Universidade Camilo Castelo Branco
Pós-Graduação em Produção Animal
HÉLIO MARTINS SERRA
DESEMPENHO REPRODUTIVO E PERFIL METABÓLICO DE
FÊMEAS BOVINAS DA RAÇA NELORE E ½ CANCHIM X ½ NELORE
SUPLEMENTADAS COM FÓSFORO ORGÂNICO
Descalvado, SP
2010
ii
Hélio Martins Serra
DESEMPENHO REPRODUTIVO E PERFIL METABÓLICO DE
FÊMEAS BOVINAS DA RAÇA NELORE E ½ CANCHIM X ½ NELORE
SUPLEMENTADAS COM FÓSFORO ORGÂNICO
Orientador: Dr. Gabriel Maurício Peruca de Melo
Dissertação apresentada ao Programa
de
Mestrado
Profissionalizante
em
Produção Animal, Unicastelo, Campus
de Descalvado, como complementação
de créditos para obtenção do título de
Mestre em Produção Animal.
Descalvado, São Paulo
2010
iii
F442b
Serra, Hélio Martins
Desempenho reprodutivo e perfil metabólico de fêmeas bovinas
da raça Nelore e ½ Canchim x ½ Nelore suplementadas com fósforo
orgânico. Hélio Martins Serra
Descalvado – SP : [sn.], 2010.
68 p.; 21cm
Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Camilo Castelo
Branco. Curso de Mestrado Profissionalizante em Produção Animal.
Orientador: Dr. Gabriel Maurício Peruca de Melo.
1. Reprodução. 2. Perfil metabólico. 3. Suplementação mineral. I. Gabriel
Maurício Peruca de Melo. II. Dra. Liandra Maria Abaker Bertipaglia
Universidade
Camilo
Castelo
Branco.
Curso
de
Mestrado
Profissionalizante em Produção Animal.
CDD 636.23
Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta dissertação, por processos xerográficos ou eletrônicos.
Descalvado, 05 de junho de 2010.
iv
v
Dedicatória
Dedico o presente trabalho áqueles que buscam
incessantemente conhecimento por novas
tecnologias
vi
Agradecimentos
Agradeço ao Criador do Universo que permite as minúsculas
criaturas humanas atuarem nas leis da criação, criando novas
tecnologias para o bem da Humanidade.
Aos meus professores do Mestrado,
Mestrado áqueles colaboradores de campo
que proporcionaram este trabalho principalmente a Dra. Elaine
Cristina Abaker Bertipaglia e ao Engenheiro Agrônomo Dr. Nelson
João Bertipaglia Junior.
Junior.
vii
É muito melhor arriscar coisas grandiosas,
alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se
a derrota, do que formar fila com os pobres de
espírito que nem gozam muito nem sofrem
muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta
que não conhece vitória nem derrota.
Theodore Roosevelt
viii
RESUMO
O objetivo deste experimento foi determinar o efeito da suplementação com P
orgânico sobre a ciclicidade e a taxa de prenhez de fêmeas bovinas expostas à
inseminação artificial em tempo fixo e determinar as possíveis alterações no perfil
metabólico. O experimento foi realizado em propriedade rural, localizada no
município de Brasilândia, situada na mesorregião leste do Mato Grosso do Sul. O
presente trabalho foi constituído por dois experimentos. Foram utilizadas 80 novilhas
primíparas, divididas em dois tratamentos (sem P orgânico e suplementação com P
orgânico). Após 60 e 120 dias do início da suplementação, foi realizada amostragem
de sangue com o intuito de determinar o perfil metabólico dos animais. No segundo
experimento, foram utilizadas 800 fêmeas, entre estas, novilhas, vacas primíparas e
multíparas. Os animais foram mantidos exclusivamente a pasto e receberam a
suplementação, de acordo com os grupos experimentais. Os tratamentos
compreenderam a administração de dois tipos de suplementação mineral,
suplemento mineral com fonte de P inorgânico (fosfato bicálcico, SMPI) e o mesmo
suplemento mineral adicionado de fonte de P orgânico (SMPO). A inclusão de Porgânico na dieta de vacas de corte promoveu alterações significativas em
metabólicos relacionados ao metabolismo energético e protéico indicando que o
produto melhora a eficiência energética do animal, sendo as respostas dependentes
da oferta e da qualidade da forragem. Os minerais Ca, Mg, S e Zn sofreram
alterações significativas em função da utilização do P orgânico, sendo que os níveis
de P circulantes não foram alterados, devido provavelmente ao eficiente controle
homeostático.
Palavras-chave: IATF, pastagem, perfil metabólico, reprodução, suplementação
mineral
ix
ABSTRACT
The specific goal of this experiment was to determine the effect of
supplementation with organic P on cyclicity and pregnancy rate of cows exposed to
artificial insemination in fixed time and determine the possible alterations in metabolic
profile. The experiment was conducted in rural property, located in Brasilândia,
located in the eastern region of Mato Grosso do Sul The present study consisted of
two experiments. The first study used 80 primiparous heifers were divided into two
treatments (no organic P and organic P supplementation). After 60 and 120 days
after supplementation, blood sampling was performed in order to determine the
metabolic profile of the animals. In the second experiment, 800 females were used,
among these, heifers, primiparous and multiparous cows. The animals were raised
on pasture and were supplemented according to the experimental groups. The
treatments consisted of administration of two types of mineral supplement mineral
supplement with inorganic P source (dicalcium phosphate, SMPI) and the same
mineral supplement added source of organic P (SMPO). The inclusion of organic-P in
the diet of beef cows caused significant changes in metabolism related to energy
metabolism and protein indicating that the product improves the efficiency of the
animal, with responses dependent on the supply and quality of forage. The minerals
Ca, Mg, and Zn changed significantly depending on the use of organic P, and the
circulating levels of P were not changed, probably due to efficient homeostatic control
Keywords: metabolic profile, mineral supplementation, pasture, reproduction, TAI
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Glicose plasmática, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem........ 41
Tabela 2. Uréia sérica, expressa em mg/dL, em função da suplementação de
fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem. .................................... 41
Tabela 3. Albumina sérica, expressa em mg/dL, em função da suplementação
de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem. ................................ 43
Tabela 4. Lipídeos sérico totais, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem........ 44
Tabela 5. Dados de fosfato inorgânico sérico, expressos em mg/dL, em função
da suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de
amostragem. ............................................................................................................... 44
Tabela 6. Dados de cálcio sérico, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem........ 45
Tabela 7. Magnésio sérico, expressos em mg/dL, em função da suplementação
de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.. ............................... 46
Tabela 8. Dados de enxofre sérico, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem........ 47
Tabela 9. Zinco sérico, expresso em ug/dL, em função da suplementação de
fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem. ..................................... 47
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Tri-fosfato de Adenosina (ATP). .................................................................. 21
Figura 2. Área experimental com os piquetes (numerados de 1 a 41), utilizados
no experimento............................................................................................................ 23
Figura 3. (A) Cocho móvel de propietileno, onde os animais receberam o
suplemento mineral no pasto; (B) Barrilhete de propietileno, onde era
armazenado o suplemento mineral no pasto; (C) Bebedouro tipo australiano,
usado como fonte de água para os animais. ............................................................... 25
Figura 4. Amostragem de sangue através da punção da jugular. .............................. 26
Figura 5. Amostras de sangue colhidas em tubos, contendo anticoagulante
fluoreto de potássio (tubos menores à frente), e tubos sem anticoagulantes
(tubos maiores). .......................................................................................................... 27
Figura 6. Amostragem da forrageira pelo método da moldura (A) e
armazenamento da amostra (B) .................................................................................. 33
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
ADP ....................... Difosfato de adenosina
AGL ...................... Ácido graxo livre
AMP ...................... Monofosfato de adenosina
ATP ...................... Adenosina Trifosfato
BaCl2 ..................... Cloreto de Bário
BaSO4 ................... Sulfato de Bário
CL .......................... Corpo lúteo
FDA ....................... Fibra em detergente ácido
FDN ....................... Fibra em detergente neutro
FIV ......................... Fecundação in vitro
FMS ....................... Fenazina metasulfato
FSH ....................... Hormônio estimulante folicular
GnRH .................... Hormônio liberador de gonadotrofina
HDL ....................... Lipoproteínas de alta densidade
IATF ...................... Inseminação artificial em tempo fixo
IGF-1 ..................... Proteína de fator de crescimento
LDL ........................ Lipoproteína de baixa densidade
LH.......................... Hormônio luteinizante
MN ......................... Monta natural
NAD ....................... Dinucleótido de nicotinamida e adenina oxidado
NADH .................... Dinucleótido de nicotinamida e adenina
N-FDA ................... Nitrogênio associado a fibra em detergente ácido
N-FDN ................... Nitrogênio associado a fibra em detergente neutro
P ............................ Fosfato
PGF 2α .................. Prostaglandina F2 alfa
PIV ........................ Produção in vitro de embriões
SMPI ..................... Tratamento sal mineral com fósforo inorgânico
SMPO .................... Tratamento sal mineral com fósforo orgânico
TCA ....................... Ácido tricloacético
TE.......................... Transferência de embrião
VLDL
Lipoproteinas de muito baixa densidade
xiii
Sumário
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1. Objetivos gerais ............................................................................................. 2
1.2. Objetivos específicos ..................................................................................... 2
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 3
2.1. Reprodução Bovina ........................................................................................ 3
2.2. Reprodução e nutrição bovina ..................................................................... 10
2.3. O Fósforo na Reprodução ............................................................................ 13
2.4. Eficiência reprodutiva ................................................................................... 16
2.5. Fósforo orgânico na reprodução animal ....................................................... 17
2.6. Quelato de fósforo ........................................................................................ 19
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 23
3.1. Local dos experimentos ............................................................................... 23
3.2. Caracterização da área experimental........................................................... 23
3.3. Caracterização do experimento ................................................................... 24
3.3.1. Animais experimentais .............................................................................. 24
3.3.2. Duração do experimento ........................................................................... 24
3.3.3. Tratamentos e delineamento experimental ............................................... 24
3.3.4. Manejo experimental dos animais............................................................. 24
3.3.5. Amostragem de sangue ............................................................................ 25
3.3.6. Processamento das amostras de sangue ................................................. 26
3.3.7. Determinações nas amostras de plasma e soro ....................................... 28
Teores de sódio e potássio nas amostras de soro .............................................. 28
Teores de cálcio e fósforo no soro ...................................................................... 28
Teores de cobre, magnésio e cloreto no soro ..................................................... 28
Teores de enxofre no soro .................................................................................. 29
Teores de zinco no soro ...................................................................................... 29
Teor de glicose no plasma .................................................................................. 29
Teores de colesterol total e colesterol HDL nas amostras de soro ..................... 30
Teores de triglicerídios nas amostras de soro ..................................................... 30
Teores de lipídios totais nas amostras de soro ................................................... 30
Teores de fosfolipídios nas amostras de soro ..................................................... 31
Determinação da proteína total e da uréia nas amostras de soro ....................... 31
Determinação de creatinina em amostras de soro .............................................. 31
Determinação da atividade de fosfatases nas amostras de soro ........................ 32
Determinação da atividade de creatina quinase nas amostras de soro .............. 32
Determinação da atividade da deidrogenase lática ............................................. 32
3.3.8. Manejo sanitário........................................................................................ 32
3.3.9. Amostragem de alimentos ........................................................................ 32
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 34
4.1. Resultados do experimento 1....................................................................... 34
4.1.1. Glicose plasmática................................................................................. 34
4.1.2. Uréia sérica ........................................................................................... 35
xiv
4.1.3. Albumina sérica ..................................................................................... 36
4.1.4. Lipídeos totais sérico ............................................................................. 37
4.1.5. Fosfato sérico ........................................................................................ 38
4.1.6. Cálcio sérico .......................................................................................... 39
4.1.7. Magnésio sérico..................................................................................... 39
4.1.8. Enxofre sérico ........................................................................................ 40
4.1.9. Zinco sérico ........................................................................................... 41
5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 42
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 43
1
1. INTRODUÇÃO
Com o vertiginoso crescimento da população mundial e consequentemente a
exigência de elevada demanda de proteína de origem animal, o complexo brasileiro
de carne tem investido em melhoramento genético e pesquisa, bem como no
desenvolvimento de biotecnologias que visam á maximização da eficiência produtiva
e reprodutiva em bovinos.
