A FILOSOFIA NA PSICOLOGIA
- INFLUENCIAS DO SABER FILOSOFICO SOBRE O SABER PSICOLOGICO -
Por Akim Rohula Neto
“Posso usar meu dedo para apontar para a lua,
Mas meu dedo não é a lua
E você não precisa dele para ver a lua.”
Huineng (Sexto Patriarca Zen)
Resumo
A ciência da Psicologia nasce em meados do século XIX tendo na figura de Wundt o seu
fundador. Este médico alemão possuía grande interesse pelos fenômenos mentais, o que
deu à Psicologia desde o seu principio uma tradição subjetivista. Este subjetivismo é uma
tradição clara, uma influência fortíssima do conhecimento filosófico. Esta tradição começa
quando a Filosofia começa a trabalhar com as questões do conhecimento, ou seja, como
conhecemos o real? Assim, nasce toda uma concepção do sujeito que ditaria como o ser
humano é um sujeito e por isso ele apreende a realidade. Esta concepção permanece até as
críticas de Nietzsche sobre o sujeito e a subjetividade, quem irá derrubar o edifício do sujeito
construído pela Filosofia Moderna. Todo este movimento foi acompanhado pela Psicologia
enquanto disciplina da Filosofia e posteriormente como ciência propriamente dita, foram
movimentos que influenciaram profundamente o modo pelo qual as principais Escolas
Psicológicas pensam, desde as que apóiam uma noção subjetivista como a Psicanálise, a
Psicologia Corporal e a Analítica até as que se contrapõem como o Behaviorismo e o
Behaviorismo Radical.
1. O Nascimento da Psicologia
A época é 1830, o século XIX começava a chegar em sua meia-idade, a
Revolução Industrial conhecia agora o navio e a locomotiva a vapor criado
respectivamente em 1807 e 1814. O mundo do trabalho conhecia a fábrica e a divisão
do trabalho. A burguesia começava a assumir o poder financeiro e com isto influir na
vida sócio política das nações modernas.
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Surgem várias correntes de pensamento político como o socialismo utópico
defendendo uma sociedade igualitária através de reformas pacíficas na área agrária,
o socialismo científico criado por Marx e Engels que concebia a história como o
resultado de um processo de lutas de classes o sindicalismo que abarcava o controle
dos modos de produção pelos trabalhadores o anarquismo que defendia a abolição
de qualquer forma de governo e a substituição disto por uma rede de homens livres.
No Brasil, ocorriam múltiplos eventos importantes, a Insurreição de 1824, a
Constituição Imperial de 1824, A sucessão do trono português de 1828 e em 1831, a
abdicação do Imperador Dom Pedro I iniciando no Brasil o início do período regencial
que duraria 10 anos.
Ocorria na França uma revolução que deporia o rei Carlos X e colocaria no
trono Luis Felipe, o “rei-burgês”, esta revolução mobilizou outras revoluções ao redor
do globo. Nesta época, “a Europa já diferia fundamentalmente de todo o resto do
mundo porque muito mais alimento por habitante era produzido ali do que trezentos
anos antes” (ROBERTS, 2001). Em meio a isto, nasce Wilhelm Wundt, um alemão
que tornar-se-ia médico e um estudante afoito de fisiologia. “Nessa época, o campo
da Psicologia não tinha domínio próprio; seu objeto de estudo pertencia à Filosofia”
(DAVIDOFF, 1983).
Este médico fisiologista possuía um certo interesse pelos processos mentais e
tomou para si a “ambição de (...) estabelecer uma identidade própria para a
Psicologia” (DAVIDOFF, 1983). Isto fez com que Wundt na data de 1879, na cidade
de Leipzing na Alemanha, criasse para os olhos do mundo o primeiro laboratório de
psicologia experimental, “conferindo assim à psicologia o estatuto de ciência plena”
(DAVIDOFF, 1983).
A criação do Laboratório de Psicologia Experimental de Wundt deu a
Psicologia o estatuto de ciência, antes disso, a Psicologia era um ramo da Filosofia.
Enquanto permaneceu dentro da Filosofia, a Psicologia sofreu várias influências do
que construía no saber filosófico. Dentre as várias influências que a Psicologia sofreu
talvez a mais significativa tenha sido a da subjetividade. Como DAVIDOFF coloca, o
“pai” da psicologia, Wundt, demonstrava “intenso interesse pelos processos mentais”.
Ou seja, a psicologia já nasce então com a concepção mentalista adquirida de sua
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mãe a Filosofia, desde seu primórdio enquanto ciência, ela procurou trabalhar com
conceitos subjetivos como self, mente e eu.
Esta questão possui raízes profundas no pensamento ocidental. O presente
artigo vem com o intuito de discutir as idéias filosóficas referentes à esta questão.
Para tanto faz-se necessário compreender de onde nasce toda esta tradição
subjetivista (herdada pela Psicologia) e como ela se desenvolveu. E, para isto,
necessitamos voltar à Filosofia que é quem fornecerá a base para compreendermos
um pouco mais desta tradição assim como as inúmeras influências que elas possuem
no nosso campo de conhecimento.
