Que negócio é esse nos falares mineiros?
Josimeire Lourdes de Souza
Orientador: Prof. Eduardo Tadeu Roque Amaral
Projeto O uso de nomes gerais nos falares mineiros
Página web: www.letras.ufmg.br/nomesgerais
Faculdade de Letras - Universidade Federal de Minas Gerais
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Objetivo e Metodologia
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O presente trabalho pretende observar as ocorrências de negócio como nome geral nos falares mineiros.
Para tanto, analisar-se-á seu comportamento fórico na coesão textual.
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Os dados utilizados para análise da lexia foram retirados de transcrições de gravações realizadas nos
municípios mineiros de Caeté, Campanha, Minas Novas e Paracatu, cujos informantes foram
selecionados segundo diferentes classificações etárias e níveis de escolaridade. Tais corpora são
pertencentes ao projeto “O uso de nomes gerais nos falares mineiros”.
Fundamentação teórica
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Por nome geral, segundo proposta de Halliday e Hasan (1976), entendem-se os casos que são limites
entre itens gramaticais e lexicais com sentido generalizado.
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A proposta desses autores busca perceber como esses itens se comportam na coesão textual. Eles
sugerem que tais itens funcionam anaforicamente, recuperando um grande número de informações.
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A sintaxe oral, como lembra Mondada e Dubois (2003), é marcada por buscas lexicais, caracterizando o
que chamam de “planificação imediata da sintaxe oral”. Assim, os locutores falam o que lhes surge
primeiro ao espírito, em decorrência de planejar e verbalizar ocorrerem quase simultaneamente na fala.
Portanto, a partir disso, também é possível entender a ocorrência do nome genérico negócio na língua
falada. Pois, por questões cognitivas, conforme aponta Koch (2004), é mais fácil recorrer a um termo que
estaria mais acessível, do que a um termo mais específico.
Análise dos dados
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O uso de negócio conforme apontado por Koch (2004) pode ser exemplificado nos exemplos abaixo:
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(3) “isquici cumé que é o nome da dona que faz nos negoço... de barro... isquici mesmo o nome.”
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(4) “e[le] trabalhou boba... trabalho com jovem trabalho na comunidade sabe ele mexeu com... Oh, meu
Deus, comé que chama os negoço que e[le] tabalhou, gente?, i fugiu...”
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Já as ocorrências de negócio como catáfora (1) e anáfora (2) são exemplificadas abaixo:
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(1) “aí saiu aque[le] negó[cio] da pastoral da criança, né?... Aí até tia N mãe do N (que) comprô pra mim o
livro... o livrim de medicina natural... “
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(2) “lá em casa tinha um/um negócio... intão quand[o] a lua tava bunita era principalmente que esse negócio
apresentava... ma[s] só que cê num via”.
Conclusão
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Portanto, a partir desses exemplos, nota-se que os falantes utilizam o item lexical negócio como estratégia
para continuidade da progressão textual. Assim, é responsável pela introdução de referentes novos na
conversação. Dessa forma, funciona como fator de direcionamento e organização da estrutura do texto.
Referências Bibliográficas
HALLIDAY, M.A.K.; HASAN, R. Cohesion in English. 14. ed. London / New York: Longman, 1995 [1976].
KOCH, I.G.V. Sobre a seleção do núcleo das formas nominais anafóricas na progressão referencial. In: NEGRI, Lígia; FOLTRAN,
Maria J.; OLIVEIRA, R. P. (orgs.). Sentido e significação: em torno da obra de Rodolfo Ilari. São Paulo: Contexto, 2004. p. 244-262.
MONDADA, L.; DUBOIS, D. Construção dos objetos de discurso e categorização: Uma abordagem dos processos de referenciação. In:
CAVALCANTE, Mônica M.; RODRIGUES, Bernadete B.; CIULLA, Alena. (orgs.). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 17-52.
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