DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA
LEITEIRA NO SUDOESTE DA BAHIA
NEUSETE MARIA DA SILVA PATÊS
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2011
NEUSETE MARIA DA SILVA PATÊS
DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA
LEITEIRA NO SUDOESTE DA BAHIA
Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração
em Produção de Ruminantes, para obtenção do título
de “Doutor”.
Orientador:
D.Sc. Aureliano José Vieira Pires
Co-orientadores:
D.Sc. Mauro Pereira de Figueiredo
D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2011
338.17
Patês, Neusete Maria da Silva.
P336d
Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no sudoeste da Bahia. /
Neusete Maria da Silva Patês. – Itapetinga-BA: Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, 2011.
72 fl..
Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Campus de
Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Aureliano José Vieira Pires e
co-orientadores Prof. D.Sc. Mauro Pereira de Figueiredo; Prof. D.Sc.
Gleidson Giordano Pinto de Carvalho.
1. Leite – Produção – Sudoeste – Bahia. 2. Leite – Produção – Aspectos
econômicos. 3. Pecuária leiteira – Sustentabilidade. I. Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, Campus de Itapetinga. II. Pires, Aureliano José Vieira. III.
Figueiredo, Mauro Pereira de. IV. Carvalho, Gleidson Giordano Pinto de.
V. Título
CDD(21): 338.17
Catalogação na Fonte:
Cláudia Aparecida de Souza– CRB 1014-5ª Região
Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA
Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:
1.
2.
3.
4.
Leite – Produção – Sudoeste – Bahia
Leite – Produção – Aspectos econômicos.
Pecuária leiteira – Sustentabilidade
Produtor rural – Leite – Perfil
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Área de Concentração em Produção de Ruminantes
Campus de Itapetinga-BA
DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO
Título: “Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no Sudoeste da Bahia”.
Autora: Neusete Maria da Silva Patês
Orientador: Aureliano José Vieira Pires
Co-orientadores: Mauro Pereira de Figueiredo e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho
Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de DOUTOR EM
ZOOTECNIA, área de concentração em PRODUÇÃO DE RUMINANTES, pela Banca
Examinadora:
_______________________________________________
Prof. Aureliano José Vieira Pires, D.Sc., UESB
Presidente
________________________________________________
Prof. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, D.Sc., UFBA
________________________________________________
Prof. Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB
________________________________________________
Prof. Raul Castro Carriello Rosa, D.Sc., EMBRAPA
________________________________________________
Prof. Fábio Andrade Teixeira, D.Sc., UESB
Data de realização: 08 de julho de 2011.
Pç. Primavera, 40. Bairro Primavera – Fone: (77) 3261- 8628
Fax: (77) 326-8600, Itapetinga – Bahia / CEP: 45.700-000. e-mail: [email protected]
Ao meu grandioso Deus!!! Meu Mestre de todos os momentos, a Ele Toda a Honra e
Toda a Glória.
Aos meus queridos pais, José Ancelmo da Silva Filho e Carmina Maria dos Santos Silva,
pelo amor, dedicação, apoio incondicional e pelos bons exemplos de pessoas honestas.
À minha amada filha, Pattrycia da Silva Patês por ser a razão da minha vida, e ao meu
esposo, Antônio Carlos Virgens Patês, pelo amor e companheirismo.
Às minhas amadas irmãs, Neusa, Neide, Ana, Laizinha e aos queridos sobrinhos:
Ewerton, Wendel, Pedro Henrique, Stefany, Heitor, João Vitor e Davi, pelo carinho, alegria e
apoio constante.
DEDICO.
Ao meu orientador Professor Aureliano José Vieira Pires, minha eterna gratidão, muito
obrigada pela amizade, ensinamentos e confiança.
OFEREÇO.
Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
(São Lucas: 1,50)
É bom louvar ao Senhor e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo.
(Salmo, 91)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, acima de tudo, muito obrigada por fazer parte da minha vida, sempre
me abençoando e me dando muitas vitórias;
Ao Professor Aureliano José Vieira Pires, meu sincero e profundo agradecimento, pela
atenção, confiança, amizade, pelo incentivo e as inúmeras orientações, principalmente na
condução deste trabalho;
Aos meus Co-orientadores Mauro Pereira de Figueiredo e Gleidson Giordano Pinto de
Carvalho, pelo carinho, incentivo, auxílio e sugestões no desenvolvimento deste trabalho;
Aos Professores Fabiano Ferreira da Silva, Raul Castro Carriello Rosa, Fábio Andrade
Teixeira, Paulo Bonomo e Daniela Deitos Fries, pelas sugestões;
Ao Programa de Pós–Graduação em Zootecnia da UESB pela oportunidade e a todos os
professores do programa pelos ensinamentos;
Às secretárias do Programa de Pós–Graduação em Zootecnia;
À equipe do Grupo Geraleite e aos produtores de leite que dispensaram seu valioso
tempo respondendo aos questionários;
A todos os colegas de curso, pela convivência alegre e constante trocas de experiências;
A todos os professores do curso de Zootecnia-UESB, que tanto contribuíram nessa
longa jornada;
A todos os meus amigos que torceram pela minha vitória, e que, direta ou
indiretamente, ajudaram-me na condução deste trabalho.
MUITO OBRIGADA!!
BIOGRAFIA
Neusete Maria da Silva Patês, filha de José Ancelmo da Silva Filho e Carmina Maria dos
Santos Silva, nasceu na cidade de Bandeira, Estado de Minas Gerais.
Em janeiro de 2007, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia - UESB.
Em março de 2007, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em nível de
Mestrado, área de concentração em Produção de Ruminantes, da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a dissertação em 18 de fevereiro de 2009.
Em março de 2009, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia em nível de
Doutorado, área de concentração em Produção de Ruminantes, da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a tese em 08 de julho de 2011.
RESUMO
PATÊS, N.M.S. Diagnóstico participativo da pecuária leiteira no Sudoeste da Bahia.
Itapetinga – BA: UESB, 2011. 72p. (Tese - Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em
Produção de Ruminantes). *
Objetivou-se com este trabalho traçar um diagnóstico da atividade leiteira na região Sudoeste da
Bahia, abordando os diversos aspectos que envolvem a produção primária: perfil
socioeconômico do produtor, caracterização da propriedade, fontes hídricas, manejo alimentar,
reprodutivo e sanitário, destacando a tecnologia empregada na produção de leite e a condição
sanitária do rebanho. A metodologia utilizada é composta pela aplicação de um questionário
contendo questões relacionadas aos produtores e ao manejo da propriedade e dos animais. Foi
utilizada na pesquisa uma amostra composta por produtores que fornecem leite para
cooperativas e laticínios da região. As propriedades foram agrupadas de acordo com o tamanho,
ficando assim distribuídas: 22,0% até 50 ha; 21% de 51 a 100 ha; 24% de 101 a 200 ha; 16% de
201 a 300 ha e 17% propriedades maiores de 300 ha. Notou-se, na análise do grau de
escolaridade dos entrevistados, que apenas 3,3% apresentaram sem escolarização formal contra
96,7% formalmente escolarizados. Quanto à moradia, 69,0% dos produtores não residem nas
fazendas. Verificou-se que 73,6% dos produtores nunca fizeram análise de solo na área
destinada aos pastos. Nessas propriedades, o gênero Brachiaria predomina na formação dos
pastos, devido à sua adaptabilidade às condições climáticas da região. 54,7% dos produtores não
fazem anotações zootécnicas e 64,9% não fazem anotações relacionadas à parte econômica. Dos
entrevistados, 80,7% praticam, nas propriedades, uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia, a
monta natural não controlada foi o manejo reprodutivo mais utilizado. A média geral da
produção de leite nas fazendas foi de 1125 litros de leite/vaca/ano e 3,1 litros/vaca/dia. A
atividade leiteira contribui para a economia da região Sudoeste da Bahia com a geração de renda
e de empregos direto e indireto. Entretanto, é preciso realizar investimentos para modernização
do setor para melhorar a produtividade do leite.
Palavras-chave: adubação, perfil produtor de leite, manejo
*
Orientador: D.Sc. Aureliano José Vieira Pires - UESB e Co-orientadores: D.Sc. Mauro Pereira de
Figueiredo - UESB e D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.
ABSTRACT
PATÊS, N.M.S. Diagnosis participatory of dairy livestock in Southwestern Bahia. Itapetinga –
BA: UESB, 2011. 72p.(Thesis – Doctor Degree in Animal Science, Area of Concentration in
Ruminant Production). *
The objective of this work was to develop a diagnosis of dairy farming in the
southwestern region of Bahia, addressing the various aspects involved in primary production:
socioeconomic profile of the producer, characterization of property, water sources, feeding
management and reproductive health and highlights the technology employed on milk
production and the sanitary condition of the herd. The methodology is composed by applying a
questionnaire containing questions related to the producers and the management of property and
animals. Was used in the study sample was composed of producers supplying milk for dairy
cooperatives and dairy in the region. The properties were grouped according to size, thus
distributed: 22.0% to 50 ha, 21% from 51 to 100 ha, 24% from 101 to 200 ha, 16% from 201 to
300 ha and 17% larger properties 300 ha. It was noted in the analysis of education level of
respondents that only 3.3% had no formal schooling 96.7% against formally educated. As for
housing 69.0% of producers do not live on farms. It was found that 73.6% of the properties
made never soil analysis in the area allocated to pastures. These properties Brachiaria
predominates in the formation of pastures, due to its adaptability to climatic conditions in the
region. 54.7% of producers did not take notes husbandry and 64.9% did not take notes related to
the economics. Of respondents 80.7% make in a milking and 19.3% two milkings per day in
properties, the natural mount uncontrolled was the reproductive management more used. The
overall milk production on farms was 1125 liters/cow/year and 3.1 liters/cow/day. The dairy
industry contributes to the economy of Southeastern Bahia with the generation of income and
direct and indirect jobs. However, we must make investments to modernize the industry to
improve the productivity of milk.
Key words: fertilization, management, milk producer profile
*
Adviser: DSc Aureliano José Vieira Pires - UESB and Co-Advisers: Mauro Pereira de Figueiredo UESB and D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-
CAPÍTULO I
Página
Grau de escolaridade dos produtores rurais na pecuária
leiteria do Sudoeste da Bahia ...................................................
24
CAPÍTULO III
Tabela 1-
Tabela 2-
Tabela 3-
Tabela 4-
Tabela 5-
Percentual de propriedades que utilizam ordenha manual ou
mecânica e a quantidade de ordenhas diárias, em função da
área das propriedades (ha) .......................................................
55
Percentual do tipo de cobrição e critério para cobrir as
novilhas nas propriedades leiteiras, em função da área das
propriedades (ha)..................................................................
57
Percentual de propriedades que fazem controle zootécnico e
econômico em função da área das propriedades
(ha).........................................................................................
58
Percentual dos equipamentos utilizados nas propriedades
leiteiras, em função da área (ha) ............................................
61
Produção de leite (litros/ha/ano), produção média
(litros/vaca/ano) e (litros/vaca/dia) nas propriedades leiteiras
em função da área (ha) .............................................................
62
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I
Página
Figura 1-
Mapa da região Sudoeste da Bahia ..................................................
18
Figura 2-
Distribuição percentual das áreas das propriedades leiteiras
pesquisadas (ha)................................................................................
21
Profissão dos produtores de leite entrevistados na região Sudoeste
da Bahia ...........................................................................................
22
Percentagem de produtores de leite entrevistados que residem e
administram as fazendas na região Sudoeste da Bahia...................
23
Percentual de produtores em função do tempo de atividade leiteira
(anos) ...............................................................................................
25
Percentual de produtores que obtiveram financiamento em função
da área (ha), na região Sudoeste da Bahia .......................................
26
Percentual de agentes financeiros nos quais os entrevistados
obtiveram financiamento .................................................................
27
Figura 8-
Percentual da forma como foi utilizado o financiamento ............
27
Figura 9-
Percentual de produtores que dispõe de assistência técnica na
propriedade em função da área (ha) .................................................
28
Percentual de produtores de leite que são associados/cooperados e
sindicalizados em instituições rurais, em função da área (ha).......
29
Figura 3-
Figura 4-
Figura 5-
Figura 6-
Figura 7-
Figura 10-
CAPÍTULO II
Percentual de abastecimento de água, de acordo com a área da
propriedade (ha) ...............................................................................
37
Percentual de fontes de recursos hídricos, de acordo com a área da
propriedade (ha) ...............................................................................
38
Percentual de distribuição de energia elétrica nas propriedades
leiteiras em função da área (ha).......................................................
39
Percentual das propriedades leiteiras que realizam análise e
correção do solo................................................................................
40
Figura 5-
Percentual das propriedades leiteiras que realizam adubação..........
40
Figura 6-
Percentual das propriedades leiteiras que dispõe de sistema de
irrigação e métodos de pastejo..........................................................
41
Figura 1-
Figura 2-
Figura 3-
Figura 4-
Percentual de gramínea forrageira predominante nas propriedades
leiteiras..............................................................................................
43
Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período das
águas.................................................................................................
44
Figura 9-
Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período da seca
45
Figura 10-
Percentual das propriedades leiteiras que realizam suplementação
mineral para os animais....................................................................
46
Figura 7-
Figura 8-
CAPÍTULO III
Figura 1-
Figura 2-
Figura 3-
Figura 4-
Figura 5-
Figura 6-
Percentual do local onde é realizada a ordenha nas propriedades
leiteiras, em função da área das propriedades (ha).........................
56
Percentual de doenças que acomete o rebanho nas propriedades
leiteiras do Sudoeste da Bahia..........................................................
59
Percentual das principais vacinas utilizadas nas propriedades
leiteiras no Sudoeste da Bahia..........................................................
59
Percentual das propriedades leiteiras que realizam teste para
verificar a presença de mastite em função da área da propriedade
(ha)....................................................................................................
60
Percentual de bezerreiro, de acordo com a área da propriedade
(ha)....................................................................................................
61
Percentual das principais fontes de renda dos produtores em
função da área da propriedade (ha)...................................................
62
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
CAPÍTULO I
Caracterização das propriedades rurais leiteiras no Sudoeste da Bahia:
Perfil socioeconômico do produtor rural...................................................
15
Resumo ..........................................................................................................
Abstract..........................................................................................................
