ENTREVISTA Presidente da Cooperativa Agrícola de Paredes de Coura DESTAQUES Dia Mundial da Criança no Espaço Agros A FORÇA DA UNIÃO Revista da AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. ABR . MAI . JUN . 2011 Trimestral Edição Gratuita ENFOQUE PRODER - Apoio aos Jovens Agricultores 9 EDITORIAL UM APELO AOS JOVENS DE PORTUGAL Simão Alves N o dia 10 de Junho, Sua Exce- nova Ministra com a tutela da Agricultura lência, o Senhor Presidente da vão iniciar o seu exercício de funções, República, Doutor queremos relembrar as promessas que Aníbal Cavaco Silva, num artigo de opinião Professor nos foram feitas ao longo de todos publicado no Semanário Expresso, alertou estes anos. Todavia, é importante que para o facto de Portugal ser, no contexto o Estado potencie a constituição de agrícola, na União Europeia, o país com um mecanismo de apoio que, efecti- a mais elevada taxa de agricultores com vamente, impulsione os mais jovens a idade superior a 65 anos. criarem um vínculo à terra que os viu Todas as questões abordadas foram, nascer. Queremos, também, lembrar a sem dúvida alguma, de uma enorme necessidade de serem promulgadas leis, pertinência, numa altura em que muitos tendentes a possibilitar um entendi- jovens, com raízes, desde há várias gera- mento entre a Produção e a Distribuição, ções, ligadas à terra, estão a abandoná-la. sem o que o nosso futuro será incerto. Importa, pois, nestas linhas reforçar essas Chegou, pois, a hora de os Agricultores mesmas palavras proferidas pelo repre- de todo o país e de todas as idades se sentante máximo do Estado Português, unirem, cerrarem fileiras e incentivarem nesse dia, tão evocativo e especial para os mais novos a apostar nesta actividade. nós, Portugueses. Só assim, poderemos encarar os tempos É evidente que a situação a todos deve vindouros com optimismo e esperar preocupar, na medida em que, como que esta mensagem possa servir para sabemos, hoje em dia, são cada vez mais despertar, desenvolver, e, consequen- os jovens que não querem dar segui- temente, modernizar o nosso Sector mento ao trabalho iniciado pela sua Primário, indispensável para o sustento família. Neste momento, em lugar de se de todos nós. intentar justificar o porquê desta situa- Para ção, torna-se imperioso encontrar solu- aplaudir, mais uma vez, as palavras profe- ções para este problema. Assim, cabe aos ridas por Sua Excelência, o Senhor Presi- Homens e às Mulheres que, desde tenra dente da República: «Só eles [ jovens] idade, aprenderam a amar e a trabalhar a poderão alavancar e apressar o salto terra, conseguir convencer essa geração qualitativo de que a nossa agricultura a dar continuidade a esse labor. Obvia- necessita para poder contribuir, como se mente, só isto não chega, e agora que espera, de forma muito significativa para um novo Governo, e, por inerência, uma atenuar a crise em que vivemos.» finalizar, queremos reiterar e Chegou, pois, a hora de os Agricultores de todo o país e de todas as idades se unirem, cerrarem fileiras e incentivarem os mais novos a apostar nesta actividade. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JAN . FEV . MAR . 2011 Director da AGROS, U.C.R.L. 3 FICHA TÉCNICA Propriedade e Editora AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. ÍNDICE 3 EDITORIAL > UM APELO AOS JOVENS DE PORTUGAL 5 OPINIÃO > ÉTICA E PRÁTICA AGRÍCOLA Contactos Rua 5 de Outubro, 1813 4481-739 Vila do Conde Telefone: 252 241 000 Fax: 252 241 009 E-mail: [email protected] Site: www.agros.pt Director Comendador Francisco Marques 6 ANÁLISE > O SECTOR AGRO-FLORESTAL EM PORTUGAL 8 POLÍTICAS AGRO-ALIMENTARES > A REFORMA DA PAC E A SUSTENTABILIDADE DAS EXPLORAÇÕES LEITEIRAS DO ENTRE DOURO E MINHO: FATALIDADE OU OPORTUNIDADE Produção e Coordenação Dr. José Filipe Silva 12 A ORGANIZAÇÃO Colaboraram nesta Edição Padre Doutor Domingos Lourenço Vieira Prof. Doutor Francisco Carvalho Guerra Prof. Doutor José Carlos Medeira dos Santos Eng.ª Ana Lage Eng.ª Ana Torres Eng.ª Eugénia Morgado Eng.ª Sílvia Azevedo Dr. Paulino Cardoso Prof. Doutor Júlio Carvalheira Dr. Victor Cruz 14 PRÁTICAS AGRÍCOLAS > ANTÓNIO FERNANDO DE BARROS MACHADO > MELHORES PRÁTICAS DE ENSILAGEM DO MILHO 18 ENTREVISTA > PRESIDENTE DA COOPERATIVA AGRÍCOLA DE PAREDES DE COURA 20 HISTÓRIAS DE VIDA... > RITA SOFIA BARROS SILVA Sede de Redacção Rua 5 de Outubro, 1813 4480-739 Vila do Conde 22 À DESCOBERTA DE... > PAREDES DE COURA N.º de Contribuinte 500291950 Depósito Legal 295758/09 ISSN 1647-3264 Registo na ERC 125612 24 ACTUALIDADE > PRODER – APOIO AOS JOVENS AGRICULTORES 27 INSTITUCIONAL > ENGENHEIRO FRANCISCO SILVA, CONDECORADO POR SUA EXCELÊNCIA, O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PROFESSOR DOUTOR ANÍBAL CAVACO SILVA 28 HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO > PREVENÇÃO E SEGURANÇA NA CONDUÇÃO DE TRACTORES AGRÍCOLAS Design e Composição Gráfica Boaventura Matos 30 EVENTOS Impressão Gráfica Minerva, artes gráficas Alberto Santos & Filhos, Lda. Av.ª Alexandre Herculano, n.º 275 4480-878 Vila do Conde [email protected] > AGRO 2011 Tiragem 3500 exemplares 34 DIVULGAÇÃO Periodicidade Trimestral 32 ENTREVISTA > VESSADAS – ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS TERRAS DO COURA > BOVINFOR - UMA APLICAÇÃO INFORMÁTICA AO SERVIÇO DO PRODUTOR DE LEITE 36 DESTAQUES > DIA MUNDIAL DA CRIANÇA Fotos iStockphoto; Shutterstock Esta revista está escrita de acordo com a antiga ortografia. 38 SAÚDE E BEM-ESTAR > CHEGOU O SOL: CUIDADOS A TER OPINIÃO ÉTICA E PRÁTICA AGRÍCOLA Texto DOMINGOS VIEIRA A produção, transformação e distribuição de alimentos e produtos agrícolas são considerados aspectos normais da vida quotidiana. Por isso, raramente, têm sido analisados de um prisma ético. Ora, há valores éticos que vamos aqui brevemente apreciar. A cultura e a ética agrícola impõem: o respeito e a boa gestão dos equilíbrios biológicos, a consideração dos diferentes actores - produção, transformação e distribuição – potenciando, assim, a criação de “pontes” através de uma região, respeitando as expectativas da comunidade e da sociedade em geral em matéria de alimentação, fornecendo produtos alimentares sãos e frescos e permitindo aos agricultores o melhoramento e a viabilidade da sua exploração. A compreensão da agricultura sustentável, como Bergström, Bowman e Sims (2005)1 a definem, deve responder a estes objectivos: 1 - melhorar a produtividade do solo, da água e os outros recursos naturais, a fim de responder aos níveis crescentes de exigência; 2- produzir uma alimentação segura, completa e nutritiva que suporte a saúde humana; 3- assegurar um rendimento adequado aos agricultores para que estes possam ter um nível de vida aceitável2; 4- ir ao encontro dos standards e das expectativas sociais da comunidade. Por outras palavras, a agricultura sustentável deve integrar a dimensão humana, ambiental, a dimensão económica e a dimensão social. Esta agricultura sustentável faz, por exemplo, uma utilização equilibrada do capital natural (água e solo), permitindo uma biodiversidade melhorada e práticas agrícolas consideradas “amigas do ambiente”. Do mesmo modo, está em compatibilidade com os ciclos naturais dos ecossistemas vivos em todo o sistema de produção e procura criar um equilíbrio entre as produções vegetais e animais. Dentro do quadro ético de uma agricultura sustentável, apresenta-se o modo de produção biológico. Hulse considera-a como sendo «a marca da agricultura sustentável e durável.»3 Trata-se de uma agricultura que protegeria a biodiversidade, através do desenvolvimento de práticas agrícolas em harmonia com o meio-ambiente4. Tais práticas sublinham a importância dos recursos naturais, porque são indispensáveis à sobrevivência e à prosperidade humana e nenhuma utilização presente de tais recursos deve comprometer outros usos legítimos pelas gerações futuras. Em síntese, estes valores revelam um pouco do que devemos fazer. Hans Jonas entreviu assim o questionamento ético neste campo: «as novas dimensões do agir reclamam uma ética da previsão e da responsabilidade que lhes são comensuráveis.»5 Contemplemos a Natureza. Reconheçamos cada vez mais a sua beleza, complexidade e integridade, bem como os limites da modificação humana do mundo natural. 1 Cf. L. BERGSTRÖM, B. T. BOWMAN, et J.T. SIMS (2005), “Definition of Sustainable and Unsustainable Issues” in Nutrient Management of Modern Agriculture, Soil Use and Management, vol. 21, pp. 76-81 2 Porque não evocar aqui a ideia de cidadania alimentar uma vez que as escolhas do consumidor têm consequências para assegurar ao agricultor um rendimento justo e equitativo (Cf. J. WELSH, e R. MACRAE (1998), “Food Citizenship and Community Food Security: Lessons from Toronto, Canada », dans Delisle et Shaw (édit.), La quête de la sécurité alimentaire au 21e siècle, Revue canadienne d’études du développement, Université d’Ottawa, vol XIX). 3 J. H. HULSE (1995), Science, agriculture et sécurité alimentaire, Les presses scientifiques du Conseil national de recherches du Canada, Ottawa, p. 119. 4 Cf. E. COLEMAN (2004), Can Organics Save the Family Farm, Organic Consumers Association, http://www.organicconsumers.org/organic/save090604.cfm, página consultada a 28 de Abril de 2011. 2004 5 Hans JONAS (1995), El principio de responsabilidad. Ensayo de una ética para la civilización tecnológica, Barcelona, Herder, 1995, p. 51. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 PADRE. DOUTOR EM ÉTICA SOCIAL 5 ANÁLISE A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 O SECTOR AGRO-FLORESTAL EM PORTUGAL 6 A zados. A esta diversidade de produtos, somam-se território, ocorrida pela emigração para o cerca de 3% do PIB e de mais de 12% as actividades e serviços em espaços estrangeiro e/ou para regiões mais urbanas das exportações nacionais, contribuindo, florestais, onde sobressaem a caça e a da costa nacional, conduziu a um progres- assim, de modo decisivo, para a nossa pesca em águas interiores, bem como os sivo abandono da gestão florestal e à balança de pagamentos. novos mercados do sequestro de carbono não utilização dos resíduos florestais pela Acresce ainda que o VAB – Valor Acrescen- e as actividades de turismo e desporto da agricultura, que, por sua vez, potenciou tado Bruto - dos produtos de base florestal natureza com mercados em crescimento o flagelo dos incêndios, que cresceram é pelo menos da ordem dos 90%, dado que que podem trazer novos rendimentos aos de forma galopante, criando um maior tudo é nacional desde a terra, à árvore, à proprietários florestais. receio no investimento florestal. Eis o que exploração e ao transporte, até à transfor- A rentabilidade da floresta é um factor é preciso ultrapassar. mação em produtos finais com base no essencial da sua sustentabilidade, uma Na verdade, cerca de metade do espaço conhecimento e na mão-de-obra portu- vez que a floresta portuguesa é, essencial- florestal nacional é hoje constituído por guesa. Esta mão-de-obra é hoje calculada mente, privada: 91% é pertença de proprie- matas ardidas e não replantadas, pelo que em cerca de 260.000 postos de trabalho tários florestais, cerca de 6% é detida por é necessário um enorme esforço de todo o directos e indirectos. comunidade (baldios) e apenas 3% é do país para reverter a situação. A floresta portuguesa é base de três impor- Estado Português. Sendo a floresta portuguesa privada, este tantes fileiras, a saber: a fileira do Pinho, a Dos cerca de 400.000 proprietários flores- trabalho deve ser liderado pelos proprie- do Sobro e a do Eucalipto, que produzem e tais espalhados pelo território, parte tários através das suas Associações a