Revestimentos pré-doseados de gesso
André Filipe Correia da Fonseca
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Orientadores
Prof. Augusto Martins Gomes
Prof.ª Ana Paula Patrício Teixeira Ferreira Pinto França de Santana
Júri
Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa
Orientador: Prof.ª Ana Paula Patrício Teixeira Ferreira Pinto França de Santana
Vogal: Eng.º João Manuel Bessa Pinto
Outubro 2014
i
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Agradecimentos
A realização desta dissertação marca o fim de uma importante etapa da minha vida e o
início de uma nova jornada. Queria agradecer às seguintes pessoas que contribuíram de forma
decisiva para a sua concretização.

Aos meus orientadores, Professora Ana Paula Ferreira Pinto e Professor Augusto
Martins Gomes, pela disponibilidade, os importantes conselhos transmitidos e uma
enorme colaboração na presente dissertação;

A todos os profissionais das empresas consultadas, pela cedência de informação,
partilha de conhecimentos sobre os seus produtos e reuniões realizadas;

No âmbito da pesquisa de mercado efetuada gostaria de agradecer a todas as empresas
consultadas sem exceção, merecendo um especial agradecimento à Sival, Placo-Saint
Gobain e Topeca por toda a ajuda, contributo, disponibilidade e oferta de amostras dos
produtos estudados no contexto da campanha experimental realizada;

Reitero o meu especial agradecimento a Eng.ª Ângela de Sousa da Sival pela forma
aberta e atenciosa como fui recebido nas respetivas instalações e pela disponibilidade
demonstrada para esclarecimento de dúvidas e privilégio de visitar toda a linha de
produção e laboratórios.

Ao Sr. Leonel, pelo seu contributo fundamental na realização dos trabalhos em
laboratório;

Aos meus amigos agradeço a força, paciência e amizade ao longo destes anos do curso
de Eng.ª Civil;

