IGREJA EPISCOPAL CARISMÁTICA DO BRASIL PARÓQUIA DA VITÓRIA ENVANGÉLICOS EM CRISE – A CRISE DA PROSPERIDADE Texto básico: Lucas 12.13-21 INTRODUÇÃO: Teologia da prosperidade é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. O problema não está na prosperidade, mas na teologia. Para a teologia da prosperidade, o crente "deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando isso não acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de Satanás", explicou o pastor da Igreja da Trindade, Paulo Romeiro. O pioneiro desse movimento foi o estadunidense E. W. Kenyon, enquanto o maior divulgador foi Kenneth Hagin, que influenciou a muitos pregadores nos Estados Unidos que ganharam reconhecimento mundial, como Kenneth Copeland, Benny Hinn, David (Paul) Yonggi Cho, entre outros. Ao longo dos anos essa doutrina foi abraçada principalmente por igrejas neo-pentecostais. No Brasil, as maiores igrejas desse movimento são a Igreja Universal do Reino de Deus, do Bispo Macedo, a Igreja Internacional da Graça de Deus, do Missionário R.R. Soares, a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo Apóstolo Waldemiro Santiago, também dissidente da Igreja Universal, a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Silas Malafaia, entre tantas outras. I – PROSPERIDADE: SIM OU NÃO?– É preciso ser dito que não sou, de forma alguma, contra a prosperidade financeira do cristão ou de qualquer outra pessoa, pois a vida cristã pode trazer e sem dúvida tem trazido bênçãos materiais para muitos. Não tenho a menor pretensão de sair por aí pregando que, por onde eu passar, os irmãos venham a perder suas casas e carros e que empobreçam. Nunca fiz uma apologia da pobreza. Por outro lado, é preciso parar com esse discurso de que pobreza é do diabo, que é maldição. Jesus nunca disse isso, e isto nem reflete a teologia bíblica. Se fôssemos medir a vida espiritual de alguém pelo tamanho de sua conta bancária, pelo carro que possui ou pela mansão onde mora, poderíamos facilmente concluir que Fernandinho Beira Mar, muitos políticos do Brasil, muitos jogadores de futebol e artistas têm uma comunhão com Deus fora do comum. Estou convicto de que o caminho não é por aí. Creio que quando uma pessoa tem um encontro de salvação com Cristo, o que envolve paz, alegria e libertação, ela pode receber também saúde física e progresso financeiro. É muito gratificante ver a transformação espiritual, social e econômica de uma pessoa ou de uma família que foi tocada pelo Evangelho. Quando isso acontece, só nos resta agradecer a Deus o seu dom inefável e o cuidado que ele tem com seus filhos e continuar orando para que mais e mais pessoas sejam abençoadas da mesma forma. O grande problema da Teologia da Prosperidade não é a prosperidade, mas a teologia, que contém doutrinas heréticas no seu bojo, chegando às raias da blasfêmia. Isto não deveria preocupar um cristão sensato? Creio que ninguém precisa abraçar heresias a fim de viver grandes experiências com Deus. A Bíblia diz que Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários (At 19.11). Nem por isso Paulo abandonou o equilíbrio teológico para que os mesmos acontecessem. Por que muitos insistem em fazer de forma diferente hoje? Alguém já disse que o dinheiro pode tanto ser um ótimo empregado quanto um péssimo patrão. Infelizmente, há aqueles que, quando enriquecem, querem se tornar independentes de Deus. Não creio que seja da vontade de Deus prover opulência a alguém incapaz de fazer bom uso dela, que não venha a ser um bom mordomo das bênçãos de Deus. II – A FÓRMULA DA FÉ – Essa desgraçada teologia ensina aos seus seguidores a “fórmula da fé”, que é a seguinte: a) Diga a coisa: você determina, e o milagre acontece. Podemos determinar, em dado momento, algo que seja bom aos nossos olhos, mas que futuramente poderá nos trazer más consequências, por não sermos oniscientes (Pv 14.12). O cristão sensato deve seguir os ensinamentos de Cristo (Mc 14.36; Mt 6.10). Mas a