Tema:
Crianças
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
DE
LHO NA IMAGEM
(Bill Watterson. Os dias estão simplesmente lotados. São Paulo: Best News, 1995. v. 1, p. 39.)
Para facilitar a resolução do exercício, numere os quadrinhos de 1 a 8.
1. A tira de Bill Watterson explora a imaginação da personagem Calvin, opondo a fantasia do garoto
à realidade.
a) Em quais quadrinhos Calvin está no mundo real? Nos quadrinhos 1, 2 e 8.
b) Em quais ele está vivendo a pura fantasia? Nos demais: 3, 4, 5, 6 e 7.
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2. Observe que, a partir do terceiro quadrinho, a escada por onde Calvin sobe se modifica. Ela deixa
de ter a forma de uma escada de escorregador e transforma-se numa escada magirus, do tipo
utilizado por bombeiros para fazer salvamentos em lugares altos. Por que você acha que houve
essa transformação da escada, do quadrinho 2 para o quadrinho 3?
Devido à imaginação de Calvin, que, ao subir a escada, tem
a sensação de que está cada vez mais alto, como se subisse
por uma magirus.
3. Repare nas expressões de Calvin nos quadrinhos 3 e 4. O que a personagem parece estar sentindo?
4. Observe a paisagem que Calvin avista do alto da escada, no penúltimo quadrinho. Qual a sensação que ele deve estar tendo nesse momento? A sensação de estar no espaço, avistando de longe o solo da Terra.
5. A tira de Bill Watterson é uma narrativa construída quase exclusivamente com imagens. O que
será que Calvin estava pensando em cada um dos quadrinhos? Escreva em seu caderno o pensamento que, na sua opinião, a personagem teve em cada uma das situações.
As respostas são pessoais, mas convém observar se os alunos perceberam que a personagem foi tomada pelas sensações de espanto e medo. Esse é um exercício importante para desenvolver
a capacidade de levantar hipóteses e perceber a coerência na narrativa.
6. Pode-se dizer que essa é uma tira de humor.
a) Qual dos quadrinhos provoca o riso? O último.
b) O que, nesse quadrinho, torna a história engraçada? É a revelação de que tudo se passara apenas na imaginação de Calvin.
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Parece estar ficando cada vez mais assustado.
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Tema:
Crianças
ESTUDO DO TEXTO
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Garoto linha-dura
Deu-se que Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do
travessão, a dita foi de contra uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do
braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.
Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi
Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a
criança não confessasse o seu crime.
O pai chamou Pedrinho e perguntou:
— Quem quebrou o vidro, meu filho?
Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.
Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo:
— Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? — E, ante a negativa reiterada do filho,
apelou: — Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.
Diante disso, Pedrinho, com a maior cara de pau, pigarreou e lascou:
— Quem quebrou foi o garoto do vizinho.
— Você tem certeza?
— Juro.
Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou
sem dar a menor mostra de remorso. Apenas — quando o pai fez ameaça —
Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.
apelar: chamar em auxílio, recorrer a um expediente.
emendar: jogar, chutar.
espinafrar (gíria): repreender com dureza, descompor.
impacto: choque; impressão muito forte, muito profunda.
linha-dura: autoritário, que abusa do poder, que defende medidas severas contra a subversão.
queimar-se: ficar bravo, zangar-se, irar-se.
reiterada: repetida, renovada.
subversivo: revolucionário, que quer reformar ou modificar algo;
aquele que pretende destruir ou transformar a ordem pública,
social ou econômica estabelecida.
travessão: barra de madeira que delimita a parte superior do gol.
Procure no dicionário outras palavras que você desconheça.
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Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e — já chateadíssimo — rumou para a casa
do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias. Virou-se para o pai e
aconselhou:
— Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não.
Quando ele vier atender a porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.
(Stanislaw Ponte Preta. A palavra é… humor. Contos selecionados por Ricardo Ramos. São Paulo: Scipione, 1989. p. 84-6.)
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. Depois que quebrou a vidraça jogando bola, Pedrinho sumiu até a hora do jantar “com medo de
ser espinafrado pelo pai”. Na sua opinião, o menino realmente estava com medo? Justifique sua
resposta. Talvez não, pois ele pode ter ido jogar bola em outro lugar e na hora do jantar já estava em casa.
