OS BRASILEIROS NÃO
VÃO GUERRA
E QUANDO SÃO OS NOSSOS PROBLEMAS QUE
NOS ENFRENTAM?
Trata-se de um diálogo dramático entre pessoas da sociedade realista.
Cidadãos que possuem pequenos segredos, considerados perante as leis,
desconhecidos.
Segredos esses, que ao ser moralmente descobertos, tornam-se o maior alvo de
angústia e sofrimento.
Tratam-se de pessoas comuns, que tentam esconder seus crimes, mas olhos
atento e lentes captaram suas ações.
E quando é a sua vida que está em jogo, altera o mandamento?
E quando a caça vira um caçador, muda à fábula?
E quando é o destino que te trapaceia, não é relevante?
OS BRASILEIROS NÃO VÃO GUERRA
E QUANDO SÃO OS NOSSOS PROBLEMAS QUE NOS ENFRENTAM?
Curta-Metragem autocrítico, baseado na ação e escolhas do ser humano, na coincidência
de estruturas sociais, nos valores morais, e em suas regras naturais. Quando o Auter-ego
se torna o seu principal rival.
CENA I – EXTERNA/INTERNA - BANCA DE JORNAL / TARDE
Cenas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, ao fundo som de Televisão. O
relógio marca seis horas da tarde. Não há muitas pessoas na rua, mas há um
movimento muito grande de carros em um congestionamento. DONA FILÓ faz
tricô assistindo o noticiário, dentro de uma banca de jornal.
TELEVISÃO
Plantão de ultima hora: Com a greve da Policia Militar que já duram quatro
dias, os crimes e arrastões estão aumentando. O Prefeito anuncia que a
cidade inteira do Rio de Janeiro está em alerta e aconselha que as pessoas
não saiam de casa, que lojas e comércios fechem as portas mais cedo. E no
meio de todo esse caos, os faróis da cidade ainda estão defeituosos,
causando grande congestionamento na cidade. Ainda não se sabe qual o
motivo da pane, nem como se sucedeu. Maiores informações no Jornal da
Noite, ou a qualquer momento no Plantão de Ultima Hora. Boa Noite.
Aparece alguém de capa preta e mochila na banca de Jornal, acena para
DONA FILÓ , entra e passa a olhar uns HQs da prateleira. Em seguida entra
PATRÍCIA.
PATRÍCIA
Boa Noite Dona Filó! Recebi seu recado sobre as Revistas, vim buscá-las!
DONA FILÓ
Boa Noite! Mas que revistas?
PATRÍCIA
A Revista Pesquisas de Mercado, minha secretária falou que a senhora
queria me entregar pessoalmente, hoje as 18:00 horas.
DONA FILÓ foi interrompida com a chegada de SEBASTIANA.
SEBASTIANA
A senhora é a Dona Filó? Vim entregar a Comida Japonesa que a senhora
pediu?
DONA FILÓ
Comida Japonesa? Mas não pedi nenhuma comida. Deve haver um engano.
SEBASTIANA
Recebi seu recado hoje de manhã, pedindo que eu entregasse aqui as
18:00hs. Já está pago. Aqui diz Banca Alto de Copacabana.
DONA FILÓ
Não estou entendendo nada. Quem pagou?
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SEBASTIANA foi interrompida com a chegada de CLEBER, FÁBIO E AQUILES.
CLEBER
A senhora é a Dona Filó? Viemos entregar o ramo de flores que a senhora
pediu na Floricultura!
DONA FILÓ
Flores? Meu Deus! Não pedi nada! Não sei o que está acontecendo.
PATRÍCIA
Bom! Dona Filó, se a senhora não tem as revistas ainda, vou embora.
Difícil vai ser encontrar um taxi nesse trânsito. (pega o celular e faz
uma ligação)
SEBASTIANA
Bom! A comida já está entregue! Também vou indo!
AQUILES
Dona Filó! Recebi um recado seu na escola, pra eu vir buscar o Livro
Prisão Social, só não sei como à senhora sabia que estava querendo esse
livro.
DONA FILÓ
Gente pelo amor de Deus! Quem deu esses recados? Não fui eu, não pedi
nada. Deve está havendo alguma confusão aqui.
AQUILES
Bom, a secretaria da escola me avisou que a senhora havia ligado,
informando do livro, e que eu viesse buscar hoje as 18:00hs. Bom mas se a
senhora não tem esse livro, Então eu vou indo.
