O JOVEM E A ESCOLHA PROFISSIONAL NO SÉCULO XXI SILVA, Lígia Terezinha Bontorin Dipp da – PUCPR [email protected] Eixo Temático: Cultura, Currículo e Saberes Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este trabalho busca refletir sobre o desafio da escolha profissional do jovem recém saído do ensino médio, por vezes ainda adolescente, que se debruça em incertezas e ansiedades diante do novo. Esta geração do século XXI é conhecida como a geração da informação, que sofre as angústias e ansiedades provenientes da cobrança por bons resultados almejados pela sociedade. Este trabalho é de extrema relevância aos profissionais da área da educação e busca por contribuir com uma reflexão acerca da preparação dos jovens para o ingresso no ensino superior, onde a escola, em conjunto com a família, tem o papel de mediadores para auxiliar nas escolhas. Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de identificar como o jovem acadêmico já no ensino superior faz sua opção profissional, quais os critérios que utilizou, quais influências externas que sofreu, sua satisfação com o curso escolhido e como vêem a possibilidade de extensão do ensino médio para minimizar as escolhas indevidas. O aporte teórico fundamenta-se em autores importantes para a área da educação, como Brandão (1986), Calligaris (2000), Castanho (1988), Freire (2009), Levisky (2000), Nogueira (1998), Pereira (1997), Soares (1987), Wong (2006), para compreender os conceitos específicos e auxiliar as análises dos dados coletados. O campo empírico se efetivou com o instrumento do questionário aplicado para 52 alunos dos primeiros anos em diferentes graduações de duas universidades do sul do país. Os dados coletados demonstram que: 1- os jovens têm informações sobre os cursos ofertados e acreditam em suas competências e aptidões, 2- as escolhas se efetivam também por falta de opção, ocasionando insatisfação, desistências, frustrações, diante de tal fato, defendem a extensão do ensino médio. Palavras-chave: Escolha profissional. Desafio. Graduação. Introdução A escolha profissional que todo jovem precisa fazer quando termina o ensino médio, marca a passagem do ingresso na vida adulta, independente de estar preparado ou não. Este artigo propõe uma reflexão acerca dessa escolha e como o jovem enfrenta essa decisão que comprometerá o restante de sua vida. 4203 Segundo Freire (2009), devemos ter consciência de sermos seres inacabados, em constante aprimoramento e fruto de várias conjunções que resultam em um ser único, cita-se: Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. [...] Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta das influências das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo (FREIRE, 2009, p.53). O tempo que cada pessoa precisa para se conhecer e decidir o que é melhor para si, são diferentes, o desenvolvimento emocional, intelectual do jovem é uma espiral que está em constante mutação. O ser humano depara-se no dia a dia com escolhas a serem feitas em diferentes aspectos. Em determinadas fases da vida, como no vestibular, essa escolha é mais decisiva em relação a todo o resto e surgem os questionamentos a respeito da profissão que pretende exercer, o aspecto financeiro, o mercado de trabalho, entre outros: “Será que eu devo evitar fazer aquilo que realmente quero fazer?”, “Será que eu deveria viver minha vida como os outros querem que eu viva?” (DYER, 1976, p. 12). Para Castanho (1988, p. 10-11), devem-se considerar os interesses, as aptidões do jovem, porque quando se faz o que se gosta, se faz melhor. O indivíduo busca a sua realização pessoal, e não apenas uma ocupação, quer desenvolver suas potencialidades, experienciar o que almejou como profissão, ser alguém dentro da sociedade. A escola tem um papel fundamental no desenvolvimento do nosso pensamento e na formação de nossa personalidade, mas é pensamento equivocado considerar que as escolas estão aptas para a resolução de todos os problemas sociais. Segundo Brandão (1986) a educação está presente em todos os momentos de nossa vida, desde o nascimento. Destaca-se, Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação (BRANDÃO, 1986, p. 7). Sem dúvida que a transformação social passa pela educação; e o professor tem papel fundamental como promotor da autonomia de seus alunos para que adotem o papel de sujeito 4204 de sua própria história, como salienta Freire (2009, p. 124) “quanto mais me torno capaz de me afirmar como sujeito que pode conhecer tanto melhor desempenho minha aptidão para fazê-lo”. Dilemas