quem exportam mobiliário, cortiça, pasta e papel. encontra-se agrupada em organizações de deve ser cometido o trabalho de associar Para além destes, conta-se ainda uma vasta proprietários florestais (OPFs), que têm por produtores e propriedades. As políticas gama de produtos, tais como a resina, a missão defender as posições da floresta públicas de apoios devem dirigir essas castanha, o mel, os cogumelos, as plantas privada e garantir apoio técnico aos produ- tarefas de agregação que não podem aromáticas e alguns frutos silvestres que, tores, para que estes possam implementar perder de vista a escala económica para a juntamente com a biomassa florestal para uma gestão mais profissional e rentável nas gestão sustentável das explorações. floresta portuguesa ocupa cerca fins energéticos, são cada vez mais valori- de 2/3 do território nacional e é, actualmente, responsável por suas florestas. Em décadas passadas, a desertificação do Texto DOUTOR FRANCISCO CARVALHO GUERRA Não podemos, nem devemos, esquecer no investimento. mobilizar já hoje, porque a floresta é uma os dramas de 2003 e 2005 com cerca de No entanto, o sucesso das ZIFs depende da actividade geracional que não pode ser 750.000 hectares ardidos. A média de adesão dos proprietários e da sua vontade interrompida e que devemos às gerações 100.000 hectares / ano, desde então, signi- em liderar esses processos, mandatando as futuras. ficou que a floresta portuguesa perdeu já suas organizações para executar as acções Mas, se na floresta o investimento só pode cerca de 1.2 milhões de hectares. consideradas prioritárias. ser recuperado a médio e longo prazo, no Infelizmente, a par do risco de incêndio, Dentro dessa lógica de mobilização das sector agrícola, o curto prazo já é possível. também têm surgido outras ameaças, pessoas, é também necessária uma forte É de todo essencial que os Homens da terra como novas pragas e doenças, que devem campanha de sensibilização contra os continuem o seu habitual esforço. Não ser debeladas. Uma vez mais, o melhor incêndios florestais, dirigida a toda a popu- trocar o suor pelo subsídio será a forma, a caminho será a concentração de esforços, lação, desde as crianças aos adultos, para sua forma, de contribuírem, efectivamente, nomeadamente nas zonas minifundiárias que todos protejam este recurso nacional para debelar a crise económica. do Norte e Centro. tão importante para o país. Estejam os Há quem diga que as gentes do Minho Como é sabido, a resposta para o mini- governantes atentos à sua relevância nesta sabem de leites e de vinhos, o que têm fúndio é a gestão florestal agrupada, onde se época de crise. demonstrado, ao longo dos anos, com a devem considerar tipologias de floresta mais De facto, os incêndios e a ausência de admirável melhoria da qualidade destes resistente aos incêndios, e, onde as espécies novas plantações conduzem-nos à falta de produtos. Não pode, nem deve, contudo folhosas devem compartimentar as tradicio- matéria-prima, que será dramática para os esquecer as suas bouças, muitas vezes, nais florestas de eucalipto e pinheiro, para nossos industriais e, consequentemente, cofre ou banco da família tanto para as diminuir a progressão dos fogos. para a nossa economia exportadora. aflições como para os dias festivos. As zonas de intervenção florestal, ZIFs, Infelizmente, as árvores crescem devagar. Que deste Minho onde nasceu o Condado criadas em 2005, são uma boa possibi- O eucalipto precisa de dez anos para dar Portucalense, e que desta terra de Heróis e lidade para se atingir estes objectivos, celulose e todas as outras espécies como de Santos ligados à terra volte o exemplo porque criam uma dimensão de no o pinheiro, o sobreiro, o castanheiro ou o de uma nova agricultura e de uma nova mínimo 1.000ha, o que permite a defesa carvalho demoram ainda muito mais a dar floresta que restitua ao Portugal de hoje a contra os incêndios e custos mais baixos rendimento. Por isso mesmo, temos de nos capacidade e a dignidade de outrora. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIV. DO PORTO 7 POLÍTICAS AGRO-ALIMENTARES Texto DOUTOR JOSÉ CARLOS MEDEIRA DOS SANTOS A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 [email protected] ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO 8 A REFORMA DA PAC E A SUSTENTABILIDADE DAS EXPLORAÇÕES LEITEIRAS DO ENTRE DOURO E MINHO: Fatalidade ou Oportunidade? cação do regime de quotas, a gestão nacional desse regime, os incentivos ao abandono voluntário, as limitações aos apoios às explorações mais pequenas, todas foram realidades que permitiram: (1) o fim da trajectória de ascensão das pequenas explorações e o seu desaparecimento quase total; (2) a concentração da produção num número de explorações que representa hoje uma ínfima proporção do seu número inicial; (3) o aumento das produtividades e das produções por produtor; (4) e, igualmente, a concentração da produção nacional em duas zonas bem distintas – nalguns municípios do EDM, e nas regiões dominadas pela grande exploração agrícola, como o Ribatejo e o Alentejo, onde as produções não param de crescer. A última reforma da PAC – desvinculando as ajudas agrícolas da produção, criando o Regime de Pagamento Único, e introduzindo conceitos como o de condicionalidade ambiental – bem como as perspectivas de uma próxima reforma que termine de vez com o regime de quotas, trazem novas dúvidas sobre a sustentabilidade da produção leiteira portuguesa, ou, pelo menos, sobre a sua manutenção nas zonas geográficas onde tradicionalmente se desenvolveu. As novas políticas europeias e nacionais (por exemplo o REAP1) hão-de impor a realização de investimentos que são incompatíveis com as reduzidas dimensões das explorações, e arriscam-se a impedir a concorrência com as produções leiteiras das outras regiões europeias e mais desenvolvidas, podendo levar a um desaparecimento de explorações mais acentuado que o actual, ou mesmo, ao colapso do sector na região. É sabido que as políticas orçamentais nacionais e europeias não deixam antever aumentos significativos nos apoios às explorações. É sabido que mesmo no seio do EDM, há zonas onde a produção leiteira se sente mais A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 A s estruturas agrárias portuguesas vêm seguindo uma evolução idêntica à das agriculturas dos países desenvolvidos, num processo de concentração das actividades em explorações maiores, mais competitivas, e mais envolvidas com os mercados. Este percurso levou ao desaparecimento das explorações geridas pelos produtores mais idosos, com menos educação formal, com menor acesso aos recursos financeiros ou aos factores de produção mais escassos, com menor capacidade de inovação, ou, ainda, daquelas que se localizavam em zonas geográficas menos favorecidas e mais entorpecidas pelo abandono rural. O Entre Douro e Minho (EDM) não tem escapado a esta regra. Com estruturas agrárias minifundiárias, nele o abandono agrícola mantem-se uma realidade, e até a produção leiteira corre o risco de não resistir a estes processos de ajuste estrutural. Imposições políticas internas e externas contribuíram e contribuem para os acelerar, o mesmo sucedendo com as sucessivas alterações sofridas ao nível dos mercados e das regras comerciais internacionais, bem como as cada vez mais apertadas obrigações com a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Para muitos, este ajustamento representa uma evolução positiva rumo a estruturas agrárias mais eficientes e competitivas. Contudo, hoje já não é possível ignorar que o progressivo abandono do rural e de muitas actividades agrárias acarreta preocupações e incertezas, sobretudo no que se refere à preservação do meio ambiente, à conservação da biodiversidade ou à manutenção da vitalidade de muitas regiões. Estas são as razões que levaram muitos governos à definição de políticas de apoio às explorações mais débeis, aumentando os seus rendimentos e pagando pelos seus produtos e serviços que não podem ser negociados nos mercados. Estas são as razões que levaram ao paradigma da multifuncionalidade da agricultura na União Europeia. A crescente dualidade observada no interior das agriculturas europeias, separando, por um lado, zonas dominadas por explorações eficientes e competitivas, e, por outro, zonas dominadas por explorações que lutam pela sua sobrevivência, mas que apesar de tudo detêm uma importância económica, social e ambiental importante, mantém na ordem do dia a questão da multifuncionalidade, e torna urgente a necessidade da territorialização de políticas. O futuro mais próximo da Política Agrícola Comum (PAC), a previsível evolução dos mercados mundiais, e as crescentes preocupações ambientais, aumentam a fragilidade competitiva de muitas explorações, tornando imperioso o desenho de políticas territorializadas que lhes permitam manter, ou mesmo melhorar, os distintos papéis que vêm desempenhando nas nossas sociedades. A produção leiteira do EDM pode estar nesta situação. De facto, foi a integração do sector leiteiro nacional na PAC que alterou a tendência, até então vivida, para o domínio da pequena produção do norte litoral. As sucessivas reformas daquela política, a apli- 9 ameaçada que noutras. Por isso, uma opção estratégica nacional e regional, pela manutenção da pequena e média produção leiteira do noroeste português, parece implicar forçosamente o estudo da viabilidade das suas explorações, numa perspectiva que seja claramente territorializada. O carácter multidimensional da sustentabilidade (envolvendo aspectos económicos, sociais e ambientais), aconselha a que o seu estudo se faça através da determinação de indicadores compostos de sustentabilidade2 que permitam abarcar aqueles três aspectos. A necessária perspectiva territorializada aconselha o recurso aos Sistemas de Informação Geográfica e à estatística espacial. Foi o que se fez num estudo recente, que tomou por base os dados retirados do inquérito realizado em 2006 ao universo das explorações leiteiras da bacia leiteira primária do EDM (então cerca de 2.000 explorações), para efeitos da elaboração do seu Plano de Ordenamento. Tendo em atenção os objectivos do estudo, foi escolhido um conjunto de variáveis que pudesse abarcar as três vertentes da sustentabilidade: a económica, a social e a ambiental. Para a primeira vertente, estudaram-se: a produtividade do Tabela 1 A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 com o Indicador Global de Sustentabilidade5. Como fica patente, os problemas económicos, sociais e ambientais que condicionam a sustentabilidade da actividade leiteira não são territorialmente coincidentes. Viana do Castelo, por exemplo, apresenta uma das piores situações no que toca aos aspectos económicos, mas é claramente um dos concelhos onde os problemas ambientais são menos importantes. Situação oposta é, por exemplo, a de Vila do Conde. