O que vem acontecendo com a Engenharia de Projetos? Artigo do prof. Pallotino CEPER/FEN/UERJ Como contraponto às argumentações preconizadas no referido artigo e na qualidade de observador privilegiado que vivenciou pessoalmente o processo histórico da engenharia de projetos brasileira, apresento algumas considerações pertinentes ao posicionamento do Prof.Pallotino, como forma de enriquecer o diagnóstico alcançado pelo ilustre professor. É certo que a engenharia de projetos iniciou‐se a partir da década de sessenta, abrangendo não somente os projetos industriais, mas, também, os grandes projetos de geração de energia hidroelétrica, estes, financiados pelo Banco Mundial, possibilitando a instalação de parte essencial do atual parque gerador brasileiro. Naquela época, os grandes projetos hidroelétricos eram ressarcidos pelo regime “cost plus” de faturamento , regime este que efetivamente possibilitava a criação de soluções de engenharia mais completas e criativas, contando inclusive, com a participação pontual de renomados consultores internacionais. Infelizmente, aquele sistema de ressarcimento, com o decorrer do tempo, foi sendo indevidamente utilizado e, por ocasião da forte crise do mercado de consultoria, iniciada a partir de 1985, praticamente extinto. Na mesma ocasião, houve um grande êxodo de engenheiros qualificados para outros segmentos da economia, em vista da volatilidade do mercado de consultoria, sendo o regime de “cost plus” substituído pelo ressarcimento através de custos globais de projetos, inclusive para detalhamento executivo. Uma boa parte daqueles profissionais não mais retornou às origens tendo ocorrido um “gap” de engenheiros mais qualificados, a partir de 1995. Em torno do ano 2000 ocorria um fenômeno interessante no mercado da engenharia consultiva: disponibilidade de engenheiros jovens e de pouca qualificação, juntamente com engenheiros mais qualificados, existindo uma lacuna daqueles de média qualificação . A privatização de importantes setores da economia brasileira, ocorrida no governo do presidente Fernando Henrique Cardozo, impactou diretamente o mercado da engenharia consultiva, pois o governo federal, grande contratador, parou de fazê‐lo. Os projetos de engenharia passaram então a ser examinados sob uma ótica eminentemente financeira e do rápido retorno do investimento aplicado. O tempo necessário para a completa engenharia de soluções, baseada numa ampla investigação de campo, lastreada em cartografia de alta precisão e com prazos adequados, não mais se coadunava com os novos tempos e seus rigorosos limites orçamentários e de prazos . As empresas de consultoria passaram então a fazer algumas concessões aos seus contratadores, no sentido de obter o melhor projeto no menor tempo possível, com custo minimamente pré‐fixado, pratica esta que tornou‐se uma questão de sobrevivência para muitas delas. Esta conjuntura de mercado, que persiste até hoje, conduziu aos problemas diagnosticados pelo Prof. Pallotino. Ele não deixa de estar certo em muitas de suas considerações, mas, não se deve, entretanto, generalizar sob pena de cometerem‐se injustiças. Existem ainda muitas empresas de consultoria que fazem “o melhor com o que podem com os poucos recursos financeiros de que dispõem.” Acredito que a forma de se minorar os problemas observados pelo Prof. Pallotino seria a divulgação de uma ampla campanha do próprio CBDB bem como dos CREA, Escolas de Engenharia, SINAENCO e Órgãos afins, junto à mídia interessada e principais contratadores, enfatizando que os grandes projetos multidisciplinares de engenharia requerem prazos adequados de maturação e exigem, necessariamente amplo conhecimento das condições prevalecentes nos sítios dos mesmos, através da realização de investigações geológico‐
geotécnicas, estudos topográficos e aerofotogramétricos, ensaios especiais de fundações e ou de materiais naturais de construção, quando julgado necessário ,e ainda avaliação de impacto ambiental e muitas outras questões técnicas especificas conforme o caso, tudo isto em quantidade e qualidade compatíveis com o porte do empreendimento a ser projetado. Sou o proprietário de uma pequena empresa de projetos e consultoria atuando na área de energia, desenvolvendo projetos básicos e executivos de PCHs, há 38 anos milito nesta área e assim como a minha empresa muitas outras no Brasil, e muitos outros profissionais desenvolvem as suas atividades com responsabilidade e seriedade. O erro do Prof. foi generalizar o problema. Rubens dos Santos Rocha Engº Civil – UFRJ 1971 SOLOSCONSULT Engenharia Ltda. Belo Horizonte, MG 15/01/2011 
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