Todos vão em direção à saída, mas o homem que estava de capa preta aparece
na frente de todos e abre a capa, mostrando uma bomba colado ao corpo. Há
um pequeno artefato preto, com uma pequena luz vermelha que pisca
constantemente. Todos assustam.
TOBIAS
Não quero ver ninguém saindo daqui. Todos vão para trás! Anda!
Ele vira-se e baixa uma das portas da banca.
FABIO
Ele é um homem-bomba!
SEBASTIANA
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Ai meu Deus!
TOBIAS
Calados, para trás! Falta só mais um! Onde será que ele está?
PATRÍCIA
Falta mais um? Mais um o que? O que vai fazer?
TOBIAS
Já mandei ficarem calados! Não viram que isso aqui é uma bomba e a
qualquer momento, posso simplesmente explodi-los?
DONA FILÓ
Pelo amor de Deus moço, não faz isso.
Logo chega SR. WILSON
SR. WILSON
Filó! Mandou me chamar? Minha mulher disse que que gostaria de falar
comigo!
DONA FILÓ não responde, ele estranha todos estarem no canto da banca, as
mulheres chorando, até que percebe a presença de TOBIAS, e logo tenta
sair. Mas ele puxa-o pelo braço.
TOBIAS
O senhor não vai a lugar algum seu Wilson. Finalmente agora sim estão
todos reunidos.
DONA FILÓ
Todos? Então foi você que chamou todos aqui? O que quer?
PATRÍCIA
É dinheiro? Posso dar quanto quiser!
TOBIAS
Não quero nada. Cale-se.
SR. WILSON
Rapaz o que pensa que está fazendo? Como sabe meu nome? O que quer de mim?
SEBASTIANA
Por favor, me deixa sair, tenho um filho pequeno!
TOBIAS
Calem-se! Ou estouro os miolos de todos vocês!
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DONA FILÓ
O que você quer?
TOBIAS
Calma, Dona Filó. Ainda não está na hora! Logo mais direi tudo do que se
trata.
DONNA FILÓ
Moço por favor, não me mate!
TOBIAS
Não se preocupe Dona Filó, com a senhora não quero nada, pode ficar calma.
A senhora pode sair, vá embora. Já tenho todos que preciso! Pode ir.
DONA FILÓ caminha em direção a porta! Antes de cruzar TOBIAS fala:
TOBIAS
Eu sei que irá chamar a polícia Dona Filó, e é justamente por isso que
estou deixando a senhora ir. Quero que a senhora chame a polícia, e se
possível alguma emissora de tv. Quero que muitos presencie o que irá
acontecer aqui hoje!
DONA FILÓ sai.
CLEBER
Você vai nos matar é? O que a gente fez pra você cara?
TOBIAS acende um cigarro, caminha do lado a outro, dar umas risadas às
vezes. Olha o relógio.
CENA II – EXTERNA – DELEGACIA/NOITE
DONA FILÓ aparece desesperada entrando em uma delegacia, contando do
atentado de TOBIAS. Logo em seguida mostra o delegado chamando reforços e
o esquadrão antibomba.
CENA III – INTERNA –BANCA DE JORNAL/NOITE
Todos estão ainda no chão, e TOBIAS está fumando aflito. O celular de
Patrícia toca, ele vai até ela.
TOBIAS
Me dê o telefone?
PATRICIA
Por favor é meu marido, deve está preocupado, deixe-me acalmá-lo!
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TOBIAS
Já pedi pra me entregar.
Ela entrega, e ele atende o celular.
TOBIAS
Alô Fernando? Não, você não me conhece, ela está aqui, mas ela não vai
voltar pra casa não, talvez ela nem volte mais. Calma Fernando! Você logo
saberá o que está acontecendo. Fique tranquilo. Nós estamos na Avenida
Copacabana, se quiser vir pra acompanhar o show. Falou.
PATRÍCIA
Canalha, como sabe o nome do meu marido?
TOBIAS
Patrícia, Patrícia, eu sei muito mais do que vocês pensam, sei mais da
vida de cada um que a própria família de vocês! Sebastiana, Cleber,
Aquiles, Fabio e Sr. Wilson. Só aguardar um pouco mais que irão saber
AQUILES
Moço, por favor não fiz nada! Me solte!
TOBIAS
Mas que saco! Fiquem todos quietos! As mulheres ai amarrem as mãos dos
homens.
Tirando umas cordas da sua mochila, e entregando-as. SEBASTIANA amarra
FABIO, logo depois CLEBER. PATRÍCIA amarra AQUILES, em seguida SR.