2. A construção do sujeito
“A partir das críticas de Nicolau de Cusa, Giordano Bruno e Galileu Galilei, o
século XVII presenciou o declínio do modo de pensar aristotélico (...) emergiu a figura
complexa de René Descartes, ao mesmo tempo revolucionário e herdeiro do
pensamento grego e medieval. Enquanto a nova física nos transportava do mundo
fechado ao universo infinito, Descartes se propunha a investigar os domínio da
subjetividade” (GARCIA-ROSA, 2001). “A subjetividade foi assim constituída e
transformada em referencial central e às vezes exclusivo para o conhecimento e a
verdade. A verdade habita a consciência: é o que proclamam racionalistas e
empiristas”.(GARCIA-ROSA, 2001).
Temos que compreender o caminho que levou os filósofos a tornarem tão
importante assim esta questão. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma questão,
ou melhor, da formulação de uma pergunta, como já diria G. Miller: “em ciência, pelo
menos metade da batalha está ganha quando começamos por formular as perguntas
corretas”. A filosofia dos antigos, pensadores que viveram nos séculos VII e IV a.C.
baseia-se na pergunta central: o que é o real? Esta pergunta gerou duas correntes
básicas de pensadores, os que entendiam a realidade enquanto a phýsis, ou seja, o
mundo e os que pensam a realidade como “o real é o ser”, encaminhando assim a
filosofia para a metafísica e ontologia.
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A filosofia moderna produz uma nova questão, eles perguntam-se sobre como
é possível o conhecimento do real? Esta pergunta anuncia o inicio da filosofia
moderna, com ela começam a surgir às bases de toda uma tradição subjetivista que
alcança hoje aproximadamente 400 anos. O que esta pergunta tem de tão
importante?
Esta distinção entre as perguntas precisa ser clarificada, pois os modernos
postulam uma pergunta baseada no conhecimento, e a partir disto inicía-se um
processo de subjetivação do mundo, calcada no conceito de sujeito. Os antigos
perguntam sobre o que é a realidade, e não sobre o como ela chega até nós, que é
por se assim dizer a questão moderna. A filosofia antiga considera “o que é e se
mostra por si mesmo (GHIRALDELLI, 2003) e a moderna” o que é posto por outro
“(GHIRALDELLI, 2003). Os antigos querem desvendar a verdade, os modernos
procuram ter certeza da verdade, pois para os modernos, o que importa é este
sentimento subjetivo de certeza”.
A Antigüidade se diferencia da modernidade no momento em que o foco da
discussão muda do real, ou do mundo, para o como conhecemos este mundo. O que
os modernos colocam em pauta é que seja o mundo o que ele for, existe um sujeito
quem irá percebê-lo, assim não se pode simplesmente dizer o que é o real sem que
esta resposta passe por um sujeito antes, e se é assim, precisamos saber como este
conhecimento do real chega até este sujeito, ou seja, como poderemos conhecer o
real.
Os pensadores modernos irão compreender o existente como o que é
representado, posto por outro. Então se coloca entre o conhecimento e o real uma
nova entidade, o sujeito, ou mais precisamente, a subjetividade. A verdade, eterna
pergunta dos filósofos, será apresentada apenas pelo sentimento de evidência, a
certeza. Ao obtermos certeza, possuímos verdade, e a certeza por sua vez é um
sentimento subjetivo, logo o artista principal dos filósofos modernos passa a ser o
sujeito.
Torna-se então, o homem, o sujeito, o crivo da realidade, o juiz da verdade.
Inicía-se a metafísica da subjetividade, a verdade antes de acontecer deve passar
pelo sujeito, pois somente ele possui este sentimento de certeza. O mundo então
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acontece diante do sujeito, nele e para ele. Inicía-se então um esforço para criar um
modelo de sujeito o qual suportasse a compreensão da realidade, apreensão da
realidade e apresentação dela ao mundo, ou melhor, re-(a) presenta-la ao mundo.
A filosofia então se engaja neste processo de subjetivação do mundo, através
da criação de um sujeito racional qual possui uma concepção do mundo, ela
possibilita a este “ser”, apreender, como dito acima e re-(a) presentar o mundo
através do seu sentimento de certeza, compreendido então como o método único
pelo qual podemos conhecer o real.
Descartes (1596 – 1650) é quem dá por se assim dizer, inicio nesta jornada.
Ele começará sua busca através de sua desconfiança dos sentidos. O final do século
XVI e o inicio do século XVII marcam grandes transformações na antiga Europa
Medieval.
A Igreja perde sua exclusividade para os protestantes liderados principalmente
por Martinho Lutero (Alemanha), John Wycliff (Inglaterra) e Jan Huss (Boêmia) que
ousaram desafiar as práticas da Igreja. Os Estados Modernos começam a surgir
nesta mesma época e se fixarem enquanto Estados propriamente ditos.
A revolução comercial lança os horizontes dos europeus para outros lugares
do mundo, aquela economia uma vez fechada e de curto alcance, torna-se muito
mais dinâmica e com a necessidade de um alcance global. A descoberta das
Américas modificando o mapa mundi, as colônias, o protecionismo e o
intervencionismo estatal surgem como práticas comuns no comércio mostrando que a
moeda e os metais agora são importante fonte de renda.
