de tudo, para demonstrar a outros jovens que é muito
importante voltar a investir na Agricultura em Portugal. Só assim,
se poderá contribuir, não só para o seu próprio sustento, como
também para ajudar ao desenvolvimento do país, pois, «cada vez
mais, devemos apostar no que é nosso.»
DESCRIÇÃO DO EFECTIVO, ÁREA
OCUPADA PELA EXPLORAÇÃO,
EQUIPAMENTOS E MÁQUINAS
AGRÍCOLAS
O efectivo é composto, actualmente,
por cerca de 160 animais (70 em
lactação; 30 secas; novilhas até dois
anos, 4; novilhas entre um e dois
anos, 30; vitelas até seis meses, 12;
vitelas de seis a doze meses, 14. Possui
uma área de 40 ha, cultivando-se aí,
no Outono/Inverno, erva, e na Primavera/Verão, milho. A área ocupada
pelas instalações é de 1600 m2. Possui,
ainda, entre outros, os seguintes equipamentos: três tractores; três reboques; duas cisternas; duas charruas;
um tanque de refrigeração.
21
PONTE ROMANA
À DESCOBERTA DE
PAREDES
DE COURA
Texto Dr. FILIPE SILVA
Fotos CÂMARA MUNICIPAL DE PAREDES DE COURA
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
L
22
ocalizado em pleno coração
do Alto Minho, este concelho
escondido entre montes e vales,
é uma região plena de história, paisagens deslumbrantes e propícia uma
quietude de espírito ímpar, adereçada pelo cristalino e sussurrante rio
Coura.
Existem testemunhos patrimoniais
que comprovam um povoamento
precoce desta região: o Núcleo Megalítico de Vascões; as Antas de Chã de
Lamas, da Serra de Bico, da Serra
de Boulhosa ou de Chã de Cubos; o
povoado castrejo de Cossourado ou
a Cividade de Romarigães. Por outro
lado, por estas terras passava uma
importante via militar romana que
ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), sendo a ponte
de Rubiães (50 a.C.), uma memória
viva desse tempo. Presume-se, igualmente, que aqui terá existido uma
cidade denominada Cauca, podendo
derivar deste topónimo a actual designação de Coura, ou então, da palavra
celta Cora, que significa, lugar recatado e seguro. Desta época, existem
ainda vestígios de casas senhoriais e
explorações agrícolas romanas.
Data do início da nacionalidade, a
doação da Igreja de Cunha, feita por D.
Teresa ao bispo de Tui. Porém, a designação concelho apareceu somente
no reinado de D. João I - século XV –
coexistindo com a de Terras de Coyra.
Um século mais tarde, D. Manuel I,
por via de uma Carta de Foral, fixou
o nome de concelho de Coura. Em
razão da sua localização geográfica,
durante a Guerra da Restauração
(1640-1668), foi uma das bases de
resistência contra as ofensivas castelhanas, tendo-se travado aqui, em
1663,uma batalha que ficou conhecida por Combates da Travanca.
Com a reforma administrativa de
1834, o secular Julgado de Frayão,
constituído na Idade Média, deixou
de existir. Todavia, somente em 15
de Setembro de 1875, é que surgiu a
denominação administrativa Paredes
de Coura, resultante da junção do
nome Coura e de uma das freguesias
de concelho, Paredes.
Por todo o município poderemos
ainda visitar outros legados arquitectónicos, como sejam: a Igreja de S.
Pedro de Rubiães (século XIII), declarada Património Nacional em 1913; as
Capelas do Espírito Santo, de Nossa
Senhora da Conceição e do Ecco
Hommo (todas elas edifícios do século
XVIII); a Casa Grande (século XVII);
os Paços do Concelho (século XIX);
o edifício da antiga cadeia (finais do
século XIX); o Solar das Antas (século
XVIII); bem como o Palacete Miguel
Dantas e a Casa Grande de Romirães
(ambas do século XIX).
Todavia, o Património Natural é a
marca identitária mais marcante da
região. A área de Paisagem Protegida de Corno de Bico é a que mais
cativa os visitantes, sendo esta um
pequeno santuário natural representativo dos valores biofísicos e culturais da região do Alto Minho. Porém,
seria injusto esquecer todos os outros
cantos e recantos que adereçam toda
a paisagem desta região, onde se
destacam os montes, vales, penedos,
cascatas e praias fluviais, que conferem
a este lugar um encanto único.
Como vimos, motivos não faltam
para visitar Paredes de Coura, que,
apesar de manter intacto o seu cariz
eminentemente rural, tem procurado
ajustar-se ao nosso tempo. Neste
contexto, o Museu Regional, testemunho vivo histórico-etnográfico
destas terras do Alto Minho, assim
como o seu Centro Cultural, palco
para a realização das mais variadas
actividades, são duas infra-estruturas
que merecem ser referenciadas.
CAPELA DO ECCO HOMMO
PALACETE MIGUEL DANTAS
LAJES ALTAS
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
IGREJA DE S. PEDRO DE RUBIÃES
23
ACTUALIDADE
APOIO AOS
JOVENS AGRICULTORES
Destina-se a apoiar a primeira instalação de jovens agricultores que realizem
investimentos de desenvolvimento e adaptação das suas explorações agrícolas.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Inclui um prémio à instalação e apoio aos investimentos realizados na exploração, que podem abranger pequenos investimentos de transformação e comercialização dos produtos agrícolas, provenientes da própria exploração.