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), ferramentas actualmente imprescindíveis em questões como o desenvolvimento de políticas territorializadas ou o planeamento e ordenamento do território, podem ajudar a apurar a visualização da distribuição espacial dos problemas de sustentabilidade evidenciados na tabela anterior. Através da utilização de métodos de interpolação espacial (como o Kriging Ordinário), é possível obter mapas como os aqui mostrados, onde claramente se delimitam as zonas de maior ou menor probabilidade de sustentabilidade das explorações leiteiras dos concelhos da bacia leiteira do EDM (exceptuando-se por questões metodológicas o de Oliveira de Azeméis). Número de Explorações IC Sustentabilidade Económica IC Sustentabilidade Social IC Sustentabilidade Ambiental IC de Sustentabilidade Global P. de Varzim 201 0,1571 0,4233 0,5601 0,2791 Vila do Conde 363 0,1566 0,4260 0,5597 0,2791 V. N. Famalicão 174 0,1450 0,4235 0,5626 0,2719 Maia 60 0,1433 0,3906 0,5647 0,2664 Matosinhos 65 0,1402 0,3967 0,5648 0,2654 Barcelos 616 0,1369 0,3929 0,5538 0,2604 Trofa 91 0,1251 0,3942 0,5713 0,2566 Santo Tirso 43 0,1098 0,4279 0,5657 0,2503 O. de Azeméis 116 0,1351 0,3129 0,5545 0,2479 Esposende 114 0,1141 0,3791 0,5444 0,2416 Viana Castelo 56 0,1054 0,3724 0,5727 0,2409 Concelho 10 trabalho (em euros de margem bruta padrão por unidade de trabalho anual); a produtividade da terra (em euros de margem bruta padrão por hectare de SAU3); a dimensão económica das explorações (em unidades de dimensão europeias totais); e a proporção dos rendimentos da família obtidos fora da exploração. Para a segunda vertente: a idade do produtor; o seu nível de instrução; a existência ou não de sucessores ocupados na exploração; e a forma de exploração da terra, particularmente a proporção de SAU “outras formas” – nem explorada por conta própria, nem por arrendamento. Para a vertente ambiental: a relação entre o azoto orgânico produzido na exploração e o máximo que lhe é permitido aplicar ao solo; a relação entre a capacidade de armazenamento de estrumes e chorumes existente e a devida; a distância da exploração a núcleos urbanos; e a produção de gases com efeito de estufa equivalente a CO2. Uma vez depuradas, normalizadas e ponderadas as variáveis, foram determinados os Indicadores Compostos de Sustentabilidade por concelho4, encontrando-se os seus valores indicados na Tabela 1. Nela, os concelhos encontram-se ordenados de acordo que mais a condicionam (a avaliar pela quase coincidência observada entre os mapas das sustentabilidades económica e global). Num momento em que as próprias instituições europeias falam em: (1) atribuir maior legitimidade, equidade e eficácia à PAC; (2) transformar o RPU através de novos fundamentos, modelos e critérios de distribuição; (3) reforçar os pagamentos por bens públicos agrícolas e rurais; e (4) desenvolver critérios objectivos e equitativos de distribuição dos recursos, evidências como as aqui apresentadas deveriam motivar os agentes económicos ligados à produção leiteira do noroeste a olhar os tempos que se aproximam como tempos de mudança e de desafio. Defender a produção leiteira regional pode não implicar prosseguir no caminho da concentração e do abandono, como o até aqui vivido. Se cada exploração cumpre objectivos e funções diferentes na nossa economia, na nossa sociedade, no nosso território, saibamos então tirar o devido partido dos recursos que são postos à nossa disponibilidade, e saibamos assumir as diferenças existentes, afastando de vez o princípio aparentemente inevitável de que só o grande é bom e eficiente. 1 Regime de Exercício da Actividade Pecuária. 2 Indicadores que agrupem num só valor um conjunto heterogéneo de variáveis. 3 Superfície Agrícola Utilizada. 4 Todos compreendidos entre 0 e 1, correspondendo o 0 à pior situação, e o 1 à melhor. 5 O Indicador Global é ele próprio um indicador composto, resultante da agregação dos indicadores de sustentabilidade económica, social e ambiental. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Neles destacam-se as zonas de alta, média e baixa sustentabilidade (económica, social, ambiental e global), de acordo com as variáveis estudadas e as opções metodológicas tomadas. Claramente, a mais elevada sustentabilidade económica encontra-se ao longo dos vales do Ave e do Este, enquanto a menor sustentabilidade ambiental se encontra na Zona Vulnerável n.º 1. Claramente, tanto a sustentabilidade económica como a ambiental são territorialmente opostas. Claramente, também, as questões sociais não parecem ser as que mais condicionam a sustentabilidade das explorações, sendo, sim, os aspectos económicos os 11 A ORGANIZAÇÃO É costume dizer-se: os Homens passam, mas as Instituições ficam. Se é verdade este dito popular, também não deixa de ser, se dissermos que, muitas vezes, esses mesmos Homens ficam umbilicalmente ligados a essas Organizações. É o que acontece com o nosso entrevistado desta edição, o Senhor António Machado. A ele, a Agros deve muito do trabalho desenvolvido, sobretudo, na região do Vale do Sousa e das Terras de Basto. Eis o seu testemunho. NOME IDADE ESTADO CIVIL António Fernando de Barros Machado 63 Casado FILHOS 2 A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Entrevista Dr. FILIPE SILVA Fotos ARQUIVO AGROS 12 A Força da União (F.U.) - É nosso Colaborador desde o ano de 1965. Fale-nos do seu percurso na Organização. Senhor António Machado (A.M.) - Após cumprir a minha especialização escolar, em Junho desse ano, iniciei a minha actividade profissional na Federação dos Grémios da Lavoura, mais propriamente no Laboratório Central do Porto, passando, também, pelo Núcleo desta cidade. Em Dezembro, fui destacado para prestar apoio ao Núcleo de Braga, e, no início de 1966, fui transferido para o laboratório do Núcleo de Celorico de Basto. Pouco tempo depois, assumi a sua supervisão. Todavia, a vida dá muitas voltas, e, no início da década de 1970, mais propriamente entre 1971 e 1972, estive a trabalhar no Centro de Tratamento de Leite (C.T.L.), em Leça do Balio. Aí, partilhei responsabilidades com mais três colegas, competindo-nos zelar pelo funcionamento da unidade, desde a recepção do leite até à sua expedição, em especial, na parte ligada ao seu tratamento (refrigeração, pasteurização, desnatagem, leite achocolatado e esterilizado). Como diz o ditado, “o bom filho a casa torna”, em 1973, regressei ao Núcleo de Celorico de Basto com as funções anteriormente exercidas, passando, também, um ano depois, a prestar apoio ao Núcleo de Penafiel. Com a extinção da Federação dos Grémios da Lavoura, e consequente passagem do património leiteiro desta instituição para a Agros, convidaram-me para trabalhar nesta Organização. Em 1979, fui incumbido de dirigir o Centro de Concentração da minha terra natal, Celorico de Basto. Em 1984, após a abertura do Posto de Concentração de Lousada, foi-me delegada a tarefa de reorganizar todos os circuitos de recolha, ou seja, todo o leite recepcionado nesta região. A partir de então, passei a ter uma maior ligação a todos os serviços deste núcleo [Lousada]. Dez anos depois, assumi o cargo de Chefe de Núcleo de Lousada, por nomeação da Exma. Direcção da Agros e do seu Director Geral. Desde já, aproveito esta oportunidade para expressar o meu reconhecimento pela confiança em mim depositada. Neste contexto, não posso deixar de referir dois Homens que muito me marcaram, os saudosos Senhores Comendadores Fernando da Silva Mendonça e João dos Anjos Lopes. No ano de 2005, cessou, definitivamente, a actividade do Posto de Concentração de Lousada. Nas suas instalações, a partir de então, começou a funcionar o Laboratório Interprofissional (ALIP), passando o núcleo para o centro da vila, aí se mantendo até hoje. Actualmente, cabe-me coordenar e supervisionar toda a sua actividade: informar, esclarecer e aconselhar os produtores. Por outro lado, sempre que necessário, estabeleço ligação com outros departamentos da empresa e Cooperativas agrupadas da Agros. (F.U.) - O que significa para si ser um Colaborador da Agros, U.C.R.L.? (A.M.) - Empenho, dedicação e sempre um bom relacionamento com os demais colegas. Durante todos estes anos, quase meio século, acompanhei sempre o seu crescimento. Porque vivi o passado e conheço o presente, posso dizer que sinto um enorme orgulho em pertencer a esta família. Aos mais novos, lembrar que, tudo isto, foi construído com muito “trabalho, vontade e perseverança”. Se assim não fosse, não poderíamos afirmar, hoje em dia, sermos, sem dúvida, uma Organização de referência no panorama agrícola nacional. ORIGENS E FUTURO História Longevidade Empresarial Cooperação Grupo Novos Projectos AGRO Espaço Agros Grupo Cooperativo AGROS AGROS - União de Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. Lugar de Caçapos - Argivai . 4490-227 ARGIVAI . TEL 00351 252 241 000 www.agros.pt PRÁTICAS AGRÍCOLAS MELHORES PRÁTICAS DE ENSILAGEM DO MILHO A ensilagem da planta inteira do milho cresceu com a produção de leite, sendo hoje uma prática corrente e inquestionável no Entre Douro e Minho. O valor energético elevado, a facilidade de conservação e a elevada produtividade de matéria seca por hectare, impõem a silagem de milho sobre as outras forragens. A ensilagem é um processo de conservação que se baseia na fermentação por bactérias, que ao acidificarem o meio permitem que a forragem se conserve. 1 Texto Eng.ª ANA LAGE (AGROS – Laboratório de Análises de Alimentos para Animais) Eng.ª ANA TORRES (Cooperativa Agrícola de Barcelos – Serviço Alimentação Animal) Eng.ª EUGÉNIA MORGADO (Cooperativa Agrícola de Barcelos – Serviço de Alimentação Animal) Eng.ª SÍLVIA AZEVEDO (AGROS – Laboratório de Análises de Alimentos para Animais) Será disponibilizada bibliografia a quem a solicitar. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 MOMENTO IDEAL DE CORTE E TAMANHO DA PARTÍCULA 14 O momento mais adequado para colher a planta do milho é determinado pela formação do grão. O corte deve ocorrer quando este se encontra no estado leitoso-pastoso (linha de leite entre 1/2 e 2/3 do comprimento do grão). O tamanho do corte da forragem deve ser entre 0,8cm e 1,2cm (e os grãos triturados). Este tamanho facilita a compactação e permite que as bactérias alcancem mais facilmente os açúcares da forragem, o que favorece o arranque da fermentação, melhorando a conservação. Além disso, se as partículas forem curtas, é favorecida a ingestão do alimento pelos animais. Sendo certo que as vacas precisam de fibra longa para ruminar, essa pode ser assegurada por uma quantidade diária de feno ou palha, sem que seja, assim, necessário sacrificar a qualidade da silagem de milho. 3 4 • Limpar o silo antes da colheita. • Caso o silo seja feito na terra, revestir com plástico as partes inferior e laterais. Em silos de cimento, impermeabilizar todas as fendas das paredes. • Encher o silo de forma a haver uma sobreposição gradual da forragem (encher no sentido do fundo para a entrada, para que se possa ter a menor área possível de material exposto ao ar), através de camadas pouco espessas, o que facilita a compactação e evita a formação de bolsas de ar. • Realizar esta tarefa com a máxima higiene. • Compactar muito bem e ajustar o ritmo de enchimento ao teor de humidade da forragem (quanto mais seca, mais tempo de calcamento). O objectivo é obter mais de 600kg/m3 de silagem. • Fechar muito bem o silo com um bom plástico. Colocar um peso sobre o plástico, equivalente a 10 cm de terra, para expelir o ar da superfície do silo e evitar as trocas gasosas entre a camada superior e a atmosfera. O uso de pneus também é uma solução, desde que toda a superfície fique revestida. • Prever um sistema eficiente para evacuação de efluentes. • Inspeccionar o silo com frequência e tapar os buracos encontrados. ADITIVOS Em algumas situações, o uso de aditivos pode ser necessário para assegurar condições apropriadas de fermentação e/ou estabilidade após abertura do silo. Contudo, a sua aplicação deve servir para melhorar as práticas de ensilagem e não para as substituir. ABERTURA DO SILO • Nunca abrir o silo antes de passadas pelo menos 4 semanas do seu fecho. • Retirar diariamente uma fatia de, pelo menos, 15cm de profundidade em toda a sua frente. • Utilizar equipamentos adequados que permitam um corte uniforme. • A silagem que esteja estragada deve ser separada e retirada da entrada do silo. • Cobrir a frente do silo em dias de chuva ou de muito calor. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 2 ENCHIMENTO, COMPACTAÇÃO E FECHO DO SILO 15 A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 5 16 QUALIDADE DA SILAGEM a) Características da fermentação: É importante avaliar o processo fermentativo, porque qualquer desvio da normalidade pode transformar uma forragem de boa qualidade numa má silagem. Os aspectos a considerar são a temperatura da silagem (não deve estar quente), cheiro (ligeiro cheiro a vinagre), a cor (verde acastanhada), o pH (deve situar-se entre 3,5 e 4) e o teor de ácidos orgânicos (ác. láctico: 4 a 6%; ác. acético: <2%; ác. propiónico: <1% e o ác. butírico: <0,1%). b)Valor Nutritivo: Conhecer o valor nutritivo da silagem é fundamental para se formularem regimes alimentares com rigor. Porém, também é preciso saber que quantidade dos nutrientes presentes na silagem é, de facto, aproveitada pelo animal. Um estudo realizado por Chris Allada (2009) demonstrou que a digestibilidade da matéria seca (MS), do amido e da fibra neutro detergente (NDF) aumentou com o tempo de armazenamento (até 11 meses, tempo em que decorreu o estudo). Ora, significa isso que haverá mais nutrientes disponíveis para o animal nas silagens mais velhas relativamente às mais recentes. Por essa razão, na transição da silagem mais velha para uma silagem nova, a produção poderá cair. Os parâmetros mais importantes são: MS - deve situar-se entre 30 e 35 %. Valores fora deste intervalo indicam uma escolha incorrecta do momento de corte, ensilagem com chuva e/ou diferenças entre variedades e ciclos. NDF - deve ser inferior a 45 % na MS. Valores superiores indicam um desenvolvimento deficiente da espiga devido ao stress (colocaria em itálico a palavra anterior, uma vez que é um estrangeirismo, embora corrente na línua portuguesa) hídrico no momento do seu lançamento, corte prematuro, diferenças entre variedades e ciclos e/ou densidades de sementeira elevadas. Amido – deve ser superior a 28% na MS. Os valores inferiores indicam stress hídrico no momento do lançamento da espiga e/ou corte prematuro da planta. Para conhecer o valor nutritivo da silagem, é indispensável a análise da composição química. Do trabalho realizado pelo Laboratório de Análise de Alimentos para Animais, nestes treze anos de actividade, apresentamos no Quadro 1 a composição química média das 5331 silagens de milho, analisadas nas campanhas de 1998-99 até à presente (a decorrer), bem como o respectivo coeficiente de variação. QUADRO 1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DAS SILAGENS DE MILHO NAS CAMPANHAS DE 1998-99 A 2010-11* (OS VALORES DE PB, GB, NDF E AMIDO ESTÃO EXPRESSOS EM % DA MS). MATÉRIA SECA (%) Campanha Mín. 1998-99 22,4 Média PB Máx. Mín. 39,4 5,2 CV (%) 28,4 21,1 31,0 20,7 28,9 2001-02 20,6 30,9 44,9 6,2 29,7 2003-04 24,4 31,5 5,3 7,4 44,6 5,1 7,3 32,8 40,4 5,3 7,4 42,6 4,7 7,4 6,1 21,6 32,3 23,8 32,5 46,2 5,9 22,7 32,7 49,2 5,2 22,7 31,7 51,5 5,2 24,2 34,0 42,0 5,5 22,8 33,9 10,9 1,5 9,4 1,4 7,7 7,3 7,3 47,0 3,9 7,4 5,2 7,3 4,6 36,8 2,9 2,8 2,7 9,2 1,4 9,0 1,8 2,7 50,8 4,4 37,5 47,3 1,7 2,9 4,1 31,9 48,5 4,3 12,7 27,8 1,8 2,8 3,8 36,3 47,7 4,0 36,8 46,1 1,4 2,8 46,8 1,5 2,7 3,9 34,9 47,4 4,8 34,1 47,7 35,7 47,7 1,4 2,8 34,8 45,1 11,3 9,6 1,9 2,8 9,9 1,6 2,7 27,0 44,8 12,7 27,8 3,8 35,9 45,8 3,4 35,4 46,1 9,4 41,5 46,1 44,8 15,4 60,4 11,6 27,9 59,6 14,5 28,9 42,2 17,3 37,6 15,2 59,9 11,4 27,9 37,7 14,3 67,5 8,2 26,9 38,9 18,2 61,5 14,3 30,1 41,5 16,7 64,4 8,4 30,6 40,1 14,5 63,8 10,1 32,5 42,6 13,6 59,8 17,0 8,2 11,8 34,9 17,9 8,8 10,8 7,2 11,8 8,5 3,9 27,6 61,5 9,4 3,7 23,1 18,3 9,1 12,5 11,3 11,6 8,9 13,1 10,0 60,8 8,7 35,1 Máx. 21,5 8,7 3,9 Média CV (%) 8,0 11,6 10,8 11,4 8,3 10,2 10,0 60,7 8,3 11,0 9,4 Mín. 8,0 12,3 2,9 AMIDO Máx. CV (%) 11,7 7,7 45,2 2,9 Média 12,7 7,3 10,6 2010-11* 10,2 6,9 8,7 2009-10 7,8 Mín. 13,6 8,0 10,8 2008-09 1,7 8,0 10,9 2007-08 10,6 5,8 10,4 2006-07 7,5 NDF Máx. 12,2 6,6 49,5 Média CV (%) 6,8 10,0 2005-06 2,2 7,5 8,9 24,5 10,1 10,9 11,0 2004-05 7,8 42,2 11,6 20,2 8,2 10,1 10,2 2002-03 Mín. 9,5 11,5 2000-01 GB Máx. CV (%) 9,8 1999-00 Média 32,3 42,1 12,1 60,2 10,5 31,9 42,8 15,9 Ao longo dos anos, tem-se verificado uma melhoria do valor nutritivo, principalmente, nos parâmetros da MS, NDF e amido. Como se pode observar, as silagens de milho produzidas na última campanha (2009-10), comparativamente com as produzidas na campanha 1998-99, apresentam teores médios superiores em MS (34,0% vs 28,4%) e em amido (32,3%MS vs 23,1%MS) e valores médios inferiores de NDF (45,8%MS vs 50,8%MS). A elevada variação destes parâmetros contrasta com a reduzida variação dos teores médios da proteína bruta (PB) (7,4%MS vs 8,2%MS) e gordura bruta (GB) (2,8%MS vs 2,9%MS). Tomando em conta a última campanha 2009-10, verifica-se que o valor médio da MS é de 34,0%, com um coeficiente de variação (CV%) de 10,6%; isto diz-nos que 95% destas silagens apresentam valores de MS compreendidos entre 27% e 41%. Continuando a tomar como referência a campanha 2009-10, afere-se que 95% das amostras apresentam valores médios em amido e em NDF que se situaram entre 24,5%MS e 40,0%MS e 38,3%MS e 53,3%MS, respectivamente. São variações consideráveis dentro da mesma campanha e que devem ser tidas em conta na hora de formular regimes alimentares. Relativamente aos parâmetros PB e GB, constata-se que apresentam variações menores, em termos absolutos, do que os restantes parâmetros, mas que não podem ser ignoradas. Podemos, assim, concluir que as silagens de milho produzidas na nossa região apresentam um valor nutritivo médio elevado. Porém, face à variação observada entre explorações e dentro da mesma exploração, é de extrema importância analisar a silagem, pelo menos, sempre que se abre um novo silo. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Fonte: Laboratório de Análise de Alimentos para Animais – AGROS * - Campanha a decorrer (valores provisórios) 17 EDIFÍCIO SEDE ENTREVISTA Texto Dr. FILIPE SILVA Fotos ARQUIVO AGROS A COOPECOURA – Cooperativa dos Agricultores do Concelho de Paredes de Coura, C.R.L. - foi constituída no dia 23 de Abril de 1979, tendo-se tornado associada da Agros no ano de 1981. Conta, actualmente, com cerca de mil Associados e com oito Colaboradores. O seu volume de negócios foi, em 2010, de 10.351.104 Euros, tendo tido um total de proveitos na ordem dos 10.755.971 Euros. Para além do edifício onde está sedeada, esta Instituição possui, ainda, um armazém e algumas viaturas. Nesta entrevista, o seu Presidente, Senhor Manuel Oliveira, coadjuvado pelos demais membros da Direcção, os Senhores Amândio Barbosa e Manuel Barros, e pela sua Gerente, D. Emília Amorim, dar-nos-á a conhecer esta Organização localizada no coração do Alto Minho. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011 A Força da União (F.U.) - O concelho de Paredes de Coura está inserido numa região com características orográficas específicas e peculiares. Quais os produtos agrícolas que esta terra ‘‘oferece ‘’? Senhor Manuel Oliveira (M.O.) - O nosso concelho, devido às suas características muito próprias, foi considerado, durante muitos anos, em razão de aqui abundar a produção de cereais, ‘‘o celeiro do Minho.” Hoje em dia, porém, esta terra e os seus animais oferecem muitos e variados produtos, destacando-se, entre eles, obviamente, o leite, mas também, a boa carne e os já citados cereais. 18 (F.U.) - Como qualifica o papel da vossa Cooperativa na área social que lhe está consignada? Qual o vosso principal sustentáculo económico? (M.O.) - A Cooperativa tem por lema servir, o melhor possível, os seus Associados, com o intuito de lhes garantir estabilidade. Somos, também, o seu pilar de apoio, no caso de estes estarem a passar por uma situação financeira menos favorável. Por outro lado, o principal sustentáculo económico da Cooperativa é, de momento, a sanidade animal, seguindo- D. Emília Amorim; Sr. Amândio Barbosa; Sr. Manuel Oliveira e Sr. Manuel Barros se a secção de Compra e Venda de Produtos para a agricultura, não menosprezando os serviços e o leite que, igualmente, dão o seu contributo. (F.U.) - Quantas secções existem na Cooperativa? O que vos levou a criá-las? (M.O.) -Neste momento, quatro: OPP/ADS-Sanidade animal, em grandes e pequenos ruminantes; Compra e Venda de Produtos, especialmente, factores de produção; Leiteira, para ajudar e apoiar os produtores de leite do concelho; a Secção dos Serviços é, também, bastante procurada pelos nossos Associados, que, através dela, podem aceder à documentação do SNIRA (identificação animal, recepção de candidaturas, pagamento único, registo de efectivos, guias para movimentação de animais) e a todo um vasto leque de outros serviços que, diariamente, nos são por eles solicitados. (F.U.) - É Presidente desta Organização desde 2001.Que balanço faz deste tempo à frente dos seus destinos. O que preconiza para o futuro.? (M.O.) - Procuramos sempre ir ao encontro das necessidades dos nossos Associados. Para tal, ao longo do (F.U.) - A Cooperativa Agrícola de Paredes de Coura é associada da Agros desde o início da década de 1980. Como avalia a relação existente entre estas duas Organizações? (M.O.) - Desde que estou à frente desta Instituição, existiu sempre uma relação cordial, séria e de mútuo respeito. Neste contexto, sabemos que, quando necessário, podemos contar com o apoio incondicional da nossa União de Cooperativas. Posso ainda afirmar, sem qualquer dúvida, que a Agros, conjuntamente com as Cooperativas agrupadas da região do Alto Minho, ajudou em muito, o incremento da actividade agrícola, aqui, na nossa região. (F.U.) - Como antevê o futuro do sector do leite após 2015, caso se venha a verificar a abolição das quotas? (M.O.) - Com algum pessimismo, pois, no caso de este sistema de regulação se vier a extinguir, considero que Portugal não terá possibilidades de competir com os outros países, em particular, os da Europa do Norte. Não temos argumentos para poder competir com eles. Por isso, afirmo, sem qualquer hesitação, que deveremos “lutar” para que tal não aconteça, para bem de todos nós e da agricultura portuguesa. (F.U.) - Actualmente, e reportando-nos especificamente ao nosso país, o sector agrícola debate-se com alguns problemas. Apesar dessas dificuldades, considera que os mais jovens têm condições para dar continuidade a esta nobre actividade? (M.O.) - Sim, porém, terá que existir uma outra forma de os incentivar, para que estes possam, sem receio, dar continuidade a esta actividade. Todavia, e apraz-me salientar, que, no nosso concelho, temos verificado o gosto dos mais novos pela Agricultura, embora de uma forma residual. Acredito que se existissem mais apoios, eles poderiam apostar, de um modo mais afirmativo, em estabelecer-se neste sector. (F.U.) - O Plano de Execução do PRODER, para o período 2007-2013, está a caminhar a passos largos para o seu final. Como o avalia? (M.O.) - É um programa com algumas vantagens, mas que não são suficientes, pelo menos, no que respeita à área geográfica [Alto Minho] onde estamos inseridos. No entanto, considero que deveria ser mais bem aproveitado, pois muito dinheiro que poderia ajudar os Agricultores para, por exemplo, modernizarem as suas explorações, pelas mais variadas razões, não lhes foi entregue. Futuramente, é necessário repensar a situação. (F.U.) - Como tem sido hábito nos últimos anos, no primeiro fim-de-semana de Julho realizar-se-á mais uma Edicão da EXPOLEITE. Que balanço faz deste certame? O que preconiza para ele futuramente? (M.O.) - Efectivamente, temos vindo a apoiar este certame, já com credenciais no roteiro das feiras agrícolas do Norte de Portugal, e que tem despertado, cada vez mais, maior interesse por parte dos Agricultores e público em geral. Esperamos que este ano a tendência dos anos anteriores se mantenha e que tenhamos, aqui, no primeiro fim-de-semana de Julho, uma elevada afluência de visitantes. (F.U.) - Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos Associados da vossa Cooperativa? (M.O.) - Em nome dos restantes membros da Direcção e dos demais Colaboradores desta Cooperativa, quero dizer-lhes que, nesta casa, terão sempre alguém com capacidade para responder às suas dúvidas ou solicitações. Por outro lado, daremos continuidade ao trabalho iniciado há já quase três décadas, procurando sempre trabalhar em prol dos Agricultores e da Agricultura no concelho de Paredes de Coura. LOJA DA COOPERATIVA A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 tempo, temos vindo a efectuar algumas obras de melhoramento nas nossas actuais instalações, nomeadamente, a construção de compartimentos próprios, conforme a legislação em vigor, para o armazenamento e venda de produtos agro-quimicos. Futuramente, estamos a pensar proceder a algumas remodelações no nosso armazém e abrir um novo posto de vendas, sem, todavia, alienar o património da Cooperativa. Para nós, isso é ponto assente, pois, queremos que aqueles que nos sucederem, encontrem esta Organização, apesar de ela ser uma casa modesta, sem encargos financeiros incomportáveis para a sua sustentabilidade. 