Dentro deste cenário, Descartes propõe que possamos criar um modelo
totalmente racional, a partir do qual poderíamos conceber as bases sólidas do
conhecimento. Ele lança a hipótese do Gênio Maligno, entidade que existiria somente
para enganar o ser sobre todas as coisas.
Cabe lembrar que neste momento histórico acontece também o Renascimento,
movimento que empreendeu a retomada da cultura clássica e que se caracterizou
pela busca da adequação aos novos valores e costumes da burguesia emergente.
O filósofo então mostra que a única certeza que poderia existir então, seria a
do pensamento, pois se tal Gênio existisse e permanecesse enganando-o sobre
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todas as coisas, ele deveria estar pensando sobre estas coisas, logo a única certeza
possível seria o pensamento daí o cogito “penso logo existo”.Então, o ser seria esta
essência do cogito, que é sempre real (uma vez que o sujeito para os modernos
existe). Esta é a mensagem de Descartes, o cogito e a certeza que constituem um
sujeito epistemológico.
Depois de Descartes, entra em cena um outro filósofo que trará para a questão
do sujeito, a moralidade: Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778). Este autor em sua
exploração irá por um caminho diferente do de Descartes, ele irá propor um outro
entendimento para a busca da verdade.
Rousseau leva o entendimento do sujeito enquanto uma soma de questões
morais, a partir disto ele nos mostra sua concepção da busca do conhecimento. Ele
diz que se o sujeito é esta soma moral, então o entendimento da verdade passa pelo
coração, ou seja, pela subjetividade intima da pessoa.
O autor nos conduz então ao campo do mundo interior, da subjetividade. A
verdade então, como passa pelo sujeito (que é moral) e este se encontra na
intimidade de seu mundo interior, será apenas alcançada por aqueles que sejam bons
de coração. Questões então como bondade, pureza e infância (o homem nasce bom,
a sociedade o corrompe) entram em cena como o método para verdade, ou talvez até
a condição.
Após Rousseau, a filosofia da subjetividade encontra uma pedra no seu
caminho. Hume (1711 – 1776) vem para brecar o avanço das concepções de sujeito,
da metafísica e da própria subjetividade em si.
O trabalho deste filósofo embora simples, é de uma força imensa e possui
desdobramentos muito poderosos. Ele trabalha com a noção (criada por ele) de
analítico e sintético. Estas distinções se referem às expressões que são usadas para
criar conhecimento, a primeira, se refere a questões que traduzem idéias, a segunda
que se traduzem em fatos.
Este trabalho irá demonstrar então que todas as proposições que são
estabelecidas
ou
encontram-se
numa
categoria
ou
noutra.
Entretanto,
o
desdobramento disto é que para toda questão proposta existe uma análise do que foi
dito para compreender-se o seu valor enquanto conhecimento.
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Logo, uma questão analítica por excelência é aquela que é verdadeira a priori,
mas que seu conteúdo em si, nada acaba informando sobre o sujeito sendo assim
considerada uma tautologia, ou um non-sense. As outras questões por sua vez não
são necessariamente verdadeiras a priori, mas precisam antes de comprovação
empírica.
Isto para a metafísica é um ataque quase fulminante, pois o sonho metafísico
que é conceber um modelo totalmente racional para descrever o mundo cai por água
abaixo quando se entende que as proposições racionais (totalmente racionais) são
por si tautologias e nada dizem a respeito de nada e que as únicas questões que
podem ser elaboradas são sintéticas as quais precisam de comprovação empírica, no
entanto, isto fere a metafísica, pois está situado no plano do sensível, do físico e não
da meta-físico.
Ele irá ferir a própria noção de “eu”, para ele, “não há nenhuma idéia tal como
a de eu”. “O que existe para ele, são as coleções de percepções das mais diferentes
ordens, como frio e quente, dor e prazer, escuro e claro, amor e ódio etc. Essas
sensações, sentimentos e enfim, experiências ocorrem em um fluxo, não se
congelando em nenhum eu” (GHIRALDELLI, 2002). Com isto, Hume inaugura o
conceito de “eu empirista”.
Após este ataque maciço ao eu e a metafísica, surge no cenário da filosofia a
figura de Immanuel Kant (1724-1804). Este autor é um marco na filosofia e
desenvolveu o conceito de sujeito que mais perdurou em termos de tempo na
filosofia.
Os mundos de Kant, de Rousseau e Hume são relativamente próximos em
termos de datas. Os conflitos nesta época foram muitos e possivelmente
influenciaram as idéias destes autores. Nas Américas, o movimento separatista dos
EUA toma sua forma enquanto na Europa, a Revolução Francesa começa a
“decapitar” o absolutismo da França. A fisiocracia e o liberalismo econômico surgem
como principais doutrinas econômicas na Europa (e assim se alastraram pelo
mundo).
Na Inglaterra começa a Revolução Industrial que transformou o mundo tanto
no seu modo de pensar como no modo pelo qual negociamos ou tratamos o trabalho.
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As máquinas começam a assumir o lugar de humanos no trabalho pela primeira vez,
as cidades se inflam com pessoas e os campos se esvaziam. No Brasil muitas
revoluções também assumem espaço para a Independência, a Revolta dos Alfaiates,
a Inconfidência Mineira mexem com as bases do Brasil-colônia.