WILSON.
TOBIAS
Você amarra ela! (pedindo para que SEBASTIANA amarre PATRÍCIA, em seguida
ele pega uma corda e amarra as mãos de SEBASTIANA).
TOBIAS
Agora sim, todos estão bem melhor! Assim que eu gosto! E parem de chorar,
suas crianças!
SR. WILSON
Por que está fazendo isso rapaz? Pelo amor de Deus, todos nós temos
família!
TOBIAS
Eu sei! Já falei Sr. Wilson, sei da vida de cada um aqui! Como a vida
reservas surpresas né?
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AQUILES
E o que você quer de nós? Nos matar? Por que?
TOBIAS
Acalme-se Aquiles! Por que estão tão afoito? Na hora certa saberão, na
hora certa todo mundo saberá! Mas já está demorando!
TOBIAS olha o relógio, mostra-se aflito.
CENA IV – EXTERNA – RUA/NOITE
Policiais, já se posicionando, o esquadrão antibomba já a postos, e uma
emissora de tevê já transmitindo o atentado. O delegado ASSIS, pega um
megafone. Vários curiosos começam a fecharr a rua
ASSIS
Atenção, a banca de jornal já está cercada. Não queremos que aconteça
nenhuma tragédia aqui. Peço que liberte os reféns. Fale o que você quer.
TOBIAS
O show vai começar!
TOBIAS vai até a porta, e abre a jaqueta e mostrar os dispositivos
explosivos. Tira um celular do bolso e disca. O celular de um dos agentes
da polícia toca, ele olha, está em um numero confidencial, ele recusa.
TOBIA faz sinal para que ele atenda o celular e disca novamente. O
delegado atende.
ASSIS
Alô?
TOBIAS
Tudo bem delegado Assis?
ASSIS
Quem é você? Como tem meu numero, e sabe meu nome?
TOBIAS
Sei de muito mais que você possa imaginar
ASSIS
Diga o que você quer pra libertar os reféns?
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TOBIAS
Quero apenas uma coisa, que televisão fique bem atenta pra tudo que eu vou
falar. Tenho muitas coisas pra revelar. Peça para focar na porta da
banca, e chegar o mais perto possível!
ASSIS
O que vai fazer?
TOBIAS
Não se preocupe delegado, pretendo não machucar ninguém aqui, mas faça o
que eu peço, e pode ser que todos saiam sem nenhum sequer arranhão. Caso
contrário, explodirei tudo aqui e quem mais estiver perto.
DELEGADO
Não faça isso!
TOBIAS
Então faça o que eu peço.
CENA V – EXTERNA/RUA – NOITE
O delegado vai até a repórter e a pede para posicionar a câmera na banca,
para o pronunciamento. TOBIAS observa. Delegado Assis fala ao megafone.
ASSIS
Pronto rapaz! Pode falar!
TOBIAS liga a tevê, repara que eles estão ao vivo no noticiário. Olha para
cada um dos reféns. Pega SEBASTIANA pelo braço, leva até a porta, e a
ajoelha. Pega um a arma e mira na cabeça dela. Ela começa chorar.
DELEGADO
Não faça isso! Pare!
TOBIAS
Calma delegado! Eu só vou machuca-la se ela não falar!
SEBASTIANA
Falar o que? Pelo amor de Deus, tenho um filho!
TOBIAS
Calma me deixa apresenta-la! Essa aqui delegado, é Sebastiana, vendedora
de comida japonesa, aparentemente uma pessoa normal, mas com um único
defeito, só te peço a verdade Sebastiana! Conte olhando para aquela
câmera, o que você fez na madrugada de domingo do dia 02 de fevereiro?
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SEBASTIANA
Eu não sei! Eu não me lembro, por favor não me mate!
TOBIAS
Mentira! Conte pra todo mundo, o que você jogou no lixo da Rua Couto na
Penha?
CENA VI – EXTERNA - RUA/NOITE
Cena Flash Back, SEBASTIANA caminha pela Rua Couto, carregando um embrulho
em sacolas plásticas, ao chegar em um latão de lixo, ela olha para os dois
lados, e joga o embrulho no lixo, e rapidamente sai.
CENA VII – INTERNA – BANCA/NOITE
SEBASTIANA chorando, ainda abaixada de joelhos, com TOBIAS apontando a
arma.
TOBIAS
Conta Sebastiana! Conta pra todo mundo o que você jogou no lixo!
SEBASTIANA
Por favor! Eu não sei!
ASSIS
Largue a arma!