teologia da prosperidade ensina que tais palavras enfraquecem a fé, sendo necessário utilizar-se de termos fortes, como: ORDENO, DETERMINO e DECRETO. Muitos seguidores dessa teologia têm enfrentado inúmeras dificuldades e humilhação, simplesmente por não seguirem as orientações dadas em Tiago 4.10; b) Faça a coisa: de acordo com a sua ação, você recebe ou deixa de receber a bênção. É correto e coerente que corramos e façamos as coisas certas, todavia, as coisas só acontecem no tempo de Deus. Faz-se necessário esperar a ação de Deus (Sl 40.1); c) Receba a coisa: basta que, por meio da fé, se estabeleça ligação com o céu e a coisa será dada. A fé não é para se barganhar com Deus ou conquistar coisas materiais, mas para a salvação e ao agrado de Deus (Hb 11.6); d) Conte a coisa: os outros precisam saber, para que possam também acreditar. É verdade que as bênçãos de Deus devem ser contadas aos quatro cantos do mundo, mas o seu propósito é glorificar e honrar a Deus. Infelizmente, muitos têm usado a propaganda da bênção recebida como forma de atrair um público cada vez maior à sua igreja. Precisamos sim de bênção materiais, de saúde e prosperidade, porém isso são conquistas que se limitam à vida terrena. E quando morrermos? A esse respeito, Jesus foi enfático: “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20). Portanto, direcionar a vida somente pelo lado material é, no mínimo, uma tolice. CONCLUSÃO - Como é possível crer que o significado da vida é feito de bens e posses; de poderes e cargos importantes; de superioridade sobre os demais por se ser “filho do Rei”; crer que Deus responde ao dinheiro muito mais do que a uma oração quebrantada; e entender prosperidade como algo a ser medido por conquistas materiais – e não colocar o coração em poder/ter e em “ser alguém” porque se tem poderes ou posses? Simplesmente é impossível confessar tais coisas, e pensar que o resultado e o significado podem ser diferentes. Sim, porque cada um fica do tamanho do seu ídolo-teológico; e também cada um se torna a imagem de sua própria confissão com a boca. Esses senhores da prosperidade são filhos da avareza, que é idolatria, posto que só se ocupam das coisas desta vida. Paulo diria que o “Deus deles é o seu próprio ventre”. A tal “Prosperidade Idólatra e Materialista”, além de ser total perversão da mensagem e sentido do Evangelho Eterno, acontece também, entre outros fatores, em razão do complexo de inferioridade da “igreja”; e também em razão de que a maioria dos proponentes de tal “teologia”, quase sempre, são pessoas de origem simples, e que viveram na pobreza, ou que não tiveram muita instrução, ou que viram na “igreja” o melhor negócio de suas vidas. Afinal, que negócio é mais lucrativo na Terra do que a religião? Veja: Não dá nada pra ninguém e recebe de todos; não vende nada material, mas recolhe dinheiro como quem vendeu diamantes invisíveis; não investe em produção, mas ganha muito como indústria de promessas de milagres; não tem que manufaturar nada, pois apenas tem que manipular tudo; não tem que convencer ninguém de nada, posto que, pela pobreza, pelo medo, e pela infelicidade da existência, tais indivíduos, os “fiéis”, já compraram o “pacote” como quem compra o poder de um “despacho”. Enquanto os “evangélicos” não pararem de ouvir somente os “pastores”, e passarem a ler de fato a Bíblia que apenas carregam como amuleto divino em baixo do braço, o paganismo reinará na “igreja”. O povo perece sempre por falta de conhecimento de Deus e da Palavra! PARA REFLEXÃO: 1. Você acredita que os crentes das favelas, que vivem em lugares paupérrimos, comem apenas uma vez ao dia e ainda rendem graças a Deus, são pessoas amaldiçoadas e esquecidas por Deus? 2. Você acha que o nosso Deus é um Deus toma-lá dá-cá ou é um Deus justo e verdadeiro? 3. Você já parou para pensar que o desejo de riquezas imediatas dentro das igrejas está tirando o desejo do cristão de ter intimidade com Deus e querer agradá-lo?