e influências que envolvem as escolhas Todos nós vivemos fazendo escolhas, e uma delas refere-se quanto à escola que será freqüentada, a qual dependerá de uma série de fatores, tais como, sistema de ensino oferecido, investimento necessário, disponibilidade de tempo. As diferentes posturas cobradas dos jovens, principalmente pela família, e a sua necessidade de aprovação, criam quadros de ansiedade e perturbação. “O fato é que a adolescência é uma interpretação de sonhos adultos, produzida por uma moratória que força o adolescente a tentar descobrir o que os adultos querem dele” (CALLIGARIS, 2000, p. 33). Ao considerar o que defende Nogueira (1998), tem-se: Para os pais de gerações passadas, tal decisão individual não se colocava [...], afastava a necessidade de elaborar escolhas. Entretanto, tanto em razão das políticas educacionais, quanto em virtude de modificações nas atitudes das famílias, hoje em dia isso mudou. As famílias vêem-se agora em face da obrigação de definir seu projeto educativo, de confrontar, discutir, selecionar os estabelecimentos desejados (NOGUEIRA, 1998, p. 42-43). Conforme Papalia, Olds, Feldman (2009, p. 397), os adolescentes de hoje levam mais tempo para entrar na vida adulta, iniciam a “puberdade mais cedo, e o início da vida profissional começa mais tarde”, sendo assim, a extensão do ensino médio proporcionaria tempo para que as tomadas de decisão fossem mais conscientes. A família exerce grande influência na escolha da profissão, muitas vezes, querendo que o jovem continue os ‘negócios da família’, ou que seja o realizador do sonho dos pais, sem que se preste a devida atenção aos anseios do próprio adolescente. Cita-se: Conversa, troca idéias, disputa posições, explica, ensina e, principalmente, compara suas idéias com a realidade que ajuda a transformar. Você vive num ambiente tão acelerado que às vezes nem avalia os grandes saltos que reproduz para a humanidade a cada vez que conversa com uma pessoa ao seu lado. [...] interagir com seus colegas de trabalho, a liderar equipes, a assumir a própria vocação (WONG, 2006, p. 34-35). 4205 Segundo Pereira (1997, p. 315), é próprio do ser humano questionar, refletir, repensar, faz parte do processo de amadurecimento a incerteza, as ambigüidades, sendo assim, “somente as pessoas de mentalidade mais estreita podem estar tranqüilas e sem nenhuma dúvida. Os inquietos, sedentos de informação, têm pelo menos a possibilidade de se sentirem um pouco mais tolerantes com sua falta de certezas e confusão”. O papel das instituições na facilitação da escolha O objetivo maior de uma escola é ensinar. Esta aprendizagem não é só feita de conteúdos, o aprendiz precisa ser olhado nos aspectos de um ser complexo, que necessita de uma orientação que lhe traga segurança para enfrentar os desafios de vida que começa a acontecer no início da graduação. Com o desenvolvimento industrial no Brasil, século XX, surgiu a necessidade de priorizar a formação acadêmica com foco no trabalho, e os cursos profissionalizantes foram a saída para incrementar a mão de obra, pois estes formam técnicos com reduzido custo financeiro e em menos tempo. Na legislação brasileira, o ensino profissionalizante foi regido pela Lei 5.892 de 1971. Com a reformulação instituída pela Lei 9.394 de 1996, o ensino médio passou a ser mais acadêmico, coexistindo o ensino profissionalizante, ocasionando diversos questionamentos. Ressalta-se: Há também problemas sérios de relevância e conteúdo que afetam sobretudo o ensino médio. Será que o aluno está aprendendo o que precisa para aprimorar sua personalidade, viver em sociedade e participar do mercado de trabalho? [...] As grandes diferenças de qualidade que existem no ensino médio, e o grande número de jovens que abandonam os cursos antes de terminar, colocam na pauta a necessidade de aumentar o espaço para a formação profissional, que possa capacitar os jovens para o mercado de trabalho (BROCK, 2005, p. 13). Segundo Papalia, Olds, Feldman (2009, p. 426), a escola “constitui uma experiência organizadora fundamental”, que deve além de desenvolver as habilidades e competências, permitir a exploração de opções vocacionais. O problema da falta de orientação profissional continua atualmente conforme se verifica nos índices de desistência e reopção nos cursos superiores (MOURA, MENEZES, 2004), acarretando ônus para todos os envolvidos, a instituição que precisa dispor de funcionários para atender a essa demanda de reopção ou desistência do curso, o outro 4206 candidato que não pode