Fábrica de Ferro São João de Ipanema: sua importância para o Exército Brasileiro na República Velha Sinomar Marques de Souza A Corte Portuguesa deixou a Europa rumo ao Brasil, no início do século XIX, em razão das Invasões Napoleônicas. Aqui, através de Carta-Régia, foi criada em 1810, o Estabelecimento Montanístico de Extração de Ferro das Minas de Sorocaba, mais tarde Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema. A Fábrica de Ferro de Ipanema sofreu, durante toda a sua existência, as injunções políticas de seu tempo e, conforme a época esteve sob a tutela ora do Ministério da Agricultura, ora do Ministério da Guerra. No início do século XX, foram encerradas pelo Congresso Nacional as atividades da citada Fábrica, marco importante que foi para o Exército Brasileiro (EB) pela fabricação de armamento em território nacional e mobilização fabril para o atendimento das necessidades logísticas da campanha do Paraguai. A história da Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, assim considerado o período em que esteve diretamente administrada pelo EB ou aqueles em que ele atuou em composição com outros setores da sociedade pode nos trazer ensinamentos valiosos. Com o poder nas mãos e um quadro de oficiais esclarecidos culturalmente, o que não era comum no século XIX, o EB não se empenhou junto ao Governo Federal pela continuidade das atividades fabris de Ipanema. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa. O estudo tem como objeto a administração da Real Fábrica de Ferro de São João do Ypanema desde o período em que esteve sob gestão do Exército Brasileiro, até a atual a gestão dos órgãos governamentais civis. Os objetivos foram: Identificar as novidades trazidas pela Corte Portuguesa à administração do sistema militar brasileiro; Esclarecer o papel do Tenente-General Carlos Antônio Napion para a administração militar brasileira; Analisar os motivos que levaram ao encerramento das atividades da Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema; Identificar qual o posicionamento (se estratégico ou político) do Exército Brasileiro frente ao fechamento da Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema. Por fim, propõe o autor, uma reflexão: “Como, em meio à dinâmica do século XXI, evitar semelhante depreciação do patrimônio público?” 1