24
QUEM SE PODE CANDIDATAR?
• Os jovens agricultores que, à data de apresentação da candidatura tenham
mais de 18 e menos de 40 anos, e se instalem, pela primeira vez, numa exploração agrícola.
• Sociedades por quotas com actividade agrícola como objecto social, desde que
os sócios gerentes, detentores da maioria do capital social, tenham mais de 18
e menos de 40 anos, à data de apresentação da candidatura, e se instalem, pela
primeira vez, como tal.
O CANDIDATO
• tenha a escolaridade obrigatória (9.º ano);
• possua aptidão e a competência profissional adequadas
ou apresente na candidatura um Plano de Formação
para as adquirir;
• não tenha obtido aprovação de quaisquer ajudas ao
investimento, antes da apresentação da candidatura;
• não tenha obtido aprovação de quaisquer ajudas à
produção ou actividade agrícolas, excepto nos dois anos
anteriores ao ano de apresentação da candidatura;
• apresente um Plano Empresarial de desenvolvimento da
exploração agrícola que contemple:
a. situação inicial da exploração;
b. etapas e metas específicas para o desenvolvi-
mento das actividades da exploração;
c. descrição das acções ou serviços necessários ao desenvolvimento da actividade agrícola;
d. descrição detalhada dos investimentos, desig-
nadamente, e quando aplicável, os que são necessários para dar cumprimento às normas comunitárias em vigor.
• apresente um Plano de Formação se, à data de apresentação da candidatura, não tiver a competência e aptidão
adequadas, ou quando pretende adquirir formação
complementar de interesse relevante para o exercício das
actividades da exploração agrícola.
O PRODER apoia:
• a primeira instalação de
jovens agricultores, com
investimento associado;
• investimentos na exploração
agrícola, que podem incluir a
transformação e comercialização
de produtos.
Saiba ainda que o candidato deve, previamente à apresentação da candidatura, inscrever-se como beneficiário
no IFAP (NIFAP) e registar no parcelário as áreas de investimento, através da criação de polígonos de investimento.
OS INVESTIMENTOS
• apresentem um valor do investimento elegível igual ou
superior a 5.000 euros;
• não conflituem com outras medidas ou condicionantes
das Organizações Comuns de Mercado (OCM);
• não sejam compatíveis com compromissos ou obrigações a que as parcelas, objecto do investimento, estejam
sujeitas;
• apresentem viabilidade económica, bem como coerência
técnica, económica e financeira;
• tenham sido realizados após a apresentação da candidatura, com excepção das despesas gerais e as relativas à
aquisição de prédios rústicos, que podem ser realizadas até
três meses antes dessa data.
Saiba ainda que para as candidaturas apresentadas até
31 de Agosto de 2011, são consideradas elegíveis despesas
anteriores à sua apresentação, desde que efectuadas a
partir de 1 de Julho de 2010.
FORMA, NÍVEL E LIMITE DO APOIO
Os apoios são concedidos sob a forma de subsídio não
reembolsável. Os níveis e limites do apoio são fixados no
aviso ou anúncio de abertura.
No período de apresentação de candidaturas que se inicia
em 1 de Junho de 2011, o anúncio de abertura estabelece
que:
O prémio à instalação corresponde a 40% do valor do
investimento do plano empresarial até ao limite de:
• 30.000 euros, no caso do produtor individual;
• 40.000 euros, no caso da sociedade por quotas, com mais
de um sócio gerente jovem agricultor, que se instale pela
primeira vez como tal, e detenha uma participação individual mínima de 25% no capital social (para além de, em
conjunto, terem que deter a maioria do capital da sociedade).
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
PARA BENEFICIAR DOS APOIOS PREVISTOS NESTA
ACÇÃO É NECESSÁRIO QUE:
25
O apoio ao investimento na produção primária é de 60 ou 50% do valor do investimento elegível,
consoante a exploração agrícola se localize, ou não, em zona desfavorecida. Na transformação e
comercialização é de 40% do valor do investimento elegível.
O limite do apoio ao investimento por beneficiário é de 250.000 euros.
Saiba ainda que o valor do investimento do plano empresarial que determina o valor do prémio
integra outras despesas para além das abrangidas pelo valor do investimento elegível, designadamente, a aquisição de animais, prédios rústicos, terrenos, participações sociais em cooperativas e
direitos de produção agrícola.
SELECÇÃO DOS PEDIDOS DE APOIO
Os pedidos de apoio são seleccionados pela Valia do Plano Empresarial (VPE), calculada pela aplicação da seguinte fórmula:
VPE = L + VA + NQ
L - LOCALIZAÇÃO: valoriza a contribuição da instalação de jovens agricultores em zonas desfavorecidas;
VA - VALIA AMBIENTAL: valoriza os benefícios ambientais dos investimentos;
NQ - NÍVEL DE QUALIFICAÇÃO: valoriza a qualificação do beneficiário na área agrícola.