1 Introdução...................................................................................................
2 Material e Métodos......................................................................................
3 Resultados e Discussão...............................................................................
4 Conclusões..................................................................................................
5 Referências ..........................................................................................
15
16
17
18
21
30
31
CAPÍTULO II
Fontes hídricas e manejo alimentar nas propriedades leiteiras no
Sudoeste da Bahia..................................................................................
Resumo ..........................................................................................................
Abstract..........................................................................................................
1 Introdução...................................................................................................
2 Material e Métodos......................................................................................
3 Resultados e Discussão...............................................................................
4 Conclusões..................................................................................................
5 Referências .........................................................................................
32
32
33
34
35
37
47
48
CAPÍTULO III
Aspectos produtivos e sanitários do rebanho leiteiro nas propriedades
do Sudoeste da Bahia ...................................................................................
50
Resumo ..........................................................................................................
Abstract..........................................................................................................
1 Introdução...................................................................................................
2 Material e Métodos......................................................................................
3 Resultados e Discussão...............................................................................
4 Conclusões..................................................................................................
5 Referências .........................................................................................
- Anexo....................................................................................................
50
51
52
53
55
65
66
68
CAPÍTULO I
CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES RURAIS LEITEIRAS NO SUDOESTE
DA BAHIA: PERFIL SOCIOECONÔMICO DO PRODUTOR RURAL
RESUMO
Objetivou-se com este trabalho identificar o perfil socioeconômico do produtor de leite
da região Sudoeste da Bahia. A metodologia utilizada neste trabalho é composta pela aplicação
de um questionário contendo questões socioeconômicas, utilizando uma amostra de 94
produtores participantes da pesquisa que fornecem leite para cooperativas ou laticínios da
região. As propriedades foram estratificadas de acordo com o tamanho, ficando, assim,
distribuídas: 22,0% até 50 ha; 21% de 51 a 100 ha; 24% de 101 a 200 ha; 16% de 201 a 300 ha
e 17% propriedades maiores de 300 ha. Notou-se que o grau de escolaridade dos produtores é
bom, uma vez que apenas 3,3% apresentaram sem escolarização formal contra 96,7%
formalmente escolarizados. 69,0% dos produtores não residem nas fazendas. 54% dos
entrevistados, além de desenvolver suas atividades na pecuária leiteira, também exercem outras
atividades fora de suas propriedades para complementar o orçamento familiar. Somente 7,0%
das propriedades em estudo são administradas pelas mulheres. A atividade leiteira contribui
para a economia da região Sudoeste da Bahia com a geração de renda e de empregos direto e
indireto. Entretanto, é preciso realizar investimentos para modernização do setor para melhorar
a produtividade do leite.
Palavras-chave: gado, leite, semiárido
_____________________________
*
Orientador: D.Sc. Aureliano José Vieira Pires - UESB e Co-orientadores: D.Sc. Mauro Pereira de
Figueiredo - UESB e D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.
15
CHAPTER I
CHARACTERIZATION OF DAIRY FARMS IN SOUTHWESTERN BAHIA: SOCIOECONOMIC
PROFILE OF FARMERS
ABSTRACT
The objective of this work was to identify the socioeconomic profile of the milk
producer in the southwest region of Bahia. The proposed methodology is composed by applying
a questionnaire socioeconomic, using a sample of 94 producers participating in the research
that provide milk for dairy cooperatives and dairy the region. The farm were stratified according
to size, thus distributed: 22.0% up to 50 ha, 21% with 51 to 100 ha, 24% with 101 to 200 ha,
16% with 201 to 300 ha and 17 % properties with more than 300 ha. It was noted that the
education level of farmers is good, since only 3.3% had no formal schooling 96.7% against
formally educated. 69.0% of producers do not live on farms. 54% of respondents in addition to
developing its activities in dairy farming also have other activities outside of their property to
supplement the family budget. Only 7.0% of the properties in study is run by women. The dairy
industry contributes to the economy of southeastern Bahia with the generation of income and
direct and indirect jobs. However, we must make investments to modernize the industry to
improve the productivity of milk.
Keywords: cattle, milk, semiarid
_______________________
*
Adviser: DSc Aureliano José Vieira Pires - UESB and Co-Advisers: Mauro Pereira de Figueiredo UESB and D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho – UFBA.
16
1. INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira ocupa papel importante na agropecuária brasileira, envolve grande
número de pequenos produtores no processo produtivo e apresenta significativa capacidade de
geração de empregos e renda, desde as atividades produtivas até a industrialização dos produtos.
A cadeia produtiva do leite se constitui no maior empregador privado do país, com capacidade
de gerar um fluxo rápido de capital. Dessa forma, a pecuária leiteira pode ser definida como
fundamental na manutenção da estrutura produtiva patronal e familiar, principalmente, em razão
da entrada mais frequente de receita na propriedade familiar, e pela questão da renda constante
(ALEIXO et al., 2007). Este setor é de grande importância social e econômica para o semiárido
brasileiro, principalmente na região Nordeste, por ser menos vulnerável à seca, quando
comparada com outras explorações agrícolas, e se constituir num dos principais fatores de
fixação do homem no campo e de geração de renda (FERREIRA et al., 2009).
Entretanto, um sistema de produção de leite pode ser conceituado como um conjunto de
decisões e normas técnicas aplicadas ao uso de fatores produtivos, trabalho, terra e capital, para
obtenção do produto, acrescentando-se ainda que o mesmo deva ser sustentável ambiental e
economicamente (RIBEIRO et al., 2009).
Nesse aspecto, deve-se levar em consideração o nível tecnológico que, segundo Aleixo
et al. (2007), é um dos principais fatores determinantes para manutenção de um sistema
produtivo, ou seja, com base na tecnologia e nos meios utilizados, torna-se um sistema de
produção eficiente para manter a atividade produtiva, seja em caráter familiar ou empresarial.
Nesse sentido, a tecnologia deve ser incorporada e orientada por um planejamento sistêmico em
que todas as partes sejam complementares e realmente necessárias. Este aspecto tem interferido
diretamente na qualidade do leite produzido e consumido no Brasil, o que tem gerado discussão
e desenvolvimento de novas políticas de incentivo à produção leiteira (NERO et al., 2005).
Objetivou-se com esta pesquisa identificar o perfil socioeconômico dos produtores de
leite da região Sudoeste da Bahia.
17
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na região do Sudoeste da Bahia, Brasil, no período de fevereiro a
dezembro de 2010. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da
Bahia-SEI, a região é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra do Choça, Belo
Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas,
Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga, Itaquara,
Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal, Macarani,
Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto, Poções,
Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista (Figura 1). Está
localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude
Oeste, é uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela Superintendência de
Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – (SEI).
Figura 1-
Mapa da região Sudoeste da Bahia. Fonte: SEI (2003)
18
Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento
na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizaram-se
viagens a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de
produção e tipo de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma
população referencial representada pelos produtores de leite dos municípios da região,
cadastrados no programa Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da
Agricultura do Estado da Bahia (FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(SENAR), pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação,
técnicos de campo, coordenadores de agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência
Gerencial e Tecnológica- AGETEC – LEITE (Geraleite, 2011).
Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais
para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até
50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.
Primeiramente foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o intuito
da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de
correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após
aplicação dos questionários-teste, realizaram-se as devidas correções e procedeu-se as
indagações por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas
respectivas propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas
de leite”, a fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos
e reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.
Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores
da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,
escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).
Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários elaborados com
perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade de
algumas perguntas terem mais de uma resposta, sendo repassado aos entrevistados que
poderiam optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de
muitas respostas, o produtor poderia escolher, dentro das opções, uma alternativa aberta, além
de ser ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira. Os
questionamentos abordados foram relacionados aos temas sobre as principais características dos
produtores e de suas famílias, bem como da propriedade, visando traçar o perfil socioeconômico
dos produtores de leite da região.
Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu-se uma
planilha com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em
que os produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas
19
constaram as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,
procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e
sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma
compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem
descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;
FERREIRA et al., 2005).
20
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O padrão de utilização da terra por estratos de tamanho (ha) de 94 propriedades
leiteiras, entrevistadas no sudoeste da Bahia, está apresentado na Figura 2. Os entrevistados
possuíam propriedades com áreas variando de 10 a 1280 hectares, as quais foram distribuídas
conforme o tamanho da propriedade, sendo: 28; 75; 150; 255 e 585 hectares.
Do ponto de vista econômico, nota-se que a terra é um bem imóvel, onde o uso da
mesma com a sua perspectiva de geração de renda geram mecanismos de formação de preços no
mercado informal. Conforme pesquisa realizada nesta região, o preço da terra variou de R$
40.000,00 a R$ 100.000,00 o alqueire (19,36 hectares). Essa variação de preço nas propriedades
foi devido à localização, acesso, estrada, fontes hídricas, condição da pastagem e benfeitorias
em infraestrutura. Verificou-se que alguns proprietários sentem-se realizados apenas com a
aquisição do imóvel, sendo considerado por eles um bom investimento financeiro, porém, não
se preocupam em maximizar a produtividade, alegando falta de recursos financeiros bem como
incentivo por parte do governo.
Figura 2 -
Distribuição percentual das áreas das propriedades leiteiras pesquisadas (ha)
De acordo com os resultados da pesquisa, 43% dos entrevistados da região Sudoeste
possuem propriedades com área de até 100 (ha), sendo que não foi encontrada nenhuma com
menos de 10 ha, provavelmente, motivo em que os participantes desta pesquisa comercializam o
leite produzido junto aos laticínios, o que normalmente requer um maior volume e regularidade
de produção. Provavelmente, as propriedades menores que 10 ha não atendem às exigências,
21
devido à falta de infraestrutura e ao inadequado manejo de pasto, já que em sua grande maioria
os animais são criados a pasto sem suplementação.
Por outro lado, 57% possuem propriedades acima de 100 ha. Esses valores
diferenciaram dos encontrados por Ferreira et al. (2005), em pesquisa realizada com 96
propriedades rurais produtoras de leite na microrregião de Itapetinga-BA, onde apenas 14% dos
entrevistados eram proprietários com áreas menores que 100 ha e 86% possuíam áreas acima de
100 ha. Apesar de os municípios da microrregião de Itapetinga-BA estarem inseridos na região
sudoeste da Bahia, essa considerável diferença pode ser justificada devido à extensão das
propriedades da microrregião de Itapetinga serem maiores que a média da região Sudoeste da
Bahia (NASCIMENTO, 1999).
Conhecer o perfil socioeconômico dos produtores rurais é essencial para identificar um
aspecto primordial e de fundamental importância nos sistemas de produção leiteira. Na Figura 3,
pode-se verificar a diversidade nas atividades profissionais exercidas pelos produtores. Dentre
os entrevistados, 46% exercem exclusivamente a atividade de produtores rurais. Isso indica que,
a maioria deles exerce outra atividade paralela.
Muitos dos produtores entrevistados não estavam motivados a continuar na atividade
leiteira, principalmente, pela reduzida rentabilidade do negócio, ao baixo preço pago pelo leite e
seus derivados, pela sazonalidade na produção do leite, bem como pela falta de ensino
educacional na zona rural, razão pela qual os mesmos abandonam a atividade leiteira em busca
de oportunidades e melhores condições de vida nas grandes cidades, e pelas facilidades de
estudo e a expectativa de uma carreira promissora aos seus filhos.
Figura 3 -
Profissão dos produtores de leite entrevistados na região Sudoeste da Bahia
Os outros 54% dos entrevistados, além de desenvolverem suas atividades na pecuária
leiteira, também, exerciam outras atividades fora de suas propriedades para complementar o
orçamento familiar, o que dificulta o gerenciamento da mesma, que fica sob a responsabilidade
de trabalhadores, normalmente com pouca capacitação profissional. Segundo Duque (2002), a
pluriatividade e as políticas sociais (em particular as aposentadorias) contribuem fortemente
22
para manter as famílias no local e impedir as migrações, mas não constituem soluções para os
problemas financeiros.
No que se refere à moradia, pode-se observar na Figura 4, que 69,0% dos produtores
não residem nas fazendas. Este fato, da maioria dos entrevistados não residir na propriedade,
talvez seja um dos aspectos principais que pode estar interferindo negativamente na eficiência
dos sistemas de produção. Esta realidade dificulta a gestão da propriedade que, em grande parte
das vezes, é feita à distância pelo proprietário ou, em casos prementes, as decisões são tomadas
de forma inadequada pelo pessoal de apoio sem qualificação profissional. Neves et al. (2011)
realizaram um estudo no perímetro irrigado de Petrolina/PE e observaram que as famílias dos