Com todas estas transformações ocorrendo no mundo, Kant aparece com uma
concepção qual é intrincada e complexa, pois atende a muitas demandas de uma só
vez. Ele é preocupado com a moral francesa descrita por Rousseau assim como ao
pensamento de Descartes e lê também, atentamente, as proposições de Hume. O
desejo de Kant é de unir todas as perspectivas, ou seja, atender a todas as suas
questões ao mesmo tempo. Para tanto ele cria uma concepção própria de sujeito.
Ele começa seu trabalho discordando da noção de Hume de que todas as
questões analíticas são verdadeiras a priori. Ele evoca a possibilidade de questões
sintéticas a priori. Com isto, Kant diz que existem verdades independentemente da
observação empírica. Kant irá criar para tanto uma maquinaria para explicar o sujeito
e seu funcionamento. Ele cria as faculdades de sensibilidade, entendimento e razão,
posteriormente, ele introduz as noções de número e fenômeno.
Cada uma destas faculdades funciona dentro de um esquema maior e todas
elas inter-relacionam-se. Elas estarão unidas pela essência do sujeito Kantiano que
ele dá o nome de “apercepção”, uma espécie de “eu penso contínuo”.
A sensibilidade, Kant irá esboçar a seguinte pergunta: como é possível a
percepção? Então irá mostrar que existem verdades anteriores à necessidade da
percepção ser comprovada pelo empírico. Esta verdade, por exemplo, é a noção de
que existem espaço e tempo. Estes dois elementos existem antes mesmo que nós
pensemos se o que estamos querendo perceber está ou não está lá. Kant assim
demonstra que existem frases sintéticas a priori e que estas são verdadeiras. E com
isto ele também mostra que não existe nada fora desta noção de espaço tempo. A
percepção é válida.
Outra faculdade é a do entendimento. Para ele, o conhecimento é gerado a
partir do momento em que os elementos da percepção produzem conceitos especiais,
as categorias a partir disto, estas categorias são submetidos à regras que existem a
priori e então gera-se o pensamento que baseia-se neste funcionamento.
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A última faculdade que ele atribui é a razão. Esta produz conceitos puros, sem
a necessidade do empírico. Mesmo que para Kant, o conhecimento só exista em
termos de verdade empírica, ele usa a razão para mostrar sua razão de ser dentro de
sua maquinaria. Para ele, a função da razão é a de estacar e direcionar o
funcionamento do entendimento.
São ilusões necessárias como Kant coloca. Estas idéias então auxiliam o
sujeito a poder “aplicar” o entendimento. Elas regulam a aplicação do entendimento
sobre as intuições, sobre o que é percebido. Ao final então, Kant propõe a noção de
fenômeno o qual é o que é possível de se conhecer; o que vai ser transformado em
conhecimento e será mostrado por uma subjetividade novamente ao mundo.
O número, outra noção que Kant inaugura é a coisa-em-si, algo que não
depende do sujeito, que não está a sua mercê. É o mundo como um elemento
(GHIRALDELLI, 2002). Para ele esta é a parta positiva do número. A negativa é a
parte da razão. Para Kant, a parte da razão significa que o entendimento virou-se
somente para a razão e tentará então criar conceito como Deus, Alma e Substância.
Quando o entendimento guia-se positivamente com o número ele volta-se para o real,
quando negativamente, volta-se para a criação de conceitos.
Entretanto, o trabalho de Kant não para na criação da maquinaria de
funcionamento do sujeito. Ele inda trabalha com a noção de moral, atendendo às
questões dos filósofos franceses. Em linhas breves, para Kant, a moral ocidental,
baseia-se na noção cristã de existir um certo, um errado e na questão do ser nascer
no errado e ter de trilhar um árduo caminho até o certo guiando-se pelas instituições
que representam o certo que se deve seguir.
O senso de intenção e dever são trabalhados por Kant, mostrando que para
nós ocidentais, a moral está fincada numa questão de obediência, ou como ele
coloca, moral da obediência.
Entretanto, a noção que Kant procura estabelecer é a noção de uma moral
universalizada. Para ele o que torna um ato moral ou não é a lógica que ele implica
para a humanidade como um todo. Kant propõe o que ele chama de “pura razão
prática”, para Kant a razão propicia princípios que fazem com que o dever e a
intenção sejam usados segundo uma outra metodologia que não a cristã. Em Kant,
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estes conceitos são usados com livre-arbítrio, sem liberdade não já ato moral em
Kant.
Então a questão da moral se finda com uma proposta de que os atos morais
sejam universalizados através de uma lógica, a qual propicia para a humanidade
como um todo um método para agir e sobreviver. Além disto, são princípios que não
geram autocontradição sendo assim verdades para a humanidade.
O trabalho de Kant propõe a lógica finita, humana, limitada pela razão de um
lado e pelo mundo em si de outro, esta lógica é desafiada por Hegel (1770-1831).
Este filósofo irá trabalhar com um conceito diferente do de Kant. O sujeito moral e
epistemológico de Kant não entra nas descrições de Hegel. Ele trabalha com a noção
de uma razão infinita, de racionalidade do universo.