Neste contexto, a reprodução de bovinos tem como finalidade a produção de
bezerros e bezerras, utilizando matrizes, a partir da maturidade sexual até o
momento de descarte e consequente substituição por novilhas (reposição), sendo
que o ciclo se repete de geração em geração.
A deficiência de fósforo (P) é uma condição frequente em bovinos sob dieta
exclusiva de pasto, uma vez que as forrageiras, sobretudo as de climas tropicais,
são notoriamente deficientes no elemento. No Brasil, a produção de gado de corte é
feita predominantemente em pastagens de baixo valor nutritivo, onde a deficiência
de P se destaca dentre as demais, causando prejuízos avultados sobre a produção
e reprodução dos rebanhos. A deficiência deste macroelemento é ainda reconhecida
como a mais abrangente e a mais importante dentre todas as que podem estar
sujeitos os bovinos sob pastejo.
Estudos relacionados com a suplementação da dieta de animais em
reprodução, principalmente com o P na forma orgânica, se fazem pertinentes e
necessários, de modo a fornecer subsídios para a utilização desta tecnologia. Dados
sobre a suplementação de minerais na forma orgânica, principalmente para o
elemento em estudo, são inexistentes na literatura.
Os fosfatos de cálcio em produtos como rações chegam a compor 5% dos
custos, no entanto, este insumo compõe 60% do custo total de uma formulação de
sal mineral. Vários estudos com fontes não convencionais de fósforo têm sido
conduzidos com o intuito de avaliar as possibilidades de uso de fontes alternativas e
seus níveis de inclusão, de forma a minimizar estes custos na suplementação e
aumentar a competitividade da pecuária bovina brasileira. No entanto, fontes
alternativas de menor custo apresentam menor biodisponibilidade e encerram na
sua composição flúor e/ou metais pesados.
2
Neste contexto, o presente trabalho visa fornecer informações sobre os
efeitos da suplementação de uma fonte de fósforo orgânico em fêmeas bovinas de
corte sobre o desempenho reprodutivo e o perfil metabólico.
1.1.
Objetivos gerais
Objetivou-se determinar o efeito da suplementação com fósforo orgânico
sobre a reprodução de fêmeas bovinas submetidas à inseminação artificial em
tempo fixo, bem como as possíveis alterações no perfil metabólico.
1.2.
Objetivos específicos
Determinar os efeitos da suplementação com fósforo orgânico sobre a
ciclicidade e a taxa de prenhez de fêmeas bovinas de corte expostas à inseminação
artificial em tempo fixo.
Determinar alterações no perfil metabólico decorrentes da suplementação
com fósforo na forma orgânica, utilizando os dados obtidos para justificar as
alterações no desempenho reprodutivo
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1.
Reprodução Bovina
O processo de reprodução é um processo básico e essencial para o
nascimento de novos animais, os quais serão utilizados como reprodutores ou para
engorda.
Neste sentido, parece notório que a reprodução das matrizes deve merecer a
máxima atenção pelo criador, uma vez que a origem saudável desta propiciará uma
matriz capaz de produzir leite de boa qualidade e, ao mesmo tempo, gerar bezerros
altamente saudáveis.
Segundo SILVA, (2003), o conhecimento da anatomia e fisiologia do trato
reprodutivo da vaca é de fundamental importância para melhor compreensão de
semiologia, patologia e realização de biotécnicas da reprodução, assim como
também permite melhor controle de doenças reprodutivas e de problemas perinatais.
O ciclo reprodutivo está relacionado com vários fenômenos, como: puberdade e
maturidade sexual, estação de monta, ciclo estral, atividade sexual pós-parto e
envelhecimento. Para o autor, esses fenômenos são componentes regulados por
fatores
ambientais,
genéticos,
fisiológicos,
hormonais,
comportamentais
e
psicossociais.
Faz-se necessário ressaltar, neste contexto, que o sistema genital da fêmea
consta de várias partes localizadas na cavidade pélvica, cada uma com sua função
formando um conjunto harmônico que possibilita o desenvolvimento de um novo ser
após a fecundação. O mau ou o não funcionamento de qualquer uma das partes
pode resultar em infertilidade ou esterilidade do animal, conseqüentemente
prejudicando e reduzindo a sua função econômica no rebanho.
Contudo, conforme ressalta SILVA (2003), as mudanças morfológicas,
endócrinas e secretórias ocorrem nos ovários e no restante da genitália tubular da
vaca durante o ciclo estral. O entendimento dessas mudanças é útil no
conhecimento da detecção do cio e na sincronização, superovulação e inseminação
artificial. A fêmea bovina após o nascimento possui aproximadamente 150.000
4
folículos primordiais, quantidade essa que diminui gradativamente ao longo da vida,
podendo chegar a 3.000 entre os 15 e 20 anos de idade.
O desenvolvimento folicular é a sequência de eventos organizados, que são
descritos como ondas. Não é claro se existe uma especificidade para idade e raça
quanto ao predomínio de um padrão de ondas foliculares sobre outro, nem que
exista alguma diferença aparente na fertilidade. Um melhor entendimento na
dinâmica folicular bovina é de fundamental importância para a resolução de
problemas como a variabilidade que ocorre tanto nas respostas a superovulação
quanto à sincronização do ciclo estral.
A secreção de gonadotrofinas hipofisárias (LH / FSH) é o principal fator que
regula a função ovariana. O controle do ciclo estral é mantido pela íntima regulação
dos hormônios hipotalâmicos, hipofisários e ovarianos.
Diante desta exposição, SILVA (2003) destaca que o Hormônio Liberador de
Gonadotrofinas (GnRH) regula a síntese de gonadotrofinas e a liberação de
Hormônio Luteinizante (LH). Os esteróides ovarianos regulam a liberação de GnRH
e conseqüentemente a de LH. No entanto, a regulação de Hormônio Folículo
Estimulante (FSH) é realizada pelo estradiol e pela inibina, sendo que o GnRH
parece não ter influencia na liberação de FSH pela hipófise, mas somente por sua
síntese.
De acordo com SILVA (2003), os hormônios esteróides são secretados pelos
ovários, testículos, placenta e córtex adrenal. Os esteróides que são diretamente
ligados ao controle da reprodução são os estrógenos, progesterona e testosterona.
Sua atividade secretora pelas gônadas está sob controle da hipófise anterior.
Assim, a progesterona é produzida pelo Corpo Lúteo (CL), pela placenta e
pela adrenal. A secreção de progesterona é principalmente estimulada pelo LH. A
progesterona também atua na pré-sensibilização dos centros hipotalâmicos em
relação à ação do estradiol no desencadeamento dos sinais de cio. Altos níveis de
progesterona inibem o cio e a onda pré-ovulatória de LH.
No bovino, a emergência de uma onda folicular é caracterizada por um
repentino crescimento (dentro de 1 ou 2 dias) de mais de 20 pequenos folículos que
só poderão ser detectados por ultra-sonografia com um diâmetro de 3 a 4 mm. Com
relação à diferenciação e vantagens do tamanho, a diferenciação é caracterizada
pelo crescimento contínuo do folículo maior que se torna o único folículo com
5
capacidade de ovular e de suprimir os folículos subordinados, esse folículo é
chamado de folículo dominante. Durante esse período, os dois maiores folículos
crescem em velocidade semelhante por alguns dias, até que o folículo maior atinja
um diâmetro próximo de 8,5 mm.
A seleção do folículo dominante é um processo no qual o primeiro folículo a
adquirir receptores para LH nas células da granulosa é selecionado como
dominante, ou seja, o folículo dominante responde tanto ao FSH como ao LH para
crescer. O folículo, uma vez selecionado para tornar-se dominante, adquire
competência para continuar seu crescimento sob uma influencia hormonal que é
supressiva aos folículos menos desenvolvidos. Acredita-se que o folículo dominante
suprima os folículos subordinados dos dois ovários diretamente pela secreção de
fatores não hormonais que inibem o crescimento de outros folículos ou indiretamente
pela secreção de hormônios que exercem uma retroalimentação negativa na
secreção de gonadotrofina.
Para SILVA (2003), em ciclos estrais de 2 ou 3 ondas, a emergência da
primeira onda folicular ocorre no dia da ovulação (dia 0). A emergência da segunda
ocorre no dia 9 ou 10 para ciclos de 2 ondas, e no dia 8 ou 9 para os de 3 ondas (ou
seja, 1 ou 2 dias mais cedo). Em ciclos de 3 ondas, uma terceira onda emerge no
dia 15 ou 16. Sucessivas ondas foliculares permanecerão anovulatórias até que a
luteólise ocorra.
Fatores intrafoliculares, como inibina, ativina e fator de crescimento
semelhante à insulina (IGF-1) têm sido indicados como responsáveis no
estabelecimento da dominância folicular e na atresia dos folículos subordinados. O
aumento das concentrações de inibina deve estar ligado à produção de estrógenos
pelo folículo.
A atresia do folículo dominante está relacionada com uma freqüência lenta
dos pulsos de LH (em decorrência da presença de um corpo lúteo (CL) secretor de
progesterona). A maturação final e ovulação estão associadas com uma rápida
freqüência dos pulsos de LH que só ocorrem se as concentrações de progesterona
decrescem. O folículo dominante desta onda produz estradiol suficiente para
desencadear o comportamento do cio, estimular a liberação de GnRH induzindo
pulsos de LH e o subseqüente pico final de LH que é o responsável pela ovulação.