Saiba ainda que as candidaturas devem ser submetidas pela internet através dos formulários que
estão disponíveis no sítio do PRODER (www.proder.pt) e encaminhadas para a Direcção Regional de
Agricultura e Pescas (DRAP) da área de localização do projecto. Esta entidade é responsável pela sua
análise.
AO LONGO DA VIGÊNCIA DO CONTRATO, OS BENEFICIÁRIOS DEVEM AINDA:
• executar a operação aprovada;
• cumprir o Plano Empresarial;
• publicitar os apoios que lhe foram atribuídos;
• terem um sistema de contabilidade organizada ou simplificada, de acordo com o legalmente
exigido;
• manter a actividade e as condições legais necessárias ao exercício da mesma, durante um período
de 5 anos, a contar da data de celebração do contrato;
• assegurar o auto financiamento necessário à execução da candidatura;
• garantir que todos os pagamentos e recebimentos sejam efectuados através de conta especifica para
o efeito;
• cumprir as normas comunitárias ao investimentos em causa;
• quando aplicável adquirir no prazo máximo de 24 meses, a contar da data de celebração do contrato
de financiamento, a aptidão e competência profissional adequadas ao exercício das actividades da
exploração agrícola;
• possuir o registo da exploração no Sistema de Identificação Parcelar (ISIP).
APRESENTAÇÃO DOS PEDIDOS DE APOIO:
O período de candidaturas inicia-se em 1 de Junho de 2011,
data a partir da qual decorre em contínuo.
INSTITUCIONAL
Texto Dr. FILIPE SILVA
Foto CONFAGRI
A
Condecoração – Grau de Grande Oficial da Classe do
Mérito Agrícola, Ordem de Mérito Empresarial – foi
entregue na Sessão Solene Comemorativa do Dia de
Portugal, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas,
realizada em Castelo Branco, no passado dia 10 de Junho.
A Ordem ao Mérito Empresarial, Classe de Mérito Agrícola distingue personalidades que tenham prestado, como
empresários ou trabalhadores, serviços relevantes no
fomento ou na valorização da agricultura, pecuária, pescas
ou do património florestal do país.
O Engenheiro Francisco Silva é Secretário-Geral da
CONFAGRI há mais de 25 anos. Ao longo de todo este
tempo, e sob a orientação do Senhor Comendador
Fernando da Silva Mendonça, Dirigente máximo desta
Entidade desde a sua fundação até Dezembro do ano
passado, estruturou esta Confederação, possibilitando,
assim, a participação do Sector Cooperativo Agrícola
Português, em sua representação, nas mais altas instâncias, tanto em Portugal como internacionalmente, em
especial, junto das Comunitárias.
O recém agraciado desempenhou funções em diferentes
Órgãos da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja, sendo
actualmente seu Presidente, na Caixa Central, e na Federação Nacional das Caixas Agrícolas – FENACAM, da qual,
é, hoje em dia, seu Presidente. Foi, também, Deputado,
e, desde 2002, é um dos representantes de Portugal no
Comité Económico e Social da União Europeia (COGECA),
em representação da CONFAGRI.
Neste contexto, a Direcção da Agros, U.C.R.L. vem por
este meio saudar e agradecer o tributo dado à Agricultura
Nacional pelo Senhor Engenheiro Francisco Silva, há mais
de um quarto de século.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Engenheiro Francisco Silva,
condecorado por Sua Excelência,
o Senhor Presidente da República,
Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva
27
HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO
PREVENÇÃO E SEGURANÇA
NA CONDUÇÃO
DE TRACTORES AGRÍCOLAS
Texto Dr. PAULINO CARDOSO
Ilustrações AUTORIDADE NACIONAL SEGURANÇA RODOVIÁRIA
E
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
m razão de, ultimamente, termos vindo a assistir a
um considerável aumento de sinistros envolvendo
trabalhadores e máquinas agrícolas, considerou-se
importante começar a abordar esta temática em algumas
edições da revista “A Força da União”. Como tal, as medidas
preventivas e acções correctivas explanadas nos artigos
ajudarão, estamos certos, muitos dos nossos leitores a
gerirem os riscos nas suas explorações, com mais eficácia.
A Revolução Agrícola iniciada, embora insipidamente, no
século XVII, permitiu ao Homem agilizar e maximizar o
trabalho nos campos. Recentemente, uma das principais
consequências desta actividade foi a substituição progressiva do trabalho manual pelo mecanizado. A partir de
então, aumentaram significativamente os riscos a que estão
sujeitos os trabalhadores rurais e, consequentemente, o
número de acidentes que todos os anos os vitimam.
De acordo com dados da Associação Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), na última década, morreram,
pelo menos, 380 pessoas vítimas de acidentes com tractores. Se quisermos fazer uma analogia com os acidentes
rodoviários, constatamos que os primeiros, em relação aos
segundos, apresentam uma mortalidade oito vezes superior. Estes números reflectem, somente, os sinistros ocorridos em via pública, não estando, por isso, contabilizados
aqueles que ocorrem dentro das propriedades particulares.