Por último, a toda a minha família um especial agradecimento, com destaque para os
meus pais e o meu irmão, pelo apoio e constante motivação neste período e pelo
interesse demonstrado ao longo do meu percurso académico;
A todos muito obrigado.
i
Resumo
O gesso é um material que devido às suas características vem sendo usado há vários
milénios para revestimento de paredes, sendo com naturalidade que surgiram as argamassas
pré-doseadas à base de gesso destinadas a revestimentos interiores, devido às inúmeras
vantagens que apresenta, nomeadamente, menor custo, maior velocidade de execução,
isolamento térmico e acústico e proteção contra incêndios.
O mercado nacional apresenta uma grande variedade de argamassas pré-doseadas de
gesso para revestimentos. No entanto, a informação relativa à composição do produto é muito
sucinta ou nula, em parte devido ao segredo industrial, não permitindo fazer uma comparação
entre os produtos existentes.
Com o intuito de promover um incremento de conhecimento sobre este tipo de
argamassas, realizou-se uma pesquisa no mercado nacional no sentido de inventariar os
produtos disponíveis e efetuar uma caracterização das argamassas pré-doseadas à base de
gesso para revestimentos em particular no que se refere à sua composição, tempo de aplicação
e relação água/gesso.
Após a pesquisa e caracterização com base nas informações fornecidas pelos
fabricantes, organizou-se uma campanha experimental que incidiu sobre cinco produtos
selecionados com base na pesquisa de mercado efetuada. Sendo um ligante de gesso, duas
argamassas à base de gesso e duas argamassas à base de gesso para fins especiais. A
campanha experimental teve como objetivo a caracterização no estado seco, fresco e endurecido
dos produtos selecionados.
Foi possível distinguir as argamassas entre si, determinar correlações e estabelecer uma
relação entre os diversos tipos de produtos existentes, informação que contribui para o
incremento do conhecimento relativo a este tipo de produtos.
Palavras-chave:
Argamassas pré-doseadas à base de gesso; Pesquisa no mercado nacional; Composição;
Caracterização experimental.
ii
Abstract
Gypsum is a material that due to its characteristics has been used for several millennia
for coatings, being naturally that appear the premixed gypsum plaster for interior coatings
because of the many advantages of these products. They offer, particularly lower cost, greater
speed of execution, thermal and acoustic insulation and fire protection.
The national market offers a wide variety of premixed gypsum plasters products for
coatings. However, the information of the composition of the product is null or very briefly, partly
due to commercial secret, not allowing a better comparison between existing products.
In order to promote an increase of knowledge about this type of products, carried out a
market survey in the national market in order to inventory the products available and make a
characterization of premixed gypsum plasters in particular with respect to its composition,
application time and water/plaster ratio.
After the characterization of the products based on the information obtained by the
product technical datasheets, was elaborated an experimental campaign to determine the main
characteristics of five products selected in the dry, fresh and hardened state.
It was possible to distinguish the products among themselves, establish evidence of the
presence of components, determine correlations between the various types of products,
information that contributes to the increase of knowledge concerning this type of product.
Key-words:
Premixed gypsum plasters; market survey; composition; experimental characterization.
iii
Índice
Agradecimentos.......................................................................................................................... i
Resumo ......................................................................................................................................ii
Abstract ..................................................................................................................................... iii
Índice de Figuras ...................................................................................................................... vii
Índice de Quadros .....................................................................................................................xi
Capítulo 1 – Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Enquadramento e justificação do tema .............................................................................. 1
1.2. Interesse e objetivos do trabalho ....................................................................................... 2
1.3. Organização do trabalho .................................................................................................... 2
Capítulo 2 – Revestimentos pré-doseados à base de gesso ....................................................... 5
2.1. Considerações gerais ......................................................................................................... 5
2.2. Aspetos Históricos .............................................................................................................. 5
2.3. Aplicações do gesso .......................................................................................................... 7
2.4. Gesso natural – Matéria -prima ........................................................................................ 10
2.5. Extração e transporte da pedra de gesso ........................................................................ 12
2.6. Produção de gesso .......................................................................................................... 13
2.6.1. Calcinação ................................................................................................................. 14
2.6.2. Reações de transformação ....................................................................................... 14
2.6.3. Hidratação do gesso ................................................................................................. 16
2.6.4. Propriedades no Estado Fresco ................................................................................ 17
2.7. Materiais constituintes dos revestimentos à base de gesso ............................................ 20
2.8. Revestimento de gesso .................................................................................................... 21
2.9. Principais características dos revestimentos à base de gesso ........................................ 22
2.10. Considerações Finais do Capítulo ................................................................................. 24
Capítulo 3 – Normas no domínio do gesso de construção ......................................................... 27
3.1. Considerações gerais ....................................................................................................... 27
3.2. Enquadramento Normativo anterior à Normalização Europeia ....................................... 27
3.2.1. Listagem das Normas ............................................................................................... 27
3.2.2. Âmbito das normas portuguesas............................................................................... 29
3.3. Atual Enquadramento Normativo ..................................................................................... 31
3.3.1. Normas Europeias ..................................................................................................... 31
3.3.2. Âmbito das normas europeias................................................................................... 32
3.3.3. Classificação e Descrição dos produtos de gesso segundo a EN 13279-1 ............. 33
3.3.4. Requisitos normativos a satisfazer pelos produtos ................................................... 36
3.3.5. Designação normalizada dos produtos ..................................................................... 37
3.3.6. Marcação CE ............................................................................................................. 37
iv
3.4. Análise comparativa entre as normas europeias e as normas anteriores ao atual
enquadramento normativo ...................................................................................................... 38
Capítulo 4 – Estudo do Mercado ................................................................................................. 41
4.1. Enquadramento ................................................................................................................ 41
4.2. Metodologia estabelecida para a pesquisa de mercado .................................................. 41
4.3. Análise dos produtos do tipo A ........................................................................................ 43
4.3.1. Classificação segundo EN 13279-1 .......................................................................... 43
4.3.2. Composição............................................................................................................... 44
4.3.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação .............................................................. 44
4.3.4. Características físicas e mecânicas .......................................................................... 46
4.3.5. Informações adicionais .............................................................................................. 46
4.4. Análise dos produtos do tipo B ........................................................................................ 47
4.4.1. Classificação segundo EN 13279-1 .......................................................................... 47
4.4.2.Composição................................................................................................................ 49
4.4.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação .............................................................. 50
4.4.4. Características físicas ............................................................................................... 54
4.4.5. Características mecânicas ........................................................................................ 56
4.4.6. Informações adicionais .............................................................................................. 58
4.5. Análise dos produtos do Tipo C ....................................................................................... 61
4.5.1. Classificação segundo a EN 13279-1 ....................................................................... 61
4.5.2. Composição............................................................................................................... 61
4.5.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação .............................................................. 62
4.5.4. Características físicas e mecânicas .......................................................................... 64
4.5.5. Informações adicionais .............................................................................................. 66
4.6. Análise comparativa entre os produtos das várias tipologias .......................................... 66
4.7. Produtos selecionados para campanha experimental ..................................................... 68
Capítulo 5 – Campanha Experimental ........................................................................................ 69
5.1.Considerações gerais ........................................................................................................ 69
5.2.Descrição dos produtos selecionados .............................................................................. 69
5.3.Plano de ensaios ............................................................................................................... 70
5.4. Produção de pastas e argamassas .................................................................................. 72
5.4.1.Execução das argamassas ........................................................................................ 72
5.4.2.Preparação de provetes normalizados com pasta de gesso ..................................... 73
5.5. Caracterização no estado seco – Metodologias de ensaio ............................................. 75
5.6. Caracterização no estado fresco – Metodologias de ensaio ........................................... 78
5.7. Caracterização no estado endurecido – Metodologias de ensaio ................................... 84
Capítulo 6 – Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados ............................................. 93
6.1. Caracterização no estado seco ........................................................................................ 93
v
6.1.1. Análise Granulométrica ............................................................................................. 93
6.1.2. Massa volúmica aparente e humidade ..................................................................... 95
6.2. Caracterização no estado fresco ..................................................................................... 97
6.3. Caracterização no estado endurecido ........................................................................... 102
6.3.1. Caracterização física ............................................................................................... 102
6.3.2. Caracterização mecânica ........................................................................................ 107
6.4.Conclusões Gerais .......................................................................................................... 111
Capítulo 7 – Conclusões e Propostas para Desenvolvimentos Futuros ................................... 115
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 121
Anexos A (Fichas técnicas) ........................................................................................................ A.1
Tuforte mac-fino (Topeca) ...................................................................................................... A.2
Tuforte FT acabamento (Topeca) .......................................................................................... A.6
Gesso Esboço (Sival) ........................................................................................................... A.10
Gesso Estuque (Sival) .......................................................................................................... A.11
Gesso Estuque Expo (Sival) ................................................................................................ A.12
Gesso Moldura (Sival) .......................................................................................................... A.13
Gesso Estuque Fino (Sival) .................................................................................................. A.14
Turquesa L (Algíss Uralita) ................................................................................................... A.15
Massa de Barramento (Sival) ............................................................................................... A.16
Massa de Acabamento (Sival) ............................................................................................. A.19
Amatista (Algíss Uralita) ....................................................................................................... A.22
Amatista Extra (Algíss Uralita) ............................................................................................. A.23
Azabache (Algíss-Uralita) ..................................................................................................... A.24
Finoyes (La Maruxina) .......................................................................................................... A.25
Termiyes (La Maruxina) ....................................................................................................... A.26
Yeso Fino Terminacion (Yemasa) ........................................................................................ A.27
Yeso Fino (Yemasa) ............................................................................................................. A.28
Yeso Fino Terminacion (Yetosa) .......................................................................................... A.29
Yeso Fino (Yetosa) ............................................................................................................... A.30
Iberfino (Placo Saint-Gobain) ............................................................................................... A.31
Mecafino (Placo Saint-Gobain) ............................................................................................ A.34
vi
Índice de Figuras
Figura 2.1. Reboco à base de gesso de parede interior, em Çatal Huyuk [s1]. ........................... 5
Figura 2.2. Estatuetas Ain Ghazal, Jordânia (à direita) [s2]. ........................................................ 5
Figura 2.3. Pirâmide de Gizé, no Egipto [s3]. ............................................................................... 6
Figura 2.4. Charola do Convento de Cristo, estuques de gesso (séc.XVI) [s4]. .......................... 6
Figura 2.5. Abóbadas em estuque apainelados, Convento de Mafra [s5]. ................................... 6
Figura 2.6. Revestimento em gesso [s6]. ...................................................................................... 8
Figura 2.7. Placas para revestimento [s7]. .................................................................................... 8
Figura 2.8. Blocos de gesso [s8]. .................................................................................................. 8
Figura 2.9. Placas de gesso cartonado [s9]. ................................................................................. 9
Figura 2.10. Placas de gesso reforçado com sisal [s10]............................................................... 9
Figura 2.11. Elementos decorativos de gesso [s11]. .................................................................... 9
Figura 2.12. a) Alabastro [s12], b) Selenite [s13], c) Espato Acetinado [s14], d) Anidrite [s15]. 11
Figura 2.13. Extração de gesso a céu aberto [s16]. ................................................................... 12
Figura 2.14. Extração de gesso em profundidade através de galerias [s17]. ............................. 12
Figura 2.15. Esquema do processo de produção do gesso. ...................................................... 13
Figura 2.16. Forno tipo marmita horizontal [s18]. ....................................................................... 14
Figura 2.17. Forno Rotativo Tubular [s19]. ................................................................................. 14
Figura 2.18. Curva de hidratação do gesso [Fonte: adaptado de Antunes (1999)]. ................... 17
Figura 2.19. Influência da temperatura da água de amassadura da pasta de gesso na presa do
material. [Fonte: adaptado de CLIFTON, (1973)]. .................................................. 19
Figura 2.20. Processo de execução do revestimento por aplicação manual [Fonte: MONICA, et
al., 1998]. ................................................................................................................ 21
Figura 2.21. Esquema de aplicação de revestimento de gesso por projeção mecânica [s20]. .. 22
Figura 3.1. Família dos gessos e das pastas à base de gesso para a construção [Fonte: EN
13279-1]. ................................................................................................................. 34
Figura 4.1. Relação água/gesso dos produtos do tipo A (à esquerda); Tempo de presa e utilização
dos produtos do tipo A (à direita). ........................................................................... 45
Figura 4.2. Resistência à flexão (MPa) dos produtos do tipo A. ................................................. 46
Figura 4.3. Relação água/gesso dos produtos do tipo B. ........................................................... 53
Figura 4.4. Tempo de utilização dos produtos do tipo B. ............................................................ 53
Figura 4.5. Massa volúmica aparente no estado seco dos produtos do tipo B. ......................... 55
vii
Figura 4.6. Resistência à flexão e à compressão (em MPa). ..................................................... 60
Figura 4.7. Dureza (em unidades Shore C). ............................................................................... 60
Figura 4.8. Relação água/gesso dos produtos do tipo C. ........................................................... 63
Figura 4.9. Tempo de utilização dos produtos do tipo C. ........................................................... 63
Figura 4.10. Massa volúmica aparente do produto em pó. ......................................................... 64
Figura 4.11. Resistência à flexão e à compressão (em MPa) dos produtos do tipo C. .............. 65
Figura 4.12. Dureza (em unidades Shore C) dos produtos do tipo C. ........................................ 65
Figura 5.1. Acondicionamento dos sacos dos produtos selecionados no interior de barricas. .. 70
Figura 5.2. Ensaios efetuados no ligante e argamassas à base de gesso no estado seco e fresco.
................................................................................................................................ 71
Figura 5.3. Ensaios efetuados no ligante e nas argamassas à base de gesso no estado
endurecido. ............................................................................................................. 72
Figura 5.4. Material e equipamento para preparação das argamassas. .................................... 73
Figura 5.5. Equipamento utilizado e preparação de provetes normalizados. ............................. 74
Figura 5.6. Acondicionamento dos provetes, no interior da câmara seca. ................................. 74
Figura 5.7. Evolução da temperatura ao longo do tempo no interior da câmara condicionada. 75
Figura 5.8. Evolução da humidade relativa ao longo do tempo no interior da câmara condicionada.
................................................................................................................................ 75
Figura 5.9. a)Tabuleiro e gesso em pó, b) balança, c) estufa, d) molde com capacidade de 1dm 3,
e) régua, f) g) e h) procedimento de execução. ..................................................... 76
Figura 5.10. a) Tabuleiro com gesso em pó, b) conjunto de peneiros utilizados, c) agitador de
peneiros, d) peneiração. ......................................................................................... 76
Figura 5.11. Equipamento para determinação da humidade: a) colher, b) tabuleiro com gesso em
pó, c) balança, d) estufa. ........................................................................................ 77
Figura 5.12. Equipamento e preparação da massa volúmica aparente, a) espátula, b) molde com
capacidade de 1dm 3. .............................................................................................. 78
Figura 5.13. Determinação da relação água/gesso pelo método de aspersão. ......................... 79
Figura 5.14. Determinação da relação água/gesso pelo método de espalhamento .................. 80
Figura 5.15. Determinação da relação água/gesso pelo método de espalhamento com
compactação. .......................................................................................................... 81
Figura 5.16. Determinação do início de presa pelo método da faca. ......................................... 82
Figura 5.17. Determinação do início de presa pelo método do cone de “Vicat”. ........................ 83
viii
Figura 5.18. Determinação do princípio de presa e tempo de presa segundo a norma NP 321.
................................................................................................................................ 84
Figura 5.19. Equipamento e material para determinação da massa volúmica no estado
endurecido. ............................................................................................................. 85
Figura 5.20. Determinação da capacidade de absorção segundo a norma NP 762 (1969). ..... 86
Figura 5.21. Determinação da absorção de água por capilaridade. ........................................... 87
Figura 5.22. Equipamento (Exsicador) e provetes à pressão. .................................................... 88
Figura 5.23. Determinação da porosidade e massa volúmica aparente (segundo RILEM 1989).
................................................................................................................................ 89
Figura 5.24. Determinação da resistência à flexão. .................................................................... 90
Figura 5.25. Determinação da resistência à compressão. .......................................................... 90
Figura 5.26. Ensaio de determinação da dureza. ....................................................................... 91
Figura 5.27. Determinação da aderência. ................................................................................... 92
Figura 6.1. Curvas granulométricas dos produtos estudados segundo a EN 1015-1 (à esquerda)
e a NP 379 (à direita). ............................................................................................ 94
Figura 6.2. Massa volúmica aparente da mistura seca (à esquerda) e humidade dos produtos
estudados (à direita). .............................................................................................. 96
Figura 6.3. Massa volúmica aparente. ........................................................................................ 97
Figura 6.4. Água de presa, NP318 (à esquerda) e relação água/gesso, EN 13279 (à direita). . 98
Figura 6.5. Tempo de início de presa (NP 321). ....................................................................... 100
Figura 6.6. Tempos de presa. ................................................................................................... 101
Figura 6.7. Relação entre os tempos de presa obtidos pela NP 321 e EN 13279-2. ............... 102
Figura 6.8. Porosidade aberta (à esquerda) e relação entre a resistência à compressão e a
porosidade aberta (à direita), 28 dias. .................................................................. 103
Figura 6.9. Massa volúmica aparente, 28 dias. ........................................................................ 104
Figura 6.10. Relação entre a massa volúmica aparente no estado fresco e no estado endurecido
(28dias). ................................................................................................................ 104
Figura 6.11. Absorção de água após imersão durante 10 horas (à esquerda) e relação entre a
porosidade aberta e a capacidade absorção de água após imersão durante 10 horas
(à direita), após 28dias. ........................................................................................ 105
Figura 6.12. Curvas de absorção de água por capilaridade. .................................................... 106
Figura 6.13. Curvas de absorção de água por capilaridade (0-180 minutos). .......................... 106
Figura 6.14. Resistências à flexão (à esquerda) e resistências à compressão (à direita), aos 7
dias e aos 28 dias. ................................................................................................ 108
ix
Figura 6.15. Coeficiente de ductilidade, 28 dias. ...................................................................... 108
Figura 6.16. Resultados dos ensaios de dureza (à esquerda) e de aderência (à direita), aos 7
dias e aos 28 dias de idade .................................................................................. 110
Figura 6.17. Relação dos tempos de presa dos produtos comercializados pelas empresas. .. 112
x
Índice de Quadros
Quadro 2.1. Principais características físicas da gipsite ............................................................. 10
Quadro 2.2. Composição química teórica dos diferentes tipos químicos do gesso. .................. 13
Quadro 2.3. Diferentes tipos de adjuvantes e respetivas funções.............................................. 20
Quadro 3.1. Classificação do gesso bruto conforme o seu teor em sulfato de cálcio hidratado 29
Quadro 3.2. Apresentação dos resultados diretos da análise .................................................... 30
Quadro 3.3. Conjunto de peneiros .............................................................................................. 31
Quadro 3.4. Tipos de revestimentos correntes com base no gesso (EN 13279-1:2008) ........... 34
Quadro 3.5. Requisito para argamassas à base de gesso [Fonte: EN 13279-1] ....................... 36
Quadro 3.6. Requisitos para argamassas à base de gesso para fins especiais [Fonte: EN 132791] ............................................................................................................................. 36
Quadro 4.1. Produtos do tipo A – Princípio de utilização ........................................................... 44
Quadro 4.2. Produtos do tipo A - Composição e granulometria dos produtos ........................... 44
Quadro 4.3. Produtos do tipo A - Relação água/gesso e tempos de aplicação ......................... 45
Quadro 4.4. Caracterização física e mecânica dos produtos do tipo A ...................................... 46
Quadro 4.5. Informações adicionais............................................................................................ 47
Quadro 4.6. Produtos do Tipo B – Princípio de utilização .......................................................... 47
Quadro 4.7. Produtos do Tipo B-Composição e granulometria dos produtos ............................ 49
Quadro 4.8. Produtos do Tipo B - Relação água/gesso e tempos de utilização ........................ 51
Quadro 4.9. Caracterização física dos produtos do Tipo B ........................................................ 54
Quadro 4.10. Características mecânicas dos produtos do Tipo B .............................................. 56
Quadro 4.11. Informações adicionais ......................................................................................... 58
Quadro 4.12. Produtos do Tipo C – Princípio de utilização ........................................................ 61
Quadro 4.13. Produtos do Tipo C - Composição e granulometria dos produtos ........................ 61
Quadro 4.14. Produtos do Tipo C - Relação água/gesso e tempos de aplicação ...................... 62
Quadro 4.15. Características físicas e mecânicas dos produtos do tipo C ................................ 64
Quadro 4.16. Informações adicionais ......................................................................................... 66
Quadro 5.1. Designação adotada, tipologia e algumas características dos produtos selecionados
para caracterização experimental. .......................................................................... 69
Quadro 5.2. Série de peneiros utilizados na determinação granulométrica ............................... 77
Quadro 6.1. Produtos selecionados para caracterização experimental ..................................... 93
xi
Quadro 6.2. Análise Granulométrica - EN 1015-1 ...................................................................... 93
Quadro 6.3. Análise granulométrica - NP 379 ............................................................................ 94
Quadro 6.4. Valores de massa volúmica aparente (NP EN 1097-3) e da humidade (NP 319) dos
produtos no estado seco ........................................................................................ 96
Quadro 6.5. Resultados da massa volúmica aparente, da água de presa e da relação água/gesso
para os produtos estudados ................................................................................... 97
Quadro 6.6. Resultados dos ensaios de caracterização no estado fresco – tempo de início de
presa e tempo de presa ........................................................................................ 100
Quadro 6.7. Resultados dos ensaios de determinação da massa volúmica aparente e real no
estado endurecido e da porosidade aberta .......................................................... 103
Quadro 6.8. Resultado da capacidade de absorção de água (NP 762) e de absorção de água por
capilaridade (EN 1015-18) .................................................................................... 105
Quadro 6.9. Resultados dos ensaios de flexão e de compressão (EN 13279-2) ..................... 107
Quadro 6.10. Resistência à flexão e à compressão – Resultados experimental, ficha técnica e
valor normativo ..................................................................................................... 109
Quadro 6.11. Valores dos ensaios de dureza (EN 13279-2) e aderência (EN 13279-2) ......... 110
xii
Capítulo 1 – Introdução
1.1. Enquadramento e justificação do tema
Na construção civil a utilização de produtos pré-doseados à base de gesso na execução
de revestimentos interiores é muito comum devido às inúmeras vantagens que estes produtos
apresentam.
Como vantagens da utilização destes produtos industriais na execução de revestimentos
pode referir-se: menor custo; melhores características de revestimento associado à menor
variabilidade das suas propriedades; maior velocidade de execução; menor necessidade de
pessoal especializado nomeadamente no que se refere a conhecimentos de composição das
várias camadas de revestimento.
Um dos problemas que se verifica em obra é a utilização deste tipo de produto sem
qualquer apoio em conhecimentos científicos, havendo por vezes diferenças entre o definido nas
indicações das embalagens dos produtos relativamente à relação água/gesso e à realmente
utilizada em obra. Têm-se verificado alguns problemas no comportamento de revestimentos
produzidos com este tipo de materiais, sobretudo o surgimento de bolores e destacamentos.
Ao nível da produção, as argamassas estão associadas a tecnologias de produção
tradicionais ou industriais. Nos últimos anos assistiu-se a uma crescente utilização de
argamassas industriais, devido às inúmeras vantagens que possibilitam. Contrariamente às
argamassas tradicionais, é assegurado um controlo de qualidade no fabrico das argamassas,
para além de que a composição é estudada visando a obtenção das propriedades que se
pretendem para os produtos. São também bastante vantajosas na medida que propiciam uma
redução do desperdício de material no estaleiro e consequentemente uma melhor organização
do estaleiro.
Para o estudo de argamassas de revestimento em condições de serviço, é essencial
analisar os materiais constituintes das argamassas, as suas exigências e características para
dar resposta às necessidades de desempenho previstas. Esta prática é relativa a quaisquer que
sejam as argamassas ou características de desempenho em estudo. Sendo neste âmbito que se
insere este trabalho de investigação, pretendendo-se acrescentar conhecimento ao que se
possui atualmente sobre os produtos pré-doseados à base de gesso, focando a análise em
argamassas pré-doseadas as quais se inserem no grupo das argamassas industriais.
Sendo as argamassas pré-doseadas à base de gesso um produto industrial, os
fabricantes optam por não revelar a maioria dos constituintes presentes na composição dos seus
produtos, mantendo a composição dos produtos em segredo industrial. As informações
referentes às características e propriedades, disponibilizadas nas fichas técnicas e de
desempenho são também elas muito escassas, tornando-se assim difícil ter um conhecimento
1
técnico sobre as reais características destes produtos pré-doseados para execução de
revestimentos.
A dissertação consiste na realização de um trabalho de síntese sobre os gessos e os
produtos pré-doseados de gesso para revestimentos, com vista à intervenção dos produtos
disponíveis no mercado incluindo um resumo e análise das suas características.
Por fim, procurar-se-á avaliar experimentalmente as principais propriedades e
características físicas e mecânicas de alguns produtos selecionados com base na pesquisa de
mercado efetuada.
1.2. Interesse e objetivos do trabalho
A presente dissertação visa aprofundar o conhecimento sobre as características de
desempenho do gesso e dos revestimentos pré-doseados de gesso para execução de
revestimentos de paredes. Numa primeira fase o estudo vai ser baseado na análise das
propriedades e características dos produtos identificados através de um levantamento realizado
no mercado nacional. Numa segunda fase realizaram-se ensaios laboratoriais, onde se
pretendeu avaliar os resultados individuais das características dos produtos no estado seco,
fresco e endurecido e estabelecer correlações entre os parâmetros medidos.
Os principais objetivos da dissertação foram: elaborar um documento de síntese sobre o
gesso e os revestimentos pré-doseados de gesso para execução de revestimentos de paredes;
fazer um levantamento dos produtos comerciais disponíveis no mercado nacional; caracterizar
experimentalmente as principais propriedades de alguns produtos selecionados (gesso e
produtos pré-doseados de gesso para revestimentos).
1.3. Organização do trabalho
Este trabalho encontra-se organizado em sete capítulos: introdução, história do gesso,
normalização, estudo de mercado, campanha experimental, apresentação e discussão dos
resultados e, por fim, as conclusões e propostas para desenvolvimentos futuros.
Dessa forma, em termos de objetivos principais, o trabalho encontra-se dividido em duas
partes. A primeira parte aborda os aspetos relacionados com a normalização e a pesquisa de
mercado e na segunda parte são avaliados experimentalmente as principais propriedades do
gesso e produtos pré-doseados de gesso para revestimento que foram selecionados com base
na pesquisa de mercado efetuada.
No capítulo 1 apresenta-se um enquadramento ao tema da dissertação, descrevem- se
os objetivos a alcançar, a metodologia de investigação a desenvolver e o modo como o trabalho
se encontra estruturado e organizado.
2
No capítulo 2, com base na pesquisa bibliográfica efetuada, aborda-se sumariamente a
evolução histórica dos gessos e dos revestimentos de gesso, o seu método de fabrico, produção
e as propriedades dos revestimentos executados à base de gesso.
Os produtos que são analisadas na presente dissertação, estão sujeitos a normalização
dado o seu carácter industrial. No capítulo 3, aborda-se este aspeto analisando-se as normas
Europeias e as anteriores. Analisa-se com detalhe a EN 13279-1:2008, que regula a atividade
fabril deste tipo de argamassas (produtos), nomeadamente no que se refere à definição dos
requisitos necessários para que estas argamassas possam ser colocadas no mercado nacional
e no espaço comunitário europeu.
No capítulo 4 procede-se à apresentação organizada da informação recolhida no estudo
de mercado efetuada para que posteriormente seja analisada.
No capítulo 5 descreve-se a atividade experimental a desenvolver em laboratório.
Inicialmente, são caracterizados os produtos a ensaiar e é sintetizado um plano de ensaios.
Descrevem-se os procedimentos laboratoriais de caracterização das pastas e argamassas no
estado seco, no estado fresco e no estado endurecido, bem como o modo de cálculo dos
parâmetros característicos de cada ensaio.
Complementando o capítulo 5, no qual genericamente se apresentou a metodologia de
ensaio preconizada e forma de análise e tratamento de dados, o capítulo 6 apresenta os
resultados obtidos sob a forma de quadros e gráficos, a partir dos quais são analisados e
discutidos, estabelecendo-se uma análise crítica dos mesmos. A análise de resultados decorre
da comparação das características dos produtos de gesso em estudo, entre os valores obtidos
e os valores fornecidos nas fichas técnicas, e, quando oportuno, da comparação qualitativa com
outros resultados de campanhas experimentais desenvolvidas em condições aproximadas
idênticas mas sobre gessos tradicionais, no sentido de melhor enquadrar os valores obtidos, mas
também possibilitar uma avaliação mais eficaz deste tipo de gessos enquanto soluções para
revestimentos interiores.
O capítulo 7 inclui as conclusões do trabalho desenvolvido com vista a dar resposta aos
objetivos propostos. São também apresentadas propostas para desenvolvimentos futuros que
se considera relevante aprofundar em complementaridade do estudo realizado.
Por fim, apresentam-se as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento deste
trabalho e em anexo apresentam-se algumas fichas técnicas dos materiais analisados no âmbito
do estudo de mercado efetuado.
3
4
Capítulo 2 – Revestimentos pré-doseados à base de gesso
2.1. Considerações gerais
O presente capítulo faz uma revisão bibliográfica sobre o gesso abordando os aspetos
históricos e geológicos do gesso, os processos de extração e produção e ainda os métodos de
execução e principais características dos revestimentos à base de gesso.
O gesso é um material que, devido às suas características, existe há vários milénios, é
fácil de aplicar e tem características que lhe garante um papel determinante no âmbito de uma
construção mais sustentável sendo visto pelas construtoras como um material alternativo de
qualidade e de baixo custo para ser aplicado nos revestimentos interiores.
Segundo Dana e Linhales a denominação gesso provém do grego gypsos, termo
aplicado ao mineral calcinado, enquanto a designação gipsita é mais adequada ao mineral em
seu estado natural (DANA, 1969; LINHALES, 2003).
Em Portugal o gesso é utilizado como camada de acabamento de revestimentos
interiores de paredes. Nos revestimentos tradicionais de gesso, de espessura fina, utiliza-se
normalmente agregados muito finos. A cal é adicionada quando se pretende retardar a presa
(MALTA DA SILVEIRA et al., 2007).
2.2. Aspetos Históricos
A idade apresentada por alguns dos materiais de construção é surpreendente, o gesso
encontra-se entre os materiais de construção mais antigos conhecidos pelo Homem.
Segundo Gourdin e Kingery (1975) o gesso é utilizado como material de construção
desde o período neolítico. O reboco à base de gesso na parede interior encontrado na cidade de
Çatal Huyuk, (Anatólia, Turquia) é a evidência mais antiga de gesso e estima-se que tenha
aproximadamente 9000 anos, Figura 2.1. O gesso foi também identificado em representações
de figuras de gesso na Jordânia, em estatuetas Ain Ghazal, datadas de cerca de 6000 a.C.,
Figura 2.2.
Figura 2.1. Reboco à base de gesso de parede
interior, em Çatal Huyuk [s1].
Figura 2.2. Estatuetas Ain Ghazal, Jordânia (à
direita) [s2].
5