Hegel comenta que as explicações que a filosofia metafísica se propõe a dar
devem ser entendidas sobre a ótica da racionalidade. E o que é isto? Para ele,
consiste em estar dando razões e não causas como geralmente a filosofia se
propunha. Para Hegel, ao nos perguntarmos sobre qual a causa do universo,
procuramos antes uma causa a partir da qual todos os efeitos surgem, ao invés de
uma razão pela qual os fenômenos acontecem. Então Hegel conceitua uma
racionalidade dialética e conceitua o universo como um Grande Pensamento.
Para ele então não existe fato que não possa ser conhecido, pois Hegel mostra
que como tudo é uma lógica, uma racionalidade, o Saber e o Pensamento não
diferem do Ser. Ele coloca que embora o objeto tenha que ser conhecido pelo ser, o
próprio objeto é o ser e isto é idêntico ao conhecer, pois ambos são aspectos da
mesma realidade.
Ele então irá estabelecer uma noção de dialética onde colocará três elementos,
a saber: Idéia, Espírito e Natureza. Estes três elementos irão relacionar-se
dialeticamente um na continuação do outro sendo que um é a essência do outro e
através desta lógica o universo se move para seguir em seu curso. A partir do
momento em que Hegel estabelece esta noção de semelhança entre os conceitos,
ele destrói com noção kantiana do incognoscível mostrando que tudo no universo
pode ser conhecido a partir de sua lógica de ser.
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Estes autores todos, Descartes, Rousseau, Hume, Kant e Hegel estabelecem
várias concepções de sujeito com o intuito de mostrar como o real é conhecido. Eles
estabelecem então, em resumo quatro sujeitos: o “eu” de Descartes que é a
identidade formada nas vivências psíquicas; a pessoa de Rousseau que é a
consciência moral; o cidadão kantiano que é a consciência política e o sujeito
epistemológico que é a consciência intelectual.
3. A crítica em relação ao sujeito
Após Hegel, as noções de sujeito irão sofrer um forte ataque por parte de
muitos pensadores. Estes irão questionar as concepções em das mais variadas
formas. Os primeiros a questionarem o sujeito foram Darwin, Marx e Freud. Estes
autores trabalharão com conceitos como a consciência, a procedência divina do
homem versus o evolucionismo e sobre o controle que o homem possui sobre si.
Darwin (1809 – 1882) através de seus estudos sobre a evolução das espécies,
começa a mostrar que o homem, ao contrário do que se pensava não é um ente à
parte dos outros animais “sem consciência” mas sim um elo numa longa cadeia
evolucionária. Depois dele, vem Marx (1818 – 1883) introduzindo o conceito de
ideologia mostrando que o tal sujeito autoconsciente e dominador, dentro de uma
cultura capitalista é na verdade o objeto da história, sendo o capital o seu sujeito.
Então surge Freud (1856 – 1939) mostrando que o homem não se guia livre com sua
consciência dominadora e onipotente, mas que ele possui mais dois “eus” dentro
dele, um infra eu e um super eu. O homem, entretanto, seria governado por este infra
eu o qual não estaria monitorado pela sua vontade.
O golpe final ao subjetivismo e, portanto as concepções do sujeito serão dadas
por um filósofo chamado Friedrich Nietzsche (1944 – 1990). Ele irá criticar o sujeito e
a metafísica e, junto com Wittgenstein, irão destruir com a filosofia moderna e dar os
arcabouços para a filosofia contemporânea.
É época da Segunda Guerra Mundial, O nazismo havia mostrado sua força ao
mundo, os EUA se ergueram fortemente com as conseqüências do pós-guerra. A
Europa começava sua reestruturação e nascia a guerra fria.
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A Ásia e a África já não mais eram colônias e começavam a traçar seus
caminhos independentes. A busca pelo espaço iniciava-se, o poder atômico assolava
o mundo numa corrida armamentista e na possibilidade de um fim-do-mundo
provocado pelo aperto de um botão. A música começava a criar novas tendências
como o rock and roll, o punk rock e outros como o heavy-metal. A arte pós-moderna
traçava linhas curvas para falar sobre a incerteza do mundo.
Posteriormente nasceria o computador, os sistemas digitais e a televisão que
encurtariam as distâncias entre os pontos mais afastados, a revolução sexual dos
hippies e a invenção da pílula mostrariam ao mundo que os controles antigos não
mais serviriam e a AIDS e outras pestes modernas alertaram-nos sobre os perigos a
enfrentar. A engenharia genética tomou forma e o homem começou a querer brincar
de Deus.
Com o mundo inundado de tantas inovações, o trabalho de Nietzsche começa
com uma simples pergunta: “por que sempre a verdade?” A qual iria derrubar um
edifício de quase 400 anos de idade construído sobre a noção de que o que importa à
Filosofia é a verdade. Esta pergunta, entretanto não deseja referir-se ao o que é
verdade, mas sim o porque da busca por ela. Isto é muito importante, pois a partir
disto Nietzsche inicia a sua desestruturação da metafísica e do sujeito modernos.
O autor irá questionar os desejos desta busca pela verdade. Mostrando que
através da verdade, o homem moderno vive vivendo da vida, ou seja, o filósofo iria
afastar o homem da vida preocupando-se somente com a verdade. A vida, segundo
Nietzsche não é somente o verdadeiro, mas também o falso. Também diz que não
somente o bem existe, mas o mal, assim como o certo e o errado existem ao mesmo
tempo. Entretanto, para o autor, a filosofia não aceita tal concepção e procura então
fugir da vida tal como ela é, algo menos controlável e previsível que eles pensam.