Ainda segundo esta Associação, entre outras causas para
este tipo de fatalidade, poderemos enumerar: o cansaço; o
28
SABIA QUE:
excesso de horas de trabalho; o consumo de álcool pelos
condutores; a antiguidade da frota dos veículos agrícolas
- a maioria tem mais de dez anos de idade, e, em muitos
casos, o seu estado obsoleto; e ainda, a falta de utilização de
equipamentos de protecção anti-capotamento, já de uso
obrigatório para os veículos homologados desde 1992/93.
Neste contexto, é urgente tomarem-se medidas que levem
à prevenção deste tipo de ocorrências. Assim, poderemos
dividi-las em dois grupos: a) as de âmbito mais generalista, tais como a realização de inspecções periódicas ao
veículo; a renovação da frota, visto que, e como já foi
dito anteriormente, a maioria dos tractores tem mais de
dez anos; o reforço da fiscalização pelas demais autoridades competentes; o desenvolvimento de cursos de
formação teórico-prática, onde, além da instrução técnica,
se promova a consciencialização dos perigos inerentes ao
acto da condução; b) as de âmbito de auto-disciplina dos
próprios condutores. É nestas, e sem descurar as citadas na
alínea anterior, que existe o maior potencial de prevenção
do acidente e gestão do risco.
Com este artigo, pretendemos demonstrar aos nossos
leitores, em especial, aos que mais directamente trabalham
a terra, as práticas a considerar, relativamente a esta temática, a fim de se prevenirem situações menos favoráveis
nas explorações agrícolas. Esperamos, assim, ter, de alguma
forma, contribuído para vos alertar e sensibilizar para a
importância que o cumprimento destas simples medidas
poderá ter para inverter estas alarmantes estatísticas.
O capotamento é a causa de
morte de 2 em cada 3 acidentes
com tratores agrícolas
Fonte
Utilize os acessórios de iluminação
e sinalização, de acordo com a lei.
Não conduza sob o efeito de álcool,
fadiga ou com excesso de velocidade.
Lembre-se que as estruturas de proteção,
como o arco de “Santo António”, podem
evitar a morte do condutor ou reduzir a
gravidade dos ferimentos.
Frequente ações de formação teóricas
e práticas.
Conheça os riscos da condução de
tratores agrícolas e circule com segurança
Respeite os limites do trator.
Não o sobrecarregue nem transporte
passageiros “ à pendura”.
É proibido e perigoso
A ANSR elaborou estes textos já com base no novo acordo ortográfico.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Não esqueça a manutenção do veículo.
O seu mau funcionamento ou falta de
limpeza podem causar acidentes.
29
EVENTOS
Texto Dr. FILIPE SILVA
Fotos ARQUIVO AGROS
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
E
30
ntre os dias 31 de Março e 3 de Abril, decorreu no
Parque de Exposições de Braga (PEB) a 44.ª edição da
AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e
Alimentação -, que, este ano, teve como principal atracção
a reintrodução do sector leiteiro neste certame, facto que
já não acontecia há mais de uma década.
Neste contexto, pode dizer-se que, efectivamente, este
evento conseguiu alcançar questões estratégicas delineadas aquando da sua planificação, na medida em que foi
possível introduzir um conjunto de actividades, tendentes
a proporcionar a presença de expositores, produtores, e,
também, de visitantes. A este respeito, é de realçar a preocupação da Organização da Agro em direccionar a Feira
para um público mais generalista. Isto, porque, segundo
o Dr. Miguel Corais, Director Executivo do PEB, «esta é
uma excelente oportunidade para as pessoas da cidade
tomarem contacto com algumas actividades próprias do
Mundo Rural, como sejam, por exemplo, ordenhar uma
vaca ou conhecer algumas das raças autóctones existentes.»
O programa apresentado foi rico e variado, procurando
abranger todos os sectores da actividade agrícola, mas,
como já foi dito, com especial ênfase, para o leiteiro. Por
outro lado, a adesão de expositores espanhóis, oriundos
essencialmente da Galiza, ajudou a conferir uma maior
notoriedade e expansão geográfica à AGRO.
De entre as várias iniciativas, destaque-se o debate que
disponibiliza: equipamentos de ordenha; tanques de
refrigeração; acomodação animal; material tubular; bebedouros; sistemas de aquecimento de água (painéis solares
termodinâmicos); sistemas de aquecimento de água por
recuperação de calor do gás proveniente do arrefecimento
do leite; bem como produtos de higienização. Todas
estas propostas permitem reduzir consideravelmente os
custos na produção, garantindo, assim, uma maior rentabilidade nas explorações agrícolas e aumentar, significativamente, a qualidade do leite produzido. De salientar,
ainda, a realização de uma palestra subordinada ao tema
“Abeberamento de Vacas Leiteiras”, proferida pelo responsável comercial da La Bouvette – Herve Maire. Seguiu-se
um período de debate, onde todos os presentes puderam
colocar algumas questões.
Para a tarde de Domingo, ficou o concurso relativo à
Holstein Frísia. De entre os vários prémios atribuídos, de
lação, de mais 60% da sua capacidade de produção. Neste
contexto, se existe actividade com margem de crescimento
é, efectivamente, a agricultura, e, por inerência, a produção
de bens alimentares. No entanto, é evidente que esta realidade exige aos produtores e empresários uma constante
renovação dos seus conhecimentos técnicos e unidades
produtivas dimensionadas.» Em relação à situação actualmente vivida pela fileira do leite, salientou: «Se escolhermos
leite da marca Agros, ou outra qualquer patente nacional,
estamos, certamente, a ajudar a economia do nosso país, e,
consequentemente, os produtores nacionais.»