Foi descoberta a presença de gesso nas juntas de assentamento dos blocos de calcário
das Pirâmides de Gizé (Figura 2.3), no Egipto, erguida por Quéops, no ano 2800 a.C..
(GOURDIN; KINGERY, 1975).
Figura 2.3. Pirâmide de Gizé, no Egipto [s3].
A disseminação da utilização do gesso em processos construtivos na Europa ocorreu
entre o século XII e XVIII. Inicialmente o gesso foi empregue na produção de argamassas, na
colocação de painéis de madeira, no revestimento de paredes e também na construção de
chaminés monumentais.
Segundo Silveira, Veiga e Brito (2007) encontra-se nas construções mais antigas em
Portugal evidências da presença de argamassas de gesso.
Os exemplos mais antigos de trabalhos à base de gesso, em Portugal remontam à época
romana, destacando-se os estuques de gesso decorativos no Convento de Cristo em Tomar,
Figura 2.4 e a utilização de gesso na execução de coberturas com abóbadas de estuques
apainelados no Convento de Mafra, Figura 2.5.
Figura 2.4. Charola do Convento de Cristo, estuques de gesso
(séc.XVI) [s4].
6
Figura 2.5. Abóbadas em estuque
apainelados, Convento de Mafra [s5].
No século XVIII ocorreu a difusão da utilização do gesso como material de construção
na Europa onde a região parisiense teve um grande destaque uma vez que se encontrava sobre
um veio de gesso de elevada pureza. Tornou-se assim numa fonte da matéria – prima com o
material a passar a ser conhecido como gesso paris ou “plaster of Paris” (CINCOTTO;
AGOPYAN; FLORINDO, 1988).
Segundo os mesmos autores a melhoria da qualidade do gesso e a descoberta de novas
aplicações só foi conseguida a partir do século XX como resultado do desenvolvimento industrial
e evolução tecnológica.
Em 1960, surgiu no mercado o primeiro gesso aplicado à mão fornecido na forma de
argamassa seca, e pouco tempo depois, a primeira máquina de utilizar argamassas secas com
base em gesso, uma bomba de mistura contínua que veio facilitar e acelerar a execução de
acabamento de gesso.
Atualmente, o gesso é considerado um material com grande potencial de utilização, pois
é um material reciclável e de baixo consumo energético. Satisfaz o contexto social atual que
incentiva a procura de materiais que minimizem o uso de recursos naturais e consumam pouco
combustível na sua produção.
Informações sobre gesso e suas aplicações podem ser encontradas em praticamente
todas as civilizações antigas da humanidade. Na cidade de Jericó (6000 a.C.), nos escritos
cuneiformes dos sumérios (de cerca de 2800 a.C.) e dos babilónios (cerca de 1830 a.C.).
O “Tratado da Pedra”, redigido por volta do ano 300 a.C. pelo filósofo Theosfraste,
discípulo de Platão e Aristóteles é o documento mais antigo relativo à extração da gipsita e
produção do gesso e indicava que o gesso era utilizado como argamassa para a ornamentação
e na confeção de estátuas (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1982 in PINHEIRO 2011).
No final do século XVIII início do século XIX começaram a surgir os primeiros estudos
científicos relacionados com o gesso, destacando-se o estudo sobre os fenómenos relacionados
à origem da preparação do gesso, de Lavoisier (1768), e a explicação científica sobre a
desidratação do mineral pedra de gesso (gipsita) e a hidratação do gesso, dos químicos Van’t
Hoff e Le Chatelier (1878) (LE PLÂTRE, 1982 in MUNHOZ 2008).
Com o incremento dos conhecimentos científicos dos materiais e da evolução dos
equipamentos, a indústria de gesso está focada em descobrir novas utilizações e aplicações para
o gesso. Novas soluções com incorporação de gesso ocorrem na área de proteção térmica e
acústica, eficiência energética e tecnologia de aquecimento avançada.
2.3. Aplicações do gesso
O gesso é um produto que devido às suas características e propriedades encontra
múltiplas aplicações tanto na construção quer como matéria-prima de outras indústrias.
7
Uma das principais consumidoras de gipsita é a indústria cimenteira que a adiciona ao
cimento Portland na etapa de moagem do clínquer para evitar presa instantânea do aluminato
tricálcico durante a fase de hidratação do cimento.
Na construção civil é utilizado gesso proveniente de jazidas onde a gipsita contenha um
grau de pureza superior a 75% (DOMINGUEZ, SANTOS, 2001 in BALTAR, BASTOS, LUZ 2005).
Os produtos de gesso contribuem de forma significativa para o conforto interior das
habitações dadas, as suas propriedades térmicas e acústicas. Devido ao baixo custo a sua
procura tem aumentado, tendo-se descoberto novas formas de aplicação.
Indicam-se seguidamente as principais aplicações do gesso.
Revestimentos de paredes e de tetos interiores por recurso à aplicação de estuques e
argamassas formuladas com gesso, destacando-se a capacidade do gesso aderir a vários tipos
de substratos e rápido endurecimento, Figura 2.6.
As placas para revestimento são utilizadas para a execução de revestimentos e
rebaixamentos de tetos na construção civil, Figura 2.7.
Figura 2.6. Revestimento em gesso [s6].
Figura 2.7. Placas para revestimento [s7].
Blocos de gesso que são elementos de vedação vertical, utilizados para a execução de
paredes e divisórias interiores nos edifícios, Figura 2.5.
Figura 2.8. Blocos de gesso [s8].
8
Produção de placas de gesso cartonado destinadas quer à execução de divisórias que
substituem a tradicional alvenaria de tijolo cerâmico, quer ao revestimento de tetos falsos. A
utilização de placas de gesso cartonado é responsável por sistemas construtivos de rápida
execução. As placas são compostas por gesso prensado entre duas folhas de cartão, Figura 2.9.
Placas de estafe que são placas de gesso planas reforçadas com fasquias de madeira e
fibras vegetais (sisal), Figura 2.10.
Figura 2.9. Placas de gesso cartonado [s9].
Figura 2.10. Placas de gesso reforçado com sisal
[s10].
Execução de ornamentos e elementos de decoração em paredes e tetos (molduras,
rosáceas, e outros elementos), Figura 2.11.
Construção de modelos reduzidos para efeitos de investigação experimental.
Figura 2.11. Elementos decorativos de gesso [s11].
Além da construção civil, o gesso é utilizado em diversos sectores.
Na agricultura atua como agente corretivo e condicionador de solos agrícolas, sendo
excelente fonte de cálcio e enxofre. (SUMNER, 1995).
Aplicado na medicina (área de traumatologia e odontologia), na indústria farmacêutica
(como desinfetante e como matéria-prima de muitos medicamentos) e na indústria alimentar
(utilizado no acondicionamento de água para fabricação de cerveja e na limpeza de vinhos). O
9
gesso é ainda utilizado para aplicação de tintas, no fabrico de objetos de adorno, para cerâmica
e para esculturas.
2.4. Gesso natural – Matéria -prima
A pedra de gesso também conhecida como gipsita, é uma rocha sedimentar, constituída
por sulfato de cálcio di-hidratado cuja fórmula química é CaSO4.2H2O, que geralmente ocorre
associado à anidrita, sulfato de cálcio anidro CaSO4 (Ralph,2005).
O gesso é o termo genérico de uma família de aglomerantes simples, que demonstra
grande afinidade com a água e que endurece ao ar tratando-se assim de um ligante hidrófilo
aéreo ou não hidráulico, bastante conhecido e largamente utilizado desde a antiguidade,
sobretudo em países de clima seco (Martins, et al., 2010 in LOPES, 2012).
No Quadro 2.1. estão presentes as principais características físicas da gipsita.
Quadro 2.1. Principais características físicas da gipsite
Propriedades físicas
Característica
Variável, podendo ser incolor, branca, cinza e outras
Cor
(dependendo das impurezas)
Brilho
Vítreo, nascarado ou sedoso
Dureza (Escala de Mohs)
Densidade
(g/cm3)
Hábito
2
2,3
Prismático
Clivagem
Em quatro direções
Morfologia e tamanho dos cristais
Varia de acordo com as condições e ambientes de formação
Fonte: Baltar et al. (2005).
A pedra de gesso pode-se apresentar de diversas formas sendo a mais conhecida a
denominada de alabastro, que apresenta grão fino e cor branca ou clara, além desta existe ainda
a selenite, o espato acetinado e a anidrite, Figura 2.12.
a)
b)
10
c)
d)
Figura 2.12. a) Alabastro [s12], b) Selenite [s13], c) Espato Acetinado [s14], d) Anidrite [s15].
Depósitos Naturais de pedra de gesso
O gesso resulta do processamento da gipsita formada em depósitos evaporíticos naturais
originados de antigos oceanos. Os depósitos contêm evaporitos que são constituídos
principalmente, pelo sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O), e apresenta alguns
contaminantes (a anidrita, a argila, o quartzo, os carbonatos de cálcio e magnésio, os cloretos e
outras formas de sulfatos) responsáveis pelas diferenças na pureza da cor e da textura.
As jazidas de gesso podem ser encontradas por todo o mundo destacando-se as jazidas
de Marrocos e da Tunísia, bem como as do Canadá, Brasil, França, Japão, Irão, Estados Unidos
e Península Ibérica. Em Portugal, encontram-se pequenos depósitos de gipsita em Soure, Monte
Redondo, Óbidos, Caldas da Rainha, Sesimbra e Loulé (CARVALHO, 2002).
Devido aos contaminantes presentes nos depósitos de gipsita, em Portugal, o gesso
apresenta reduzida qualidade. O gesso extraído em Portugal é pouco indicado para trabalhos de
estuque, sendo necessário importar gesso de Espanha e do Norte de África para responder à
procura do mercado. Grande parte do gesso extraído em Portugal é utilizado na indústria
cimenteira e na fabricação de placas de gesso laminado. (VELHO, et al., 1998).
Segundo os dados da U.S. Geological Survey durante o ano de 2012, a produção
mundial de gipsita foi de 150 milhões de toneladas, refletindo uma pequena elevação em relação
ao ano de 2011. A China foi o país que mais produziu gipsita com um total de aproximadamente
48 milhões de toneladas (U.S.G.S. 2013).
Fontes alternativas de gesso
Ao longo dos últimos anos, surgiu a necessidade de procurar processos alternativos de
produção de gesso, no sentido de diminuir o impacto ambiental resultante da exploração da
gipsita natural. Nesse sentido, o gesso sintético e a reciclagem de resíduos gerados durante a
execução dos revestimentos, apresentam-se como fontes alternativas, de matéria-prima.
11
O gesso sintético é o produto que resulta de processos industriais do fabrico de ácidos
(fosfogesso, fluorgesso, borogesso), e da dessulfurização dos gases de combustão (FGD – flue
gas desulfurisation ou sulfogesso) (JOHN; CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO 2011).
O gesso reciclado é resultante do reaproveitamento do resíduo gerado durante a
execução do revestimento de gesso, na própria obra e da reciclagem do resíduo resultante do
processo de demolição. A vantagem do reaproveitamento e da reciclagem destes resíduos é que
eles contribuem para a diminuição da exploração de jazidas naturais de gesso (CANUT, 2006).
Por enquanto ainda não é possível substituir totalmente a matéria-prima natural, por
estas fontes de matéria-prima secundárias.
2.5. Extração e transporte da pedra de gesso
A pedra de gesso pode ser encontrada à superfície ou em profundidade e extrai-se
utilizando métodos e equipamentos convencionais.
O processo de extração da gipsita pode ocorrer a céu aberto (Fig. 2.13) caso os
depósitos de gesso se encontrem a pouca profundidade e coberto com uma pequena camada
de terreno (vegetal ou sedimentar), ou em profundidade através de galerias (Fig. 2.14) caso as
jazidas de gesso estejam cobertas por uma grossa camada de terreno sedimentar e que não
seja economicamente viável ou não convenha a sua remoção.
A extração a céu aberto é mais segura e económica permitindo obter o gesso a preços
concorrenciais, enquanto a extração em profundidade é preferencialmente praticada no caso de
as pedreiras estarem perto das fábricas de produção de gesso.
Figura 2.13. Extração de gesso a céu aberto
[s16].
Figura 2.14. Extração de gesso em profundidade
através de galerias [s17].
O transporte da pedra de gesso depende da distância que separa a pedreira da fábrica.
No caso da fábrica se encontrar instalada na vizinhança da pedreira a pedra pode ser triturada e
o transporte pode ser feito por tela transportadora até os silos de armazenagem. Já se a fábrica
de gesso se situar longe da pedreira o transporte da gipsita é feito por via marítima, via-férrea ou
rodoviária com os blocos a terem um diâmetro de aproximadamente 60 cm.
12
2.6. Produção de gesso
O gesso como material de construção resulta do processo de calcinação da gipsita
natural ou do gesso residual, em fornos industriais, com temperaturas próximas dos 180 °C.
Enquanto produto calcinado, o gesso apresenta na sua constituição sulfato de cálcio hemihidratado (CaSO4.0,5H2O), anidritas solúveis e insolúveis (CaSO4) e sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O). No Quadro 2.2 apresenta-se a sua composição química teórica.
A percentagem de cada um dos constituintes é mantida sob segredo industrial e são
adaptadas em função das propriedades pretendidas pelos fabricantes durante o processo de
produção (JOHN; CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO 2011).
Quadro 2.2. Composição química teórica dos diferentes tipos químicos do gesso.
Composição (%)
Sulfatos
Fórmula
Massa molecular (g)
Relação CaO/SO3
H2O
CaO
SO3
Anidrita
CaSO4
136,14
0
41,19 58,81
0,7
CaSO4.0,5H2O
145,15
6,20 38,63 55,15
0,7
Hemidrato
CaSO4.0,66H2O
148,02
8,03 37,88 54,08
0,7
Gipsita
CaSO4.2H2O
172,17
20,99 32,57 46,5
0,7
Fonte: JOHN; CINCOTTO (2007).
O processo de produção do gesso, a partir da utilização da gipsita natural, é constituído
pelas seguintes etapas: extração e preparação da matéria-prima; calcinação; pulverização;
armazenamento em silo; e acondicionamento, Figura 2.15.
extração e preparação da matéria-prima
• Após a extracção, os blocos de gipsita são britados e moídos até se obter
a granulometria necessária para o forno de calcinação. A gipsita é
reduzida a tamanhos que não ultrapassam os vinte e cinco milímetros,
através da utilização de moinhos de impacto e de mandíbulas, muito
eficazes com este tipo de rocha. É efetuado o peneiramento do minério
para garantir a homogeneização do tamanho das partículas e uma maior
regularidade no processo industrial de produção. Antes de proceder-se à
calcinação é realizada uma secagem para retirar a humidade existente.
calcinação
• O processo de calcinação envolve a desidratação do minério, por meio do
aquecimento da matéria-prima em fornos, sendo o tipo de forno e a
temperatura a que o forno se encontra uma escolha dos fabricantes em
função das características que pretendem para os seus produtos.
pulverização e armazenamento em silo
• O gesso resultante do processo de calcinação volta ser moído para
adquirir a granulometria adequada à sua utilização.
• Em seguida, é armazenado em silo, com o intuito de estabilizar os seus
constituintes (hemi-hidratos e anidritos), tornando o material homogéneo.
acondicionamento
• O material resultante da etapa de pulverização é selecionado em frações
granulométricas e classificado de acordo com o tempo de presa, e
embalado em sacos de papel “Kraft”, big-bags ou silos de acordo com as
normas EN 13279-1:2008. As embalagens devem ser estanques, de forma
a proteger o material da humidade ambiente.
Figura 2.15. Esquema do processo de produção do gesso.
13
2.6.1. Calcinação
A calcinação da gipsita é um processo que consiste, na desidratação térmica do sulfato
de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O), por meio de aquecimento para se obter sulfato de cálcio
hemi-hidratado e anidritas solúveis ou insolúveis.
O processo de calcinação da gipsita pode ocorrer por via húmida ou por via seca, em
função do destino que se pretende atribuir à pedra de gesso, conforme se descreve
seguidamente.
O processo efetuado por via húmida ocorre em autoclaves, onde o ambiente se encontra
sob pressão de vapor de água saturado. Por este processo obtém-se o hemi-hidrato α (gesso
tipo α), que é usado em moldes de precisão e na odontologia.
O gesso usado como material de construção resulta da calcinação realizada por via seca,
utilizando fornos de aquecimento directo e indirecto, dos tipos: panela, marmita (Figura 2.16)
rotativo tubular (Fig.2.17), tubular paralelo e barriga quente onde se obtém o hemi-hidrato β
(gesso tipo β) (SANTANA, 2008).
Figura 2.16. Forno tipo marmita horizontal
[s18].
Figura 2.17. Forno Rotativo Tubular [s19].
2.6.2. Reações de transformação
É nos fornos de calcinação que ocorrem as reações de transformação do minério de
gipsita que consistem na perda de até ¾ das moléculas de água do sulfato de cálcio di-hidratado
(CaSO4.2H2O), obtendo-se assim sulfatos de cálcio hemi-hidratado e anidrita (III, II e I)
(CINCOTTO; AGOPYAN; FLORINDO, 1998 a).
É também nesta fase que as empresas se diferenciam umas das outras, no sentido de
desenvolver um produto diferenciado. Para isso regulam a temperatura, quantidade de ligantes
e controlam as diferentes fases cristalinas, onde as mais comuns são: a gipsita, as duas formas
polimórficas do hemi-hidrato (α e β), a anidrita do tipo III solúvel, a anidrita do tipo II insolúvel e
a anidrita do tipo I, também denominada anidrita – α (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1983 a
in JÚNIOR 2008).
Seguidamente apresentam-se as reações de transformação do minério de gipsita
(sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4.2H2O)) que podem ocorrer em função do aumento de
14
temperatura, assim como as diferentes espécies químicas de sulfato de cálcio que podem ser
obtidas no processo.
a) Gipsita, Di-hidrato de sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O)
Conforme apresentado na equação 2.1 a gipsita, também designada de gesso cru, é a
forma di-hidratada do sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O). Quando se aumenta a temperatura até
100 °C ocorre a libertação da água livre existente no material (JOHN; CINCOTTO, 2007 in
PINHEIRO 2011).
𝑎𝑡é 100º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 . 2𝐻2 𝑂 + 𝐻2 𝑂 →
𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
∆
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 . 2𝐻2 𝑂 + 𝐻2 𝑂𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
(Equação 2.1)
𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
b) Hemi-hidrato de Sulfato de Cálcio (CaSO4.1/2H2O)
A equação 2.2 corresponde à reação de transformação da gipsita em hemi-hidrato de
sulfato de cálcio, de fórmula CaSO4.0,5H2O. Esta reação ocorre a temperaturas superiores a
150ºC para fins comercias (mesmo sabendo que o início da reação se inicia a temperatura
inferiores) e obtém-se como sub-produtos os hemi-hidratos α e β (SCHROEDER, 1970 in
ABREU, 2005).
140º𝐶 𝑎 160º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 →
⏟
𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
∆
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 0,5𝐻2 𝑂 + 1,5𝐻2 𝑂𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
⏟
(Equação 2.2)
ℎ𝑒𝑚𝑖−ℎ𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜
Consoante o processo de fabrico, pode-se formar hemi-hidratos (α e β) que são de difícil
diferenciação experimental (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1983a in JÚNIOR 2008).
As duas formas polimórficas do hemi-hidrato diferenciam-se principalmente no ambiente
em que são produzidos.
O hemi-hidrato-α é resultado de um libertação mais lenta da água de cristalização e uma
maior uniformidade na desidratação em ambiente sob pressão de vapor de água, saturado (em
autoclaves), enquanto o hemi-hidrato-β é obtido pelo processo de via seca onde ocorre uma
rápida libertação da água de cristalização formando de cristais irregulares, fraturados e porosos.
c) Anidrita III (CaSO4)
Continuando o aumento da temperatura no forno de calcinação, no intervalo entre 160ºC
e 190ºC obtém-se a anidrita III, ou anidrita solúvel, resultante da desidratação do hemi-hidrato
de sulfato de cálcio. À semelhança do hemi-hidrato, a anidrita também pode ocorrer em formas
polimórficas α e β – anidrite III. Nas equações 2.3 e 2.4, apresenta-se as reações de
transformação a partir do hemi-hidrato e da gipsita, respetivamente. A fórmula CaSO4.εH2O
indica que é constituído por um teor pequeno de água de cristalização, onde ε varia entre 0,06 e
0,11 tornando-o num material reativo e voraz por água que reage com a própria humidade do ar
(JOHN; CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO 2011).
15
160º𝐶 𝑎 190º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 0,5𝐻2 𝑂 →
⏟
ℎ𝑒𝑚𝑖−ℎ𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜
∆
𝑔𝑖𝑝𝑠𝑖𝑡𝑎
(Equação 2.3)
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼𝐼𝐼
160º𝐶 𝑎 190º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 . 2𝐻2 𝑂 →
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 𝜀𝐻2 𝑂 + (0,5 − 𝜀)𝐻2 𝑂𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
⏟
∆
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 . 𝜀𝐻2 𝑂 + (2 − 𝜀)𝐻2 𝑂𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
(Equação 2.4)
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼𝐼𝐼
d) Anidrita II (CaSO4)
Na equação 2.5 está representada a reação de transformação da anidrita III em anidrita
II (CaSO4), ou anidrita insolúvel. Esta reação ocorre para temperaturas próximas de 220 °C para
hemi-hidrato-α ou 350 °C para hemi-hidrato-β que é o gesso utilizado na construção (JOHN;
CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO 2011).
220º𝐶 𝑎 350º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 𝜀𝐻2 𝑂 →
⏟
∆
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼𝐼𝐼
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 + 𝜀𝐻2 𝑂𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟
(Equação 2.5)
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼𝐼
Caso se prolongue o aumento da temperatura no forno obtém-se anidrita supercalcinada
para temperaturas superiores a 350 °C e “anidrita calcinada à morte” para temperaturas entre os
700 °C e os 800 °C. Ambas são conhecidas pela baixa reatividade levando muito tempo a
hidratarem-se, sendo adicionadas ao gesso para aumentar o tempo de presa.
e) Anidrita I (CaSO4)
As últimas reações de transformação que podem ocorrer nos fornos de calcinação
ocorrem a temperaturas superiores a 800 °C. Correspondem à formação da anidrita I (CaSO4)
ou à decomposição da anidrita I em óxido de cálcio e anidro sulfúrico (MUNHOZ 2008). As
reações encontram-se representadas nas equações 2.6 e 2.7, respetivamente.
800º𝐶 𝑎 1230º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 →
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼𝐼
>1230º𝐶
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4 →
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼
∆
∆
𝐶𝑎𝑆𝑂
⏟ 4
(Equação 2.6)
𝑎𝑛𝑖𝑑𝑟𝑖𝑡𝑎 𝐼
𝐶𝑎𝑂 + 𝑆𝑂2 + 0,5𝑂2
(Equação 2.7)
2.6.3. Hidratação do gesso
O processo de hidratação do gesso corresponde à mistura do hemi-hidrato de sulfato de
cálcio (CaSO4.0,5H2O) com água, dando novamente origem ao sulfato de cálcio di-hidratado
(CaSO4.2H2O). É produzida uma pasta homogénea, que rapidamente, adquire a plasticidade e
que vai solidificando, até o seu endurecimento. A equação 2.8 representa a reação de hidratação.
𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 0,5𝐻2 𝑂 + 𝐻2 𝑂 → 𝐶𝑎𝑆𝑂4 . 2𝐻2 𝑂 + 𝐶𝑎𝑙𝑜𝑟
16
(Equação 2.8)
A reação química do gesso com a água é uma reação exotérmica, como se pode verificar
pela equação 2.8, onde ocorre a formação do sulfato de cálcio di-hidratado e a libertação de
calor.
É através do estudo do calor que é libertado que se têm desenvolvido curvas de
hidratação do gesso para perceber melhor o tempo disponível para aplicação da pasta de gesso.
O modelo teórico da curva de hidratação das pastas de gesso e as etapas da cinética da
reação de hidratação (Antunes, 1999), estão representadas na Figura 2.18, a hidratação da pasta
de gesso é apresentada em três etapas. A primeira etapa corresponde ao período de indução
onde as partículas do hemi-hidrato se juntam com a água. A segunda etapa corresponde ao
tempo útil estimado e é
caracterizado pela rápida
elevação da temperatura.
A
terceira
representa
o
parte
fim
da
reação da hidratação e
consequentemente
corresponde ao fim de
presa, período a partir do
qual deixa de ser possível
utilizar a pasta de gesso
por
já
se
endurecida.
encontrar
Figura 2.18. Curva de hidratação do gesso [Fonte: adaptado de Antunes
(1999)].
A hidratação do gesso depende das frações dos seus constituintes, da relação
água/gesso, do grau de agitação da pasta, da temperatura da água de amassadura, da presença
de impurezas, da presença de adjuvantes e da distribuição granulométrica das partículas (JOHN;
CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO 2011).
2.6.4. Propriedades no Estado Fresco
Durante a hidratação da pasta de gesso são, geralmente, observadas as características
de trabalhabilidade, o tempo de presa e a variação dimensional das pastas.
Trabalhabilidade da Pasta de Gesso
A trabalhabilidade é uma das características mais importantes das pastas e argamassas
de gesso e define a maior ou menor facilidade de aplicação do material. A trabalhabilidade é
medida pela plasticidade do material e pela consistência da pasta.
A plasticidade que deverá ser suficiente para garantir o manuseio do material é
influenciada pelo teor de água, natureza dos aglomerantes e intensidade da mistura. A
consistência de uma pasta ou argamassa de gesso tem influência na resistência final, no
17
rendimento do material, na porosidade e na durabilidade, por isso deve-se ter um rigoroso
controlo da relação água/gesso utilizada para não comprometer as suas propriedades finais.
A água necessária para garantir boas condições de plasticidade e consistência depende
do tipo de material e do tamanho das partículas do gesso. Uma vez que o gesso é um material
muito fino resulta numa pasta com maior trabalhabilidade, porém com rápido endurecimento.
Então para garantir melhores condições de manuseio da pasta de gesso, são utilizados
adjuvantes. Os principais adjuvantes utilizados são os retardadores de presa, que aumentam o
tempo disponível para o seu manuseio e os superplastificantes que incrementam a plasticidade
necessária à sua moldagem (DOMÍNGUEZ; SANTOS, 2001 in BALTAR, BASTOS, LUZ, 2005).
Presa e Endurecimento da Pasta
O tempo de presa da pasta de gesso pode ser calculado por dois processos diferentes.
Segundo a NP 321 (1963) - “Determinação do princípio de presa e do tempo de presa” o tempo
de presa é determinado com base num método calorimétrico baseado na hidratação da pasta de
gesso. A norma NP 321 define que o instante em que se inicia a presa corresponde ao princípio
de presa. O fim de presa corresponde ao instante em que a pasta de gesso atinge a temperatura
máxima. Segundo a mesma norma o tempo de presa é o intervalo que decorre entre o início e
fim de presa. Na EN 13279:2006 o tempo de presa é determinado por um processo diferente
havendo a separação entre pastas e argamassas de gesso. No caso de uma pasta de gesso, o
ensaio é realizado pelo método da faca (corresponde a fazer um corte numa pasta assente sobre
uma placa de vidro). O início de presa corresponde à mistura do gesso com a água e o fim de
presa corresponde ao momento em que ao realizar um corte na pasta as duas partes já não têm
fluidez para se unirem. Já para as argamassas de gesso utiliza-se o método do cone de “Vicat”
em que o princípio de presa corresponde ao instante da mistura do produto pré-doseado com a
água e o fim de presa é o momento em que a penetração do cone no aparelho de Vicat fica
22 mm acima da chapa de vidro (base). Em ambos os casos o tempo de presa corresponde ao
tempo que decorre entre o início e o fim de presa.
O tempo de presa da pasta de gesso pode ser influenciado pelos seguintes fatores:
a) Presença de Impurezas
A presença de impurezas durante o processo de produção da pasta de gesso provoca
um aumento da formação dos cristais sólidos, levando ao consequente aceleramento da presa
da pasta de gesso (CLIFTON, 1973).
b) Tamanho das partículas
O tamanho das partículas influencia diretamente a hidratação do gesso. Quanto menor
o tamanho das partículas mais rápido o gesso realiza presa, em virtude do aumento da área
específica do material (KARNI; KARNI, 1995 in ROSSETTO 2012).
18
c) Relação Água/Gesso
A relação água/gesso é o fator de maior influência no comportamento do gesso. Quanto
maior a relação água/gesso maior o tempo de presa do gesso, em virtude da menor velocidade
a que ocorre a precipitação dos cristais. (NOLHIER, 1986 in MUNHOZ 2008).
d) Temperatura da Água de Amassadura
O tempo de presa da pasta de gesso varia segundo Clifton (1973) em função da
temperatura da água de amassadura. O aumento da temperatura da água até 45ºC aumenta a
solubilidade do hemi-hidrato. A partir dos 45 °C ocorre o efeito inverso conforme ilustrado na
Figura 2.19.
Figura 2.19. Influência da temperatura da água de amassadura da pasta de
gesso na presa do material. [Fonte: adaptado de CLIFTON, (1973)].
e) Adjuvantes
A utilização de adjuvantes nas pastas de gesso proporciona uma alteração na reação de
hidratação do gesso, modificando o processo de crescimento dos cristais e a cinética das
reações. Os adjuvantes têm o objetivo de aumentar a fluidez das pastas ou de reduzir a
quantidade da água de amassadura (PENG et al., 2005).
Variação Dimensional do Gesso
Durante o processo de hidratação as pastas de gesso, apresentam inicialmente uma
diminuição de volume seguida de uma expansão intensa que vai diminuindo até ao fim da presa.
Esta retração/expansão proporciona a produção de componentes de gesso sem variações
dimensionais significativas e com bom acabamento superficial (JOHN; CINCOTTO, 2007 in
PINHEIRO 2011).
19
2.7. Materiais constituintes dos revestimentos à base de gesso
O gesso é usado como constituinte nos revestimentos, encontrando-se presente nos
estuques tradicionais e nos estuques não tradicionais.
Nos estuques tradicionais existem vários tipos de revestimentos à base de gesso,
destacando-se: pasta de gesso (pasta de gesso puro); argamassa de gesso (gesso e areia),
gesso e cal apagada (com ou sem areia). A constituição destes estuques engloba ligantes (gesso
escuro ou branco), cal apagada (em pó ou em pasta); cargas minerais (areia limpa e muito fina,
siliciosa ou calcária), adjuvantes, água e eventualmente adições.
Nos estuques não tradicionais, englobam-se os estuques pré-doseados que são
constituídos por misturas previamente doseadas em fábrica, contendo ligantes (gesso escuro ou
branco), cal apagada em pó e resinas; cargas minerais (areia limpa, seca e calibrada), pó de
pedra (calcário), adjuvantes, água e outras adições.
Adjuvantes e Adições
Para as pastas de gesso possuírem as características necessárias à boa aplicação em
obra e irem de encontro às necessidades dos construtores, as empresas adicionam adjuvantes
aos seus produtos pré-doseados, numa percentagem inferior a 1% da massa do produto. No
caso dos produtos não pré-doseados as adições são aplicadas no momento da mistura do gesso
com a água (Domínguez e Santos, 2001 in BALTAR, BASTOS, LUZ, 2005).
No Quadro 2.3 são apresentados os tipos e as funções dos adjuvantes que podem ser
adicionados às pastas e argamassas de gesso.
Quadro 2.3. Diferentes tipos de adjuvantes e respetivas funções
Adjuvantes
Funções
Retardadores do
Diminuem a solubilidade do gesso na água, e consequentemente diminuem a
tempo de presa
velocidade de reação. Ex: ácido cítrico, ácido bórico.
Aceleradores do tempo Diminuem a solubilidade da gipsite, e aumentam a solubilidade do gesso,
de presa
aumentando a diferença de solubilidade, consequentemente aumentam a
velocidade da reação. Ex: sulfatos.
Espessantes
Aumentam a consistência da pasta de gesso. Ex: o amido pode ser usado com
essa finalidade.
Plastificantes
Possibilitam a redução da relação água/gesso, contribuindo assim para o
aumento da massa volúmica e da resistência mecânica. O carbonato de
cálcio, adicionado em pequena quantidade, pode exercer essa função.
Retentores de água
Usados com o objetivo de garantir uma recristalização homogénea e eficiente
da pasta de gesso. Reagentes derivados e ésteres de celulose costumam ser
utilizados com essa finalidade.
Impermeabilizantes
Provocam a obstrução dos poros da massa de gesso proporcionando um certo
grau de impermeabilidade à água. Ex: silicones.
Humectantes
Evitam o surgimento de grumos indesejáveis, durante a preparação da pasta
de gesso.
Introdutores de ar
Usados em situações onde se deseja incorporar ar nas pastas de gesso.
Promotores de
Aditivos à base de polímeros sintéticos solúveis em água que aumentam a
aderência
aderência das pastas de gesso.
20
2.8. Revestimento de gesso
O gesso apresenta propriedades extremamente interessantes para ser utilizado como
revestimento. Os revestimentos à base de gesso são de rápida aplicação dada a alta velocidade
de endurecimento, proporcionam um excelente acabamento e auxiliam na proteção ao fogo e no
isolamento térmico e acústico.
O principal inconveniente resulta do facto de o gesso ser muito solúvel na presença de
água, devendo evitar a aplicação do gesso em revestimentos exteriores.
Nos revestimentos interiores, deve-se ter o cuidado de o não aplicar sobre superfícies
húmidas ou sujeitas a grandes concentrações de vapor.
O revestimento à base de gesso tem a possibilidade de ser utilizado na forma de pasta
ou argamassa e aplicado sobre diversos suportes, nomeadamente tijolos e blocos cerâmicos,
blocos de betão e superfícies monolíticas de betão ou argamassa.
Quanto ao modo de aplicação, os revestimentos à base de gesso podem ser executados
manualmente ou através de projeção mecânica.
Revestimento de gesso de aplicação manual tem um baixo custo quando comparado
com outros revestimentos tradicionais. Os revestimentos executados com pastas de gesso
(estuques), Figura 2.20, são os mais utilizados para os revestimentos interiores.
Figura 2.20. Processo de execução do revestimento por aplicação manual [Fonte: MONICA, et al., 1998].
O revestimento de gesso por projeção mecânica pode ser aplicado em superfícies de
paredes, lajes, pilares ou vigas e não necessita de nenhuma preparação prévia (Fig.2.21). A
espessura da camada de gesso projetado costuma ser inferior a 25 mm. Para melhorar o
desempenho, o produto contém adjuvantes que aumentam a sua trabalhabilidade e aderência
ao suporte. Este modo de aplicação permite uma diminuição de tempo de execução dos
revestimentos e evita o desperdício de material e proporciona um bom acabamento.
21
Figura 2.21. Esquema de aplicação de revestimento de gesso por projeção mecânica [s20].
2.9. Principais características dos revestimentos à base de gesso
A seleção de pastas e argamassas à base de gesso para revestimentos interiores de
paredes e tetos está ligada às características que estes produtos apresentam.
Além dos requisitos que são exigidos para os revestimentos interiores em termos de
aderência, resistência superficial e mecânica é importante conhecer as restantes características
associadas aos revestimentos interiores à base de gesso. E nesse sentido que a seguir se
apresentam as suas principais características.
Produtividade
A produtividade dos revestimentos à base de gesso é conseguida através da alta
velocidade de hidratação do gesso que permite o aumento da rapidez de execução dos
revestimentos. Acresce o facto de apresentar uma superfície lisa e de cor branca, que facilmente
é coberta por pintura. (JOHN; CINCOTTO, 2007 in PINHEIRO, 2011).
Aderência
As argamassas de gesso aderem a suportes de aço galvanizado, vidro, cartão, pedra,
cimento, tijolos, betão celular autoclavado, polistireno expandido, etc. Após realizar presa a
aderência do gesso nos diferentes tipos de substratos é alta, apresentando bons valores de
tensão de aderência por arrancamento (JOHN, ANTUNES, 2002).
Porosidade
A porosidade nos revestimentos executados com pastas e argamassas à base de gesso
resultam da evaporação do excesso de água que não é consumido no processo de hidratação
22
do gesso. A porosidade tem influência no isolamento térmico e acústico, e permite retirar ou
devolver a humidade ao ambiente atuando como regulador higrométrico.
Durabilidade
Quando aplicado em revestimentos interiores o gesso possui uma elevada durabilidade
o mesmo não acontecendo quando aplicado em revestimentos exteriores ou em zonas húmidas
devido à sua solubilidade.
Massa Volúmica
O gesso endurecido contém uma massa volúmica baixa, contribuindo para redução do
peso dos revestimentos. O valor da massa volúmica está compreendido no intervalo de 800 a
1200 kg/m3 (WIRSCHING, 1991 in FERNÁNDEZ, 1997).
Resistência Mecânica
Dependendo do produto e da relação água/gesso utilizada o gesso pode apresentar uma
resistência mecânica à compressão superior a 10 MPa e uma resistência à tração por flexão
superior a 4 MPa.
A resistência mecânica do gesso é influenciada pela relação água/gesso. Quanto maior
for esta relação menor é a resistência do produto (salvo produtos pré-doseados que podem
conter adjuvantes), mas aumenta com o tempo, alcançando níveis máximos entre os 14 e 28
dias de idade, dependendo das condições ambientais.
Em contacto com a humidade o gesso pode perder até 50% da sua resistência, dada a
sua sensibilidade à variação da humidade. É aconselhável não executar revestimentos à base
de gesso em zonas suscetíveis a condensações.
Isolamento Térmico
Os revestimentos à base de gesso apresentam uma condutibilidade térmica que varia
entre 0,46 e 0,54 w/m2 °C, que é muito inferior à das restantes argamassas e pode ser
considerado um bom isolante térmico.
O gesso sendo duas vezes menor condutor de calor que o betão impede a formação de
condensações e consequente e proliferação de bolores nas paredes frias. (CINCOTTO et al.
1985 in SOUSA, 2009)
Isolamento Acústico
As pastas e argamassas de gesso ao realizarem presa sobre os substratos contribuem
para a oposição à propagação do som, promovendo a insonorização dos locais, embora o
coeficiente de absorção do gesso não difira muito dos restantes materiais para revestimentos
rígidos.
23
Proteção contra incêndios
Sob o ponto de vista da ação de incêndios o gesso apresenta um conjunto de
características que o tornam num material excelente para revestimentos. Além de ser
incombustível e de ter características de isolamento térmico já referidas anteriormente, quando
aquecido liberta vapor de água e absorve uma parte do calor do próprio incêndio, ajudando a
retardar a elevação de temperatura.
Desvantagens
Os revestimentos em áreas com muita humidade são suscetíveis ao desenvolvimento de
bolor, principalmente em edificações com má ventilação, os quais causam uma deterioração
progressiva do revestimento.
A pasta de gesso em contacto com superfícies metálicas sem pintura anticorrosiva
fomenta a corrosão destas (excetuando o aço galvanizado), surgindo desta maneira manchas
de ferrugem.
Quando se executam revestimentos com reduzida espessura está-se mais suscetível à
deformação dos substratos, mais frágil em relação a choques além de que uma pequena
espessura não auxilia na fixação de cargas suspensas e no isolamento acústico.
Já quando se executa o revestimento de gesso em camada única, com espessuras
superiores a 10mm aumenta a possibilidade de ocorrerem destacamentos do material em
grandes dimensões.
2.10. Considerações Finais do Capítulo
Neste capítulo foram abordados as principais características do gesso de construção: o
seu processo de produção, as transformações do mineral de pedra de gesso em gesso e a sua
utilização em componentes empregues na construção civil.
O gesso de construção é um ligante aéreo, constituído basicamente por sulfato de cálcio
hemi-hidratado. É obtido pela calcinação da gipsita, em fornos industriais em temperaturas que
variam de 140 °C a 200 °C. Dependendo das características do material a ser calcinado e da
eficiência do forno, o gesso produzido pode conter além do hemi-hidrato, teores menores de dihidrato, de anidritas e de impurezas, que podem alterar as características do produto final.
O gesso em contacto com a água inicia uma reação química e retoma o seu grau de
hidratação inicial. A mistura de gesso com água produz uma pasta homogénea que rapidamente
adquire plasticidade e ao se solidificar adquire resistência mecânica.
O gesso de construção é um material de fácil aplicação como revestimento e apresenta
inúmeras vantagens em relação ao revestimento tradicional. Este último, em geral, é constituído
por várias camadas (chapisco, emboço, reboco e acabamento decorativo), enquanto na
24
aplicação do gesso, em geral, somente duas camadas são necessárias (camada de gesso e
acabamento decorativo).
Outras vantagens associadas ao revestimento em gesso é a resistência ao fogo e
isolamento termo-acústico, além destas, revestimento à base de gesso apresenta forte aderência
aos diferentes substratos e devido à sua facilidade de aplicação em obra torna-o um material
produtivo diminuindo os custos de produção.
25
26
Capítulo 3 – Normas no domínio do gesso de construção
3.1. Considerações gerais
Neste capítulo pretende-se realizar uma análise das normas relativas ao gesso e aos
produtos pré-doseados à base de gesso para construção.
Para isso começa-se por analisar as normas portuguesas e estrangeiras anteriores às
atuais normas europeias e, seguidamente, referem-se as normas atuais. Nesta análise
estabelece-se uma breve explicação e comparação de cada um dos enquadramentos normativos
anteriores (as normas portuguesas e as normas europeias).
Enunciam-se as tipologias vinculadas ao gesso para construção e os requisitos que são
exigidos em função do tipo do produto. Por último descrevem-se os aspetos associados à
marcação CE.
3.2. Enquadramento Normativo anterior à Normalização Europeia
Anteriormente à atual normalização europeia existiam normas Portuguesas relativas à
caracterização dos gessos. Estas normas portuguesas foram publicadas na década de 60 e eram
complementadas com normas internacionais. As normas portuguesas apesar de datarem dos
anos 60 ainda se encontram em vigor, servindo de complemento à normalização europeia.
A seguir apresenta-se de forma sumariada as normas portuguesas existentes relativas
aos gessos bem como algumas das normas internacionais que eram utilizadas para colmatar as
lacunas existentes nessas normas, e posteriormente apresenta-se uma breve descrição dos
procedimentos de caracterização do gesso segundo as normas portuguesas.
3.2.1. Listagem das Normas
As normas portuguesas, datadas dos anos 60, relativas à análise das características dos
gessos destinavam-se principalmente a uma caracterização química da matéria-prima, sendo
muito reduzido o número de normas referentes à caracterização do produto no estado
endurecido.
O gesso para construção usado como ligante nas massas de estuque e nas argamassas
à base de gesso, é objeto das normas portuguesas que se indicam seguidamente.
Normalização Portuguesa – IPQ (Instituto Português da Qualidade)

