Pesca em Reservatórios
Patricia Rodrigues
Principais Recursos
Pesqueiros do
Brasil:
*Bacia Amazônica
*Bacia do Paraná
*Bacia do São
Francisco
Principais Reservatórios do Br.,
segundo Eletrobras:
Reservatório
Área Inundada
(km2)
Potência
Instalada (MW)
Sobradinho
(BA)
4214
1050
Tucuruí (PA)
2430
4250
Sérgio Motta
(SP/MS)
2250
1858
Balbina (AM)
2360
250
Serra de Mesa
(GO)
1784
1200
Furnas (MG)
1450
1312
Itaipú (Br/Py)
1350
12600
As usinas hidroelétricas brasileiras cobrem, juntas, uma
área de cerca de 2.000.000 ha.
Estoques pesqueiros na Bacia
Amazônica
• Segundo Sioli (1973), foram identificadas
cerca de 2.000 espécies de peixes
• Muitas espécies de peixes do Amazonas
migram isoladamente ou em pequenos ou
grandes cardumes (fato que recebe o
nome local de “piracema”), para desovar
ou alimentar-se, ou sem razões aparentes
• Arapaima gigas - Pirarucu
Os estoques pesqueiros da Bacia
do São Francisco
• Os estoques pesqueiros não são tão multiformes quanto
os existentes no rio Amazonas. Consistem
principalmente de espécies lóticas e assemelham-se
mais aos dos pequenos rios brasileiros da Bacia do
Paraná. As migrações dos peixes em cardumes grandes
e mistos são comuns; no entanto, não foram construídas
escadas para peixes nessas barragens. A fauna do
peixes dos reservatórios é recrutada da fauna dos rios.
Porem alguns peixes lênticos, como as carpas
européias e a Tilápia Rendallii, foram também
introduzidas.
•
•
•
•
Trabalho que vem sendo feito pelo setor de pesca da DNOS em
reservatórios da Bacia do S. Francisco:
Peixes exterminados com “Timbó” -leguminosa -(piranhas):Pygocentrus
natteri e Serrosalmus rhombus
Apenas quatro espécies da fauna local se fixaram nos açudes: curimatã
comum (Prochilodus cearensis), sardinha (Triportheus angula), traíra
(Hoplias malabaricus) e piau comum (Leporinus spec.).
Foram introduzidas mais nove espécies de peixes, procedentes da fauna
de outras áreas:, a “pescada do Piauí” (Plagioscion squamo sissimus);, o
tucunaré comum (Cichla ocellaris) e tucunaré pinina (Cichla temensis), o
pirarucu (Arapaima gigas) o apaiari, (Astronotus ocellatus) e a pescada
cacunda (Plagioscion surinamensis); curimatá-pacu (Prochilodus
argenteus) e piau verdadeiro (Leporinus spec.). A Tilápia Rendallii O
camarão doce, Macrobrachium amazonicum (trazido originalmente do
Amazonas apenas como alimento para o pirarucu, porém é agora
explorado em capturas comerciais).
Vem sendo tentada a introdução do tambaqui (Colossoma bidens) e do
pirapitinga (Mylossoma bidens) do rio Amazonas, que se alimentam de
plancton e frutas. Todavia, parece que esses peixes não desovam em
lagos. A desova estimulada com injeções de extrato de tireóide foi uma
experiência bem sucedid a, porém ainda não se conseguiu criar as larvas.
Além disso; a introdução do bragre pelágico de água doce, mapará
(Hypophthalmus edentatus) que se nutre somente de plancton, está sendo
experimentada nos açudes ricos em plancton.
Hoplias malabaricus
(Traíra)
Leporinus sp
(Piau)
Prochilodus sp
(Curimatã)
A Bacia do Paraná
• A maioria dos rios do Estado de São Paulo e muitos nos Estados
vizinhos foram interrompidos por represas hidroelétricas. Nem todas
dispõem de escadas para peixes. A maioria constitui obstáculos
intransponíveis na época das migrações. Os cercados não têm
proteção suficiente, com grades de ferro, contra a entrada de
peixes. Em 1972, havia (segundo H.H. Mercer, 1972) 28 lagos
artificiais no curso dos pequenos rios a leste da Bacia do Paraná, 5
estavam sendo construídos e mais 40 estavam em projeto.
• A pesca é prejudicada pelas árvores remanescentes das antigas
florestas, que permaneceram nos lagos e não sofreram
deterioração durante muitos anos (eutrofização).