6
SILVA (2003) aponta ainda que, normalmente, um único folículo ovula no ciclo
estral de bovinos. Em 10% dos casos ocorre dupla ovulação e, mais raramente,
verifica-se a ovulação de três folículos. As ovulações ocorrem em 60% dos casos no
ovário direito e o restante no esquerdo. A primeira ovulação pós-parto ocorre com
maior freqüência no ovário contralateral ao corno uterino que mantinha o feto.
As fêmeas ruminantes domésticas são poliéstricas, ou seja, quando não estão
prenhes e a condição ambiental é favorável, apresentam cio em intervalos regulares.
Geralmente esse intervalo é de 21 dias para vaca. Durante o ciclo estral
ocorre uma cadeia de eventos, observados, que se repetem até que esta cadeia se
rompa com o impedimento da luteólise por conta de uma prenhez.
O ciclo estral, segundo SILVA (2003), é o intervalo entre dois estros,
considerando-se fisiológico variações entre 18 e 24 dias, podendo ser dividido em 4
fases:
Proestro; fase na qual há crescimento e maturação dos folículos e os
hormônios por eles produzidos induzem modificações fisiológicas no restante do
sistema genital, entre elas: edema e hiperemia de vulva, secreção de muco e
aumento da tonicidade do útero. Ocorre entre o 17° e 20° dia. Tem inicio a partir da
luteólise, induzida pela Prostaglandina 2α (PGF 2α) liberada pelo útero, permitindo o
desenvolvimento do folículo dominante, inibindo crescimento dos subordinados e
produzindo estrógenos.
Estro; também conhecido como cio, ocorre logo após o proestro. Essa fase é
de duração variável, entre 12 a 18 horas e se caracteriza por mudanças visíveis no
comportamento do animal, entre outras: inquietação, mugidos constantes, micção
freqüente, diminuição do apetite, aceitação de monta (pelo touro ou outra vaca). No
inicio desta fase ocorre o pico de LH, responsável pela maturação final do ovócito e
pela ocorrência da ovulação (no final da fase).
Metaestro; segue-se ao estro e dura entre 6 e 8 dias. Quando não ocorre
fecundação e gestação o sistema genital retorna gradativamente à sua fase de
repouso.
Diestro; é a fase de repouso do sistema genital, dura entre 10 e 12 dias.
Quando não há fecundação, por volta do 16° dia o ciclo estral, ocorre liberação de
PGF 2α pelo endométrio que chegando ao ovário através da anastomose da veia
uterina com a artéria ovárica, promove a luteólise, caracterizando o final do diestro
7
que de maneira contínua inicia-se o proestro e novamente todas as fases do ciclo
estral se repetem. Essa fase é caracterizada pela presença de CL e relaxamento de
útero.
De acordo com HAFEZ (1995), para que os resultados da inovulação e de
prenhez sejam elevados, é necessário a sincronização entre o estágio de
desenvolvimento do embrião e o estágio do ciclo estral da receptora.
Devido a este fato, é realizada usualmente uma seleção de receptoras que
estiveram em cio ao mesmo tempo em que a doadora, seja naturalmente ou em
consequência de sincronização de cio. Há, no entanto, uma certa flexibilidade
utilizada sem comprometer significativamente as taxas de gestação das receptoras.
Segundo RUMPF et al. (2003), esta regra aplica-se tanto para embriões
frescos, quanto congelados. Por exemplo, embriões que forem coletados 7 dias
após o estro, ou indução da ovulação nas doadoras, podem ser transferidos em
receptoras que estejam entre os dias 6 e 8 do ciclo estral. Porém, para resultados
ótimos, a receptora deve estar em cio com um limite de 12 horas de assincronia em
relação à doadora.
Se existe uma grande disponibilidade de receptoras, pode-se selecionar as
que apresentam cio natural no mesmo dia das doadoras. Quando isso não ocorre,
deve-se recorrer aos métodos de sincronização com medicamentos. Os tratamentos
são realizados de forma a reduzir ou ampliar a fase lútea.
A produção e transferência dos embriões para as receptoras é um trabalho
básico num programa de transferência de embrião (TE), fecundação in vitro (FIV) ou
produção in vitro de embriões (PIV). Requer uma seleção bem conduzida tanto das
doadoras como das receptoras. Existe uma relação direta entre a qualidade/saúde
das doadoras e receptoras utilizadas e as taxas que se espera alcançar. Para
identificação individual de todas doadoras e receptoras é aconselhável o uso brincos
coloridos e numerados, cadastrando-os em algum programa desenvolvido para tais
biotecnologias.
De acordo com BELTRAME (2003), a operacionalização de programas de TE,
FIV e PIV depende da disponibilidade de fêmeas receptoras que possibilitam o
desenvolvimento dos embriões até o nascimento.
Para se ter bons resultados deve-se dar preferência às receptoras meio
sangue, resultantes de cruzamentos entre raças zebuínas e européias de dupla
8
aptidão e com boas características como: docilidade, habilidade materna e facilidade
ao ser manejada em termos de sanidade e nutrição.
RODRIGUES (2001) ressalta, no entanto, que na avaliação das receptoras, a
saúde geral e saúde genital são determinantes das taxas de prenhez a serem
obtidas no trabalho. Propriedades bem organizadas e com bom manejo de animais,
normalmente obtêm índices de prenhez semelhantes aos observados em
propriedades dos países desenvolvidos.
Segundo GONÇALVES et al. (2001), as novilhas e as fêmeas pluríparas que
apresentem ciclo estral regular, que tenham parido a mais de 60 dias, que o
puerpério tenha decorrido normalmente e que estejam livres de doenças ou
anomalias do trato reprodutivo, podem ser selecionadas como receptoras de
embrião. Além disso, as receptoras selecionadas devem ter o porte compatível com
a raça do embrião a ser transferido para garantir uma gestação e um parto livre de
auxílio obstétrico, bem como ser capaz de produzir leite suficiente para criar o
bezerro.
Ainda de acordo com este autor, o ideal é que sejam aproveitadas fêmeas da
mesma propriedade em conseqüência de ser conhecido o histórico individual e de
poderem transmitir imunidade às viroses, bacterioses e parasitoses locais para os
recém-nascidos.
Atualmente a reprodução tem como finalidade a produção de bezerros
geneticamente superiores, que tenham capacidade de aumentar a produção e a
produtividade, tendo como conseqüência maior lucratividade na pecuária.
A TE, dentre outras biotecnologias, é apenas uma, porém importante e
econômica ferramenta para atingir tal objetivo. O gado leiteiro visa produzir fêmeas
de alta produção leiteira e reprodutores “melhoradores”. Já a pecuária de corte usa a
TE para produção de animais com maior aproveitamento de carcaça, touros
“melhoradores”, novilhas para reposição e o aproveitamento de vacas de descarte.
Em ambas as situações, o principal objetivo é manejar os rebanhos para
reduzir ou manter o intervalo entre partos próximo dos 12 meses.
Segundo ALVAREZ (2003), a eficiência reprodutiva é diminuída em
conseqüência de alguma desordem no período seco, no parto ou na lactação
anterior. Os produtores devem estar atentos para prevenir os problemas antes que
eles se instalem e necessitem de tratamento. Da mesma forma, o tratamento ou
9
profilaxia no momento adequado permite evitar desordens associadas ou
predisponentes de outras desordens secundárias.
As fêmeas secas devem ser separadas das lactantes e alimentadas conforme
suas necessidades fisiológicas específicas. Deve ser proporcionado um conforto
ambiental ao animal, na época de calor é indispensável dispor de áreas de sombra.
Recomenda-se que a fêmea retorne ao restante do rebanho após ter expulsado a
placenta, evitando, assim, risco de contaminação.
De acordo com THOMAZINI (2002), no manejo da “mãe-de-aluguel”, o
tratador deve ficar atento ao peso do animal. O peso em excesso dificulta o parto.
Outro fator importante é observar o repouso das receptoras após a transferência de
embrião. Elas devem ser soltas no pasto para evitar o estresse que pode ser
causado pela própria TE.
Para RESENDE (2001), cerca de 50% das perdas de detecção de estro são
conseqüentes de um manejo falho: alojamentos e manutenção produtiva e
reprodutiva inadequados, habilidade do observador, temperatura ambiente, entre
outros. Já as inseminações fora do período adequado são responsáveis por parcela
apreciável da taxa de repetição de cio.
Melhores taxas de prenhez podem ser obtidas, uma vez priorizada a
transferência de embriões nos estágios de mórula e blastocisto inicial, aliados à
transferência de embriões de qualidade excelente, e considerando as receptoras
que manifestaram cio um dia antes ou no mesmo dia da doadora como mais aptas a
receberem os embriões.
RESENDE (2001), ressalta ainda que a natalidade dos bovinos pode ser
influenciada através da seleção de reprodutores e matrizes com boa capacidade
reprodutiva e pelo estado sanitário dos animais. As doenças da reprodução
possuem peso importante nos índices de natalidade, taxa de gestação, retorno ao
cio e natimortos.
Afirma, ainda o mesmo autor, que a maioria das disfunções passa
despercebida. Sendo assim, o controle preventivo de machos e fêmeas é de
fundamental importância para se obter maior nascimento de bezerros e,
conseqüentemente, maior rentabilidade na produção.
THOMAZINI (2002) classifica que a sanidade do rebanho é um ponto
extremamente importante. Diz respeito às vacinações e desverminações que
10
compõem o calendário sanitário, para evitar o aparecimento de doenças que
possam comprometer os resultados dos trabalhos, assim como, o combate aos
vermes, moscas, bernes, carrapatos e outros tantos que causam inúmeros prejuízos
que, muitas vezes não são contabilizados, e como conseqüência, baixam os índices
de produtividade. Em programas de TE e FIV, um controle sanitário rígido torna-se
indispensável para o sucesso dessas biotecnologias.
2.2.
Reprodução e nutrição bovina
É ponto comum dentro da pecuária que rebanho bem nutrido fica mais
resistente às doenças oportunistas e aumenta os índices de fertilidade. O sistema
imunológico que é responsável pelas defesas do indivíduo contra esses
microorganismos é muito sensível a deficiência de nutrientes como zinco, selênio,
cobre, manganês, fósforo, vitamina E, vitamina A e, qualquer alteração nessas
defesas, afeta às células reprodutivas que se "estressam" e deixam de desenvolver
o máximo de seu potencial genético.
Como efeito direto do estado de subnutrição sobre o aparelho reprodutor de
animais, pode-se citar a presença de órgãos reprodutores (internos e externos)
menos desenvolvidos e funcionais, devido a deficiência de nutrientes, como
proteína, energia, fósforo, zinco e selênio. Vários metabólitos nutricionais e
hormônios do metabolismo podem afetar a reprodução por agir nestes locais. Os
hormônios controlam todas as funções do organismo e a produção e ações dos
mesmos depende fortemente de metaloenzimas, ou seja, enzimas que tem em sua
composição minerais.