2. O texto mostra uma situação familiar em que os pais desejam repreender uma falta do filho. A
mãe sabia que Pedrinho tinha quebrado a vidraça, mas preferiu esperar o pai chegar. Por que
você acha que ela própria não repreendeu o filho?
Resposta pessoal. Sugestão: Talvez por ser mais tolerante que o marido, ou por achar que problemas desse tipo quem devia resolver era o pai.
3. A forma como os pais educam os filhos varia muito, mas é possível dizer que existem dois modelos básicos de educação: um tradicional e outro moderno.
No modelo tradicional, os pais são mais duros com os filhos e dialogam pouco; o pai é a figura
principal.
Como você imagina que seja o modelo de educação moderno?
É o contrário: os pais preferem o diálogo; o pai e a mãe têm a mesma importância e tomam decisões conjuntamente.
4. O pai de Pedrinho, ao saber da aprontação do menino, conversou com ele e disse:
a) Por esse trecho, pode-se dizer que o pai estava procurando seguir um modelo tradicional ou
um modelo moderno de educação? Essa forma de agir é própria do modelo moderno, porque se baseia na compreensão e na busca do diálogo.
b) Por essa fala do pai de Pedrinho, pode-se concluir que ele já sabia quem era o culpado?
Por quê? Sim, pois o pai disse que não ia punir o filho.
c) O pai de Pedrinho inicialmente chamou o filho de “meu filho” e depois de “meu filhinho”. O
pai esperava tranquilizar o garoto. Professor: Chame a atenção dos alunos para a gradação nas formas de tratar o filho:
que o pai pretendia com isso? Oparece
que o pai já estava se desesperando ante a recusa do filho, ou estava tentando “desarmar” uma possível reação
do menino.
5. Com a insistência de Pedrinho, “o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao
vizinho esclarecer tudo”. Depois, “chateadíssimo”, pegou o filho pela mão e “rumou para a casa
do vizinho”.
a) Qual o sentido de se queimou nesse contexto? O pai ficou furioso, muito bravo, nervoso.
b) Por que, na sua opinião, o pai, mesmo antes de ir, já estava chateadíssimo?
Duas possibilidades: ou porque ele viu que não conseguiu fazer o filho confessar, ou porque, se era verdade o que Pedrinho estava afirmando, ia ter de
brigar com o pai do garoto vizinho.
6. Pedrinho, prevendo que o filho do vizinho o desmentiria, deu um conselho ao pai.
Por que, na sua opinião, podemos dizer que, em vez do vizinho, Pedrinho é que era um subversivo? Porque, ao acusar o filho do vizinho, Pedrinho inverteu totalmente a situação, modificando a verdade. Era ele quem estava “subvertendo” a ordem natural das coisas.
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“— Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? […] Meu filhinho, pode dizer
quem foi que eu prometo não castigar você.”
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7. Quanto ao modelo de educação adotado pelos pais de Pedrinho, podemos tirar algumas conclusões.
a) Ele é tradicional (linha-dura), moderno (baseado no diálogo) ou uma mistura dos dois?
mistura dos dois: a mãe não disse nada, deixando para o pai a repreensão (índice de educação tradicional); o pai tenta o diálogo até o fim (índice de educação
Por quê? Uma
moderna).
b) Na sua opinião, que método o pai iria experimentar depois de sair da casa do vizinho?
Por quê? Provavelmente o método linha-dura, porque o método baseado no diálogo não levou Pedrinho a assumir o que fez.
A LINGUAGEM DO TEXTO
1. Stanislaw Ponte Preta, o autor do texto, foi um famoso cronista de jornais no Rio de Janeiro. Seus
textos geralmente apresentam uma linguagem informal, às vezes com gírias.
Indique o sentido que têm, no texto, as palavras destacadas:
a) “com medo de ser espinafrado pelo pai” repreendido severamente, com dureza
b) “Pedrinho, com a maior cara de pau, pigarreou e lascou” cínico, descarado; disse
c) “o senhor vai logo tacando a mão nele” atirando, lançando
2. O texto se inicia por uma expressão pouco usada nos dias de hoje: “Deu-se que Pedrinho estava
jogando bola no jardim”. Que outra expressão você empregaria no lugar dessa expressão?
