12 DE JANEIRO, ANIVERSÁRIO DA CAIXA Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país Presidente Augusto Vasconcelos Edição Diária 5982 | Salvador, de 23.12.2015 a 04.01.2016 ESPECIAL O que vem aí em 2016 São muitos os desafios para 2016. Como 2015, o ano será de intensas mobilizações. Nos bancos, os trabalhadores querem garantia de emprego, atenção à saúde e o fim do assédio moral. No Brasil, defendem a democracia, ainda ameaçada pela extrema direita. Páginas 2, 3 e 4 Brasileiros querem direitos, não retrocessos aos leitores Manoel porto O ano de 2015 foi marcado por fortes manifestações em defesa da democracia. Vem mais em 2016 Manoel porto Esta é a última edição, em 2015, de O Bancário, que entra em recesso com as festas de fim de ano. O jornal volta a circular normalmente no dia 4 de janeiro, dentro do mesmo princípio de veicular informações de qualidade, dentro da ótica classista. Campanha salarial dura, exigiu muita mobilização dos bancários. Em 2016, não será diferente www.ban car i os bah i a. org. br 2 o bancário ESPECIAL Salvador, de 23.12.2015 a 04.01.2016 • www.bancariosbahia.org.br Os desafios para 2016 EDITORIAL Democracia e justiça social Para muita gente, 2015 já vai tarde. Sem dúvida, para os trabalhadores foi um ano difícil, marcado por uma onda de desemprego, principalmente no setor bancário, queda no nível salarial, inflação em alta, ajuste fiscal, agravamento do assédio moral e muitos outros problemas que costumam dificultar a vida dos mais carentes. Mas, há também o outro lado. Em 2015, as forças progressistas e populares, com o apoio decisivo dos trabalhadores, conseguiram, praticamente, barrar o golpe tramado pela extrema direita, sob a coordenação do PSDB. Também ainda tiveram força para obrigar o governo a sinalizar com mudanças na política econômica, a começar com o troca do banqueiro Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda. Se o mundo continua a girar, a luta não pode cessar. Portanto, para 2016, a agenda dos trabalhadores, em especial a dos bancários, inclui desafios que exigem unidade, mobilização e uma concentração de esforços para espantar de vez toda e qualquer ameaça à democracia e aos direitos trabalhistas. E isso passa pelo pleito municipal de outubro próximo, quando torna-se decisiva a eleição de prefeitos e vereadores comprometidos com um projeto de Brasil que reforce a desconcentração da riqueza e a superação da pobreza. O primeiro passo é enterrar de vez as conspirações golpistas materializadas no Parlamento pelo PSDB e DEM, porque os que defendem o impeachment são os mesmos que sempre estão tentando, de todas as formas possíveis, subtrair direitos e conquistas dos trabalhadores, sob o falso argumento de tornar o Brasil mais competitivo no mercado externo. Assim, é fundamental manter a mobilização pela retomada do crescimento econômico, a fim de garantir a recuperação do nível de emprego e a elevação da renda, derrotar as forças do atraso na eleição municipal de 2016 e garantir o Estado democrático de direito. Assim como em 2015, o ano de 2016 deve ser de muitas turbulências. Sobretudo, por conta do conturbado cenário político e da incapacidade do Congresso Nacional, o mais conservador desde a ditadura civil-militar (1964-1985), de fazer o país avançar. Os desafios para os trabalhadores são muitos e exigem unidade e poder de mobilização. É preciso ter em mente que conquistas estão em jogo e ganhar as ruas para im- Manoel porto O ano de 2015 exigiu muito poder de mobilização entre os trabalhadores. Em 2016 não será diferente Pela frente tem mobilizações Mais do que nunca, 2016 será um ano em que a união da categoria bancária terá de ser forte, principalmente no período da campanha salarial. Os bancos já deram sinais de que não vão facilitar. Mas, Sindicato dos Bancários da Bahia está de olho bem aberto para os desmandos e pronto para lutar para garantir os direitos da categoria. Desde já, os encontros regionais e as conferências estão sendo pensadas. A intenção é garantir mais participação dos trabalhadores e fortalecer o movimento. Manoel porto As manifestações nas agências são fundamentais O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933 pedir que projetos como o da terceirização e do Estatuto das Estatais sigam em frente. O mundo do trabalho bancário também requer muita união. A luta pela garantia do emprego não para. Pelo contrário, deve ser fortalecida. É fundamental também manter a mobilização por melhorias nas condições de trabalho, por atenção à saúde, pelo fim da discriminação nas agências, por segurança. Os bancos podem e a sociedade está ligada. joão ubaldo Bancários mostram unidade em greve histórica Campanha salarial difícil em 2015 A campanha salarial de 2015 foi muito difícil. Os bancos, que formam o setor mais lucrativo da economia nacional, não estavam dispostos a oferecer aumento real. Logo de cara propuseram reajuste salarial 5,5%. Índice muito rebaixado para uma inflação de 9,88%. O descaso fez a categoria entrar em uma greve histórica. Foram 21 dias de paralisação. Na Bahia, mais de 1 mil agências ficaram fechadas. A greve só terminou depois que os bancos apresentaram reajuste salarial de 10%. Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima - Reg. MTE 4645 DRT-BA. Repórteres: Ana Beatriz Leal - Reg. MTE 4590 DRT-BA e Rafael Barreto. Estagiários em jornalismo: Amanda Moreno e Thiana Santana. Projeto gráfico: Márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. o bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, de 23.12.2015 a 04.01.2016 ESPECIAL Mais pressão por contratações Bancários sindicalizados colhem os frutos da luta Vale a pena lutar O Sindicato caminha ao lado do bancário, sempre. As ações coletivas, reintegrações de bancários, ações individuais envolvendo pagamento de horas extras, desvio de função, equiparação salarial, indenização por danos morais e previdenciárias rendem bons frutos aos trabalhadores. Em 2015, o Sindicato conquistou cerca de R$ 9 milhões em três ações coletivas pagas a milhares de bancários. Duas no Bradesco, referentes a diferenças de 13º salário, e uma no HSBC, sobre a PLR. Por tudo isso, o Sindicato é referência nacional. A entidade trabalha para buscar na Justiça os direitos negados pelos bancos. Nem sempre é preciso recorrer às ações judiciais. Na Desenbahia, por exemplo, depois de um diálogo franco e democrático, a maioria dos funcionários garantiu a redução da jornada de trabalho de 8 para 6 horas, sem redução salarial. Os resultados são positivos e mostram que vale muito a pena confiar e lutar. Em 2016, os bancários mantêm forte a luta por contratações. Os bancos seguem enxugando o quadro de pessoal para elevar os lucros. Pagam a conta, trabalhadores e clientes. Dados do Caged apontam corte de 8.213 postos de trabalho entre janeiro de 2015 e novembro. O lucro, no entanto, segue em curva ascendente. Nos nove primeiros meses de 2015, o resultado dos principais bancos em atividade no país superou os R$ 54 bilhões. Para os empregados dos públicos, um dos desafios é repor as mais de 8 mil vagas abertas por meio dos programas de aposentadoria. O PAA (Plano de Apoio à Aposentadoria) da Caixa teve adesão de 3 mil empregados. O PAI (Plano de Aposentadoria Incentivada) do BB atraiu 5 mil funcionários. É preciso repor. Os bancos fazem pouco caso. Não querem convocar. Mas, os bancários entram em 2016 com mais pressão. Empregados da Caixa aumentam a mobilização para evitar que o banco seja entregue à iniciativa privada Segue a luta pela Caixa 100% pública O ano de 2015 foi de intensos ataques ao caráter 100% público da Caixa. Primeiro, a possibilidade de abertura do capital. A proposta só caiu depois de intensas mobilizações dos empregados por todo o país. Em 2016, a luta segue. Em fevereiro, o Senado promete analisar o projeto de lei 555/2015, conhecido como Estatuto das Estatais. O PLS quer transformar as institui- Muitas novidades na comunicação joão ubaldo O Sindicato dos Bancários da Bahia prepara uma série de novidades para o ano que chega. A comunicação está recheada de novas ações. Até fevereiro deve ir ao ar, na TV Web, o programa Conversação. Em cerca de 15 minutos, o internauta vai ficar inteirado sobre os mais diversos temas, como política, economia, esporte e cultura. A variação é grande e o bate-papo descontraído. Para conferir é só acessar www.bancariosbahia.org.br. A TV Web é mais ferramenta de comunicação do Sindicato, que conta com o jornal diário O Bancário, referência no país e o único dos movimentos social e sindical a circular diariamente, o site, o aplicativo, disponível para os sistemas Android e iOS, e o programa de rádio e TV, Agência Cidadania, exibidos na Band. Públicos Aplicativo facilita a comunicação entre bancários ções públicas, como Caixa, Petrobras e Correios, em empresas de economia mista e em sociedades anônimas. Em outras palavras, a proposta tem a intenção de privatizar as instituições federais, fundamentais para o desenvolvimento do país. Também pode ser o fim dos programas sociais do governo, responsáveis