Nº 223
Taguatinga/DF, 01 de março de 2012.
Evangelho Mc. 9, 2-10
A Boa Nova em Nossas Vidas
Pe. Tininho
Queridos irmãos e queridas irmãs. Estamos celebrando em nossas comunidades cristãs
católicas o tempo da Quaresma. Nele somos convidados e convidadas a nos convertermos e a
crer no evangelho. O texto apresentado para nossa reflexão é o da transfiguração, relatado pelo
evangelista São Marcos.
Este relato contêm vários simbolismos. Vamos a eles:
- um monte muito alto: na montanha a bíblia situa os grandes encontros com Deus, as grandes
manifestações do Senhor aos homens. Lembremo-nos que Moisés e Elias receberam a revelação
do Senhor na montanha;
- as vestes brancas: manifestam externamente quem é Jesus. A cor branca era para os
israelitas o símbolo do mundo de Deus e sinal de festa, de alegria e de felicidade;
- Elias e Moisés são dois famosos personagens do Antigo Testamento. O primeiro é um grande
profeta que todos julgavam não ter morrido por ter sido arrebatado ao céu. Acreditavam que
um dia voltaria a este mundo para apontar Jesus como o Messias esperado. Moisés é lembrado
na transfiguração porque, antes de morrer, tinha dito aos israelitas: “o Senhor teu Deus te
suscitará dentro os teus irmãos um profeta como eu: é ele que devereis ouvir”;
- as tendas: em Israel celebrava-se todo final de ano, como encerramento das colheitas, uma
grande festa que se prolongava por uma semana inteira e que era conhecida como a “Festa das
Tendas”. O povo construía as cabanas antes de tudo para recordar o passado, os anos
transcorridos no deserto. Ao pedir para edificar três tendas, Pedro quer demonstrar que chegou
o tempo do Reino de Deus, é época do descanso e da festa perene, prometida pelos profetas;
- medo: quando a bíblia fala de medo diante de uma manifestação do Senhor, pretende referirse somente a uma experiência de pasmo, de surpresa e de arrebatamento, vivida por qualquer
um a quem é dado entrar em contato com o mundo sobrenatural;
- a nuvem e a sombra: são imagens muito comuns do Antigo Testamento para sinalizar a
presença de Deus.
Depois das explicações desses simbolismos busquemos entender a mensagem que o
evangelista nos apresenta. Lembremo-nos que a pergunta central do evangelho de São Marcos
é: “quem é Jesus?”.
Muitas pessoas e até os discípulos não tinham clareza de que tipo de Messias era Jesus.
Para o povo, o Messias quando viesse seria um rei glorioso, vencedor, rico e poderoso, capaz de
transformar rapidamente as condições dos homens e mulheres e de instaurar milagrosamente o
Reino de Deus na terra. Não é essa compreensão que muitos têm hoje em dia? Buscam um rei
que nos isenta do trabalho de transformar o mundo.
Ao se colocar para construir as três tendas, Pedro mostra que ainda não entendeu o
verdadeiro messianismo de Jesus, pois tem a certeza que o reino chegou e que não é preciso
passar através da morte e do dom de si.
Jesus mostra, então, pela transfiguração que para instaurar o Reino é necessário passar
através do sacrifício da própria vida. Não é possível entrar no Reino de Deus por atalhos, como
Pedro tenta fazer. É necessário passar através do sacrifício da própria vida.
Também estamos nós sujeitos a ceder às falsas expectativas de Pedro. Podemos nos iludir
pensando que a passagem por esse mundo, no qual enfrentamos tantas dores, tantas
contrariedades, tantas injustiças, para a felicidade do mundo que está por vir, possa acontecer
sem contrariedades, sem sacrifício e sem o dom da própria vida. Não há, ao invés, outro
caminho que o de Cristo, aquele que chega à ressurreição, passando pelo caminho da cruz.
A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que
ouvem o convite de Deus e seguem Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua
vitória final, quando ressuscitarão com Ele.
Queridos irmãos e queridas irmãs. Este tempo da quaresma nos convida, por meio da
Campanha da Fraternidade, a refletir sobre a situação da saúde em nosso país. Somos
convidados na nossa família e nas nossas associações a refletir e fazer valer os nossos direitos
de termos saúde com qualidade para todos e todas. Pois a realidade que temos é: “ah quanta
espera, desde as frias madrugadas pelo remédio para aliviar a dor. Este teu povo, em longas
filas nas calçadas, a mendigar pela saúde, meu Senhor” (Hino da CF 2012).
Que cada um de nós, a partir de nossa fé, busque se solidarizar com todos e todas que
dedicam suas vidas a devolver a beleza original a cada pessoa desfigurada pelo sofrimento, e o
abandono nos hospitais. Que suas cruzes sejam aliviadas diante de tanto peso colocado nos
seus ombros por causa de nossa indiferença e falta de amor.
Rezemos então: Mestre, que teu Espírito e tua força nos leve a nos convertermos e crer
no teu evangelho, a fim de que possamos ser de fato homens e mulheres novos. Assim
seremos, de fato, construtores do teu Reino, que devolverá a beleza original a todos e todas que
tem suas vidas desfiguradas pelo sofrimento. Amém!
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Nº 223 A Boa Nova em Nossas Vidas 01-03-12