ID: 51888602
20-01-2014
Tiragem: 8500
Pág: 4
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,04 x 31,80 cm²
Âmbito: Regional
Corte: 1 de 1
Duque de Bragança participou ontem com a esposa na missa na Sé de Braga
D. Duarte defende «cuidado especial»
com imigrantes que vivem segregados
AVELINO LIMA
JORGE OLIVEIRA
O duque de Bragança
considerou ontem que,
neste momento, não existe
em Portugal o risco de haver uma convulsão social
motivada pela degradação
das condições de vida de
milhares de portugueses
em resultado das medidas de austeridade, mas
alertou para a necessidade de apoiar as comunidades de imigrantes e outras
minoritárias que vivem segregadas.
«Acredito que não vai
haver essa situação», disse D. Duarte Pio, sustentando a sua convicção com
o que tem acontecido em
Portugal quando há «situações difíceis».
Duques de Bragança regressaram à Sé após 17 anos
«É nestas alturas que os
portugueses se unem mais
e se ajudam uns aos outros. E este trabalho de so-
lidariedade e de caridade
tem-se desenvolvido muitíssimo», afirmou.
O descendente da Casa
de Bragança lembrou, contudo, que há grandes comunidades de imigrantes
em Lisboa e no Porto que
«vivem muito segregadas,
separadas» e «não se integraram», para as quais,
disse, tem que haver um
«esforço especial» para
que «esses grupos de risco, um pouco marginalizado, não se sintam afastados» [da sociedade].
O duque de Bragança
deu o exemplo de imigrantes de origem africaca, que «muitas vezes estão
um bocado segregados» e
exigem um «cuidado espe-
cial», e da comunidade cigana que vive em Portugal
«há séculos» e «continua
segregada».
«É necessário um trabalho positivo da nossa
parte, de apoio e de ajuda para que consigam ter
o seu papel na sociedade», defendeu.
D. Duarte referiu que
não basta praticar a solidariedade para com as pessoas que conhecemos e de
quem gostamos, é necessário também ser-se caridoso com aqueles que não
conhecemos e precisam de
ajuda. «A caridade é por
amor a Deus», disse.
O duque de Bragança
falava ao Diário do Minho à saída da Sé Catedral de Braga, onde participou, acompanhado da
esposa, D. Isabel de Herédia, numa missa, na qual
o Arcebispo de Braga apelou à unidade e à vivência dos valores que identificam a nação que, disse, «são de uma verdadeira identidade, uma matriz
própria».
No arranque da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, D. Jorge
Ortiga pediu aos fiéis que
não se limitem a assistir
«àquilo que os outros vão
fazendo ou construíndo»,
mas testemunhem os valores da Igreja e proponham
com «audácia» e «coragem» aquilo que hoje «faz
falta» a Portugal.
«O que faz falta a Portugal é essencialmente esta
realidade de determinados
valores que a Igreja foi sublinhando ao longo de toda
a história», disse o prelado na homilia, acrescentando que «só com a colaboração de todos conseguiremos um Portugal
mais justo, mais fraterno,
mais igual e fiel a si próprio e sobretudo digno de
uma história que é única
no mundo inteiro».
A Sé de Braga, onde estão sepultados o conde
D. Henrique e D. Teresa,
não recebia os duques de
Bragança há 17 anos, desde o batismo do seu filho
mais velho, Afonso.
O deão da Catedral, o
cónego José Paulo Abreu,
agradeceu a D. Duarte e
D. Isabel por terem participado no jantar em favor
das obras do Sameiro, na
Colunata do Bom Jesus,
e por se terem solidarizado por esta causa desde o
primeiro momento.
AVELINO LIMA
D. Jorge Ortiga diz que Portugal precisa dos valores preconizados pela Igreja Católica
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D. Duarte defende «cuidado especial» com imigrantes que vivem