Setembro | Outubro | Novembro | Dezembro 2009 Revista Científica do CREFITO5/RS Atualização Científica CREFITO5/RS Atualização Científica DIRETORIA Presidente Dra. Maria Teresa Dresch da Silveira Vice-Presidente Dr. Jadir Camargo Lemos Diretora-Secretária Dra. Vera Elaine Marques Maciel Diretor-Tesoureiro Dr. Gerson Adriano Chequi Pinto Conselheiros Efetivos Dr. Glademir Schwingel Dr. Jadir Camargo Lemos Dra. Maria Teresa Dresch da Silveira Dr. Gerson Adriano Chequi Pinto Dr. Luis Henrique Telles da Rosa Dra. Renata Cristina Rocha da Silva Dra. Vera Elaine Marques Maciel Dra. Vera Terezinha Ramos Leonardi Conselheiros Suplentes Dra. Aline Rodrigues da Silva Dra. Cíntia Reis Branco Dra. Fabiane Pacheco Oliveira Dra. Geórgia Loss Dr. Jorge Luiz de Andrade Trindade Dra. Márcia Lazzari Viana Dra. Margarida da Silva Mayer Conselho Editorial Comissão de Ensino CREFITO5/RS Consultores Dr. Alexandre Simões Dra. Claudia Trevisan Dr. Fabricio Macagnan Dr. Luis Ulisses Signori Dra. Maria Salete Vogt Dra. Patrícia Viana da Rosa Dr. Pedro Dall “Ago Dra. Ulrika Arns Dra. Vera Rocha Jornalistas Responsáveis Flávia Lima Moreira - MTB 12914 Manuela Martini Colla - MTB 12449 PROJETO GRÁFICO Flávia Lima Moreira A revista eletrônica do CREFITO5, publicação online quadrimestral de produção científica, tem como objetivo favorecer a divulgação científica a fim de subsidiar a prática profissional em Fisioterapia e contribuir para a atualização dos profissionais inscritos no CREFITO5. A publicação recebe: artigos originais; relatos de experiências; resumos de dissertações de mestrado e de teses de doutorado; e resenhas. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos trabalhos e pela permissão do uso de figuras, tabelas e gráficos publicados. É proibida a reprodução parcial ou total sem prévia autorização. Para submeter os originais à apreciação do corpo editorial, o autor principal deve ser Fisioterapeuta e deve estar regularmente inscrito no CREFITO5 e com suas obrigações pecuniárias e eleitorais em dia, bem como estare livres de processos ético-disciplinares nesta autarquia. Esta norma vale também para os co-autores Fisioterapeutas. E-mail: [email protected] Homepage: www.crefito5.org.br Apresentação Os Fisioterapeutas do Rio Grande do Sul estão recebendo, em comemoração aos 40 anos de regulamentação das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, como presente, um espaço privilegiado para a atualização científica em Fisioterapia. Esta iniciativa vem mostrar o quanto cresceu a nossa profissão, acompanhando a modernização dos processos de comunicação. Há mais uma década usamos como meio de comunicação uma revista impressa de caráter informativo. É hora de avançar, dinamizar e atualizar nossa comunicação, levando aos colegas os avanços técnicos e científicos da Fisioterapia. Nossa revista eletrônica vem ao encontro dos anseios dos profissionais em busca de um espaço para publicação dos resultados de suas investigações científicas. Nesse sentido, a periodicidade da revista será quadrimestral – serão três edições elaboradas por ano. No primeiro número, estamos disponibilizando as normas de publicação para os trabalhos serem submetidos à avaliação do Conselho Editorial da revista. Esta publicação, uma iniciativa da Comissão de Ensino do CREFITO5/RS e abraçada pela Diretoria do Conselho, vem para ficar e todos seremos responsáveis por ela. Esperamos, em breve, indexar-la e facilitar o acesso aos profissionais, às IES e aos acadêmicos, através do site do CREFITO5/RS. Agradecemos aos autores dos artigos deste primeiro exemplar e convidamos a todos os profissionais de clínica e do ensino a visitarem a revista e espalhar esta ideia. Dr. Jadir Camargo Lemos Fisioterapeuta | Vice-Presidente CREFITO5/RS Treinamento Muscular Ventilatório em Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Luiz Alberto FORGIARINI JUNIOR¹, Ana Karina de ARAUJO², Mariane Borba MONTEIRO3, Adriane DAL BOSCO4, Alexandre Simões DIAS5. 1 - Fisioterapeuta formado pelo Centro Universitário Metodista – IPA, colaborador do laboratório de Fisiologia e Hepatologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Grupo de Pesquisa em Distúrbio Respiratórios e Reabilitação e aluno do Programa de Pós-graduação em Ciências Pneumológicas (Doutorado) da UFRGS. 2 – Fisioterapeuta Formada pelo Centro Universitário Metodista – IPA. 3 – Fisioterapeuta, Professora do curso de fisioterapia do Centro Universitário Metodista – IPA, especialista em Fisiologia do Exercício pela UFRGS, Mestre em Clínica Médica pela UFRGS, aluna do Curso de Pós-Graduação (Doutorado) em Pneumologia pela UFRGS e professora do Centro Universitário Metodista – IPA, curso de fisioterapia. 4 – Fisioterapeuta, Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Metodista – IPA, especialista em Cinesiologia pela UFRGS, Mestre em Clínica Médica pela UFRGS, Diretora Presidente da Regional Rio Grande do Sul da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). 5 - Fisioterapeuta, Professor do curso de fisioterapia do Centro Universitário Metodista-IPA, Mestre em Fisiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutor em Fisiologia pela UFRGS, pesquisador do laboratório de Fisiologia e Hepatologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Coordenador do Mestrado Profissional em Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista–IPA. Coordenador Científico Geral da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). Endereço para correspondência: Dr. Alexandre Simões Dias – Rua Hipólito da Costa, nº 583 / Casa 18 – Morro Santa Tereza – CEP: 90840-110, Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: simoesdias@terra. com.br Resumo Objetivo: avaliar o efeito do TMV na força e endurance dos músculos respiratórios, tolerância ao exercício e qualidade de vida na DPOC, através de 2 protocolos de treinamento em tempos distintos. Métodos: participaram do estudo 15 pacientes com diagnóstico de DPOC de acordo com a classificação da GOLD (2003), e divididos em dois grupos. Os pacientes do grupo A realizaram TMV domiciliar durante 2 meses e os participantes do grupo B, realizaram TMV domiciliar durante 1 mês. O treinamento foi realizado diariamente, em sessões de 30 minutos, com equipamento threshold loaded IMT® com carga de 30% da Pressão Inspiratória máxima (PImáx). Para avaliação pré e póstreinamento utilizou-se: espirometria, manovacuometria, teste incremental e de endurance dos músculos ventilatórios e teste da caminhada dos seis minutos (TC6`). Também foi utilizado o questionário de qualidade de vida SF36. Resultados: pode observar um aumento significativo da PImáx e do tempo de endurance em ambos os grupos (p<0,05), porém sem diferença significativa entre eles. A distância do TC6` aumentou nos dois grupos, sendo significativa somente no grupo A. No questionário SF36 houve melhora significativa dos componentes capacidade funcional e dor, no grupo A; e capacidade funcional, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental, no grupo B. Conclusão: TMV em um mês foi suficiente para a melhora da força e endurance muscular respiratório. No entanto foi necessário mais tempo para a melhora da capacidade física, medida através do TC6`. Palavra-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Treinamento Muscular Ventilatório, Reabilitação. Introdução A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível, sendo geralmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória pulmonar anormal a partículas ou gases nocivos. A designação compreende principalmente a união da bronquite crônica e do enfisema pulmonar.(1) A DPOC é a 4ª causa de morte nos Estados Unidos, ficando somente atrás das doenças de origem cardíaca, do câncer e das doenças cerebrovasculares. Em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) esti- 03 mou que 2,74 milhões de pessoas morrem em conseqüência da DPOC em todo o mundo.(2) Os pacientes com DPOC tipicamente apresentam um declínio no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e na capacidade vital forçada (CVF). O VEF1 < 80% do predito após o uso de broncodilatador em conjunto com VEF1/CVF < 70% confirma a presença de limitação ao fluxo aéreo que não é totalmente reversível. A relação VEF1/CVF por si só é considerada um sinal inicial de limitação do fluxo aéreo em pacientes cujo VEF1 permanece normal (≥ 80% do predito). (1) A função dos músculos respiratórios também pode estar profundamente afetada em decorrência do aumento do trabalho respiratório e da redução da capacidade desses músculos em suportar uma elevada carga ventilatória. A hiperinsuflação pode estar presente na DPOC e alterar a função dos músculos respiratórios, promovendo seu encurtamento e colocando-os em posição de desvantagem na curva comprimento-tensão.(3) Os músculos respiratórios possuem um maior fluxo sanguíneo, uma densidade capilar aumentada, e são mais resistentes à fadiga que outros músculos esqueléticos. A perda da força da musculatura inspiratória é um importante fator determinante da dispnéia e da limitação ao exercício em pacientes com DPOC. (4) O treinamento da força dos músculos respiratórios pode melhorar a mecânica ventilatórias através do aumento da complacência e da diminuição na resistência das vias aéreas. O treinamento de endurance pode ser útil para retardar ou prevenir a fadiga muscular ventilatória. (5) Há controvérsias em relação ao Treinamento Muscular Ventilatório (TMV) ideal em pacientes portadores de DPOC. Alguns estudos têm demonstrado que o TMV pode melhorar a força e endurance muscular respiratória, fato este questionável por que ainda não existe uma certeza sobre o principal fator responsável pela melhora, podendo ser o aumento da hiperinsuflação ou aumento de fibras musculares. Além disso, não foi estabelecido o tempo de treinamento necessário para alcançar os benefícios na força e na endurance muscular respiratória. O presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito 04 do TMV sobre a força e a endurance dos músculos respiratórios, bem como a tolerância ao exercício e a qualidade de vida em pacientes com DPOC que realizaram um treinamento dos músculos ventilatórios a nível domiciliar. Foi utilizado dois protocolos distintos de treinamento. Metodologia A O estudo caracteriza-se por um ensaio clínico randomizado, realizado no ambulatório de pneumologia na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA). Os pacientes recrutados para o estudo estavam em acompanhamento médico no ambulatório, possuíam o diagnóstico de DPOC, de acordo a classificação da GOLD (2003). Foram excluídos os pacientes fumantes ou ex-fumantes que pararam de fumar há menos de três meses, aqueles que apresentavam doença músculoesquelética ou cardíaca associada, que incapacitasse a realização do TMV, bem como infecção ou exarcebação respiratória nas últimas oito semanas antecedentes ao início do estudo. Ao serem recrutados, os pacientes receberam o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), informando a proposta do estudo, onde após a leitura do mesmo foi assinado por todos os participantes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Metodista IPA e ISCMPA. Os pacientes foram submetidos, primeiramente, a uma avaliação fisioterapêutica e em seguida à realização da manovacuometria e da espirometria. Após um repouso de 30 minutos realizou-se o teste incremental e de endurance dos músculos ventilatórios e o teste de caminhada dos seis minutos (TC6`), havendo um período de descanso de pelo menos 20 minutos entre os mesmos. Os testes foram aplicados por duas pessoas treinadas as quais utilizaram um método padronizado previamente. Os pacientes foram divididos randomizados em dois grupos. O sorteio foi feito através de 30 envelopes pardos, tamanho ofícios, sem marcações externas, os quais continham em seu interior uma folha com o seguinte dizer: “Treinamento Ventilatório 1 mês” ou “Treinamento Ventilatório 2 meses”; foram divididos em blocos de dez envelopes sendo cinco de cada. Os mesmo serão embaralhados e numerados de 1 a 10. Logo o primeiro paciente incluso no estudo corresponderia ao envelope 1 e assim sucessivamente. Após a finalização do bloco, este foi excluído e se procederia da mesma forma com o bloco seguinte. O grupo A realizou o treinamento da musculatura ventilatória pelo período de dois meses (8semanas) e o grupo B realizou o treinamento somente pelo período de um mês (4 semanas). Os dois grupos utilizaram o equipamento threshold loaded IMT® com carga de 30% da PImáx par o TMV. Os aparelhos foram fornecidos pelos pesquisadores a todos os pacientes. A força dos músculos respiratórios foi avaliada através de um manovacuômetro digital (Marca: Globalmed®, Modelo: MVD 500 V.0.2., Brasil). A PImáx foi avaliada a partir da posição de expiração máxima volume residual. A pressão expiratória máxima (PEmáx) foi mensurada através da posição de inspiração máxima capacidade pulmonar total. Os testes foram realizados com clipe nasal. Os pacientes realizaram cinco manobras, onde a de maior valor foi aceita. Os valores das cinco manobras não poderia apresentar diferença maior que 10% entre elas. A espirometria foi realizada através de um espirômetro digital portátil (Marca: Micro Medical®, Modelo: Micro Plus, Alemanha). Os seguintes valores foram obtidos: Volume Expiratório Forçado no 1º Segundo (VEF1), Capacidade Vital Forçada (CVF), Índice de Tiffeneou (VEF1/CVF) e pico de fluxo expiratório (PFE). Os pacientes realizaram três manobras sendo considerado a de maior valor. Os testes de espirometria e manovacuometria seguiram as Diretrizes para Teste de Função Pulmonar (2002). O teste incremental avaliou o desempenho dos músculos respiratórios, o qual foi realizado com o equipamento threshold loaded IMT® baseado no protocolo utilizado por Riera e cols., (2001). Para a realização do teste de endurance, o aparelho threshold loaded IMT® foi ajustado com a carga máxima obtida no teste incremental. O paciente deveria respirar contra uma carga determinada e interromper o mesmo quando não tolerasse mais o esforço. Caso o paciente alcançasse 20 minutos realizando o teste (tempo máximo), o mesmo era finalizado. O tempo de duração do teste com o threshold loaded IMT® foi definido como a endurance da músculatura respiratória respiratória. Durante o teste o paciente quantificava a sensação de dispnéia através da escala de Borg modificada (escala de 1 a 10). O TC6` foi realizado segundo a ATS (2002). em um corredor plano com extensão de 40 metros. Os pacientes foram instruídos a caminhar o mais rápido possível no tempo de seis minutos. O teste foi realizado sem acompanhamento e com estímulo verbal dos pesquisadores. No início e no final do teste foram monitorados a freqüência cardíaca (FC), a freqüência respiratória (FR) e o grau de dispnéia, que foi quantificado através da escala de Borg modificada (escala de 0-10). Os participantes dos dois grupos receberam o questionário de qualidade de vida auto-aplicativo Short Form 36 (SF-36), antes e após o programa de TMV. O treinamento muscular ventilatório foi realizado no domicílio dos participantes, os quais receberam treino prévio através de demonstração prática pelos pesquisadores. Os mesmos foram instruídos a utilizar o equipamento todos os dias da semana durante 30 minutos, podendo realizar um intervalo entre os períodos de treinamento, sendo que os mesmo deveriam ser o menor possível. No início do estudo todos receberam uma ficha para controle do treinamento e orientações quanto ao seu uso e a cada 15 dias retornavam ao ambulatório para realizar o treinamento sob a supervisão dos pesquisadores e acompanhamento do preenchimento da ficha. No final do período de treinamento todos os testes foram realizados novamente. Os dados obtidos foram analisados no programa SPSS (Satistical Package for Social Science). Para comparação entre o grupo A e B, foi utilizado o teste t de Student; para comparação de proporções, o Teste Exato de Fischer. O nível de significância assumido foi de p< 0,05. Resultados A Dezoito pacientes foram recrutados para o estudo, sendo que dez foram alocados para o grupo A e oito no B. Desses, quinze completaram o treinamento. No grupo A, dois pacientes desistiram de realizar o trei- 05 namento, portanto este grupo foi composto por oito pacientes, todos do sexo masculino. No grupo B um dos participantes teve que abandonar o treinamento devido à exarcebação da doença pulmonar, ficando esse grupo constituído por sete participantes, quatro do sexo masculino e três do sexo feminino. A diferença entre os grupos em relação ao sexo não foi estatisticamente significativa (p=0,07). Todos os participantes apresentavam dispnéia no início do estudo. No grupo A cinco pacientes (62,5%) apresentavam dispnéia somente aos esforços e três participantes (37,5%) apresentavam dispnéia no repouso. No grupo B, quatro pacientes (57,1%) queixaram-se de dispnéia