Entre outras: certa vez, uma vez, um dia, certo dia.
3. A palavra cara compõe, com outras palavras, algumas expressões bem brasileiras, muito usadas
nas variedades não padrão da língua.
a) Identifique o significado das expressões destacadas nas frases abaixo.
Ao acusar o filho do vizinho, Pedrinho livrou sua cara. conseguiu sair-se bem da situação
O pai, querendo dialogar com o garoto, quebrou a cara. não alcançou o que esperava; decepcionou-se; falhou; fracassou; frustrou-se
O garoto meteu a cara na casa do amigo. entrou sem hesitação, sem cerimônia
b) Que outras expressões com a palavra cara você conhece? O que elas significam?
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Resposta pessoal. Entre outras expressões: amarrar a cara (zangar-se, amuar-se), encher a cara (embriagar-se), enfiar a cara no mundo (fugir), cara de tacho (fisionomia própria de
quem está desapontado, sem saber o que fazer), etc.
4. Leia e compare:
Não pergunte nada a ele.
“Não pergunte nada a ele não”, disse Pedrinho.
Qual foi, na sua opinião, a intenção do menino ao repetir na sua fala a palavra não?
Resposta esperada: intensificar a negação, reforçar a ideia, tentar persuadir o pai.
Trocando
ideias
O texto lido mostra que os pais de Pedrinho misturavam os modelos moderno e tradicional de
educação e, na situação narrada, não conseguiram fazer com que o filho assumisse o que fez.
1. Em relação à educação dos filhos, que método, na sua opinião, os pais devem adotar para obter
bons resultados?
2. Em que situações, já vividas por você, cada um dos métodos funcionou melhor?
3. Supondo que um dia você também terá filhos, que método adotará para educá-los? Por quê?
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Tema:
Crianças
ESTUDO DO TEXTO
O menino, de uns dez anos, pés no chão, vinha andando pela estrada de terra da fazenda com a
gaiola na mão. Sol forte de uma hora da tarde. A menina de uns nove anos ia de carro com o pai, novo
dono da fazenda. Gente de São Paulo. Ela viu o passarinho na gaiola e pediu ao pai:
— Olha que lindo! Compra pra mim?
O homem parou o carro e chamou:
— Ô menino.
O menino voltou, chegou perto, carinha boa. Parou do lado da janela da menina. O homem:
— Este passarinho é pra vender?
— Não senhor.
O pai olhou para a filha com uma cara de deixa
pra lá. A filha pediu suave como se o pai tudo
pudesse:
— Fala pra ele vender.
O pai, mais para atendê-la, apenas intermediário:
— Quanto você quer pelo passarinho?
— Não tou vendendo não senhor.
A menina ficou decepcionada e segredou:
— Ah, pai, compra.
Ela não considerava, ou não
aprendera ainda, que negócio só se
faz quando existe um vendedor e um
comprador. No caso, faltava o vendedor. Mas o
pai era um homem de negócios, águia da Bolsa,
acostumado a encorajar os mais hesitantes ou
a virar a cabeça dos mais recalcitrantes:
— Dou dez mil.
— Não senhor.
— Vinte mil.
— Vendo não.
O homem meteu a mão no bolso,
tirou o dinheiro, mostrou três notas,
irritado.
— Trinta mil.
— Não tou vendendo, não, senhor.
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Negócio de menino com menina
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O homem resmungou “que menino chato” e falou
pra filha:
— Ele não quer vender. Paciência.
A filha, baixinho, indiferente às impossibilidades da transação:
— Mas eu queria. Olha que bonitinho.
O homem olhou a menina, a gaiola, a roupa
encardida do menino, com um rasgo na manga, o
rosto vermelho de sol.
— Deixa comigo.
Levantou-se, deu meia-volta, foi até lá. A
menina procurava intimidade com o passarinho,
dedinho nas gretas da gaiola.
O homem, maneiro, estudando o
adversário:
— Qual é o nome deste passarinho?
— Ainda não botei nome nele,
não. Peguei ele agora.
O homem, quase impaciente:
— Não perguntei se ele é batizado não, menino. É
pintassilgo, é sabiá, é o quê?