19 HISTÓRIAS DE VIDA... ALGURES ENTRE DOURO E MINHO E TRÁS-OS-MONTES Texto Dr. FILIPE SILVA Fotos ARQUIVO AGROS D Nome Rita Sofia Barros Silva Naturalidade Braga Residência Padroso – Arcos de Valdevez Data de nascimento 6 de Novembro de 1981 Estado Civil Casada – 1 filha Formação - licenciatura em Educação Social; - curso de empresária agrícola (2002); - curso de operador de enfardadeiras (2004); - curso de aplicação manuseamento de fitofármacos (2004). Experiência profissional - adquirida na exploração A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011 Objectivos futuros: - aumentar a autoprodução para alimentar os seus animais; - dar continuidade ao melhoramento genético; - criar novas condições nas instalações da recria. 20 Quota leiteira na presente campanha Quota leiteira – 1.030.346 Kg. na presente campanha 2010/2011 - Produção média mensal na campanha leiteira 2010/2011 – 62.500 litros esde tenra idade que Rita Sofia está ligada à actividade agrícola. Recorda-se de ainda menina ajudar os seus avós nestas lides. Em relação a este tema, lembra que «esta exploração começou a ganhar forma pela mão do meu avô, o Senhor Laureano Barros, dedicando-se, por essa altura, quase única e exclusivamente à produção de batata de semente. Todavia, com o seu declínio, surgiu a possibilidade de se dar início à produção de leite.» Foi assim que aconteceu, recorda, afirmando ainda que, «esta actividade se iniciou com apenas doze animais, sendo o leite entregue no posto de recolha daqui de Padroso. Por essa altura, na nossa região, a produção de leite era secundária em relação à da batata de semente. Isto, porque era praticada, essencialmente, para aproveitamento das pastagens não utilizadas e produção de estrume, aproveitado como fertilizante na produção da batata.» Já na década de 1990, mais concretamente em 1992, esta empresa agrícola passa a ter apenas gado de leite e carne de raça minhota. Segundo a nossa entrevistada, «esta foi, na altura, a decisão mais acertada que poderíamos ter tomado.» Para corresponder a este novo desafio, em meados dessa década, «iniciou-se a construção de um estábulo com capacidade para um efectivo de 50 animais. Foi então que importámos os primeiros animais de raça Holstein Frísia (16 novilhas vindas da Holanda e da Alemanha).» Rita Sofia recorda-se que, «à época, fez-se um grande investimento na área da exploração, nomeadamente com a aquisição de novas alfaias agrícolas, sistemas de rega por aspersão e com a construção de espaços e equipamentos de apoio. Porém, o grande RECURSOS HUMANOS Todo o trabalho é assegurado por três pessoas com vínculo familiar e um colaborador: pela própria Rita Sofia, por seus tios, Manuel Alcides Barros e Inês Barros, e pelo Senhor Afonso Machado. Cada um tem as suas tarefas definidas na exploração: a alimentação a cargo dos homens; e a ordenha e recria, a cargo das senhoras. No entanto, é de salientar uma voluntária inter-ajuda, quando necessário. salto em frente ocorreu no ano de 2007, com a edificação de novas e modernas instalações e a reconversão das já existentes, para aí ficarem instalados os vitelos, as novilhas e as vacas secas. Esta infra-estrutura com capacidade para 100 animais em produção, possui ainda uma sala de ordenha, parque de espera, sala técnica (lavagens e maquinaria), sala do tanque (500 ml), farmácia, subcentro de inseminação artificial, escritório e instalações sanitárias.» De realçar ainda que, desde então, foram importados mais vinte animais provenientes de França. Quanto ao trabalho desenvolvido pelas empresas participadas da Agros, Ana Sofia não tem dúvidas em afirmar que os produtos e serviços por elas pres- tados são de óptima qualidade. Neste contexto, destaca «a excelência dos produtos de higienização, assim como o material de acomodação animal adquiridos à Agros Comercial, em especial, os Cornadis da Jourdain.» Para finalizar, e no que respeita ao papel desempenhado pela nossa União de Cooperativas nesta região do Alto Minho profundo, esta empresária agrícola destaca que «a Agros e o seu Departamento de Produção de Leite foram a alavanca para que este sector prosperasse nestas terras.» Eis o testemunho de uma produtora, cujo efectivo, também já foi, por diversas vezes, premiado, nomeadamente nas anteriores edições da ExpoLeite, e, este ano, da AGRO. MANEIO ALIMENTAR Diferenciado consoante a categoria animal. Assim, enquanto as vacas em produção são alimentadas à base de silagem de milho, concentrado e palha, as secas e novilhas, igualmente, com palha e concentrado, assim como com rolo de azevém. DADOS SANITÁRIOS Nesta exploração, em relação a este tema, impera o sentido de responsabilidade, pois, a mesma, possui o estatuto de indemne para a Peripneumonia contagiosa dos bovinos, Tuberculose, Brucelose e Leucose. Todos os animais estão vacinados contra o IBR, BVD, entre outras. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Rita Sofia quer dar continuidade ao trabalho iniciado, por seu avô, há aproximadamente trinta anos, depois, prosseguido por seu tio, e, agora, sob sua supervisão. Segundo ela, este seu exemplo de vida serve, acima de tudo, para demonstrar a outros jovens que é muito importante voltar a investir na Agricultura em Portugal. Só assim, se poderá contribuir, não só para o seu próprio sustento, como também para ajudar ao desenvolvimento do país, pois, «cada vez mais, devemos apostar no que é nosso.» DESCRIÇÃO DO EFECTIVO, ÁREA OCUPADA PELA EXPLORAÇÃO, EQUIPAMENTOS E MÁQUINAS AGRÍCOLAS O efectivo é composto, actualmente, por cerca de 160 animais (70 em lactação; 30 secas; novilhas até dois anos, 4; novilhas entre um e dois anos, 30; vitelas até seis meses, 12; vitelas de seis a doze meses, 14. Possui uma área de 40 ha, cultivando-se aí, no Outono/Inverno, erva, e na Primavera/Verão, milho. A área ocupada pelas instalações é de 1600 m2. Possui, ainda, entre outros, os seguintes equipamentos: três tractores; três reboques; duas cisternas; duas charruas; um tanque de refrigeração. 21 PONTE ROMANA À DESCOBERTA DE PAREDES DE COURA Texto Dr. FILIPE SILVA Fotos CÂMARA MUNICIPAL DE PAREDES DE COURA A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 L 22 ocalizado em pleno coração do Alto Minho, este concelho escondido entre montes e vales, é uma região plena de história, paisagens deslumbrantes e propícia uma quietude de espírito ímpar, adereçada pelo cristalino e sussurrante rio Coura. Existem testemunhos patrimoniais que comprovam um povoamento precoce desta região: o Núcleo Megalítico de Vascões; as Antas de Chã de Lamas, da Serra de Bico, da Serra de Boulhosa ou de Chã de Cubos; o povoado castrejo de Cossourado ou a Cividade de Romarigães. Por outro lado, por estas terras passava uma importante via militar romana que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), sendo a ponte de Rubiães (50 a.C.), uma memória viva desse tempo. Presume-se, igualmente, que aqui terá existido uma cidade denominada Cauca, podendo derivar deste topónimo a actual designação de Coura, ou então, da palavra celta Cora, que significa, lugar recatado e seguro. Desta época, existem ainda vestígios de casas senhoriais e explorações agrícolas romanas. Data do início da nacionalidade, a doação da Igreja de Cunha, feita por D. Teresa ao bispo de Tui. Porém, a designação concelho apareceu somente no reinado de D. João I - século XV – coexistindo com a de Terras de Coyra. Um século mais tarde, D. Manuel I, por via de uma Carta de Foral, fixou o nome de concelho de Coura. Em razão da sua localização geográfica, durante a Guerra da Restauração (1640-1668), foi uma das bases de resistência contra as ofensivas castelhanas, tendo-se travado aqui, em 1663,uma batalha que ficou conhecida por Combates da Travanca. Com a reforma administrativa de 1834, o secular Julgado de Frayão, constituído na Idade Média, deixou de existir. Todavia, somente em 15 de Setembro de 1875, é que surgiu a denominação administrativa Paredes de Coura, resultante da junção do nome Coura e de uma das freguesias de concelho, Paredes. Por todo o município poderemos ainda visitar outros legados arquitectónicos, como sejam: a Igreja de S. Pedro de Rubiães (século XIII), declarada Património Nacional em 1913; as Capelas do Espírito Santo, de Nossa Senhora da Conceição e do Ecco Hommo (todas elas edifícios do século XVIII); a Casa Grande (século XVII); os Paços do Concelho (século XIX); o edifício da antiga cadeia (finais do século XIX); o Solar das Antas (século XVIII); bem como o Palacete Miguel Dantas e a Casa Grande de Romirães (ambas do século XIX). Todavia, o Património Natural é a marca identitária mais marcante da região. A área de Paisagem Protegida de Corno de Bico é a que mais cativa os visitantes, sendo esta um pequeno santuário natural representativo dos valores biofísicos e culturais da região do Alto Minho. Porém, seria injusto esquecer todos os outros cantos e recantos que adereçam toda a paisagem desta região, onde se destacam os montes, vales, penedos, cascatas e praias fluviais, que conferem a este lugar um encanto único. Como vimos, motivos não faltam para visitar Paredes de Coura, que, apesar de manter intacto o seu cariz eminentemente rural, tem procurado ajustar-se ao nosso tempo. Neste contexto, o Museu Regional, testemunho vivo histórico-etnográfico destas terras do Alto Minho, assim como o seu Centro Cultural, palco para a realização das mais variadas actividades, são duas infra-estruturas que merecem ser referenciadas. CAPELA DO ECCO HOMMO PALACETE MIGUEL DANTAS LAJES ALTAS A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 IGREJA DE S. PEDRO DE RUBIÃES 23 ACTUALIDADE APOIO AOS JOVENS AGRICULTORES Destina-se a apoiar a primeira instalação de jovens agricultores que realizem investimentos de desenvolvimento e adaptação das suas explorações agrícolas. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Inclui um prémio à instalação e apoio aos investimentos realizados na exploração, que podem abranger pequenos investimentos de transformação e comercialização dos produtos agrícolas, provenientes da própria exploração. 