• As autoridades estão construindo instalações para a produção de
peixes jovens, para o peixamento permanente dos reservatórios,
embora as necessidades de peixamento ainda não possam ser
estimadas e seja mais difícil retirar os peixes introduzidos.
Espécies de peixes
Levantamentos feitos antes da formação do reservatório indicaram quais
eram as cinco espécies mais comuns na pesca profissional, praticada no
Rio Paraná entre Guaíra e Foz do Iguaçu:
1º) Cascudo-preto (Rhinelepis aspera) - 22%;
2º) Dourado (Salminus brasiliensis) - 17%;
3º) Pacu (Piaractus mesopotamicus) - 13%;
4º) Jaú (Zungaro zungaro) - 10%;
5º) Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) - 9%
.Atualmente, as cinco espécies mais freqüentes na pesca profissional
passaram a ser:
1º) Armado (Pterodoras granulosus) - 42%, cerca de 510 toneladas
ano;
2º) Corvina (Plagioscion squamosissimus) - 13%, cerca de 160
toneladas ano;
3º) Mapará (Hypophthalmus edentatus) - 8%, cerca de 100 toneladas
ano;
4º) Curimba (Prochilodus lineatus) - 6%, cerca de 75 toneladas ano;
5º) Barbado (Pinirampus pirinampu) - 5%, cerca de 60 toneladas ano
Dessas espécies, apenas a corvina não é nativa do Rio Paraná. Ela foi
introduzida em 1977 nos reservatórios de outras hidrelétricas localizadas
acima de Itaipu e acabou colonizando outras áreas dessa Bacia.
Armado (Pterodoras granulosos)
Espécie migradora, cujas
principais características são
os acúleos (espinhos em
forma de asas de borboleta
que possui em cada lado do
seu corpo). Tem cor
amarronzada, pode alcançar
um metro de comprimento e
pesar 8 quilos. Onívoro,
alimenta-se de quase tudo o
que encontra, de vegetais e
moluscos.
Cascudo-preto (Rhinelepis aspera)
Espécie migradora, vive em
fundo rochoso e alimenta-se
do limo que encontra nas
pedras. Pode alcançar mais de
55 centímetros de
comprimento e pesar cinco
quilos. Caracteriza-se pelo
corpo delgado, revestido de
placas ósseas, e pela cabeça
grande.
Mapará ou Sardela (Hypophthalmus
edentatus)
Também ocorre na Bacia Amazônica. Alimentase de plâncton e sua carne é bastante
apreciada. Sua cor cinza azulada no dorso
propicia reflexos metálicos. Pode pesar até dois
quilos e medir 60 centímetros.
Corvina (Plagioscion
squamosissimus)
Atinge mais de seis quilos e
65 centímetros de
comprimento. A carne tem boa
aceitação no mercado.
Originária da Bacia
Amazônica, a espécie foi
introduzida na Bacia do
Paraná pelos reservatórios de
usinas acima de Itaipu.
Alimenta-se de peixes
pequenos, crustáceos e
insetos.
Curimba (Prochilodus lineatus)
• Sua média de peso gira em torno de dois quilos
e mede até 50 centímetros. Os machos diferem
das fêmeas por serem mais esguios. Esse peixe
se alimenta basicamente de sedimentos
orgânicos do fundo do reservatório. Espécie
migradora, começa a se reproduzir quando
alcança 30 centímetros.
Dourado (Salminus maxillosus)
• É considerado um peixe magnífico pela sua coloração amareloalaranjada-ouro. Carnívoro e voraz, é conhecido na região pelos
pescadores desportistas como o “tigre do Paraná”, devido à forma
como luta para não sair da água depois de fisgado. Sua carne é
uma das mais apreciadas. Com 25 anos de idade, pode atingir 1,20
metro de comprimento e 30 quilos de peso. Exemplares adultos são
mais freqüentes na região de Guaíra embora exemplares jovens
possam ser encontrados ao longo de todo o Reservatório. A
primeira referência histórica sobre a existência do dourado data de
1542. Foi feita pelo desbravador Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, o
descobridor das Cataratas do Iguaçu.