TOBIAS
Confessa, ou eu atiro! Já estou sem paciência! Conta!
SEBASTIANA
Tudo bem, mas, por favor, não me mate!
TOBIAS
Então conte tudo!
SEBASTIANA
Naquele dia, eu tinha dado a luz a uma filha que não desejei, coloquei ela
em uma sacola plástica e joguei no lixo! Eu não podia cria-la!
TOBIAS
Você matou sua filha sabia?
dom pra esta desgraçada ter
a vida da criança! Jogando
fez isso? É por que você
Tirou uma vida! Eu não entendo como Deus, dá o
filhos, e ela simplesmente acha que pode tirar
no lixo, como um brinquedo. Sabe por que você
já nasceu Desgraçada! Assassina! Está vendo
delegado?
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AGENTE
Rua Couto delegado é aquele caso na Penha, de uma criança recém-nascida
que foi encontrada morta no lixo, e a mãe não foi localizada!
ASSIS
Vá verificar se essa mulher é realmente quem ele falou!
TOBIAS
Calma delegado, tem mais!
Ele leva SEBASTIANA de volta para o fundo da banca, puxa SR. WILSON e
também ajoelha-o no chão, posiciona a arma na cabeça dele.
TOBIAS
Se colaborar, também não farei nada com senhor. Esse aqui é o Sr. Wilson,
casado com Dona Abigail que é cega, agora o que isso tem haver? Conte a
eles como Dona Abigail ficou cega dos dois olhos?
SR. WILSON
Foi um acidente de carro que ela sofreu!
TOBIAS
Mentira! É melhor contar a verdade! Fala!
SR. WILSON
Fui eu! Eu a ceguei!
TOBIAS
Com o que? Conta!
SR. WILSON
Com um garfo!
TOBIAS
Infeliz! Agora conte o que o senhor faz com ela todos os dias que chega em
sua casa?
SR. WILSON
Nada! Não faço nada!
TOBIAS
Eu acho que vou matar o senhor, se não falar logo!
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SR. WILSON
Eu a espanco! Todos os dias!
TOBIAS
Mesmo ela pedindo pro senhor parar?
SR. WILSON
Eu contínuo! Só paro quando a vejo no chão!
TOBIAS
E sabe quantos anos tem a mulher dele delegado? 68, isso mesmo 68, o que
uma senhora poderia fazer de mau prum cafajeste como esse? Ela nem sequer
enxerga! E sabe por que ela não o denunciou? Por medo!
CENA VIII – INTERNA – CASA DE DONA ABIGAIL – NOITE
DONA ABÍGAIL está em casa com a televisão ligada, chora ao ouvir o
depoimento do marido.
CENA IX – EXTERNA –RUA /NOITE
ASSIS conversa com seu AGENTE.
AGENTE
Esse cara é maluco?
ASSIS
Não sei, parece que está fazendo isso só pra contar os pecados dos outros!
AGENTE
Mas o que o que ele quer? O que vai ganhar com isso? Voto de santidade?
ASSIS
Preciso descobrir como ele sabe da vida dessas pessoas!
AGENTE
Mas se ele estiver obrigando essas pessoas a falar isso!
ASSIS
Não sei, já descobriu quem é ele? E quem são os reféns?
AGENTE
Não ainda não, mas estamos correndo atrás!
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TOBIAS
Muito bem! Tem mais senhor delegado!
TOBIAS leva SR. WILSON para o fundo, e trás PATRÍCIA que se esperneia.
Coloca a arma em sua cabeça.
TOBIAS
Já sabe o esquema né? Só contar o que pedir e nada te acontece!
PATRÍCIA
O que você quer? Não tenho nada pra contar!
TOBIAS
Ah tem! Essa aqui é Patrícia Felix, empresária do grupo EIXO, casada com
Fernando Felix que é o presidente da empresa. Agora fala qual foi seu
trato com os traficantes Paulo e Júlio no começo do ano? O que pediu pra
eles?
FERNANDO chegou a Avenida Copacabana e desespera-se ao ver PATRÍCIA de
joelhos amarrada. Tenta ultrapassar a faixa de segurança!
FERNANDO
É minha mulher! Por favor, me deixe entrar!
ASSIS
É sua esposa?
FERNANDO
Sim!
ASSIS
Sinto muito, só nos resta esperar! Estamos tentando a negociação.
TOBIAS
Conta Patrícia, conta o que você pediu!
PATRÍCIA
Pelo amor de Deus, não faça isso!
TOBIAS
Conte ou eu vou atirar!