ocupar a vaga remanescente (se for por meio de bolsas governamentais), e finalmente para o desistente frustrado pelas perdas, tanto financeiras como emocionais. Cita-se: A escola, por outro lado, não tem estimulado o processo de interiorização e reflexão pessoal no jovem. Não são trabalhados em sala de aula questões como: “quem sou eu?”, “o que quero?”, “do que gosto?”, “por que gosto?”, “como se sinto realizando algo?”, etc. São tratados geralmente conteúdos teóricos de biologia, física, química e matemática, principalmente, porque estes são os mais valorizados socialmente “pois são os que caem no vestibular” (SOARES, 1987, p. 10). O jovem deve receber uma orientação especializada para que possa escolher o curso desejado para fazê-lo com segurança. “Entre as técnicas usadas no processo de orientação vocacional e profissional, a principal é a entrevista, a qual é de fundamental importância que seja bem manejada pelo orientador” (NICKEL, 1996, p. 153-154). Posiciona-se: Os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes devem vê-los na ótica de sua imaturidade, como seres em evolução. [...]. A aprendizagem da atividade produtiva e recreativa é básica para o desenvolvimento do trabalho. A sociedade moderna quer que a criança se desenvolva “a jato” porque nós estamos na era moderna aonde tudo tem que ser rápido (LEVISKY, 2000, p. 137-143). Dessa forma é de extrema importância que o jovem tenha a oportunidade de se conhecer e também conhecer as profissões e suas especificidades, tenha orientação e tempo disponíveis para refletir e considerar as diversas possibilidades. De acordo com Spaccaquerche (2009), a busca por orientação vocacional está ocorrendo com freqüência em jovens que estão cursando uma universidade por várias razões, conforme se destaca: A primeira delas, para citar a mais freqüente, é a percepção que escolheu um curso errado. O que pensava sobre o curso não corresponde com a vivência que está tendo. Outra razão é a insegurança que sente com a escolha que fez. Ele se vê diante de muitas opções, e inicia um processo de dúvida sobre o curso que escolheu. Uma terceira possibilidade de busca tardia pela orientação, também bastante freqüente, é a financeira, ou seja, o jovem coloca o trabalho antes da capacitação profissional, por necessidade de sustentar-se, ou mesmo a própria família (SPACCAQUERCHE, 2009, p. 39). 4207 A competitividade que marca o nosso tempo não deve ser encarada como alavanca que desencadeia a maturidade, o jovem deve ter respeitado seu tempo para conhecer suas próprias potencialidades e fragilidades para decidir sobre sua escolha profissional. Procedimentos de coleta de dados O instrumento selecionado foi questionário fechado, com cinco perguntas, aplicado para 52 estudantes no ano de 2010, graduandos dos primeiros períodos de uma universidade particular e de uma pública do sul do país. Os dados coletados foram organizados em cinco gráficos demonstrativos, e analisados à luz do referencial teórico. A procura por informações a respeito do curso é imprescindível para o sucesso da escolha, as feiras de profissões realizadas pelas instituições de ensino superior, fornecem subsídios para conhecer as profissões, facilitando a busca pelo vestibular. A pesquisa mostra que dos 52 graduandos, 42 relatam que houve a busca de informações sobre o curso, sendo que na faixa etária entre 20 e 24 anos apenas 1 estudante não buscou informações (gráfico 1). Na faixa dos 16 aos 19 anos a falta de conhecimento sobre o curso escolhido tem sido o indício para posterior troca de curso ou desistência, segundo informações dos próprios estudantes. Gráfico 1 – Busca de informações sobre o curso Fonte: Organizado com base nos dados coletados pela autora. 4208 Quando perguntados sobre os critérios utilizados para a escolha do curso (gráfico 2), dos 29 estudantes na faixa etária de 16 a 19 anos, 18 revelam que suas escolhas foram baseadas em suas “aptidões”; 6 sofreram a influência dos pais e amigos, fato comum na idade conforme Papalia, Olds, Feldman (2009, p. 452-453), “mesmo quando os adolescentes se voltam aos amigos em busca de modelos de comportamento, [...] vêem nos pais uma base segura”; e 5 estudantes relatam que escolheram o curso por falta de opção. Segundo Soares (1987, p. 72), para auxiliar o jovem a descobrir sua vocação, não basta aplicar-lhe testes específicos, é necessário realizar uma “facilitação da escolha [...]