Logo, a filosofia preocupa-se com a verdade por ser esta a propiciadora de um
profundo conforto metafísico, espiritual, para o sujeito que segundo o Humanismo,
existe e é o único que pode realmente conhecer a verdade. A pergunta inicial de
Nietzsche então é uma crítica a busca da verdade, pois ela seria, somente busca de
conforto espiritual.
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A filosofia garante que a certeza é o aval da verdade, e que esta, é dada pelo
sujeito, pela subjetividade. A proposta de Friedrich Nietzsche é que desconfiemos da
subjetividade. Porque? Pois para o autor, o homem feliz vive a vida e ama vivê-la, ele
é capaz de transcender sua condição humana e não necessita desta busca
desenfreada pelo conforto espiritual.
Esta desconfiança da subjetividade inicia-se quando Nietzsche mostra o sujeito
como uma ficção. Uma ficção gramatical. Ela mostra que o homem na medida em
que começa a sair do seu papel guerreiro e caçador e começa a viver em paz, torna a
utilizar-se da linguagem. Na linguagem, existe a partícula do sujeito o qual existe para
desempenhar uma ação.
Para ele, este sujeito gramatical acaba por ganhar vida, uma ontologização do
sujeito gramatical. A idéia do niilismo, da fuga da vida entra em cena para explicar
esta passagem.
A idéia é que a ontologização do sujeito torna-se possível a partir do momento
em que se aceita um sujeito livre (conceito de liberdade), autônomo capaz de
escolher, optar pelo que deseja ser. Aqui se insere a questão da moral. Ora Nietzsche
propõe a moral dos fortes e dos fracos. Os primeiro seriam aqueles que vivem a vida
enquanto os segundos vivem por meio de ardis e engodos, negando a vida.
A partir disto, segundo Nietzsche, os fracos tomam o sujeito gramatical e
inserem-no no meio da vida, eles dão vida aquele sujeito. Esta vida é dada a partir do
momento no qual o fraco mostra sua moral, baseado no par bom - mau. Para eles, os
bons são aqueles que como os fracos, negam a vida e vivem a partir dos conceitos
do sujeito, da moralidade plebéia. Os Maus seriam aqueles que vivem a vida e são
cruéis, pois a vivem como ele realmente é, sem partir para a moralidade plebéia.
O forte é diferente ele baseia-se no par bom - ruim. Qual a diferença? O par
bom - ruim não julga moralmente os atos, ele julga o que acontece em termos de
funcional ou não funcional para o ser. Ou seja, algo ruim não é mau, é simplesmente
não funcional.
Nietzsche usa o exemplo dos lobos e das ovelhas para elucidar tal fato. O lobo
adora ovelhas, ele adora-as tanto que deseja comê-las. O cinismo nesta fala,
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entretanto, não existe, pois o lobo utiliza-se de gostar da única forma que ele pode de
sua forma existencial e natural.
As ovelhas, entretanto, dizem “não!” Você é um sujeito e poderia assim como
nós optar entre ser bom ou mau, pode se autodeterminar e ser bom e piedoso. O lobo
comenta que não compreende num primeiro momento o que as ovelhas querem dizer
com ser um sujeito, pois isto não existe para ele.
Entretanto, com o passar do tempo ele cai numa armadilha, pois a própria
linguagem que ele utiliza-se possui um sujeito o que começa a “pesar” para o lobo e
este passa a se sentir culpado. Culpado por não ter poupado as ovelhas e tê-las
comido, por não ser um sujeito “bom”.
Neste momento ele adquire a má consciência sente culpa e favorece o engodo
das ovelhas. Para Nietzsche, neste momento a vida perde e o niilismo avança, e o
sujeito fortalece-se.
A crítica de Friedrich Nietzsche então mostra através de uma crítica a pergunta
da filosofia sobre a verdade, é importante mostrar o que esta pergunta é importante,
pois é a partir dela que a noção de sujeito começa a nascer. Então uma vez que ele
mostra as noções morais e gramaticais que envolvem a questão da verdade, ele
engloba como se pode perceber a noção do sujeito.
O que Nietzsche desmonta não é somente a noção de sujeito, mas sim o
argumento do sujeito, a lógica desta entidade. Para ele não existe a necessidade de
existir uma entidade chamada “sujeito” para que o ser humano possa conhecer a
vida, e não somente a verdade como propõe a filosofia. Para ele a vida é mais
importante do que a verdade, pois ela engloba muito mais fatos do que a verdade.
4. A Filosofia na Psicologia
Como já dito anteriormente, durante todo o tempo em que Descartes, Hume,
Hegel, Kant e muitos outros autores trabalhavam o conceito de sujeito, a Psicologia
não era ainda, uma ciência em separado da Filosofia. Logo, esta assim chamada
filosofia da metafísica, influenciou profundamente o modo de pensar da psicologia.