Segundo FERNANDES (2005), nutrição e reprodução são dois aspectos que
possuem estreitos laços, em qualquer sistema de produção. Antes de analisar
características relativas a estas duas variáveis, deve-se lembrar que esta relação
podia ser observada inclusive nos ancestrais dos animais domésticos que
desenvolveram mecanismos de defesa à escassez de alimentos. Dentre estes, a
presença de reservas corporais de proteína, glicogênio e gordura, meios de prever
quando a dieta será suficiente para uma boa demanda maior no futuro (gestação
e/ou lactação).
11
A nutrição é responsável pela expressão e funcionamento de rotas
metabólicas que permitirão ao animal expressar todo seu potencial produtivo e/ou
reprodutivo. Independente da via metabólica envolvida, a regulação que a nutrição
exerce sobre a reprodução de machos e fêmeas ocorre principalmente por efeitos no
cérebro, mais especificamente no hipotálamo, onde será alterada a secreção de
GnRH.
Atualmente, como cita FERNANDES (2005), ainda não se sabe muito sobre
como o animal informa ao sistema nervoso central sobre o status nutricional e de
como esta informação é traduzida em um sinal neuro-endócrino. Sendo assim, a
nutrição inadequada pode afetar a gestação de duas formas: causando morte fetal
ou reduzindo o desenvolvimento do concepto. Embora esta última característica não
seja perda reprodutiva, implica numa menor probabilidade de sobrevivência do
recém-nascido.
Para FILHO (1997), a principal fase na qual a nutrição pode afetar o
desenvolvimento da concepção é no início da gestação. Isto se deve a dois fatos:
primeiro para melhorar a sobrevivência do zigoto, seria até 20 a 25 dias após a
inovulação, período que já ocorreu o reconhecimento materno da gestação e
segundo que a placenta cresce mais rapidamente nos dois terços iniciais da
gestação, enquanto a taxa de crescimento fetal ocorre no terço final deste período.
Então, a restrição nutricional no inicio da gestação pode limitar o desenvolvimento
placentário reduzindo também o desenvolvimento fetal. Porém, isso não quer dizer
que ao final da gestação a fêmea não deva ser suplementada. A suplementação
nutricional no último terço de gestação possibilita condição corporal adequada no
parto, permite atingir taxas superiores de gestação, além de reduzir o intervalo entre
partos.
Segundo VANZIN (2002) a alimentação, a mineralização, a desverminação, a
vacinação e as instalações práticas e funcionais contribuem para uma boa fertilidade
do rebanho. As deficiências minerais em geral provocam os mais variados efeitos
sobre as funções produtivas e reprodutivas dos bovinos, inclusive levando ao
anestro prolongado, o que ocorre devido à falta de alguns elementos minerais que
exercem efeito direto sobre a esfera sexual.
De acordo com RESENDE (2001), sabe-se que diversos minerais são
necessários para o funcionamento fisiológico geral do animal e especificamente para
12
a reprodução. Entretanto, as interações são tão complexas, que é difícil na prática
atribuir
isoladamente
a
responsabilidade
pelo
aparecimento
de
distúrbios
reprodutivos, principalmente considerando a participação efetiva do balanço
protéico-energético no metabolismo fisiológico.
Deste modo, em um quadro geral onde as deficiências energéticas e
protéicas são os fatores limitantes da exploração pecuária, é impossível determinar
os efeitos deletérios de excesso ou deficiência de algum elemento. O que se verifica
na prática, por motivos financeiros, é a subutilização das recomendações técnicas
de mineralização de rebanhos, com os produtos comerciais a disposição no
mercado. Por isso, os distúrbios reprodutivos são mais freqüentes pela falta do que
pelo excesso de nutrientes.
O trabalho realizado por PEIXOTO et al. (2003), mostra que as deficiências
minerais variam, até mesmo, dentro de uma mesma região, por isso o ideal é a
mineralização seletiva, isto é, administrar apenas os minerais e suas quantidades
que estão em níveis insuficientes na dieta total. Este sistema só pode ser implantado
com avaliação e acompanhamento clínico/nutricional do rebanho e avaliação da
composição química do solo.
Segundo RESENDE (2001), as funções e necessidades de vitaminas para o
funcionamento adequado das atividades reprodutivas já são conhecidas. Na teoria,
as mais discutidas para ruminantes são as vitaminas A, D, E e C. Entretanto, na
prática, poucos efeitos têm tido a suplementação com complexos vitamínicos, em
animais mantidos em pastagens de boa qualidade, a fim de corrigir distúrbios
reprodutivos por causas não determinadas.
Deste modo julga-se conveniente apenas a suplementação com vitamina A
para bovinos alimentados à base de forragens conservadas, tal como a silagem de
milho, pois alimentos estocados por muito tempo tornam-se deficientes nessa
vitamina.
A suplementação mineral tem sido considerada por médicos veterinários e
criadores como uma prática de manejo obrigatória para quem visa não só aumentar
a produtividade do rebanho, como também não expor os animais às deficiências
minerais.
Segundo PEIXOTO et al. (2003), quando a deficiência mineral é
suficientemente prolongada e severa, ela pode manifestar-se por sinais clínicos
13
bastantes evidentes, como perdas acentuadas de peso e problemas reprodutivos.
Acrescentam-se ainda alterações ósseas e dentárias, visto que os elementos
minerais, nestas estruturas, são neutralizados a tal ponto que elas perdem sua
estrutura normalmente rígida, amolecendo, deformando ou quebrando com
facilidade.
Segundo este mesmo autor, os sintomas de deficiências minerais abrangem
ainda uma grande variedade de manifestações, como por exemplo, a anemia (que é
um sintoma geral que caracteriza a deficiência de ferro e/ou cobre); as lesões na
epiderme com despigmentação e queda dos pêlos caracterizada pela deficiência de
zinco; o “marasmo enzoótico”, conhecido sob várias denominações (conforme a
região do Brasil), onde também recebe nomes de “peste de secar”, “sablose”, “mal
do colete”, conseqüência da deficiência de cobalto em ruminantes sendo
caracterizada por perda de apetite, pele e pelagem ásperas, perda de peso e sérios
problemas reprodutivos.
2.3.
O Fósforo na Reprodução
O fósforo na reprodução animal representa um elenco vital, motivo pelo qual é
alvo de maior atenção na formulação de suplementos e rações. Participa, em torno
de 1% do peso vivo do animal e podemos destacar como suas funções mais
importantes:
●Na estrutura óssea e dos dentes, onde localizamos 80% deste elemento;
●Na reprodução, para um desenvolvimento fisiológico dos ovários e da sua
atividade;
●No crescimento, na forma de fosfolipídios, presentes no núcleo das células;
●Na engorda, sob a forma de fosfolipídios, que permite liberação de energia e
circulação das gorduras no organismo.
É importante lembrar que o suplemento mineral deve conter também
significativa proporção de microelementos, onde no caso específico de animais
destinados à reprodução, deve haver um reforço extra dos microelementos zinco,
cobre, manganês e cromo, tendo em vista a estreita relação deles com a fisiologia
da reprodução. Por exemplo, o zinco, além de estimular a secreção láctea, previne o
14
aparecimento de mastites (prevenção das infecções no úbere da vaca); o cobre,
quando deficiente, prejudica a fertilidade dos bovinos. Nas áreas deficientes em
cobre tem-se verificado fertilidade insatisfatória que melhora significativamente com
a sua suplementação; o manganês, quando deficiente, pode provocar abortos, crias
fracas e deformações neonatais em bezerros.
Segundo dados colhidos e analisados por PEIXOTO et al, (2003), animais
destinados para a reprodução têm seus requerimentos de manganês aumentados; e
o cromo tem proporcionado melhoras no campo reprodutivo, com melhoras na
fertilização e na obtenção de embriões viáveis quando se trabalhou com novilhas
superovuladas.
Contudo, constatou-se que a forma mais indicada pelo National Research
Council (NRC) para a suplementação de cromo aos bovinos é a forma orgânica,
conhecida também como complexo de minerais orgânicos ou quelatos de minerais.
Tais compostos possuem algumas particularidades, sendo mais bem absorvido pelo
organismo animal que as outras formas (inorgânicas, como: óxidos, sulfatos,
carbonatos, etc).
Para MORAES (2001), as características de uma suplementação mineral
completa e de boa qualidade deve conter, no mínimo, de 6 a 8% de fósforo total, o
que significa uma ingestão média diária de 3 a 4g de fósforo para o consumo de 50g
da mistura. Em pastagens com teores muito baixos de fósforo, a mistura mineral
deve ter pelo menos cerca de 8 a 10% deste macromineral. Esse teor pode ainda
ser insuficiente para vacas de cria, que devem necessitar da suplementação de 7 a
9 de fósforo por dia
A relação cálcio: fósforo na mistura não deve se distanciar muito de 2:1. A
mistura mineral deve fornecer ainda 100% das exigências para cobalto, cobre, iodo
e zinco e, dependendo da região, o manganês.
A mistura deve prover ingredientes de alta qualidade; com boa disponibilidade
biológica dos elementos fornecidos; deve ter origem idônea, com garantia de
controle de qualidade em relação à exigência do animal; não deve incluir
ingredientes com elementos tóxicos em níveis que possam trazer riscos à saúde
animal, como, flúor, chumbo, cádmio, arsênio e mercúrio; os ingredientes devem
possuir tamanho de partícula e características físicas que permitam uma mistura
uniforme e sem separação de ingredientes; as formulações devem ser feitas
15
considerando a região envolvida, o nível de produção animal (animais que exigem
alta eficiência na fase de crescimento e animais em reprodução na região de cerrado
os requisitos de zinco podem ser dobrados) e as condições climáticas, combinando
qualidade e economia.
De acordo com FERNANDES (2005), dietas muito ricas em proteína
(aumento da proteína total de 15,5 para 21,8%) têm efeito deletério sobre a
reprodução. Esses efeitos ocorrem principalmente quando existe na dieta excesso
de proteína degradável no rúmen, pois esta é rapidamente convertida em amônia,
absorvida e reconvertida em uréia pelo fígado. O aumento de uréia circulante pode
alterar o ambiente uterino e prejudicar o desenvolvimento do embrião.
Em contra partida, num trabalho realizado por BARRETO et al. (2003), a
uréia, quando fornecida para vacas Nelore juntamente com uma dieta balanceada
em energia, mineral e vitaminas, mostrou-se como uma opção de substituição do
farelo de soja em mistura de concentrados para suplementação de doadoras e
receptoras de embriões bovinos, sem afetar o seu desempenho reprodutivo, além de
menor custo.
Portanto, além dos aspectos sanitários e reprodutivos, a nutrição adequada é
fator fundamental para se obter resultados satisfatórios nas taxas de prenhez em
receptoras de embrião.