somente aos esforços e três pacientes (42,9%) queixaram-se de dispnéia ao esforço. Em relação à fadiga de membros inferiores, todos os pacientes do grupo A apresentam este sintoma. No grupo B, cinco pacientes (71,4%) apresentaram fadiga. No grupo A todos os participantes já tiveram história de internação hospitalar, sendo que quatro (50%) estiveram internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante a internação, cinco pacientes deste grupo (62,5%) necessitaram de suporte ventilatório. No grupo B, seis pacientes (85,7%) já tiveram internação hospitalar, sendo que apenas um paciente (14,3%) esteve internado na UTI. Durante a internação, quatro pacientes (57,1%) necessitaram de oxigenoterapia. Todos os participantes do grupo A eram ex-fumantes, sendo que sete (87,5%) pararam de fumar há mais de 6 meses. No grupo B, dois participantes (28,6%) nunca fumaram, e os outros cinco pacientes (71,4%) pararam de fumar há mais de seis meses. (Tabela I) TABELA I - Características dos Participantes no início do estudo Parâmetros Idade, anos Sexo, M/F Risco Ocup., S/N Dispnéia, S/N Fadiga, S/N Inter. Hosp., S/N Tabagismo, S/N Grupo A 60,4±10,8 8/0 2/6 3/5 8/0 8/0 8/0 Grupo B 54,8±10,3 4/3 1/6 3/4 5/2 6/1 5/3 Valores expressos em média ± desvio padrão. M = masculino; F = feminino; Risco Ocup. = Risco Ocupacional; S = sim; N = não; R = repouso; E = esforço; Inter Hosp. = internação hospitalar. A média da PImáx de todos os participantes do estudo (Grupo A e B) foi 68,6 ± 23,9 cmH2O e o valor final 06 (após TMV) foi de 85,4± 27,2 cm H2O. No grupo A, o valor absoluto da PImáx aumentou significativamente de 80,1 ± 18,9 cmH2O para 97,12± 27,2 cmH2O (p=0,038). No grupo B, também houve um aumento significativo no valor absoluto da PImáx de 55,4± 23,3 cmH2O para 72±21,6 cmH2O (p=0,0002). A diferença entre a PImax inicial e final no grupo A foi 17 ± 23,2 cmH2O e no grupo B foi 16,6 ± 6,4 cmH2O, não sendo significativa a diferença entre os grupos (p=0,96). (Figura 1) FIGURA 1 - Pressão Inspiratória Máxima (cmH2O) # - p < 0,05 na comparação pré e pós-treinamento intra-grupo. No grupo A, a PEmáx aumentou de 82,7 ± 30,9 cmH2O para 90, ± 28,2 cmH2O , mas sem significância estatística (p=0,15). No grupo B, a PEmáx aumentou de 66,7 ± 24,2 cmH2O para 82,4 ± 35,9 cmH2O (p=0,02). A diferença entre a PEmáx inicial e final no grupo A foi 7,6 ± 19,4 cmH2O, e no grupo B foi 15,7 ± 16 cm H2O. A PEmáx aumentou significativamente no grupo B (p=0,02), porém não houve diferença significativa no grupo A (p=0,15). FIGURA 2 - Pressão Expiratória Máxima (cmH2O) # - p < 0,05 na comparação pré e pós-treinamento intra-grupo. Em relação ao teste incremental, no grupo A, a carga aumentou de 34,9 ± 9 cmH2O para 40,6 ± 1,1 cmH2O, porém sem apresentar diferença estatisticamente significativa (p=0,09). No grupo B, a carga incremental aumentou de 34,5 ± 8,03 cmH2O para 37,8 ± 3,6 cmH2O, e também não apresentou diferença significativa (p=0,06). Obteve-se um aumento significativo no tempo do teste de endurance (TE) nos dois grupos, porém sem diferença estatisticamente significativa na comparação entre eles (p=0,48). Quando analisado os grupos individualmente, no grupo A, o TE aumentou de 2,32 ± 1,52 minutos para 5,65 ± 3,52 minutos (p=0,03) e no grupo B aumentou de 4,20 ± 4,51 minutos para 9,21 ± 7,86 (p=0,03). A distância percorrida no TC6` no grupo A pré e póstreinamento foi, respectivamente, 382,7 metros para 438,7 metros (p=0,02). Já no grupo B foi encontrado valores de 534,6 metros e 575,8 metros pós-treinamento, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,16). A diferença no grau de dispnéia, avaliado pela escala de Borg Modificada na realização do TC6`, não demonstrou nível de significância estatística no período pré e pós-treinamento nos dois grupos e nem entre eles. Os dados relacionados à função pulmonar, escala de Borg, teste de endurance e valores encontrado no TC6` são apresentados na tabela II. TABELA II - Comparação dos testes pré e pós-treinamento em ambos grupos Grupo A Variável Pré Grupo B Pós Pré Pós VEF1, %prev. 48±16,8 52,8±13,7 49,6±17,2 47,2±16,5 CVF, % prev. 75,8±15,6 76,6±8,6 78,6±14,6 72±12,8 PImáx, cmH2O 80,1±18,9 97,1±27,2 55,4±23,3 72±21,6 PEmáx, cmH2O 82,7±30,9 90,4±28,1 66,7±24,2 82,4±35,9 CI, cmH2O 34,9±9 40,6±1 34,5±8 37,8±3,6 TE, min 2,32±1,52 5,65±3,52 4,2±4,51 9,21±7,86 BE 5,4±3,4 5,2±3,4 4,8±2,5 2,4±3,1 Dist TC6`, m 382,7±46,6 438,7±59,4 534,6±115,2 575,8±79,2 Borg f TC6` 4,5±2,9 5,2±3,1 4,1±1,8 3,3±1,6 Valores expressos em média + desvio padrão. CI = carga incremental; TE = tempo no teste de endurance; BE = escore de Borg no teste de endurance; Dist TC6` = distância percorrida no teste da caminhada dos seis minutos; Borg f TC6` = escore de Borg no final do teste de caminhada dos seis minutos. # - p < 0,05 na comparação pré e pós-treinamento. No questionário SF36 observou-se diferença significativa no gripo A nos componentes capacidade funcional (p=0,01) e dor (p=0,03). Nos outros componentes não se obteve melhora significativa. No grupo B houve melhora significativa nos seguintes componentes: capacidade funcional (p=0,03), aspectos sociais (p=0,002), aspectos emocionais (p=0,0009) e saúde mental (p=0,03). Nos demais componentes, a melhora não foi significativa estatisticamente (tabela III). TABELA III - Comparação dos testes pré e pós-treinamento em ambos grupos. Variáveis Cap. Funcional Lim. Asp. Físicos Dor Vitalidade Aspectos Sociais Aspecto Emocional Saúde Mental Estado G. Saúde Pré Grupo A Grupo B Pós Pré 32,8 ± 12,5 10,7 ± 28,3 36 ± 23,2 30,7 ± 23,7 55 ± 29 52,1 ± 17,5# 57,1 ± 42,6 58,2 ± 20,2# 62,8 ± 32,3 82,1 ± 17,4 39,2 ± 20,4 28,5 ± 36,5 44,5 ± 30,2 40 ± 24,8 41,2 ± 32,8 52,1 ± 17,5# 57,1 ± 42,6 58,2 ± 20,2 62,8 ± 32,3 82,1 ± 17,43#* Pós 14,2 ± 26,2 39,4 ± 19,7 37,2 ± 20,9 95,2 ± 12,6 74,8 ± 26 48,2 ± 19,7 28,5 ± 35,6 49,7 ± 29,8 32 ± 24,1 95,2 ± 12,6#* 74,8 ± 26# 48,2 ± 19,7 Valores expressos em média ± desvio padrão. Cap Funcional = capacidade funcional; Lim. Asp. Físicos = limitação por aspecto físico; Estado Geral Saúde = estado geral de saúde. # - p < 0,05 na comparação pré e pós-treinamento intra-grupo. * - p < 0,05 na comparação inter-grupo. Para analisar a correlação do grau de severidade da doença com resposta ao treinamento, utilizou-se o teste de correlação do %VEF1 do valor predito com a diferença da PImáx pré e pós treinamento. O resultado observado foi uma correlação inversa e fraca(r= 0,28) e sem significância estatística (p= 0,31). Discussão O TMV vem sendo utilizado desde o ano de 1976, quando Leith e Bradley utilizaram uma carga alinear para treinar indivíduos saudáveis, demonstrando um aumento na força e na endurance dos músculos respiratórios. Em nosso estudo, utilizamos o equipamento threshold loaded IMT® para se obter uma carga de pressão in- 07 dependente do fluxo inspiratório em virtude da proposta de treinamento domiciliar. zaram TMV pelo período de dois meses com diferentes cargas (30 e 60% da PImáx). (10) O grau de severidade da doença em nosso estudo foi predominantemente grave, concordando com a maioria dos estudos sobre treinamento muscular ventilatório, onde são realizados em pacientes que apresentam doença pulmonar graves. (6,8) Em nossa pesquisa os pacientes do grupo B melhoraram força e endurance dos músculos respiratórios, apresentando melhora significativa na dispnéia durante o teste de endurance e diminuindo levemente a dispnéia no final do TC6` após o período de treinamento, porém não se obteve aumento significativo na distância percorrida. Uma das hipóteses para este achado seria o período utilizado par o treinamento, 1 mês. Quando um estímulo ou carga aplicada aos músculos respiratórios é capaz de aumentar a força muscular inspiratória, há um aumento na capacidade funcional e uma diminuição da dispnéia. Logo, poderíamos esperar uma melhora na tolerância ao exercício com o treinamento de um mês, visto que a força e a endurance muscular respiratória aumentaram significativamente, entretanto, não se observa o mesmo comportamento apresentado pelo grupo A. (11) Nesta pesquisa os valores espirométricos não apresentaram diferença significativa após realizado o treinamento. Esse achado já era esperado era esperado, pois não há melhora da função pulmonar após realização de um treinamento muscular. (9,10) O valor absoluto da PImáx aumentou significativamente nos dois grupos, não havendo diferença entre os mesmos. Ramirez-Sarmiento e cols. realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o efeito do treinamento muscular inspiratório específico em pacientes com DPOC, o grupo que realizou treinamento utilizou o equipamento threshold loaded IMT® com carga de 40 a 50% da PImáx por cinco semanas consecutivas, onde foi realizado uma biópsia dos músculos intercostal externo e vasto lateral antes e após o treinamento. Observou-se aumento na proporção de fibras tipo I (que conferem resistência) e no tamanho das fibras tipo II (que conferem força) no músculo intercostal externo. Assim os autores concluíram que esta musculatura respiratória possui a capacidade de realizar um remodelamento estrutural após treinamento específico em pacientes com DPOC. (9) A força dos músculos expiratórios quando avaliadas em nosso estudo (PEmáx) aumentou nos dois grupos estudados, com diferença significativa somente no grupo B. Weiner e cols., quando realizaram um treinamento muscular combinado, não encontraram um aumento na PEmáx, diferindo do encontrado em nossa pesquisa. (8) Quanto à capacidade funcional, obteve-se melhora significativa na tolerância ao exercício no grupo A, quando avaliado pelo TC6`, onde a distância aumento significativamente após o período de treinamento. A diferença não foi significativa com os pacientes do grupo B, tampouco na comparação entre os grupos. No estudo realizado por Balzan e cols., observou-se também uma melhora na tolerância ao exercício, quando realizado o TC6`.este estudo também utilizou indivíduos que reali- 08 É possível que a hiperinsuflação dinâmica durante o TC6` também esteja relacionada à diminuição da tolerância ao exercício. No estudo de Milicemili., observou que pacientes com DPOC apresentam hiperinsuflação dinâmica durante a realização de atividades, sendo o principal responsável pela dispnéia apresentada no final do TC6`. No entanto essa hipótese parece não estar presente em nosso estudo, pois os pacientes do grupo B apresentaram menos dispnéia no TC6` após o treinamento. Nesta pesquisa foram avaliadas a função muscular respiratória, a hiperinsuflação pulmonar através da PEEP intrínseca e a dispnéia. Os resultados demonstraram um aumento da PEEP intrínseca nos pacientes com estágio III, confirmando que na hiperinsuflação pulmonar existia um aumento no grau de dispnéia. Já os pacientes do estágio I e II, o escore de dispnéia melhorou significativamente e os pacientes não apresentaram aumento da hiperinsuflação após o treinamento.(11) Em nosso estudo, utilizamos o questionário SF-36 par avaliar a qualidade de vida, os pacientes dos dois grupos apresentaram melhora significativa no componente capacidade funcional. Já o grupo B apresentou melhora nos seguintes aspectos: capacidade funcional, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde metal. De acordo com os resultados encontrados, os pacientes do grupo B obtiveram um resultado superior na qualidade de vida após o período de treinamento, quando comparado ao grupo A. Boueri e cols., quando utilizou o questionário SF36 antes e após um programa de reabilitação pulmonar de três semanas em pacientes com DPOC(14). Encontrou que existia uma melhora na qualidade de vida dos pacientes. Nosso estudo confirmou a melhora da performance muscular ventilatória em pacientes com DPOC após um programa de TMV. Ambos protocolos de treinamento, (um e dois meses), foram efetivos para a melhorar a força e a endurance muscular respiratória, mostrando que a carga de 30% da pressão inspiratória máxima, causa um efeito na musculatura estriada esquelética respiratória. Apesar de melhorar a performance muscular ventilatória nos dois grupos avaliados, observou-se um aumento na tolerância ao exercício, somente após o treinamento de dois meses, sugerindo que um período curto de treinamento (1 mês) não causa estímulo a musculatura respiratória. O TMV melhorou alguns componentes no questionário de qualidade de vida, porém esse resultado não pode ser utilizado amplamente, pois não reflete a qualidade de vida de uma grade parte da população. O treinamento muscular ventilatório pode ser realizado em pacientes com DPOC, mas os efeitos causados pelo treinamento varia de acordo com período utilizado par estimular a musculatura respiratória. TMV vem sendo utilizado desde o ano de 1976, quando Leith e Bradley utilizaram uma carga alinear para treinar indivíduos saudáveis, demonstrando um aumento na força e na endurance dos músculos respiratórios. Em nosso estudo, utilizamos o equipamento threshold loaded IMT® para se obter uma carga de pressão independente do fluxo inspiratório em virtude da proposta de treinamento domiciliar. O grau de severidade da doença em nosso estudo foi predominantemente grave, concordando com a maioria dos estudos sobre treinamento muscular ventilatório, onde são realizados em pacientes que apresentam doença pulmonar graves. (6,8) Nesta pesquisa os valores espirométricos não apresentaram diferença significativa após realizado o treinamento. Esse achado já era esperado era esperado, pois não há melhora da função pulmonar após realização de um treinamento muscular. (9,10) O valor absoluto da PImáx aumentou significativamente nos dois grupos, não havendo diferença entre os mesmos. Ramirez-Sarmiento e cols. realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o efeito do treinamento muscular inspiratório específico em pacientes com DPOC, o grupo que realizou treinamento utilizou o equipamento threshold loaded IMT® com carga de 40 a 50% da PImáx por cinco semanas consecutivas, onde foi realizado uma biópsia dos músculos intercostal externo e vasto lateral antes e após o treinamento. Observou-se aumento na proporção de fibras tipo I (que conferem resistência) e no tamanho das fibras tipo II (que conferem força) no músculo intercostal externo. Assim os autores concluíram que esta musculatura respiratória possui a capacidade de realizar um remodelamento estrutural após treinamento específico em pacientes com DPOC. (9) A força dos músculos expiratórios quando avaliadas em nosso estudo (PEmáx) aumentou nos dois grupos estudados, com diferença significativa somente no grupo B. Weiner e cols., quando realizaram um treinamento muscular combinado, não encontraram um aumento na PEmáx, diferindo do encontrado em nossa pesquisa. (8) Quanto à capacidade funcional, obteve-se melhora significativa na tolerância ao exercício no grupo A, quando avaliado pelo TC6`, onde a distância aumento significativamente após o período de treinamento. A diferença não foi significativa com os pacientes do grupo B, tampouco na comparação entre os grupos. No estudo realizado por Balzan e cols., observouse também uma melhora na tolerância ao exercício, quando realizado o TC6`.este estudo também utilizou indivíduos que realizaram TMV pelo período de dois meses com diferentes cargas (30 e 60% da PImáx) (10) . Em nossa pesquisa os pacientes do grupo B melhoraram força e endurance dos músculos respiratórios, apresentando melhora significativa na dispnéia durante o teste de endurance e diminuindo levemente 09 a dispnéia no final do TC6` após o período de treinamento, porém não se obteve aumento significativo na distância percorrida. Uma das hipóteses para este achado seria o período utilizado par o treinamento, 1 mês. Quando um estímulo ou carga aplicada aos músculos respiratórios é capaz de aumentar a força muscular inspiratória, há um aumento na capacidade funcional e uma diminuição da dispnéia. Logo, poderíamos esperar uma melhora na tolerância ao exercício com o treinamento de um mês, visto que a força e a endurance muscular respiratória aumentaram significativamente, entretanto, não se observa o mesmo comportamento apresentado pelo grupo A. (11) É possível que a hiperinsuflação dinâmica durante o TC6` também esteja relacionada à diminuição da tolerância ao exercício. No estudo de Milicemili., observou que pacientes com DPOC apresentam hiperinsuflação dinâmica durante a realização de atividades, sendo o principal responsável pela dispnéia apresentada no final do TC6`. No entanto essa hipótese parece não estar presente em nosso estudo, pois os pacientes do grupo B apresentaram menos dispnéia no TC6` após o treinamento. Nesta pesquisa foram avaliadas a função muscular respiratória, a hiperinsuflação pulmonar através da PEEP intrínseca e a dispnéia. Os resultados demonstraram um aumento da PEEP intrínseca nos pacientes com estágio III, confirmando que na hiperinsuflação pulmonar existia um aumento no grau de dispnéia. Já os pacientes do estágio I e II, o escore de dispnéia melhorou significativamente e os pacientes não apresentaram aumento da hiperinsuflação após o treinamento.