produtores de leite do perímetro irrigado residiam nos estabelecimentos rurais e na zona urbana,
e somaram 53,6 e 46,4%, respectivamente. Os autores justificaram o equilíbrio quanto ao local
de residência devido à distância relativamente pequena entre as propriedades e a cidade, em
média de 14,5km.
O predomínio dos homens na administração rural é uma realidade, o que condiz com o
resultado encontrado nesta pesquisa, pois, somente 7,0% das propriedades em estudo são
administradas pelas mulheres.
Figura 4 -
Percentagem de produtores de leite entrevistados que residem e administram as fazendas
na região sudoeste da Bahia
Com relação ao grau de escolaridade dos produtores, constatou-se que o mesmo se
constitui em um indicativo do nível de educação e conhecimento, sendo por meio do
conhecimento que haverá condição de identificar os problemas e obter uma melhor organização
dentro do sistema de produção.
23
Notou-se, na análise do grau de escolaridade dos entrevistados, que apenas 3,3%
apresentaram sem escolarização formal contra 96,7% formalmente escolarizados. Os valores
médios para grau de escolaridade foram: 12,3% para o ensino fundamental incompleto; 17,1%
para o ensino fundamental completo; ensino médio completo, 34,7%, e para nível superior
completo, 32,6%, conforme a Tabela 1. Estes dados indicam que mais de 60% dos entrevistados
possuem ensino médio ou superior, resultados superiores aos encontrados por Ney & Hoffmann
(2009), em relação ao perfil educacional do meio rural brasileiro, ao relatarem que 69,4% dos
agricultores sequer completaram o antigo primário (1ª a 4ª série). Possivelmente, o grau de
conhecimento permite aos proprietários maior facilidade em administrar as suas propriedades
com eficiência, reduzindo gastos e incrementando a receita. Produtores com maior nível de
escolaridade criam perspectivas de maior participação em desenvolver programas de
melhoramento da atividade, podendo se constituir em disseminadores de tecnologia aos
produtores menos esclarecidos.
Tabela 1 -
Grau de escolaridade dos produtores rurais na pecuária leiteria do Sudoeste da
Bahia
Tamanho da propriedade
Sem
Ens.Fund. Ens.Fund. Ensino
Superior
(ha)
escolarização incompleto completo
médio
completo
Percentagem
Até 50
0,0
19,0
14,3
57,1
9,5
51 a 100
10,0
10,0
20,0
40,0
20,0
101 a 200
0,0
13,6
18,2
31,8
36,4
201 a 300
0,0
6,7
26,7
13,3
53,3
Maior de 300
6,3
12,5
6,3
31,3
43,8
Média geral
3,3
12,3
17,1
34,7
32,6
Quanto ao tempo (anos) que exerce a atividade leiteira, observou-se que a idade
predominante nos grupos foi de 21 a 40 anos, tendo destaque o grupo com propriedades entre
201 e 300 hectares, que apresentou o maior percentual (60%) nessa faixa etária (Figura 5). Por
outro lado, nas propriedades com mais de 300 ha, somente 18,7% possuem entre 21 a 40 anos
na atividade, predominando os produtores com mais de 40 anos (43,8%). Os produtores que
estão na atividade a menos de 10 anos não possuem propriedades maiores de 200 hectares e sua
maior concentração (28,6 %) ocorreu em áreas menores que 50 hectares. Esses dados retratam
uma mudança no perfil do tamanho das propriedades leiteiras, onde, praticamente, 50% dos
proprietários com até 10 anos na atividade leiteira detém fazendas com até 100 ha. Estes
resultados apontam para a tendência de uma maior necessidade de intensificação da produção
24
leiteira para que o volume de leite produzido se situe acima do ponto de equilíbrio,
resguardando a rentabilidade da atividade, em áreas cada vez menores. No passado, grandes
áreas de terra foram adquiridas por produtores que se perpetuaram na atividade por quarenta
anos ou mais, até a atualidade (Figura 5).
O elevado valor das terras regionais, em conjunto com a baixa rentabilidade, não se
compatibilizam com a aquisição de grandes áreas para o exercício da atividade leiteira, fazendo
com que haja uma migração para áreas menores e sistemas mais intensificados de produção.
Figura 5 -
Percentual de produtores em função do tempo de atividade leiteira (anos)
Na Figura 6, pode-se observar os produtores que realizaram financiamento. Verificou-se
que o maior percentual ocorreu em propriedades de 51 a 100 ha, com 65%, seguido das maiores
propriedades (maiores de 300 ha), com 62,5%. Os que não possuem nenhum tipo de
financiamento/empréstimo, o maior percentual foi encontrado nas propriedades de 101 a 200 ha,
com 63,6%, e de 201 a 300 ha, com 53,3%, quando indagados, responderam que não arriscam
por medo de não conseguir cumprir com o pagamento das parcelas e ficarem em débito com o
agente financeiro. Outros relataram que é devido à burocracia imposta pelos bancos na
concessão do crédito, o que dificulta a efetivação do financiamento.
25
Figura 6 -
Percentual de produtores que obtiveram financiamento em função da área (ha), na
região sudoeste da Bahia
De uma forma geral, é factível supor que, no caso específico dos produtores que
exercem há menos de 10 anos a atividade e que possuem propriedades com área de até 100 ha, a
concessão do crédito, nestes casos, é explicada pela necessidade de investimentos para a
formação de infraestrutura necessária ao desenvolvimento de um processo produtivo sustentável
economicamente.
Esta hipótese pode também ser aplicada para os proprietários que possuem áreas
maiores que 300 ha, os quais 62,5% deles possuem financiamento bancário. Para estes últimos,
a existência de grandes áreas de terra sem a geração de renda proporcional deve ter sido um
fator motivador para a tomada do crédito e realização de investimentos produtivos.
A pesquisa com os produtores, conforme apresentado na Figura 7, revelou que noventa
por cento dos financiamentos foram realizados em bancos públicos por meio de linhas especiais
de crédito ou mesmo privados para investir em suas propriedades, pois, segundo relato dos
entrevistados, o resultado financeiro obtido com a venda do leite permite investimentos na
propriedade e, muitas vezes, não atingem o ponto de equilíbrio financeiro necessário para cobrir
as despesas operacionais na atividade leiteira.
26
Figura 7 -
Percentual de agentes financeiros, nos quais os entrevistados obtiveram
financiamento
Observa-se na Figura 8 que o produtor está preocupado com a situação em que as
propriedades leiteiras se encontram, onde utilizam práticas tradicionais, e estão tentando se
adequar à pecuária moderna, visando aumentar a produtividade, adquirindo financiamento para
custeio da produção/pecuário (insumos), custeio de beneficiamento, investimentos em bens ou
serviços, tais como: construções, reformas ou ampliações de benfeitorias nas fazendas.
Constatou-se no estrato de 51 a 100 ha produtor sem interesse de adquirir financiamento
exclusivo para custeio com insumos, porém, 65% dos entrevistados, neste mesmo estrato,
investiram em suas fazendas.
Figura 8 -
Percentual da forma como foi utilizado o financiamento
Analisando o estrato maior de 300 ha, há uma preocupação dos produtores em adquirir
financiamento, visando aumentar a produtividade nas fazendas. Verifica-se que, no somatório,
62,5% dos entrevistados, aplicando-o quer seja em investimento, custeio ou em ambos,
procuram melhorar o manejo nas propriedades, buscando resultados positivos na atividade
27
leiteira, mantendo-se mais informados. Provavelmente, esteja relacionado com o grau de
escolaridade dos mesmos, 43,8% com curso superior e 31,3% com ensino médio completo,
demonstrando, assim, que o nível cultural tem grande influência na administração rural ou pela
facilidade de concessão, devido à existência de grande parte de receitas extra-rurais.
De maneira geral, observou-se um grande percentual de propriedades rurais que não
possuem assistência técnica, sendo mais expressivo nas propriedades de 51 a 100 ha (75,0%),
seguido das de 101 a 200 ha (72,7%), maior que 300 ha (62,5%) e até 50 ha (61,9%). Por outro
lado, a assistência técnica é realizada principalmente em propriedades acima de 200 ha, mesmo
assim, não atinge 50% delas (Figura 9).
A falta de assistência técnica é um desafio para a produção leiteira da região Sudoeste
da Bahia, o que demonstra a necessidade de ampliação desse serviço com maior frequência
dentro das propriedades rurais. Observou-se nesta pesquisa que esse suporte técnico é dado por
profissionais que atuam principalmente em cooperativas, o qual é solicitado somente para
resolver problemas emergenciais, ou seja, não há preocupação com o planejamento e gestão da
atividade a médio e longo prazo. Para mudar esse quadro, o setor precisa passar por importantes
transformações, utilizando estratégias que visem impulsionar e melhorar o desenvolvimento da
atividade leiteira e o crescimento econômico da região.
Para a atividade leiteira dar certo, além de investimentos financeiros, é extremamente
fundamental que as propriedades tenham assistência técnica, sendo uma das premissas básicas
para a sustentabilidade dentro do sistema de produção de leite. Com o ritmo intenso da
atualização de informações no campo, o técnico com os seus conhecimentos tecnológicos, tanto
na área zootécnica como em gestão financeira e administrativa, poderá contribuir realmente com
o desenvolvimento na atividade agropecuária, visando transferir tecnologia para alcançar bons
resultados dentro da propriedade. Pensando assim, o governo deveria criar políticas públicas
que colocasse a assistência técnica como serviços essenciais para atender as pequenas e médias
propriedades rurais.
Figura 9-
Percentual de produtores que dispõe de assistência técnica na propriedade em função
da área (ha)
28
Com relação ao cooperativismo agropecuário, a participação dos produtores em
cooperativas e/ou associações agropecuárias e em sindicatos rurais deve ser analisado como um
ponto positivo para a consolidação da atividade. Estas instituições visam organizar e fortalecer o
grupo tanto social como economicamente, através delas, suas ações no setor resultam na
perspectiva de agregação de maiores valores para o leite vendido pelos produtores, como
também seus derivados, quando as cooperativas forem responsáveis pela industrialização do
leite.
Analisando o gráfico da Figura 10, nota-se em todos os estratos que a maioria dos
produtores fazem parte de uma ou mais dessas instituições, o estrato 201 a 300 ha foi o que se
mostrou mais organizado, destacando-se dos demais em termos percentuais, dos quais 86,7%
são associados/cooperados e 46,7% são sindicalizados em comparação com os demais estratos.
Esses resultados evidenciam a importância do espírito associativista e/ou cooperativista dos
produtores fundamentado no trabalho coletivo, pois o leite produzido nestas propriedades é
comercializado através das cooperativas de leite e laticínios, o que lhe confere poder de
negociação.
Figura 10-
Percentual de produtores de leite que são associados/cooperados e sindicalizados em
instituições rurais em função da área (ha)
Quanto ao sindicato, o mesmo tem o papel de expressar, representar, proteger e
defender os interesses de seus associados em seus objetivos comuns. É o segmento que facilita
os cursos de capacitação para o homem do campo, sendo a região Sudoeste da Bahia o principal
elo entre os produtores e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR.
29
4. CONCLUSÕES
A atividade leiteira contribui para a economia da região Sudoeste da Bahia com a
geração de renda e de empregos direto e indireto. No total, quarenta e três por cento das
propriedades pesquisadas possuem área de até 100 ha, e cinquenta e sete por cento de 101 até
1280 ha, caracterizando os proprietários como pequenos e médios produtores rurais. Nas
propriedades maiores que 100 ha, encontra-se o maior número de produtores com curso
superior, o que possibilita aos mesmos uma maior facilidade em administrar as suas
propriedades com eficiência, reduzindo gastos e incrementando a receita em comparação com
aqueles que possuem menor grau escolar.
Os produtores precisam se organizar melhor, investir em tecnologia, qualidade e em
assistência técnica.
30
5. REFERÊNCIAS
ALEIXO, S.S.; SOUZA, J.G.; FERRAUDO, A.S. Técnicas de análise multivariada na
determinação de grupos homogêneos de produtores de leite. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.36, n.6, p.2168-2175, 2007 (supl.).
DUQUE, C. A agricultura familiar, meio ambiente e desenvolvimento: ensaios e pesquisas
em sociologia rural. Universidade Federal da Paraíba. Editora Universitária, 2002.
FERREIRA, H.F.; PIRES, A.J.V.; MOTA, J.A. Produção leiteira na microrregião de Itapetinga,
Bahia: aspectos sócioeconômicos. Revista Eletrônica de Veterinária, v.6, n.7, p.1-14,
2005.
FERREIRA, M.A.; SILVA, F.M.; BISPO, S.V.; AZEVEDO, M. Estratégias na suplementação
de vacas leiteiras no semi-árido do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.322329, 2009. (supl. especial).
GERALEITE. http://br.groups.yahoo.com/group/GERALEITE/. Acesso em 20/02/2011.
LUIZ, A.J.B.; SILVEIRA, M.A. Diagnóstico rápido e dialogado em estudos de
desenvolvimento rural sustentável. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.1, p.83-91,
2000.
NASCIMENTO, E.P. Desafios do desenvolvimento regional sustentável: o caso do sudoeste da
Bahia. Universidade do Sudoeste da Bahia UESB. Brasília 1999, 92p.
NEY, M.G. HOFFMANN, R. Educação, concentração fundiária e desigualdade de rendimentos
no meio rural brasileiro. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.47, n.1, p.147-181,
2009.
NERO, L.A.; MATTOS, M.R.; BELOTI, V.; BARROS, M.A.F.; PINTO, J.P.A.N.;
ANDRADE, N.J.; SILVA, W.P.; FRANCO, B.D.G.M. Leite cru de quatro regiões leiteiras
brasileiras: Perspectivas de atendimento dos requisitos microbiológicos estabelecidos pela
Instrução Normativa 51. Ciência e tecnologia de Alimentos, v.25, n.1, p.191-195, 2005.
NEVES, A.L.A.; PEREIRA, L.G.R.; SANTOS, R.D.; ARAÚJO, G.G.L.; CARNEIRO, A. V.;
MORAES, S.A.; SPANIOL, C.M.O.; ARAGÃO, A.S.L. Caracterização dos produtores e dos
sistemas de produção de leite no perímetro irrigado de Petrolina/PE. Revista Brasileira de
Saúde e Produção Animal, v.12, n.1, p.209-223, 2011.
RIBEIRO, A.B; TINOCO, A.F.F; LIMA; G.F.C; GUILHERMINO; M.M; RANGEL; A.H.N.
Produção e composição do leite de vacas Gir e Guzerá nas diferentes ordens de parto.
Revista Caatinga, v.22, n.3, p.46-51, 2009.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA – SEI.
Informações municipais. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em:
10/11/2010.
31
CAPÍTULO II
FONTES HÍDRICAS E MANEJO ALIMENTAR NAS PROPRIEDADES LEITEIRAS
NO SUDOESTE DA BAHIA
RESUMO
Objetivou-se com este trabalho identificar o manejo realizado nos pastos e as fontes
hídricas de algumas propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia. A metodologia
utilizada neste trabalho é composta pela aplicação de um questionário contendo questões
fechadas, utilizando uma amostra de 94 produtores que fornecem leite para cooperativas ou
laticínios da região. As propriedades foram estratificadas de acordo com o tamanho, ficando
assim distribuídas: com até 50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e propriedades
maiores de 300 ha. De acordo com os resultados, o suprimento hídrico nas fazendas é feito em
sua grande maioria por açudes com água captada através das chuvas. Verificou-se que, em
73,6% das propriedades, nunca fizeram análise do solo na área destinada aos pastos. Para o
manejo alimentar dos animais, além dos pastos, também é fornecido a cana-de-açúcar e
silagens, e como fonte alternativa no período seco, a palma forrageira, que é resistente à seca. O
gênero Brachiaria predomina na formação dos pastos, devido à sua adaptabilidade às condições
climáticas da região.
Palavras-chave: água, sistema de produção, solo
32
CHAPTER II
WATER SOURCES AND FEEDING MANAGEMENT ON FARMS PRODUCING MILK
IN THE SOUTHWEST OF BAHIA
ABSTRACT
The objective of this study was identify the management carried out in pastures and
water sources of some properties in dairy cattle in the southwest region of Bahia. The proposed
methodology is composed by applying a questionnaire with closed questions, using a sample of
94 producers that provide milk for dairy cooperatives and dairy the region. The farm were
stratified according to the size, being distributed as follows: up to 50 ha, 51-100 ha, 101-200 ha,
201-300 ha and larger than about 300 ha. According to the results, the water supply on the farms
is done mostly by dams with water captured by the rains. It was found that 73.6% of the
properties made never soil analysis in the area allocated to pastures. For the feeding