24 QUEM SE PODE CANDIDATAR? • Os jovens agricultores que, à data de apresentação da candidatura tenham mais de 18 e menos de 40 anos, e se instalem, pela primeira vez, numa exploração agrícola. • Sociedades por quotas com actividade agrícola como objecto social, desde que os sócios gerentes, detentores da maioria do capital social, tenham mais de 18 e menos de 40 anos, à data de apresentação da candidatura, e se instalem, pela primeira vez, como tal. O CANDIDATO • tenha a escolaridade obrigatória (9.º ano); • possua aptidão e a competência profissional adequadas ou apresente na candidatura um Plano de Formação para as adquirir; • não tenha obtido aprovação de quaisquer ajudas ao investimento, antes da apresentação da candidatura; • não tenha obtido aprovação de quaisquer ajudas à produção ou actividade agrícolas, excepto nos dois anos anteriores ao ano de apresentação da candidatura; • apresente um Plano Empresarial de desenvolvimento da exploração agrícola que contemple: a. situação inicial da exploração; b. etapas e metas específicas para o desenvolvi- mento das actividades da exploração; c. descrição das acções ou serviços necessários ao desenvolvimento da actividade agrícola; d. descrição detalhada dos investimentos, desig- nadamente, e quando aplicável, os que são necessários para dar cumprimento às normas comunitárias em vigor. • apresente um Plano de Formação se, à data de apresentação da candidatura, não tiver a competência e aptidão adequadas, ou quando pretende adquirir formação complementar de interesse relevante para o exercício das actividades da exploração agrícola. O PRODER apoia: • a primeira instalação de jovens agricultores, com investimento associado; • investimentos na exploração agrícola, que podem incluir a transformação e comercialização de produtos. Saiba ainda que o candidato deve, previamente à apresentação da candidatura, inscrever-se como beneficiário no IFAP (NIFAP) e registar no parcelário as áreas de investimento, através da criação de polígonos de investimento. OS INVESTIMENTOS • apresentem um valor do investimento elegível igual ou superior a 5.000 euros; • não conflituem com outras medidas ou condicionantes das Organizações Comuns de Mercado (OCM); • não sejam compatíveis com compromissos ou obrigações a que as parcelas, objecto do investimento, estejam sujeitas; • apresentem viabilidade económica, bem como coerência técnica, económica e financeira; • tenham sido realizados após a apresentação da candidatura, com excepção das despesas gerais e as relativas à aquisição de prédios rústicos, que podem ser realizadas até três meses antes dessa data. Saiba ainda que para as candidaturas apresentadas até 31 de Agosto de 2011, são consideradas elegíveis despesas anteriores à sua apresentação, desde que efectuadas a partir de 1 de Julho de 2010. FORMA, NÍVEL E LIMITE DO APOIO Os apoios são concedidos sob a forma de subsídio não reembolsável. Os níveis e limites do apoio são fixados no aviso ou anúncio de abertura. No período de apresentação de candidaturas que se inicia em 1 de Junho de 2011, o anúncio de abertura estabelece que: O prémio à instalação corresponde a 40% do valor do investimento do plano empresarial até ao limite de: • 30.000 euros, no caso do produtor individual; • 40.000 euros, no caso da sociedade por quotas, com mais de um sócio gerente jovem agricultor, que se instale pela primeira vez como tal, e detenha uma participação individual mínima de 25% no capital social (para além de, em conjunto, terem que deter a maioria do capital da sociedade). A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 PARA BENEFICIAR DOS APOIOS PREVISTOS NESTA ACÇÃO É NECESSÁRIO QUE: 25 O apoio ao investimento na produção primária é de 60 ou 50% do valor do investimento elegível, consoante a exploração agrícola se localize, ou não, em zona desfavorecida. Na transformação e comercialização é de 40% do valor do investimento elegível. O limite do apoio ao investimento por beneficiário é de 250.000 euros. Saiba ainda que o valor do investimento do plano empresarial que determina o valor do prémio integra outras despesas para além das abrangidas pelo valor do investimento elegível, designadamente, a aquisição de animais, prédios rústicos, terrenos, participações sociais em cooperativas e direitos de produção agrícola. SELECÇÃO DOS PEDIDOS DE APOIO Os pedidos de apoio são seleccionados pela Valia do Plano Empresarial (VPE), calculada pela aplicação da seguinte fórmula: VPE = L + VA + NQ L - LOCALIZAÇÃO: valoriza a contribuição da instalação de jovens agricultores em zonas desfavorecidas; VA - VALIA AMBIENTAL: valoriza os benefícios ambientais dos investimentos; NQ - NÍVEL DE QUALIFICAÇÃO: valoriza a qualificação do beneficiário na área agrícola. Saiba ainda que as candidaturas devem ser submetidas pela internet através dos formulários que estão disponíveis no sítio do PRODER (www.proder.pt) e encaminhadas para a Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) da área de localização do projecto. Esta entidade é responsável pela sua análise. AO LONGO DA VIGÊNCIA DO CONTRATO, OS BENEFICIÁRIOS DEVEM AINDA: • executar a operação aprovada; • cumprir o Plano Empresarial; • publicitar os apoios que lhe foram atribuídos; • terem um sistema de contabilidade organizada ou simplificada, de acordo com o legalmente exigido; • manter a actividade e as condições legais necessárias ao exercício da mesma, durante um período de 5 anos, a contar da data de celebração do contrato; • assegurar o auto financiamento necessário à execução da candidatura; • garantir que todos os pagamentos e recebimentos sejam efectuados através de conta especifica para o efeito; • cumprir as normas comunitárias ao investimentos em causa; • quando aplicável adquirir no prazo máximo de 24 meses, a contar da data de celebração do contrato de financiamento, a aptidão e competência profissional adequadas ao exercício das actividades da exploração agrícola; • possuir o registo da exploração no Sistema de Identificação Parcelar (ISIP). APRESENTAÇÃO DOS PEDIDOS DE APOIO: O período de candidaturas inicia-se em 1 de Junho de 2011, data a partir da qual decorre em contínuo. INSTITUCIONAL Texto Dr. FILIPE SILVA Foto CONFAGRI A Condecoração – Grau de Grande Oficial da Classe do Mérito Agrícola, Ordem de Mérito Empresarial – foi entregue na Sessão Solene Comemorativa do Dia de Portugal, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, realizada em Castelo Branco, no passado dia 10 de Junho. A Ordem ao Mérito Empresarial, Classe de Mérito Agrícola distingue personalidades que tenham prestado, como empresários ou trabalhadores, serviços relevantes no fomento ou na valorização da agricultura, pecuária, pescas ou do património florestal do país. O Engenheiro Francisco Silva é Secretário-Geral da CONFAGRI há mais de 25 anos. Ao longo de todo este tempo, e sob a orientação do Senhor Comendador Fernando da Silva Mendonça, Dirigente máximo desta Entidade desde a sua fundação até Dezembro do ano passado, estruturou esta Confederação, possibilitando, assim, a participação do Sector Cooperativo Agrícola Português, em sua representação, nas mais altas instâncias, tanto em Portugal como internacionalmente, em especial, junto das Comunitárias. O recém agraciado desempenhou funções em diferentes Órgãos da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja, sendo actualmente seu Presidente, na Caixa Central, e na Federação Nacional das Caixas Agrícolas – FENACAM, da qual, é, hoje em dia, seu Presidente. Foi, também, Deputado, e, desde 2002, é um dos representantes de Portugal no Comité Económico e Social da União Europeia (COGECA), em representação da CONFAGRI. Neste contexto, a Direcção da Agros, U.C.R.L. vem por este meio saudar e agradecer o tributo dado à Agricultura Nacional pelo Senhor Engenheiro Francisco Silva, há mais de um quarto de século. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Engenheiro Francisco Silva, condecorado por Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva 27 HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO PREVENÇÃO E SEGURANÇA NA CONDUÇÃO DE TRACTORES AGRÍCOLAS Texto Dr. PAULINO CARDOSO Ilustrações AUTORIDADE NACIONAL SEGURANÇA RODOVIÁRIA E A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 m razão de, ultimamente, termos vindo a assistir a um considerável aumento de sinistros envolvendo trabalhadores e máquinas agrícolas, considerou-se importante começar a abordar esta temática em algumas edições da revista “A Força da União”. Como tal, as medidas preventivas e acções correctivas explanadas nos artigos ajudarão, estamos certos, muitos dos nossos leitores a gerirem os riscos nas suas explorações, com mais eficácia. A Revolução Agrícola iniciada, embora insipidamente, no século XVII, permitiu ao Homem agilizar e maximizar o trabalho nos campos. Recentemente, uma das principais consequências desta actividade foi a substituição progressiva do trabalho manual pelo mecanizado. A partir de então, aumentaram significativamente os riscos a que estão sujeitos os trabalhadores rurais e, consequentemente, o número de acidentes que todos os anos os vitimam. De acordo com dados da Associação Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), na última década, morreram, pelo menos, 380 pessoas vítimas de acidentes com tractores. Se quisermos fazer uma analogia com os acidentes rodoviários, constatamos que os primeiros, em relação aos segundos, apresentam uma mortalidade oito vezes superior. Estes números reflectem, somente, os sinistros ocorridos em via pública, não estando, por isso, contabilizados aqueles que ocorrem dentro das propriedades particulares. Ainda segundo esta Associação, entre outras causas para este tipo de fatalidade, poderemos enumerar: o cansaço; o 28 SABIA QUE: excesso de horas de trabalho; o consumo de álcool pelos condutores; a antiguidade da frota dos veículos agrícolas - a maioria tem mais de dez anos de idade, e, em muitos casos, o seu estado obsoleto; e ainda, a falta de utilização de equipamentos de protecção anti-capotamento, já de uso obrigatório para os veículos homologados desde 1992/93. Neste contexto, é urgente tomarem-se medidas que levem à prevenção deste tipo de ocorrências. Assim, poderemos dividi-las em dois grupos: a) as de âmbito mais generalista, tais como a realização de inspecções periódicas ao veículo; a renovação da frota, visto que, e como já foi dito anteriormente, a maioria dos tractores tem mais de dez anos; o reforço da fiscalização pelas demais autoridades competentes; o desenvolvimento de cursos de formação teórico-prática, onde, além da instrução técnica, se promova a consciencialização dos perigos inerentes ao acto da condução; b) as de âmbito de auto-disciplina dos próprios condutores. É nestas, e sem descurar as citadas na alínea anterior, que existe o maior potencial de prevenção do acidente e gestão do risco. Com este artigo, pretendemos demonstrar aos nossos leitores, em especial, aos que mais directamente trabalham a terra, as práticas a considerar, relativamente a esta temática, a fim de se prevenirem situações menos favoráveis nas explorações agrícolas. Esperamos, assim, ter, de alguma forma, contribuído para vos alertar e sensibilizar para a importância que o cumprimento destas simples medidas poderá ter para inverter estas alarmantes estatísticas. O capotamento é a causa de morte de 2 em cada 3 acidentes com tratores agrícolas Fonte Utilize os acessórios de iluminação e sinalização, de acordo com a lei. Não conduza sob o efeito de álcool, fadiga ou com excesso de velocidade. Lembre-se que as estruturas de proteção, como o arco de “Santo António”, podem evitar a morte do condutor ou reduzir a gravidade dos ferimentos. Frequente ações de formação teóricas e práticas. Conheça os riscos da condução de tratores agrícolas e circule com segurança Respeite os limites do trator. Não o sobrecarregue nem transporte passageiros “ à pendura”. É proibido e perigoso A ANSR elaborou estes textos já com base no novo acordo ortográfico. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Não esqueça a manutenção do veículo. O seu mau funcionamento ou falta de limpeza podem causar acidentes. 29 EVENTOS Texto Dr. FILIPE SILVA Fotos ARQUIVO AGROS A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 E 30 ntre os dias 31 de Março e 3 de Abril, decorreu no Parque de Exposições de Braga (PEB) a 44.ª edição da AGRO – Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação -, que, este ano, teve como principal atracção a reintrodução do sector leiteiro neste certame, facto que já não acontecia há mais de uma década. Neste contexto, pode dizer-se que, efectivamente, este evento conseguiu alcançar questões estratégicas delineadas aquando da sua planificação, na medida em que foi possível introduzir um conjunto de actividades, tendentes a proporcionar a presença de expositores, produtores, e, também, de visitantes. A este respeito, é de realçar a preocupação da Organização da Agro em direccionar a Feira para um público mais generalista. Isto, porque, segundo o Dr. Miguel Corais, Director Executivo do PEB, «esta é uma excelente oportunidade para as pessoas da cidade tomarem contacto com algumas actividades próprias do Mundo Rural, como sejam, por exemplo, ordenhar uma vaca ou conhecer algumas das raças autóctones existentes.» O programa apresentado foi rico e variado, procurando abranger todos os sectores da actividade agrícola, mas, como já foi dito, com especial ênfase, para o leiteiro. Por outro lado, a adesão de expositores espanhóis, oriundos essencialmente da Galiza, ajudou a conferir uma maior notoriedade e expansão geográfica à AGRO. De entre as várias iniciativas, destaque-se o debate que disponibiliza: equipamentos de ordenha; tanques de refrigeração; acomodação animal; material tubular; bebedouros; sistemas de aquecimento de água (painéis solares termodinâmicos); sistemas de aquecimento de água por recuperação de calor do gás proveniente do arrefecimento do leite; bem como produtos de higienização. Todas estas propostas permitem reduzir consideravelmente os custos na produção, garantindo, assim, uma maior rentabilidade nas explorações agrícolas e aumentar, significativamente, a qualidade do leite produzido. De salientar, ainda, a realização de uma palestra subordinada ao tema “Abeberamento de Vacas Leiteiras”, proferida pelo responsável comercial da La Bouvette – Herve Maire. Seguiu-se um período de debate, onde todos os presentes puderam colocar algumas questões. Para a tarde de Domingo, ficou o concurso relativo à Holstein Frísia. De entre os vários prémios atribuídos, de lação, de mais 60% da sua capacidade de produção. Neste contexto, se existe actividade com margem de crescimento é, efectivamente, a agricultura, e, por inerência, a produção de bens alimentares. No entanto, é evidente que esta realidade exige aos produtores e empresários uma constante renovação dos seus conhecimentos técnicos e unidades produtivas dimensionadas.» Em relação à situação actualmente vivida pela fileira do leite, salientou: «Se escolhermos leite da marca Agros, ou outra qualquer patente nacional, estamos, certamente, a ajudar a economia do nosso país, e, consequentemente, os produtores nacionais.» No que à vertente expositiva diz respeito, pela primeira vez, a Agros apresentou-se num certame com todas as suas empresas participadas. Num espaço devidamente consignado para o efeito, esta “ilha” do Grupo Agros sobressaiu dos demais stands expositivos pela originalidade do projecto. Nela, esteve bem patente o espírito de raiz cooperativo que norteia a actividade da nossa Organização, tendo sido também apresentados alguns dos serviços disponibilizados pelas restantes empresas. Entre os visitantes, foi por demais notório o interesse demonstrado em deambular por este circuito expositivo. Ainda neste âmbito, Agros Comercial, através das marcas por ela representadas, deu a conhecer algumas das soluções, a nível de produtos, equipamentos e serviços que destacar os seguintes: categoria Grande Campeã Jovem – um animal pertencente ao Produtor Manuel Fernando Sousa Pereira, de Poiares, Ponte de Lima; Vaca Grande campeã da AGRO 2011, um animal pertencente à sociedade Encanto Natural - Agro-Pecuária, Lda., igualmente, de Poiares, Ponte de Lima. Resta, pois, esperar que a edição do próximo ano possa superar a cifra dos 50.000 visitantes, presentemente atingida. Estamos certos de que parte deste sucesso, em muito, se deveu à reintrodução da fileira do leite no certame. Por outro lado, a AGRO conseguiu também estabelecer parcerias estratégicas com outras entidades, nomeadamente, a Agros, a Associação para o Apoio à Bovinicultura do Norte (ABLN) e a Associação Portuguesa de Criadores da Raça Frísia (APCRF). A CONFAGRI teve, também, um desempenho bastante importante, em particular, no que respeita à realização do colóquio atrás mencionado. Para finalizar, de realçar ainda as palavras do Dr. Miguel Corais, acentuando que «o crescimento da AGRO só será possível, se tivermos do nosso lado, e a trabalhar connosco, os principais agentes do sector. Só assim, poderemos ter confiança no futuro.» Esperemos, então, pela Edição de 2012. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 se realizou no Grande Auditório do PEB, subordinado ao tema: “Perspectivas para o Sector Leiteiro”. A pertinência e actualidade dos assuntos abordados - O Regime e Exercício da Actividade Pecuária e Perspectivas para o Sector Leiteiro (O Sector Leiteiro no Noroeste: Política, Estratégia e Sustentabilidade; O Pacote Leite; A Pac pós 2013) -captaram a atenção de todos os presentes neste espaço, possibilitando, inclusive, uma profícua troca de opiniões. Algumas entidades oficiais também acorreram ao recinto da Feira, destacando-se entre outros, o Senhor Director Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Dr. António Ramalho, que disse: «Neste momento, a Agro tem de crescer para, novamente, se tornar numa Feira de referência a nível agrícola nacional.» Em relação às necessidades futuras da população mundial, referiu, ainda, que «até meados do século, estima-se que o nosso Planeta venha a precisar, face ao aumento exponencial da popu- 31 ENTREVISTA Eng.ª Helena Fernandes; Eng.º Paulo Fernandes; Eng.º João Cunha e Eng.º Manuel Meneses CORPO DIRECTIVO DA VESSADAS A Vessadas – Associação para o Desenvolvimento das Terras do Coura – é uma instituição criada no dia 16 de Março de 2007. Os seus associados são, maioritariamente, Agricultores do concelho de Paredes de Coura. Na génese da sua constituição, esteve subjacente, como principal objectivo, a promoção do Mundo Rural, integrando todas as actividades económicas nele presentes, com especial relevo para a Agricultura, Pecuária, Floresta, Turismo e Artesanato. Apesar de ser uma instituição ainda “jovem”, conta já com cerca de 850 Associados, facto que demonstra a importância que esta Organização tem para a região. Pela sua natureza e objectivos, pretende constituir-se como um factor determinante para a promoção de um maior intercâmbio entre as empresas locais e regionais., contribuindo para a satisfação de uma necessidade formativa, dirigida no sentido da qualificação das populações e do combate ao desemprego. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO JABR . MAI . JUN . 2011 Texto Dr. FILIPE SILVA Foto VESSADAS 32 Força da União (F.U.) - Desde o ano de 2007, que a vossa Organização trabalha em prol do desenvolvimento económico desta região do Alto Minho. Neste contexto, como avalia a vossa actuação? Vessadas (V.) - A Vessadas tem tido, desde o seu início, uma estratégia de acção alicerçada na informação compilada e processada em estudos concretos, nas necessidades dos seus Associados e em projectos inovadores, tentando abranger todas as áreas de intervenção passíveis de serem apoiadas. Desde o ano de 2007, temos procurado abranger todos os sectores do seu âmbito de acção, ou seja, todo o tipo de actividade rural com alguma repercussão em termos socioeconómicos para o concelho de Paredes de Coura. Estamos ainda, acreditados pela DGERT, promovendo formação profissional, dirigida, exclusivamente, aos nossos Associados, em diferentes áreas de interesse, transversais e de foro obrigatório, bem como acções informativas, de sensibilização, seminários temáticos e workshops. (F.U.) - Para tal desígnio com que apoios contam? (V.) - A Vessadas tem desenvolvido, ao longo destes quatro anos da sua existência, um conjunto de parcerias com os diversos actores da sociedade em que se integra. Neste contexto, podemos referir: Empresas, Associações, Cooperativas, Juntas de Freguesia e a Câmara Municipal de Paredes de Coura. Estes são exemplos de entidades com as quais, no âmbito de diversos projectos, têm sido celebrados protocolos de cooperação. (F.U.) - No que respeita aos vossos colaboradores e métodos de trabalho aplicados, como caracteriza a actuação da Vessadas? (V.) - A cooperação institucional é fulcral para que se possa realizar um trabalho sério e com perspectivas de atingir resultados a médio e longo prazo. Entendemos que só um esforço coordenado de todos pode trazer um desenvolvimento sustentado à comunidade. Encontrar novos parceiros e reforçar, se possível, as parcerias firmadas, é, portanto, um objectivo presente no quotidiano desta Associação. (F.U.) - Este ano realizar-se-á mais uma edição da Expo Leite. Sucintamente, fale-nos um pouco do que foi e do que se pretende que seja este certame. (V.) - Pelo sucesso das edições anteriores, propomonos dar continuidade a este evento, dinamizador e promocional do sector agro-pecuário da Região, direccionado não só aos Agricultores, mas também aos mais jovens. Esta edição, para além de manter os traços gerais das anteriores, tentará envolver o comércio tradicional, dinamizando-o de um modo mais específico, bem como promover a gastronomia/ restauração Courense, integrada num genuíno mundo rural e agrícola. Este evento, não ficará, em 2011, aquém daquilo que tem oferecido nos anos transactos. Ofereceremos, ainda, uma programação adequada, tanto a nível sectorial como lúdico, podendo salientarse o Concurso Regional do Alto Minho da Raça Frísia, este ano, dedicado ao Exmo. Senhor Comendador Fernando da Silva Mendonça, em homenagem à sua dedicação ao sector, e ao apoio que sempre nos ofereceu. Por outro lado, continuamos a contar com a vontade dos nossos parceiros para mantermos este certame como uma referência, não só para a região do Alto Minho, como também para a maioria dos seus habitantes, principalmente os Agricultores, suas famílias e todos os que de alguma forma integram o Mundo Rural. Com estes apoios, nomeadamente do Município de Paredes de Coura, da Agros, da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo e da Cooperativa Agrícola de Paredes de Coura – CoopeCoura -, para além do trabalho imensurável de todos os Colaboradores desta Associação, conseguiremos garantir a concretização de mais uma EXPOLEITE condigna. Para conseguir alcançar os pressupostos que orientaram a sua génese, comprometemo-nos a trazer a esta Exposição os melhores animais leiteiros do Alto Minho, promover as ligações comerciais entre os Produtores e as diferentes representações sectoriais agro-pecuárias e tecnológicas. Igualmente, procuraremos instigar o espírito de competição, bem como incentivar ao investimento e inovação através da sensibilização e informação acerca dos diferentes temas de interesse. Estando o sector leiteiro a atravessar uma fase sensível, toda a atenção que se lhe possa dispensar, ajudará a atenuar esta envolvência. (F.U.) - Perspectivando o futuro, que valor acrescido poderá a Vessadas aportar para os vários sectores de actividade existentes no concelho, por vós apadrinhados? (V.) - O know how adquirido, o amadurecimento e a experiência acumulados, tanto por directores como colaboradores, permitem-nos, hoje, perspectivar uma dinâmica intervenção nos diversos sectores de actividade, estimulando o seu desenvolvimento, transmitindo, também, aos empresários, um sentimento de confiança, pois, sabem que têm a seu lado um apoio sólido e responsável. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 A Vessadas é, igualmente, uma OPF- Organização de Produtores Florestais -devidamente reconhecida pela AFN (Autoridade Florestal Nacional), e que integra a Direcção do Fórum Florestal - Estrutura Federativa Representativa da Floresta. Dispomos de um período de atendimento fixo com activos permanentes para apoiar todos os Associados, podendo este alargar-se aos diferentes sectores da sua área de intervenção, nomeadamente: Agricultura, Pecuária, Floresta, Formação Profissional, Higiene e Segurança no Trabalho, Serviço de Aconselhamento Agrícola, Condicionalidade, REAP, Parcelário, Candidaturas aos diferentes apoios e Legislação, entre outros. 33 DIVULGAÇÃO BOVINFOR UMA APLICAÇÃO INFORMÁTICA AO SERVIÇO DO PRODUTOR Texto PROF. JÚLIO CARVALHEIRA Coordenador Científico do Bovinfor FIGURA 3 A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 FIGURA 2 34 GESTÃO DE OBJECTIVOS: (Figura 1) Assim que é efectuado o login do BOVINFOR (http:// www.bovinfor.pt/), na primeira página é disponibilizada a Gestão de Objectivos de cada exploração. A ideia é permitir ao criador visualizar os dados mensais consolidados da produção e da reprodução, podendo, ainda, o seu utilizador comparar os dados obtidos na sua exploração com outros produtores, tanto da sua região como, inclusive, do resto do país. Este programa permite ainda personalizar os objectivos a atingir para cada uma das características existentes, assim como observar, através de um gráfico, a evolução e tendências ocorridas nos últimos doze meses (Figura 2). A tabela da gestão de objectivos reprodutivos dá a possibilidade de visualizarmos as características reprodutivas relevantes no que respeita à eficiência das explorações. De igual modo, será possível aferir outros parâmetros reprodutivos na página “Relatórios” (menu principal) com vista a obter o balanço completo do comportamento reprodutivo da exploração. Este menu, para além de fornecer mais índices, faculta, ainda, a hipótese de se observarem os gráficos anuais de evoluções reprodutivas de cada um deles. Ainda nesta página, podemos aceder ao submenu “Curva(s) de Maneio”, onde o criador pode verificar quais foram, em termos anuais, os meses em que obteve maior rendimento e tentar perceber as condições que provocam um decréscimo da quantidade de leite, gordura ou proteína, quer seja, através de alterações climatéricas, alimento, condições do rebanho, em geral, entre outros. Os cálculos para estes gráficos assumem que todo o efectivo está nas mesmas condições produtivas, permitindo, assim, fazeremse comparações entre os meses do ano (Figura 3 + Figura 3.1) FIGURA 1 N a última edição da nossa revista, informámos os nossos leitores acerca de uma conferência, realizada no Campus Agrícola de Vairão, no passado dia 16 de Março, intitulada “BOVINFOR - Uma aplicação informática ao serviço do Produtor de Leite”. Esta iniciativa serviu para divulgar esta nova ferramenta de gestão, que terá um impacto bastante relevante e positivo nas explorações leiteiras. Seguidamente, explicaremos a forma como os criadores poderão aceder a este programa. FIGURA 4 FIGURA 4.1 EFECTIVO: O BOVINFOR permite ainda ter acesso a toda a informação registada dos seus animais. Neste contexto, o criador tem à sua disposição o menu “Efectivo”, pelo qual, é possível escolher, individualmente, cada animal e aceder, em pormenor, a cada ponto vital da sua informação, incluindo histórico de produtividade (dando a hipótese de visualizar cada contraste realizado em toda a vida do animal, incluindo os gráficos relativos a cada lactação). Igualmente, valores genéticos, árvore genealógica e muitas outras funções. (Figura 5 + Figura 5.1) FIGURA 3.1 ALERTAS: Seguindo a ordem de importância dos menus disponíveis, os “Alertas” resumem as acções principais a desenvolver nas explorações. Este menu é de grande importância, uma vez que fornece aos seus utilizadores informação diária e actualizada sobre: Diagnósticos de Gestação; Próximos Partos; Vacas a Secar; Partos ou Secagens por Registar, além de outros, organizados por grupo ou lote de animais (Vacas ou Novilhas) (Figura 4 + Figura 4.1). RELATÓRIOS MENSAIS DO CONTRASTE: Caso o produtor necessite de ler ou imprimir qualquer um dos seus relatórios referentes ao contraste, poderá usar a página do BOVINFOR, através do menu “Contrastes”. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 FIGURA 5.1 (http://www.bovinfor.pt/) FIGURA 5 EVENTOS: Este menu dá ao criador a possibilidade de observar todos as ocorrências que foram registadas na sua exploração pela sua Estrutura desde, partos, abortos ou lactações, inseminações, cobrições naturais / manada, mortes ou abates, e outros. Para facilitar a visualização destes eventos, o utilizador poderá escolher um determinado período temporal (data inicial e final). Deste modo, ser-lhe-á permitido balizar melhor a sua pesquisa. A página encontra-se ainda em pleno desenvolvimento e, embora falte disponibilizar muitas funcionalidades, as já existes permitem uma mais-valia para cada criador e para a sua exploração. Neste momento, encontra-se em fase de desenvolvimento a possibilidade de cada criador interagir com o site e poder inserir ele próprio os seus dados / ocorrências. Esta interacção permitir-lhe-á um maior controlo da sua exploração (introduzindo diagnósticos, partos, abortos, transferências e mortes). O desenvolvimento contínuo deste projecto tornará a página do BOVINFOR uma ferramenta cada vez mais indispensável para todos. 35 DESTAQUES Texto Dr. FILIPE SILVA Fotos ARQUIVO AGROS A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 N 36 DIA MUNDIAL DA CRIANÇA o passado dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança e Dia Mundial do Leite, a Agros promoveu um conjunto de actividades destinadas a evocar as referidas datas. O Espaço Agros recebeu a visita de mais de sete centenas de crianças, oriundas das Escolas EBI/ /JI do Muro, concelho da Trofa, dos Sininhos, Correios e Meia Laranja, de Vila do Conde. De salientar, ainda, a presença, no local, dos Directores dos respectivos Agrupamentos e Coordenadores dos Estabelecimentos de Ensino presentes, assim como do Senhor Eng.º António Caetano, em representação da Câmara Municipal de Vila do Conde, da Senhora Dr.ª Teresa Coelho, em representação da Câmara Municipal da Trofa, do Senhor Carlos Martins, Presidente da Junta de Freguesia do Muro, e do Senhor Augusto Moreira, Presidente da Junta de Freguesia de Argivai, que puderam aferir o entusiasmo e alegria de todas as crianças presentes. Esta iniciativa, intitulada “Um Dia com a Natureza”, procurou proporcionar aos mais jovens momentos de são convívio e diversão. As acções preconizadas, em consonância com a faixa etária em questão, potenciaram, não só a prática de exercício físico e outras actividades lúdicas, como permitiam incutir-lhes conceitos acerca da importância do consumo de produtos lácteos para um desenvolvimento equilibrado. Por outro lado, a vertente cognitiva foi também exercitada por via da realização de um conjunto de acções tendentes a desenvolver esta componente, procurando-se sempre associá-la ao seu tema central desta acção lúdico/pedagógica, focalizado em torno da relação do Homem com a Natureza. A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 Este foi, sem dúvida, estamos certos, um dia para mais tarde ser recordado por todos os presentes. Entre as opiniões recolhidas, principalmente junto dos professores que acompanharam as crianças, este local possuí características únicas para que os mais jovens, e não só, possam desfrutar momentos bem passados, sempre em contacto com a Natureza. Assim, o Espaço Agros tem, por isso mesmo, potencialidades para receber públicos-alvo diferenciados. Este foi, certamente, o primeiro de muitos eventos aqui realizados, e, para começar, nada melhor do que fazê-lo, evocando um dia tão especial para as crianças, pois, e parafraseando Oscar Wild, “A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes.” 37 SAÚDE E BEM-ESTAR CHEGOU O SOL: CUIDADOS A TER Texto Dr. VICTOR CRUZ A FORÇA DA UNIÃO . EDIÇÃO ABR . MAI . JUN . 2011 C 38 om a Primavera chegou também o sol e o calor, sendo, por isso, importante lembrar alguns cuidados a ter, particularmente, no que respeita às radiações solares – ultravioleta – UVA e UVB. Todos sabemos que a visão é um bem essencial e inestimável e que é preciso preservar. O olho humano está constantemente a funcionar, quer ajustando a quantidade de luz que deixa entrar, focando os objectos, próximos ou distantes, quer transmitindo, instantaneamente, ao nosso cérebro as imagens. O olho e as estruturas adjacentes que o rodeiam ajudamse mutuamente no combate à exposição agressiva ao pó, vento e infecções, bem como às radiações solares que, como sabemos, são cada vez mais nocivas. Em todo este processo, as pestanas e as pálpebras formam uma primeira estrutura de protecção e a solução lacrimosa aí existente tem um papel de limpeza e desinfecção da conjuntiva do olho. No que respeita aos raios solares emitidos pelo astrorei, os UVA são os mais nocivos para a saúde humana, uma vez que penetram de um modo mais profundo na nossa camada dérmica. Neste contexto, podem provocar algumas complicações, como: fotoenvelhecimento e foto- alergias, entre outras complicações. Em situações extremas, poderão evoluir para melanoma, ou como em linguagem comum se denomina – cancro de pele. Por seu lado, os raios UVB penetram mais superficialmente na nossa pele, no entanto, também são maléficos para a saúde humana. Quando chegar a altura de nos expormos com mais intensidade aos raios solares, devemos ter em atenção que existem determinadas horas do dia em que essa exposição nos poderá acarretar alguns problemas. Assim, devemos aproveitar as horas em que a sua incidência é menor, isto é, logo pela manhã, até às 11 horas e depois das 16 horas. Isto porque, entre as 11 e as 16 horas, os índices de radiação ultravioleta são muito elevados, situando-se, no nosso país, geralmente, entre os índices 5 e 9 de radiação. Nesta situação, aconselha-se à não exposição directa a essas mesmas radiações, acrescendo-se da necessidade de estarmos munidos, se possível, de óculos de sol com filtro UVA, protector solar com elevado factor de protecção, t-shirt e um chapéu, caso estejamos na praia. O Instituto Nacional de Meteorologia, no seu site (www. meteo.pt), disponibiliza a todos aqueles que o queiram consultar, informações acerca do índice de radiação solar previsto para um qualquer dia do ano. Indústria de Produtos Pecuários do Norte, S.A. Zona Industrial nº 2 - Apartado 202 4564-909 Penafiel - Portugal Tel 255 718 300 Fax 255 718 303 [email protected] www.pecnordeste.pt