No que à vertente expositiva diz respeito, pela primeira vez, a
Agros apresentou-se num certame com todas as suas empresas
participadas. Num espaço devidamente consignado para o
efeito, esta “ilha” do Grupo Agros sobressaiu dos demais stands
expositivos pela originalidade do projecto. Nela, esteve bem
patente o espírito de raiz cooperativo que norteia a actividade da nossa Organização, tendo sido também apresentados
alguns dos serviços disponibilizados pelas restantes empresas.
Entre os visitantes, foi por demais notório o interesse demonstrado em deambular por este circuito expositivo.
Ainda neste âmbito, Agros Comercial, através das marcas
por ela representadas, deu a conhecer algumas das soluções, a nível de produtos, equipamentos e serviços que
destacar os seguintes: categoria Grande Campeã Jovem
– um animal pertencente ao Produtor Manuel Fernando
Sousa Pereira, de Poiares, Ponte de Lima; Vaca Grande
campeã da AGRO 2011, um animal pertencente à sociedade Encanto Natural - Agro-Pecuária, Lda., igualmente, de
Poiares, Ponte de Lima.
Resta, pois, esperar que a edição do próximo ano possa
superar a cifra dos 50.000 visitantes, presentemente atingida. Estamos certos de que parte deste sucesso, em muito,
se deveu à reintrodução da fileira do leite no certame. Por
outro lado, a AGRO conseguiu também estabelecer parcerias estratégicas com outras entidades, nomeadamente, a
Agros, a Associação para o Apoio à Bovinicultura do Norte
(ABLN) e a Associação Portuguesa de Criadores da Raça
Frísia (APCRF). A CONFAGRI teve, também, um desempenho bastante importante, em particular, no que respeita
à realização do colóquio atrás mencionado.
Para finalizar, de realçar ainda as palavras do Dr. Miguel
Corais, acentuando que «o crescimento da AGRO só será
possível, se tivermos do nosso lado, e a trabalhar connosco,
os principais agentes do sector. Só assim, poderemos ter
confiança no futuro.»
Esperemos, então, pela Edição de 2012.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
se realizou no Grande Auditório do PEB, subordinado ao
tema: “Perspectivas para o Sector Leiteiro”. A pertinência
e actualidade dos assuntos abordados - O Regime e Exercício da Actividade Pecuária e Perspectivas para o Sector
Leiteiro (O Sector Leiteiro no Noroeste: Política, Estratégia e Sustentabilidade; O Pacote Leite; A Pac pós 2013)
-captaram a atenção de todos os presentes neste espaço,
possibilitando, inclusive, uma profícua troca de opiniões.
Algumas entidades oficiais também acorreram ao recinto
da Feira, destacando-se entre outros, o Senhor Director
Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Dr. António
Ramalho, que disse: «Neste momento, a Agro tem de
crescer para, novamente, se tornar numa Feira de referência a nível agrícola nacional.» Em relação às necessidades futuras da população mundial, referiu, ainda, que
«até meados do século, estima-se que o nosso Planeta
venha a precisar, face ao aumento exponencial da popu-
31
ENTREVISTA
Eng.ª Helena Fernandes; Eng.º Paulo Fernandes; Eng.º João Cunha e Eng.º Manuel Meneses
CORPO DIRECTIVO DA VESSADAS
A Vessadas – Associação para o Desenvolvimento das Terras do Coura – é uma instituição criada no dia
16 de Março de 2007. Os seus associados são, maioritariamente, Agricultores do concelho de Paredes
de Coura.
Na génese da sua constituição, esteve subjacente, como principal objectivo, a promoção do Mundo
Rural, integrando todas as actividades económicas nele presentes, com especial relevo para a Agricultura, Pecuária, Floresta, Turismo e Artesanato.
Apesar de ser uma instituição ainda “jovem”, conta já com cerca de 850 Associados, facto que demonstra
a importância que esta Organização tem para a região. Pela sua natureza e objectivos, pretende constituir-se como um factor determinante para a promoção de um maior intercâmbio entre as empresas
locais e regionais., contribuindo para a satisfação de uma necessidade formativa, dirigida no sentido da
qualificação das populações e do combate ao desemprego.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011
Texto Dr. FILIPE SILVA
Foto VESSADAS
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Força da União (F.U.) - Desde o ano de 2007, que
a vossa Organização trabalha em prol do desenvolvimento económico desta região do Alto Minho.
Neste contexto, como avalia a vossa actuação?
Vessadas (V.) - A Vessadas tem tido, desde o seu
início, uma estratégia de acção alicerçada na informação compilada e processada em estudos concretos,
nas necessidades dos seus Associados e em projectos
inovadores, tentando abranger todas as áreas de intervenção passíveis de serem apoiadas. Desde o ano de
2007, temos procurado abranger todos os sectores do
seu âmbito de acção, ou seja, todo o tipo de actividade
rural com alguma repercussão em termos socioeconómicos para o concelho de Paredes de Coura. Estamos
ainda, acreditados pela DGERT, promovendo formação
profissional, dirigida, exclusivamente, aos nossos Associados, em diferentes áreas de interesse, transversais e
de foro obrigatório, bem como acções informativas, de
sensibilização, seminários temáticos e workshops.