. Auxiliar a pensar, conscientizar dos fatores que interferem na escolha”. Na faixa etária entre 20 e 24 anos dos 15 estudantes questionados, apenas 2 escolheram o curso por falta de opção, isso corrobora o que afirma Moura, Menezes (2004), “uma escolha profissional madura, ajustada, pressupõe capacidade de adaptação, interpretação e juízo da realidade”. Dentre os 8 participantes acima de 25 anos, 5 relatam aptidão e 3 o aspecto financeiro como motivador, sendo que “para o crescente número de estudantes com idades não convencionais (25 anos ou mais), a educação universitária [...] pode reavivar a curiosidade intelectual, melhorar as oportunidades de emprego e aumentar as habilidades para o trabalho” (PAPALIA, OLDS, FELDMAN (2009, p. 500). Gráfico 2 – Critérios utilizados para escolha Fonte: Organizado com base nos dados coletados pela autora. 4209 Quanto ao grau de satisfação com o curso escolhido (gráfico 3), a faixa etária acima dos 25 anos apresenta o maior índice de satisfação, dos 8 estudantes pesquisados 7 estão satisfeitos, demonstrando que a experiência de vida ajudou para escolher o curso. Nas demais faixas etárias, entre 16 e 24 anos, o índice de insatisfação é significativo em razão da imaturidade e incertezas da própria idade e contexto em que se encontram, mesmo havendo 28 satisfeitos, temos um universo de 16 insatisfeitos, o que é expressivo, conforme Spaccaquerche (2009, p. 50), “a maturidade com sua sabedoria não acontece numa determinada idade ou num momento da vida. Ela é conseqüência de crises, escolhas, acertos e erros, reflexões que o indivíduo vai fazendo ao longo dos anos”. Gráfico 3 – Grau de satisfação com a escolha Fonte: Organizado com base nos dados coletados pela autora. Quando o estudante percebe que o curso no qual ingressou não condiz com o que almejou, surgem os dilemas do que fazer, desistir, fazer novamente um cursinho preparatório para o novo vestibular, trancar o curso para descobrir qual o caminho, ou fazer reopção por outro curso? São vários questionamentos e possibilidades que expressam dificuldades, principalmente na falta de definição de qual é o curso adequado, considerando as situações financeiras, já que há custo alto para a realização do curso de graduação. Para 17 estudantes que relataram estar insatisfeitos com a escolha (gráfico 4), foi perguntado o que impedia uma nova opção, destes, 9 estudantes da faixa etária entre 16 e 24 anos ainda não sabiam dizer qual seria o curso correto, evidenciando-se assim a falta de definição predominante nas faixas etárias mais jovens, conforme Moura, Menezes (2004), 4210 “fazer uma escolha ou re-escolha profissional implica em tomar uma decisão, processo para o qual a maior parte das pessoas não é devidamente preparada, quer seja na família, escola ou demais instituições educativas vigentes”. Para 8 estudantes da faixa etária acima dos 25 anos, o obstáculo que impedia a troca de curso era a dificuldade financeira. Nas faculdades e universidades há editais públicos que apresentam que as reopções e as desistências são freqüentes e usuais: “Visando melhor atendê-lo, no período previsto em Calendário Acadêmico para mudança de turno, turma, transferência de campus e reopção de curso de 15/06 a 30/06/10 o SIGA funcionará de segunda a sexta-feira [...]” (PUCPR, 2010). Estas novas tentativas são válidas e onerosas, tanto para as instituições, quanto para os estudantes que perseguem seus objetivos e a realização do curso superior. Gráfico 4 – Impedimentos para a troca de curso Fonte: Organizado com base nos dados coletados pela autora. Na pesquisa foi questionado sobre a concordância em acrescentar um ano ao ensino médio (gráfico 5), com o objetivo de proporcionar mais tempo para conhecer e refletir sobre as diversas possibilidades de escolhas dentro do perfil de cada indivíduo, ratificando a necessidade de uma abordagem maior das escolas de ensino médio quanto ao conhecimento dos estudantes sobre as profissões e sobre seus próprios interesses, habilidades e aspirações. Dos 44 estudantes das faixas etárias de 16 a 24 anos, 34 aprovaram a ideia, concordando em acrescentar um ano no ensino médio. Não se trata somente de conhecer as profissões, mas conhecer a si mesmo, ter a oportunidade de refletir sobre as suas expectativas 4211 e probabilidades de acerto na escolha da carreira, como se vê trabalhando, quais as possibilidades que podem se abrir a partir daquela escolha e tantas outras indagações pertinentes ao momento. Na faixa etária acima dos 25 anos observa-se que houve um elevado índice de estudantes que não concordam com a extensão do ensino médio, pelo fato de considerarem a possibilidade