O uso de novas biotecnologias, especialmente aquelas relacionadas com o
melhoramento animal, tem importância fundamental para o desenvolvimento e maior
eficiência da pecuária. A TE tem sido utilizada para reproduzir aspectos genéticos
desejados através da multiplicação de genomas de animais cuidadosamente
selecionados. Entretanto, novas opções para seleção e produção animal são
proporcionadas pela produção in vitro de embriões bovinos, que surge como mais
uma ferramenta, pois potencializa a utilização das fêmeas, por aumentar sua
produção.
Em programas de TE, geralmente, tem-se um cuidado extremo com as
doadoras e relegam-se as receptoras a um segundo plano. Porém, um dos
principais pontos de estrangulamento na difusão dessa tecnologia diz respeito à taxa
de gestação das receptoras, que vão determinar o sucesso ou o fracasso nos
trabalhos de TE. Daí a importância de se ter uma seleção bem conduzida tanto de
doadoras como de receptoras.
16
Uma propriedade que adota condições adequadas de manejo sanitário,
nutricional e reprodutivo, conseqüentemente apresenta índices elevados de
gestação, seja decorrente de monta natural (MN), TE, ou mesmo, PIV. Porém, para
essas duas últimas tecnologias, além de toda questão de manejo, é necessário uma
maior demanda de fêmeas receptoras de qualidade no mercado.
2.4.
Eficiência reprodutiva
A baixa produtividade do rebanho deve-se, essencialmente, aos seguintes
fatores: baixo desempenho reprodutivo, potencial genético inferior dos animais e
alimentação inadequada.
A maioria dos produtores desconhece a validade e a maneira de realizar-se
um efetivo controle sanitário, bem como as técnicas de manejo e os cuidados com a
alimentação, procedimentos indispensáveis à melhoria da eficiência reprodutiva na
pecuária nacional.
Até o momento, os produtores são os menos responsáveis pela situação
atual, cabendo aos técnicos a grande responsabilidade de reverter esse quadro,
levando ao conhecimento dos mesmos as técnicas mais avançadas, capazes de
melhorar os atuais índices zootécnicos do rebanho. Ciente das novas tecnologias,
mais impossibilitado ou não-disposto a adotá-las, a manutenção desses índices
passa a ser responsabilidade dos próprios produtores.
O longo intervalo entre partos verificado em nosso rebanho (acima de 18
meses) caracteriza a baixa eficiência reprodutiva dos sistemas de criação
tradicionais, onde os animais, além de apresentarem baixo potencial genético, o
longo intervalo entre partos não permitem que esse potencial seja totalmente
explorado.
Segundo FERREIRA (1991) a subnutrição, as doenças debilitantes e infectocontagiosas e o manejo inadequado são as causas principais da má performance
reprodutiva que, por sua vez, contribui para uma acentuada redução na produção,
retardando, também, o progresso genético e provocando grandes prejuízos
“invisíveis” ao produtor.
A estruturação de uma fazenda exige, inicialmente, um levantamento
sanitário, com eliminação dos animais portadores de doenças infecto-contagiosas e,
17
posteriormente, um efetivo controle sanitário. Em um rebanho livre de doenças, a
alimentação passa a ser o principal fator determinante da melhoria na eficiência
reprodutiva.
Isso porque não adianta a vaca bem nutrida manifestar cio precocemente
pós-parto e, depois, repetir sucessivos serviços, por causa de infecções uterinas, ou
então apresentar curto período de serviço e, posteriormente, ocorrer morte
embrionária ou abortos, em conseqüência de alguma doença infecto-contagiosa.
Nesses casos, o intervalo entre partos continua longo.
2.5.
Fósforo orgânico na reprodução animal
A industrialização crescente e o desenvolvimento de investigações científicas
sobre os alimentos, com os estudos de pesquisas nas últimas duas décadas,
conduziram mudanças consideráveis na nutrição dos animais. A moderna ciência da
nutrição exige, portanto, alimentação variada e completa quanto ao conteúdo
nutritivo e substâncias ativas nas matérias primas, empregadas na alimentação dos
ruminantes.
Os conhecimentos sobre os elementos minerais, nos últimos anos, foram-se
ampliando e envolvendo indústrias, solicitadas a elaborarem no plano de aplicação o
que se desenvolvia no campo científico, uma vez que estes elementos minerais são
responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção dos tecidos corporais, regulação
dos processos oxidativos, síntese e liberação das ligações de alta energia, com a
finalidade de cobrir as necessidades do indivíduo.
Para o desenvolvimento normal de todas as funções fisiológicas, o organismo
animal necessita do aporte de, pelo menos, quarenta componentes nutritivos
distintos. Na falta de um deles, ou em quantidades insuficientes, provocam
manifestações carenciais que, ao se prolongarem, podem conduzir à morte. Por
essa razão, todos estes componentes são elementos essenciais da alimentação,
destacando-se as verdadeiras substâncias nutritivas de formação (proteínas, graxas,
carboidratos e minerais), assim como também as vitaminas consideradas
substâncias ativas.
18
Não se pretende tecer considerações sobre todos estes elementos
considerados essenciais, e sim, apenas em relação aos minerais, destacar o
elemento fósforo, objetivo do estudo.
Cerca de 86% do fósforo no organismo animal é encontrado no esqueleto e
dentes, e os 14% restantes nos tecidos moles e fluidos orgânicos, onde
desempenha funções consideradas essenciais. A deficiência de fósforo reduz sua
densidade nos ossos, tornando-os frágeis, além de diminuir o apetite e taxas de
crescimento e reprodução.
Este mineral é fundamental no metabolismo energético, além de participar no
sistema tampão do sangue e dos fluidos corporais. Sua necessidade aumenta com o
nível de produção dos animais, devido as exigências energéticas serem maiores.
Ao contrário das substâncias ativas que cumprem funções catalíticas, a que o
fósforo desempenha é de participação em todos os processos fisiológicos que
resultam ganho ou perda de energia, mediante a formação de enlaces de fosfato.
Provavelmente seja o elemento mais ativo entre os minerais, desempenhando papel
importante na estrutura de compostos orgânicos essenciais indispensáveis para a
utilização de carboidratos, proteínas e lipídios, para a produção e transporte de
energia, além da síntese protéica para a proteção das membranas celulares contra a
oxidação.
Considerando-se esta diversidade de sítios de sua atuação, é importante
ressaltar que a deficiência do mineral reduz os níveis de fósforo inorgânico no
plasma, pois não existe mecanismo eficiente de controle homeostático (como ocorre
no caso do cálcio) resultando, portanto, alterações nas funções metabólicas.
De maneira geral, os elementos minerais são fornecidos aos animais sob
forma salina inorgânicas (cloretos, óxidos, sulfatos e carbonatos) ou complexas
(farinha de osso, farinha de ostras), sendo as últimas de uso proibido, devido ao
problema da doença da vaca louca (Pryon). Porém, devido à presença de tampões
pancreáticos, enzimas e bile, ocorre a elevação do pH e os cátions metálicos
perdem sua característica de solubilidade. Para se evitar a ação dos tampões, é
necessária a presença do quelato para carrear o mineral para dentro da célula da
mucosa, atravessando a membrana plasmática.
No metabolismo intracelular ocorre, ao nível das mitocôndrias, a formação de
ATP (adenosina trifosfato) que é um composto de alta energia formado pelas
19
oxidações biológicas que são responsáveis pela liberação de energia (fosforilação
oxidativa) e incorporação do átomo de fósforo, elemento vital como fonte de energia
para as reações bioquímicas intracelulares.
Quando um determinado mineral é ingerido, existem mecanismos de
transporte disponíveis para movimentá-lo do lúmen da célula ao sangue. O
mecanismo a ser usado depende da forma que o mineral assume quando se
apresentar à membrana celular da mucosa. O cátion livre é, então, ligado a uma
proteína transportadora (carreadora) localizada nas células da mucosa e
transportada por difusão facilitada ou transporte ativo para dentro da célula.
Baseado neste conceito, a pesquisa procura reproduzir precursores de
moléculas organo-metálicas (quelato) para inserir no ciclo metabólico e nos lugares
específicos de ação.
No entanto, para o mineral ser absorvido nestas condições, é necessário que
o mesmo esteja ligado a dois aminoácidos como, por exemplo, glicina formando
duplos anéis heterocíclicos com o metal. Depois da absorção, a assimilação pode
ocorrer em todo o intestino delgado, mas é no pH baixo do duodeno que o mineral
mantém o maior grau de absorção.
A liberação final do fósforo para dentro do citoplasma ocorre após hidrólise
onde a ação enzimática rompe os pontos de ligações, favorecendo a liberação
intacta do cátion. O íon de fósforo é introduzido para dentro da célula, por difusão
facilitada, no mesmo canal da membrana plasmática, onde ocorre também a
introdução de glicose.
O atendimento dos requerimentos nutricionais dos bovinos para se obter
máxima performance é, sem dúvida nenhuma, um grande desafio em que o fósforo
é o elemento limitante, não só pelos aspectos qualitativos, mas também
quantitativos, produtor do ATP (ADENOSINA), que é o elemento energético da
célula.
2.6.
Quelato de fósforo
O elemento fósforo, como fonte de calor é o gerador de energia intracelular,
formador do ATP (adenosina trifosfato) formador da síntese de Krebs, onde é o
20
elemento limitante das funções geradoras de sínteses celulares na reprodução
multiplicadora, como energia química.
O ATP consiste em uma molécula de adenosina (adenina + ribose) a qual
estão ligados três grupos fosfato (Figura 1). Se um fosfato for removido (cedendo
energia), será produzido o Difosfato de adenosina (ADP); se os dois fosfatos forem
removidos, teremos como resultado o Monofosfato de adenosina (AMP). A energia
livre padrão para a hidrólise é aproximadamente -7.300 cal/mol para cada um dos
dois grupos fosfatos terminais. Em função do gradiente negativo, o ATP é
denominado um composto fosfatado de alta energia.
Existem formas de energia na natureza, onde as energias de matéria
grosseira são logo observados pelos olhos terrenos, ao passo que energias mais
sutis apenas podem ser observadas os seus efeitos na matéria grosseira pesada, a
isso pertence, por exemplo, o fortalecer de tudo quanto se forma por aquecimento,
seu desenvolver e seu amadurecer no crescimento.
Outra divisão do processo natural da natureza é depois a multiplicação que
surge automaticamente numa determinada maturação do desenvolvimento e do
aquecimento.
O processo na matéria dá-se pelo calor íntimo, onde a multiplicação é o
resultado final. Por isso o impulso para a reprodução é denominada de maneira
certa de instinto natural. Uma bem determinada maturação da matéria aquecida
produz radiações que pela união das espécies positivas com as negativas agem
retroativamente sobre a matéria e obrigam-na a funcionar; isto é um atributo da
atividade da natureza. Estas leis da natureza atuam de maneira a aquecer os corpos
até um determinado grau onde atuar segundo as leis físicas e químicas no plano de
renovação que numa parte encerra a conservação e outra parte implica na
reprodução.