FERNANDO
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Não! (grita)
TOBIAS
Olha, isso está melhor do que eu pensava! Que bom está a aqui Fernando,
Patrícia tem algo a te contar! Conte a ele, o que você fez! Anda!
PATRÍCIA
Por favor! Não posso fazer isso!
TOBIAS
Conte!
PATRÍCIA
Eu mandei mata-lo! Contratei Paulo e Júlio pra matá-lo! Desculpe amor!
FERNANDO
Mandou me matar?
TOBIAS
Isso mesmo Fernando, aquele atentado que sofreu no começo do ano. Não foi
assalto! Sua incrível e amada mulher mandou te matar! Pena que não deu
certo né? Sabe o que não entendo? Está nos mandamentos de Deus: Amar ao
próximo como a nós mesmo! Essa desgraçada não tem nem amor a si mesma,
como pode amar o seu marido? Quer saber por que ela mandou te matar?
TOBIAS
Fala pra ele, por quê?
PATRÍCIA
Foi por dinheiro amor. Mas eu estou arrependida, me desculpe!
TOBIAS
Arrependida? Hahaha Faz me rir! Agora está arrependida? Desgraçada! Vamos
ao próximo delegado. Quem eu vou escolher agora?
TOBIAS leva PATRÍCIA para o fundo.
CENA X – EXTERNA – RUA/ NOITE
Delegado conversa com FERNANDO.
FERNANDO
Minha própria mulher mandou me matar!
ASSIS
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Realmente o senhor sofreu um atentado?
FERNANDO
Sim no começo do ano, mas eu achava que tinha sido um assalto! E como ele
sabe disso tudo? Como ele sabe que ela mandou me matar?
É interrompido pelo AGENTE.
AGENTE
Delegado, já descobrimos quem ele é? O nome dele é TOBIAS RODOLFO GRAMADO,
é Policial e trabalha no monitoramento de câmeras de vigilância da cidade
do Rio de Janeiro.
ASSIS
Então já sei como ele descobriu os crimes dessas pessoas. E os reféns já
sabem quem são?
AGENTE
Sim, com a ajuda de DONA FILÓ já identificamos todos! A primeira senhora
do caso do bebê, é Sebastiana Pereira Gonçalves, vendedora de comida
japonesa, tem um registro de parto na Casa de Saúde e Maternidade Nossa
Senhora da Penha em fevereiro. O senhor se chama Wilson Perez, não tem
nenhuma passagem. A suposta mandante do assassinato do marido é Patrícia
Felix Sanches, empresaria que trabalha no Grupo EIXO, na qual o marido é o
Presidente! Os adolescentes são Cleber Machado e Fabio Rodrigues,
adolescentes aparentemente normais, trabalham em uma floricultura e também
não possuem passagem! O outro rapaz que está lá dentro se chama Aquiles
Ventura, é professor de Filosofia da Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais. Sem passagem, é um ótimo professor, sinceramente acho que esse
não tem algum crime sequer.
ASSIS
Espere, primeiro precisamos descobrir se tudo isso que eles estão falando
é verdade!
AGENTE
Mas e depois? E depois que todos forem desmascarados? E se ele atirar, ou
mesmo, acionar essa bomba dele?
ASSIS
Não acredito muito nisso! Mas precisamos ficar atento, ao que tudo mostra
que ele só quer expor os crimes dessas pessoas!
CENA XI – INTERNA – BANCA/ NOITE
TOBIAS olha pros reféns, dar uma risada.
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TOBIAS
Que coisa ridícula né? Estão presos aqui, por causa dos seus próprios
crimes. Quem eu vou escolher agora, vocês dois.
Ele leva FABIO e CLEBER para à frente novamente mira a arma.
ASSIS
Já chega Rapaz, liberte os reféns!
TOBIAS
Logo agora que todo Brasil já entendeu o esquema!
ASSIS
Vamos parar com a brincadeira!
TOBIAS
Brincadeira? Brincadeira é o que esse dois infelizes fizeram, uma
brincadeira de muito mau gosto! Este é Cleber, trabalha na floricultura da
mãe, Fabio é primo e também trabalha na floricultura. Os dois fazem tudo
juntos, contem a ele o que vocês fizeram na Praça Quinze de Novembro, no
dia 22 de Maio, assim que saíram da floricultura!
FABIO
Eu não sei!
TOBIAS
Mentira! Contem.
