c r i a t i v i d a d e Moda que vem das águas Empreendedores do Pará reaproveitam o couro de peixe para a produção de bolsas, sapatos e acessórios. Produção sustentável atrai clientes C cializou no reaproveitamento da pele do peixe, em uma viagem à Alemanha. Ao colocar a empresa à venda, algum tempo depois, a beleza das peças encantou uma empreendedora de Belém. “Como estava aposentada e achei o trabalho maravilhoso, me dispus a fazê-lo em sociedade com meu filho e minha nora”, relembra Marta Beatriz Costa e Silva, uma das atuais sócias da marca. Apesar de o negócio estar em fase de evolução – conta com poucos funcionários e não possui filial –, a marca de inovação e criatividade indica bons momentos pela frente. Segundo Marta, vendedores autônomos do Rio de Janeiro, de Brasília, Presidente Prudente, Goiânia e Macapá já comercializam suas bolsas, sapatos e aces- A manda M iranda Divulgação ores vibrantes e produtos que chamam a atenção pela beleza e criatividade. A descrição poderia estar presente em qualquer catálogo de moda nacional ou internacional, mas a inovação de empresários de uma marca de bolsas, sapatos e acessórios do Pará aliou essas características ao cuidado ambiental, originando um produto exótico que deixaria qualquer grande designer ou estilista admirado. A principal matéria-prima da Fora d’Água, cujo trabalho é basicamente artesanal, é o couro de peixe. O que seria lixo orgânico é totalmente reaproveitado, transformando-se em peça exclusiva, diferenciada e, claro, sem odor. A idéia virou negócio há cinco anos, quando o antigo proprietário da empresa se espe- Fabricação artesanal dá origem a peças exclusivas Locus • Janeiro 2009 47 FOTOS: Divulgação Produtos da Fora d’Água: matéria orgânica transformada sórios para o resto do país. A peculiaridade e o apelo ecológico da Fora d’Água também levaram o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o governo do Pará a incentivarem os empreendedores a participar de uma feira na França. “Fizemos, na época, boas vendas e estamos aguardando retorno dessa visita. No momento, temos uma pequena representação em Lyon”, conta Marta. A empresa não revela dados sobre faturamento, mas como o trabalho é artesanal a produção acaba sendo limitada. Isso não impede que novos funcionários sejam contratados à medida que os pedidos aumentem. De acordo com a empresária, a Fora d’Água dispõe inclusive de uma cen- 48 Locus • Janeiro 2009 tral de cadastros, com nomes de profissionais qualificados que já executaram trabalhos para a marca. Além da beleza dos produtos, é a preocupação com a sustentabilidade que fascina os apreciadores da Fora d’Água. O couro do peixe é comprado dos pescadores locais, gerando mais renda para trabalhadores e, em conseqüência, o desenvolvimento regional. Ao invés de lixo, o que se vê é um catálogo de aguçar o instinto consumista de qualquer um. Tudo ecologicamente correto. “O que é novo e curioso desperta desejos. Na moda, as coisas não deixam de ser assim também”, destaca a empresária, que já contabiliza os lucros de valorizar a arte e a cultura locais.