NP-315:1963 Gesso. Terminologia.

NP-316:1963 Gesso Bruto. Classificação, características e receção.

NP-317:1963 Gessos. Colheita de amostras.

NP-318:1963 Gesso. Determinação da água de presa.

NP-319:1963 Gessos. Determinação da humidade.

NP-320:1963 Gessos. Determinação do teor em água combinada.
27

NP-321:1964 Gesso. Determinação do princípio de presa e do tempo de presa.

NP-322:1963 Gessos. Determinação do teor em anidrido carbónico.

NP-323:1963 Gessos. Determinação dos teores em resíduo insolúvel, em ferro e
alumínio, em cálcio e em magnésio.

NP-324:1963 Gessos. Determinação do teor em sulfato.

NP-325:1963 Gessos. Determinação do teor em cloreto de sódio.

NP-326:1964 Gessos. Apresentação dos resultados analíticos.

NP-379:1964 Gesso. Determinação da granulometria.

NP-420:1969 Gesso. Acondicionamento e expedição.

NP-762:1969 Gesso. Determinação da capacidade de absorção de água.

NP-763:1969 Gesso. Determinação da dureza.

NP-764:1969 Gesso. Determinação da expansão.
Como se pode constatar pela lista acima apresentada existe uma gama grande de
normas aplicáveis. Das dezassete normas apresentadas só duas delas abordam a
caracterização física e mecânica do gesso enquanto produto endurecido, nomeadamente a
caracterização da capacidade de absorção e a determinação da dureza.
Sendo pouco vasta a normalização referente a produtos de gesso, sempre que
necessário recorria-se a normas internacionais nomeadamente as normas inglesas, alemãs e
francesas para completar as lacunas das normas portuguesas.
Em Inglaterra, estes revestimentos são abordados na norma BS 5492:1990, referente a
revestimentos interiores, na BS 1191-1:1973 e na BS 1191-2:1973, relativas a revestimentos de
gesso.
Bristish Standard Institution (BSI)

BS 5492:1990 – Code of practice for internal plastering;

BS 1191-1:1973 – Specifications for gypsum building plasters. Excluding premixed
lightweight plasters;

BS 1191-2:1973 – Specifications for gypsum building plasters. Premixed lightweight
plasters.
Nas normas alemãs, estes revestimentos são abordados nas DIN 18550, DIN 1168-1 e
DIN 1168-2 que dizem respeito aos revestimentos de gesso, nomenclatura, tipologia, transporte,
marcação, requisitos e métodos de ensaio realizados.
Deutsches Institut fur Normung E.V (DIN)

DIN 18550: Putz; Begriffe und Anforderungen (Berlin 1985) (Gesso; Definições e
Requisitos);
28

DIN 1168-1 (1986): Baugipse; Begriff, Sorten und Verwendung; Liefereung und
Kennzeichnung (Gesso de construção; Conceitos, Tipos e Usos, Acondicionamento e
Rotulagem);

DIN 1168-2 (1975): Baugipse; Anforderungen, Prüfung, Űberwachung (Gesso de
construção; Requisitos, Ensaios e Monitorização);
Da normalização francesa, refere-se o Document Technique Unité (DTU) 25.1 – relativo
a revestimentos interiores de gessos, as normas NF B12-300, NF B12-301, NF B12-302, NF B12303, NF B12-401 e NF B12-402 que estabelecem condições gerais de embalagem, entrega e
receção, definem classificações técnicas e especificações de ensaio de produtos de gesso para
revestimentos, e tempos de utilização e fim de presa.
Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB)

DTU 25.1 – D’ Enduits Intérieurs en Plâtre (Paris 1975);
Association Française de Normalization (AFNOR)

NF B 12-300 – Plâtres: Generalités: Clauses et conditions generals (France 1963);

NF B 12-301 – Gypse et plâtre- Plâtres pour enduits intérieurs à application manuelle ou
mécanique de dureté normale ou de três haute dureté- Classification, désignation,
spécifications (France 1963);

NF B 12-302 – Plâtre à mouler por staff (France 1982);

NF B 12-303 – Plâtres fins de construiction pour enduits de très haute duretè dits: plâtre
THD (France 1970);

NF B 12-401 – Plâtres – techiniques des essais (France 1963);

NF B 12-402 – Plâtres temps d’emploi et fin de prèse (France 1963);
3.2.2. Âmbito das normas portuguesas
As normas portuguesas da década de 60 apresentam vários processos e metodologias
de ensaio das propriedades do gesso para construção. Seguidamente apresenta-se uma breve
descrição de cada uma das normas portuguesas, referidas anteriormente.
Na norma NP 315 é apresentada a terminologia dos gessos e produtos relacionados com
o gesso. A NP 316 é destinada a classificar e caracterizar o gesso bruto conforme o seu teor em
sulfato de cálcio hidratado, o qual era classificado em três classes, Quadro 3.1.
Quadro 3.1. Classificação do gesso bruto conforme o seu teor em sulfato de cálcio hidratado
Classe
Teor mínimo em SO4Ca.2H2O
Teor mínimo em água combinada
I
90%
18,83%
II
80%
16,74%
III
70%
14,65%
Fonte: NP316 (1963).
29
São ainda apresentadas as características do gesso bruto e estabelecidas as condições
do seu transporte, designação, identificação e receção.
A NP 317 fixa as regras que devem ser seguidas na colheita das amostras dos diferentes
tipos de gesso para que estes sejam representativos de um lote deste produto, desde a forma
como a colheita é efetuada (incluindo a metodologia utilizada na identificação das amostras) até
ao destino das amostras colhidas. A técnica de ensaio e cálculo de resultados da determinação
da quantidade de água necessária para a presa do gesso é apresentada na NP 318.
A NP 319 descreve o processo de ensaio da determinação da humidade e a fórmula de
cálculo da humidade do gesso. Na NP 320 é descrita a técnica de preparação das amostras de
gesso para ensaio e o modo de procedimento e cálculo de determinação do teor em água
combinada.
Na NP 321 é descrito todo o procedimento que deve ser seguido para determinação do
princípio de presa e do tempo de presa pelo método calorimétrico, incluindo a colheita e
preparação da pasta normal de gesso (mistura de gesso e água determinada segundo a
NP 318). É também definido o princípio de presa (instante em que se inicia a subida de
temperatura da pasta normal de gesso), fim de presa (instante em que a pasta normal de gesso
atinge a temperatura máxima) e tempo de presa (intervalo de tempo que decorre entre os
instantes correspondentes ao princípio de presa e fim de presa). A NP 322 descreve o modo de
procedimento para determinar o teor do gesso em anidrido carbónico combinado, enumera os
reagentes e utensílios necessários, e apresenta um esquema de como deve ser realizada a
montagem do conjunto de ensaios.
Na NP 323 são apresentados os processos de determinação dos teores do gesso em
resíduo insolúvel e em óxidos de ferro, de alumínio, de cálcio e de magnésio, os reagente e
utensílios necessários para a sua realização, e a forma de cálculo de cada teor.
Na NP 324 e NP 325 é descrita a técnica para determinar e calcular o teor de sulfato e
cloreto de sódio, assim como os reagentes e utensílios necessários para executar o
procedimento.
A NP 326 fixa o modo de apresentação dos resultados da análise química do gesso, de
forma direta (Quadro 3.2) ou da análise sob a forma de componentes pressupostos no gesso.
Quadro 3.2. Apresentação dos resultados diretos da análise
%
Humidade
..,..
(norma NP-319)
Água combinada
..,..
(norma NP-320)
Anidrido carbónico (CO2)
..,..
(norma NP-322)
Resíduo insolúvel
..,..
(norma NP-323)
Ferro e alumínio (expresso em O3Fe2+O3Al2)
..,..
(norma NP-323)
Cálcio (expresso em Oca)
..,..
(norma NP-323)
30
Magnésio (expresso em Omg)
..,..
(norma NP-323)
Sulfato (expresso em SO3)
..,..
(norma NP-324)
Cloreto de sódio (NaCl)
..,..
(norma NP-325)
100,00
Fonte: NP 326 (1964).
Na NP 379 é descrito o conjunto de peneiros e o processo a utilizar na determinação da
granulometria do gesso, Quadro 3.3.
Nº do peneiro
Quadro 3.3. Conjunto de peneiros
Abertura da malha (mm)
Diâmetro nominal do fio (mm)
20
8,84
0,510
40
0,42
0,290
60
0,250
0,180
80
0,177
0,131
100
0,149
0,110
120
0,125
0,091
Fonte: NP 379 (1964).
A NP 420 descreve as condições associadas à embalagem, apresentação, rotulagem,
expedição e emissão de certificados de garantia do gesso.
O modo de preparação dos cubos de gesso, cálculo e técnica utilizada para determinar
a capacidade de absorção de água do gesso é enumerado na NP 762.
Na norma NP 763 é descrito o processo de ensaio para determinação da dureza do
gesso. Os provetes de gesso são inseridos numa balança decimal especial que permite
relacionar a dureza do gesso com a penetração de uma determinada esfera no mesmo. A dureza
determinada através duma fórmula de cálculo indicada no documento.
O processo, utensílios e fórmula de cálculo da expansão longitudinal de um prisma de
pasta de gesso é descrito na norma NP 764.
3.3. Atual Enquadramento Normativo
Em 2004 o Comité Europeu de Normalização estabeleceu normas relativas às definições
e exigências de gessos e revestimentos à base de gesso e aos métodos de ensaio que devem
ser utilizados.
A seguir apresentam-se as normas europeias existentes para gesso e produtos à base
de gesso, uma breve descrição dessa normalização, bem como a classificação e requisitos dos
produtos de gesso, segundo a normalização europeia.
3.3.1. Normas Europeias
A globalização dos mercados levou a uma necessidade de estabelecer regras e normas
semelhantes em todo o espaço comunitário tendo surgido as normas europeias, normas essas
31
que são adotadas em todos os países da comunidade europeia, podendo estes efetuarem alguns
ajustes quando considerados necessários.
As normas portuguesas dos anos 60 possuem um conjunto de exigências mais
numeroso e voltadas sobretudo para os parâmetros químicos dos componentes do gesso,
enquanto as normas europeias atuais apresentam um conjunto de exigências mais centradas na
análise das propriedades de resistência mecânica dos produtos.
Os estuques com base no gesso são atualmente regulamentados pelas normas
EN 13279-1:2008, relativa às definições e exigências de gessos e revestimentos à base de
gesso, e EN 13279-2:2006, que estabelece os métodos de ensaio daqueles revestimentos. Estes
documentos normativos do CEN (Comité Européen de Normalisation), do qual Portugal faz parte,
servem de base à marcação CE, referida na Diretiva dos Produtos de Construção (DPC), que
permite a livre circulação dos produtos no mercado do espaço económico europeu (EEE).
Seguidamente apresentam-se as principais normas europeias respeitantes a produtos à
base de gesso.
Normalização Europeia – CEN (Comité Européen de Normalisation)
EN 13279-1:2008-Gesso e produtos com base em gesso.Parte1:Definições e requisitos.
EN 13279-2:2006-Gesso e produtos com base em gesso.Parte2:Métodos de ensaios.
Ambas as normas referidas acima já se encontram harmonizadas, sendo seguidas pelas
empresas portuguesas.
3.3.2. Âmbito das normas europeias
A EN 13279 é uma norma de produto aplicada a produtos à base de gesso e encontrase dividida em duas partes, uma referente às definições e requisitos e outra relativa aos métodos
de ensaio. Esta norma europeia especifica as características e os requisitos do gesso e das
argamassas à base de gesso para aplicação manual ou Projeção mecânica. Esta norma
contempla os gessos para uso direto em obra, argamassas à base gesso, e os gessos como
matéria-prima utilizados para o fabrico de painéis de gesso, placas de gesso laminado, placas
de produtos fibrosos.
Apresenta-se seguidamente uma breve descrição de cada uma das partes da EN 13279.
A primeira parte encontra-se dividida em oito capítulos. No primeiro capítulo são
descritos os objetivos e os campos de aplicação a que a norma se destina, no segundo capítulo
são apresentadas as normas que serviram de referência à respetiva norma. O capítulo três é
relativo à terminologia e definição dos vários produtos à base de gesso. O quarto capítulo
corresponde à designação dos gessos e argamassas à base de gesso para a construção, bem
como a sua identificação. O quinto capítulo contém os requisitos relacionados com as condições
32
de uso final (englobando a reação ao fogo, desempenho acústico e térmico), requisitos para
gesso, requisitos para argamassas de gesso e ainda requisitos para argamassas de gesso para
fins especiais. O capítulo seis apresenta a verificação da conformidade dos produtos com os
requisitos exigidos e deve ser determinado mediante ensaios do tipo inicial (Initial Type Testing)
que são descritos na norma, e com base no controlo de produção em fábrica (CPF). O capítulo
sete enumera a forma como deve ser realizada a designação dos gessos e das argamassas à
base de gesso para construção. O oitavo capítulo é referente à marcação, rotulagem e
embalagem dos produtos.
A segunda parte da EN 13279 diz respeito aos métodos de ensaio que devem ser
realizados para atestar as propriedades dos gessos e argamassas à base de gesso para
construção, de modo a verificar se estes respeitam os requisitos exigidos na primeira parte da
norma. Esta segunda parte inclui quatro capítulos onde os primeiros dois, à semelhança do que
aconteceu na primeira parte, correspondem aos objetivos da norma e identificação das normas
que foram utilizadas como referência.
No terceiro capítulo são abordadas as condições de ensaio e recolha das amostras,
sendo descrito a atmosfera de ensaio, como deve ser realizada a recolha e preparação da
amostra, o tipo de água utilizada e ainda os cuidados que se deve ter com os equipamentos e
utensílios a utilizar.
No capítulo quatro são indicados os métodos de ensaio para gesso e argamassas de
gesso para construção. Os métodos de ensaio descritos incluem os utensílios necessários, o
modo de procedimento e ainda o modo de apresentação dos resultados. Os métodos de ensaio
inseridos neste capítulo destinam-se à determinação da análise granulométrica, determinação
do teor de trióxido de enxofre, do teor de sulfato de cálcio, determinação da relação água/gesso,
determinação do tempo de presa e determinação das propriedades mecânicas, nomeadamente
determinação da resistência à flexão e à compressão e determinação da dureza e da aderência.
3.3.3. Classificação e Descrição dos produtos de gesso segundo a EN 13279-1
A Figura 3.1 apresenta a família dos gessos de construção e pastas de gesso para
construção estabelecida na EN 13279-1.
33
Gipsita, matériaprima
A1 - Gesso para produtos em
pó
A3- Gesso para posterior
processamento
A2 - Gesso para uso directo em obra
BRevestimentos
com base em
gesso (B1 a B7)
CRevestimento
com base em
gesso para
fins especiais
(C1 a C7)
Para outros elementos,
por exemplo:
-blocos de gesso;
-placas de gesso
cartonado
Figura 3.1. Família dos gessos e das pastas à base de gesso para a construção [Fonte: EN 13279-1].
No sentido de apresentar uma classificação mais específica dos revestimentos de gesso
correntes no Quadro 3.4 apresenta-se a designação estabelecida na EN 13279-1:2008 e
respetiva notação.
Quadro 3.4. Tipos de revestimentos correntes com base no gesso (EN 13279-1:2008)
Designação
Notação
Gesso (Gypsum binder)
A
Gesso para produtos em pó (Gypsum binders for direct use or further processing)
A1
Gesso para uso direto em obra (Gypsum binders for direct use on site)
A2
Gesso para posterior processamento (Gypsum binders for further processing)
A3
Revestimento com base no gesso (Gypsum plaster)
B
Revestimento de gesso (Gypsum building plaster)
B1
Revestimento com base no gesso (Gypsum based building plaster)
B2
Revestimento de gesso e cal (Gypsum-lime buiding plaster)
B3
Revestimento aligeirado de gesso (Lightweight gypsum building plaster)
B4
Revestimento aligeirado com base no gesso (Lightweight gypsum based building plaster)
B5
Revestimento aligeirado de gesso e cal (Lightweight gypsum-lime building plaster)
B6
Revestimento com base no gesso com dureza superficial melhorada (Gypsum plaster for
plasterwork with enhanced surfaced hardness)
Revestimento com base no gesso para aplicações especiais (Gypsum plaster for special
purposes)
Revestimento fibroso com base no gesso (Gypsum plaster for fibrous plastework)
B7
C1
Gesso para assentamento em tijolo (Gypsum plaster for bricklaying)
C2
Gesso para isolamento acústico (Acoustic plaster)
C3
Gesso para isolamento térmico (Thermal insulation plaster)
C4
Gesso para proteção ao fogo (Fire protection plaster)
C5
Gesso para aplicação em camada fina (Thin coat plaster)
C6
Produto para acabamento (Finishing product)
C7
34
C
Descreve-se seguidamente a composição de alguns produtos referidos no Quadro 3.4.
Gesso (Gypsum binder) é o produto obtido por calcinação do sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O) e consiste em sulfato de cálcio nas suas várias formas de hidratação,
por exemplo hemi-hidrato (CaSO4.0,5H2O) e anidrita (CaSO4), notação A.
Revestimento com base no gesso (Gypsum plaster) é a terminologia utilizada que
engloba os produtos à base de gesso, e de gesso (com ou sem cal), que são utilizados na
construção, notação B.
Revestimento de gesso (Gypsum building plaster) argamassa à base de gesso com um
mínimo de 50% de sulfato de cálcio como componente ativo principal e menos de 5% de cal
(hidróxido de cálcio), notação B1.
Revestimento com base no gesso (Gypsum based building plaster) argamassa de gesso
com menos de 50 % de sulfato de cálcio como componente ativo principal e menos de 5% de cal
(hidróxido de cálcio), notação B2.
Revestimento de gesso e cal (Gypsum-lime bulding plaster) argamassa à base de gesso
com mais de 5% de cal (hidróxido de cálcio), notação B3.
Revestimento aligeirado de gesso (Lightweight gypsum building plaster) é uma
argamassa à base de gesso, com uma constituição semelhante a um produto de notação B1, B2
ou B3, com incorporação de agregados leves inorgânicos tais como perlita expandida ou
vermiculita ou agregados leves orgânicos, notação B4.
Revestimento com base no gesso com dureza superficial melhorada (Gypsum building
plaster for plasterwork with enhanced surfasse hardness) é um gesso de construção
especialmente formulado para realizar revestimentos que requerem uma maior dureza
superficial, notação B7.
Revestimento fibroso com base no gesso (Gypsum plaster for fibrous plasterwork) é um
gesso especialmente elaborado para a fabricação de elementos pré-fabricados de revestimento
fibroso, notação C1.
Gesso para isolamento acústico (Gypsum acoustic plaster) é um gesso especialmente
formulado para aplicações que requerem uma maior absorção acústica, notação C3.
Gesso para isolamento térmico (Gypsum termal insulation plaster) corresponde a um
gesso especialmente formulado para utilizações que requerem melhores propriedades de
isolamento térmico, notação C4.
Gesso para proteção ao fogo (Gypsum fire protection plaster) é um gesso especialmente
formulado para aplicações de proteção ao fogo, notação C5.
35
Gesso para aplicação em camada fina (Gypsum thin coat plaster) é um gesso fabricado
para aplicação em camada fina, com espessuras de 3 mm a 6 mm, notação C6.
Produto para acabamento (Finishing porduct) é um gesso de acabamento com uma
espessura de 0,1 mm a 3 mm, para obter uma superfície regular, notação C7.
3.3.4. Requisitos normativos a satisfazer pelos produtos
A EN 13279 estabelece os seguintes requisitos para os produtos:
a)Requisitos para ligantes de gesso (A)
O conteúdo em sulfato de cálcio deve ser de pelo menos 50%. As propriedades dos
produtos de gesso devem ser determinadas de acordo com a EN 13279-2.
b)Requisitos para argamassas com base em gesso (B)
As propriedades dos revestimentos em gesso quando determinadas de acordo com a
EN 13279-2, devem respeitar as condições indicadas no Quadro 3.5.
Quadro 3.5. Requisito para argamassas à base de gesso [Fonte: EN 13279-1]
Início de pressa
Teor de
(min)
ligante
Resistência
Revestimentos
em
à flexão
Gesso
em gesso
Gesso
gesso
N/mm2
de
manual
%
projetar
B1
≥50
B2
<50
B3
i
≥1
B4
≥50
>20ii
>50
B5
<50
B6
i
B7
≥50
≥2
i) de acordo com os ponto 3.3., 3.4, 3.5 e 3.6 da norma EN 13279-1
Resistência à
compressão
N/mm2
Dureza
superficial
N/mm2
≥2
-
≥6
≥2,5
Aderência
N/mm2
≥0,1
ii) para alguns gessos de aplicação manual é permitido um tempo inferior desde que devidamente informado na
embalagem.
c)Requisitos para argamassas com base em gesso para fins especiais (C)
As propriedades para rebocos com base em gesso para usos especiais, quando
determinados de acordo com a norma EN 13279-2 devem respeitar os requisitos indicados no
Quadro 3.6.
Quadro 3.6. Requisitos para argamassas à base de gesso para fins especiais [Fonte: EN 13279-1]
Revestimentos
em gesso
C1
C2
C3
C4
C5
C6
C7
Teor de
ligante
em
gesso
%
>50
>50
>50
>50
Início de
pressa min
Finura (μm)
Rf
N/mm2
5000
1500
200
100
Vicat
Faca
2h
7d
0
0
-
0
0
-
<1%
-
<10%
0
>30
>20
>20
>20
>20
>20
>8
-
>1,5
-
>3
>1
>1
Rf – Resistência à flexão; Rc – Resistência à compressão
36
Rc
N/mm2
>2
>2
>2
Dureza
superficial
N/mm2
2h
7d
>4
-
>10
-
Segundo a EN 13279-2 existem determinados ensaios que devem ser efetuados para
verificar os requisitos exigidos pela norma, nomeadamente:

Análise Granulométrica;

Determinação do trióxido de enxofre e do sulfato de cálcio equivalente;

Determinação da relação água/gesso;

Determinação do tempo de pressa;

Determinação da dureza;

Determinação da resistência à flexão;

Determinação da resistência à compressão;

Determinação da aderência.
Consoante o produto em análise seja um ligante de gesso ou uma argamassa de gesso,
os ensaios acima referidos têm algumas diferenças na sua realização.
3.3.5. Designação normalizada dos produtos
Os gessos de construção e as argamassas à base de gesso para construção devem ser
designados da seguinte forma:
a) Tipo de gesso ou de argamassa de gesso segundo a designação estabelecida no quadro 3.4;
b) Referência à norma EN 13279;
c) Identificação segundo o indicado no quadro 3.4;
d) Tempo de princípio de presa;
e) Resistência a compressão.
Tendo em consideração estes requisitos apresenta-se um exemplo de designação, para
um gesso para construção de projeção mecânica (B1) com um tempo de princípio de
presa > 50 min e resistência a compressão ≥ 2,0N/mm2, cuja designação é a seguinte:
Gesso de construção
EN 13279-1 – B1/50/2
3.3.6. Marcação CE
O símbolo CE aplica-se aos produtos de construção que são incorporados de forma
permanente nas obras. Estes produtos só poderão ser comercializados na maioria dos estados
membros se tiverem o símbolo CE e deverão permitir a construção de obras que cumpram
determinados requisitos essenciais referentes a: resistência mecânica, estabilidade, segurança
em caso de incêndio, saúde, meio ambiente, segurança de utilização, proteção contra ruído,
economia energética e isolamento térmico.
37
Estes requisitos concretizar-se-ão em primeiro lugar com documentos interpretativos
elaborados pelos comités técnicos para, em seguida, serem desenvolvidos sob a forma de
especificações técnicas. Normas harmonizadas e Documentos de Idoneidade Técnica Europeia.
O fabricante deve submeter cada produto ou família de produtos ao procedimento de
avaliação previsto pelo comité. A declaração de conformidade do fabricante ou certificado de
conformidade emitido por um organismo notificado autorizarão o fabricante a imprimir a marca
CE correspondente.
O fabricante ou o seu representante autorizado estabelecido no EEE é o responsável
pela fixação da marcação CE. O símbolo CE deve ser colocado em conformidade com a Diretiva
93/68/CEE e deve estar visível sobre o produto. O símbolo de marcação CE deve ser
acompanhado da seguinte informação:

Número, ou marca comercial e morada registrada do fabricante;

Os dois últimos dígitos do ano de colocação em mercado;

Referência à norma europeia (neste caso EN 13279);

Descrição do produto: nome genérico, tipo, quantidade e uso previsto;

Informação sobre características essenciais indicadas na tabela ZA.1 da EN 13279,
nomeadamente, reação ao fogo, resistência térmica e isolamento acústico.
3.4. Análise comparativa entre as normas europeias e as normas anteriores
ao atual enquadramento normativo
Da análise comparativa entre as normas portuguesas da década de 60 e a EN 13279
verifica-se que existem algumas diferenças na análise das propriedades do gesso.
A determinação granulométrica difere essencialmente na forma como é efetuada a
peneiração e no conjunto de peneiros utilizado, havendo procedimentos diferentes de
determinação das partículas retidas no peneiro (NP 379).
O método de avaliação do teor em sulfatos é idêntico ao descrito na NP 324 apenas
diferindo nas avaliações de quantidades acrescentadas de cada um dos reagentes. A fórmula de
cálculo dos sulfatos é idêntica.
A fórmula de determinação da relação água/gesso pelo método de dispersão é idêntica
à da NP 318 para a água de presa, sendo o procedimento ligeiramente diferente.
A determinação do tempo de aplicação de início e fim de presa (NP 321), é efetuada por
métodos diferentes. Na norma atual é usado o método de corte de faca ou agulha de “Vicat”
enquanto na anterior esta determinação era feita através de um termómetro com base no poder
calorimétrico do gesso. Em ambos os casos o resultado é expresso em minutos.
38
Na determinação da dureza o procedimento é semelhante alterando apenas o aparelho
de penetração da esfera. A expressão de cálculo é idêntica diferindo nas unidades de cálculo.
A determinação da resistência à flexão, compressão e adesão não tem concordância
entre as normas atuais e as anteriores.
Conforme se verifica alguns métodos de ensaio foram substituídos por outros, uma vez
que nas últimas décadas registou-se uma grande evolução no conhecimento das propriedades
dos materiais e dos equipamentos para a realização de ensaios, tendo sido feito um ajuste nos
procedimentos de caracterização das propriedades do gesso.
Constata-se que as normas anteriores estabeleciam um maior controlo das
características químicas. O método atual incide mais nas propriedades físicas e mecânicas do
material sendo as características determinadas semelhantes às que são determinadas para os
restantes materiais existentes no mercado, ou seja, resistência à flexão e à compressão, dureza
e aderência.
39
40
Capítulo 4 – Estudo do Mercado
4.1. Enquadramento
Um dos objetivos da presente dissertação é efetuar um levantamento dos produtos prédoseados à base de gesso, disponíveis no mercado nacional para execução de revestimentos.
Neste capítulo procede-se à avaliação da oferta de produtos pré-doseados existentes, que
mediante a junção de água nas proporções indicadas pelo fabricante se apresentem prontos
para utilização. Para além de identificar as empresas que fornecem no mercado nacional este
tipo de produtos, realiza-se uma caracterização dos produtos existentes estabelecendo-se uma
comparação entre eles.
4.2. Metodologia estabelecida para a pesquisa de mercado
A pesquisa de mercado efetuada revelou-se importante para esta dissertação, tendo
permitido a recolha de informações e conhecimentos sobre os gessos pré-doseados para
revestimentos.
Através das entrevistas efetuadas com fabricantes e fornecedores, que desde logo se
disponibilizaram a ceder toda a informação possível dentro do que lhes era permitido, procurouse saber quais os produtos disponibilizados, aqueles que apresentavam maior volume de venda,
e as características que os tornavam únicos em função da utilização que se pretendia dos
mesmos. Procurou-se ainda saber o processo de fabrico utilizado e o controlo de qualidade
efetuado.
Junto dos fornecedores procurou-se também saber quais as marcas disponibilizadas
pelos mesmos, quais os produtos mais vendidos e qual a aceitação dos produtos por parte dos
consumidores no mercado interno português.
Com o início do estudo de mercado rapidamente se verificou que os produtos
pré- doseados à base de gesso que são comercializados em Portugal, não são necessariamente
produzidos por empresas nacionais. Existem algumas empresas espanholas no sector de
produção de produtos com base em gesso para construção que oferecem os seus produtos no
mercado Português.
Tentou-se ainda recolher o máximo de informações relativas a: fichas técnicas; catálogos
de amostras; documentos de desempenho; documentos de certificação; documentos de apoio;
fotografias de uma fábrica de produção de produtos pré-doseados à base de gesso.
Com o início de recolha de informação, rapidamente se constatou que a maioria dos
fabricantes se dedicavam à produção de uma gama diferenciada de produtos pré-doseados à
base de gesso. A variação do tipo de produto é conseguida através da alteração da composição
(podem conter adjuvantes, fibras, perlite), da pureza do gesso, da quantidade de ligante e dos
agregados selecionados.
41
Contudo, e como se esperava, a informação sobre a composição dos produtos é
reduzida, havendo empresas que não revelam a composição dos seus produtos por razões de
segredo industrial. Relativamente a muitos produtos não há informação suficiente que permita
uma adequada caracterização, nomeadamente no que respeita a informação sobre adições,
adjuvantes, traços entre ligantes e agregados e valores de resultados de ensaios mecânicos e
físicos, que não os valores mínimos exigidos nos documentos normativos. Assim, o utilizador
final fica limitado a comparar os variados produtos em função do fabricante e das recomendações
presentes nos produtos.
Seguidamente listam-se as empresas que comercializam no mercado nacional, produtos
pré-doseados à base de gesso para revestimentos.
Empresas
Empresas portuguesas e/ou com uma sede em Portugal:

Sival;

Topeca;

Placo/Saint Gobain;

Fassa Bartolo;
Empresas que exportam para o mercado português:

Algíss-Uralita;

La Maruxina;

Yemasa;

Yetosa;