A pesca amadora no Reservatório
Abrange cerca de 30 espécies, sendo as
mais freqüentes:
• 1º) Corvina (Plagioscion squamosissimus)
- 70%, cerca de 140 toneladas ano;
2º) Piapara (Leporinus elongatus) - 12%,
cerca de 25 toneladas ano;
3º)Tucunaré (Cichla spp) - 6%, cerca de
12,5 toneladas
Tucunaré - Chichla temensis
nativo da Bacia Amazônica
Legislação:
•
As companhias de energia elétrica foram obrigadas por lei a criar,
ao lado de suas barragens, laboratórios de pesquisa pesqueira,
dotados de sistemas de tanques, para estudar os reservatórios e os
peixes neles existentes
•
A pesca com redes de cerco, o petrecho menos seletivo, e com
espinhéis e armadilhas, é proibida nos Estados de Mato Grosso
(onde está situado o Pantanal), Goiás e Minas Gerais. A pesca com
redes de emalhar é restrita às redes com tamanho de malha de 25
cm de malha esticada (Portaria 617).
•
Primeiramente, a legislação exigia a construção de escadas de
peixe no estabelecimento de qualquer barragem, porém vem sendo
recomendado evitar a adoção dessas estruturas quando não houver
segurança de que os peixes transpostos possam desenvolver seus
ciclos de vida após a transposição, encontrando locais adequados
para desova e desenvolvimento dos jovens.
Paradigma: “Deserto Biologico”
Novo paradigma apontado por A.A.
Agostinho:”Biomanipulação”
*Demanda ilimitada X Recursos Limitados
*Discussão acerca da história da definição do
conceito de “manejo”:
-sec XIX:recursos pesqueiros considerados
inesgotáveis. Manejo=melhorar espécies e sua
exploração.
-1993- Krueger e Decker- Manejo=integração de
informações diversas p/ tomada de decisões
que culminem em ações p/ atingir objetivos
estabelecidos.
•
•
•
O manejo para a conservação prioriza ações direcionadas à manter a
demografia populacional e genética acima do limiar para a procriação e
para o processo evolutivo necessário à existência a longo prazo.Nesse
contexto, a remoção, contaminação e fragmentação de habitat,
superexploração, intracruzamentos e hibridização são os aspectos mais
relevantes. Como o foco do manejo para a conservação lida com
populações que estejam perto ou sob risco de extinção,considerações a
respeito da disposição das comunidades á essencial, particularmente das
interações entre espécies que podem levar à eliminação de outro elemento
da fauna. Portanto, modelos de viabilidade de populações devem
considerar, além do tamanho da população e da viabilidade genética,
interações de espécies e respostas de comunidades às perturbações
ambientais.
Damming rivers negatively impacts biological diversity. Thus, for ethical
reasons, management of reservoirs can not be based only in the increment
of fishery yield. It should seriously consider protecting and maintaining
diversity (Agostinho, 1994a, b).
Sometimes, management actions applied on critical areas located outside
the reservoirs may be more effective in achieving management goals
Denúncias de falha em manejo:
*
*
*
“No Sul e Sudeste do Brasil,mais de dez espécies de outras bacias foram
intoduzidas,normalmente após alguns estudos desenvolvidos em
criadouros no Nordeswte do paísl. Espécies inadequadas estocadas em
locais inadequados, sob condições naturais inadequadas,levaram essas
ações à falhar.Na maioria dos casos as espécies introduzidas nunca foram
recapturadas, mostrando o mal deslocamento de recursos. Uma notável
exceção foi a espécie Plagioscion squamosissimus (curvina). Essa espécie
é original do norte do Brasil e conseguiu se proliferar estando presente,
hoje, em toda a poção norte da Bacia do Paraná. Relevantemente presente
em toda pesca na região (Petrere Jr et al., 2002). Porém, o real efeito da
presença dessa população é ainda incerto. Existem algumas indicações
que essa espécie afetou negativamente a pesca na reserva de Itaipú.
Nessa reserva P. squamosissimuspreda preda intensivamente os jovens da
espécie Hypophathalmus edentatus (mapará), principal espécie da região
(Agostinho et al., 1994; Agostinho and Júlio Jr, 1996).”
Construção de “escada para peixe” muitas vezes ineficiente. Ex:
construção acima de uma cachoeira de 70m de altura e outros locais onde
não há peixes migratórios.
Desarranjo de locais de desova
Metodologia de Pesquisa?
Conclusões Relevantes e Aplicáveis
para a “exploração sustentável” e para a
conservação.
Bibliografia:
• AGOSTINHO, Angelo Antônio, GOMES, Luiz Carlos y
LATINI, João Dirço. Fisheries management in brazilian
reservoirs: Lessons from/for South America. INCI,
jun. 2004, vol.29, no.6, p.334-338. ISSN 0378-1844.
• Manual Sobre Manejo de Reservatórios para a produção
de Peixes
• www.ambientebrasil.com.br
• www.itaipu.gov.br
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