(11) Em nosso estudo, utilizamos o questionário SF-36 par avaliar a qualidade de vida, os pacientes dos dois grupos apresentaram melhora significativa no componente capacidade funcional. Já o grupo B apresentou melhora nos seguintes aspectos: capacidade funcional, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde metal. De acordo com os resultados encontrados, os pacientes do grupo B obtiveram um resultado superior na qualidade de vida após o período de treinamento, quando comparado ao grupo A. Boueri e cols., quando utilizou o questionário SF36 antes e após um programa de reabilitação pulmonar de três semanas em pacientes com DPOC (14). Encontrou que existia uma melhora na qualidade de vida dos pacientes. 10 Nosso estudo confirmou a melhora da performance muscular ventilatória em pacientes com DPOC após um programa de TMV. Ambos protocolos de treinamento, (um e dois meses), foram efetivos para a melhorar a força e a endurance muscular respiratória, mostrando que a carga de 30% da pressão inspiratória máxima, causa um efeito na musculatura estriada esquelética respiratória. Apesar de melhorar a performance muscular ventilatória nos dois grupos avaliados, observou-se um aumento na tolerância ao exercício, somente após o treinamento de dois meses, sugerindo que um período curto de treinamento (1 mês) não causa estímulo a musculatura respiratória. O TMV melhorou alguns componentes no questionário de qualidade de vida, porém esse resultado não pode ser utilizado amplamente, pois não reflete a qualidade de vida de uma grade parte da população. O treinamento muscular ventilatório pode ser realizado em pacientes com DPOC, mas os efeitos causados pelo treinamento varia de acordo com período utilizado par estimular a musculatura respiratória. Referências Bibliográficas 1. GOLD, Global Strategy for the Diagnosis, Management and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Guidelines Executive Summary. National Institute of Health. Disponível em http://www.goldcopd.com. 2. Oliveira J, Jardim J, Rufino R. I Consenso Brasileiro de DPOC. Jornal de Pneumologia 2000; 26; Suplemento 1. 3. Pauwels R, Buist A, Jenkins C. Global Strategy for the Diagnosis, Management and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease: National Heart, Lung and Blood Institute and World Health Organization Global Initiative for Chronic Obstructive Pulmonary Disease: Executive Summary. Resp Care 2001;48; nº 8. 4. Syaballo N. Respiratory Muscle Function in Patients with Neuromuscular Disorders and Cardiopulmonary Disease. Int J Clin Pract 1998; 52:319-329. 5. Preusser BA, Winningham ML, Clanton TL. High vs Low-Intensity Muscle Interval Training in Patients with COPD. Chest 1994; 106: 110-117. 6. Lotters F, Tol B, Kwakkel G, Gosselink R. 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In the distance in the TC6’ increased significant only in the group A. In the SF-36 questionnaire had significant improvement of components functional capacity and pain, in the group A, and functional capacity, social aspects, emotional aspects and metal health, in group B. Conclusion: that the VMT in one month enough for the improvement of the force and endurance respiratory muscle. However more time for the improvement of the physical capacity was necessary, measure through the TC6’. Key-words: Chronic Obstructive Pulmonary Disease, Respiratory Training, Rehabilitation. Ventilatory Muscle Training in Patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease Objective: to evaluate the effect the VMT in the force and endurance of the respiratory muscle, tolerance to the exercise and quality of life in the COPD, through 2 protocols of training in distinctes times. Methods: fifteen patients with COPD diagnosis had participed in accordance with of the study the classification of the GOLD (2003), and divided in two groups. The patients of the group A had carried through domiciliary VMT during two months and the participants of group B, had carried through domiciliary VMT during 1 month. The training was carried through daily, in sessions of 30 minutes, with equipment threshold loaded IMT® 11 Abordagem Fisioterapêutica na Proteinose Alveolar Pulmonar Luiz Alberto Forgiarini Junior1, Juliana Tieppo2, Rafael Vercelino2, Adriane Dal Bosco3, Alexandre Simões Dias4. 1 - Fisioterapeuta formado pelo Centro Universitário Metodista – IPA, colaborador do laboratório de Fisiologia e Hepatologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Grupo de Pesquisa em Distúrbio Respiratórios e Reabilitação e aluno do Programa de Pós-graduação em Ciências Pneumológicas (Doutorado) da UFRGS. 2 – Fisioterapeuta formado(a) pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Mestres em Fisiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutorandos em Fisiologia pela UFRGS. 3 – Fisioterapeuta, Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Metodista – IPA, especialista em Cinesiologia pela UFRGS, Mestre em Clínica Médica pela UFRGS, Diretora Presidente da Regional Rio Grande do Sul da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). 4 - Fisioterapeuta, Professor do curso de fisioterapia do Centro Universitário Metodista-IPA, Mestre em Fisiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutor em Fisiologia pela UFRGS, pesquisador do laboratório de Fisiologia e Hepatologia Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Coordenador do Mestrado Profissional em Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista –IPA. Coordenador Científico Geral da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). Correspondência para: Alexandre Simões Dias, Rua Hipólito da Costa, 543 casa 18 – Morro Santa Teresa/ CEP 90840-110 – Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil. Fone (51) 99165657, e-mail: [email protected]. Resumo A Proteinose Alveolar Pulmonar é uma doença rara, de causa inespecífica, caracterizada pela presença de material proteináceo amorfo no espaço intraalveolar.O tratamento para este tipo de acometimento é a retirada do material através da lavagem broncoalveolar. Este trabalho relata o caso de uma paciente que possuía o diagnóstico de Proteinose Alveolar Pulmonar e que recebeu o acompanhamento e o atendimento fisioterapêutico desde o período pré-operatório até o momento da alta hospitalar. A fisioterapia contribuiu com a melhora do quadro clínico, principalmente em relação à distância percorrida no teste da caminhada dos seis minutos. Palavra-chave: Proteinose Alveolar Pulmonar e Fisio- 12 terapia Respiratória. Introdução A Proteinose Alveolar Pulmonar (PAP) é uma doença rara caracterizada pelo acúmulo de material proteináceo amorfo no interior dos alvéolos, e possui três formas distintas: congênita, secundária e adquirida, sendo esta responsável por 90% dos casos. Acomete em sua maioria homens, entre terceira e quinta década de vida, sendo que o sintoma mais comum é a dispnéia, podendo estar acompanhada por febre, dor torácica e hemoptise.(3) Ao exame radiológico pode-se observar opacidade homogênea de padrão alveolar disposto em torno do hilo pulmonar, sugerindo a aparência de “asas de morcego”. O diagnóstico diferencial se dá através da biopsia pulmonar, e os testes de função pulmonar geralmente demonstram um distúrbio ventilatório restritivo, assim como, uma severa redução na capacidade de difusão do monóxido de carbono.(4) A intervenção terapêutica mais adequada e utilizada para o tratamento deste tipo de doença é a lavagem broncoalveolar. O objetivo deste trabalho é apresentar o caso de uma paciente que possuía o diagnóstico de Proteinose Alveolar Pulmonar e recebeu o acompanhamento e o atendimento fisioterapêutico desde o período pré-operatório até o momento da alta hospitalar, demonstrando que a fisioterapia respiratória pode ser associada ao procedimento utilizado de rotina, que é a lavagem broncoalveolar. Relato do Caso Paciente do sexo feminino, 34 anos, não tabagista, com história de dispnéia, síncope e dor torácica ventilatório dependente. Apresentava no seu histórico médico o diagnóstico de Proteinose Alveolar Pulmonar, re-interna um ano e um mês depois da última lavagem broncoalveolar para realização de novo procedimento. Na propedêutica foram encontrados murmúrios vesiculares diminuídos em bases pulmonares, e os seguin- tes valores nos exames complementares: Peak Flow: 325 mL/min, Pressão Inspiratória Máxima (PImáx.): -54 cmH2O, Pressão Expiratória Máxima (PEmáx.): 90 cmH2O. Percorreu 270 metros no Teste da Caminhada dos 6 Minutos (TC6´) e apresentou na Escala de Borg Modificada (0-10) o valor 9 no final do teste. Na tomografia computadorizada de tórax evidênciouse opacidade em vidro fosco esparsas nos campos pulmonares bilateralmente e espessamento de septos intralobulares. te momento o mesmo interrompido. No sexto dia foi submetida à lavagem do pulmão direito. Figura 1 - Radiografia de tórax da 1ª avaliação fisioterapêutica e da alta hospitalar. No dia seguinte, o atendimento fisioterapêutico objetivou a expansão pulmonar, utilizando Máscara de EPAP com 10 cmH2O por aproximadamente dez minutos. No turno da tarde a paciente foi submetida à lavagem do pulmão esquerdo. Figura 2 - Tomografia de tórax na 1ª avaliação fisioterapêutica. Em relação às patologias pregressas, teve infecção de Trompas por Clamídia, sendo submetida a histerectomia. Iniciou atendimento fisioterapêutico dois dias antes do procedimento da lavagem brocopulmonar onde objetivo era promover uma expansão pulmonar, higiene brônquica e melhora da ventilação. Para tal foi utilizado de Padrões Ventilatórios Insuflantes associado à elevação dos membros superiores, Inspirômetro de Incentivo Volumétrico (Voldyne®), Máscara de Pressão Expiratória Positiva Final (EPAP) com 10 cmH2O e deambulação. No terceiro dia de acompanhamento fisioterapêutico a paciente foi submetida a lavagem brocoalveolar e durante o procedimento houve extravasamento de material do pulmão direito para o esquerdo, sendo nes- No pós-operatório da lavagem do pulmão direito a paciente apresentou tosse produtiva e murmúrio vesicular diminuído em bases pulmonares e como o objetivo fisioterapêutico era realizar a manutenção na higiene brônquica e expansão pulmonar fez-se uso de Inspirômetro de Incentivo Volumétrico, Máscara de EPAP com 10 cmH2O e deambulação. Retornou do procedimento recebendo oxigenoterapia via óculos nasal com 3 L/min, na ausculta pulmonar apresentou murmúrios vesiculares diminuídos com crepitantes difusos. Na fisioterapia respiratória utilizou padrões ventilatórios insuflantes associado a elevação de membros superiores, Inspirômetro de Incentivo Volumétrico, Máscara de EPAP com 10 cmH2O e exterocepção diafragmática. Paciente apresenta tosse produtiva e eficaz com média quantidade de secreção. Para avaliar a capacidade funcional utilizou-se o Teste da Caminhada dos 6 Minutos (TC6`), sendo os resultados expressos na tabela 1. O primeiro TC6` foi realizado no dia da 1ª avaliação fisioterapêutica, o segundo no pós-operatório da lavagem broncoalveolar do pulmão direito e o terceiro após a lavagem do pulmão esquerdo. Tabela I - Parâmetro encontrados no 1º, 2º e 3º TC6`. Pré-teste Pós-teste FC 89 110 FR 18 28 PA 120/80 130/90 SpO2 98% 99% Borg 4 9 DP 270 m Pré-teste Pós-teste 82 100 18 23 110/80 120/80 97% 99% 2 4 250 m Pré-teste Pós-teste 95 119 19 24 110/80 120/80 96% 99% 0 0 391 m FC – Frequência Cardíaca (bpm); FR – Freqüência Respiratória (irpm); PA – Pressão Arterial (mmHg); SpO2 – Saturação Periférica de Oxigênio; Borg – Escala de Borg (0 – 10); DP – Distância Percorrida (metros). A paciente assinou o Termo de Consentimento Livre Esclarecido antes da realização das abordagens fisioterapêuticas. 13 Discussão A PAP é uma síndrome clínica rara, de causa desconhecida, sendo descrita pela primeira vez em 1958. Possui, respectivamente, incidência e prevalência anual estimada em 0,36 e 3,7 casos por milhão de pessoas.(1) Em 1965, baseado na composição química do material, Larson e Gordinier foram os primeiros pesquisadores a propor que este material era composto por surfactante e que o acúmulo poderia estar relacionado com a superprodução de material.(2) A PAP adquirida representa mais de 90 % dos casos e não está associada a nenhuma predisposição familiar. Normalmente, o paciente apresenta dispnéia progressiva, podendo associar-se a tosse ou fadiga. O exame físico revela achados pulmonares não específicos. (3) Nos testes de função pulmonar evidencia-se um padrão restritivo com marcada redução na capacidade de difusão. Na radiografia de tórax encontram-se alterações bilaterais e consolidações aéreas assimétricas, sem predição local evidente. A tomografia computadorizada demonstra consolidações ou opacidades em vidro fosco e possível espaçamento dos septos interlobuares. Em casos raros, a fibrose intersticial pode estar presente. (4) A forma secundária da doença é incomum em pacientes adultos, sendo que existe um número de causas subjacentes que contribuem para o desenvolvimento secundário da PAP. (5) O diagnóstico de PAP pode ser estabelecido em aproximadamente 75% por um achado clínico de “leite” efluente na lavagem broncoalveolar. (6) A pressão arterial de oxigênio encontra-se diminuída com valores iguais ou inferiores a 60 mmHg e os níveis séricos de lactato-desidrogenase estão acima dos valores estabelecidos para a normalidade, podendo este ser utilizado como um marcador de severidade da doença.(7) A média de duração dos sintomas antes do diagnóstico clínico é de sete meses, sendo que a média idade no momento do diagnóstico é de 39 anos. Há uma diferença de acordo com o gênero (39 anos para homens e 35 para mulheres).(8) O primeiro avanço no tratamento da PAP ocorreu em 1960, quando Ramirez-Rivera realizou a lavagem broncoalveolar como forma técnica para retirar o material existente no interior dos pulmões. Após quatro 14 décadas, este procedimento foi aperfeiçoado juntamente com os métodos anestésicos e os modos utilizados na ventilação mecânica. Associados a estes recursos foram utilizados a solução salina e adição concomitante da percussão torácica. Andrew et al. observaram que a percussão torácica, durante a lavagem boncoalveolar, pode aumentar significativamente a remoção do material proteináceo quando comparado a ausência do mesmo. (10) Hammon et al. demonstraram a superioridade da percussão torácica manual quando comparada à percussão mecânica feita através de aparelhos e técnicas não percussivas.(11) Outros tipos de tratamento começaram a ser utilizados para tratar os pacientes que apresentam doenças pulmonares, dentre as quais se destacam a fisioterapia respiratória e a reabilitação pulmonar. Lacasse et al. através da realização de uma metanálise observaram que os ganhos clínicos significativos de um paciente submetido à reabilitação pulmonar ocorrem com aumentos de aproximadamente 50 metros na distância percorrida no TC6’, onde aqueles que apresentam uma maior distância percorrida também possuem uma maior sobrevida.(12) Em nosso relato observouse um aumento de 121 metros quando comparado o terceiro teste com o primeiro, corroborando com os dados existentes na literatura e demonstrando a importância da realização da marcha estática e da deambulação como forma de tratamento dentro da sessão de fisioterapia respiratória. Outro fator apresentado pela paciente foi a diminuição da dispnéia, o que pode contribuir para diminuir o ciclo dispnéia, a imobilidade, o isolamento social e a depressão. No caso apresentado podemos propor que a atuação da fisioterapia respiratória não se restringe somente as técnicas de desobstrução brônquica, e que outros tipos de exercícios, como a marcha estática e a deambulação, podem ser associados ao procedimento padrão utilizado para o tratamento da PAP, que é a lavagem broncoalveolar, contribuindo desta maneira com uma melhora na capacidade funcional e na distância percorrida no TC6’. Referências Bibliográficas 1. Ben Dov I, Kishinevski Y, Roznman J, Soliman A, Bishara H, Zelligson E, Grief J, Mazar A, Perelman M, Vishnizer R, et al. Pulmonary alveolar proteinosis in Israel: ethnic clustering. Isr Med Assoc J 1999;1:75–78. 2 .Larson RK, Gordinier R. Pulmonary alveolar proteinosis: report of six cases, review of the literature, and formulation of a new theory. Ann Intern Med 1965;62:292–312. 3. Goldstein LS, Kavuru MS, Curtis-McCarthy P, Christie HA, Farver C, Stoller JK. Pulmonary alveolar proteinosis: clinical features and outcome. 