Yesos Albi;
Apesar do número reduzido de empresas, nove empresas diferentes, estas oferecem um
vasto número de produtos pré-doseados à base de gesso.
Caracterização do Mercado
As nove empresas identificadas disponibilizam uma grande variabilidade de produtos,
tendo-se listado 6 produtos do tipo A, 45 do tipo B e 14 do tipo C. No total verifica-se que existem
65 produtos oferecidos pelas 9 empresas que operam no mercado nacional.
Torna-se assim difícil por parte do consumidor efetuar uma escolha mais fundamentada
do produto para a utilização que pretende porque a informação do produto é muito sucinta ou
nula, não permitindo fazer uma comparação eficaz entre os produtos disponíveis.
No presente trabalho procurou-se efetuar uma descrição e caracterização dos produtos
relativamente à sua composição, tempo de aplicação, relação água/gesso, utilizações a que o
produto se destina com base na documentação normativa existente. Apresentam-se também os
42
valores das características físicas e mecânicas que são disponibilizadas nalgumas fichas
técnicas dos produtos e apresenta-se ainda informação adicional relativa ao modo de aplicação
do produto e ao peso de cada saco.
A informação do estudo de mercado foi organizada pela tipologia do produto, ou seja
começou-se por diferenciar os produtos nos tipos A, B e C, de acordo com a norma EN 13279- 1,
onde A corresponde aos ligantes de gesso, B às argamassas com base em gesso e C às
argamassas com base em gesso para fins especiais.
Dentro de cada tipologia começou-se por analisar os produtos quanto à sua composição,
e verificou-se que todos os produtos apresentam na sua composição a indicação de que o
produto é à base de gesso. Alguns informam que incorporam adjuvantes ou fibras mas
desconhece-se quais e as funções a que se destinam.
Na análise da relação água/gesso as empresas acrescentam ser possível variar um
pouco a relação em função da trabalhabilidade e da consistência que se pretende, tendo em
atenção que ligeiras mudanças poderão provocar variações no tempo de utilização e nas
características mecânicas.
O modo de apresentação das informações disponibilizadas pelas empresas
relativamente ao tempo disponível para utilizar a pasta ou argamassa de gesso foi muito distinta.
Algumas empresas que optam por indicar o tempo de início e fim de presa enquanto outras
indicam o tempo de utilização ou o tempo para acabamento do revestimento.
Com o recurso às fichas técnicas e às declarações de conformidade analisou-se as
características físicas e mecânicas dos produtos, nomeadamente a sua massa volúmica,
resistência à flexão e à compressão, aderência e dureza. Como a caracterização física não é um
requisito da EN 13279-1, algumas empresas não fornecem qualquer informação relativa a
características desta natureza. Em relação à caracterização mecânica optam muitas vezes por
referir que o valor é superior ao requisito mínimo indicado na norma.
Terminou-se o estudo com algumas informações adicionais relativas aos produtos,
abrangendo o método de aplicação, espessura por camada e o acondicionamento dos produtos.
Depois da análise entre os vários produtos da mesma tipologia realizou-se uma análise global
aos produtos existentes no mercado nacional.
4.3. Análise dos produtos do tipo A
4.3.1. Classificação segundo EN 13279-1
A norma europeia EN 13279-1 aplica-se a produtos pré-doseados à base de gesso para
revestimentos e define, entre outros, os requisitos para argamassa no estado endurecido. Em
função das suas propriedades e utilização, cada produto será de um determinado tipo.
43
No Quadro 4.1 apresenta-se, para cada produto, a sua tipologia segundo a referida
norma e o respetivo princípio de utilização.
Empresa
Sival
AlgissUralita
Quadro 4.1. Produtos do tipo A – Princípio de utilização
Produto
Tipo (EN 13279-1)
Princípio de utilização
Gesso Estuquef1
Gesso Estuque
Gesso para uso direto, ou posterior
A1
Expof2
processamento
Gesso Estuque
f3
Fino
Gesso Esboçof4
Gesso para uso direto, ou posterior
A3
processamento (elementos préf5
Gesso Moldura
fabricados)
Turquesa Lf6
A1
-
Conforme se pode verificar, existem no mercado português duas sub-tipologias
diferentes do tipo A. Quatro produtos de identificação A1 e dois produtos de identificação A3, não
se verificando a existência de nenhum produto com a identificação A2. Os produtos com a
identificação A1 destinam-se a uso direto, ou posterior processamento, enquanto os produtos de
identificação A3 acresce o facto de poderem ser utilizados em elementos pré-fabricados.
4.3.2. Composição
Com base no estudo de mercado foi possível verificar que os vários produtos de cada
empresa apresentam variações na sua composição. No Quadro 4.2 resume-se a composição de
cada produto, o resíduo no peneiro de 300μm, e a presença de adjuvantes e/ou fibras.
Empresa
Sival
AlgissUralita
Quadro 4.2. Produtos do tipo A - Composição e granulometria dos produtos
Designação do
Adjuvantes,
Resíduo do peneiro
Composição
Produto
Fibras
de 300μm
Gesso Estuque
≤0,650%
Gesso Estuque Expo
≤0,800%
Gesso hemiGesso Estuque Fino
≤0,012%
hidratado
Gesso Esboço
≤2,500%
Gesso Moldura
≤1,500%
Turquesa L
Gesso
-
A empresa Sival refere ainda que a composição dos seus produtos é de gesso hemihidratado. Não existe para os produtos presentes no Quadro 4.2 nenhuma informação relativa a
componentes e agregados adicionais.
A granulometria dos produtos junto dos quais foi possível obter informação é
apresentada em função do resíduo do peneiro de 300 μm. Dos produtos presentes no
Quadro 4.2 o produto que contém a menor percentagem de resíduo nesse peneiro é o Gesso
Estuque Fino (Sival) com uma percentagem ≤0,012%.
4.3.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação
No Quadro 4.3 apresenta-se a relação água/gesso recomendada para a amassadura
dos produtos, bem como o tempo de início e fim de presa ou o tempo de utilização que se
dispõem antes que o gesso endureça. Na Figura 4.1 (à esquerda) apresenta-se a relação
44
água/gesso (litros/Kg) dos vários produtos e na Figura 4.1 (à direita) os valores médios do tempo
de presa ou os valores máximos do tempo de utilização dos produtos.
Quadro 4.3. Produtos do tipo A - Relação água/gesso e tempos de aplicação
Relação água/gesso
Empresa
Produto
Tempos de Presa / Utilização (min)
(litros/Kg)
I.P.:12±3min;
Gesso Estuque
F.P.:28±5min
≈0,7
I.P.:12±3min;
Gesso Estuque Expo
F.P.:29±6min
I.P.:13±4min;
Sival
Gesso Estuque Fino
F.P.:29±6min
≈0,8
I.P.:12±3min;
Gesso Esboço
F.P.:26±6min
I.P.:12±3min;
Gesso Moldura
F.P.:28±5min
U.:12-20min;
Algiss-Uralita
Turquesa L
0,6
A.:30-50min
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
Tempo (min)
Relação Água/Gesso (l/Kg)
I.P.-Início de Presa; F.P.-Fim de Presa; U-Utilização; A-Acabamento
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Tempo de
presa/
utilização
Figura 4.1. Relação água/gesso dos produtos do tipo A (à esquerda); Tempo de presa e utilização dos
produtos do tipo A (à direita).
Conforme se pode verificar pelo Quadro 4.3 e Figura 4.1 (à esquerda), a relação
água/gesso varia para estes produtos entre 0,6 e 0,8 (litros/Kg). O produto Turquesa L (AlgíssUralita) é o que apresenta uma relação mais baixa ao contrário dos produtos Gesso Estuque
Fino, Gesso Esboço e Gesso Moldura, todos da empresa Sival, que apresentam uma relação de
0,8 sendo estes os produtos que precisam de uma maior relação água/gesso para realizar a
amassadura.
Os valores apresentados no Quadro 4.3 e Figura 4.1 (à direita) permitem verificar que o
tempo de utilização e de presa variam entre os produtos. No caso dos produtos da empresa
Sival, em que se dispõem dos valores de início e fim de presa, verifica-se que os produtos têm
um intervalo de utilização próximo dos vinte minutos. O produto Turquesa L apresenta um
intervalo de utilização de doze a vinte minutos e permite acabamento entre os trinta e os
cinquenta minutos.
45
4.3.4. Características físicas e mecânicas
A informação relativa às características físicas e mecânicas dos produtos é bastante
restrita. Apenas se reuniu informação sobre a massa volúmica aparente do produto em pó e
resistência à flexão.
No Quadro 4.4. apresentam-se os valores da massa volúmica aparente e os valores da
resistência à flexão (Figura 4.2) que constam nas fichas técnicas dos produtos.
Quadro 4.4. Caracterização física e mecânica dos produtos do tipo A
Resistência à flexão
Massa volúmica aparente
Produto
do produto em pó (Kg/m3)
(MPa)
Empresa
≈5,2
Gesso Estuque
Gesso Estuque Expo
Gesso Estuque Fino
Gesso Esboço
Gesso Moldura
Turquesa L
Sival
Algiss-Uralita
600-700
≈5
≈4
-
≥3,5
Pela análise do Quadro 4.4 é possível perceber que os produtos com base em gesso
apresentam uma massa volúmica aparente relativamente baixa entre os 600 kg/m 3 e os 700
kg/m3, como se verificou para todos os produtos da empresa Sival. Para o produto Turquesa L
não se encontrou valores.
Resistência à flexão [MPa]
6
5
4
3
2
1
0
Gesso
Gesso
Gesso
Estuque Estuque Estuque
Expo
Fino
Gesso
Gesso Turquesa
Esboço Moldura
L
Figura 4.2. Resistência à flexão (MPa) dos produtos do tipo A.
Relativamente à resistência à flexão, salienta-se que se conseguiu obter informação para
todos os produtos desta tipologia. Os valores de resistência à flexão variam entre 3,5 MPa do
produto Turquesa L (Algíss-Uralita) e 5,2 MPa do Gesso Estuque (Sival).
4.3.5. Informações adicionais
No Quadro 4.5 procurou-se compilar a informação disponível nas fichas técnicas e que
não foi apresentada anteriormente. Assim, no Quadro 4.5 é apresentado o modo de aplicação
46
do produto analisado, a quantidade de produto presente em cada saco e o preço de cada
embalagem de produto.
Empresa
Sival
AlgissUralita
Quadro 4.5. Informações adicionais
Modo de
Produto
Kg./Saco
Aplicação
Gesso Estuque
Gesso Estuque Expo
30
Gesso Estuque Fino
Manual
Gesso Esboço
Gesso Moldura
Turquesa L
20
Preço
(€/Unid.)
7,20s21
2,30s23
Preço
(€/Kg..)
0,24
0,12
Todos os produtos desta tipologia são de aplicação manual e apresentam-se em sacos
de papel tipo “Kraft” de 20Kg (empresa Algíss-Uralita) ou 30Kg (empresa Sival). Os únicos preços
obtidos mostram uma grande diferença no preço dos produtos mesmo contendo mais 50% de
produto.
4.4. Análise dos produtos do tipo B
4.4.1. Classificação segundo EN 13279-1
No Quadro 4.6 apresenta-se os produtos do tipo B juntamente com a forma de utilização
definido pelos fabricantes.
Empresa
Sival
Quadro 4.6. Produtos do Tipo B – Princípio de utilização
Produto
Tipo (EN 13279-1)
Princípio de utilização
TIPO B1
Massa de
Gesso de revestimento interior de
Estuquef7
aplicação manual
Project O CZf8
Gesso de revestimento interior de
Project O BRf9
aplicação mecânica
Project 2000f10
Iberplastf11
Placo SaintGobain
Longipsf12
Gesso de construção
Proyalf13
Yeso YGf14
La maruxina
Gesso grosso de construção
Yesiplusf15
Gesso grosso de construção de
aplicação mecânica
Proyesof16
Marfilf17
AlgissUralita
Fassa
Bartolo
B1
Jadef18
Gesso manual controlado
Coralf19
Gesso de projeção
ZP 149f20
Reboco de gesso
Gruesof21
Yemasa
Yetosa
Yeso
Fraguado
Controladof22
Yeso de
Proyectarf23
Yeso Gruesof24
Fraguado
Controladof25
Yeso de
Proyectarf26
Gesso de construção
47
Empresa
TOPECA
Fassa
Bartolo
Quadro 4.6. Produtos do Tipo B – Princípio de utilização
Produto
Tipo (EN 13279-1)
Princípio de utilização
TIPO B2
Tuforte FT
acabamentof27
Tuforte G
B2
Argamassa à base de gesso
enchimentof28
ZF 12f29
TIPO B4
Sival
Project 2010
CZf30
Project 2010f31
Gesso de revestimento interior
aligeirado
Project 2000Pf32
Perlinor Superf33
Placo SaintGobain
La maruxina
Proyal XXIf34
Perlinor
Projectarf35
Prolitef36
Gesso de construção aligeirado
Aliproyesf37
Aliplus XXVf38
Perlaf39
Gesso manual com perlite
Perla +f40
AlgissUralita
Rubif41
B4
Algistarf42
Gesso de projeção com perlite
Ópalof43
Fassa
Bartolo
Z 161f44
Reboco aligeirado de gesso
Perlimanf45
Yemasa
Yetosa
Yesos Albi
Yeso de
Proyectar
Aligeradof46
Perliman
maquinaf47
Yeso de
Proyectar
Aligeradof48
Proyalbi-Plusf49
Gesso de construção
Revestimento aligeirado de gesso
TIPO B7
Placo SaintGobain
AlgissUralita
Duro THDf50
B7
Diamantef51
Gesso de construção de alta
dureza
Gesso manual de alta dureza
No mercado português existem quatro sub-tipologias de produtos do tipo B. Pela análise
do quadro anterior verifica-se que a grande maioria dos produtos corresponde aos revestimentos
de gesso de aplicação manual ou mecânica (B1) ou aos revestimentos aligeirados de gesso (B4).
Existem vinte produtos de identificação B1, três produtos de identificação B2, vinte de
identificação B4 e dois produtos de identificação B7.
Não se verifica a existência de nenhum produto com a identificação B3, B5 e B6, ou seja,
nenhum produto definido como revestimento de gesso e cal (B3), revestimento aligeirado com
base no gesso (B5) e nenhum para revestimento aligeirado de gesso e cal (B6).
48
4.4.2.Composição
No Quadro 4.7 apresenta-se o resumo da composição e granulometria dos produtos.
Empresa
Sival
Quadro 4.7. Produtos do Tipo B-Composição e granulometria dos produtos
Granulometria /
Designação do
Adjuvantes,
Composição
Resíduo peneiro de
Produto
Fibras
200μm
TIPO B1
Massa de
Gesso e cargas
Estuque
minerais
Project O CZ
Possui
Gesso nacional e
Project O BR
cargas minerais
Project 2000
Iberplast
Placo SaintGobain
Longips
Proyal
0-2 mm
Gesso
Gesso de mistura
-
Yesiplus
Proyeso
Marfil
AlgissUralita
0-1,5 mm
≤50,0%
Yeso YG
La
maruxina
0-1 mm
Possui
≤50,0%
-
-
Possui
<0,1 mm
-
≤30,00%
Gesso
Jade
Coral
Fassa
Bartolo
Yemasa
Yetosa
TOPECA
Fassa
Bartolo
ZP 149
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Tuforte FT
acabamento
Tuforte G
enchimento
ZF 12
Gesso, cal-hidratada e
pó de pedra
Gesso
≤40,00%
Sulfato de cálcio com
adição de agregados
Semi-hidrato e anidrita
II artificial
Sulfato de cálcio com
adição de agregados
TIPO B2
Gessos especiais,
compostos de sílica
Gessos especiais,
cargas minerais
Gesso, cal hidratada e
areias classificadas
TIPO B4
Possui
≤30,00%
Possui
≤40,00%
-
Possui
<0,6 mm
Project 2010 CZ
Sival
Project 2010
Gesso nacional, cargas
minerais e perlite
Possui
-
Project 2000P
Perlinor Super
Placo SaintGobain
La
maruxina
Proyal XXI
Perlinor
Projectar
Prolite
Aliproyes
Aliplus XXV
0-1 mm
Perla +
0-1 mm
0-0,8 mm
Gesso de projeção
mecânica com perlite
expandida
-
-
Perla
AlgissUralita
0-1 mm
Gesso aligeirado com
perlite
Gesso e silicato de
alumínio
Rubi
49
Empresa
Quadro 4.7. Produtos do Tipo B-Composição e granulometria dos produtos
Granulometria /
Designação do
Adjuvantes,
Composição
Resíduo peneiro de
Produto
Fibras
200μm
Algistar
Ópalo
Fassa
Bartolo
Yemasa
Yetosa
Yesos Albi
Placo SaintGobain
AlgissUralita
Z 161
Gesso, cal hidratada,
perlite e areias
classificadas
Perliman
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Perliman
maquina
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Sulfato de cálcio e
agregados
Proyalbi-Plus
<0,6 mm
Possui
Produto aligeirado à
base de gesso
TIPO B7
-
-
Duro THD
0-1 mm
Gesso de alta dureza
-
Diamante
-
Pela análise do Quadro 4.7 constata-se a existência de empresas que identificam que o
gesso é nacional como acontece em alguns produtos da tipologia B1 e B4 da marca Sival. Depois
existem alterações na informação prestada por cada empresa relativamente aos restantes
componentes da composição. Nalguns produtos temos a informação que estes são formulados
com gessos especiais (produtos da TOPECA do tipo B2), gessos de alta dureza (produtos do
tipo B7) e gessos aligeirados por perlite ou perlite expandida (produtos do tipo B4 da SaintGobain, Sival, La Marauxina e Fassa Bartolo). Para o caso dos produtos da Fassa Bartolo há a
informação destes conterem cal-hidratada, sendo a composição apresentada sumariada e não
existindo nenhuma informação relativa à percentagem dos vários componentes.
Quanto à natureza dos agregados a informação é escassa e apresentada de maneira
diferenciada verificando-se a presença de cargas minerais, pó de pedra, e compostos por sílica
e silicato de alumínio entre os produtos presentes no Quadro 4.7.
A granulometria dos produtos junto dos quais foi possível obter informação mostra que
os produtos apresentam uma granulometria fina variando entre 0-2 mm, tendo-se uma
granulometria inferior a 0,1mm para o produto ZP 149 (Fassa Bartolo). Existem ainda produtos
que não mencionam intervalos de granulometria, mas que informam que a percentagem de
resíduo no peneiro de 200μm é inferior a 50%.
4.4.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação
No Quadro 4.8 é indicada a informação relativa à relação água/gesso para a produção
dos produtos analisados, e o tempo de utilização. A Figura 4.3 apresenta a relação água/gesso
(litros/Kg) dos vários produtos presentes no mercado nacional e na Figura 4.4 os valores médios
do tempo de fim de presa ou os valores máximos do tempo de utilização.
50
Quadro 4.8. Produtos do Tipo B - Relação água/gesso e tempos de utilização
Relação água/gesso
Tempo de utilização
Empresa
Produto
(litros/Kg)
(min)
TIPO B1
Massa de Estuque
Sival
0,45
Project O CZ
Project O BR
C.: 120-150; N.: 150-210; L.: >210
-
Project 2000
Iberplast
Placo SaintGobain
Algiss-Uralita
C.: 120-150; N.: 150-210; L.: >210
C.: 120-150; N.: 150-210; L.: >210
1
U.: 5-8
Longips
<0,8
U.: 10-15; A.: 30-40
Proyal
0,5-0,6
Pr.: até: 100-110; A.: 180-200
Yeso YG
La maruxina
C. 10-18; N.: 20-45; L.:90-180
Yesiplus
0,7-1
U.: 8-12
U.: 5-25
Proyeso
0,8
Pr.: até: 50; A.: 110-195
Marfil
1
U.: 8-10
Jade
Até saturação
U.: 6-8
Coral
-
U.: 180
Fassa Bartolo
ZP 149
0,65
Yemasa
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de Proyectar
Yetosa
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de Proyectar
U.: 150
I.: 10-15; F.: 30-35
0,8
I.: 12-17; F.: 130-150
0,5-0,6
I.: 60-80; F.: 125-155
0,7
I.: 13-18; .F: 30-35
0,8
I.: 25-35;F.: 130-150
0,5-0,6
I.: 60-80; F.: 125-155
TIPO B2
TOPECA
Fassa Bartolo
Tuforte FT
acabamento
Tuforte G
enchimento
ZF 12
U.: 180
Até homogeneidade
U.: 180-240
0,34
P.: 180
TIPO B4
Project 2010 CZ
Sival
Project 2010
-
C.: 120-150; N.:150-210; L.:>210
Project 2000P
Placo SaintGobain
La maruxina
Perlinor Super
0,8-0,9
I.: 40-55; A.: 60-75
Proyal XXI
<0,7
I.:115-135; A.: 210-235
Perlinor Projectar
<0,8
I.: 125-135; A.: 225-235
Prolite
<0,7
I.:100-110; A.: 180-200
-
Pr.: até 50; A.:110-195
0,7
U.:60
-
U.: 180
Aliproyes
Aliplus XXV
Perla
Perla +
Algiss-Uralita
Rubi
Algistar
Ópalo
Fassa Bartolo
Z 161
0,5
E.: 120
0,6-0,8
I.:30-35; A.:45-60
Yemasa
Perliman
Yeso de Proyectar
Aligerado
Perliman maquina
0,6-0,7
I.:90-140; A.:180-240
0,7-0,9
I.:80-120; A. 240-300
51
Quadro 4.8. Produtos do Tipo B - Relação água/gesso e tempos de utilização
Relação água/gesso
Tempo de utilização
Empresa
Produto
(litros/Kg)
(min)
Yeso de Proyectar
Yetosa
0,5-0,6
I.: 60-80; A.:125-155
Aligerado
Yesos Albi
Proyalbi-Plus
0,6-0,65
U.:210-220
TIPO B7
Placo SaintGobain
Algiss-Uralita
Duro THD
0,5
I.:40-60; A.:60-80
Diamante
0,6
U.:60
C.-Curto; N.-Normal; L.-Longo;U.-Utilização; A.-Acabamento; Pr.-Projeção; P.-Princípio/Presa; I.-Início de utilização; F.Final de utilização; E.-Endurecimento
Pelo Quadro 4.8 e Figura 4.3, verifica-se que existe uma diferença relativamente à
relação água/gesso. Os produtos apresentam uma relação água/gesso que varia entre os 0,34
e 1 l/kg, havendo produtos em que a relação água/gesso depende da saturação ou da
homogeneidade da mistura.
Contudo, existem informações que sobressaem, como acontece com o produto ZF 12
(Fassa Bartolo) com uma relação água/gesso de 0,34 que é a mais baixa entre os produtos
presentes, contrastando com alguns produtos que utilizam uma relação água/gesso de 1, como
acontece no produto Iberlast e Marfil. Em alguns casos apesar de não termos a relação que deve
ser utilizada é referido que deve ser adicionada água até a saturação, como no caso do produto
Jade (Algíss-Uralita), ou então, até se obter homogeneidade, como indicado nos produtos Tuforte
FT acabamento e Tuforte G enchimento da TOPECA.
Os valores presentes no Quadro 4.8 e Figura 4.4 permitem verificar que o tempo de
aplicação é um dos principais diferenciadores entre os produtos registando-se grandes
flutuações entre os produtos. O produto Jade (Algíss-Uralita) apresenta um tempo de utilização
entre os 6 e os 8 min, sendo o valor mais baixo verificado para produtos do tipo B, enquanto
outros produtos apresentam tempos de utilização da pasta entre 3-4 horas, como se verifica no
caso do produto Tuforte G enchimento (TOPECA). Isto evidencia que apesar dos produtos
apresentarem uma natureza semelhante (à base de gesso) a variação da relação água/gesso e
das quantidades e variedades de adjuvantes escolhidos influenciam significativamente o tempo
de utilização dos produtos, sendo este um dos principais parâmetros que diferencia os produt
52
53
4.4.4. Características físicas
Através da análise relativa às fichas técnicas e declarações de conformidade dos
produtos analisados só foi possível reunir informação relativa à massa volúmica aparente do
produto em pó, à massa volúmica em pasta para um produto e à massa volúmica aparente no
estado endurecido relativa a quatro produtos. Os valores que se conseguiram extrair das fichas
técnicas dos produtos estão presentes no Quadro 4.9. Na Figura 4.5 apresenta-se a massa
volúmica aparente do produto em pó dos produtos do tipo B.
Empresa
Sival
Placo SaintGobain
La maruxina
Algiss-Uralita
Fassa
Bartolo
Yemasa
Yetosa
Quadro 4.9. Caracterização física dos produtos do Tipo B
Massa volúmica
Massa volúmica do
aparente do
Produto
produto em pasta
produto em pó
(Kg/m3)
3
(Kg/m )
TIPO B1
Massa de
700-800
Estuque
Project O CZ
770-870
Project O BR
Project 2000
730-830
Iberplast
Longips
Proyal
Yeso YG
Yesiplus
Proyeso
Marfil
Jade
Coral
≥800
Massa volúmica
do produto
endurecido
(Kg/m3)
-
ZP 149
750
1150
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
-
-
TIPO B2
TOPECA
Fassa
Bartolo
Tuforte FT
acabamento
Tuforte G
enchimento
ZF 12
990
-
-
-
1480
1100
1000
-
1200
-
-
TIPO B4
Sival
Placo SaintGobain
La maruxina
Algiss-Uralita
Project 2010 CZ
Project 2010
Project 2000P
Perlinor Super
Proyal XXI
Perlinor
Projectar
Prolite
Aliproyes
Aliplus XXV
Perla
Perla +
690-790
≤800
≤790
-
54
Empresa
Fassa
Bartolo
Yemasa
Yetosa
Yesos Albi
Quadro 4.9. Caracterização física dos produtos do Tipo B
Massa volúmica
Massa volúmica do
aparente do
Produto
produto em pasta
produto em pó
(Kg/m3)
3
(Kg/m )
Rubi
Algistar
Ópalo
Z 161
800
Perliman
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Perliman
maquina
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Proyalbi-Plus
≤800
Massa volúmica
do produto
endurecido
(Kg/m3)
1150
≤600
-
TIPO B7
Massa volúmica aparente do produto em pó
[Kg/m3]
Placo SaintGobain
Algiss-Uralita
Duro THD
-
-
-
Diamante
1100
1000
900
800
700
600
500
Figura 4.5. Massa volúmica aparente no estado seco dos produtos do tipo B.
Os produtos com base em gesso apresentam uma massa volúmica aparente
relativamente baixa, entre 600 kg/m3 e os 1000 kg/m3, sendo o maior valor o referente ao produto
ZF12 (da Fassa Bartolo) e o menor do Yeso de Proyectar (Yemasa) inferior a 600 kg/m3.
Relativamente à massa volúmica no estado fresco verifica-se que o valor de 1480 kg/m3
do produto Tuforte G enchimento (TOPECA) é ligeiramente superior ao seu valor da massa
volúmica no estado endurecido, como era de esperar. Os valores de massa volúmica aparente
no estado endurecido apresentam uma variação entre os 1100 kg/m 3 e os 1200 kg/m 3. Verificase que estes valores são da mesma ordem de grandeza da massa volúmica aparente no estado
55
seco o que permite obter revestimentos de paredes bastante leves em virtude da baixa massa
volúmica no estado endurecido.
4.4.5. Características mecânicas
No Quadro 4.10 apresenta-se a recolha de valores das características mecânicas dos
produtos do tipo B e na Figura 4.6 indicam-se os valores de resistência mecânica à flexão e à
compressão. Refira-se que relativamente à resistência à compressão foram utilizados os valores
mínimos quando o fabricante declara valores mínimos e quando são apresentados intervalos de
valores foi usado o valor médio.
Quadro 4.10. Características mecânicas dos produtos do Tipo B
Empresa
Produto
Sival
Massa de
Estuque
Project O CZ
Resistência à
flexão (MPa)
Resistência à
compressão (MPa)
Aderência
(MPa)
Dureza
(unidades
Shore C)
TIPO B1
>2
>4
>1
>2
Project 2000
>1,5
>3
Iberplast
≥2
Longips
≥2
Proyal
≥1
Project O BR
Placo
SaintGobain
Yeso YG
La
maruxina
Yesiplus
Proyeso
Jade
Yemasa
Yetosa
>50
>60
≥45
≥60
≥2
-
≥2
-
≥1
≥65
-
Coral
Fassa
Bartolo
-
>0,1
Marfil
AlgissUralita
>65
-
>45
>2
>70
ZP 149
1,3
3
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
2,4-3,4
6,5-7,5
2,2-2,6
5,1-6,1
1,9-2,9
4,0-5,2
2,4-3,4
4,5-5,5
2,1-2,5
4,2-5,2
1,9-2,9
4,0-5,2
-
-
>65
>65
TIPO B2
TOPECA
Fassa
Bartolo
Tuforte FT
acabamento
Tuforte G
enchimento
-
ZF 12
1
-
-
2
TIPO B4
Sival
Project 2010
CZ
Project 2010
>2
>1
Project 2000P
Perlinor Super
-
>2,5
≥1
≥2
56
>50
>55
>0,1
>45
Quadro 4.10. Características mecânicas dos produtos do Tipo B
Empresa
Produto
Placo
SaintGobain
Proyal XXI
Perlinor
Projectar
Prolite
La
maruxina
Resistência à
flexão (MPa)
Resistência à
compressão (MPa)
≥45
-
Perla +
Rubi
-
-
Algistar
>2
Yemasa
Yetosa
Yesos
Albi
>70
>60
Ópalo
Fassa
Bartolo
Dureza
(unidades
Shore C)
Aliproyes
Aliplus XXV
Perla
AlgissUralita
Aderência
(MPa)
>70
Z 161
1,5
2,5
Perliman
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Perliman
maquina
Yeso de
Proyectar
Aligerado
1,8-2,8
5,0-6,0
≥0,1
1,7-2,9
3,8-5,0
-
1,0-2,1
2,3-3,7
≥0,1
1,9-2,9
4,0-5,2
Proyalbi-Plus
1,8-2,5
-
>50
6,0-6,8
70-75
TIPO B7
Placo
SaintGobain
AlgissUralita
Duro THD
≥2
≥6
>0,1
≥75
Diamante
-
≥2
-
>80
Relativamente à resistência à flexão, da análise do Quadro 4.10 e da Figura 4.6, verificase que os produtos, dos quais foi possível reunir informação apresentam um mínimo de pelo
menos 1 MPa, como é o caso do produto Proyal (Placo) ou PROJECT 2010 CZ (Sival). Já outros
produtos têm valores mínimos superiores, como acontece com a massa de estuque (Sival) e
´DURO THD (Placo) que apresentam valores mínimos de 2,0MPa. Os outros produtos têm
valores de resistência à flexão dentro do intervalo entre 1 e 3,4 MPa.
Na resistência à compressão registam-se valores superiores aos da resistência à flexão
tendo-se valores na ordem de grandeza dos 6 MPa nos produtos DURO THD (Placo), Yeso
Grueso, Fraguado Controlado, Yeso Grueso (Yemasa) e Proyalbi-Plus (Yesos Albi) que são os
que apresentam maiores valores de resistência à compressão. O maior valor é registado no Yeso
Grueso (Yemasa) que apresenta um intervalo entre os 6,5 e 7,5 MPa de resistência à
compressão. Relativamente aos restantes produtos a maioria apresenta valores mínimos de 2
MPa.
Quanto à aderência todos os produtos que apresentam informação relativa a esta
característica têm o mesmo valor mínimo, de 0,1 MPa, que corresponde ao requisito mínimo da
norma EN 13279-1.
57
Na Figura 4.7 apresentam-se os valores mínimos da dureza dos produtos.
O produto Diamante (Algíss-Uralita) é o que apresenta o valor mais elevado da dureza
Figura 4.7, com um mínimo de 80 unidades Shore C. Já o produto PROYAL XXI (Placo) é um
dos que apresenta um valor mais baixo de 45 unidades Shore C. Os restantes produtos
apresentam valores intermédios.
Tendo em conta todos os valores presentes no Quadro 4.10 os produtos que apresentam
melhor resistência mecânica são os produtos do tipo B7 DURO THD (Placo), Diamante (AlgíssUralita), o Yeso Grueso e o Proyalbi-Plus (Yesos Albi).
4.4.6. Informações adicionais
No Quadro 4.11 apresenta-se a informação relativa ao modo de aplicação do produto, à
espessura por camada, à quantidade de produto presente em cada saco e ao preço de cada
embalagem de produto.
Empresa
Sival
Placo
SaintGobain
Quadro 4.11. Informações adicionais
Espessura
Produto
Aplicação
/camada
TIPO B1
Massa de
Manual
Máx: 20 mm
Estuque
Project O CZ
Projeção
Project O BR
10 a 15 mm
mecânica
Project 2000
Iberplast
Longips
Proyal
Yeso YG
La
maruxina
Yesiplus
Proyeso
Marfil
AlgissUralita
Jade
Coral
Fassa
Bartolo
Yemasa
Yetosa
30
Manual
10 a 20 mm
Projeção
mecânica
20
Manual
-
Projeção
mecânica
15 mm
Preço
(€/Unid.)
Preço
(€/Kg.)
4,69s21
0,156
4,43s21
0,148
4,50s21
0,150
4,61s21
0,154
3,78s28
0,189
2,04s27
0,102
5,31s22
0,266
3,08s24
0,154
3,32s24
0,166
4,70s24
0,235
1,97s23
0,116
1,78s23
0,105
Manual
17-20
Projeção
mecânica
20
2,94s23
0,147
25
3,54s25
0,142
1,80s26
0,09
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
22,14s22
1,107
22,14s22
1,107
ZP 149
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Yeso Grueso
Fraguado
Controlado
Yeso de
Proyectar
Kg./Saco
Manual
Projeção
mecânica
20
Manual
Projeção
mecânica
TIPO B2
TOPECA
Tuforte FT
acabamento
Tuforte G
enchimento
Manual
0-2 mm
20
Manual
1-5 mm
58
Quadro 4.11. Informações adicionais
Espessura
Produto
Aplicação
/camada
Projeção
ZF 12
Min:7 mm
mecânica
TIPO B4
Kg./Saco
Preço
(€/Unid.)
Preço
(€/Kg.)
25
2,11s25
0,08
3,87s21
0,155
4,13s21
0,165
Project 2000P
4,13s21
0,165
Perlinor Super
5,15s28
0,258
6,64s22
0,266
4,47s30
0,179
5,37s30
0,215
0,217
Empresa
Fassa
Bartolo
Project 2010 CZ
Sival
Project 2010
Placo
SaintGobain
20
10-20 mm
Aliproyes
15 mm
17
10-20 mm
25
6,03s24
0,241
4,08s23
0,240
4,08s23
0,240
4,10s23
0,164
4,10s23
0,164
17
4,14s23
0,244
20
2,21s25
0,111
14
-
-
17
-
-
14
-
-
17
4,39s22
0,258
25
4,41s31
0,176
4,50s28
0,225
2,78s23
0,139
Manual
17
Rubi
Algistar
Ópalo
Fassa
Bartolo
25
Projeção
mecânica
Aliplus XXV
Perla
AlgissUralita
25
3,69s24
Perla +
Yesos
Albi
Manual
Perlinor Projectar
La
maruxina
Yetosa
10-15 mm
Proyal XXI
Prolite
Yemasa
Projeção
mecânica
Projeção
mecânica
Z 161
Perliman
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Perliman maquina
Yeso de
Proyectar
Aligerado
Min: 5 mm
Manual
-
Projeção
mecânica
Proyalbi-Plus
25
TIPO B7
Placo
SaintGobain
AlgissUralita
Duro THD
10-20 mm
Manual
20
Diamante
-
De acordo com o Quadro 4.11 o modo de aplicação dos produtos pode ser manual ou
por projeção mecânica, não existindo um modo de aplicação específico dentro de cada subtipologia, com exceção dos produtos identificados com B7 em que a aplicação é manual.
Em termos de espessura por camada os valores variam entre os 10 e 20 mm para a
maioria dos produtos. Os produtos de identificação B2 apresentam espessuras mais finas,
confirmando-se o caso do produto Tuforte FT acabamento e Tuforte G enchimento que varia
entre 1 e 5mm.
59
60
4.5. Análise dos produtos do Tipo C
4.5.1. Classificação segundo a EN 13279-1
No Quadro 4.12 apresentam-se os produtos do tipo C e a respetiva utilização.
Empresa
Sival
Placo SaintGobain
La maruxina
Quadro 4.12. Produtos do Tipo C – Princípio de utilização
Produto
Tipo (EN 13279-1)
Princípio de utilização
TIPO C6
Massa de
Gesso de revestimento interno de
Barramentof52
aplicação manual em camada fina
Iberfinof53
Gesso de acabamento para
aplicação em camada fina
Mecafinof54
Finoyesf55
Gesso fino de construção de
aplicação manual
Termiyesf56
Amatistaf57
AlgissUralita
Yemasa
Yetosa
Amatista Extraf58
C6
Gesso fino de acabamento
Azabachef59
Yeso Fino
Terminacionf60
Yeso Finof61
Yeso Fino
Terminacionf62
Gesso para aplicação em camada
fina
Gesso especial de acabamento
Gesso para aplicação em camada
fina
Yeso Finof63
TIPO C7
Sival
Massa de
Acabamentof64
TOPECA
Tuforte macfinof65
C7
Gesso de revestimento interior para
acabamento final de aplicação
manual
Argamassa à base de gesso
No estudo de mercado efetuado verificou-se a existência no mercado nacional de duas
das sete sub-tipologias, nomeadamente a correspondente aos gessos para aplicação em
camada fina (C6) com doze produtos e a de gesso para acabamento final (C7) com dois produtos.
4.5.2. Composição
No Quadro 4.13 resume-se a informação da composição de cada produto, o tamanho
das partículas e a presença de adjuvantes e fibras.
Quadro 4.13. Produtos do Tipo C - Composição e granulometria dos produtos
Granulometria /
Designação do
Adjuvantes,
Empresa
Composição
Resíduo no
Produto
Fibras
peneiro de 200μm
TIPO C6
Massa de
Sival
Gesso e cargas minerais
Possui
Barramento
Placo
Iberfino
Gesso
0-0,4 mm
SaintMecafino
Gesso e agregados
Possui
0-0,2 mm
Gobain
La
maruxina
Finoyes
≤15,00%
Termiyes
≤2,00%
Amatista
AlgissUralita
Gesso
Amatista Extra
-
Azabache
61
Quadro 4.13. Produtos do Tipo C - Composição e granulometria dos produtos
Granulometria /
Designação do
Adjuvantes,
Empresa
Composição
Resíduo no
Produto
Fibras
peneiro de 200μm
Yeso Fino
≤15,00%
Terminacion
Yemasa
Yeso Fino
≤10,00%
Semi-hidrato e anidrita II
artificial
Yeso Fino
≤15,00%
Terminacion
Yetosa
Yeso Fino
≤10,00%
TIPO C7
Sival
TOPECA
Massa de
Acabamento
Tuforte mac-fino
Gesso e cargas minerais
Possui
-
É referida a presença de cargas minerais na Massa de Barramento e Massa de
Acabamento (Sival) e no Tuforte mac-fino (TOPECA).
Nos produtos em que há informação sobre a granulometria verifica-se que esta varia
entre 0-0,2 mm ou entre 0-0,4mm para os produtos Mecafino (Placo) e Iberfiono (Placo),
respetivamente. Noutros produtos há a informação da percentagem de resíduo no peneiro de
200 μm, onde as percentagens variam entre os 2% e os 15%.
4.5.3. Relação água/gesso e tempo de aplicação
No Quadro 4.14 apresenta-se a relação água/gesso aconselhada para a produção dos
produtos do tipo C, e o tempo de utilização da pasta/argamassa de gesso. Na Figura 4.8
apresenta-se a relação água/gesso (litros/Kg) e na Figura 4.9 indicam-se os valores máximos do
tempo de utilização dos produtos.
Quadro 4.14. Produtos do Tipo C - Relação água/gesso e tempos de aplicação
Relação água/gesso
Tempos de utilização
Empresa
Produto
(litros/Kg)
(min)
TIPO C6
Massa de
Sival
0,45
U.: 120-240
Barramento
Iberfino
1-1,5
U.: 10-15
Placo SaintGobain
Mecafino
<0,7
I.: 75; A.: 90
La maruxina
Finoyes
0,8
U.: 7-20
Termiyes
0,8-0,9
U.: 120
Amatista
Algiss-Uralita
Yemasa
Yetosa
Amatista Extra
Azabache
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
Até saturação
U.: 60-90
U.: 60-90
1
U.: 25
0,8
I.: 240
0,9
I.: 9-14; A.: 29-34
0,8
I.: 240
I.: 15-20; A.: 75-90
TIPO C7
Sival
TOPECA
Massa de
Acabamento
Tuforte mac-fino
0,6-0,7
U.: 120-240
0,6
U.: 90; P.: >120
U.-Utilização; I.-Início do endurecimento; A.-Acabamento; P.-Presa;
62
Relação água/gesso (l/Kg)
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Figura 4.8. Relação água/gesso dos produtos do tipo C.
As relações água/gesso dos produtos presentes no mercado nacional são
significativamente diferentes umas das outras. Conforme se pode verificar no Quadro 4.14, existe
uma grande diferença relativamente á relação de água/gesso recomendada para a amassadura.
Os produtos presentes no Quadro 4.14 apresentam relações água/gesso de 0,45 a 1,5 l/kg,
sendo a Massa de Barramento (Sival) a que apresenta menor relação água/gesso de 0,45. Já o
produto Iberfino (da Placo Saint-Gobain) apresenta uma relação água/gesso de 1,5 sendo a
maior relação entre os valores disponibilizados. Existem ainda dois produtos que não
apresentam valores da relação água/gesso referindo apenas que se deve adicionar água até à
saturação, é o caso dos produtos Amatista e Amatista Extra da Algíss-Uralita.
Tempo de utilização (min)
300
250
200
150
100
50
0
Figura 4.9. Tempo de utilização dos produtos do tipo C.
Os valores apresentados no Quadro 4.14 permitem verificar que o tempo de aplicação
tal como a relação água/gesso, têm variações significativas de produto para produto. O produto
63
Iberfino (Placo) é o que apresenta o menor tempo de utilização, inferior a 15 min, valor muito
diferente do da massa de acabamento e da massa de Barramento da Sival, com tempos de
utilização entre os 120 min e os 240 min.
4.5.4. Características físicas e mecânicas
Para os produtos do tipo C, à semelhança do que aconteceu para os produtos do tipo A,
apenas se conseguiu reunir informação relativa à massa volúmica aparente do produto em pó.
Relativamente às características mecânicas recolheu-se a informação referente a valores de
resistência à flexão, compressão e dureza.
Os valores que se conseguiram obter nas fichas técnicas dos produtos estão indicadas
no Quadro 4.15 e representadas nas Figura 4.10, 4.11 e 4.12.
Empresa
Sival
Placo
SaintGobain
La
maruxina
AlgissUralita
Yemasa
Yetosa
Quadro 4.15. Características físicas e mecânicas dos produtos do tipo C
Massa volúmica
Resistência à
Resistência à
Produto
aparente do produto
compressão
flexão (MPa)
em pó (Kg/m3)
(MPa)
TIPO C6
Massa de
630-730
>2
>4
Barramento
Iberfino
≥2
Mecafino
≥1
Finoyes
Termiyes
Amatista
Amatista Extra
Azabache
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
≥2,5
≥2
Dureza
(unidades
Shore C)
>65
-
>45
>50
>45
-
-
1,0-2,0
2,0-3,0
≥45
2,5-3,9
7,2-9,0
-
1,0-2,0
2,0-3,0
≥45
2,3-3,1
4,9-6,0
-
560-660
>2
>3,5
>60
800
>1
>2
-
-
TIPO C7
Sival
Massa volúmica
aparente do produto
em pó [Kg/m3]
TOPECA
Massa de
Acabamento
Tuforte mac-fino
900
800
700
600
500
Massa de
Massa de Tuforte macBarramento Acabamento
fino
Figura 4.10. Massa volúmica aparente do produto em pó.
Pela análise do Quadro 4.15 é possível constatar que os produtos com base em gesso
do tipo C apresentam uma massa volúmica aparente do produto em pó relativamente baixa, entre
64
610 Kg/m3 e 800 Kg/m3, tendo o produto Tuforte mac-fino (TOPECA) o maior valor de massa
volúmica aparente. Verifica-se também que entre os dois produtos da mesma sub-tipologia (C7)
existe uma variação de aproximadamente 200 Kg/m3.
Resistência mecânica (em MPa)
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
flexão
compressão
Figura 4.11. Resistência à flexão e à compressão (em MPa) dos produtos do tipo C.
Relativamente à resistência à flexão, da análise do Quadro 4.15 e Figura 4.12,
verifica- se que todos os produtos dos quais foi possível reunir informação apresentam como
valor mínimo um valor igual ou superior a 1 MPa, como é o caso do produto Mecafino (Placo).
Já outros produtos têm valores mínimos superiores, como acontece com a massa de
acabamento (Sival) e Iberfino (Placo) que apresentam valores mínimos de 2,0 MPa. O produto
Yeso Fino da Yemasa apresenta valores entre os 2,5 e 3,9 MPa, sendo 3,9 MPa o valor mais
elevado de resistência à flexão verificado.
Relativamente à resistência à compressão verificam-se valores na ordem de grandeza
de 2 MPa para os produtos das empresas Placo, La Maruxina e TOPECA. Os produtos da
empresa Sival, Massa de Acabamento e Massa de Barramento têm valores superiores a 3,5 MPa
e 4 MPa, respetivamente. Os produtos das empresas Yemasa e Yetosa apresentam intervalos
de valores para a resistência à compressão dos seus produtos, sendo o intervalo de valores mais
Dureza (unidades Shore C)
elevado registado para o produto Yeso Fino (Yemasa) com um intervalo de 7,2-9,0 MPa.
70
65
60
55
50
45
40
Figura 4.12. Dureza (em unidades Shore C) dos produtos do tipo C.
65
O produto Massa de Barramento (Sival) é o que apresenta o maior valor mínimo da
dureza como se pode observar na Figura 4.12, tendo um valor mínimo de 65 unidades Shore C.
O produto Azabache (Algíss-Uralita) é um dos que possui um valor mínimo mais baixo, de 45
unidades Shore C.
4.5.5. Informações adicionais
O Quadro 4.16 indica o modo de aplicação dos produtos, a espessura por camada, a
quantidade de produto presente em cada saco e o preço de cada embalagem de produto.
Empresa
Sival
Placo
SaintGobain
La
maruxina
Quadro 4.16. Informações adicionais
Espessura
Produto
Aplicação
/camada
TIPO C6
Massa de
2-3 mm
Barramento
Iberfino
Mecafino
Finoyes
2 mm
Termiyes
Kg./Saco
Preço
(€/Unid.)
Preço
(€/Kg.)
30
5,38s21
0,179
19
3,19s29
0,168
25
9,23s22
0,369
17
3,20s24
0,188
25
9,74s24
0,390
5,25s23
0,263
6,59s23
0,330
2,54s23
0,127
18
7,87s24
0,437
17
-
-
18
4,21s22
0,234
17
-
-
25
6,78s21
0,271
20
8,36s22
0,418
Amatista
AlgissUralita
Yemasa
Yetosa
Amatista Extra
Manual
20
Azabache
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
Yeso Fino
Terminacion
Yeso Fino
-
TIPO C7
Sival
TOPECA
Massa de
Acabamento
Tuforte mac-fino
2 mm
Manual
-
Todos os produtos presentes no mercado nacional de tipologia C são de aplicação
manual. A espessura por camada varia entre 2-3 mm para os produtos Massa de Barramento
(Sival) e os 2 mm para a Massa de Acabamento (Sival) e produto Finoyes (La Maruxina).
4.6. Análise comparativa entre os produtos das várias tipologias
Após uma análise aos produtos dentro da mesma tipologia, procura-se efetuar uma
análise global dos produtos existentes no mercado nacional à base de gesso, de acordo com o
definido na EN 13279-1:2008.
Como se pode verificar pela análise dos quadros anteriores existe uma enorme
variedade de produtos à base de gesso em Portugal, sendo os produtos com identificação A1,
B1, B4 e C6 aqueles que apresentam maior representatividade no mercado português. Existem
empresas que apresentam vários produtos diferentes em resposta às exigências dos
consumidores, apresentando produtos com pequenas diferenças a nível de composição que
proporcionam diferentes propriedades ao nível do tempo de utilização e da resistência mecânica.
66
Incluem ainda pequenas variações na tonalidade da cor apresentada (variando entre branco,
bege e cinzento), em função do local de origem e da sua pureza.
Em termos de composição dos produtos, a informação disponibilizada pelos fabricantes
é na sua globalidade escassa, só referindo que os produtos além do gesso podem conter
agregados, inertes, compostos minerais ou siliciosos, cal-hidratada, perlite ou perlite expandida,
mas nunca indicando a quantidade destes constituintes.
Em relação aos adjuvantes, adições e fibras, apenas existe na descrição de alguns
produtos a informação de que estes os possuem, mas não identificam quais, nem qual a sua
função no desempenho do produto.
O gesso revelou-se um produto com granulometria muito fina, variando entre 0-2 mm,
registando-se uma granulometria menor que 0,1mm para o produto ZP 149 da Fassa Bartolo até
2 mm para o produto Iberplast da Placo Saint Gobain.
A relação água/gesso necessária para se realizar a amassadura da maior parte dos
produtos apresenta uma relação entre os 0,5 e os 0,8 l/kg. O produto ZF 12 (Fassa Bartolo) é
aquele que apresenta uma relação água/gesso de apenas 0,34, onde é necessária uma menor
quantidade de água para a preparação da pasta.
O tempo de aplicação é um dos principais diferenciadores entre os produtos registandose grandes diferenças entre os materiais. O Gesso Estuque (Sival) apresenta um tempo de fim
de presa próximo dos 28±5 min, enquanto outros produtos apresentam tempos de utilização da
pasta entre 3-4 horas, como se verifica no caso do produto Tuforte G enchimento (TOPECA).
Isto evidencia que apesar dos produtos apresentarem uma natureza semelhante (à base de
gesso) variam nas quantidades e tipos de adjuvantes utilizados de forma a obterem tempos de
utilização distintos.
Os produtos com base em gesso apresentam uma massa volúmica aparente
relativamente baixa, inferior a 1000 kg/m3, sendo o caso do maior valor disponível, o do produto
ZF12 (da Fassa Bartolo). Os menores valores da massa volúmica são os da Massa de
Acabamento (Sival) 560-660 kg/m3 e Yeso de Proyectar (Yemasa) inferior a 600 kg/m3.
Na resistência à flexão, verifica-se que todos os produtos dos quais foi possível reunir
informação apresentam como valor mínimo 1 MPa como é o caso do produto Mecafino (Placo)
ou PROJECT 2010 CZ (Sival). Os restantes materiais encontram-se no intervalo entre 1 e
5,2 MPa, sendo 5,2 MPa o maior valor de resistência à flexão indicado nas fichas técnicas dos
produtos analisados.
A resistência à compressão dos produtos analisados variou entre 2,0 MPa, para produtos
que apresentam o valor mínimo requerido na EN 13279-1, e o valor de 9,0 MPa indicado para o
Yeso Fino (Yemasa).
67
Os produtos que fazem referência à capacidade de aderência informam que estes têm
uma resistência superior a 0,1 MP, valor que corresponde ao requisito mínimo da EN 13279.
Relativamente à aderência, os produtos do tipo B apresentam valores mínimos
superiores aos registados para os produtos do tipo C. Em ambos os casos os valores são
superiores a 45 unidades Shore C.
Os produtos que à partida apresentam melhor resistência mecânica são os produtos do
tipo B7 DURO THD (Placo), Diamante (Algíss-Uralita), o Yeso Grueso e o Yeso Fino (Yemasa)
e Proyalbi-Plus (Yesos Albi), dados os valores disponibilizados nas fichas técnicas dos produtos.
4.7. Produtos selecionados para campanha experimental
Após a recolha da informação disponível e respetiva análise, procurou-se realizar uma
seleção criteriosa dos produtos a utilizar na campanha experimental (Capítulo 5).
Optou-se por selecionar cinco produtos, tendo em consideração os seguintes aspetos: a
tipologia segundo a EN 13279-1, a informação do produto, a sua composição, representatividade
da sua utilização na indústria da construção portuguesa e a disponibilidade dos fabricantes ou
distribuidores em fornecer material para ensaio. Assim, os produtos selecionadas englobam as
três tipologias estabelecidas na EN 13279-1, nomeadamente, um produto do tipo A, dois
produtos do tipo B e dois do tipo C. Dentro da tipologia B optou-se por um produto B2 e outro
B4. Relativamente à tipologia C optou-se por dois produtos C7. A escolha destes produtos
procurou incluir os produtos mais frequentemente utilizados em Portugal.
68
Capítulo 5 – Campanha Experimental
5.1.Considerações gerais
Neste capítulo descreve-se a campanha experimental desenvolvida no Laboratório de
Construção do DECivil, do Instituto Superior Técnico. O estudo experimental incidiu sobre cinco
produtos: um ligante à base de gesso e quatro argamassas pré-doseadas à base de gesso. Ao
longo deste capítulo é descrito o modo de receção e acondicionamento dos produtos no estado
seco, a produção das pastas e argamassas de gesso, a produção dos provetes normalizados de
gesso, assim como todos os procedimentos a efetuar para a caracterização dos produtos no
estado seco, no estado fresco e no estado endurecido. Os procedimentos de ensaio foram
repetidos pelo menos três vezes para cada produto de maneira a poder-se calcular um valor
médio.
5.2.Descrição dos produtos selecionados
Nesta campanha experimental pretende-se que os produtos a analisar abranjam todas
as tipologias existentes na norma EN 13279-1, de modo a permitir a realização de uma análise
comparativa entre as várias tipologias. A seleção dos produtos inclui um ligante à base de gesso
do tipo A, duas argamassas à base de gesso do tipo B e duas argamassas à base de gesso para
fins especiais do tipo C. No Quadro 5.1 estão apresentados os produtos selecionados para o
estudo experimental, a sua tipologia e sub-tipologias estabelecidos na EN 13279-1, a designação
adotada para o produto e algumas características dos produtos selecionados que foram
recolhidas nos seus documentos técnicos.
Quadro 5.1. Designação adotada, tipologia e algumas características dos produtos selecionados para
caracterização experimental.
Designação
adotada
Tipo
Relação
água/gesso
(litros/Kg)
Tempo de
aplicação
(min)
Massa volúmica
aparente do
produto em pó
(Kg/m3)
Rf (MPa)
Rc (MPa)
600-700
≈5,2
-
990
-
-
690-790
>1
>2
560-660
>2
>3,5
800
>1
>2
L
A1
≈0,7
I.P.: 12±3;
F.P.: 28±5
AG1
B2
Até
homogeneidade
U.: 180
AG2
B4
-
AE1
C7
0,6-0,7
AE2
C7
0,6
c. 120-150;
n.:150-210;
l.>210
U.: 120-240
U.: 90minutos;
F.P.: >120min
Caracterização
mecânica
I.P. – Início de presa; F.P.-Fim de presa; U.-Utilização; c.-Curto; n.-Normal; L.-Longo. Rf – Resistência à flexão;
Rc – Resistência à compressão.
Nota: As características correspondem à Informação constante nas fichas técnicas dos produtos.
Com esta seleção procurou-se também que os produtos selecionados correspondessem
a ligantes e argamassas com alguma representatividade no mercado da construção e que
fossem de preferência de empresas com sede em Portugal. Desejou-se ainda que os produtos
analisados possuíssem fichas técnicas, certificados ou fichas de desempenho que dessem um
contributo favorável à descrição das suas características de forma a permitir realizar uma
69
comparação com os resultados obtidos nos ensaios saliente-se como já referido anteriormente
para sua seleção dos produtos a estudar foi tido em conta a disponibilidade na sua obtenção
destes produtos.
Os produtos selecionados foram fornecidos em sacos de papel “Kraft” com um peso
compreendido entre os 20 Kg e os 30 Kg. O acondicionamento dos produtos, tal como pode ser
visto na Figura 5.1, foi feito em barricas durante todo o período afeto à realização da campanha
experimental.
Figura 5.1. Acondicionamento dos sacos dos
produtos selecionados no interior de barricas.
5.3.Plano de ensaios
O conjunto de procedimentos planeados para esta campanha experimental tem como
objetivo caracterizar os produtos selecionados no estado seco, fresco e endurecido. Os ensaios
foram realizados de acordo com os procedimentos existentes nas normas para estes produtos e
outros procedimentos que se acharam oportunos para aprofundar o conhecimento destes
produtos. O trabalho experimental foi desenvolvido em três partes.
A primeira parte corresponde aos ensaios de caracterização no estado seco onde se
realizam ensaios para obter a análise granulométrica, determinação da massa volúmica aparente
e determinação da humidade do produto seco.
A segunda parte corresponde aos ensaios de caracterização no estado fresco. Os
ensaios consistem na determinação da relação água/gesso, determinação da água de presa,
determinação do princípio de presa, tempo de presa e determinação da massa volúmica aparente
no estado fresco.
A última parte diz respeito aos ensaios de caracterização no estado endurecido, tendo
sido avaliados parâmetros físicos e mecânicos. Determinou-se a resistência à flexão, a
resistência à compressão, a dureza superficial, a aderência, a absorção de água, a absorção de
água por capilaridade, a massa volúmica real e aparente no estado endurecido e a porosidade.
O conjunto de procedimentos efetuados para caracterização experimental dos cinco
produtos selecionados, bem como a norma segundo a qual são realizados, estão presentes nas
70
Figuras 5.2 e 5.3, de referir que sendo o produto L um ligante a caracterização mecânica é
ligeiramente diferente da das argamassas.
Ligante e Argamassas à
base de gesso
Estado Seco
Estado Fresco
Determinação da massa
volúmica aparente
Determinação da massa
volúmica aparente
(NP EN 1097-3)
(EN 1015-6)
Determinação
granulométrica
Determinação da
relação água/gesso
(NP 379)
(EN 13279-2)
Análise Granulométrica
(EN 1015-1)
Determinação da
humidade (NP 319)
Determinação da água
de presa (NP 318)
Determinação do
tempo de presa
(EN 13279-2)
Determinação do
princípio de presa e do
tempo de presa
(NP 321)
Figura 5.2. Ensaios efetuados no ligante e argamassas à base de gesso no estado seco e fresco.
71
Produtos
Estado Endurecido
Caraterização
mecânica
Caraterização
física
Argamassas à
base de gesso
Ligante de gesso
Resistência à
flexão
Determinação
da dureza
Resistência à
flexão
(EN 13279-2)
(EN 13279-2 )
(EN 13279-2)
(EN 13279-2)
6 provetes
3 provetes - 18
medições
6 provetes
6 provetes - 36
medições
Rsistência à
compressão
(EN 13279-2) 12
meios provetes
Determinação
da dureza
Aderênciia ao
suporte
Determinação da
capacidade de
absorção de água
(NP 762) 3
provetes - 9 miniprovetes
(EN 13279-2)
2 tijolos
Reistência à
compressão
(EN 13279-2) 12
meios provetes
Determinação da
absorção de água
por capilaridade
(EN 1015-18) - 3
provetes
Determinação da
massa volúmica
no estado
endurecido
(EN 1015-10)
Pesagem
hidroestática
(RILEM) 3
provetes
Figura 5.3. Ensaios efetuados no ligante e nas argamassas à base de gesso no estado endurecido.
5.4. Produção de pastas e argamassas
5.4.1.Execução das argamassas
Ao longo da campanha experimental realizaram-se diversas amassaduras, para a
realização dos ensaios de caracterização no estado fresco, moldagem de provetes para o estado
endurecido e amassaduras para moldagem da camada de revestimento pré-doseada de gesso
de 1 cm de espessura aplicada sobre a superfície de tijolo cerâmico.
Devido às limitações inerentes à capacidade do balde da misturadora presente no
laboratório, efetuou-se previamente um ensaio para determinar aproximadamente a quantidade
de pasta e de argamassa de gesso necessária para preencher dois moldes de provetes
prismáticos e também determinar a quantidade necessária para realizar o revestimento de 1 cm
do tijolo cerâmico de forma a evitar desperdício de material.
72
Pesam-se as quantidades necessárias de gesso e água (associada à relação
água/gesso obtida), para preparar um volume de pasta ou de argamassa de gesso que permita
preencher os três compartimentos que compõem um molde de provetes prismático, com
dimensões interiores de 40mmx40mmx160mm.
Coloca-se a água no recipiente da misturadora e seguidamente adiciona-se o gesso à
água e mexe-se manualmente com a espátula durante 1 min, aproximadamente. A pasta é
depois misturada na misturadora durante 1 min a baixa velocidade com (140±5) min-1 em rotação
e (62±5) min-1 em movimento planetário (Figura 5.4).
Figura 5.4. Material e equipamento para preparação das argamassas.
5.4.2.Preparação de provetes normalizados com pasta de gesso
Para a determinação das propriedades físicas e mecânicas dos gessos ensaiados,
moldaram-se uma série de provetes de 40mmx40mmx160mm, de acordo com o procedimento
seguidamente descrito.
Imediatamente depois da preparação, transfere-se a pasta com a ajuda de uma espátula
para os moldes previamente oleados pressionando nas arestas e cantos. Para eliminar a
presença de bolhas de ar no interior do material, deve-se deixar cair o molde num dos lados de
uma altura de 10mm. Após a desmoldagem dos primeiros provetes verificou-se que o seu
preenchimento foi incompleto em resultado da elevada aderência do material à superfície dos
moldes. No sentido de obviar este inconveniente optou-se por revestir os moldes com uma
película anti-aderente que permitisse uma maior facilidade na desmoldagem dos provetes,
evitando dessa forma que os provetes se danificassem na desmoldagem (Figura 5.5).
73
Todo o processo de enchimento dos moldes não deve ter uma duração superior a 10min,
desde o início da amassadura e a sua superfície não deve ser alisada. Quando a pasta fizer
pressa deve-se eliminar o material sobrante com uma régua metálica, mediante um movimento
de serra. Os moldes são mantidos no ambiente do laboratório até à sua desmoldagem.
Figura 5.5. Equipamento utilizado e preparação de provetes normalizados.
A desmoldagem dos provetes moldados com pasta de gesso (produto L) foi efetuada
decorridas 24 horas da sua produção, tendo os restantes provetes produzidos com argamassas
de gesso sido desmoldados decorridas aproximadamente 72 horas depois da sua produção.
Depois de desmoldados, os provetes foram conservados na câmara condicionada (HR≈70% e
T≈20 ± 2ºC) até à data da sua caracterização no estado endurecido, Figura 5.6.
Figura 5.6. Acondicionamento dos provetes, no interior da câmara seca.
Depois de retirados da câmara condicionada, e previamente à realização dos ensaios,
os provetes foram secos em estufa até se obter massa constante a uma temperatura de
74
(40±2)°C. Depois de secos, os provetes são arrefecidos até à temperatura do ambiente do
laboratório. Realizaram-se ensaios de caracterização aos 7 dias e aos 28 dias de idade.
A Figura 5.7 e Figura 5.8 apresentam os valores de temperatura e humidade relativa
24/mar
31/mar
24/mar
31/mar
17/mar
10/mar
3/mar
24/fev
17/fev
10/fev
3/fev
27/jan
20/jan
13/jan
6/jan
30/dez
23/dez
16/dez
9/dez
22,0
21,0
20,0
19,0
18,0
17,0
2/dez
Temperatura (ºC)
registados na câmara seca.
17/mar
10/mar
03/mar
24/fev
17/fev
10/fev
03/fev
27/jan
20/jan
13/jan
06/jan
30/dez
23/dez
16/dez
09/dez
80
75
70
65
60
55
50
02/dez
Humidade (%)
Figura 5.7. Evolução da temperatura ao longo do tempo no interior da câmara condicionada.
Figura 5.8. Evolução da humidade relativa ao longo do tempo no interior da câmara condicionada.
5.5. Caracterização no estado seco – Metodologias de ensaio
A caracterização das argamassas pré-doseadas no estado seco realizada no âmbito do
presente estudo inclui a determinação granulométrica, a determinação da humidade e da massa
volúmica aparente no estado seco.
a)Determinação da massa volúmica aparente (segundo a NP EN 1097-3:2002)
O ensaio para avaliação da massa volúmica aparente da amostra no estado seco
efetua- se seguindo o procedimento descrito na NP EN 1097-3:2002 e com o equipamento que
se ilustra na Figura 5.9.
Com o auxílio de uma colher procede-se à recolha da amostra para um tabuleiro
metálico, que é posteriormente colocada (a amostra) na estufa a 100±5ºC até atingir massa
constante.
Pesa-se o recipiente de capacidade conhecida (neste caso 1 litro) registando esse valor
como m1. Procede-se ao seu enchimento completo até extravasar, sempre com o cuidado de a
amostra não ser colocada com a colher a mais de 5 cm de altura relativamente ao topo do molde.
Com o auxílio de uma régua metálica executa-se o nivelamento do material pelo topo do molde.
75
Pesa-se o recipiente cheio (amostra seca + molde) registando esse valor como m2.
Calcula-se o valor médio da massa volúmica aparente através da equação 5.1:
𝑀𝑉𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 [𝐾𝑔/𝑚3 ] =
𝑚2 − 𝑚1
𝑉
(Equação 5.1)
sendo, m1 – massa do molde vazio com 1litro de capacidade (Kg); m2 – massa do molde
preenchido com amostra no estado seco (Kg); V – volume do molde cilíndrico (m3).
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
Figura 5.9. a)Tabuleiro e gesso em pó, b) balança, c) estufa, d) molde com capacidade de 1dm 3, e)
régua, f) g) e h) procedimento de execução.
b)Análise Granulométrica pela norma EN 1015-1:2006
Para a realização da análise granulométrica adota-se o procedimento descrito na
EN 1015-1:2006 utilizando-se o equipamento da Figura 5.10. Para esse efeito utiliza-se peneiros
com aberturas de: 8,00 mm; 4,00 mm; 2,00 mm; 1,00mm; 0,500 mm; 0,250 mm; 0, 125 mm e
0,063 mm.
A toma das amostras dos produtos é efetuada com uma colher sendo a amostra colocada
num tabuleiro metálico. Depois esta é seca em estufa a 100±5ºC. Seguidamente, pesa-se 100g
de material seco e realiza-se a peneiração recorrendo ao agitador de peneiros, procedendo
depois a uma peneiração manual (em que a massa passada seja inferior a 0,2% da massa total
da amostra). Ao fim da peneiração de cada um dos peneiros é registada a massa retida nesse
peneiro expressa em percentagem do total da amostra em estudo.
a)
b)
c)
d)
Figura 5.10. a) Tabuleiro com gesso em pó, b) conjunto de peneiros utilizados, c) agitador de peneiros,
d) peneiração.
76
c)Determinação da granulometria pela norma NP 379 (1964)
Para a determinação da granulometria do gesso recorre-se ao procedimento descrito na
NP 379 (1964).
Para este ensaio prepara-se a amostra com aproximadamente 200g de gesso que é seca
em estufa durante 1 hora a 100±5ºC. Ao fim desse tempo pesam-se 100g de gesso com a
aproximação de 0,1g procedendo-se de seguida à sua peneiração. Para efetuar a determinação
granulométrica peneira-se manualmente a amostra através da série de peneiros indicada no
Quadro 5.2 e pesa-se a massa que fica retida no fundo de cada peneiro.
Quadro 5.2. Série de peneiros utilizados na determinação granulométrica
N.º do peneiro Abertura da malha [mm] Diâmetro nominal do fio [mm]
20
8,84
0,510
40
0,42
0,290
60
0,250
0,180
100
0,149
0,110
120
0,125
0,091
Fonte: NP 379 (1964).
Os resultados são expressos como uma percentagem do gesso seco retido em cada
peneiro, relativamente à massa total da amostra.
d)Determinação da humidade pela norma NP 319 (1963)
A determinação da humidade dos gessos é realizada de acordo com a NP 319 (1963).
O ensaio consiste em aquecer uma amostra de gesso e registar a perda de massa verificada
(Figura 5.11).
Começa-se por pesar um recipiente, registando o valor como m 1. Pesa-se uma amostra
com 100 g de gesso, com a aproximação de 0,1 g e regista-se m2 (massa da amostra e do
recipiente). Espalha-se a amostra pelo tabuleiro metálico de modo a garantir uma camada de
baixa espessura. Coloca-se o recipiente com a amostra na estufa a uma temperatura de 100±5
°C até se registar uma massa constante. Pesa-se o recipiente a massa constante como m 3.
A humidade, H, é expressa em percentagem, de acordo com a equação 5.2:
𝐻[%] =
𝑚2 − 𝑚3
× 100
𝑚2− 𝑚1
(Equação 5.2)
sendo, m1 - massa do recipiente; m2 - massa do recipiente com a amostra; m3 - massa do
recipiente com a amostra seca.
a)
b)
c)
d)
Figura 5.11. Equipamento para determinação da humidade: a) colher, b) tabuleiro com gesso em pó, c)
balança, d) estufa.
77
5.6. Caracterização no estado fresco – Metodologias de ensaio
A caracterização das argamassas no estado fresco consistiu na determinação da relação
água/gesso e da água de presa. A partir da relação água/gesso obtida produziu-se argamassa
para determinar o princípio de presa e tempo de presa. Tendo em conta que a trabalhabilidade
das argamassas diminui ao longo do tempo devido ao processo de endurecimento que se inicia
logo após a adição da água, a determinação da massa volúmica aparente no estado fresco foi
realizada imediatamente após o fim do processo de amassadura.
a)Determinação da massa volúmica aparente pela norma EN 1015-6 (1998)
A determinação da massa volúmica dos produtos no estado fresco é realizada de acordo
com os procedimentos descritos na EN 1015-6:1998, sendo obtida pelo quociente da sua massa
pelo volume do molde que está preenchido pela amostra.
Começa-se por pesar o molde de volume conhecido, m 1. A pasta ou argamassa de gesso
no molde e compacta-se. Com o auxílio de uma régua metálica procede-se ao nivelamento da
superfície do molde pelo seu bordo (Figura 5.12), registando-se a massa m2.
A massa volúmica, 𝜌𝑚 ,é determinada através da equação 5.3:
𝜌𝑚 =
𝑚2 − 𝑚1
𝑉
(Equação 5.3)
sendo, m1 – massa do molde de 1 litro vazio (Kg); m2 – massa do molde preenchido com a
amostra no estado fresco (Kg); V – volume do molde cilíndrico (m 3).
a)
b)
Figura 5.12. Equipamento e preparação da massa volúmica aparente, a) espátula, b) molde com
capacidade de 1dm3.
b)Determinação da relação água/gesso pela EN 13279-2
Para a determinação da relação água/gesso a EN 13279-2 apresenta três métodos
distintos que dependem da tipologia do produto: método da aspersão, método de espalhamento
e espalhamento com compactação.
O método de aspersão é usado para pastas à base de gesso. O método de
espalhamento é usado em argamassa com base em gesso e pastas de gesso. O método de
espalhamento com compactação é utilizado para as argamassas com base em gesso e
argamassas com base em gesso para fins especiais.
78