CENA XII – EXTERNA RUA – NOITE
Cena Flash Back de FABIO e CLEBER saindo da Floricultura, com um vidro de
álcool cada. Ao passar pela Praça Quinze de Novembro, encontram um mendigo
dormindo na praça. Fabio joga o álcool sobre o mendigo, enquanto Cleber
risca o fósforo, rapidamente os dois saem dali correndo. O mendigo levanta
atordoado, gritando, até ser ajudado por umas pessoas na rua. As pessoas
tentam apagar o fogo, e aos poucos as chamas vão baixando, enquanto os
dois estão vendo tudo de longe, rindo.
TOBIAS
Contem!
FABIO
Por favor, não fizemos nada!
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TOBIAS
Por que todo mundo insiste em negar! Porra, todo mundo já sabe que cada um
aqui cometeu crime, por que não confessam logo!
CLEBER
Mas não sei do que está falando!
TOBIAS
Que droga! Eu já estou ficando nervoso!
Ele dá um tapa na cabeça de FABIO
ASSIS
Já chega! Isso está indo longe demais!
TOBIAS
Calma! Eles já vão falar né? Falem!
CLEBER
Nós incendiamos um morador de rua! Ele estava deitado na praça, jogamos
álcool e riscamos um fósforo! Mas foi só uma brincadeira! Não queríamos
que nada de grave acontecesse!
TOBIAS
Nada de grave! Vocês tocaram fogo em uma pessoa! Ele ficou com 40% do
corpo queimado, com queimaduras de 3º grau! Agora imaginem como vive esse
senhor agora? Morando na rua e queimado! Vocês não tem coração! São dois
monstros! Dá até agonia ouvir tudo isso né delegado? Isso tudo me dá um
desgosto da raça humana! Como podem tão frios?
ASSIS
Tobias, já chega, já entendemos o que você fez! Agora solte-os e deixe que
nós cuidemos disso!
TOBIAS
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Não delegado! Quero que o Brasil inteiro veja, que o criminoso aqui não
sou eu! E sim todos esses marginais e assassinos que circulam pela rua
tranquilamente, pessoas que nem sequer pisaram numa delegacia! São esse os
criminosos, pessoas que nunca imaginaríamos que cometessem tais crimes,
crimes esses que nem a polícia conseguiu acha-los! Mas eu estou de olho em
todo mundo! Estou de olho nos pecados de todo mundo. Tem muito mais viu
delegado, muito mais nessa cidade hipócrita de criminosos que se julgam
inocente.
ASSIS
Nós sabemos Tobias, agora se entregue! Deixe que cuidemos agora!
TOBIAS
O senhor não entende não é delegado? Não imagina o quanto ver isso nas
câmeras da cidade me causam sofrimento. Como é dolorido ver o quanto
sofrem as vítimas desses imundos! As vezes dá vontade de matar todos aqui!
ASSIS
Acalme-se Tobias, eu entendo sim!
TOBIAS
Então me deixe terminar, por que já está me enchendo a paciência! Planejei
tudo isso pra sair tudo nos conformes, para de tentar me atrapalhar! Vou
trazer o ultimo.
TOBIAS leva os garotos para o fundo e trás AQUILES.
TOBIAS
Está vendo esse delegado? É um dos mais conceituado professor de filosofia
do Rio de Janeiro! Aquiles Ventura, é um senhor influente, inteligente. Ai
vocês me perguntam qual o crime dele? O que esse homem fez para mim é um
dos piores crimes que alguém pode fazer! Pra todos aqui isso pode não ser
nada. No mês passado, esse homem deveria ter sido internado com quadro de
depressão crônica! Mas em vez disso o sabe o que ele fez? Tentou suicídio,
tentou se matar! Com uma mãe ou um pai que criou o filho com muito
carinho, recebe a notícia que o filho tentou se matar. Como alguém que tem
a dádiva de viver, resolve simplesmente tirar a vida?
TOBIAS
Conta se é verdade ou não?
AQUILES
É verdade! Mas eu não consegui! Eu não via mais motivo pra viver! Cansei
dessa vida, cansei desse mundo! Eu queria fugir disso tudo!
TOBIAS
Se matando! Mas hoje Aquiles, eu vim realizar o seu desejo! Vai com deus!
ASSIS
Não faça isso! Você também não tem o direito de tirar a vida de ninguém!
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SE QUISER SABER O FINAL PARA ESTUDOS OU POSSIVEIS FILMAGEM/DIVULGAÇÃO
DESSE TEXTO.
FAVOR ENTRAR EM CONTATO NO E-MAIL:
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17
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