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Physiotherapy Boarding in the Pulmonary Alveolar Proteinosis Abstract: Pulmonary Alveolar Proteinosis is a rare clinical syndrome, unspecific cause, characterized for the presence of amorphous proteinaceous material in 15 A Prevalência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho em Fisioterapeutas Caren Figueró Feijó1; Laurita Ferla Castegnaro Gonçalves 2 TCC / Traumato-Ortopedia Clínica XVI, Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos–CBES / Porto Alegre 1,2 Resumo O objetivo desse estudo foi verificar a prevalência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) nos fisioterapeutas da cidade de Porto AlegreRS, bem como sua relação com a idade, sexo, carga horária de trabalho, local de trabalho, área de atuação, tempo de atuação desses profissionais e o número de pacientes atendidos por dia. A amostra constituiuse de 68 fisioterapeutas, os quais responderam a um questionário padronizado, enviado por correio eletrônico, contendo questões referentes ao acometimento de DORT nos últimos 12 meses, nos últimos 7 dias e ao afastamento do trabalho. Para a análise estatística dos resultados utilizou-se o programa SPSS versão 1.3. Os resultados mostraram que 97,1% da amostra referiram algum tipo de DORT, sendo as áreas mais acometidas: pescoço (79,4%), costas inferior (69,1%) e costas superior (61,8%). Das variáveis pesquisadas, quando comparadas ao acometimento por DORT, as que mostraram relação estatisticamente significativa foram o sexo, o local de atuação e o número de atendimentos por dia. Quando comparada com o afastamento do trabalho, somente a variável tempo de atuação como fisioterapeuta mostrou relação estatisticamente significativa. Conclui-se que os fisioterapeutas avaliados apresentam um alto índice de DORT, e que deverão ser realizadas pesquisas futuras levando em conta as variáveis que não foram utilizadas nesse trabalho. Palavra-chave: Fisioterapeutas, DORT, Lesões Ocupacionais. Introdução O mundo social do trabalho passa por transformações rápidas e extremamente significativas. O impacto des- 16 sa mudança exacerbou os adoecimentos físicos e psíquicos decorrentes do trabalho, especialmente em meados do século XX, quando o sistema produtivo incorporou definitivamente a mecanização e a automação. (ROMANI 2001) Nesse contexto incluem-se os DORTs – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – sendo conceituado pela norma técnica do INSS (1997:2) como “uma síndrome caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho. Os mecanismos de lesão dos casos de DORT são considerados um acúmulo de influencias que ultrapassam a capacidade de adaptação de um tecido, mesmo se o funcionamento fisiológico deste é mantido parcialmente.” A literatura aponta um número crescente de trabalhadores das mais diversas áreas profissionais que apresentam comprometimentos osteomusculares, em conseqüência da atividade desenvolvida na sua jornada de trabalho. Os profissionais da área da saúde estão inclusos nas referências de altos índices de DORTs e, dentre eles, estão os fisioterapeutas, cuja atividade profissional implica em exigências do sistema músculo-esquelético, como a força física dinâmica e estática, movimentos repetitivos de membros superiores, manutenção de posturas estáticas e movimentos antifisiológicos de coluna vertebral e membros. (PERES 2002) Como profissional da área da saúde, o fisioterapeuta atua na reabilitação do indivíduo, sendo seu objetivo promover o restabelecimento das funções sensóriomotoras afetadas por lesões e/ou patologias. Ele realiza sua atividade terapêutica em várias especialidades da área da saúde e encontra-se inserido no mercado de trabalho exercendo suas funções em vários tipos de estabelecimentos. É importante ressaltar que mui- tos dos tratamentos fisioterapêuticos são bastante prolongados, e os resultados de melhora do quadro clínico são lentos, o que exige um alto grau de paciência e perseverança por parte do paciente e também do fisioterapeuta. Segundo PIVETTA et al (2005), os fisioterapeutas constituem uma população de risco para o desenvolvimento de distúrbios músculo-esqueléticos ocupacionais, sendo que estes transtornos podem estar intimamente relacionados com a carga horária, idade, sexo e sua área de atuação. Sendo assim, apesar dos fisioterapeutas serem reconhecidos como os profissionais que entendem de prevenção e tratamento das lesões músculo-esqueléticas, são suscetíveis a sustentar esses tipos de lesões devido as intensas tarefas desempenhadas em sua jornada de trabalho. (HOLDER et al 1999) O presente estudo visa verificar a prevalência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) nos fisioterapeutas da cidade de Porto AlegreRS, bem como sua relação com a idade, sexo, carga horária de trabalho, local de trabalho, área de atuação, tempo de profissão e número de pacientes atendidos por dia. Método Participaram do estudo fisioterapeutas que atuam na cidade de Porto Alegre/RS (conforme distribuição do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO - 5). Para a coleta de dados foi utilizado o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares – QNSO, na versão traduzida e adaptada por Pinheiro (2002). Esse instrumento tem por objetivo quantificar as regiões mais acometidas pelos sintomas osteomusculares, além de levantar dados pertinentes ao aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Ele é auto-aplicável, e deve ser respondido individualmente. A primeira parte do questionário consiste em informações básicas acerca do sujeito entrevistado na forma de perguntas. Nesta pesquisa, as perguntas foram adaptadas conforme a atividade dos fisioterapeutas. A segunda parte refere-se a perguntas quanto à existência, distribuição e extensão dos DORTs. Esta parte registra “problemas” como dor ou desconforto, durante os últimos 12 meses nas regiões anatômicas, identificadas em um mapa com a vista dorsal do corpo humano. Se o problema ocorrer na região, deverão ser respondidas duas perguntas, acerca das conseqüências para o trabalho (nos últimos 12 meses impedindo a realização do trabalho normal e nos últimos sete dias). Cada fisioterapeuta recebeu por correio eletrônico através do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO - 5, o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares – QNSO, uma Carta de Apresentação explicando a pesquisa e um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (conforme as exigências da Resolução CNS 196-96). Aos fisioterapeutas foi solicitado que completassem corretamente o TCLE e o QNSO anexados no correio eletrônico e encaminhassem para a autora do estudo. Aqueles que não preencheram corretamente o TCLE e o QNSO tiveram seus dados excluídos da pesquisa. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística, onde as variáveis quantitativas foram descritas através da média e desvio padrão e as variáveis qualitativas foram descritas através de freqüências absolutas e relativas. Para avaliar as associações entre as variáveis foram utilizados os testes Qui-quadrado de Pearson ou o Exato de Fisher. Para as variáveis qualitativas ordinais foi aplicado o teste Qui-quadrado de tendência linear. O nível de significância adotado foi de 5% e as análises foram realizadas no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 1.3. Resultados Dos questionários enviados aos fisioterapeutas de Porto Alegre/RS, obteve-se um retorno de 86, sendo 68 (79%) válidos para a amostra do estudo. Dos 18 (21%) questionários excluídos, todos foram preenchidos incorretamente pelos profissionais. Participaram do estudo 68 fisioterapeutas sendo 13 homens e 55 mulheres, com idades variando entre 21 e 44 anos (M=26,0; DP=4,8). A tabela 1 apresenta os dados que definem o perfil da amostra. 17 Tabela 1 – Perfil da amostra Variáveis Sexo Masculino Feminino Idade – Média ± Desvio Padrão Tempo de Atuação Menos de 5 anos De 5 a 10 anos De 11 a 15 anos Mais de 15 anos Carga Horária (horas/semanais) Até 20 horas De 21 a 40 horas De 41 a 60 horas Mais de 60 horas Número de Atendimento/dia Menos de 5 atendimentos De 5 a 10 atendimentos De 11 a 15 atendimentos De 16 a 20 atendimentos De 21 a 25 atendimentos Mais de 25 atendimentos n=68 n(%) 13(19,1) 55(80,9) 26,0 ± 4,8 n(%) 49(72,1) 13(19,1) 3(4,4) 3(4,4) n(%) 15(22,1) 34(50) 15(22,1) 4(5,9) Com relação às áreas anatômicas (Gráfico 2), o pescoço foi a região que obteve um maior índice de acometimento (n=54; 79,4%) seguido das costas inferior (n=47; 69,1%) e superior (n=42; 61,8%). n(%) 11(16,2) 30(44,1) 13(19,1) 6(8,8) 2(2,9) 6(8,8) Das áreas de atuação, as que apresentaram maior freqüência foram a área da Traumatologia e Ortopedia (n=45; 66,2%) seguida da área de Neurologia (n=23; 33,8%). Com relação ao local de atendimento os que apresentaram maior freqüência foram o atendimento domiciliar (n=39; 57,4%) seguido de atendimento em clínica (n=34; 50%). Quando questionados sobre a ocorrência de DORT nos doze (12) meses que precederam o preenchimento do questionário, 66 (97,1%) dos fisioterapeutas pertencentes à amostra relataram ter presenciado algum tipo de distúrbio, enquanto que nos últimos 7 dias, 48 (70,6%) relataram queixas. Apesar dos altos percentuais de DORT encontrados nesse estudo, apenas 31 (45,6%) dos que responderam ter tido algum tipo de DORT, tiveram afastamento do trabalho. (Gráfico 1). 18 Gráfico 1 – Acometimento por DORT e afastamento do trabalho. Gráfico 2 – Acometimento por DORT nas diferentes áreas anatômicas. Quando comparado a variável idade com o acometimento por DORT, não encontramos nenhum tipo de relação estatisticamente significativa (p≤0,050), o mesmo aconteceu para as variáveis tempo de atuação, carga horária de trabalho (horas/semanais) e área de atuação como fisioterapeuta. Com relação ao sexo, as mulheres referiram maior acometimento do que os homens na região do pescoço apresentando uma significância de p=0,020 e na região das costas (parte superior) apresentando uma significância de p= 0,023. Já na variável local de atuação, os profissionais que realizam seus serviços em clínicas apresentaram um acometimento estatisticamente significativo na região de Punhos/Mãos/Dedos (p=0,029). Também foi encontrado para as regiões de Punhos/ Mãos/Dedos uma relação significativa com a variável número de atendimento/dia, onde quanto maior o número de atendimentos, maior o acometimento de DORT nessa região corporal (p=0,004). Com relação ao afastamento do trabalho, verificou-se que quanto maior o tempo de atuação, maior é o índice de afastamento desses profissionais (p=0,034). Resultados O alto índice de DORT nos fisioterapeutas nesse estudo é similar aos achados de Cromie et al. (2000) e Striebel (2003), os quais encontraram um índice anual de 91% e 100% respectivamente. Este estudo procede com a literatura ao demonstrar que apesar dos fisioterapeutas terem conhecimento dos mecanismos patológicos das lesões e das formas de tratamento, não aplicam tais conhecimentos quando eles mesmos são acometidos, pois continuam trabalhando mesmo na presença de dor ou desconforto tendo um baixo indice de afastamento do seu trabalho. (BORK et al.1996). Com relação às áreas anatômicas acometidas por DORT, estudos internacionais revisados sobre o trabalho dos fisioterapeutas, demonstram que a região das costas tem maior prevalência de distúrbios osteomusculares. (SCHOLEY; HAIR, 1989; MOLUMPHY et al., 1985; BORK et al., 1996; CROMIE et al., 2000; WEST; GARDNER, 2001) A coluna vertebral parece ser o ponto de maior queixa de desconforto na maior parte das profissões. A atividade diária do fisioterapeuta apresenta posturas de sobrecarga considerável na coluna vertebral, seja por problemas relacionados ao ponto de trabalho, seja pelas dificuldades de adaptação ao perfil antropométrico dos pacientes. Também pode ser acrescentado a estes problemas o fato de alguns pacientes serem dependentes do fisioterapeuta para realizar os movimentos e trocas de posições, em diferentes momentos do processo de reabilitação, o que gera uma situação de risco para a coluna desses profissionais. (STRIEBEL 2003) No presente estudo verificamos que a região cervical foi à área corporal mais acometida por DORT. No estu- do de Bork et al. (1996) a região cervical foi a quarta região corporal em incidência de queixas, com 24,7% das queixas. Já no estudo de Holder et al. (1996), a coluna superior foi a segunda região corporal em incidência de queixas, com 23% das queixas, já Cromie et al. (2000) também apresentam a região do pescoço como a segunda em porcentagem de queixas de desconforto, porém com 12,2% de queixas. West e Gardner (2001) encontraram a coluna cervical como a terceira região em incidência de queixas com 24% das queixas. Assim como o estudo de PIVETTA et al. (2005), a região cervical também foi a região mais acometida , contrariando alguns autores que citam a região lombar como sendo a mais evidenciada. Atribuem-se estes achados à diferença do perfil de atuação dos fisioterapeutas, onde os fisioterapeutas que trabalham mais com pacientes não-hospitalizados apresentam um maior índice de DORT na região cervical do que os fisioterapeutas que trabalham em ambientes hospitalares. Segundo a literatura, os profissionais que atuam em hospitais, terão uma predisposição ao acometimento lombar. No presente estudo encontrou-se relação significativa do acometimento de DORT e o sexo da amostra na região do pescoço e costas superior, onde as mulheres apresentaram um maior índice de desconforto do que os homens. No estudo de Bork et al. (1996), as fisioterapeutas do sexo feminino indicaram maior prevalência de dor do que os fisioterapeutas masculinos em todas as regiões anatômicas , exceto joelhos, enquanto o estudo de Molumphy et al. (1985), não encontrou diferenças significativas para a dor nas costas entre os sexos. Geralmente as mulheres são menores em peso e altura do que os homens, além de sua menor força muscular, gerando uma desvantagem nos manuseios dos pacientes e tarefas de terapia manual. Essas desvantagens relacionadas à condição física do sexo feminino as tornam mais suscetíveis ao acometimento de lesões músculo-esqueléticas. (NASCIMENTO; MORAES, 2000). Segundo STRIEBEL (2003), como os fisioterapeutas rotineiramente realizam terapias manuais como a mobilização de tecidos moles, o membro superior também está exposto a fatores de risco para desordens músculo-esquelético e desordens neuro-vasculares. Os profissionais que trabalham com algum tipo de te- 19 rapia manual são 3,5 vezes mais suscetíveis a sintomas nas mãos e punho do que os que não utilizam essas técnicas. Esse índice pode aumentar dependendo da intensidade de atendimentos desses profissionais. O estudo citado auxilia o resultado do presente estudo no que diz respeito de que quanto maior o número de atendimentos, maior será o índice de DORT na região de punhos/mãos/dedos. Também podemos observar que a região de punhos/ mãos/dedos teve uma relação significativa com o local de atendimento, tendo o maior índice de DORT nos profissionais que atuam em clínicas. Segundo Cromie et al. (2000), os terapeutas que trabalham na prática privada referem mais sintomas cervicais, torácicos, de cotovelos, punho, mãos e polegar dos que trabalham em outros locais. No presente estudo verificamos que quanto maior o tempo de atuação como fisioterapeuta, maior é o índice de afastamento desses profissionais. Segundo CIARLINI et al. (2004), quanto maior o tempo de profissão, maior o risco de desenvolver distúrbios ocupacionais em virtude da exposição contínua, ao longo dos anos, à sobrecarga muscular e articular, impedindo muitas vezes a continuidade da realização do trabalho desses profissionais, acarretando até mesmo seu afastamento. Conclui-se que os fisioterapeutas da cidade de Porto Alegre-RS avaliados neste estudo apresentam um alto índice de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), onde as áreas corporais mais acometidas foram o pescoço, seguido das costas inferior e das costas superior. Neste estudo não foi evidenciado uma relação estatisticamente significativa do acometimento por DORT com a idade, tempo de atuação, carga horária dos fisioterapeutas e área de atuação. Portanto, deverão ser realizadas pesquisas futuras levando em conta às variáveis que não foram utilizadas nesse trabalho, como a descrição postural desses profissionais, para que assim possamos melhorar a sua qualidade de vida pessoal e profissional. Referências Bibliográficas 20 1.BORK B.E; COOK T.M; ROSECRANCE J.C, et al. Work-Related Musculoskeletal Disorders Among Physical Therapists. Physical Therapy 1996 Ago.; 76 (8): 827-835. 2.CIARLINI I.A; MONTEIRO P.P; BRAGA R.O.M; et al. Lesões por esforços 8. repetitivos em fisioterapeutas. RBPS. 2004;18(1):11-6. 3.CROMIE, J.E.; ROBERTSON V.J.; BEST M.O. Workrelated musculoskeletal disorders in physical therapists: prevalence, severity, risks and responses. Physical Therapy, v.4, n.80, p.336-35, abr.2000. 4.HOLDER, N. L; CLARK, H. A.; DiBIASIO et al. Cause, prevalence and response to occupational musculoskeletal injuries by physical therapists and physical therapists assistants. Physical Therapy, v.79, n.7, p.642652, jul.1999. 