para redução das diferenças sociais nos últimos anos. Atenção especial para a segurança A insegurança nas agências bancárias é pauta constante no Sindicato da Bahia. A situação aflige trabalhadores e população. Mas, os bancos não ligam e não investem. O descaso é refletido no número de ataques. Na Bahia, até o dia 22 de dezembro de 2015, foram 208 ocorrências. As explosões lideram a lista, com 131 casos. Mas ainda tem os arrombamentos (18), assaltos (16) e as tentativas frustradas (43). As cidades do interior estão mais vulneráveis, com 164 ataques. Em Salvador foram 44. Os dados não deixam dúvidas: a segurança nas agências bancárias está entre as prioridades de 2016. É preciso aumentar a pressão para que bancos e governo garantam proteção aos cidadãos. 3 4 o bancário ESPECIAL Salvador, de 23.12.2015 a 04.01.2016 • www.bancariosbahia.org.br O povo derrota o golpe As eleições e o cenário político A mobilização popular faz STF praticamente enterrar o golpe da direita o impeachment está enterrado, mas agoniza junto com os principais comandantes golpistas. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara Federal, tem tudo para ser preso pela operação Lava Jato ainda no primeiro trimestre de 2016. O vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) encolheu dentro do PMDB e na oposição de direita, enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) praticamente sepultou a possibilidade de ser o candidato tucano na eleição presidencial de 2018. A mobilização dos movimentos sociais, incluindo o Sindicato dos Bancários da Bahia, levou o povo às ruas, que terminou por pressionar o Supremo Tribunal Federal a garantir o cumprimento das regras do jogo institucional. O Brasil preferiu ficar com a democracia e o estado de direito. Pelo menos em 2015, o golpe foi derrotado. Frente Brasil Popular deve ocupar as ruas em 2016 A terceirização não morreu. Enfrentamento é contínuo Lançada no fim de setembro de 2015 e com a participação de 20 organizações progressistas da Bahia, inclusive a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), a Frente Brasil Popular começa 2016 com a força de ter realizado três grandes manifestações nacionais em favor da democracia e contra a tentativa de golpe da extrema direita brasileira. Inúmeros debates, audiências, manifestações, rodas de conversa engrossam o enfrentamento contínuo do Sindicato contra a terceirização. Além de precarizar o trabalho, a prática subordina os direitos trabalhistas ao grande capital. Importantes conquistas dos trabalhadores podem ser perdidas, caso o projeto passe pelo Congresso Nacional, a exemplo das férias, do 13º salário, do FGTS e seguro desemprego. Tem mais, de cada 10 acidentes de trabalho, oito são com trabalhadores terceirizados. Os prejuízos não acabam por aí. Os prestadores de serviços, segundo o Dieese, ganham, em média, 25% a menos do que os funcionários com carteira assinada. Também ficam menos tempo no emprego, 2,7 anos a menos. Por isso, a luta contra a proposta deve ser contínua. No plano macro político, 2015 entra para a história como o ano em que, mais uma vez, com muita luta, as forças progressistas e populares consegui- ram impedir o golpe dos setores ultraconservadores, liderados pela aliança demo-tucana com o apoio da mídia sem ética. Ainda é prematuro dizer que Manoel porto Na última, em dezembro, mais de 30 mil pessoas se manifestaram em favor da democracia, em Salvador. Números expressivos e que devem ganhar mais adeptos, já que as pautas são urgentes, como a exigência de uma nova política econômica, pelo fim do monopólio da comunicação, reformas estruturantes e manutenção dos direitos trabalhistas. Manoel porto Em Salvador, mais de 30 mil pessoas vão às ruas em defesa da democracia As tentativas de golpe da extrema direita em 2015 e os elevados casos de corrupção investigados pela Polícia Federal fizeram do ano um período de grandes manifestações por todo o país e de muita participação popular na política brasileira. Para 2016, a perspectiva é de mais enfrentamento com as eleições municipais. Por isso, é preciso ficar por dentro do histórico e opiniões dos candidatos. Vale lembrar que apenas ouvir o que a mídia burguesa diz é muito prejudicial. Os dados que divulgam são distorcidos e pendem para o lado mais conservador. É hora de lutar contra as adversidades, participar e, principalmente, fortalecer a democracia brasileira, tão atacada atualmente por aqueles que continuam sem saber perder. joão ubaldo Terceirização ameaça o trabalhador