(F.U.) - Para tal desígnio com que apoios contam?
(V.) - A Vessadas tem desenvolvido, ao longo destes
quatro anos da sua existência, um conjunto de parcerias
com os diversos actores da sociedade em que se integra.
Neste contexto, podemos referir: Empresas, Associações,
Cooperativas, Juntas de Freguesia e a Câmara Municipal
de Paredes de Coura. Estes são exemplos de entidades
com as quais, no âmbito de diversos projectos, têm sido
celebrados protocolos de cooperação.
(F.U.) - No que respeita aos vossos colaboradores e
métodos de trabalho aplicados, como caracteriza a
actuação da Vessadas?
(V.) - A cooperação institucional é fulcral para que se
possa realizar um trabalho sério e com perspectivas de
atingir resultados a médio e longo prazo. Entendemos
que só um esforço coordenado de todos pode trazer
um desenvolvimento sustentado à comunidade. Encontrar novos parceiros e reforçar, se possível, as parcerias
firmadas, é, portanto, um objectivo presente no quotidiano desta Associação.
(F.U.) - Este ano realizar-se-á mais uma edição da
Expo Leite. Sucintamente, fale-nos um pouco do que
foi e do que se pretende que seja este certame.
(V.) - Pelo sucesso das edições anteriores, propomonos dar continuidade a este evento, dinamizador
e promocional do sector agro-pecuário da Região,
direccionado não só aos Agricultores, mas também
aos mais jovens. Esta edição, para além de manter
os traços gerais das anteriores, tentará envolver o
comércio tradicional, dinamizando-o de um modo
mais específico, bem como promover a gastronomia/
restauração Courense, integrada num genuíno mundo
rural e agrícola. Este evento, não ficará, em 2011,
aquém daquilo que tem oferecido nos anos transactos.
Ofereceremos, ainda, uma programação adequada,
tanto a nível sectorial como lúdico, podendo salientarse o Concurso Regional do Alto Minho da Raça Frísia,
este ano, dedicado ao Exmo. Senhor Comendador
Fernando da Silva Mendonça, em homenagem à
sua dedicação ao sector, e ao apoio que sempre nos
ofereceu. Por outro lado, continuamos a contar com
a vontade dos nossos parceiros para mantermos este
certame como uma referência, não só para a região
do Alto Minho, como também para a maioria dos
seus habitantes, principalmente os Agricultores, suas
famílias e todos os que de alguma forma integram o
Mundo Rural. Com estes apoios, nomeadamente do
Município de Paredes de Coura, da Agros, da Caixa
de Crédito Agrícola Mútuo e da Cooperativa Agrícola
de Paredes de Coura – CoopeCoura -, para além do
trabalho imensurável de todos os Colaboradores desta
Associação, conseguiremos garantir a concretização
de mais uma EXPOLEITE condigna. Para conseguir
alcançar os pressupostos que orientaram a sua génese,
comprometemo-nos a trazer a esta Exposição os
melhores animais leiteiros do Alto Minho, promover as
ligações comerciais entre os Produtores e as diferentes
representações sectoriais agro-pecuárias e tecnológicas. Igualmente, procuraremos instigar o espírito de
competição, bem como incentivar ao investimento
e inovação através da sensibilização e informação
acerca dos diferentes temas de interesse. Estando o
sector leiteiro a atravessar uma fase sensível, toda a
atenção que se lhe possa dispensar, ajudará a atenuar
esta envolvência.
(F.U.) - Perspectivando o futuro, que valor acrescido poderá a Vessadas aportar para os vários
sectores de actividade existentes no concelho, por
vós apadrinhados?
(V.) - O know how adquirido, o amadurecimento e a
experiência acumulados, tanto por directores como
colaboradores, permitem-nos, hoje, perspectivar uma
dinâmica intervenção nos diversos sectores de actividade, estimulando o seu desenvolvimento, transmitindo, também, aos empresários, um sentimento de
confiança, pois, sabem que têm a seu lado um apoio
sólido e responsável.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
A Vessadas é, igualmente, uma OPF- Organização de
Produtores Florestais -devidamente reconhecida pela
AFN (Autoridade Florestal Nacional), e que integra
a Direcção do Fórum Florestal - Estrutura Federativa
Representativa da Floresta.
Dispomos de um período de atendimento fixo com
activos permanentes para apoiar todos os Associados,
podendo este alargar-se aos diferentes sectores da sua
área de intervenção, nomeadamente: Agricultura, Pecuária, Floresta, Formação Profissional, Higiene e Segurança no Trabalho, Serviço de Aconselhamento Agrícola, Condicionalidade, REAP, Parcelário, Candidaturas
aos diferentes apoios e Legislação, entre outros.