management of animals is provided pastures, sugar cane and silage. As an alternative source in
the dry season, the cactus, which is resistant to drought. The predominantly Brachiaria pastures
in training due to its adaptability to climatic conditions in the region.
Keywords: production systems, soil, water
33
1- INTRODUÇÃO
O desenvolvimento rural da região Sudoeste da Bahia vem se destacando através da
agropecuária, principalmente, com a pecuária leiteira destinada à produção de leite e seus
derivados, sendo uma atividade econômica geradora de emprego e renda para os produtores
rurais. Entretanto, esse setor enfrenta alguns entraves como a estacionalidade de produção de
forragem, característica comum dos pastos, o que talvez seja uma das maiores limitações à
manutenção da uniformidade da produção ao longo do ano. Essa sazonalidade é caracterizada
por marcante redução na produção de forragem e, consequentemente, na produção animal
durante o período seco do ano. Algumas alternativas como a adubação e o manejo corretos dos
pastos têm proporcionado sensíveis melhorias nos índices de produtividade (EUCLIDES et al.,
2009). Segundo Gomes et al. (2002), as pastagens são consideradas a forma mais econômica e
prática de alimentação de bovinos, tornando-se, portanto, prioridade o aumento da utilização das
forragens via otimização do consumo e da disponibilidade de seus nutrientes.
Nessa ótica, a baixa fertilidade natural dos solos e o manejo inadequado dos pastos são,
seguramente, os principais fatores que interferem na produtividade e na qualidade dos pastos.
Há necessidade de se compreender os vários fatores que influenciam na produção de forragens,
dentre os quais se destacam o conhecimento dos fatores nutricionais, que são limitantes para o
desenvolvimento das plantas, e o conhecimento da fisiologia de gramíneas forrageiras tropicais
promissoras, que apresentam características desejáveis para o fornecimento dos nutrientes
essenciais aos animais para a geração de produtos de qualidade como o leite.
A água é um recurso natural de fundamental importância nas propriedades leiteiras para
o consumo humano e dos animais, pois oferece condições favoráveis ao bom desenvolvimento
dos pastos, para a produção do leite e também na eficiência da limpeza e higienização dos
equipamentos e utensílios de ordenha. Porém, pode se constituir em fonte potencial de
contaminação, quando não devidamente tratada (AMARAL et al., 2004; ARAÚJO et al., 2009).
Objetivou-se com este trabalho diagnosticar o manejo realizado nos pastos e as fontes
hídricas de algumas propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia.
34
2- MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na região econômica do sudoeste da Bahia, Brasil, no período de
fevereiro a dezembro de 2010. De acordo com a SEI – Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia, essa região é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra
do Choça, Belo Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales,
Caraíbas, Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga,
Itaquara, Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal,
Macarani, Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto,
Poções, Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista, e está
localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude
Oeste, sendo uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI - BA.
Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento
na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizou-se viagens
a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de produção e tipo
de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma população referencial
representada pelos produtores de leite dos municípios da região, cadastrados no programa
Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia
(FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação, técnicos de campo, coordenadores de
agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência Gerencial e Tecnológica- AGETEC –
LEITE (Geraleite, 2011).
Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais
para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até
50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.
Primeiramente, foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o
intuito da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de
correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após
aplicação dos questionários-teste, realizou-se as devidas correções e procedeu-se às indagações
por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas respectivas
propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas de leite”, a
35
fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos e
reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.
Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores
da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,
escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).
Os dados foram coletados através da aplicação de questionários elaborados com
perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade de
algumas perguntas terem múltiplas respostas, sendo repassado aos entrevistados que poderiam
optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de muitas
respostas, o produtor poderia escolher dentro das opções uma alternativa aberta, além de ser
ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira.
Os questionamentos abordados foram relacionados aos temas: Fontes hídricas
(abastecimento e fontes), energia elétrica, manejo dos pastos (gramínea, adubação, irrigação,
métodos de pastejo), estratégia alimentar (período das águas/seco e suplementação mineral),
manejo do solo (análise, adubação e correção).
Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu-se uma
planilha com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em
que os produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas foram
colocadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,
procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e
sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma
compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem
descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;
FERREIRA et al., 2005).
36
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se visualmente que a água utilizada nas fazendas em estudo não são tratadas
podendo estar contaminadas com microorganismos, principalmente com bactérias do grupo
Coliformes fecais. Verificou-se que o suprimento hídrico nas fazendas é feito em sua grande
maioria pelos açudes, seguido de poço comum, minas, cisternas e de poucos rios que
contribuem para o abastecimento, podendo a qualidade da água está comprometida, sendo
provocada pelo desrespeito do homem à natureza, sem nenhuma preocupação em criar
estratégias de prevenção (Figura 1). Lacerda et al. (2009), estudando a qualidade microbiológica
da água utilizada em fazendas leiteiras para limpeza das tetas de vacas e equipamentos leiteiros
em três municípios do estado do maranhão, constataram que os proprietários que participaram
do estudo ainda acreditam que a água de poço e açude é de boa qualidade e, desta forma, existe
um descaso em relação à adoção de medidas de prevenção da qualidade da água consumida. É
inquestionável a importância da água na produção animal, pois a falta dela dentro da atividade
leiteira acarreta prejuízos econômicos para o sistema de produção, uma vez que é indispensável
para suprir as necessidades de consumo do homem e dos animais, para a limpeza e desinfecção
dos utensílios e higienização das instalações, principalmente nas salas de ordenha que devem ter
água de boa qualidade (potável) para a higiene dos animais, antes e após a ordenha, bem como
dos ordenhadores. Segundo Lacerda et al. (2009), a água utilizada no processo de obtenção do
leite pode representar um risco em potencial tanto para o estado sanitário da glândula mamária
como para a qualidade microbiológica do leite, quando não atende aos padrões de potabilidades
para consumo humano.
Figura 1 -
Percentual de abastecimento de água, de acordo com a área da propriedade (ha)
37
Foi observado que, em todos os estratos das propriedades leiteiras por tamanho (ha), as
fontes hídricas para o abastecimento são oriundas dos recursos de águas naturais disponíveis em
cada estrato (Figura 2). Notou-se que propriedades com até 50 ha são as que mais sofrem devido
à falta de recursos hídricos, quando comparadas com as demais, uma vez que não dispõem de
cursos d’água, apresentam o menor percentual (14,3%) de nascentes e o maior percentual de
fontes hídricas através da chuva (57,1%) que reabastece os açudes, os quais se apresentaram em
maior número nessas propriedades, dependendo, dessa forma, tão somente das condições
climáticas para sustentar a produção leiteira. Esse resultado é, de certa forma, preocupante, pois,
provavelmente, esses dados estão associados às derrubadas e queimadas nas áreas florestais,
pelo motivo dos produtores avançarem e explorarem também as que deveriam ser para reserva.
Do ponto de vista ambientalista, um dos maiores desafios é a preservação das matas
ciliares, que protegem os arredores das nascentes e encostas dos cursos de água, principalmente
no que se refere à delimitação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e recuperação das
Reservas Legais (RL). Entretanto, os proprietários rurais, quando conscientizados, ficam
responsáveis pela preservação e recuperação das referidas áreas, visando assegurar a
conservação dos recursos hídricos.
Figura 2 -
Percentual de fontes de recursos hídricos, de acordo com a área da propriedade (ha)
Um fator positivo é o fato de que das propriedades estudadas, apenas 9,1%, não
possuem energia elétrica. Nos estratos, verificou-se maior percentual para o não uso de energia
elétrica nas propriedades menores de 100 hectares (Figura 3). Em toda propriedade rural há
necessidade do consumo de energia elétrica, requisito básico para iluminação, uso das
38
máquinas, motores, eletrodomésticos, equipamentos de informática, cercas elétricas, irrigação, e
principalmente, nas que exercem a atividade leiteira para o uso no processo de ordenha
mecanizada, duchas para limpeza e sistema de refrigeração para conservação do leite.
Notou-se que em todas as propriedades maiores de 300 ha utilizam energia elétrica,
sendo este um dos pontos fundamentais para o desenvolvimento de um programa de melhoria
da qualidade do leite e da alimentação do rebanho. O fornecimento de energia elétrica é feita de
forma monofásica, bifásica e trifásica. Em todas as propriedades rurais, há maior preferência em
usar transformador trifásico, devido à necessidade de utilizar mais equipamentos e consumir
mais energia elétrica no seu sistema de produção.
Figura 3 -
Percentual de distribuição de energia elétrica nas propriedades leiteiras em função da
área (ha)
Com relação ao manejo do solo, verificou-se um percentual de 73,6% para produtores
que nunca fizeram análise de solo na área destinada aos pastos e 95,6% do total de entrevistados
não fazem calagem. De maneira geral, os produtores não estão preocupados com a fertilidade do
solo (Figura 4), pois poucos fazem análise química do solo, que é um dos requisitos básicos
para a correta recomendação de adubação do solo, já que a calagem e a adubação melhoram a
fertilidade do solo, promovendo maior vigor do pasto.
39
Figura 4 -
Percentual das propriedades leiteiras que realizam análise e correção do solo
Dentre as propriedades que realizaram adubação nos pastos, percebeu-se que a
preferência foi a adubação orgânica (Figura 5), a qual é realizada utilizando-se o esterco
encontrado nos currais. A utilização de esterco é uma alternativa amplamente adotada para o
suprimento de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, em áreas de agricultura familiar
na região semiárida e agreste do nordeste do Brasil (MENEZES & SALCEDO, 2007), e o uso
de fertilizantes inorgânicos é pouco frequente, devido ao limitado poder aquisitivo dos
produtores rurais (GALVÃO et al., 2008).
Figura 5 -
Percentual das propriedades leiteiras que realizam adubação
A forragem representa a forma mais prática e econômica para a alimentação de bovinos
e desempenha papel fundamental nos sistemas de produção (SOUZA et al., 2005). Entretanto, a
40
sazonalidade das forrageiras tropicais compromete o desempenho regular dos animais, devido à
disponibilidade de forragem ser desuniforme durante o ano, apresentando um período de
produção abundante (verão úmido) e outro de escassez (inverno seco). Nesse sentido, para
minimizar os efeitos deste desequilíbrio, e, consequentemente, dos baixos índices de
produtividade da pecuária, há necessidade de se buscar alternativas de práticas adequadas de
manejo para corrigir os efeitos da estacionalidade de produção das gramíneas forrageiras, ou
pelo menos para amenizá-los durante o período crítico, uma vez que, no déficit hídrico, o
homem pode interferir.
Dentre as opções, destaca-se a irrigação, sendo uma estratégia importante para o
aumento da disponibilidade de pasto por hectare, fazendo com que o animal atenda suas
exigências de mantença e expresse suas potencialidades, ajustando a capacidade de suporte. A
produção de leite a pasto depende do manejo adotado, sabendo-se que, em condições de
irrigação no período da seca, espera-se maior produção de forragem em comparação aos pastos
sem irrigação. Neste estudo, observou-se que a maioria dos entrevistados, 84%, não utiliza
sistema de irrigação nos pastos em suas propriedades e apenas 16% são beneficiadas com esse
sistema (Figura 6).
Figura 6 -
Percentual das propriedades leiteiras que dispõe de sistema de irrigação e métodos de
pastejo
Além disso, os métodos de pastejo empregados também podem influenciar na dinâmica
de produção e uso da forragem. Nessa ótica, a produção de biomassa de forragem é o principal
fator que define a capacidade de suporte dos pastos, sendo relevante o conhecimento de seus
componentes para se compreender como as estratégias de manejo os influenciam. A produção
forrageira é influenciada por fatores extrínsecos, como radiação, temperatura, umidade do solo e
outros, e intrínsecos ao dossel, destacando-se a eficiência de captação e utilização dos recursos
disponíveis, conforme Alexandrino et al. (2005). Baseando-se nesses conhecimentos, o produtor
41
tem condição de escolher, de acordo com a realidade de sua propriedade, o método de pastejo
para manusear os animais no pasto. Com os resultados obtidos nesta pesquisa, verificou-se que
67% dos produtores de leite da região estudada dão preferência para o pastejo com lotação
rotacionada (Figura 6), sendo caracterizado pela mudança periódica e frequente dos animais de
um piquete para outro, dentro do mesmo tipo de pasto. Já o outro grupo (33%) dá preferência
para o pastejo com lotação contínua caracterizado pela utilização do pasto sem descanso, onde
as vacas leiteiras permanecem no mesmo pasto durante todo o ano, com um número fixo ou
variável, a depender da massa de forragem disponível (Figura 6).
Segundo Blaser (1994), com favoráveis condições climáticas, dependendo da
morfologia e fisiologia das plantas, os rendimentos das forrageiras e os produtos animais por
hectare podem ser substancialmente mais altos no pastejo sob lotação rotacionada do que na
contínua. Entretanto, independente dos sistemas de pastejo utilizados, deve-se lembrar que a
disponibilidade do pasto é uma ferramenta de manejo do pastejo obtida pelo controle da lotação.
Para que a lotação rotacionada resulte em aumento da produção animal e, consequentemente, se
obtenha maior lucro, é necessário que haja aumentos na produção ou na qualidade dos pastos,
aumento no consumo animal, maior persistência das espécies forrageiras ou um melhor controle
de parasitas no animal (GARDNER & ALVIM, 1985).
Observou-se que as propriedades do Sudoeste da Bahia utilizam o pasto, para o rebanho
leiteiro, como sistema de alimentação predominante durante todo o ano, pelo fato de ser o mais
barato em relação aos concentrados, já que os gastos adquiridos com a alimentação dos animais
para produzir o leite não são compensados pelo valor pago por cada litro de leite. Porém, no
Brasil, a política de pagamento diferenciado pela qualidade do leite ainda é baixa, havendo
padrões mínimos a serem atendidos tanto em relação à composição, quanto aos aspectos de
sanidade que, caso não sejam atendidos, ocasionam penalizações no valor pago ao produtor.