5.INSS – Instituto Nacional de Seguro Social. Norma técnica de avaliação de incapacidade para fins previdenciários. Divisão de Atividades Previdenciárias, São Paulo, 1997. 6.MOLUMPHY, M; UNGER, B; JENSEN, G, et al. Incidence of Work-related Low Back Pain in Physical Therapists. Physical Therapy, 65 (4): p. 482-486. 1985. 7.NASCIMENTO, N; MORAES, R. Fisioterapia nas Empresas. Rio de Janeiro; Ed. Taba Cultural, 2000. 8.PERES, C.P.A. Estudo das sobrecargas posturais em fisioterapeutas: uma abordagem biomecânica ocupacional. Florianópolis, 2002. 128f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação, Universidade Federal de Santa Catarina. 9.PINHEIRO, F.A. (2002). Aspectos psicossociais dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho – Dort/Ler. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, Brasília. 10.PINHEIRO, F.A., TRÓCCOLI, B.T. & CARVALHO, C.V. (2002). Validação do questionário nórdico de sintomas osteomusculares como medida de morbidade. Revista de Saúde Pública, 36 (3), 307-312. 11.PIVETTA, A.D. et al. Prevalência de distúrbios osteomusculares relacinados ao trabalho em fisioterapeutas. Revista Digital, Buenos Aires, v. 10, n. 10, p. 1-1, jan. 2005. 12.ROMANI, J.C.P. Distúrbios músculo esquelético em fisioterapeutas: incidência, causas e alterações na rotina de trabalho. Florianópolis, 2001. 90f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação, Universidade Federal de Santa Catarina. SOBRENOME, Nome. Titulo do livro. N.º Edição. Local: Editora, 1999. 13.SCHOLEY M; HAIR, M. Back Pain in Physiotherapists Involved in Back Care Education. Ergonomics, v. 32, n.2, p. 179-190, 1989. 14.STRIEBEL V.L. Avaliação da percepção da carga de trabalho em fisioterapeutas em atividade de reabilitação de pacientes neurológicos. Tese de Mestrado em Engenharia - Ênfase Ergonomia. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2003. 15.WEST, D.J; GARDNER, D. Occupational Injuries of Physiotherapist in Nort and Central Queensland. Australian Journal of Physiotherapy, v. 47, p.179-186, 2001. The prevalence of the Work Related Musculoskeletal Disorders on physiotherapists Abstract: The objective of this study was to verify the prevalence of the Work Related Musculoskeletal Disorders (WMSDs) on physiotherapists of the city of Porto Alegre-RS, as well as its relation with age, gender, work journey, place of work, specialty, period of career of this professionals and number of patients attended per day. The sample was consisted of 68 physiotherapists, which had answered to a serie of padronized questions, sent by e-mail, asking about WMSDs on the last 12 months, 7 days and also the job leave. For the statistic analysis of the results was used the program SPSS version 1.3. The results have showed that 97,1% of the sample was referred to some kind of WRMDs, which most affected areas were: neck (79,4%), lower back (69,1%) and superior back (61,8%). Of the variables researched when compared with the happening from WRMDs, the ones that showed statistics significant relations was the ones of the gender of the sample, the job location and the number of attendance per day. When compared with the job leave, only the variable period of career as a physiotherapist had showed a statistic significant relation. The conclusion was that the physiotherapists who were analyzed they own a high level of WRMDs, which should be analyzed futures researches using the variables that wasn´t used in this article. Keywords: Physiotherapists, WMSDs, occupational injury 21 Inserção do Fisioterapeuta no Programa Saúde da Família Kéllin Daneluz Delai 1; Miriam Salete Wilk WISNIEWSKI2 Fisioterapeuta. Especialista em Saúde Coletiva – Ênfase em Saúde da Família, pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus Erechim. Av. Sete de Setembro, 1621. Cx. Postal: 743. CEP: 99700-000. Erechim - RS 1 Fisioterapeuta. Mestre em Fisioterapia. Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus Erechim. Av. Sete de Setembro, 1621. Cx. Postal: 743. CEP: 99700-000. Erechim - RS 2 [email protected]. Av. Sete de Setembro, 445. Apto 123 – Centro. Erechim /RS. CEP: 99700-000. Tel.:9907 8767. 1 Resumo Estudo de caráter quali-quantitativo que teve, como objetivo principal, mapear a inserção do Fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família (PSF), dos municípios que compõem uma Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) no Rio Grande do Sul. Para tanto, após a identificação dos municípios que compõem a referida coordenadoria e profissionais fisioterapeutas atuantes nessas cidades, enviou-se, via e-mail, um questionário pré-elaborado, contendo perguntas abertas e fechadas acerca da temática. O estudo foi realizado no período de agosto a outubro de 2007, sendo previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob protocolo N° 048/PGH/07. Os resultados obtidos demonstraram que, nos municípios em estudo, nenhum fisioterapeuta está inserido no PSF. Existem municípios que não disponibilizam o Serviço de Fisioterapia. E a percepção dos profissionais fisioterapeutas, acerca de sua participação no Programa, está direcionada ao interesse na atuação junto à comunidade de forma preventiva. Conclui-se, assim, que há um desconhecimento sobre as competências do profissional fisioterapeuta por parte dos gestores municipais. Falta de reconhecimento do fisioterapeuta no que diz respeito à atuação preventiva e da fisioterapia, como área da Saúde com participação tão importante quanto às demais, inseridas no PSF. Já, no contexto das novas Políticas de Saúde vigentes, a Fisioterapia tem lugar importante no que diz respeito à atuação na coletividade. 22 Palavra-chave: Programa Saúde da Família, Fisioterapia, Prevenção Primária. Introdução Há mais de duas décadas, o Brasil vem redefinindo o perfil do Sistema de Saúde. Nos anos de 1990, reformularam-se os papéis e as funções dos entes governamentais na oferta de Serviços, na gerência de Unidades e na gestão do Sistema de Saúde. Partilhar das decisões é um caminho para implementar o princípio ético da autonomia dos indivíduos e da coletividade. A conquista legal afirma o direito do cidadão à saúde, e o dever do Estado está em garantir esse direito. O princípio da responsabilidade também cria, para o cidadão, uma obrigação de natureza ética de participar na tomada de decisões de natureza pública, para garantir a implementação de medidas que possam efetivar a humanização da atenção à saúde, como propõe a UNICEF (1998) “prover bens e serviços, de modo diferenciado, para atender às distintas necessidades dos vários grupos populacionais tendo em vista a redução das desigualdades de acesso.” O significado da palavra prevenção, na área de Saúde, apesar dos problemas em conceituá-la, certamente é mais abrangente do que defini-la como “ato de evitar que algo aconteça”, deve fazer parte da história natural da doença. Assim, distinguem-se três níveis de aplicação de medidas preventivas: atenção primária, secundária e terciária. (PEREIRA, 1995). Para Baduy e Oliveira (2001), o Sistema Único de Saúde (SUS) tem apresentado resultados positivos nos propósitos de Universalização, Descentralização e ampliação da cobertura dos Serviços de Saúde. Avança, ainda com dificuldade, na garantia de qualidade, eqüidade e na resolutividade das assistências ambulatorial e hospitalar, principalmente pela falta de profissionais habilitados para prestar assistência integral à saúde. O alcance desses objetivos depende, dentre outras medidas, do incentivo à educação permanen- te como estratégia na reorganização dos Serviços de Saúde e da integração de todos os membros envolvidos no processo de construção de Saúde para todos. A estratégia do PSF propõe rever práticas, valores e conhecimentos de todos os envolvidos: amplia as ações a serem desempenhadas pelos profissionais de Saúde e aumenta os limites e as possibilidades de atuação, exigindo novas habilidades e aptidões (BRASIL, 2001). A lógica que norteia o trabalho do PSF é a promoção da Saúde, ou seja, os indivíduos e famílias devem ser assistidos antes do surgimento dos problemas e agravos de sua saúde. Seu trabalho deve priorizar a Atenção Básica, as ações de Prevenção e a promoção da Saúde e estabelecer uma relação permanente entre os profissionais de Saúde e a população (ALVES, 2004). Diante desse cenário, cabe à Fisioterapia uma releitura de seus fundamentos e análise de suas práticas, com vistas a adaptar-se a essa realidade e contribuir na mudança do quadro social e sanitário do País. Em consonância com os princípios propostos pelo modelo de Vigilância à Saúde, o fisioterapeuta deve ser inserido em outros níveis de atenção e desenvolver suas ações de acordo com as diretrizes da territorialização e da adscrição da clientela (TEIXEIRA et al, 1990). Método Este estudo, de caráter quali-quantitativo, teve como foco os fisioterapeutas que atuavam em trinta e um municípios pertencentes a uma Coordenadoria Regional de Saúde, localizada na região norte do Rio Grande do Sul. O instrumento de pesquisa contou com um questionário que foi enviado a cada profissional fisioterapeuta via e-mail, correio ou em mãos, contendo perguntas abertas e fechadas. Estas envolviam dados demográficos, de formação acadêmica e de atuação profissional. O período utilizado para a coleta dos dados envolveu os meses de agosto a outubro de 2007. Foram enviados trinta e nove questionários a profissionais de trinta e um municípios. Para a análise quantitativa dos dados, utilizou-se a análise descritiva enquanto que, para as questões com abordagem qualitativa, seguiu-se o protocolo de análise de conteúdo. Com relação aos aspectos éticos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa, registrado sob o número 048/PGH/07 e aprovado em 18 de julho de 2007. Resultados e discussão Foram enviados trinta e nove questionários a profissionais de trinta e um municípios que compõem a referida Coordenadoria Regional de Saúde. Destes, vinte e quatro retornaram, sendo a amostra desse estudo composta, então, por esse número de questionários. Do total de questionários enviados, quinze não retornaram, inviabilizando a análise do perfil sócio-demográfico e formativo dos profissionais. Identificou-se que, dentre os trinta e um municípios, oito não disponibilizavam o serviço de Fisioterapia. Quando o município não disponibiliza o serviço de fisioterapia, os indivíduos que necessitam desse tipo de tratamento precisam ser deslocados ao Centro de Referência, no caso em especial, à cidade-sede da CRS, em questão. No território estudado, existem municípios com localização muito distante do Centro de Referência, e outros, além da distância, não possuem acesso asfáltico. Levando-se em consideração as patologias tratadas, geralmente envolvendo dor e incapacidades físicas, e mais, o número de sessões solicitadas e necessárias para o pronto restabelecimento, esse deslocamento por muitas vezes é inviável e vai contra todo o princípio de tratamento fisioterapêutico proposto. Segundo Harris et al (2007), os municípios têm demonstrado dificuldades para garantir o acesso da população aos outros níveis de assistência, especialmente no nível secundário. Os municípios de pequeno e médio portes têm conseguido ampliar, relativamente, a cobertura do Programa Saúde da Família (PSF): no entanto, encontram dificuldades no estabelecimento de um sistema regionalizado de referência e contrareferência, que garanta uma assistência integral à população. Diante desse conceito, a aproximação entre a Fisioterapia e o nível primário seria uma alternativa capaz de fortalecer a atenção básica, aumentando a resolutividade do Sistema e contribuindo para a garantia da integralidade do mesmo. 23 De acordo com Unglert (1993), com a atuação dentro de um território estabelecido e com uma população definida, o fisioterapeuta passa a ter a possibilidade de acompanhar mais proximamente, e ser responsável pela saúde da população adscrita. A lógica da responsabilização estimula o desenvolvimento de novas relações entre os profissionais e usuários, com o estabelecimento de vínculos e a possibilidade de um acompanhamento continuado, o que potencializa o desenvolvimento de ações promocionais e preventivas. Demograficamente, dos vinte e quatro fisioterapeutas que responderam ao questionário proposto, dezenove (79,17%) são do sexo feminino e cinco, (20,83%) do masculino. A idade variou de 23 a 30 anos, totalizando 83,34%, isto é, a maioria dos profissionais; de 30 a 40 anos, 8,33%; e acima de 40 anos, a mesma percentagem, ou seja, 8,33% dos profissionais. De acordo com o tempo de formação, obtiveram-se vinte e um profissionais (87,5%) formados em um período entre 2 a 10 anos; e três (12,5%) formados há mais de 10 anos. Dentre as Universidades formadoras estão a Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC/SC), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI/SC), Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ/RS), Universidade do Contestado - Concórdia (UnC/SC), Universidade de Passo Fundo (UPF/RS), Centro Universitário Feevale (FEEVALE/RS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS) e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). Ao questionar-se se, em sua formação, haviam tido noções sobre Atenção Primária, Secundária e Terciária à Saúde, dezenove (79,17%) responderam que sim; e cinco (20,83%) não. Já, para a pergunta que questionava se, na formação acadêmica, haviam recebido noções sobre o PSF, oito, ou seja, (33,33% dos profissionais) informaram tê-las recebido, sendo que, destes, quatro concluíram sua formação há menos de quatro anos; porém, a grande maioria dos profissionais questionados, isto é, dezesseis - 66,67%, responderam não haver recebido, em sua formação, noções acerca do Programa Saúde da Família. 24 Faixa Etária Freqüência % 20 ─│25 05 20,84 Tempo de Formação - Anos 2±1 25 ─│30 15 62,5 3±2 31 ─│35 01 4,17 8 36 ─│40 01 4,17 15 41 ─│45 02 8,33 15±2 Total 24 100 - Tabela 1 – Relação entre Faixa Etária e Tempo de Formação Ao analisarmos a Tabela 1, referente à relação entre a Faixa Etária e Tempo de Formação, faz-se uma reflexão com relação ao tempo de implantação do Programa Saúde da Família no Brasil, que data do ano de 1994, ou seja, treze anos atrás. Neste contexto, observou-se que, dos componentes da amostra, três profissionais apresentaram tempo de formação superior a este, o que torna óbvio, a esses, o desconhecimento acerca do Programa, em sua formação acadêmica. No que se refere aos conhecimentos necessários às novas práticas profissionais, o fisioterapeuta deve se aproximar de saberes da Epidemiologia que oferece conhecimentos quanto à distribuição das doenças nas coletividades, fatores de risco; e das Ciências Sociais, que trazem conhecimento dos fatores culturais, comportamentais e religiosos do processo saúde-doença. Com relação à interação com as outras áreas de Saúde, o fisioterapeuta deve ter uma aproximação da Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Nutricional, Vigilância à Saúde do Trabalhador e Vigilância Ambiental, com vistas à identificação e acompanhamento de problemas que requerem atenção contínua, ação sobre territórios definidos e articulação entre ações promocionais, preventivas, curativas e reabilitadoras (TEIXEIRA et al, 1990). Para Campos e Belisário (2001), entre os distintos problemas que afloram com a implantação do PSF, nenhum é mais grave do que a carência de profissionais em termos quantitativos e qualitativos para atender a essa nova necessidade. Contudo, todos esses elementos só fazem aprofundar o desafio ao se discutir o processo de formação e educação continuada desses profissionais, agora organizados em forma de equipe. Ainda para os mesmos autores, em pauta, estão colocadas algumas modalidades de formação como o curso de Especialização em Saúde da Família, dirigido a profissionais de nível superior; e as propostas de capacitação da equipe em conjunto, proporcionando, dessa forma, uma formação voltada para as propostas das Políticas vigentes e, mais especificamente, do PSF. Com relação à carga horária semanal dedicada à profissão, observou-se que um (4,17%) profissional de- dica oito horas semanais à função de fisioterapeuta; oito profissionais (33,33%) dedicam dezesseis horas semanais a sua profissão; nove profissionais (37,5%) vinte horas semanais; três (12,5%) trinta horas semanais; e três profissionais (12,5%) quarenta horas semanais, sendo que estes últimos executam sua atividade laboral na docência. A carga horária semanal torna-se insuficiente para atender à demanda, ou seja, para um trabalho ser resolutivo e solucionar os problemas de saúde prevalentes na população, seria preciso tempo integral de dedicação, no qual poderiam ser desenvolvidas ações preventivas, no controle de riscos, e ações curativas, no controle de danos. Resume-se isso a um só termo: valorização da