21
Figura 1. Tri-fosfato de Adenosina (ATP).
Essa lei manifesta da natureza orgânica é efeito de determinadas radiações.
Traz consigo conservação junto com o estímulo e a renovação das células.
Esta é a linha principal da natureza, que exige movimento, onde todos os
efeitos são úteis e bons.
Cabe ao ser humano respeitar a natureza e suas leis, onde o homem, que de
início era apenas perturbador, se tornou destruidor em tudo quanto pensa e faz,
onde quer que esteja.
Aprender a conhecer a natureza profundamente, e que assim possa colher
saúde através da natureza para atividade alegre e construtiva, ajudando-o na sua
necessária imunidade.
Inúmeros trabalhos foram realizados nos trópicos e subtrópicos, com o
objetivo de investigar o efeito do P suplementar no desempenho de bovinos em
pastejo. Devido à enorme variação ambiental nesse tipo de experimento, respostas
animais aos tratamentos têm sido bastante variáveis, sendo algumas vezes positivas
(GRANT, 1976; McDOWELL et al., 1982), outras sem efeito (WINTER; EDYE;
WILLIAMS, 1977; VALLE; SOUZA; NUNES, 1982) ou de resposta estacional
(WINKS; LAMBERTH; O’ROURKE, 1977).
Um aspecto a ser considerado diante dessa diversidade de respostas ao P
suplementar seria a existência de outros nutrientes prioritariamente limitantes ao
22
desempenho normal do animal, resultado dos diversos ecossistemas pastoris onde
esses estudos foram realizados. Por exemplo, numa situação em que o teor de N
amoniacal no líquido ruminal for inferior a 150 mg/L (PRESTON; LENG, 1987), a
probabilidade de resposta animal a uma suplementação com P será muito pequena.
Essa é uma situação que normalmente ocorre em áreas tropicais, principalmente
durante o período de seca, quando níveis protéicos nas pastagens ficam abaixo
dos 6,2% na matéria seca (MINSON, 1990).
23
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1.
Local dos experimentos
O experimento foi realizado em uma propriedade rural localizada no município
de Brasilândia, situada na mesorregião leste de Mato Grosso do Sul.
3.2.
Caracterização da área experimental
A área experimental era constituída de curral de manejo coberto e 41 pastos
(piquetes) de 50 ha, em média e, formados com pastagem de Brachiaria decumbens
(pastos número 1, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 29, 31, 33, 36 e 38)
Brachiaria brizantha cv. Marandu (pastos número 5, 11, 12, 13, 18, 19, 23, 25, 26,
27, 28, 30, 32, 34 e 35), Brachiaria brizantha cv. Xaraés (pastos número 22 e 24 e
consorcio de Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha cv. Marandu (pastos
número 37, 39, 40 e 41) (Figura 2).
Figura 2. Área experimental com os piquetes (numerados de 1 a 41), utilizados no
experimento.
24
3.3.
Caracterização do experimento
O experimento foi instalado com o objetivo de se avaliar possíveis alterações
no perfil metabólico de novilhas primíparas da raça Nelore, recebendo mistura
mineral contendo fósforo orgânico ou inorgânico.
3.3.1. Animais experimentais
Foram utilizadas 80 novilhas primíparas com 15 meses de idade (animais
precoces - reprodução), da raça Nelore divididas em dois grupos de 40 animais.
3.3.2.
Duração do experimento
O experimento teve duração de 120 dias, dos quais 60 dias foram destinados
à adaptação mistura mineral.
3.3.3. Tratamentos e delineamento experimental
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos e
40 repetições, sendo os dados analisados como medidas repetidas no tempo. Os
tratamentos compreenderam a administração de dois tipos de suplementação
mineral, sendo: suplemento mineral com fonte de fósforo inorgânico (fosfato
bicálcico, SMPI) e o mesmo suplemento mineral, porém fonte de fósforo orgânico
(SMPO).
3.3.4. Manejo experimental dos animais
Os animais foram mantidos exclusivamente em pasto e receberam a
suplementação de sal mineral ad libitum de acordo com os grupos experimentais. A
mistura foi fornecida em cochos de fácil acesso e disponível para todos os animais,
em todos os pastos (Figura 3).
25
A
B
C
Figura 3. (A) Cocho móvel de propietileno, onde os animais receberam o
suplemento mineral no pasto; (B) Barrilhete de propietileno, onde era armazenado o
suplemento mineral no pasto; (C) Bebedouro tipo australiano, usado como fonte de
água para os animais.
3.3.5. Amostragem de sangue
Amostras de sangue foram obtidas no tempo zero (início do experimento –
após 60 de fornecimento do produto) e, posteriormente, após o período de
inseminação artificial, através de punção da jugular, utilizando-se agulhas
descartáveis 40x12 e tomando-se o cuidado de deixar o sangue fluir pela parede do
tubo sem turbilhonamento, evitando a hemólise (DIRKSEN et al., 1993) (Figura 4).
26
Figura 4. Amostragem de sangue através da punção da jugular.
A amostra de sangue de cada animal foi dividida em 2 tubos (Figura 5), um
sem anticoagulante, e outro contendo fluoreto de potássio e EDTA, utilizado na
determinação de glicose.
3.3.6. Processamento das amostras de sangue
Na amostragem para determinação de glicose, 10 mL de amostra foram
acondicionados em tubos, contendo 3 gotas de anticoagulante fluoreto de sódio (12g
dL-1 de fluoreto de potássio e 6 g dL-1 de EDTA, sal sódico) e resfriados em caixa
térmica, contendo gelo, procedimentos com a finalidade retardar a oxidação da
glicose. As amostras foram levadas ao Laboratório de Nutrição Animal e
Biogeoquímica da Universidade Camilo Castelo Branco, Descalvado-SP, para
determinação do conteúdo em glicose (DOLES, 2000).
27
Figura 5. Amostras de sangue colhidas em tubos, contendo anticoagulante fluoreto
de potássio (tubos menores à frente), e tubos sem anticoagulantes (tubos maiores).
Na amostragem para determinação de lipídios, uréia, cálcio, fósforo e proteína
sérica, 10 mL de amostra foram colocados em tubo de vidro, sem adição de
anticoagulante, os quais foram mantidos em banho de gelo e encaminhados ao
Laboratório de Nutrição Animal e Biogeoquímica da Universidade Camilo Castelo
Branco, Descalvado-SP, para as devidas determinações (DOLES, 2000)
Nas determinações dos demais minerais e enzimas, 30 mL de amostra foram
acondicionados em tubos de plástico, que foram encaminhados ao Laboratório de
Nutrição Animal e Biogeoquímica da Universidade Camilo Castelo Branco,
Descalvado-SP. As amostras foram centrifugadas a 3000 rpm por 15 minutos. O
soro obtido foi dividido em 3 porções. Uma delas, com aproximadamente 5 mL, foi
colocada em frasco de vidro, que foi vedado com parafilme com finalidade de evitar
a contaminação por zinco e mantido a –25ºC para posterior análise elementar. As
outras duas porções, com aproximadamente 1,5 mL, foram acondicionadas em
microtubos com 2,0 mL de capacidade, armazenados a -25ºC.
28
3.3.7. Determinações nas amostras de plasma e soro
Teores de sódio e potássio nas amostras de soro
As concentrações de sódio e potássio no soro sanguíneo foram determinadas
através da técnica de fotometria de emissão por chama. As amostras foram diluídas
com água bidestilada até a concentração dos dois elementos permanecerem entre 2
e 20 mg L-1. Para determinar o potássio, em tubos de vidro, pipetaram-se 50 µL de
soro e 2,5 mL de água bidestilada, homogeneizou-se e procedeu-se á leitura em
fotômetro de chama. Na determinação do sódio, pipetaram-se 50 µL de soro e 10
mL de água bidestilada.
Teores de cálcio e fósforo no soro
O cálcio foi determinado através de kit, sendo o método baseado na
determinação colorimétrica em comprimento de onda de 570 nm ou filtro laranja do
complexo formado entre o cálcio e a cresolftaleína em meio alcalino (DOLES, 2000).
O fósforo inorgânico foi determinado por kit, sendo o princípio do método
baseado na reação do fosfato com o molibdato em meio ácido, formando o
complexo fosfomolibdato, sendo este reduzido pela presença de ácido ascórbico,
resultando em complexo de cor azul, cuja absorbância foi lida a 660 nm ou com filtro
vermelho (DOLES, 2000).
Teores de cobre, magnésio e cloreto no soro
Através de kits colorimétricos, procedeu-se á determinação dos teores de
cobre, magnésio e cloreto nas amostras de soro sanguíneo.
O princípio para determinação do cobre consistiu em dissociar o complexo
cobre/ceruplastina em pH 4,7 na presença de agentes redutores e na presença de 4(3,5 dibromo-2-pyridylazo)-N-ethyl-sulfopropylanilina, lendo-se a absorbância a 580
nm ou com filtro 578 nm.
A metodologia para determinar magnésio baseou-se na reação do íon, em
meio alcalino, com o corante de Mann e Yoe (DOLES, 2000).
29
O princípio para determinar a concentração de cloretos consistiu na formação
de um complexo colorido através da reação do íon com sulfoxicianeto de mercúrio e
nitrato férrico, lendo-se a absorbância a 510 nm ou com filtro verde (ZALL et al.,
1956).
Teores de enxofre no soro
Os teores de enxofre nas amostras de soro sangüíneo foram determinados
conforme a metodologia descrita em KRUGSHELD et al. (1979). Foram adicionados,
a 500 µL de soro, 2 mL de TCA (50 g L-1), deixando-se em repouso por 10 minutos.
Decorrido este período, as amostras foram centrifugados a 3000 rpm por 15
minutos. Então, a 1 mL do sobrenadante adicionaram-se 0,25 mL de solução de
BaCl2 (20 g de BaCl2 e 10 g de dextran por litro de solução), seguindo-se repouso de
35 minutos, após o que foi feita a leitura da absorbância do precipitado de BaSO4 em
comprimento de onda de 360 nm. O branco consistiu em 1 mL de sobrenadante e
0,25 mL de dextran (10 g por litro de solução).
Teores de zinco no soro
Os teores de zinco nas amostras de soro sanguíneo foram determinados
através da metodologia descrita em McKENZIE e SMYTHE (1988), que consiste na
diluição de 0,5 mL de soro com 2,0 mL de solução de álcool butílico a 6%,
procedimento que tem como finalidade reduzir interferentes no transporte e na
nebulização no espectrofotômetro de absorção atômica. O aparelho foi ajustado
para uma taxa de nebulização de 3,5 mL min-1, utilizando-se queimador para a
mistura de ar-acetileno.