de reopção, transferência de curso, ou até mesmo outro vestibular para os graduandos que não acertaram a primeira escolha. . Gráfico 5 – Acréscimo de 1 ano no ensino médio Fonte: Organizado com base nos dados coletados pela autora Considerações Finais O ingresso no ensino superior é um marco na vida das pessoas. Abrem-se novos horizontes e perspectivas e o indivíduo tem que se sentir preparado para essa empreitada. A busca pelo autoconhecimento deve começar o mais cedo possível, e para isso faz-se necessário uma orientação. Os jovens que começam uma graduação e desistem por diversos aspectos precisam saber sobre o trabalho, analisar e refletir sobre suas habilidades, aptidões, interesses para avaliar o porquê e como pode reverter a situação encontrando um curso que seja compatível com seus anseios. O estudante deve acreditar em si mesmo e ser fiel em seu estudo. 4212 Quanto ao papel da escola de ensino médio, vale ressaltar que os professores devem ser facilitadores no sentido de despertar o interesse dos alunos para o autoconhecimento, por meio de dinâmicas em grupo, pesquisa sobre as inúmeras profissões, e a demanda do mercado. Sabe-se que as escolas não detêm o suporte necessário para arcar com a responsabilidade de orientar profissionalmente, a família deve se engajar e oferecer meios para que o jovem consiga perceber quais são seus anseios, seus desejos, ‘o que quer ser quando crescer’. Por vezes, o calouro encontra nos professores do ensino superior situações desmotivadoras como o fato da tramitação simplesmente dos conteúdos de forma mecânica. Logo o jovem simplesmente decora para as provas e cumpre o dever de passar nas disciplinas. Não há comprometimento com o saber, está interessado em paquerar nos corredores e durante as aulas verificar em seu notebook os e-mails, recados nos sites de relacionamentos, em detrimento da atenção e interesse ao que é ministrado em sala de aula. O estudante tem dificuldade em perceber a relação que existe em conhecer o passado para compreender o presente, sua independência financeira dependerá da escolha adequada para a realização do curso de graduação – não há mais lugar para graduandos apenas, nossa realidade é ir muito mais além, deve-se vislumbrar um mestrado, doutorado, pós-doutorado. Suas preocupações e aspirações devem atender ao aprimoramento relacionado ao curso que escolheu conscientemente. Uma possibilidade de favorecer o amadurecimento dos alunos do ensino superior é a de incluir mais um ano no ensino médio, a fim de demonstrar o cotidiano e a vida prática das diversas profissões. O estudante escolheria entre uma gama de profissões, e a escola, por meio de convênios com diferentes espaços de trabalho, disponibilizaria as vivências “in loco” tão necessárias para o conhecimento do que é ser um profissional de determinada área, como por exemplo, um pedagogo, psicólogo, médico, engenheiro, professor, arquiteto, advogado, dentista, farmacêutico, filósofo, contador, administrador, geólogo, sociólogo, dentre outras profissões. As parcerias realizadas com empresas seriam benéficas para ambos os lados, porque os estudantes que tivessem bom aproveitamento nesses estágios já poderiam ser contratados como trainee para que durante a graduação já estivessem no mercado de trabalho. 4213 Este artigo não quer apenas apresentar uma ideia sobre a escolha profissional, mas sim, refletir sobre o estudo, possibilitando conjugados do trabalho que é uma das formas eficientes de aprimoramento e realização pessoal. O trabalho quando realizado pela pessoa que escolheu a profissão com segurança terá o espaço, o tempo e as condições para optar entre as inúmeras possibilidades que surgirão para o sucesso desse profissional. REFERÊNCIAS BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 51ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.. BROCK, Colin; In: SCHWARTZMAN, Simon (org). Os desafios da educação no Brasil. Trad. Ricardo Silveira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. CASTANHO, Gisela M. Pires. O adolescente e a escolha da profissão. São Paulo: Paulinas, 1988. DYER, Waine W. Seus pontos fracos. 19ª ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 1976. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 40. ed. São Paulo: Paz e terra, 2009. LEVISKY, David Léo (org). Adolescência e violência: conseqüências da realidade brasileira. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. MOURA, Cynthia Borges de; MENEZES, Mirtes Viviani. 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