profissão, ou seja, desconhecimento, por parte da gestão municipal, das competências profissionais do fisioterapeuta. E, para contrabalançar isso, há necessidade de romper o isolamento e o individualismo da prática fisioterapêutica reabilitadora e atuar em equipe multiprofissional. O fisioterapeuta precisa atuar e interagir com profissionais da área da Saúde e de outras áreas como sociólogos, antropólogos, estatísticos, educadores, engenheiros, buscando, assim, tornar-se conhecedor do universo em que atua e tornar conhecida sua profissão junto à sociedade. De acordo com a forma de atuação profissional ou forma de prestação de serviços, obtiveram-se dez fisioterapeutas, ou seja, (41,67%) trabalhando em Clínicas de Fisioterapia estruturadas pelos próprios municípios; cinco (20,83%) que prestam serviços terceirizados e, para isso utilizam suas Clínicas Particulares; dois (8,33%) que trabalham em Clínica particular e não prestam serviço ao município; e sete (29,16%) que trabalham em outras atividades, dentre estas, o Ensino Superior. Ao se falar em Prestação de Serviços, tanto na Clínica particular quanto na Clínica estruturada pelo município, observa-se a contratação de forma terceirizada do Serviço, pela qual o profissional é contratado por um número pré-estabelecido de horas, e/ou salário pré-fixado pelo contrato e por um período de tempo que geralmente não excede um ano, com possível renovação contratual, ou rescisão do mesmo, se assim o contratante avaliar. De acordo com os entrevistados, o contrato era geralmente de prestação de serviços de Fisioterapia e não incluía o Programa Saúde da Família. Desta forma, a atuação junto à Equipe Multiprofissional ocorria de maneira simultânea, quando estes trabalhavam na mesma Uni- dade Básica de Saúde e conseguiam interagir acerca das ações que cabem a cada um dos profissionais. O questionário continha, ainda, perguntas referentes à Atenção Primária, Secundária e Terciária. A questão versava sobre a atuação dos profissionais em cada uma das três linhas de Atenção à Saúde e, neste, obtiveram-se os seguintes resultados: para a Atenção Primária, quatorze fisioterapeutas (58,33%) responderam que sim: atuavam, e dez (41,67%) não atuavam na Atenção Primária; para a Atenção Secundária, tivemos vinte e um (87,5%) profissionais atuantes e três (12,5%) não atuantes; e, para a Atenção Terciária, vinte e um (87,5%) que atuavam, e três (12,5%) que não atuavam, por exercerem a Docência. Conforme a figura 1, a atuação na Atenção Secundária e na Terciária é relativamente maior em relação à Atenção Primária. Percebeu-se, dessa maneira que uma pequena parte da amostra trabalha na prevenção das patologias, com atuação direta na comunidade. Figura 1 - Atuação Profissional nos Três Níveis de Atenção à Saúde Para Bispo Júnior (2007), enquanto a Fisioterapia reabilitadora concentra sua atuação, quase que exclusivamente, no controle de danos, seja buscando a cura de determinadas doenças, reabilitando indivíduos com limitações ou desenvolvendo a capacidade residual funcional de indivíduos, com lesões irreparáveis, a Fisioterapia coletiva possibilita e incentiva a atuação no controle de riscos, ou seja, de fatores que podem contribuir potencialmente no desenvolvimento da doença. A diferença crucial é que, enquanto no controle de danos, a intervenção ocorre quando a doença 25 já está instalada, muitas vezes em estado avançado, no controle de riscos a intervenção ocorre antes da doença acontecer, ou seja, antes do aparecimento de seqüelas e limitação dos movimentos. Faz-se necessário promover um profundo processo de mudança, que enlace os estudantes à condição de sujeitos do processo de aprendizagem, que tome como ambientes de prática a comunidade, o domicílio e a Rede Básica de Saúde. Os profissionais ainda são preparados dentro de uma concepção que privilegia as abordagens individuais, curativas e centradas no hospital, clínica, consultório. São, portanto, incapazes de transcender o espaço do consultório e propor diagnóstico e intervenções sobre o coletivo, em uma abordagem integralizadora, sem a qual dificilmente se lograrão avanços significativos (CAMPOS E BELISÁRIO, 2001). Cada profissional da Equipe de Saúde da Família é fundamental para criar vínculos com a comunidade e ter funções específicas; porém, é importante o trabalho em equipe multiprofissional, a fim de assegurar a qualidade, eficiência e resolutividade que se esperam no PSF (HARDIGHAM, 2000). Dentro desse contexto, o Ministério da Saúde destaca: Para obter melhor impacto sobre os diferentes fatores que interferem no processo saúde-doença, é importante que as ações tenham por base uma equipe formada por profissionais de diferentes áreas, capazes de atender diferentes demandas. A ação entre diferentes profissionais pressupõe a possibilidade da prática de um se reconstruir na prática do outro. Para lidar com a dinâmica da vida social das famílias assistidas e da própria comunidade, além de procedimentos tecnológicos específicos da área de saúde, a valorização dos diversos saberes e práticas contribui para uma abordagem mais integral e resolutiva (BRASIL, 2001, p. 74). No que dizia respeito à atuação na equipe de PSF, observou-se que vinte e quatro profissionais, ou seja, 100% da amostra, não atuavam nas equipes de PSF; porém dois, dentre estes, disseram atuar como equipe de apoio; e um informou atuar somente em ações isoladas, como palestras sobre educação postural para escolares, atendimento domiciliar a pacientes acamados, participação em grupos de gestantes e diabéti- 26 cos, com aulas de educação em Saúde. Para Machado (2006), no desenho brasileiro de equipe mínima, conforme o significado da palavra “mínima”, há sugestões que autorizam vários outros tipos de equipe, que poderiam ser de oito a dez profissionais de Saúde, mais os Agentes Comunitários. Desde que cumpram as diretrizes e as tarefas propostas pelo SUS. Existem, ainda, equipes de apoio, como a de Reabilitação, Saúde mental e de Promoção social. A autora acredita ainda que, antes de se pensar em agregar qualquer outro profissional, deve-se ter em mente a prioridade, que é a equipe mínima, já que a Atenção Básica é direito universal. Depois, haveria a complementação dos apoios matriciais. Porém, reconhece a necessidade de outros profissionais e, por isso, propõe ao Ministério da Saúde que retome a idéia de implantação dos Núcleos de Atenção Integral, aprovada na Comissão Intergestores Tripartide. Ela propõe aos municípios a contratação de equipes multiprofissionais em apoio às equipes de Saúde da Família. Dessa forma, os profissionais contemplados nos Núcleos poderiam dar apoio e suporte técnico às equipes de PSF. E por último, ao serem questionados sobre sua opinião acerca da Inserção do Fisioterapeuta na equipe mínima de PSF, os profissionais demonstraram interesse na atuação como Atenção Primária à Saúde. “O fisioterapeuta vem somar na equipe pela atuação junto à comunidade, principalmente na Atenção Primária. A inserção depende de pactuações, mas enfim, o profissional deve trabalhar sim preventivamente dentro da necessidade do município em que atua.” (Fisioterapeuta 6). “Muito importante, tanto quanto os outros profissionais, prevenindo muitas enfermidades que podem ser evitadas com orientações adequadas” (Fisioterapeuta 2). Dentre as atribuições dos profissionais das equipes de Saúde da Família, destacam-se: Prestar assistência integral à população. Coordenar, participar e/ou organizar grupos de educação para a saúde, realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento, fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade conceitos de cidadania e direito à saúde e as suas bases legais. (BRASIL, 2001, p. 75). A Fisioterapia, embora, ao longo da História, tenha se mantido no nível da Reabilitação, possui competências e habilidades suficientes para a atuação em outros níveis. Nesse sentido, apresentam-se algumas possibilidades de atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica e em ambiente comunitário, de acordo com as diretrizes do PSF. Para Bispo Junior (2007), é possível o fisioterapeuta desenvolver ações junto ao PSF utilizando seus saberes tão vastos na área da Saúde: Vigilância dos Distúrbios Cinesio-funcionais: constituise em subárea da Vigilância Epidemiológica, e é responsável pelo acompanhamento e monitoramento da integridade físico-funcional e dos distúrbios relacionados à locomoção humana. Dessa forma, o objetivo é fornecer dados e informações relevantes às equipes de Saúde, tanto na definição do perfil epidemiológico da população, como subsidiando as atividades de planejamento e intervenções. De acordo com o atual cenário epidemiológico, algumas condições apresentam maior potencial para a limitação da capacidade funcional das populações, a exemplo das patologias relacionadas ao aparelho cárdio-circulatório, às causas externas e ao aumento da população idosa, às doenças cérebro-vasculares, que deixam seqüelas que levam à limitação da locomoção humana ou incapacidade física. Os acidentes de tráfego que, além de produzirem um número considerável de óbitos, têm gerado grandes contingentes de indivíduos com limitações irreversíveis e permanentes. Orientações Posturais: A postura deve ser trabalhada como uma atitude corporal inerente a uma visão saudável e fator preventivo para diversas doenças. Na Atenção Básica, o fisioterapeuta deve atuar com grupos populacionais, orientando sobre as posturas mais adequadas para cada grupo ou para cada situação. Deve-se levar em consideração quais os hábitos, costumes e crenças com poder de influência na postura daquela comunidade. Dessa forma, o fisioterapeuta deve atuar na orientação postural de escolares de forma continuada, destacando a participação dos professores. No período de gestação, por gerar importantes repercussões corporais na marcha e no retorno venoso, dores lom- bares e desconforto respiratório. Em virtude dessas alterações, o fisioterapeuta deve atuar em grupos de gestantes, orientando quanto às posturas corporais, exercícios de alongamento, relaxamento e auxílio ao retorno venoso, orientações sobre exercícios respiratórios, além de incentivo ao aleitamento materno e orientações dos cuidados do bebê. No que se refere à população idosa, a atuação do fisioterapeuta, na Atenção Básica, possibilita o desenvolvimento de ações relacionadas à melhora da postura, o estado físico-funcional, além de estimular o bem-estar. O fisioterapeuta deve realizar: orientação da postura corporal; exercícios de relaxamento, alongamento e auxílio ao retorno venoso; caminhadas e atividades físicas moderadas; orientação quanto ao posicionamento adequado do mobiliário no lar, banheiros e dispositivos auxiliares, dentre outros. Desenvolvimento da Participação Comunitária: o fisioterapeuta, juntamente com os demais membros da equipe, deve estimular a criação dos Conselhos Municipais de Saúde tendo como referência a Unidade Básica de Saúde, com população e território adscritos. Dessa forma, o fisioterapeuta deve atuar no âmbito comunitário, incentivando e estimulando a participação da comunidade nas questões relacionadas à Saúde. Desenvolvimento de Ambientes Saudáveis e Incentivos a Estilos de Vida Saudáveis: A atuação do fisioterapeuta, no desenvolvimento de ambientes saudáveis, perpassa por ações desenvolvidas junto aos indivíduos, às famílias e à comunidade, objetivando promover condições dignas de vida e saúde. O fisioterapeuta atuará, principalmente, no desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, tais como: incentivo à prática da atividade física regular; adoção de hábitos alimentares saudáveis; combate ao tabaco, ao álcool e às drogas ilícitas; desestímulo à promiscuidade e estabelecimento de relações parentais estáveis; educação sexual para jovens e adultos; e incentivo à valorização e co-responsabilização da própria saúde da comunidade. Dessa forma, o fisioterapeuta contribuiria no desenvolvimento da promoção da Saúde, tanto das habilidades individuais quanto nas questões estruturais que dizem respeito às condições de vida. Os profissionais fisioterapeutas demonstraram também a preocupação com o estágio em que as patologias chegam para o tratamento de Reabilitação e mais 27 a grande demanda para o Serviço que é superior às horas de trabalho oferecidas pelo município. “De extrema necessidade, pois o tempo disponível não supre a necessidade e a carência que o município tem em relação ao serviço prestado. Pode-se comprovar isto consultando a lista de espera.” (Fisioterapeuta 9). “Na minha opinião a inserção do fisioterapeuta seria essencial pois além de atuar com maior e melhor liberdade na prevenção em saúde seria muito mais fácil tratar o paciente no momento certo e de forma mais complementar pois o acompanhamento seria realizado mais próximo ao paciente.” (Fisioterapeuta 8). “Importante para que se possa atuar principalmente na prevenção e com isso diminuir o acúmulo de pacientes em fila de espera para reabilitação.” (Fisioterapeuta 14). Notou-se, também, a reivindicação junto ao Conselho para que torne pública a vontade e, junto ao Conselho Intergestores Tripartide venha demonstrar e representar os interesses dos profissionais Fisioterapeutas em fazerem parte da equipe de PSF. “Acho que na região o fisioterapeuta não está inserido diretamente no PSF, os conselhos deveriam atuar para que o profissional fizesse parte obrigatória da equipe. Seria de grande importância a atuação do fisioterapeuta na atenção primária como prevenção.”(Fisioterapeuta 4). E ainda, a respeito da atuação preventiva, os profissionais entrevistados manifestaram a vontade de não só participarem da Equipe de Saúde da Família, mas também tornarem pública a importância deste profissional junto à comunidade. “Como agente participativo na equipe técnica multidisciplinar, que poderia atuar de forma direta nos três níveis de atenção à saúde, de forma a constituir-se num educador, além das suas atribuições já conhecidas nas áreas curativas e de reabilitação.” (Fisioterapeuta 19). Outro aspecto que preocupou os profissionais participantes da pesquisa, foi a falta de conhecimento dos atributos profissionais do fisioterapeuta por parte dos gestores e, em geral, a falta de reconhecimento do serviço prestado e da importância da Fisioterapia como profissão. “Acho que seria de suma importância a atuação do 28 Fisioterapeuta no PSF por meio de atenção primária e secundária à saúde, desenvolvido pelos fisioterapeutas, a população e o município poderiam se beneficiar com a melhora da qualidade de vida dos cidadãos e com a diminuição de gastos com reabilitação. No entanto, acredito que não há muitos fisioterapeutas inseridos no PSF na maioria dos municípios do país. Prova da falta de conhecimento sobre a Fisioterapia e de reconhecimento pela profissão.” (Fisioterapeuta 16). Os estudos na área da Fisioterapia tiveram uma evolução. A pesquisa tornou-se mais presente e houve uma melhoria na qualidade das mesmas. A Saúde Básica, antes pouco citada no meio dos fisioterapeutas, tornou-se um tópico mais estudado e até um alvo de atuação, e um tema atualizado e discutido. Alguns autores como Centurião (1997), Rebelatto (1991), Rebelatto e Botomé (1987), têm questionado a formação acadêmica baseada apenas nos conceitos biológicos que impõem uma atuação curativa e reabilitadora. Pensá-la sob um novo ângulo, percebendo um indivíduo bio-psico-social, considerar o ser humano na sua integralidade e produzindo conhecimentos sobre relações estabelecidas entre sujeito-ambiente, principalmente no que diz respeito à atuação preventiva junto à comunidade, com ações que envolvam o vasto conhecimento adquirido e a realidade da população adscrita naquele território. Conclusão O Programa Saúde da Família representa um grande avanço no campo das Políticas Sociais, em direção aos princípios estabelecidos na Constituição Federal: acesso aos Serviços de Saúde, Atenção Integral, adequação às necessidades individuais e coletivas com qualidade e resolutividade. Considerando-se que o trabalho em equipe é fator crucial no PSF: a observância dos inúmeros fatores, a importância de cada profissional, história, vínculo e função na equipe. No contexto municipal de Prestação de Serviços, observou-se que a Fisioterapia ganha um rótulo diferenciado da atuação em clínicas, hospitais e empresas, que é o atuar na Reabilitação. Na visão dos entrevistados, há um desconhecimento sobre as competências profissionais, por parte dos gestores municipais, no que diz respeito à atuação preventiva. A respeito das ações educativas na comunidade, o fisioterapeuta pode interagir o indivíduo com o ambiente onde vive e adaptar o tratamento conforme a necessidade e a realidade encontradas. a promoção, a prevenção e a recuperação, visando à Saúde Coletiva, ou seja, da Comunidade. Dos trinta e um municípios que fizeram parte do estudo, oito não possuíam o