— Aaaah. É bico-de-lacre.
A menina, pela primeira vez, falou com o
menino:
— Ele vai crescer?
O menino parou os olhos pretos nos olhos azuis.
— Cresce nada. Ele é assim mesmo, pequenininho.
O homem:
— Canta?
— Canta nada. Só faz chiar assim.
— Passarinho besta, hein?
— É. Não presta pra nada, é só bonito.
— Você pegou ele dentro da fazenda?
— É. Aí no mato.
— Essa fazenda é minha. Tudo que tem nela é meu.
O menino segurou com mais força a alça da gaiola, ajudou com a outra mão nas grades. O
homem achou que estava na hora e falou já botando a mão na gaiola, dinheiro na outra mão.
— Dou quarenta mil! Toma aqui.
— Não senhor, muito obrigado.
O homem, meio mandão:
— Vende isso logo, menino. Não tá vendo que é pra menina?
— Não, não tou vendendo não.
— Cinquenta mil! Toma! — e puxou a gaiola.
Com cinquenta mil se comprava um saco de feijão, ou dois pares de sapatos, ou uma bicicleta velha.
O menino resistiu, segurando a gaiola, voz trêmula.
— Quero não senhor. Tou vendendo não.
— Não vende por que, hein? Por quê?
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O menino acuado, tentando explicar:
— É que eu demorei a manhã todinha
pra pegar ele e tou com fome e com sede, e
queria ter ele mais um pouquinho. Mostrar pra
mamãe.
O homem voltou para o carro, nervoso.
Bateu a porta, culpando a filha pelo aborrecimento.
— Viu no que dá mexer com essa gente?
É tudo ignorante, filha. Vam’bora.
O menino chegou pertinho da menina e
falou baixo, para só ela ouvir:
— Amanhã eu dou ele pra você.
Ela sorriu e compreendeu.
águia (figurado): pessoa de grande talento e
perspicácia, notável.
encorajar: dar coragem a, animar, estimular.
greta: fenda, abertura estreita.
hesitante: que hesita, indeciso, vacilante.
intermediário: que está de permeio, que
intervém, mediador, árbitro.
maneiro: hábil, jeitoso.
recalcitrante: obstinado, teimoso.
transação: combinação, ajuste, operação
comercial.
Procure no dicionário outras palavras que você
desconheça.
(Ivan Ângelo. O ladrão de sonhos e outras histórias. São Paulo: Ática, 1994. p. 9-11.)
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. O texto trata de uma “negociação” entre pessoas de níveis sociais diferentes: o menino, de um
O menino está de pés no chão, sua roupa está encardida e com um rasgo na manga; seus pais,
lado, e o homem e a menina, de outro. a) provavelmente,
são lavradores na fazenda, empregados do homem que quer comprar o passarinho.
a) Que dados do texto comprovam que o menino é pobre? b) O homem é o novo dono da fazenda, tem carro, mora em São
Paulo, trabalha na Bolsa de Valores, vai oferecendo cada vez mais
dinheiro ao menino para satisfazer
b) Que dados do texto comprovam que o homem e sua filha são ricos?
um capricho de sua filha, que provac) Supostamente, quem tem mais força para vencer na negociação? Por quê? velmente tem todos os seus desejos
O homem, porque pode amedrontar o menino, intimidá-lo, tem poder, é rico, é o dono, o patrão.
satisfeitos.
2. Mesmo diante das negativas do menino, a menina insiste em que o pai compre o passarinho. O
que esse comportamento revela sobre o tipo de mundo em que ela vive?
3. O pai, homem experiente no mundo dos negócios, usa estratégias para convencer o menino e,
nessas tentativas, vai ficando cada vez mais irritado.
a) Quais são as primeiras estratégias? Oferecer dinheiro; primeiro, dez mil; depois, vinte, trinta.
b) Já desistindo da compra, diante da insistência da filha o pai tenta novamente. Que novas
estratégias ele usa? Ele conversa de forma amistosa com o menino, buscando intimidade, estudando-o como adversário num negócio.
c) Com que argumento o pai da menina pretendia encerrar a negociação?
Dizendo que tudo na fazenda lhe pertencia.