Teor de glicose no plasma
O teor de glicose no plasma sanguíneo foi determinado através de kit
enzimático (DOLES, 2000). O método baseou-se na reação da glicose com a glicose
oxidase, formando-se como produto ácido glicônico e peróxido de hidrogênio. Em
uma segunda etapa, o peróxido formado, na presença de 4-aminoantipirina e
30
peroxidase, deu origem a um complexo de coloração avermelhada, cuja absorbância
foi medida a 510 nm, ou filtro verde.
Teores de colesterol total e colesterol HDL nas amostras de soro
O teor de colesterol total nas amostras de soro sanguíneo foi determinado
através de kit enzimático, tendo como princípio a reação dos ésteres de colesterol
com a colesterol esterase, formando ácidos graxos e colesterol livre que, na
presença da colesterol esterase, forma colesterona e peróxido de hidrogênio. O
peróxido, na presença da 4-aminoantipirina, produz um complexo de coloração
avermelhada, cuja absorbância foi lida a 510 nm ou filtro verde.
O procedimento para determinar o colesterol HDL consistiu na precipitação
seletiva das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e as de muito baixa densidade
(VLDL) na presença de polietilenoglicol, sendo a fração HDL determinada pelo
método enzimático já descrito (DOLES, 2000).
Teores de triglicerídios nas amostras de soro
Os triglicerídeos foram determinados nas amostras de soro sangüíneo,
utilizando-se de kit enzimático. As reações envolvidas na determinação podem ser
assim resumidas: os triglicerídeos, na presença de lípase, produzem glicerol e
ácidos graxos. O glicerol, na presença de ATP e glicerolquinase, forma glicerol-3P e
ADP. Em uma terceira etapa, o glicerol-3P, na presença da glicose fosfato oxidase,
produz peróxido de hidrogênio, entre outros compostos. O peróxido, por sua vez, na
presença de 4 aminoantipirina e peroxidase, forma um complexo de coloração
avermelhada, cuja absorbância foi lida a 510 nm ou com filtro verde (DOLES, 2000).
Teores de lipídios totais nas amostras de soro
O teor de lipídios totais nas amostras de soro sangüíneo, fração representada
pelos triglicerídios, colesterol e fosfolipídios, foi determinado pelo método que se
baseia na liberação, por hidrólise, dos ácidos graxos presentes no soro através do
ácido sulfúrico, os quais, por sua vez, reagem com a vanilina em meio ácido,
31
formando um complexo de cor rósea, cuja absorbância foi determinada a 510 nm ou
com filtro verde (DOLES, 2000).
Teores de fosfolipídios nas amostras de soro
Os fosfolipídeos foram extraídos do soro ou plasma através da mistura de
Bloor (3 partes de álcool etílico e 1 parte de éter etílico), sendo uma alíquota do
sobrenadante transferida para tubo de ensaio e mineralizada através da chama de
um bico de Bunsen. No resíduo contido no tubo, determinou-se o conteúdo de
fósforo (CELM, 1999).
Determinação da proteína total e da uréia nas amostras de soro
Para a determinação dos teores de proteína sérica e de uréia total nas
amostras de soro sanguíneo foi utilizado kit colorimétrico LACHV.
No caso da proteína sérica, o princípio foi baseado na reação do biureto
(sulfato de cobre, citrato trissódico, carbonato de sódio e hidróxido de sódio) com a
proteína da amostra, lendo-se a absorbância do complexo colorido a 510 nm ou com
filtro verde (CELM, 1999).
A determinação do teor de uréia nas amostras de soro foi baseada na
formação de cor pela reação da uréia com a diacetilmonoxina, em meio ácido. A
absorbância do produto colorido foi lida a 510 nm ou com filtro verde (FOSTER e
HOCHHOLZER, 1971).
Determinação de creatinina em amostras de soro
Na determinação da creatinina sérica, utilizaram-se kits colorimétricos de
ponto final, que se baseiam na reação da creatinina com picrato alcalino (reação de
Jaffé), produzindo um cromógeno vermelho, sendo a leitura efetuada em
comprimento de onda de 500 nm (CELM, 1999).
32
Determinação da atividade de fosfatases nas amostras de soro
A amostra de soro foi incubada com p-nitrofenilfosfato (substrato) que, sob a
ação da fosfatase, sofre hidrólise, com liberação p-nitrofenil que, na presença de
meio alcalino, apresenta coloração amarela, determinada por espectrofotometria no
visível. A quantidade de p-nitrofenil tem relação direta com a atividade de fosfatase
(DOLES, 2000).
Determinação da atividade de creatina quinase nas amostras de soro
A creatina quinase catalisa a reação de transfosforilação de ADP a ATP. Por
meio de uma série de reações há produção de NADH, que aumenta a absorbância a
340 nm e cuja concentração apresenta relação direta com a atividade enzimática da
creatina quinase na amostra (DOLES, 2000).
Determinação da atividade da deidrogenase lática
A deidrogenase láctica foi determinada em mistura de reagentes, contendo
lactato (substrato), NAD, fenazina metasulfato (FMS), alúmen férrico e 1,10
fenantrolina. No final da reação, o alúmen férrico é transformado em alúmen ferroso
que, na presença de 1,10 fenantrolina forma um complexo corado, cuja absorbância
foi determinada a 510 nm (DOLES, 2000).
3.3.8. Manejo sanitário
O controle sanitário constou dos seguintes procedimentos: assepsia do
umbigo após o nascimento da cria; vacinações contra aftosa, brucelose, carbúnculo
sintomático/ gangrena gasosa e botulismo, além das aplicações de vermífugo.
3.3.9. Amostragem de alimentos
No período da avaliação reprodutiva dos animais, foram obtidas amostras do
sal mineral com e sem o fósforo orgânico para serem analisados os teores de
33
matéria mineral e de minerais (Ca, P, Mg, S, Na, K, Cu, Zn, Mo, Se, Cr) e forragem
disponível no pasto.
No laboratório, processaram-se as amostras de forragem em estufa com
ventilação forçada a 55ºC e, posteriormente analisaram-se os teores de PB, FDN,
FDA e lignina, N-FDN, N-FDA e, carboidratos não fibrosos, de acordo como descrito
por SILVA et al., 2002.
Foi avaliada a quantidade de forragem disponível no pasto através do método
da moldura (Figura 9). Em cada pasto de 40 ha, foram colhidas 10 amostras de
forragem em áreas homogêneas, utilizando-se moldura com área conhecida (0,5
m2). O material contido na moldura foi cortado a 15 cm do solo (McMENIMAN,1997)
e acondicionado em sacos plásticos
Foi separada a composição morfológica da planta em:
I)
material senescente (pode ser folha ou colmo que apresentar 50% ou
mais de material morto, amarelo);
II)
lâmina foliar que sobrou verde (ou com menos de 50% de senescência)
(separada pela lígula);
III)
colmo que sobrou verde (caule + bainha da lâmina foliar).
Cada fração foi acondicionada em saco de papel ou plástico e pesada. Com
essa informação, pode-se estimar a proporção de folhas e caule na área do pasto.
A
B
Figura 6. Amostragem da forrageira pelo método da moldura (A) e armazenamento
da amostra (B).
.
34
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.
Resultados do experimento 1
4.1.1. Glicose plasmática
Entre os metabólitos sanguíneos mais usados para avaliar o estado
energético estão a glicose, o beta-hidroxibutirato (BHB) e os ácidos graxos não
esterificados ou livres (AGL) (PAYNE & PAYNE,1987)
Apesar da glicose ser o metabólito selecionado para avaliar o estado
energético dos ruminantes, trabalhos têm demonstrado certa contrariedade nos
resultados, uma vez que mecanismos homeostáticos que controlam a glicemia
tornam difícil estabelecer uma clara relação entre estado nutricional e níveis de
glicose, pois além de grande parte dos tecidos utilizarem ácidos graxos livres (AGL)
e corpos cetônicos como fonte energética, o fígado destes animais possui alta
função neoglicogênica.
O nível de glicose plasmático é o indicador menos expressivo do perfil para
avaliar o estado energético devido à insensibilidade da glicemia a mudanças
nutricionais e à sensibilidade ao estresse. A glicemia, todavia, pode ser de utilidade
em condições de déficit energético severo e em animais que não estão em gestação
e em lactação.
Na tabela 1, pode-se observar que, na primeira amostra de sangue obtida, os
níveis de glicose foram superiores entre os animais suplementados com fósforo na
forma orgânica, fato este não observado na segunda amostragem, apesar dos
valores plasmáticos de glicose serem ligeiramente superiores entre os animais que
receberam P-orgânico. Os valores de glicose nas duas amostragens permaneceram
constates no tratamento com suplementação de P-inorgânico, sendo observada
redução nos tratados com P-orgânico, fato que pode ser justificado pela queda na
qualidade da forragem disponível, não permitindo a expressão da melhor qualidade
do P-orgânico, observada em condições de pastagem de melhor qualidade.
35
Tabela 1. Glicose plasmática, expressos em mg/dL, em função da suplementação
de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
76,67
bA
75,95
aA
P orgânico
132,72
aA
86,05
aB
DMS (Tratamento)
32,61
DMS (Período)
32,28
CV % (Tratamento)
81,01
CV % (Período)
78,09
Letras maiúsculas diferentes na linha e minúsculas na coluna comparam médias pelo teste Tukey 5%
Em gado de corte, Downie e Gelman (1976) observaram relações da glicose
sanguínea com o peso corporal e a fertilidade. Fornecendo três níveis de consumo
energético, encontraram que, quando aumentava a glicemia, melhorava a fertilidade,
e que níveis baixos de glicose levavam á infertilidade
Reist et al. (2003) demonstraram que altas concentrações séricas de glicose e
colesterol estão associados a um menor intervalo entre o parto e a concepção.
4.1.2. Uréia sérica
Na tabela 2, pode-se observar que, nas duas amostragens realizadas, os
valores séricos de uréia foram superiores nos animais com suplementação de Pinorgânico e que os valores foram reduzidos da primeira para a segunda
amostragem.
Tabela 2. Uréia sérica, expressa em mg/dL, em função da suplementação de
fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
25,34
aA
20,18
aB
P orgânico
22,93
bA
15,31
bB
DMS (Tratamento)
1,15
DMS (Período)
0,87
CV % (Tratamento)
17,45
CV % (Período)
13,31
Letras maiúsculas diferentes na linha e minúsculas na coluna comparam médias pelo teste Tukey 5%
Valores de concentração sanguínea da uréia são determinados pela
velocidade de desintoxicação da amônia e pela quantidade e velocidade de sua
síntese hepática, considerando-se a sequência de eventos proteólise e formação de
aminoácidos; desaminação de aminoácidos e produção de amônia; utilização da
36
amônia para síntese protéica microbiana e/ou condensação de duas moléculas de
amônia com CO2 para formação de uréia (CONTRERAS, 2000).