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DIVULGAÇÃO
BOVINFOR
UMA APLICAÇÃO INFORMÁTICA
AO SERVIÇO DO PRODUTOR
Texto PROF. JÚLIO CARVALHEIRA
Coordenador Científico do Bovinfor
FIGURA 3
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
FIGURA 2
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GESTÃO DE OBJECTIVOS: (Figura 1)
Assim que é efectuado o login do BOVINFOR (http://
www.bovinfor.pt/), na primeira página é disponibilizada a
Gestão de Objectivos de cada exploração. A ideia é permitir
ao criador visualizar os dados mensais consolidados da
produção e da reprodução, podendo, ainda, o seu utilizador
comparar os dados obtidos na sua exploração com outros
produtores, tanto da sua região como, inclusive, do resto
do país. Este programa permite ainda personalizar os objectivos a atingir para cada uma das características existentes,
assim como observar, através de um gráfico, a evolução e
tendências ocorridas nos últimos doze meses (Figura 2).
A tabela da gestão de objectivos reprodutivos dá a possibilidade de visualizarmos as características reprodutivas relevantes no que respeita à eficiência das explorações. De igual
modo, será possível aferir outros parâmetros reprodutivos
na página “Relatórios” (menu principal) com vista a obter
o balanço completo do comportamento reprodutivo da
exploração. Este menu, para além de fornecer mais índices,
faculta, ainda, a hipótese de se observarem os gráficos
anuais de evoluções reprodutivas de cada um deles.
Ainda nesta página, podemos aceder ao submenu “Curva(s)
de Maneio”, onde o criador pode verificar quais foram,
em termos anuais, os meses em que obteve maior rendimento e tentar perceber as condições que provocam um
decréscimo da quantidade de leite, gordura ou proteína,
quer seja, através de alterações climatéricas, alimento,
condições do rebanho, em geral, entre outros. Os cálculos
para estes gráficos assumem que todo o efectivo está nas
mesmas condições produtivas, permitindo, assim, fazeremse comparações entre os meses do ano (Figura 3 + Figura
3.1)
FIGURA 1
N
a última edição da nossa revista, informámos os
nossos leitores acerca de uma conferência, realizada no Campus Agrícola de Vairão, no passado
dia 16 de Março, intitulada “BOVINFOR - Uma aplicação
informática ao serviço do Produtor de Leite”. Esta iniciativa
serviu para divulgar esta nova ferramenta de gestão, que terá
um impacto bastante relevante e positivo nas explorações
leiteiras.
Seguidamente, explicaremos a forma como os criadores
poderão aceder a este programa.
FIGURA 4
FIGURA 4.1
EFECTIVO:
O BOVINFOR permite ainda ter acesso a toda a informação
registada dos seus animais. Neste contexto, o criador tem à
sua disposição o menu “Efectivo”, pelo qual, é possível escolher, individualmente, cada animal e aceder, em pormenor,
a cada ponto vital da sua informação, incluindo histórico
de produtividade (dando a hipótese de visualizar cada
contraste realizado em toda a vida do animal, incluindo
os gráficos relativos a cada lactação). Igualmente, valores
genéticos, árvore genealógica e muitas outras funções.
(Figura 5 + Figura 5.1)
FIGURA 3.1
ALERTAS:
Seguindo a ordem de importância dos menus disponíveis,
os “Alertas” resumem as acções principais a desenvolver
nas explorações. Este menu é de grande importância, uma
vez que fornece aos seus utilizadores informação diária
e actualizada sobre: Diagnósticos de Gestação; Próximos
Partos; Vacas a Secar; Partos ou Secagens por Registar, além
de outros, organizados por grupo ou lote de animais (Vacas
ou Novilhas) (Figura 4 + Figura 4.1).
RELATÓRIOS MENSAIS DO CONTRASTE:
Caso o produtor necessite de ler ou imprimir qualquer um
dos seus relatórios referentes ao contraste, poderá usar a
página do BOVINFOR, através do menu “Contrastes”.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
FIGURA 5.1
(http://www.bovinfor.pt/)
FIGURA 5
EVENTOS:
Este menu dá ao criador a possibilidade de observar todos
as ocorrências que foram registadas na sua exploração pela
sua Estrutura desde, partos, abortos ou lactações, inseminações, cobrições naturais / manada, mortes ou abates, e
outros.
Para facilitar a visualização destes eventos, o utilizador
poderá escolher um determinado período temporal (data
inicial e final). Deste modo, ser-lhe-á permitido balizar
melhor a sua pesquisa.
A página encontra-se ainda em pleno desenvolvimento e,
embora falte disponibilizar muitas funcionalidades, as já
existes permitem uma mais-valia para cada criador e para
a sua exploração.
Neste momento, encontra-se em fase de desenvolvimento
a possibilidade de cada criador interagir com o site e poder
inserir ele próprio os seus dados / ocorrências. Esta interacção permitir-lhe-á um maior controlo da sua exploração
(introduzindo diagnósticos, partos, abortos, transferências
e mortes). O desenvolvimento contínuo deste projecto
tornará a página do BOVINFOR uma ferramenta cada vez
mais indispensável para todos.