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Assim sendo é importante mostrarmos o como estes 400 anos de construção
de uma noção de sujeito influenciaram uma ciência que acabava de nascer e
começava a engatinhar no cenário mundial em finais de 1800. Pensa-se então em
mostrar o como uma das principais Escolas do pensar psicológico foi influenciada
pela tradição do sujeito assim como outras foram influenciadas pelas críticas de
Nietzsche.
A Psicanálise de Freud, por exemplo. Esta Escola do Pensar Psicológico
possui influências destas noções. É uma escola que merece um entendimento
diferenciado pela concepção de sujeito que apresenta, mas ainda assim é um bom
exemplo das tradições do sujeito dentro do campo da Psicologia. O ponto
fundamental é o inconsciente, o que por definição ataca o sujeito moderno, mas ainda
assim não o nega em sua totalidade. Para Descartes, “penso logo existo” na
psicanálise, “penso onde não sou, portanto sou onde não me penso”.
Isto tudo inverte o foco do sujeito, numa concebido por ser um sujeito
consciente de si e potente frente às suas decisões, ou seja que possui controle pleno
de si. Noutra, este sujeito vai para o inconsciente, ou seja, ele é no que ele não
controla, no que ele não planeja, tal função é atribuída ao inconsciente. Neste ponto
ele distancia-se do sujeito criado pela filosofia moderna, entretanto, o principal da
filosofia ainda reside na concepção psicanalítica que é a questão da subjetividade. Se
voltarmos na questão dos modernos, a principal é a subjetividade. E veja que ainda o
sujeito em Freud não deixa de existir, o que ocorre é apenas uma mudança de foco
do consciente para o inconsciente, mas o sujeito ainda existe, a subjetividade ainda
existe.
Assim, podemos perceber mesmo na psicanálise que é um ataque e uma
ferida profunda no pensar ocidental, nas palavras de GARCIA-ROZA “o próprio Freud
apontou a psicanálise como a terceira grande ferida narcísica sofrida pelo saber
ocidental ao produzir um descentramento da razão e da consciência”, mas ainda
assim, considerando um sujeito enquanto uma instância que existe, assim como o
inconsciente, uma instância como é colocado nesta ciência. O fato de que o sujeito
não existe na consciência, mas sim no inconsciente, mostra que a psicanálise
freudiana, na verdade, aprofunda a metafísica do sujeito e o leva à um outro lugar
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que não a racionalidade consciente proposta por Descartes e os outros modernos,
mas sim, para a racionalidade e a lógica do inconsciente. Por este fato é importante
mostrarmos novamente que a psicanálise não é uma escola que adota diretamente
os conceitos da filosofia moderna, mas acredita nos mesmos de uma forma diferente.
Assim como a psicanálise, muitas outras escolas (muitas delas derivantes dos
conceitos psicanalíticos) utilizam-se das idéias dos pensadores modernos à respeito
do sujeito.
Em oposição a esta Escola de pensamento, surge no campo da Psicologia a
figura de John Watson (1878 – 1958). Ele irá lançar a proposta Behaviorista para a
Psicologia em 1912. Para ele, “a única contribuição da psicologia introspectiva foi à
afirmação de que os estados mentais são constituídos de vários milhares de unidades
irredutíveis, como o vermelho, o verde, a frescura, o calor e semelhantes (...) Haja
dez ou cem mil sensações irredutíveis (mesmo admitindo a sua existência) (...) pouco
importa para esse corpo organizado de dados de alcance mundial a que chamamos
de ciência” (DAVIDOFF, 1983).
O mundo deste pensador é um mundo envolto por grandes guerras mundiais,
profundas reflexões a respeito da natureza do homem (e se esta realmente existe) e
de discussões políticas “bem temperadas”. Segue-se o relato da Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) ocorrida na Europa e que devastou sua estrutura. Revoluções
na Rússia fazendo ruir o Edifício do Czarismo, o mundo observa a ascensão dos
EUA, a Rússia assumir os ideais socialistas e na figura de Stalin assumir um governo
diferente. A Crise de 29 acaba com a economia americana e quase leva o país à
falência.Os regimes totalitários na Itália com a forte figura de Benito Mussolini e na
Alemanha com a liderança de Adolph Hitler mostram ao mundo o prenúncio da
Segunda Guerra Mundial.
Este discurso Behaviorista irá contra todo o discurso das outras linhas de
psicologia. Seguindo as revoluções que ocorriam no mundo, ele tentará trazer a
psicologia para fora da subjetividade (causando uma grande revolução nesta ciência).
Para ele não se podiam realizar testes tendo como base seres humanos com a
metodologia da introspecção, pois os resultados dependeriam das idiossincrasias de
cada um, o que não conferiria à Psicologia um status de ciência.
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As idéias de Watson foram as bases do Behaviorismo que teve na figura de
Skinner, o seu radicalismo. Este autor vai lançar o movimento do Behaviorismo
Radical que será abordado neste artigo para mostrar as influências da filosofia crítica
de Nietzsche à Psicologia.
Nesta visão, “o homem não é visto como agente, como ser ativo, capaz de
imprimir direção à suas ações, a sua vida. Isto é, que o homem não é visto como
sujeito. Ao contrário, seria ele objeto do controle do ambiente, receptáculo de
influências, passivo, mero reflexo de determinações externas e alheias a ele”
(MICHELETTO, 19XX). Estas idéias colocadas assim de forma simples e direta
mostram já no seu enunciado o grande distanciamento entre as idéias skinnerianas e
as freudianas, por exemplo. O trabalho aqui é focado na crítica que Nietzsche traz
quando ele afirma que o sujeito é somente uma ficção.