Contudo, alguns laticínios, interessados na aquisição de matéria-prima de melhor padrão, em
grande parte, para atender a produção de derivados de alta qualidade para abastecer grandes
centros consumidores, já realizam algum tipo de pagamento diferenciado pelo teor de gordura,
proteína e/ou sólidos totais (CARDOSO et al., 2004).
Observou-se a predominância (53,8%) do gênero Brachiaria na formação dos pastos
para alimentação dos animais, nas propriedades leiteiras do Sudoeste da Bahia, seguido pelo
capim bufell (23,9%) e Panicum (22,3%) (Figura 7). Essa preferência pode estar associada à sua
adaptabilidade, às condições tropicais, palatabilidade e tolerância ao pisoteio. A menor
percentagem de panicum na região pode estar relacionada com o maior cuidado de manejo, que
deve favorecer o controle (ou impedir) do florescimento, reduzindo o alongamento do colmo e,
consequentemente, aumentando o valor nutritivo da forragem ofertada aos animais durante o
período de florescimento, no qual o alongamento de colmo é acelerado. Entretanto, parcela
significativa dos sistemas de produção pecuário no Brasil é baseada no uso de pastagens de
42
Brachiaria decumbens sob lotação contínua, sendo desejável que a maior parte da forragem
consumida pelo animal seja composta por lâminas foliares (SANTOS et al., 2011).
Nas regiões semiáridas, principalmente no nordeste do Brasil, a gramínea que mais tem
se adaptado é o capim buffel, por ser bastante tolerante à seca (MOREIRA et al., 2006;
FERREIRA et al., 2009; SANTANA et al., 2011). Em experimento realizado por Moreira et al.
(2007), que avaliaram a composição botânica, disponibilidade e qualidade da forragem e da
dieta de animais fistulados alimentados em pasto de capim buffel, diferido na época seca no
semiárido, os autores verificaram que o pasto de capim buffel diferido apresentou alta
quantidade de forragem à época seca, em termos de disponibilidade de forragem e composição
da dieta dos animais, porém, notou-se que a grande limitação do pasto de capim buffel diferido
está relacionada aos valores do teor de PB e da digestibilidade do material que decresce
consideravelmente.
O gênero Panicum também merece a atenção dos produtores nesta região,
principalmente quando nutrido com fósforo e nitrogênio, fator crítico que limita a produção
forrageira. Patês et al. (2007) trabalharam na região Sudoeste da Bahia com o capim-tanzânia
submetido a doses de fósforo e nitrogênio e verificaram que à medida que se incrementaram as
doses de P2O5 em combinação da dose 100 kg de N, obtiveram respostas significativas de 2,25;
6,50; 9,25 e 9,82 perfilhos por planta, para os respectivos tratamentos de 0, 50, 100 e 150 kg de
P2O5/ha. Entretanto, observou-se que, com a ausência de nitrogênio, houve limitação do
perfilhamento das plantas, apresentando, em média, apenas 1,68 perfilhos/planta. Segundo
Palhano et al. (2007), o consumo diário de forragem é o aspecto central para maior compreensão
do comportamento dos animais em pastejo, diretamente influenciado por fatores relacionados à
planta forrageira e ao animal.
Figura 7 -
Percentual de gramínea forrageira predominante nas propriedades leiteiras
43
No que se refere à reserva estratégica para o manejo alimentar no período das águas,
verificou-se que os produtores, além dos pastos, também fornecem a cana-de-açúcar para os
animais, devido a sua elevada produtividade, o que viabiliza economicamente a atividade
leiteira. Constatou-se que para o fornecimento de cana-de-açúcar na região Sudoeste da Bahia,
as propriedades maiores de 300 (ha) são as que mais utilizam essa fonte de reserva alimentar
(Figura 8).
Figura 8-
Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período das águas
As formas de estratégias de alimentação para o período da seca, na região estudada, é
através da utilização de forragem do pasto, do fornecimento da cana-de-açúcar e de silagens e,
como fonte alternativa, surge a palma forrageira, que é resistente à seca, com um bom potencial
energético e elevado teor de umidade, além de suprir parte das necessidades de água dos
animais (Figura 9). Nas propriedades entrevistadas, verificou-se que a mesma é fornecida para o
gado leiteiro picada diretamente no cocho. Entretanto, deve-se atentar para a quantidade
fornecida pelo fato de ser rica em carboidratos não-fibrosos (importante fonte de energia para os
ruminantes), porém, o excesso do mesmo pode diminuir o pH e causar distúrbios ruminais,
devendo, assim, fornecer com fontes alternativas de fibra e proteína. Segundo Ferreira et al.
(2009), embora seja uma excelente fonte de carboidratos não-fibrosos a palma forrageira
apresenta baixos teores de matéria seca, fibra em detergente neutro (FDN) e o teor de proteína
bruta é insuficiente para o adequado desempenho animal. Assim, esses autores desenvolveram
uma pesquisa no intuito de fazer a correção da FDN, na qual a palma forrageira foi associada
com diferentes volumosos: silagem de sorgo; bagaço de cana; feno de capim Tifton; feno de
capim-elefante; silagem de girassol e feno de guandu, em dietas para bovinos leiteiros, e não
foram observados diarréia, perda de peso, alterações no consumo de matéria seca ou queda no
teor de gordura no leite.
44
Figura 9 -
Estratégia alimentar em percentagem utilizada no período da seca
Quanto à suplementação mineral, observou-se que em todos os estratos os produtores se
preocupam em disponibilizar sal mineral para os animais, utilizando uma mistura mineral
comercial ou fornecendo apenas cloreto de sódio; houve destaque para o estrato 201 a 300 ha
em que 100% das propriedades leiteiras fazem uso dessa prática, ao contrário do estrato 51 a
100 ha em que 20% das propriedades não fazem (Figura 10). Segundo Peixoto et al. (2005),
sempre que os animais estiverem recebendo dietas com quantidade insuficiente de minerais ou
rações desequilibradas que resultem na carência de um ou mais elementos, há que se corrigi-las
para que os mesmos possam desenvolver seu potencial genético, além de manterem-se
saudáveis. Como as misturas minerais são insumos caros, alguns proprietários diluem essas
misturas com o sal comum, o que obviamente reduz a concentração dos outros minerais nesse
preparado. Neste caso, dependendo da diluição, mesmo que os teores dos minerais na mistura
original sejam adequados, em algumas situações haverá necessidade de corrigir elementos
deficitários.
45
Figura 10 -
Percentual das propriedades leiteiras que realizam suplementação mineral para os
animais
46
4 - CONCLUSÕES
Existe heterogeneidade entre os produtores de leite desta região, sendo que poucos
investem em tecnologias para melhorar o manejo da pastagem. Nas propriedades predominam o
sistema de alimentação a pasto, pelo fato de ser o mais barato com relação aos concentrados. A
realização de analise dos solos e de adubações nos pastos ainda é uma prática pouco usada pelos
pecuaristas da região Sudoeste da Bahia.
O estrato de até 50 hectares é o menos favorecido com recursos hídricos por meio de
fontes naturais, quando comparado com os demais, pois não dispõe de cursos d’água, apresenta
o menor percentual de nascentes e o maior percentual de captação de água através da chuva,
dependendo em sua maioria das condições climáticas para sustentar a produção leiteira.
47
5- REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, E.; GOMIDE, J.A; GOMIDE, C.A.M. Crescimento e desenvolvimento do
dossel de Panicum maximum cv. Mombaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6,
p.2164-2173, 2005.
AMARAL, L. A.; ROMANO, A.P.M.; NADER FILHO, A.; ROSSI JR, O.D. Qualidade da
água em propriedades leiteiras como fator de risco à qualidade do leite e à saúde da glândula
mamária. Arquivo do Instituto de Biologia. v.71, n.4, p.417-421, 2004.
ARAÚJO, M.M.P.; ALVES, P.D.D.; BARBOSA, F.H.F.; ROSA, C.A. Qualidade higiênicosanitária do leite e da água de algumas propriedades da bacia leiteira do município de Luz –
MG. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.9, n.2, p.154-171, 2009.
BLASER, R.E. Manejo do complexo pastagem-animal para avaliação de plantas e
desenvolvimento de sistemas de produção de forragens. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA,
J.C.; FARIA, V. (ed.). Pastagens: Fundamentos da Exploração Racional. Piracicaba:
FEALQ, 1994, p.279-336.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA – SEI.
Informações municipais. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em:
10/11/2010.
CARDOSO, V.L.; NOGUEIRA, J.R.; VERCESI FILHO, A.E.; EL FARO, L.; LIMA, N.C.
Objetivos de seleção e valores econômicos de características de importância econômica para
um sistema de produção de leite a pasto na região sudeste. Revista Brasileira de
Zootecnia,v.33, n.2, p.320-327, 2004.
EUCLIDES, V.P.B.; RAFFI, A.S.; COSTA, F.P.; EUCLIDES FILHO, K.; FIGUEIREDO, G.R.;
COSTA, J.A.R. Eficiências biológica e econômica de bovinos em terminação alimentados
com dieta suplementar em pastagem de capim-marandu. Pesquisa Agropecuária
Brasieira, v.44, n.11, p.1536-1544, 2009.
FERREIRA, H.F.; PIRES, A.J.V.; MOTA, J.A. Produção leiteira na microrregião de Itapetinga,
Bahia: aspectos sócioeconômicos. Revista Eletrônica de Veterinária, v.6, n.7, p.1-14,
2005.
FERREIRA, M.A.; SILVA, F.M.; BISPO, S.V.; AZEVEDO, M. Estratégias na suplementação
de vacas leiteiras no semiárido do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.322-329,
2009. (supl. especial).
GALVÃO, S.R.S.; SALCEDO, I.H.; OLIVEIRA, F.F. Acumulação de nutrientes em solos
arenosos adubados com esterco bovino. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.1, p.99105, 2008.
GARDNER, A.L.; ALVIM, M.J. Manejo de pastagem. Documento 19, EMBRAPA, Coronel
Pacheco, 1985. 54 p.
GERALEITE. http://br.groups.yahoo.com/group/GERALEITE/. Acesso em 20/02/2011.
GOMES JR, P.; PAULINO, M.F.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S.C.;
ZERVOUDAKIS, J.T.; LANA, R.P. Desempenho de novilhos mestiços na fase de
crescimento suplementados durante a época seca. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31,
n.1, p.139-147, 2002.
48
LACERDA, L.M,; MOTA, R.A,; SENA, M.J. Qualidade microbiológica da água utilizada em
fazendas leiteiras para limpeza das tetas de vacas e equipamentos leiteiros em três
municípios do estado do maranhão. Arquivos do Instituto Biológico, v.76, n.4, p.569-575,
2009.
LUIZ, A.J.B.; SILVEIRA, M.A. Diagnóstico rápido e dialogado em estudos de
desenvolvimento rural sustentável. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.1, p.83-91,
2000.
MENEZES, R.S.C.; SALCEDO. I.H. Mineralização de N após incorporação de adubos
orgânicos em um Neossolo Regolítico cultivado com milho. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v.11, n.4, p.361-367, 2007.
MOREIRA, J.N.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F.; FERREIRA, M.A.; ARAÚJO, G.G.L.;
FERREIRA, R.L.C.; SILVA, G.C. Caracterização da vegetação de Caatinga e da dieta de
novilhos no Sertão de Pernambuco. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.11, p.16431651, 2006.
MOREIRA, J.N.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F.; ARAÚJO, G.G.L.; SILVA, G.C. Potencial
de produção de capim buffel na época seca no semi-árido Pernambucano. Revista Caatinga,
v.20, n.3, p.22-29, 2007.
PALHANO, A.L.; CARVALHO, P.C.F.; DITTRICH, J.R.; MORAES, A.; SILVA, S.C.;
MONTEIRO, A.L.G.; Características do processo de ingestão de forragem por novilhas
holandesas em pastagens de capim-mombaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4,
p.1014-1021, 2007.
PATÊS, N.M.S.; PIRES, A.J.V.; SILVA, C.C.F.S,; SANTOS, L.C.; CARVALHO, G.G.P.;
FREIRE, M.A.L. Características morfogênicas e estruturais do capim-tanzânia submetido a
doses de fósforo e nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.1736-1741,
2007.
PEIXOTO, P.V.; MALAFAIA, P.; BARBOSA, J.D.; TOKARNIA, C.H. Princípios de
suplementação mineral em ruminantes. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.25, n.3, p.195200, 2005.
SANTANA, D.F.Y.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F; FERREIRA, M.A; SILVA, M.J.A.;
MARQUES, K.A.; MELLO, A.C.L.; SANTOS, D.C. Caracterização da caatinga e da dieta
de novilhos fistulados, na época chuvosa, no semiárido de Pernambuco. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.40. n.1, p.69-78, 2011.
SANTOS, M.E.R.; FONSECA, D.M.; BRAZ, T.G.S.; SILVA, S.P.S.; GOMES, V.M.; SILVA,
G.P. Características morfogênicas e estruturais de perfilhos de capim-braquiária em locais do
pasto com alturas variáveis. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.3, p.535-542, 2011.
SOUZA, E.M.; ISEPON, O.J.; ALVES, J.B.; BASTOS, J.F.P.; LIMA, R.C. Efeitos da irrigação
e adubação nitrogenada sobre a massa de forragem de cultivares de Panicum maximum Jacq.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1146-1155, 2005.
49
CAPÍTULO III
ASPECTOS PRODUTIVOS E SANITÁRIOS DO REBANHO LEITEIRO NAS
PROPRIEDADES DO SUDOESTE DA BAHIA
RESUMO
Objetivou-se com este trabalho caracterizar a produção de leite e o manejo sanitário dos
animais de propriedades da bacia leiteira da região Sudoeste da Bahia. A metodologia proposta
neste trabalho é composta pela aplicação de um questionário contendo questões fechadas,
utilizando uma amostra de produtores participantes da pesquisa que fornecem leite para
cooperativas ou laticínios da região. Os produtores foram agrupados de acordo com o tamanho
da propriedade rural, ficando assim distribuídos: com até 50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201
a 300 ha e propriedades maiores de 300 ha. Os dados obtidos são importantes para conhecer e
comparar o perfil de fazendas leiteiras nessa região. 54,7% dos produtores não fazem anotações
zootécnicas e 64,9% não fazem anotações relacionadas à parte econômica. Dos entrevistados,
80,7% praticam nas propriedades uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia, a monta natural
não controlada foi o manejo reprodutivo mais utilizado. A média geral da produção de leite nas
fazendas foi de 1125 litros de leite/vaca/ano e 3,1 litros/vaca/dia. Essa baixa produtividade é
devido, principalmente, à deficiência tecnológica e à falta de assistência técnica nas fazendas.
Palavras-chave: bovino, pasto, sistema de criação
50
CHAPTER III
ASPECTS OF PRODUCTION AND DAIRY HERD HEALTH OF DAIRY FARMS IN
SOUTHWESTERN OF BAHIA
ABSTRACT
The objective of this study was characterize the production of milk and sanitary
management of animals of farms of the milk basin of the economic region of the southwest of
Bahia. The proposed methodology is composed by applying a questionnaire with closed
questions, using a sample of 94 producers participating in the research that provide milk for
dairy cooperatives and dairy the region. The producers were grouped according to the size of the
estate, being distributed as follows: up to 50 ha, 51-100 ha, 101-200 ha, 201-300 ha and larger
than about 300 ha. The results obtained are important to know and to compare the profile of
dairy farms in this region, 54.7% of producers did not take notes husbandry and 64.9% did not
take notes related to the economics. Of respondents 80.7% make in a milking and 19.3% two
milkings per day in properties, the natural mount uncontrolled was the reproductive
management more used. The average milk production on farms was 1125 liters of milk
/cow/year and 3.1 liters/cow/day. This low productivity is due mainly to technological
deficiency and lack of technical assistance in farms.
Keywords: breeding system; cattle, pasture
51
1- INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira na região Sudoeste da Bahia é uma das atividades predominantes das
pequenas e médias propriedades rurais, em sua maioria, os pastos constituem-se na principal
fonte de alimento para o rebanho, especialmente compostos de gramíneas tropicais. A produção
de leite a pasto busca reduzir custos de produção em relação ao uso de concentrados. Nessa
ótica, devem-se adotar estratégias de manejo do pastejo dos animais de acordo com os pastos
em cada época do ano.
O aumento da produtividade leiteira é de grande interesse de produtores, técnicos e
pesquisadores e está na dependência de fatores genéticos, sanitários, ambientais, nutricionais e
suas interações (TEIXEIRA et al., 2010). Dessa forma, a baixa produtividade dos rebanhos deve
estar associada à qualidade genética dos animais e à alimentação, além do nível tecnológico
aplicado pelos pecuaristas nas unidades produtivas.
O estado da Bahia possui o terceiro maior rebanho de gado leiteiro do Brasil, mas ocupa