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DESTAQUES
Texto Dr. FILIPE SILVA
Fotos ARQUIVO AGROS
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
N
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DIA MUNDIAL
DA CRIANÇA
o passado dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança
e Dia Mundial do Leite, a Agros promoveu um
conjunto de actividades destinadas a evocar as
referidas datas. O Espaço Agros recebeu a visita de mais
de sete centenas de crianças, oriundas das Escolas EBI/
/JI do Muro, concelho da Trofa, dos Sininhos, Correios
e Meia Laranja, de Vila do Conde. De salientar, ainda, a
presença, no local, dos Directores dos respectivos Agrupamentos e Coordenadores dos Estabelecimentos de
Ensino presentes, assim como do Senhor Eng.º António
Caetano, em representação da Câmara Municipal de Vila
do Conde, da Senhora Dr.ª Teresa Coelho, em representação da Câmara Municipal da Trofa, do Senhor Carlos
Martins, Presidente da Junta de Freguesia do Muro, e do
Senhor Augusto Moreira, Presidente da Junta de Freguesia
de Argivai, que puderam aferir o entusiasmo e alegria de
todas as crianças presentes.
Esta iniciativa, intitulada “Um Dia com a Natureza”,
procurou proporcionar aos mais jovens momentos de
são convívio e diversão. As acções preconizadas, em
consonância com a faixa etária em questão, potenciaram,
não só a prática de exercício físico e outras actividades
lúdicas, como permitiam incutir-lhes conceitos acerca da
importância do consumo de produtos lácteos para um
desenvolvimento equilibrado. Por outro lado, a vertente
cognitiva foi também exercitada por via da realização
de um conjunto de acções tendentes a desenvolver esta
componente, procurando-se sempre associá-la ao seu
tema central desta acção lúdico/pedagógica, focalizado
em torno da relação do Homem com a Natureza.
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
Este foi, sem dúvida, estamos certos, um dia para mais
tarde ser recordado por todos os presentes. Entre as
opiniões recolhidas, principalmente junto dos professores que acompanharam as crianças, este local possuí
características únicas para que os mais jovens, e não só,
possam desfrutar momentos bem passados, sempre em
contacto com a Natureza.
Assim, o Espaço Agros tem, por isso mesmo, potencialidades para receber públicos-alvo diferenciados. Este foi,
certamente, o primeiro de muitos eventos aqui realizados,
e, para começar, nada melhor do que fazê-lo, evocando
um dia tão especial para as crianças, pois, e parafraseando
Oscar Wild, “A melhor maneira de tornar as crianças boas,
é torná-las felizes.”
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SAÚDE E BEM-ESTAR
CHEGOU O SOL:
CUIDADOS A TER
Texto Dr. VICTOR CRUZ
A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011
C
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om a Primavera chegou também o sol e o calor,
sendo, por isso, importante lembrar alguns
cuidados a ter, particularmente, no que respeita às
radiações solares – ultravioleta – UVA e UVB.
Todos sabemos que a visão é um bem essencial e inestimável e que é preciso preservar. O olho humano está constantemente a funcionar, quer ajustando a quantidade de
luz que deixa entrar, focando os objectos, próximos ou
distantes, quer transmitindo, instantaneamente, ao nosso
cérebro as imagens.
O olho e as estruturas adjacentes que o rodeiam ajudamse mutuamente no combate à exposição agressiva ao pó,
vento e infecções, bem como às radiações solares que,
como sabemos, são cada vez mais nocivas. Em todo este
processo, as pestanas e as pálpebras formam uma primeira
estrutura de protecção e a solução lacrimosa aí existente
tem um papel de limpeza e desinfecção da conjuntiva do
olho.
No que respeita aos raios solares emitidos pelo astrorei, os UVA são os mais nocivos para a saúde humana,
uma vez que penetram de um modo mais profundo na
nossa camada dérmica. Neste contexto, podem provocar
algumas complicações, como: fotoenvelhecimento e foto-
alergias, entre outras complicações. Em situações extremas,
poderão evoluir para melanoma, ou como em linguagem
comum se denomina – cancro de pele. Por seu lado, os
raios UVB penetram mais superficialmente na nossa pele,
no entanto, também são maléficos para a saúde humana.
Quando chegar a altura de nos expormos com mais intensidade aos raios solares, devemos ter em atenção que
existem determinadas horas do dia em que essa exposição
nos poderá acarretar alguns problemas. Assim, devemos
aproveitar as horas em que a sua incidência é menor, isto é,
logo pela manhã, até às 11 horas e depois das 16 horas. Isto
porque, entre as 11 e as 16 horas, os índices de radiação
ultravioleta são muito elevados, situando-se, no nosso país,
geralmente, entre os índices 5 e 9 de radiação.
Nesta situação, aconselha-se à não exposição directa a
essas mesmas radiações, acrescendo-se da necessidade de
estarmos munidos, se possível, de óculos de sol com filtro
UVA, protector solar com elevado factor de protecção,
t-shirt e um chapéu, caso estejamos na praia.
O Instituto Nacional de Meteorologia, no seu site (www.
meteo.pt), disponibiliza a todos aqueles que o queiram
consultar, informações acerca do índice de radiação solar
previsto para um qualquer dia do ano.
Indústria de Produtos Pecuários do Norte, S.A.
Zona Industrial nº 2 - Apartado 202
4564-909 Penafiel - Portugal
Tel 255 718 300
Fax 255 718 303
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