4. No final do texto, no auge da irritação, o homem diz à filha: “Viu no que dá mexer com essa
gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora”. Porque, tal como ocorre na fábula, em que a raposa, não conseguindo apanhar as uvas, diz que elas
estão verdes, o homem, não conseguindo convencer o menino, diz que ele é ignorante.
a) Podemos comparar o homem do texto com a raposa da fábula “A raposa e as uvas”. Por quê?
b) O que revela em relação ao menino e à sua gente essa fala do homem? Revela desprezo; ou que o homem se acha
mais importante do que o menino; ou que, para ele, o menino e sua gente não passam de gentalha, são pessoas socialmente inferiores a ele.
5. O passarinho tem um valor ou um significado diferente para cada uma das personagens.
o pai da menina, o passarinho tem o valor de mercadoria e, além disso,
a) Que valor o passarinho tem para o pai da menina? Para
representa um desafio; porém ele é vencido nesse desafio.
b) E que valor ele tem para o menino e para a menina? As crianças querem o passarinho pelo que ele é, para brincar com ele.
Professor: Apesar do desejo comum, é possível ver também no desejo da menina uma espécie de capricho, pois ela parece ser muito mimada.
6. Pelo final da história, você acha que o menino deu uma lição na menina e no pai dela? Por quê?
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Esse comportamento revela que a menina é mimada e vive num mundo em que o dinheiro pode comprar tudo, satisfazer todos os seus desejos ou caprichos.
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno responda que sim, pois pai e filha tiveram uma lição de que o dinheiro não compra tudo, de que é preciso respeitar o desejo das outras pessoas, etc.
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A LINGUAGEM DO TEXTO
1. Observe algumas falas das personagens do texto:
“— Você pegou ele dentro da fazenda?” (pai da menina)
“— Fala pra ele vender.” (menina)
“— Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.” (menino)
a) Para se comunicar, as personagens usam a norma-padrão da língua ou uma variedade diferente da norma-padrão? Usam uma variedade diferente da norma-padrão.
b) Na situação em que eles se encontram — uma conversa entre um adulto e duas crianças —,
pois eles estão numa situação informal e apenas um é adulto; a situação não exige o
o uso dessa variedade é adequado? Por quê? Sim,
emprego da norma-padrão.
c) Como você acha que o pai da menina diria a primeira frase se ele estivesse trabalhando na
Bolsa? Provavelmente ele empregaria a norma-padrão. Ficaria assim: Você o pegou dentro da fazenda?
2. Compare estas duas falas do menino:
“— Ainda não botei nome nele, não.”
“— Não, não tou vendendo não.”
a) O que você vê de semelhante nelas? Nas duas frases há repetição da palavra não.
b) Que efeito de sentido provoca essa característica observada?
A repetição reforça a negação.
3. Observe esta construção:
“Levantou-se, deu meia-volta, foi até lá. […]
— Qual é o nome deste passarinho?”
a) Pelo emprego do pronome demonstrativo deste, você supõe que o pai da menina esteja perto
ou longe do passarinho? Por quê? Supõe-se que o pai esteja muito próximo do passarinho, pois empregou um pronome referente à 1ª pessoa do
discurso.
b) Que outra palavra do texto confirma sua resposta?
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A palavra lá, pois ela dá a entender que o pai antes estava distante de onde o passarinho se encontrava.
LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO
Leia com outros dois colegas o diálogo entre o homem, o menino e a menina, cada um fazendo
a vez de uma personagem. Ao ler, procure dar às falas o tom da personagem, isto é, o homem deve
mostrar sua irritação crescente e, na fala final, aborrecimento; a menina deve falar num tom manhoso,
mostrar que é mimada, caprichosa; e o menino deve mostrar resistência, depois medo.
Trocando
ideias
1. Na última oferta de compra, o homem ofereceu ao menino cinquenta mil, quantia suficiente para
comprar um saco de feijão, ou dois pares de sapato, ou uma bicicleta usada. Considerando que
o passarinho era “besta”, não cantava, não prestava para nada, era só bonito, você, no lugar do
menino, teria ou não vendido o passarinho? Por quê? Resposta pessoal.
2. Discuta com seus colegas: É correto aprisionar e comercializar passarinhos ou outros animais da
fauna brasileira? Por quê? Resposta pessoal.
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