serviço de Fisioterapia, ou seja, nenhuma forma de contratação foi observada. Percebese que a Fisioterapia, muitas vezes necessária, é substituída por tratamento medicamentoso, ou o usuário é deslocado a outras regiões, o que dificulta o correto acompanhamento e até a evolução da terapia. Em outras situações, a gestão municipal pode não reconhecer a necessidade do Serviço para aquela população. Nenhum profissional participante da amostra estava inserido na Equipe de Saúde da Família. Os mesmos relataram atuar em ações isoladas, ou como equipe de apoio, ou seja, ministrando palestras, com atividades de educação em Saúde e participação em grupos de gestantes e diabéticos. Dado o exposto, faz-se importante uma consciência mais ampla do modelo assistencial vigente que garante saúde para todos, como preconiza a Constituição Federal de 1988, objetivando a Promoção da Saúde, prevenção de doenças, educação continuada e participação popular. Nesse contexto, a participação da Fisioterapia na Equipe de Saúde da Família implementaria e traria consonância aos princípios do SUS de universalidade e eqüidade. O serviço prestado pelo SUS é caracterizado como uma Proposta de Serviço inferior. Mesmo que equivocado, assim, o serviço de Fisioterapia geralmente precisa ser pago pelo usuário, levando à desistência do tratamento por parte dos pacientes. A inserção do fisioterapeuta nos programas de Saúde, principalmente no PSF, reverteria esse conceito, implementaria e aumentaria a eficácia e resolutividade dos problemas de saúde. Outro aspecto de interesse dos gestores é o retorno de recursos que o serviço traria através da incorporação no PSF, associado à adequação das exigências colocadas pelas Normas Operacionais Básicas (NOBS), que regulam a política. Dessa forma, os municípios usufruem os recursos federais, no nível local, pela produção apresentada. O conceito de Saúde tem passado por intensas transformações. Nas últimas décadas, passou de um modelo curativo e reabilitador para um modelo assistencial de promoção à Saúde; preventivo e, principalmente, interdisciplinar. A Atenção Primária prevê ações que vão além da intervenção curativa individual, prevalecendo ações de promoção à Saúde, prevenção de doenças e educação permanente. Mais do que recuperar e curar pessoas, é preciso criar condições necessárias para que a saúde se desenvolva. O Fisioterapeuta é um profissional que se dedica ao estudo e à investigação do movimento humano, das funções corporais, atividades de vida diária, desenvolvimento das potencialidades, e tudo isso privilegiando o estado fisiológico do ser humano, adaptando o homem ao ambiente em que vive. Dessa maneira, o profissional deixa a atuação tradicional em clínicas, consultórios e hospitais, para atingir clientes especiais que necessitam de atendimento em seu próprio domicílio, adaptandose, assim, a um novo modelo de Atenção que privilegia A percepção dos profissionais, acerca de sua inserção na Equipe do PSF, demonstrou o interesse na atuação preventiva com ênfase na Atenção Primária à Saúde; a importância da atuação junto à comunidade e o reconhecimento da profissão e suas áreas de atuação por parte dos gestores e demais profissionais da Saúde. A Inserção do Fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família necessita de profissionais capacitados e motivados, que dominem condicionantes e determinantes do processo saúde/doença, que tenham compreensão de que a promoção de Saúde é resultante de um trabalho articulado entre Órgãos federais, estaduais e municipais, institucionais e a comunidade. E, para tanto, o profissional deve ser conhecedor da realidade do Sistema de Saúde vigente e se enquadrar às suas necessidades. Esse estudo não teve a pretensão de finalizar a discussão sobre o assunto, mas sim demonstrar a importância de se estar atento às Políticas de Saúde vigentes. Referências Bibliográficas 1. Alves, G. G. O Processo de Capacitação Desenvolvido em um PSF: a experiência da utilização da educação popular e da pesquisa ação como estratégia educativa. Boletim de Saúde. Porto Alegre. Vol. 18, n.1, jan-jun, 2004. 2. Baduy, R. S.; Oliveira, M. S. M. 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T.; Zakrzevski, S. B. Trabalhos Acadêmicos – da concepção à apresentação. Edifapes: Erechim, 2006. The Physiotherapist Insertion in the Health of Family Program Abstract: Study of quali-quantitative character that had as its main objective, to map out the Physiotherapist insertion in the Health of Family Program (PSF) of the cities that compose a Regional Coordination of Health (CRS) in Rio Grande do Sul. For this, after the identification of the cities that compose the referred coordination and professional physiotherapists working in these cities, it was sent, via e-mail, a pre-prepared questionnaire, containing opened and closed questions about the subject. The study was done in the period between August and October 2007, as previously approved by the Committee of Ethics in Research, under Protocol No. 048/PGH/07. The obtained results showed that in the cities under study, no physiotherapist is inserted into the PSF, there are cities that do not provide the physiotherapy service, and the perception of professional physiotherapists about their participation in the Program is directed to the interest in the interaction with the community, preventive way. The conclusion is that there is no knowledge about the professional physiotherapist skills from the municipal managers, lack of professional recognition in order of preventive work, and the physiotherapy as health field with so important participation as the others, inserted in PSF. Already, in the context of new existing Politics for Health, the physiotherapy has important place in order of the performance in the community group. Keywords: Health of Family Program, Physiotherapy, Primary Prevention. Perfil De Pacientes Mastectomizadas: Implicações Psicossociais e Fisioterápicas Elisandra S. RODRIGUES*, Greice TONIOLLI1, Diógenes BASEGIO2, Mara Rubia BELTRAME2, Maira Meneguzzi SOLDATELLI3, Péricles Saremba VIEIRA2. 1 Graduadas em Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo Professores do curso de Fisioterapia, Universidade de Passo Fundo 2 3 Psicóloga Rua Capitão Araujo, n° 736, Passo Fundo-RS, CEP: 99010-200 Fone: (54) 3312 1616; [email protected] * Resumo Objetivo: O tratamento do câncer de mama, especificamente a mastectomia, resulta conseqüências emocionais e físicas para as mulheres, requerendo, portanto, um cuidado multidisciplinar, incluindo a Fisioterapia. O objetivo do presente estudo foi investigar o perfil de pacientes mastectomizadas suas implicações psicossociais e fisioterápicas. Métodos: O estudo foi feito a partir de um questionário elaborado pelas pesquisadoras, onde foi realizada entrevista de 32 pacientes com idade compreendida entre 25 e 75 anos com uma média de idade de 48,8 anos, no período de março a maio de 2008. Resultados: Os resultados observados neste estudo demonstraram que entre as alterações psicológicas mais encontradas estão: medo da morte (34,4%), medo de sentir dor (12,5%). Foram relatados como dados positivos neste aspecto a aceitação da doença (50,0%), as perspectivas para o futuro (62,5%) otimismo e a afetividade do companheiro (75,0%). Já em relação às complicações fisioterápicas as mais relevantes foram: dificuldades nas atividades de vida diárias (AVD’s) (17,6%), sensibilidade na cicatriz (16,7%), perda de força muscular (15,7%), perda de amplitude de movimento (13,7%) e linfedema (11,8%), confirmando as afirmações das literaturas pesquisadas. Conclusão: Sendo assim fica evidente, a necessidade de mais estudos com maior número de indivíduos e estudo comparativo entre a qualidade de vida de mulheres mastectomizadas tratadas e não tratadas pela fisioterapia, além de pesquisas com abordagem interdisciplinar para a confirmação dos resultados obtidos. Palavra-chave: Perfil, Câncer de Mama, Mastectomia, Fisioterapia, Qualidade de vida. Introdução O carcinoma mamário é a causa número um de mortes por câncer entre as mulheres, ocupa o primeiro lugar entre os cânceres em número de intervenções cirúrgicas, na administração de hormônios, em tratamentos por radioterapia e quimioterapia1. Segundo o ministério da saúde para o ano de 2008 o número de casos novos de câncer de mama esperados é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres2. O câncer é uma doença crônica e degenerativa, ou, seja é uma patologia que apresenta uma evolução prolongada e progressiva, podendo às vezes ser interrompido em uma de suas fases e tem uma capacidade extremamente significativa de disseminação. É uma doença relacionada a debilidades e mutilações devido ao seu alto poder de propagação, ocasionando danos significativos quanto aos aspectos físicos, psicológicos e estéticos1. Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão bem estabelecidos em relação ao desenvolvimento do câncer de mama. Além desses, a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco. As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50 anos, e posteriormente o mesmo se dá de forma mais lenta. Até o momento é recomendado a mamografia para mulheres com idade entre 50 e 69 anos como método efetivo para detecção precoce2. 31 A mastectomia é o procedimento cirúrgico que se caracteriza pela remoção da mama3, ou seja, retirada total do tecido mamário, ela pode ser realizada de várias maneiras, comprometendo as funções da paciente a depender do quadro já instalado e do método cirúrgico utilizado como tratamento curativo4. imagem corporal que determina sentimentos de insegurança, o que inclui vergonha do próprio corpo, causando também perturbações de humor e da sexualidade da paciente. Quando a mulher necessita retirar a mama devido ao câncer (mastectomia), sentimentos de angústia e dor estão sempre presentes13. A mastectomia radical modificada consiste na retirada da glândula mamária e na linfadenectomia axilar, com preservação de um ou ambos os músculos peitorais. Constitui o procedimento cirúrgico realizado na maioria das pacientes com câncer de mama nos estádios I, II e III. É denominada de mastectomia radical modificada Patey, quando ocorre a preservação do músculo grande peitoral e quando os dois músculos peitorais são preservados, é chamada de mastectomia radical modificada Madden5. Quanto ao relacionamento conjugal, o procedimento causa alterações importantes na relação sexual, e também interfere nas atividades de vida diária, levando a comportamentos de esquiva e isolamento social. Assim como a depressão, a ansiedade também é um sintoma presente em pacientes com câncer; inicialmente relacionada ao diagnóstico e, a seguir, às incertezas dos efeitos colaterais e psicológicos do tratamento14. A mastectomia tende a ser um processo de difícil aceitação, e pode ocasionar em decorrência disso, atraso e até mesmo o abandono do tratamento; entretanto, a atuação conjunta dos membros da equipe de saúde e demais profissionais envolvidos pode representar um importante passo para a reabilitação6. Vários autores descrevem como perfil de pacientes mastectomizadas as complicações pós-mastectomia, e estas podem ocorrer imediatamente após o ato cirúrgico ou se desenvolver ao longo dos anos7,1,8. Estas complicações (físicas) pós-mastectomia também geram complicações psicológicas/ emocionais, como a redução da auto-estima, ansiedade, depressão, problemas com a imagem corporal e aceitabilidade social9. A limitação funcional do membro superior pode colocar em risco as atividades normais da vida diária, repercutindo no seu papel social10. As experiências emocionais vividas particularmente influenciam em todo o processo da doença: desde a aceitação, até o tratamento, bem como na qualidade e intensidade da dor11. As mamas são partes do corpo feminino e, por influência cultural, altamente valorizadas; compõem a estética feminina, sendo parte identificável da diferença de gênero; são símbolos sensuais expressivos, de potencial erógeno, e descritas milenarmente em versos e prosas12. Ao se realizar uma mastectomia, há uma mudança na 32 Ainda neste sentido, percebe-se, que não só as alterações físicas provocam alterações emocionais, mas elas também provocam aquelas, como em um ciclo15. A forma do corpo depende então, dos desafios e tensões da existência de cada indivíduo, no qual podemse perceber as mudanças que acontecem na postura devido às alterações emocionais16. Segundo Souza17, o tratamento do câncer de mama é multidisciplinar, e não mais exclusivo do cirurgião. Neste quadro a reabilitação física, realizada através da fisioterapia, desempenha um papel fundamental nesta nova etapa da vida da paciente operada. Justamente por representar um conjunto de possibilidades terapêuticas físicas suscetíveis de intervir na recuperação funcional da cintura escapular e membro superior até a profilaxia de seqüelas como retração e aderência cicatricial, como fibrose e linfedema. Visando a recuperação funcional da paciente e, conseqüente melhora da qualidade de vida. Tendo em vista não somente a recuperação do câncer, mas também a reabilitação global, nos âmbitos físico, psicológico, social e profissional18. A intervenção fisioterapêutica deve ser iniciada precocemente com o objetivo de prevenir possíveis complicações advindas da cirurgia. A dor nesse período pode levar a graus variados de imobilidade, que poderão intervir diretamente na dificuldade de movimentação, aderências na parede torácica, fraqueza do membro superior envolvido alterações posturais, hipoestesia do membro acometido, além de contribuir para a instalação de um linfedema1. O objetivo da fisioterapia nos efeitos do pós-operatório de Câncer de mama é de controlar a dor no pósoperatório, prevenir complicações pulmonares pósoperatórias, prevenir ou tratar linfedema e alterações posturais, promover o relaxamento muscular, manter a amplitude de movimento do membro superior envolvido, manter ou aumentar a força do ombro envolvido, melhorar a tolerância aos exercícios e o senso de bem estar, reduzir a fadiga, melhorar o aspecto e maleabilidade da cicatriz, prevenindo ou tratando as aderências1. Devido ao fato das pacientes mastectomizadas serem avaliadas clinicamente, psicologicamente e funcionalmente de forma separada, de acordo com o profissional que ira tratá-la causando uma “fragmentação da paciente”, notou-se a necessidade de um enfoque multidisciplinar. Com isto, o objetivo do presente estudo foi investigar o perfil de pacientes mastectomizadas: implicações psicossociais e fisioterápicas ao adoecer em mulheres com câncer de mama que já foram submetidas à mastectomia, identificando suas vivências em diferentes estágios do tratamento. Material e Métodos Após a submissão do projeto de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo e sua aprovação deu-se início à realização da presente pesquisa. A Figura 1 apresenta a distribuição etária das pacientes na época da cirurgia A maior incidência de mulheres entrevistadas situouse na faixa etária dos 40 aos 49 anos e a média de idade foi de 48,8 anos, como pode ser observado na Figura 1. Houve um predomínio de mulheres casadas (84,4%), comparadas às solteiras e viúvas (15,7%). O nível de escolaridade que se destacou entre as entrevistadas foi o superior completo (46,9%), sendo exercidas as seguintes profissões ou atividades: do lar (34,4%), professora (21,9%), aposentada (15,6%), serviços gerais (9,4%), agricultora (9,4%), profissional liberal (9,3%). Da amostra, 100% afirmou professar alguma religião ou prática espiritual, sendo o catolicismo (90,6%), o mais referido. Quanto ao lado mais acometido foi encontrada uma maior incidência do membro esquerdo (59,4%) em relação ao direito (40,6%). Esses resultados vão ao encontro ao descrito na literatura, onde estudos demonstram que o carcinoma de mama é mais freqüentemente encontrado na mama esquerda do que na direita, porém sem justificativa aparente19,20. A Tabela 1 apresenta as sensações das entrevistadas em relação ao diagnóstico de câncer de mama. Reação % Aceitação á doença 50,0 Medo da morte 34,4 Medo de sentir dor física 12,5 Medo quanto aos aspectos de aceitação social 3,1 Tabela 1 - Reação em relação ao diagnóstico Questionadas sobre o que sentiram e pensaram durante o período entre diagnóstico e tratamento médico, as entrevistadas apresentaram as seguintes respostas: 50% não apresentaram rejeição à doença, 34,4% tiveram medo de morrer, 12,5% tiveram medo de sentir dor física e 3,1% tiveram medo quanto aos aspectos de aceitação social. Figura 1 - Histograma das idades das pacientes na época da cirurgia A Tabela 2 apresenta um comparativo entre as questões positivas em relação ao relacionamento com o companheiro, representada pela resposta de afetividade no momento do diagnóstico e após a cirurgia. 