a 23ª posição em produtividade por vaca ordenhada, produz 950 milhões de litros de leite/ano, e
consome 1,6 bilhões de litros, registrando uma defasagem entre a oferta e demanda de 650
milhões de litros. Eliminar esse déficit é o grande desafio da pecuária leiteira baiana (Seagri,
2010). Neste contexto, objetivando reverter esta situação, é necessário desenvolver um
diagnóstico para identificar os sistemas reais de produção de leite em cada região dentro do
estado da Bahia.
Oliveira et al. (2007) desenvolveram um trabalho sobre os sistemas de produção de leite
no extremo sul da Bahia e verificaram que os indicadores-referência, obtidos para a região,
diferem dos índices globais divulgados pelo setor, o que indica a necessidade de estudos
regionalizados para caracterizar os sistemas de produção de leite, identificando e quantificando
periodicamente os índices, considerando o caráter dinâmico inerente ao ambiente de produção e
a elevada diversidade sócio-econômica, cultural e edafo-climática.
Objetivou-se com este trabalho traçar um diagnóstico da atividade leiteira na região
Sudoeste da Bahia, abordando os diversos aspectos que envolvem a produção primária,
destacando a tecnologia empregada na produção de leite e a condição sanitária dos animais.
52
2- MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na região econômica do sudoeste da Bahia, Brasil, no período de
fevereiro a dezembro de 2010. De acordo com a SEI – Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia, a mesma é composta por 39 municípios, sendo: Anagé, Barra
do Choça, Belo Campo, Boa Nova, Bom Jesus da Serra, Caatiba, Caetanos, Cândido Sales,
Caraíbas, Cravolândia, Encruzilhada, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Irajuba, Itambé, Itapetinga,
Itaquara, Itarantim, Itiruçu, Itororó, Jaguaquara, Jequié, Lafaiete Coutinho, Lajedo do Tabocal,
Macarani, Maiquinique, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Nova Canaã, Planaltino, Planalto,
Poções, Potiraguá, Ribeirão do Largo, Santa Inês, Tremedal e Vitória da Conquista. Está
localizada entre as coordenadas 13º 02’ a 16° 00’ de Latitude Sul e 39° a 41°49’ de Longitude
Oeste, é uma das 15 regiões econômicas do estado da Bahia proposta pela Superintendência de
Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI - BA.
Foram realizados contatos com os laticínios e cooperativas de leite em funcionamento
na região em estudo, visando escolher o público alvo da pesquisa. A seguir, realizou-se viagens
a campo para o reconhecimento da região, identificação do uso dos sistemas de produção e tipo
de exploração do sistema leiteiro. O estudo foi realizado a partir de uma população referencial
representada pelos produtores de leite dos municípios da região, cadastrados no programa
Geraleite. O projeto Geraleite é promovido pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia
(FAEB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micros e Pequenas Empresas -SEBRAE e pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), o grupo é formado pela coordenação, técnicos de campo, coordenadores de
agroindústrias e parceiros do Projeto de Assistência Gerencial e Tecnológica- AGETEC –
LEITE (Geraleite, 2011).
Antes de constituir a amostra, foi realizado um agrupamento das propriedades rurais
para reconhecimento de sua distribuição quanto ao tamanho, estabelecendo-se cinco estratos: até
50 ha; 51 a 100 ha; 101 a 200 ha; 201 a 300 ha e maior de 300 ha.
Primeiramente foram elaboradas questões para serem abordadas de acordo com o intuito
da pesquisa. Posteriormente, aplicaram-se 10 questionários para servirem como base de
correção das perguntas constante nos mesmo, servindo, assim, como pré-teste da pesquisa. Após
aplicação dos questionários-teste, realizou-se as devidas correções e procedeu-se às indagações
por meio de entrevistas realizadas diretamente com os produtores de leite nas suas respectivas
propriedades, procurando visitar as propriedades localizadas em grupos por “linhas de leite”, a
fim de promover maior facilidade de acesso às mesmas, agilizando os procedimentos e
reduzindo tempo para a coleta dos dados junto aos produtores.
53
Foram aplicados 94 questionários, que corresponderam a 66,2% do total de produtores
da região, cadastrados no Geraleite, que fornecem leite para os laticínios e cooperativas,
escolhidos aleatoriamente para participarem da pesquisa (conforme formulário em anexo).
Os dados foram coletados através da aplicação de questionários elaborados com
perguntas objetivas, redigidas em linguagem acessível ao produtor rural, com a possibilidade
em algumas perguntas terem mais de uma resposta, sendo repassado aos entrevistados que
poderiam optar por mais de uma alternativa de resposta. Nas perguntas com possibilidade de
muitas respostas, o produtor poderia escolher, dentro das opções, uma alternativa aberta, além
de ser ouvido atentamente nos seus desabafos com relação à atividade leiteira. Os
questionamentos foram abordados com perguntas relacionadas à tecnologia para obtenção e
produção de leite com foco em sanidade, ordenha higiênica, escrituração zootécnica/econômica
e infraestrutura da propriedade.
Com as informações obtidas com a aplicação do questionário, desenvolveu uma planilha
com as variáveis desejáveis para o estudo, visando atender aos objetivos propostos, em que os
produtores foram enumerados de 1 a 94 na primeira coluna e nas demais colunas foram
constadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos. Após a elaboração da planilha,
procedeu-se a análise dos dados pelo programa software Microsoft Excel for Windows e
sistematizados em gráficos e tabelas ou percentuais. Como forma de estabelecer uma
compreensão mais esclarecedora das informações colhidas, optou-se por uma abordagem
descritiva com análise voltada para este tipo de estatística (LUIZ & SILVEIRA, 2000;
FERREIRA et al., 2005).
54
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos com esta pesquisa realizada na região sudoeste da Bahia
revelaram uma agropecuária de caráter tradicional, onde os animais são de sangue zebuíno e sua
maioria é mestiça com aptidão leiteira, criados a pasto, por serem mais adaptados às
características da região; também foram encontrados alguns puros da raça Holandesa.
Na Tabela 1, observa-se que o sistema de ordenha adotado pela totalidade dos
entrevistados (93,4%) é realizado pela manhã, de forma manual, e 6,6% adotam o sistema de
ordenha mecânica. Nas propriedades leiteiras menores que 100 ha, não foi verificado esse
sistema de ordenha, essa característica reflete a realidade da produção de leite regional, podendo
ser explicado pelo baixo volume de produção, fazendo com que os mesmos não invistam nesse
tipo de equipamento; outra razão é o baixo custo pago à mão-de-obra do vaqueiro na região, o
que facilita manter a tradição da ordenha manual.
Quanto à frequência diária de ordenhas, 80,7% dos entrevistados praticavam nas
propriedades uma ordenha e 19,3% duas ordenhas por dia. O maior percentual da prática de
uma ordenha diária foi encontrado nas propriedades menores que 100 ha, também podendo ser
explicado pela baixa produtividade e baixo volume de produção, devido esses animais terem
uma baixa especialização para leite e pelo sistema extensivo que são criados, onde a qualidade
das forragens não conseguem suprir as suas necessidades nutricionais.
Tabela 1- Percentual de propriedades que utilizam ordenha manual ou mecânica e a
quantidade de ordenhas diárias, em função da área das propriedades (ha)
Tamanho
da
propriedade
Até 50 ha
Sistema de ordenha (%)
Manual
100,0
Mecânica
0,0
Quantidade de ordenhas diárias (%)
Uma
95,2
Duas
4,8
51 a 100 ha
100,0
0,0
95,0
5,0
101 a 200 ha
86,4
13,6
77,3
22,7
201 a 300 ha
86,7
13,3
73,3
26,7
Maior de 300 ha
93,8
6,2
62,5
37,5
Média
93,4
6,6
80,7
19,3
Verifica-se que o local onde é realizada a ordenha, em todas as propriedades,
predominam os currais, variando de 60% a 73,3%, seguido dos estábulos com variação de
13,3% a 38,1% (Figura 1). Provavelmente, esse modelo prevaleça pelo baixo custo das
instalações e pela falta de investimento em tecnologia na infraestrutura das propriedades.Quanto
55
à realização em sala de ordenha, houve uma menor participação (5,0% a 18,8%), sendo que os
maiores percentuais foram verificados nas propriedades maiores que 100 ha, porém, nesta
pesquisa não encontrou em propriedades menores que 50 hectares, constatando, assim, que o
pequeno produtor não dispõe de capital financeiro para melhorar a infraestrutura e a
produtividade.
Figura 1 -
Percentual do local onde é realizada a ordenha nas propriedades leiteiras, em função da área
das propriedades (ha)
O local da ordenha deve ser o mais higiênico possível, pois o manejo preventivo ajuda
na qualidade do leite. Segundo Zanela et al. (2006), o procedimento classificado como adequado
para ordenha deve proceder da seguinte maneira: sala limpa, antes da ordenha dos animais;
separação das vacas com mastite clínica ou subclínica crônica para ordenha posterior; condução
das vacas de forma calma; desinfecção dos tetos pré-ordenha; secagem dos tetos com toalha de
papel descartável e individual; realização do teste de caneca de fundo preto, diariamente, para
identificação de mastite clínica; realização do teste de CMT (California Mastitis Test),
mensalmente, para detecção de mastite subclínica; imersão das teteiras em solução desinfetante
entre a ordenha de um animal e outro; desinfecção dos tetos e alimentação dos animais depois
da ordenha, devendo ter cuidado com a água utilizada na lavagem de úbere, pois, quando
intensamente contaminadas por coliformes, pode ser responsabilizada por surtos de mastite por
esses microorganismos (AMARAL et al., 2004).
Quanto às formas de reprodução utilizada nas propriedades leiteiras da região,
verificou-se como principal a monta natural sem controle, prática informada por 65,2% dos
entrevistados, caracterizando-se como sistema tradicional de produção, utilizado por pequenos
56
produtores, como verificado na Tabela 2. Devido aos baixos investimentos em tecnologias de
manejo reprodutivo, nesse tipo de sistema, os animais são criados juntos com a presença
constante de touros, sem nenhum critério de seleção, dificultando o melhoramento genético no
rebanho.
Por outro lado, 15,7% dos produtores adotam a monta controlada e 19,1% dos
produtores utilizam inseminação artificial em suas propriedades. Essa tecnologia possibilita
melhorias na qualidade genética do rebanho. Cruzando esses resultados com os da Tabela 1,
ratifica-se que, com a adoção de manejo reprodutivo adequado, obtêm-se melhores resultados,
pois os maiores percentuais obtidos para duas ordenhas diárias foram encontrados nas
propriedades maiores de 100 hectares, bem como para o sistema de ordenha mecânica.
Tabela 2-
Tamanho
da
propriedade
Percentual do tipo de cobrição e critério para cobrir as novilhas nas
propriedades leiteiras, em função da área das propriedades (ha)
Tipo de cobrição (%)
Critério para cobrir as novilhas (%)
Inseminação
Natural
controlada
Até 50 ha
4,8
19,0
Natural
sem
controle
76,2
Idade
Peso
Idade
/peso
Sem
critério
14,3
4,8
23,8
57,1
51 a 100 ha
10,0
5,0
85,0
15,0
10,0
0,0
75,0
101 a 200 ha
22,7
9,1
68,2
13,6
13,6
9,1
63,6
201 a 300 ha
26,7
26,7
46,7
33,3
20,0
6,7
40,0
Maior de 300
31,3
18,8
50,0
18,8
50,0
6,3
25,0
19,1
15,7
65,2
17,7
21,0
9,2
52,1
ha
Média
Quando indagados se adotavam algum critério para cobrição das novilhas, 52,1% dos
entrevistados responderam não ter critérios, principalmente nos estratos menores que 200 ha.
Entretanto, 21% dos produtores utilizam um dos parâmetros recomendado que é o peso,
variando de acordo com a raça utilizada. O peso vivo para cobrição das novilhas varia de acordo
com a raça, sendo o mínimo de 340 kg para a raça Holandesa, 330 kg para a Pardo-Suíço, 230
kg para a Jersey, 320 kg para as mestiças Holandês x Zebu e 280 kg para as mestiças Jersey x
Zebu (Embrapa, 2011). Já 17,7% preferem ter como critério a idade e 9,2% usam
simultaneamente os dois critérios.
Na Tabela 3, observa-se os percentuais encontrados nas propriedades quanto aos
controles zootécnicos e econômicos, sendo estes parâmetros de suma importância para o
sucesso da atividade leiteira, pois é com base nele que o produtor terá dados reais (cobrição,
57
parição, vacinação, controle de leite, receitas, despesas, insumos, etc.) com os quais poderá
avaliar a sua produção leiteira, juntamente com o seu rebanho. Nota-se que 54,7% dos
produtores não faziam anotações zootécnicas e 64,9% não faziam anotações relacionadas à parte
econômica. Esses resultados são preocupantes para o setor, pois não há um planejamento das
ações desenvolvidas dentro da propriedade, o que pode acarretar prejuízos financeiros, fazendo
com que o produtor aumente os custos com a produção ou se afaste da atividade leiteira.
Tabela 3 - Percentual de propriedades que fazem controle zootécnico e econômico em
função da área das propriedades (ha)
Tamanho da
propriedade
Controle zootécnico (%)
Controle econômico (%)
Faz
Não faz
Faz
Não faz
Até 50 ha
28,6
71,4
42,9
57,1
51 a 100 ha
30,0
70,0
25,0
75,0
101 a 200 ha
45,5
54,5
18,2
81,8
201 a 300 ha
60,0
40,0
33,3
66,7
Maior de 300 ha
62,5
37,5
56,3
43,8
Média
45,3
54,7
35,1
64,9
A qualidade do leite está diretamente relacionada às condições sanitárias do rebanho,
manejo nutricional e de ordenha, os quais devem seguir os preceitos de boas práticas de
produção (PONTES et al., 2005). Conforme informações dos entrevistados nesta pesquisa, entre
as doenças que mais acometem o rebanho destacam-se a tristeza parasitária bovina (37,2%),
decorrente da incidência de carrapato dos bovinos na região; mastite (24,5%) e a diarréia em
bezerros (3,0%) (Figura 2). A tristeza parasitária é uma doença infecciosa e parasitária dos
bovinos, causada por um protozoário do gênero babesia (babesiose) e por rickttesia do gênero
Anaplasma (Anaplasmose), transmitida aos animais pelo carrapato dos bovinos. A
sintomatologia clínica da tristeza parasitária se manifesta através de febre, anemia,
hemoglobinúria, icterícia, inapetência, pêlos arrepiados e prostração. Quanto à mastite, é uma
doença causada por bactérias dos gêneros estreptococos e estafilococos, além das bactérias
Escherichia coli.
O produtor deve adotar em sua propriedade práticas corretas de manejo sanitário para o
seu rebanho e manter uma boa higiene, principalmente, durante as ordenhas, sendo o ponto de
partida para assegurar a eficiência produtiva, visando prevenir seu rebanho de enfermidades que
provocam grandes perdas econômicas na pecuária, com a redução da produção de leite e carne.
A ocorrência de diarréia em bezerros pode estar sendo influenciada por fatores de manejo e
58
higiene, a mesma acomete animais nos primeiros dias de vida, causando importantes perdas
econômicas, principalmente, por retardo de crescimento e mortalidade.
Figura 2 -
Percentual de doenças que acomete o rebanho nas propriedades leiteiras do sudoeste da
Bahia
As medidas preventivas através de vacinas das principais doenças encontram-se na
Figura 3. Observa-se que em todas as propriedades leiteiras realizam vacinação contra febre
aftosa (100,0%), brucelose (96,2%), carbúnculo (82,6%), paratifo (22,1%) e raiva (63,5%). Em
todas as propriedades que participaram da entrevista, de modo geral, é praticado o controle de
ectoparasitas e endoparasitas nos animais, sendo a ivermectina o princípio ativo mais utilizado.
Com o manejo sanitário bem conduzido, através do controle e prevenção de algumas
enfermidades em que o produtor respeita e cumpre o calendário de vacinas de sua região, faz
com que o seu produto ganhe credibilidade no mercado e evita prejuízos econômicos.
Figura 3 -
Percentual das principais vacinas utilizadas nas propriedades leiteiras no Sudoeste da Bahia
59
Devido a preocupação com os casos de mastite que ocorrem na região e buscando
previnir o rebanho leiteiro, os entrevistados foram questionados se realizavam algum teste para
detectação de mastite nos seus animais (Figura 4).
Figura 4 -
Percentual das propriedades leiteiras que realizam teste para verificar a presença de mastite
em função da área da propriedade (ha)
Os resultados foram alarmantes, nos quais a maioria dos entrevistados, em todos os
estratos, afirmaram que não realizavam o teste (Figura 4). Alguns justificaram que não faziam
por falta de conhecimento das práticas que são utilizadas, tais como o teste da caneca de fundo