Skinner então toma isto como se o tal sujeito não existisse. Assim, como
coloca Baum (19XX), “os behavioristas agridem ao deixar de fora outra força oculta: o
poder das pessoas governarem seu próprio comportamento”. Note que a diferença
entre a psicanálise e o behaviorismo é que a primeira ainda crê num sujeito que
controla a vida, mesmo sendo este inconsciente; a segunda não crê em tal sujeito. É
a filosofia de Nietzsche levada para a psicologia. O ponto fundamental para
compreendermos o que torna o behaviorismo tão mais revolucionário é a sua relação
com a subjetividade. Já Watson coloca num de seus livros o problema com a
introspecção e com a então subjetividade. Assim, ele coloca o behaviorismo nascente
num outro patamar que a psicologia como um todo não compreendia, como coloca
Baum (19XX) “a idéia do behaviorismo é simples de ser formulada: é possível uma
ciência do comportamento”.Coloca em outro momento também: “guiado pela
psicologia objetiva, Watson articulou a crescente insatisfação dos psicólogos com a
introspecção e a analogia como métodos”.
Estas críticas apontam a característica dos behavioristas, a não aceitação dos
conceitos subjetivos, assim um behaviorista não compreende mente, self, eu, como
compreendem as outras linhas de pensamento guiadas pela filosofia moderna por
mais próximas ou distantes que possam estar. “O behaviorista radical nega a
existência da mente, mas aceita estudar eventos internos”. Esta é a forma que o
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behaviorismo dá para estudar fenômenos conhecidos como amor, paixão, raiva,
medo, percepção dentro outros, com o prisma de que são comportamentos e não
forças internas ou instâncias subjetivas.
Assim pode-se compreender que o behaviorismo compreende o homem como
animal e não como sujeito. Esta proposta mostra como está, esta ciência, próxima da
filosofia crítica de Nietzsche. E esta filosofia mostra suas marcas no discurso
behaviorista nos momentos em que eles negam o subjetivo, não recaindo para um
objetivismo, mas sim para uma fenomenologia, uma descrição de fatos em contra
partida de uma explicação do ser humano por abstrações metafísicas.’’ O importante
de compreender, o objetivo deste artigo é mostrar assim, o como as diferenças de
concepções filosóficas que cercam os autores de psicologia abrem caminhos tão
diferentes para as abordagens de ser humano que eles constituem. Trilhar o caminho
da filosofia moderna apenas foi uma decisão pela importância enorme que este
conceito possui dentro da psicologia e com ele a subjetividade, poderíamos adentrar
dentro da filosofia antiga e tirar muitas outras influências, “a psicanálise não é
cartesiana (...) isso não significa afirmar que ela não é platônica” (GARCIA-ROZA,
2001).
5. Conclusão
A Psicologia possui uma longa história até o momento em que se torna uma
ciência plena. Este percurso possui várias influências que colaboraram para que este
ciência fosse o que é hoje. Tomando este ponto de vista não se pode permitir que
uma influência tão forte quanto à da Filosofia seja ignorada ou mascarada. Assim
sendo é importante pontuar que o subjetivismo e o materialismo são correntes de
pensamento que não nasceram da psicologia, mas que foram tomadas por ela para
tentar de uma forma ou de outra, compreender os processos humanos (sejam eles
mentais ou comportamentais).
Todas as ciências possuem em sua construção uma visão de homem, ou do
problema que desejam investigar com a Psicologia não é diferente e, embora
tenhamos divergências (internas e externas) com relação a este problema, cabe ao
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profissional de Psicologia compreender as raízes de seu pensamento para que possa
questionar-se sobre o trabalho que está desenvolvendo.
Em outras palavras, saber das influências que o nosso “pensar psicológico”
sofre é saber o porque pensamos da maneira que pensamos, assim sendo podemos
ter uma visão mais clara e objetiva do porque tratamos um cliente de uma forma ou
de outra, sempre lembrando que não importa a Linha ou Escola Psicológica que
sigamos, ainda assim, tratamos de seres humanos. Este artigo teve a intenção então
de expor da maneira mais clara possível o como as concepções de sujeito se
formaram e qual a crítica a elas, no que consiste a idéia do sujeito e no que consiste
a crítica formalizada a ela; acreditando que isto propicia ao psicólogo uma visão sobre
o que ele protege enquanto sua própria perspectiva de ser humano.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUM, W.M. Compreender o behaviorismo.
CHUNG, C.T. Zen em quadrinhos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.
DAVIDOFF, L.L. Introdução à psicologia. São Paulo: Makron.1983.
GARCIA-ROSA, L. A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
GHIRALDELLI, P.JR. Introdução à filosofia. São Paulo: Manole, 2003.
MICHELETTO, N.; SERIO, T.M de A.P. Homem: objeto ou sujeito para Skinner.
1993
ROBERTS, J.M. O livro de ouro da história do mundo. Rio de Janeiro: Ediouro,
2001.
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A FILOSOFIA NA PSICOLOGIA Por Akim Rohula Neto