Método de Aspersão (Sprinkling method)
A determinação da relação água/gesso pelo método de aspersão (Figura 5.13) consiste
na determinação da quantidade de gesso, expressa em gramas, que é necessária para saturar
100g de água.
A determinação foi realizada de acordo com o procedimento descrito na EN 13279-2.
Começou-se por pesar 100g de água num recipiente cilíndrico, tendo o cuidado de não
humedecer as faces laterais do recipiente, e pesa-se a massa do conjunto, m0 com uma precisão
de 0,1g.
Seguidamente polvilha-se o gesso sobre a superfície de água até que a pasta de gesso
tenha atingido aproximadamente 2 mm abaixo da superfície de água durante aproximadamente
90s. A colocação da amostra de gesso no recipiente com água não excedeu os 120±5s. No
restante tempo polvilha-se gesso de forma cuidada até que a superfície de água desapareça
devendo evitar-se o surgimento de pequenas “ilhas” de pasta seca. Efetua-se a pesagem do
recipiente com a pasta de gesso saturado, m 1. A relação água/gesso é dado pela equação 5.4:
𝑅=
100
𝑚1 − 𝑚0
(Equação 5.4)
onde, m0 – é a massa do recipiente + massa de água, em g.; m1 – é a massa do recipiente +
massa de água + massa de gesso, em g.
Figura 5.13. Determinação da relação água/gesso pelo método de aspersão.