A avaliação do perfil metabólico, ligada ao estado nutricional e desempenho
reprodutivo, tem despertado o interesse de diversos pesquisadores atualmente,
enfocando principalmente as maiores exigências nutricionais associadas com o
melhor desempenho produtivo dos rebanhos, em contraponto, apresentam queda
nas taxas reprodutivas e maior teor dos metabólicos protéicos do sangue, como
uréia e albumina (PEIXOTO et al., 2007).
4.1.3. Albumina sérica
Na tabela 3, pode-se observar que, nas duas amostragens realizadas, os
valores séricos de albumina não foram afetados pela fonte de fósforo e nem pela
época de amostragem.
No caso das proteínas, os dois principais indicadores do metabolismo em
ruminantes são os níveis séricos de uréia e albumina; a uréia demonstra o estado
protéico do animal em curto prazo, enquanto que a albumina o demonstra em longo
prazo (PAYNE & PAYNE, 1987).
A albumina é considerada o indicador mais sensível para determinar o estado
nutricional protéico; valores persistentemente baixos de albumina sugerem
inadequado consumo protéico. Ela é a principal proteína plasmática sintetizada no
fígado e representa cerca de 50 a 65% do total das proteínas séricas, além de
contribuir com 80% da osmolaridade do plasma sanguíneo. Entretanto, para detectar
mudanças significativas na concentração de albumina, é necessário um período de
pelo menos um mês, devido à baixa velocidade de síntese e de degradação desta
proteína no ruminante (PAYNE & PAYNE, 1987).
A bioquímica das proteínas séricas é de primordial importância na avaliação
do estado nutricional, podendo indicar alterações metabólicas e auxiliar no
diagnóstico clínico de diversas enfermidades. Para uma interpretação correta dos
resultados obtidos, existe a necessidade de se conhecer os valores de referência
para as diferentes espécies, raças, sexos e idades de animais criados em diferentes
regiões do Brasil, e sob diversas condições de manejo (BARIONI et al., 2001).
37
Wittwer et al. (1987) defendem que a albuminemia pode variar ao longo do
ano em função das variações climáticas e o efeito destas sobre as pastagens. No
verão, é comum encontrar altos níveis de albumina sérica, pelo fato das pastagens
apresentarem melhor qualidade. González et al. (2000) relataram variações mensais
de uréia e albumina em novilhas de corte em pastagens nativas do Rio Grande do
Sul, sendo janeiro e junho os meses em que ocorre maior deficiência de substratos
protéicos na dieta, com maior falta em junho, indicada pela queda simultânea de
albumina e uréia sangüíneas neste mês. Nos meses de março e julho, haveria uma
moderada deficiência de proteína, que se reflete na diminuição da uréia sanguínea
sem, porém, atingir a albumina.
Tabela 3. Albumina sérica, expressa em mg/dL, em função da suplementação de
fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
3,03
aA
2,78
aA
P orgânico
3,10
aA
3,00
aA
DMS (Tratamento)
0,12
DMS (Período)
0,09
CV % (Tratamento)
11,45
CV % (Período)
7,40
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
4.1.4. Lipídeos totais sérico
Na tabela 4, pode-se observar que, na primeira amostra de sangue obtida, os
níveis séricos de lipídeos foram superiores nos animais suplementados com fósforo
inorgânico, ocorrendo inversão na segunda amostragem. Os valores de lipídeos
totais, entre as duas épocas de amostragens, foram superiores em janeiro nas duas
fontes de fósforo testadas.
O fósforo é o segundo mineral mais abundante no organismo animal, sendo
que 80% deste encontram-se nos ossos e dentes, e o restante, nos tecidos moles e
fluidos. Contudo, o P também desempenha outras funções importantes: sendo
essencial para o mecanismo de ação dos microrganismos do rúmen e para
metabolismo dos carboidratos e lipídeos.
Com base nos dados da tabela 4, podemos inferir que a fonte de P orgânico
altera o metabolismo de lipídios e que as respostas podem estar atreladas a
quantidade de forragem ofertada e de sua composição.
38
Tabela 4. Lipídeos sérico totais, expressos em mg/dL, em função da suplementação
de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
354,46
aA
271,35
bB
P orgânico
289,75
bB
323,01
aA
DMS (Tratamento)
29,75
DMS (Período)
26,71
CV % (Tratamento)
23,90
CV % (Período)
19,37
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
4.1.5. Fosfato sérico
Na tabela 5, pode-se observar que, nas duas amostragens realizadas, os
valores séricos de fosfato inorgânico não foram afetados pela fonte de fósforo. A
época de amostragem não afetou a concentração de fosfato sérico nos animais
recebendo dieta contendo P inorgânico, no entanto, entre os animais suplementados
com P orgânico, os valores foram superiores no mês de abril.
Tabela 5. Dados de fosfato inorgânico sérico, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
10,43
aA
10,72
aA
P orgânico
9,80
aB
11,39
aA
DMS (Tratamento)
0,96
DMS (Período)
0,86
CV % (Tratamento)
22,81
CV % (Período)
18,40
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
O fósforo circulante no organismo de ruminantes está tanto na forma orgânica
como na inorgânica, predominando a forma inorgânica numa relação de 4:1, sendo
que esta forma está presente principalmente no plasma e predominantemente
ionizado. Nos eritrócitos, o P está ligado na forma de éster (BARCELLOS, 1998).
Timm (2001) afirma que os níveis de fósforo podem permanecer inalterados
no sangue por longos períodos após exposição à deficiência. No entanto, valores
baixos asseguram o diagnóstico de carência.
39
4.1.6. Cálcio sérico
Na tabela 6, pode-se observar que, na primeira amostragem, os níveis séricos
de cálcio foram superiores entre os animais suplementados com fósforo inorgânico,
ocorrendo uma inversão no resultado na segunda amostragem. Os valores de
lipídeos totais, entre as duas épocas de amostragens, foram superiores em janeiro
nos animais recebendo P inorgânico e, em abril, nos animais com P orgânico. O
comportamento dos dados é semelhante ao ocorrido com os dados de lipídeos
totais.
Tabela 6. Dados de cálcio sérico, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
10,05
aA
6,79
bB
P orgânico
9,45
bA
7,43
aB
DMS (Tratamento)
0,28
DMS (Período)
0,29
CV % (Tratamento)
7,33
CV % (Período)
7,79
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
O cálcio é um mineral que está intimamente associado ao metabolismo.
Apresenta-se no plasma, na forma livre ionizada (cerca de 45%) e na forma
orgânica, associada a proteínas, principalmente albumina (cerca de 45 %). Estas
duas formas estão em equilíbrio e sua distribuição final depende do pH, da
concentração de albumina e da relação ácido-base. Quando existe acidose, há uma
tendência para aumentar a forma ionizada de Ca. Uma queda no nível de albumina
causa diminuição do valor de Ca sangüíneo (CHALLA et al., 1989). Seu nível no
plasma é bastante constante nas espécies animais, localizando-se entre 8 a 12
mg/dL (GONZALEZ et al., 2000).
4.1.7. Magnésio sérico
Na tabela 7, pode-se observar que, independente do período de amostragem
os valores séricos de magnésio foram sempre superiores nos animais que não
receberão o P orgânico. A concentração de magnésio, entre os animais com P
40
inorgânico, não se alteraram em função da época de amostragem. Nos animais com
suplementação de P orgânico, observou-se elevação nas concentrações séricas de
magnésio, entre os meses de janeiro e abril.
Tabela 7. Magnésio sérico, expressos em mg/dL, em função da suplementação de
fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
2,13
aA
2,11
aA
P orgânico
2,01
bB
2,10
aA
DMS (Tratamento)
0,02
DMS (Período)
0,03
CV % (Tratamento)
2,98
CV % (Período)
3,09
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
O magnésio é o quarto elemento mais abundante no organismo e está
associado com o Ca e o P nos tecidos e no metabolismo animal (CAVALHEIRO e
TRINDADE, 1992). Não existe controle homeostático do Mg, por isso a sua
concentração sangüínea reflete diretamente o nível da dieta. A baixa ingestão
desses metabólitos ou a excessiva lipólise por deficiência de energia pode provocar
a tetânia hipomagnesêmica.
4.1.8. Enxofre sérico
Na tabela 8, pode-se observar que, independente do período de amostragem
os valores séricos de enxofre foram sempre superiores nos animais que não
receberão o P orgânico. A concentração de enxofre, entre os animais com P
inorgânico, não se alteraram em função da época de amostragem. Nos animais com
suplementação de P orgânico, observou-se elevação nas concentrações séricas de
magnésio, entre os meses de janeiro e abril.
41
Tabela 8. Dados de enxofre sérico, expressos em mg/dL, em função da
suplementação de fósforo, inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
9,63
aA
9,76
aA
P orgânico
6,26
bB
7,69
bA
DMS (Tratamento)
0,85
DMS (Período)
0,72
CV % (Tratamento)
26,23
CV % (Período)
19.62
Letras maiúsculas diferentes na linha e, minúsculas na coluna, diferem pelo teste Tukey 5%
4.1.9. Zinco sérico
Na tabela 9, pode-se observar que, na primeira amostragem os tratamentos
não diferiram entre si, no entanto, na segunda amostragem os níveis séricos de
zinco foram inferiores nos animais que receberam P orgânico. Entre os animais
tratados com P inorgânico, houve elevação na concentração sérica entre os dois
meses de amostragem, sendo observado um comportamento inverso entre os
animais com P orgânico.
Tabela 9. Zinco sérico, expresso em ug/dL, em função da suplementação de fósforo,
inorgânico ou orgânico, e da época de amostragem.
Tratamentos
Janeiro
Abril
P inorgânico
54,68
aB
62,72
aA
P orgânico
55,11
aA
47,07
bB
DMS (Tratamento)
4,91
DMS (Período)
4,40
CV % (Tratamento)
22.28
CV % (Período)
18,01
O zinco parece ter um controle homeostático bastante eficiente, mediante
diferenças na taxa de absorção no intestino, a qual pode aumentar a 100% em
situações de deficiência. A capacidade de armazenagem de Zn no fígado e nos
ossos é limitada e contribui pouco para a homeostase.
42
5. CONCLUSÕES
A avaliação do perfil metabólico ligada ao estado nutricional e desempenho
reprodutivo tem despertado o interesse de diversos pesquisadores atualmente,
enfocando principalmente as maiores exigências nutricionais associadas com o
melhor desempenho produtivo dos rebanhos leiteiros que, em contraponto,
apresentam queda nas taxas. A inclusão de P-orgânico na dieta de vacas de corte
promoveu alterações significativas em metabólicos relacionados ao metabolismo
energético e protéico indicando que o produto melhora a eficiência energética do
animal, sendo as respostas dependentes da oferta e da qualidade da forragem. Os
minerais Ca, Mg, S e Zn sofreram alterações significativas em função da utilização
do P orgânico, sendo que os níveis de P circulantes não foram alterados, devido
provavelmente ao eficiente controle homeostático.
43
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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