33 Reação No momento do diagnóstico Incidência(%) Afetividade 56,2 Rejeição Medo 4,4 Nenhuma 9,4 Pós-cirurgia Incidência(%) 75,6 6,3 6,3 11,9 Tabela 2 - Reação do companheiro no momento do diagnóstico e após cirurgia Quando inquiridas em relação aos sentimentos do companheiro as entrevistadas relataram que 56,2 % e 75,6% tiveram prevalência da afetividade do mesmo no momento do diagnóstico e após a cirurgia, respectivamente. A Figura 2 apresenta as respostas quanto à satisfação das pacientes em relação à sua imagem corporal pósmastectomia. Figura 3 - complicações fisioterápicas no pós-operatório: Percentual das pacientes e Percentual das complicações. Em relação às complicações no pós-operatório 17,6% foram relativas às dificuldades de execução das atividades de vida diárias (AVD’s), 15,7% dor no membro acomentido e perda da força muscular (FM), 16,7% de sensibilidade na cicatriz e 13,7% na amplitude de movimento (ADM). A Tabela 3 demonstra as complicações mais encontradas em relação à amplitude de movimento (ADM) no pós-operatório. Movimento Incidência (%) Flexão Flexão e abdução Nenhum dos movimentos Figura 2 - Satisfação das pacientes em relação à imagem corporal pós-mastectomia: Satisfeita (15,6%); Sente menos bonita (12,5%); Sensação de mutilação do corpo (6,3%) e Evita olhar-se no espelho (65,6%) A imagem do corpo pode ser saudável mesmo quando há algum tipo de deficiência física, vai depender da qualidade da relação emocional entre o indivíduo e o outro, e também da possibilidade de ser amada, ressaltando assim, o seu valor o que se confirma no fato de 65% das pacientes deste estudo ter relatado estar satisfeita com sua imagem corporal. Em relação ao futuro a maioria das mulheres relataram estar otimistas 62,5%. Já 25% relataram que preferem não pensar no futuro e 12,5% tem medo que a doença reapareça. A Figura 3 apresenta os resultados encontrados quanto às complicações fisioterápicas ocorridas no pósoperatório em relação ao número de pacientes. 34 28,1 15,6 56,3 Tabela 3 - Amplitude de Movimento Observou-se que 28,1% das pacientes apresentou déficit na flexão e 15,6% na abdução e flexão do ombro homolateral à cirurgia em relação ao contralateral, implicando nas AVD`S das pacientes. O déficit na ADM mostrou ter uma relação direta com as limitações funcionais e conseqüentemente, com o nível de qualidade de vida destas pacientes. A Tabela 4 mostra as complicações mais encontradas em relação à postura no pós-operatório. Movimento Incidência Retração do ombro Cifose Cifose e retração do ombro Nenhum Tabela 4 - Complicações posturais (%) 15,6 9,4 3,1 71,9 Os resultados apresentados na Tabela 4 reafirmam a idéia de Quitanda21 de que quando a mulher é submetida à uma mastectomia, há uma mudança na imagem corporal que determina sentimento de insegurança, vergonha do próprio corpo, perturbações de humor e sexualidade, o que pode levar a uma atitude protetora de disfarçar a ausência da mama, podendo acarretar sérias alterações posturais. A Figura 4 apresenta a porcentagem de mulheres que se submeteram ao tratamento fisioterapêutico após a mastectomia e a informação que tiveram a respeito de sua importância. Figura 4 - Adesão ao tratamento fisioterapêutico Conforme os resultados apresentados na Figura 4 constatou-se que talvez haja uma falta de comunicação ou compreensão na relação médico/paciente no que diz respeito ao tratamento fisioterapêutico pósmastectomia, pois 40,6% das entrevistadas relataram não terem sido informadas pelo médico quanto a importância da reabilitação fisioterapêutica pós-mastectomia. Discussão As repercussões da mastectomia na vida da mulher originam vários tipos de enfrentamentos que variam dependendo do contexto que a mesma se encontra. É evidente que a experiência da mastectomia é ampla e distinta para cada mulher, envolvendo implicações na vida diária, além das relações entre ela e as pessoas do seu convívio. Segundo INCA2, a idade constitui fator importante de risco, o câncer é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Os resultados observados neste estudo demonstra- ram que entre as alterações psicológicas mais encontradas estão: medo da morte e medo de sentir dor. Foram relatados como dados positivos neste aspecto a aceitação da doença as perspectivas para o futuro, otimismo e a afetividade do companheiro. Segundo Kovacks et al22, o diagnóstico de câncer é acompanhado de intenso sofrimento psicológico, de momentos de dúvida sobre a continuação da existência, sentimentos de frustração e insegurança pela brusca mudança no projeto de vida. Percebe-se, que não só as alterações físicas provocam alterações emocionais, mas elas também as provocam , como em um ciclo15. A forma do corpo depende então, dos desafios e tensões da existência de cada indivíduo16. As reações da mulher com câncer de mama frente à mutilação relacionam-se à sua subjetividade, sendo determinadas pela maneira como ela vive e convive com o seu corpo desde a infância e o processo de elaboração frente à doença e à perda da mama. Estar com câncer atinge a integridade psicológica do paciente, tornando-o fragilizado e vulnerável à depressão e ansiedade. Tal situação é geradora de intensa angústia, causada, em geral, pelo medo da mutilação, da dor da morte, pela culpa e pelo medo quanto à aceitação na sociedade6. Estapé23, diz que a relação conjugal é o fator mais deteriorado nas pacientes com câncer de mama. Segundo a autora, a diminuição da auto-estima, na mulher mastectomizada, repercute-se na sua auto-imagem, afetando a sua sexualidade e, por consequência, a relação com o companheiro. Contrariamente ao referido pela autora algumas investigações revelam que a maioria dos casais apresenta um bom ajustamento marital após o diagnóstico de câncer de mama sendo que, alguns deles revelam até melhoramentos na qualidade geral do seu relacionamento. No mesmo sentido, Dias et al24 consideram que, na maior parte dos casos, a doença oncológica acaba por fortalecer a relação conjugal no que toca à comunicação e à afetividade. Já em relação às complicações fisioterápicas as mais relevantes foram: dificuldades nas AVD’s , sensibilidade na cicatriz , perda de força muscular , perda de amplitude de movimento e linfedema. Os estudos refe- 35 rentes à mastectomia e seus efeitos nas articulações do membro comprometido têm demonstrado que a articulação do ombro tem sido comumente afetada no tratamento do câncer de mama. Pessoas com essa condição podem ter problemas significantes, incluindo desconforto, perda de força muscular e dor, problemas estes que limitam a amplitude de movimento, favorecendo outras complicações como linfedema e problemas posturais25. Diante deste quadro é importante o esclarecimento de que a fisioterapia tem como objetivos prevenir complicações, promover uma adequada recuperação funcional e consequentemente criar condições para uma melhor qualidade de vida às mulheres17. As mulheres que apresentam linfedema após o tratamento para câncer de mama apresentam problemas psicossociais e dificuldades nas rotinas diárias importantes quando comparadas com aquelas que evoluem sem linfedema26. Woods27, concluiu que o linfedema contribui para a alteração da imagem corporal, dificultando as relações pessoais e sexuais. A limitação funcional do membro superior pode colocar em risco as atividades normais da vida diária, repercutindo no seu papel social10. Sugden28 relata que metade das pacientes submetidas à mastectomia radical modificada por carcinoma mamário apresenta limitação de pelo menos um movimento do ombro homolateral após a cirurgia, isto se comprovou através do estudo com o déficit de todos os movimentos relacionados ao ombro, com maior decréscimo na flexão e abdução. A Fisioterapia é recomendada para melhorar a recuperação física da mulher e diminuir o risco de complicações no período pós-operatório. No entanto, a fisioterapia não está ainda acessível a todas as mulheres submetidas à cirurgia, devido ao escasso conhecimento do papel e dos benefícios da fisioterapia nesta área de intervenção por parte de alguns profissionais de saúde, e ainda devido aos fracos recursos dos serviços29. A paciente deve ser orientada tanto sobre os aspectos gerais da patologia e do tratamento clínico, cirúrgico e fisioterapêutico no pré e pós-operatório, com isso objetiva-se, o auxílio na eficácia da conduta terapêutica18. 36 Segundo Bohn et al30, as mulheres operadas de câncer de mama que fazem fisioterapia após a cirurgia, recuperam a função mais cedo, sentem-se mais seguras e apresentam menos dificuldades no processo de reabilitação. Cabe relatar também que muitas das pacientes entrevistadas desconheciam a existência do tratamento fisioterapêutico na prevenção de complicações no pós-operatório de câncer de mama. Talvez falte de alguns profissionais da área médica a indicação clara da fisioterapia como técnica adjuvante na reabilitação e não somente de forma corretiva quando aparecem os problemas. Sendo assim a reabilitação do paciente com câncer e o seu retorno ao seu cotidiano que envolvem as dimensões psicossocial e funcional dependem, em larga medida, da formação de uma equipe multiprofissional que trabalhe de forma integrada e mantenha um relacionamento satisfatório com o paciente e seus familiares8. A partir destas constatações nota-se que a atuação fisioterapêutica no tratamento da paciente submetida à mastectomia pode contribuir significativamente na melhora da qualidade de vida, da limitação física e sexualidade. Num contexto geral, a fisioterapia facilita a integração do lado operado ao resto do corpo e auxilia na prevenção de outras complicações comuns nas pacientes. No entanto, a fisioterapia não está ainda acessível a todas as mulheres submetidas à cirurgia, devido ao escasso conhecimento do papel e dos benefícios da fisioterapia nesta área de intervenção por parte de alguns profissionais de saúde, e ainda devido aos fracos recursos dos serviços. Fica evidente, porém, a necessidade de mais estudos com maior número de indivíduos e estudo comparativo entre a qualidade de vida de mulheres mastectomizadas tratadas e não tratadas pela fisioterapia, além de pesquisas com abordagem interdisciplinar para a confirmação dos resultados obtidos. Referências Bibliográficas 1.Guirro ECO, Guirro RRJ. Fisioterapia dermato-funcional: Fundamentos, recursos, patologias. 3.ed. Barueri: Manole, 2002. 2.Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Câncer no Brasil: dados dos registros de câncer de base populacional. Brasilia (DF): Ministério da Saúde; 2003. [citado em 2003]. Disponível em: http:// www.inca.gov.br/regpop/2003. 3.Machado KC. Ginecologia e Obstetrícia. São Paulo: Manole, 2003. 4.American Cancer Society et al. Câncer de mama avançado. Revista Oncologia Atual, v.8(6), p. 230 – 245, 2003. 5.Franco J, Santos R, Castro K, Malfacini S, Santoro C. Tratamento cirúrgico do câncer de mama. In: Franco, J. 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Profile of Mastectomy Patients: Psychosocial 37 and Physical Therapy Implications Objective:The treatment of breast cancer, specifically the mastectomy, results in emotional and physical consequences for the women, calling for, hence, a multidisciplinary care, including the Physical Therapy. The aim of the present study was to investigate the profile of mastectomy patients, their psychosocial and physical therapy implications. Methods: The study was made from a questionnaire elaborated by the researchers, and an interview was made with 32 patients between 25 and 75 years old, and the rate of age was 48,8 years old, from march at may 2008. Results: The observed results in this study showed that most of the psychological alterations found are: fear of death (34.4%), fear of feeling pain (12.5%). Some positive results were reported in the same aspect, like, the acceptance of the disease (50.0%), the future perspectives (62.5%), optimism and affection of the companion (75.0%), Considering the physical therapy the most significant complications were: difficulty during the diary activities (17.6%), sensibility on the scar (16.7%), decrease of muscular force (15.7%), decrease in the magnitude of movement (13.7%) and swollen lymph nodes (11.8%), confirming the literature affirmations researched. Conclusions: Then it’s clear, the need of more studies with bigger number of individuals and comparative studies between the quality of life in mastectomy women treated and no treated by the physical therapy, besides researches with interdisciplinary approach to confirm the obtained results. Key-words: Profile, Breast cancer, Mastectomy, Physical Therapy, Quality of life. 38 Normas Preparação do texto: Apresentação do original: Digitado em formato A-4, espaço duplo, fonte Arial tamanho 12, margem de 3 cm, máximo de 20 páginas, mais as referências. Notas de rodapé devem ser evitadas. Cada secção ou componente deve iniciar se no princípio da página. As ilustrações e provas não montadas não devem exceder 203 -254 mm. Encaminhar por e-mail, para o endereço: ([email protected]) Uma cópia impressa e um CD ou DVD (que não serão devolvidos) devem ser expedidos, pelo correio, em correspondência registrada, num envelope de papel espesso, protegendo-se, se necessário, o manuscrito e as ilustrações com placas de cartão, de modo a impedir que as fotografias se dobrem. O manuscrito deve ser acompanhado de carta assinada por todos os co-autores, a qual deve incluir: informação acerca de publicação prévia ou repetida, ou sobre envio para apreciação, como definido acima; nome, endereço, e-mail e telefone do autor principal para contato, o qual ficará responsável pelos contatos com os demais autores acerca de revisões e aprovação final das provas; autorizações para reproduzir material já publicado, utilizar figuras ou relatar informação sobre pessoas identificáveis, referir os nomes de pessoas a quem agradecem; reproduzir material publicado anteriormente, ou usar ilustrações que podem identificar pessoas, bem como transferência de direitos de autor e outros documentos. Serão aceitas produções com, no máximo, seis autores. A participação de cada autor deve ser descrita nessa carta. Os trabalhos envolvendo pesquisa direta ou indireta com seres humanos ou comunidade, devem declarar o número da carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, segundo a Resolução CNS 196/96, cuja cópia deve ser anexada aos originais impressos. Todas as páginas deverão estar numeradas consecutivamente, sendo a primeira a página de rosto. Serão recebidos originais em Português. Tabelas, gráficos e figuras, com as respectivas legendas, devem vir apresentados em separado, no final do texto, depois das referências. Ao longo do texto, os autores devem indicar com destaque a sua localização, devidamente numerados. Página de rosto: Deverá conter título completo do artigo, com versão para o inglês. Nome de todos os autores, por extenso, titu- lação profissional e acadêmica, e respectivas instituições. Indicar o autor principal e e-mail para contato. Se o trabalho foi subvencionado, indicar o agente financiador e respectivo número de processo. Devem ser utilizadas apenas abreviaturas e símbolos padronizados. Resumo em Português e abstract em Inglês: Os artigos deverão ter resumo e abstract, que não deverão conter abreviaturas nem ultrapassar 200 palavras, sendo redigidos em folhas separadas, seqüenciais à página inicial. (Esta norma não se aplica a resenha.) Palavras-chave: Indicar no mínimo três e no máximo seis palavras-chave descritoras do conteúdo do trabalho, utilizando-se os Descritores em Ciências da Saúde (Decs) da BIREME, em Português e em Inglês. Devem suceder os resumos por idioma. Referências: As referências devem, restringir-se às citações no texto, sendo numeradas consecutivamente, pela ordem de aparição no texto (em algarismos arábicos e entre parênteses). Comunicações pessoais não são aceitas como referências, podendo porém ser inscritas no texto, entre parênteses, com o nome da pessoa e data. As referências citadas apenas em quadros ou legendas de figuras devem ser de acordo com a seqüência estabelecida pela primeira identificação no texto desse quadro ou figura. As referências seguirão as normas propostas pelo Comitê Internacional de Revistas - Vancouver Style. Tradução portuguesa. Comissão Internacional de Editores de Revistas (ver Port Clin Geral 1997; 14:159-74). Agradecimentos: Podem ser registrados agradecimentos a instituições ou indivíduos que prestaram efetiva colaboração para o trabalho, em parágrafo com até três linhas. Procedimento de análise: Revisão por pares: os trabalhos que atenderem à normalização conforme “Instruções aos Autores” serão submetidos à avaliação de pelo menos dois Consultores integrantes da equipe de colaboradores da Revista, para revisão e aprovação. O procedimento de revisão pelos pares é sigiloso quanto à identidade dos autores e revisores. Cópias dos pareceres serão encaminhadas aos autores. 39