preto, que é realizado com os primeiros jatos de leite, quando observado na caneca a presença
de grumos ou pus, a vaca pode ter mastite clínica; já para detectar a mastite sub-clínica
caracterizada pela redução de leite sem sintomatologia aparente, com ausência dos sinais
visíveis, é realizado o Califórnia Mastite teste – CMT (ZANELA et al., 2006).
É necessário que a parte de infra-estrutura e os equipamentos utilizados nas
propriedades leiteiras ofereçam a mínima condição de conforto para o bem- estar dos animais e
possam dar suporte à produção. Analisando a Tabela 4, nota-se em todos os estratos que a
maioria dos produtores se preocupa com os equipamentos essenciais para facilitar o trabalho nas
fazendas; observa-se que nos maiores estratos encontram-se os maiores percentuais, devido à
melhor condição financeira dos proprietários. O pulverizador é encontrado em 58,8% das
propriedades; a picadora de forragem em 53,1%, essencial na contribuição do manejo alimentar;
carroças em 45,0%; trator em 28,1% e o tanque de expansão em 26,4%, o qual foi encontrado
em poucas propriedades, devendo ser considerado como problema, pois, trata-se de fazendas
que desenvolvem atividade leiteira e necessitam deste equipamento para manter o leite em
60
temperatura ideal, porém, alguns alegaram não possuir pelo fato do caminhão passar todos os
dias após a ordenha e fazer a coleta do leite a granel.
Tabela 4Tamanho da
propriedade
Percentual dos equipamentos utilizados nas propriedades leiteiras,
em função da área (ha)
Carroça
Desintegrador Pulverizador Trator Tanque de
de forragem
expansão
Percentagem (%)
Até 50 ha
33,3
33,3
61,9
4,8
0,0
51 a 100 ha
35,0
65,0
50,0
5,0
5,0
101 a 200 ha
40,9
63,6
72,7
27,3
36,4
201 a 300 ha
53,3
53,3
53,3
53,3
46,7
Maior de 300 ha
62,5
50,0
56,3
50,0
43,8
Média
45,0
53,1
58,8
28,1
26,4
Para o abrigo dos bezerros, observa-se que em todos os estratos o percentual para as
fazendas que não possuem bezerreiro apresentaram os maiores percentuais, variando de 50%
nas propriedades maiores de 300 ha, para 90,5% nas propriedades menores de 50 ha. Para as
propriedades que possuem o bezerreiro coletivo, houve uma variação de 4,8% a 50%, e para os
individuais, não foi verificado nos estratos de 51 a 100 ha e maiores de 300 ha, verificando
presença nos estratos até 50 ha, 101 a 200 ha e 201 a 300 ha (Figura 5). Essa medida adotada
visa evitar aglomeração dos animais, impedindo a transmissão de doenças e facilitando a
higiene do local. Quanto à forma de aleitamento dos bezerros lactantes, 97% recebem de forma
natural e 3% artificialmente, usando baldes.
Figura 5 -
Percentual de bezerreiro, de acordo com a área da propriedade (ha)
61
Com relação às atividades exploradas, na Figura 6, observa-se que, nas propriedades
menores, a principal atividade é a pecuária leiteira. Entretanto, pelo fato da venda exclusiva do
leite não conseguir pagar as despesas das propriedades, existem também a venda de animais,
principalmente, nas propriedades maiores de 300 ha (25%), além de comercializar cacau,
porém, os produtores não fazem maiores investimentos, devido ao receio da doença “vassoura
de bruxa”, que ataca as plantações de cacau na região.
Figura 6 -
Percentual das principais fontes de renda dos produtores em função da área da
propriedade (ha)
Observou-se variação na produção de leite entre os estratos, conforme o tamanho (ha)
das propriedades leiteiras no sudoeste da Bahia. Foram encontrados os valores médios de 1313;
493; 749; 656 e 362 litros de leite/ha/ano, respectivamente, nas propriedades de até 50 ha, 51 a
100 ha, 101 a 200 ha, 201 a 300 ha e maior de 300 ha, apresentando um valor médio de 716
litros de leite por hectare ao ano. A média geral de todas as propriedades foi de 1125 litros de
leite/vaca/ano. Quanto à produção de litros de leite por vaca, o valor médio encontrado na
região Sudoeste da Bahia foi de 3,1 litros/vaca/dia, a menor média (2,6 litros/vaca/dia) foi
encontrada na categoria de produtores com mais de 300 hectares (Tabela 5).
Tabela 5-
Produção de leite (litros/ha/ano), produção média (litros/vaca/ano) e
(litros/vaca/dia) nas propriedades leiteiras em função da área (ha)
Tamanho
Litros/ha/ano
Litros/vaca/ano
Litros/vaca/dia
1323
1146
3,1
51 a 100 ha
493
945
2,7
101 a 200 ha
749
1346
3,7
201 a 300 ha
656
1310
3,6
Maior de 300 ha
362
875
2,6
Média
716
1125
3,1
da propriedade
Até 50 ha
62
Percebeu-se que a atividade leiteira é a principal fonte de renda dos produtores, porém,
os dados obtidos nas propriedades em estudo indicaram uma participação considerável da
pecuária de corte na caracterização leiteira da região, justificando o que foi apresentado nas
atividades exploradas na Figura 6, pelo fato dos produtores, neste estrato, além de comercializar
o leite, também vendem bezerros para incrementar a receita. Esses resultados são compatíveis
com os de Azevedo et al. (2011) que, analisando o perfil de propriedades leiteiras com produção
mista no norte de Minas Gerais, também verificaram que o menor preço pago ao leite poderia
ser um dos fatores relacionados à opção de algumas propriedades em também produzir bezerros
de corte, pois muitas propriedades produtoras de leite, paralelamente, adotam um sistema de
produção de animais de corte, o que gera grande dificuldade para se definir um padrão de
produção de leite ou de corte.
Na realidade, este fato indica uma tradição cultural, uma vez que a baixa produtividade
foi verificada em outras pesquisas realizadas na região. Ferreira et al. (2005), estudando o
sistema de produção de leite na microrregião de Itapetinga-Bahia, a qual os seus municípios
estão inseridos na região sudoeste da Bahia, encontraram (3,8 litros/vaca/dia) valores um pouco
superiores ao desta pesquisa que, segundo os autores, é devido a esses municípios da região
estarem localizados em uma área agropastoril, considerada de boa qualidade para pecuária, em
virtude do seu solo e clima.
Entretanto, quando comparados com os resultados apresentados por Ferrão (2002), que
observou 10,48 litros/vaca/dia na região de Pedro Leopoldo- Minas Gerais, os valores
encontrados na região Sudoeste da Bahia, para produtividade leiteira, são baixos. Essa diferença
na produtividade pode está associada às técnicas de melhoramento genético que vem sendo
aplicadas em Minas Gerais, diferente do que ocorre no Sudoeste da Bahia, onde são exploradas
vacas não especializadas com baixa aptidão leiteira. Segundo Grossi & Freitas (2002), o
aumento da produtividade em sistemas leiteiros, mediante melhoramento dos índices técnicos e
econômicos, é fundamental tanto para a sobrevivência dos produtores na atividade quanto para a
oferta de produtos mais competitivos e de melhor qualidade ao mercado.
Outro fator que deve ser considerado é a alimentação, pois, a principal fonte de alimento
do rebanho desta região é baseada na utilização dos pastos naturais, cujo potencial forrageiro
está diretamente relacionado com o manejo a que são submetidos e com sua adaptação às
condições locais de solo e clima. Porém, a produção da forragem é limitada, especialmente pela
falta de nutrientes, água e pelo manejo inadequado. Nessa ótica, devem-se adotar estratégias de
manejo do pastejo dos animais, de acordo com os pastos em cada época do ano, pois os pastos,
quando manejados corretamente, favorecem o vigor e a produtividade das plantas forrageiras,
afetando positivamente a produção e o desempenho animal.
Em outra pesquisa realizada na cidade de Itagiba, na região sul da Bahia, Barreto et al.
(2007), estudando o sistema de produção de leite em uma associação composta por 17
63
propriedades, observaram uma produtividade de 2,02 litros/vaca/dia nas pequenas propriedades
e 1,69 litros/vaca/dia nas médias propriedades. Os autores atribuíram essa baixa produtividade à
base genética do rebanho, que consiste em raças não especializadas. Comparando esses
resultados em municípios do mesmo estado, nota-se que a região sudoeste está avançando, pois,
também já esteve neste patamar. Vale ressaltar que houve incremento positivo com o passar dos
anos na produção leiteira na região, provavelmente, pela assistência técnica que está começando
a chegar até o homem do campo, através de programas do governo e de iniciativas particulares,
objetivando promover a educação do homem do campo, visando com a assessoria técnica, o
crescimento do agronegócio e o desenvolvimento socioeconômico dos produtores rurais.
64
4 – CONCLUSÕES
O inadequado manejo sanitário, reprodutivo e alimentar favorece a baixa produtividade
animal, bem como a baixa aptidão leiteira do rebanho e o baixo nível tecnológico aplicado. A
infraestrutura das propriedades é precária para a obtenção de leite com qualidade; as medidas
preventivas ou profiláticas das doenças que afetam o rebanho são realizadas através de vacinas,
porém, as recomendadas para o combate à mastite não são realizadas, causando prejuízo
financeiro para o produtor.
É necessário estimular ações de políticas públicas bem planejadas, de modo a
possibilitar o desenvolvimento tecnológico, definindo um novo panorama de ações estratégicas
para fortalecer o setor da pecuária leiteira na região Sudoeste da Bahia, visando sanar as
deficiências encontradas e aumentar o potencial da produção leiteira do rebanho.
65
5- REFERÊNCIAS
AMARAL, L. A.; ROMANO, A.P.M.; NADER FILHO, A.; ROSSI JR, O.D. Qualidade da
água em propriedades leiteiras como fator de risco à qualidade do leite e à saúde da glândula
mamária. Arquivo do Instituto de Biologia, v.71, n.4, p.417-421, 2004.
AZEVEDO, R.A.; FELIX, T.M.; PIRES JR, O.S.; ALMEIDA, A.C.; DUARTE, E.R. Perfil de
propriedades leiteiras ou com produção mista no norte de minas gerais. Revista Caatinga,
v.24, n.1, p.153-159, 2011.
BARRETO, D.; NUNES, L.R.; FERNANDES, S.A.A.; PEDREIRA, M.S.; MUNIZ, L.M.S.;
ALMEIDA, J.L.N.; DUARTE, R.A.B.; FREITAS, M.A.; MATARAZZO, S.V.
Caracterização estruturais dos sistemas de produção de leite dos produtores ligados à
associação de produtores de leite de Itagiba-Bahia. Revista do Instituto de Laticínios
“Candido Tostes”, v.62, n.357, p.451-458, 2007.
EMBRAPA, BRASIL: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br. Acessado em 20/02/2011.
FERRÃO, I.S. A produção de leite e o profissional veterinário na percepção dos produtores de
leite de Pedro Leopoldo. Dissertação de Mestrado, UFMG, Belo Horizonte, 2000.
FERREIRA, H.F.; PIRES, A.J.V.; MOTA, J.A. Produção leiteira na microrregião de Itapetinga,
Bahia: aspectos sócioeconômicos. Revista Eletrônica de Veterinária, v.6, n.7, p.1-14,
2005.
GERALEITE. http://br.groups.yahoo.com/group/GERALEITE/. Acesso em 20/02/2011.
GROSSI, S.F.; FREITAS, M.A.R. Eficiência reprodutiva e produtiva em rebanhos leiteiros
comerciais monitorados por sistema informatizado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31,
n.3, p.1362-1366, 2002. (Suplemento).
LUIZ, A.J.B.; SILVEIRA, M.A. Diagnóstico rápido e dialogado em estudos de
desenvolvimento rural sustentável. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.1, p.83-91,
2000.
OLIVEIRA, A.S.; CUNHA, D.N.F.V.; CAMPOS, J.M.S.; VALE, S.M.L.R.; ASSIS, A.J.
Identificação e quantificação de indicadores-referência de sistemas de produção de leite.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.2, p.507-516, 2007.
PONTES NETTO, D.; LOPES, M.O.; OLIVEIRA, M.C.S.; NUNES, M.P.; MACHINSKI
JUNIOR, M.; BOSQUIROLI, S.L.; BENATTO, A.; BENINI, A.; BOMBARDELLI, A.L.C,
VEDOVELLO FILHO, D.; MACHADO, E.; BELMONT, I.L.; ALBERTON, M.;
PEDROSO, P.P.; SCUCATO, E.S. Levantamento dos principais fármacos utilizados no
rebanho leiteiro do Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.27, n.1, p.145151, 2005.
SEAGRI, Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Produção de leite na Bahia.
Disponível: www.seagri.ba.gov.br/noticias.asp?qact=view&exibir=clipping&notid=21997 . Acesso
em 08/11/2010.
66
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA – SEI.
Informações municipais. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em:
10/11/2010.
TEIXEIRA, R.M.A.; LANA, R.P.; FERNANDES, L.O.; OLIVEIRA, A.S.; QUEIROZ, A.C.;
Oliveira PIMENTEL, J.J.O. Desempenho produtivo de vacas da raça Gir leiteira em
confinamento alimentadas com níveis de concentrado e proteína bruta nas dietas. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.39, n.11, p.2527-2534, 2010.
ZANELA, M.B.; FISCHER, V.; RIBEIRO, M.E.R.; STUMPF JR, W.; ZANELA,
C.;MARQUES, L.T.; MARTINS, P.R.G. Qualidade do leite em sistemas de produção na região
Sul do Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.1, p.153-159, 2006.
67
ANEXO
Formulário preenchido quando da visita às propriedades
Data do preenchimento: ____/_____/___
1. Caracterização do produtor:
Nome: ____________________________________Data de nascimento ____/____/____
CPF: _____________________________________ Local onde nasceu ______________
1.1. Reside na propriedade? sim (
)
não ( )
1.2. Número de dependentes: _______________________
1.3. Número de filhos: ____________________________
1.4. Grau de escolaridade: Sem escolarização ( ) EF incompleto( )
incompleto( )
EM completo( ) Superior( )
EF completo( )
EM
Outros___________________________
2. Atividade profissional:
2.1. Qual a profissão?______________________________________________________
2.2. Quanto tempo trabalha no meio rural? ______________________________________
2.3. Qual era a sua ocupação anterior: __________________________________________
2.4. Além da atividade agropecuária tem outra ocupação? sim ( ) não ( )
2.5. Qual? _______________________________________________________________
2.6. Quem administra a fazenda? Produtor ( ) Filho( ) Gerente( ) Vaqueiro( ) Técnico( )
2.7. Com que freqüência recebe assistência técnica? ________________________________
2.8. Utiliza trabalhador temporário? sim ( ) não ( )
2.8.1. Número de dias ___________ homem/ano
2.9. Número de pessoas da família que migraram para centros urbanos _________________
3. Atividade rural:
3.1. É associado de cooperativa:
sim (
) não ( )
3.2. Participa do sindicato rural:
sim (
) não ( )
3.3. Participa de alguma associação formal ou informal: sim ( ) não ( )
3.3.1. Qual? __________________________________________
3.4. Utiliza algum meio de comunicação: televisão ( ) rádio ( ) jornal ( ) revista ( )
3.5. Qual o assunto de maior interesse?
técnicas de produção (
cooperativismo (
) políticas de governo (
) mercado agropecuário (
) outros ( )
3.6. Que tipo de tecnologia acha necessária para melhorar a produtividade do rebanho?
( ) I.A.
( ) Tanque de expansão
( ) Monta controlada
( ) Nutrição
( ) Melhoramento Animal
( ) outras_________________________________________
3.7. Quais as perspectivas futuras da bovinocultura na região? _______________________
68
)
4. Dados da unidade produtiva:
4.1. Localização:
 Nome da propriedade: __________________________________________
 Município: _______________________________________ Estado________
 Endereço: ______________________________________________________
 Distância do centro urbano mais próximo: ___________________________km
 Tamanho: ______________________________________________________
 Área cultivada: __________________________________________________
 Área destinada a Bovinocultura de leite_______________________________
 Área de reserva natural____________________________________________
4.2. Abastecimento de água:
açude ( ) cisterna ( ) curso d’água ( ) mina (
) poço semi ou artesiano (
) rio ( )
outro ( )
4.3. Fonte de recursos hídricos:
artesiano ( ) chuva ( ) curso d’água ( ) nascente ( )
4.4. A fonte de água é perene? sim (
) não ( )
4.5. Possui energia elétrica?
) não ( )
4.5.1. monofásica ( )
sim (
bifásica ( )
rio ( )
trifásica ( )
5. Financiamento:
5.1. O senhor conhece algum tipo de financiamento: sim (
)
não ( )
5.2. Recebeu algum tipo de financiamento nos últimos 5 anos? ________________________
5.3. Para que foi solicitado? ( )custeio ( ) investimento ( ) custeio e investimento
5.4. Em que entidade foi solicitado o financiamento?
( ) banco público
( ) banco privado
( ) outro ___________________________
5.5. Houve aumento da produtividade com o financiamento? sim (
) não (
)
6. Infraestrutura:
Equipamento
Sim
Não
Aparelho para cerca elétrica
Balança para animais
Botijão de sêmen
Carroça
Conjunto de ordenha
Desintegrador de forragem
Pulverizador
Trator
Tanque de expansão
Outros
6.1 Uso da terra
69
Quantos
Valor
(R$)
Item
Pasto nativo
Pasto cultivado
Capineira
Reserva (mata)
Área para gado leiteiro
Outros usos
Área
Quantos
7.0. Manejo do sistema de produção forrageiro:

Pastos cultivados: sim ( ) não ( ) Quantas (ha) ________________________

Utiliza capineira: sim ( ) não ( ) Quantas (ha) ________________________

Análise do solo: sim ( ) não ( ) Período: _____________________________

Utiliza práticas para conservação do solo: sim ( ) não ( ) Qual? ___________

Adubo orgânico: sim ( ) não ( )

Adubo químico: sim ( ) não ( ) Quais?_______________________________

Defensivos agrícolas: sim ( ) não ( ) Quais? _________________________

Calagem: sim ( ) não ( )

Utiliza sistema de irrigação: sim ( ) não ( ) Qual? _____________________

Manejo do pasto: alternado (

Roçagem: manual ( )
) continuo ( ) rotacionado (
mecânica (
)
)
7.1. Alimento(s) volumoso (s) utilizado no período das águas:
(
) pasto capineira ( ) cana de açúcar ( ) silagem, de que? ___________________
feno, de que? _______________________________
7.2. Alimento(s) volumoso (s) utilizado no período da seca:
(
) pasto capineira ( ) cana de açúcar ( ) silagem, de que? ___________________
feno, de que? _______________________________
7.3. Utiliza suplemento mineral para os animais: sim ( ) não ( )
8.0. Inventário do rebanho (em nº de cabeças):
Categoria
Vacas em lactação
Vacas secas
Bezerros (as)
Garrotes com mais de 1 ano
Novilhas vazias
Novilhas prenhes
Touros
Eqüídeos
Ovinos
Quantidade
70
Valor (R$)
Caprinos
Outros
Total
8.1 Identificação dos animais:
8.2. Produção em litros:
Numeração ( )
Ferro ( )
Brinco ( )
Inverno________________ Verão __________________
8.3 Produção atual de leite: _________L/dia.
Linha de leite: ___________________
8.4. Comprador: ___________________ Coleta granelizada: sim ( ) não ( )
9. Raças bovinas:
 Mestiças( )
Holandezas(
) Girolanda( ) Pardo-Suiça( )
Gersey( )
Outra__________________________________________________________
10. Práticas zootécnicas:
10.1. Faz anotações zootécnicas: sim (
) não (
(
) parição
(
) cobrição
(
) controle leiteiro a cada _____ dias
(
) pesagem dos animais a cada ______ dias
(
)Idade ao desmame:__________
(
)Taxa de natalidade: ___________
(
)Taxa de mortalidade: ______
(
) vacinações
)
10.2. Bezerros (as)
Sistema de aleitamento: ( ) natural ( ) artificial, quantos litros/dia? _____
Tipo de bezerreiro: ( ) não possui ( ) individual
Como e quando é feito o desmame: por idade( )
Descorna: Sim (
) Não ( )
Castração: Sim (
) Não ( )
10.3 Faz anotações econômicas: Sim ( )
( ) despesas
( ) receitas
( ) custo de produção
( ) leite vendido
71
Não ( )
(
) coletivo
por peso( )
11. Ordenha
 Ordenha manual ( ) mecânica (
) que tipo? __________________________

Quantas ordenhas/dia? _____________________________________________

Local da ordenha: curral( )

Higiene de ordenha: ( ) Lavagem de tetas

Teste de mastite: sim ( ) não ( ). Qual? ( ) caneca de fundo preto
estábulo( )
12. Manejo reprodutivo:
 possui estação de monta: Sim( )
sala de ordenha( )
( ) CMT
Não( )

monta natural não controlada ( )

Critério para primeira cobrição da novilha: não tem ( ) idade ( ) peso ( ) idade/peso( )
IA ( )
monta natural controlada( )
13. Práticas Sanitárias:
Vacinas
Sim
Não
Frequência
Aftosa
Brucelose
Clostridiose
Paratifo
Raiva
Outras
Endoparasitas
Recomendado
Sim
Não
Frequência
Produto
Recomendado
Sim
Não
Frequência
Produto
Bezerros
Adultos
Ectoparasitas
Bezerros
Adultos
13.1.Quais as doenças que mais causam prejuízos ao rebanho?___________________________
_________________________________________________________________________
14. Comercialização:
14.1. Quais as principais rendas de sua atividade rural:
1ª ____________________________
2ª ____________________________
3ª ____________________________
14.2. O que o senhor acha da combinação da atividade bovinocultura com outra(s) dentro de sua
unidade produtiva? _____________________________________________________________
14.3. Quem compra a sua produção?________________________________________________
14.4. Quais os principais problemas enfrentados para comercializar seus produtos?
_____________________________________________________________________________
72
Download

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DA PECUÁRIA LEITEIRA