Método de espalhamento (Dispersal method)
O método do espalhamento consiste na determinação da massa de ligante de gesso ou
de argamassa de gesso, que é necessário adicionar a uma determinada quantidade de água de
forma a se obter uma certa consistência avaliada na mesa de espalhamento.
O procedimento adotado seguiu o descrito na EN 13279-2. Coloca-se 500g de água num
recipiente metálico. Pesa-se a quantidade de gesso necessário, em gramas, determinada
através de ensaios preliminares, para se obter um espalhamento no intervalo de 150 a 210 mm
numa placa plana, m 2. Adiciona-se o gesso e o recipiente que contem 500 g de água,
Figura 5.14.
A mistura do gesso com a água é realizada de acordo com o descrito na norma. Polvilhase o gesso sobre a água durante 30s e deixa-se a mistura repousar durante 60s. Mexe-se
79
manualmente com o auxílio de uma espátula durante 30s e volta a deixar-se a mistura repousar
durante mais 30s seguindo-se uma amassadura manual de 30s.
Após a amassadura verte-se a mistura dentro do molde tronco-cónico apoiado na placa
de vidro. Remove-se o excesso da mistura através de uma régua metálica. Eleva-se o molde
verticalmente (ao fim de três minutos contados desde o início da mistura) e deixa-se a massa
fluir ao longo da placa de vidro.
Mede-se o diâmetro do material espalhado em duas direções ortogonais e calcula-se o
valor médio. Verifica-se se o resultado se encontra no intervalo 150 a 210 mm, e anota-se a
quantidade m2 utilizada.
A relação água/ gesso é calculada de acordo com a equação 5.5:
𝑅=
onde, m2 – é a massa de gesso, em g.
500
𝑚2
(Equação 5.5)
Figura 5.14. Determinação da relação água/gesso pelo método de espalhamento
 Método de espalhamento com compactação (Flow table method)
A determinação da relação água/gesso efetua-se através de um procedimento de
tentativa e erro até se obter uma determinada consistência, correspondente a um diâmetro da
pasta de 165±5 mm obtido na mesa de espalhamento.
O procedimento adotado segue o descrito na EN 13279-2. Pesa-se com uma precisão
de 0,1 g o gesso necessário para preencher 1,2 dm 3 a 1,5 dm3, m4. Pesa-se na cuba da
misturadora a quantidade de água necessária para realizar a mistura, m 3, determinada através
de ensaios preliminares.
Adiciona-se o gesso à água e mistura-se manualmente com uma espátula durante
1 minuto. Depois agita-se na misturadora durante 1 minuto a baixa velocidade. Coloca-se o anel
tronco-cónico no centro da mesa de consistência, verte-se a mistura no seu interior e remove-se
o excesso com uma régua metálica de modo a nivelar a superfície do molde. Depois de 10 a 15s
levanta-se o anel e aplicam-se 15 golpes verticais na mesa de consistência a uma velocidade
constante de 1 por segundo, Figura 5.15.
80
Mede-se o diâmetro da pasta com uma precisão de 1mm em duas direções
perpendiculares. Verifica-se se a média destes valores está no intervalo de 165±5mm. Caso tal
não se verifique deve-se repetir o processo, adicionando uma quantidade de gesso superior ou
inferior de acordo com o resultado obtido.
O valor da relação água/ gesso é calculado pela equação 5.6:
𝑅=
𝑚3
𝑚4
(Equação 5.6)
onde, m3 – é a massa de água, em g.; m4 – é a massa de gesso, em g.
Figura 5.15. Determinação da relação água/gesso pelo método de espalhamento com compactação.
c)Determinação da água de pressa pela norma NP 318 (1963)
A determinação da água de presa efetuada de acordo com o procedimento de ensaio
descrito na NP 318 (1963) consiste em polvilhar o gesso sobre a água para que a água seja
absorvida e até que toda a água desapareça, mas sem que o gesso sobrenade.
Mede-se 100ml de água numa proveta e pesa-se a quantidade de água, m. Deita-se a
água num recipiente cilíndrico e pesa-se a massa do conjunto (massa do recipiente + massa de
água), m1. Polvilha-se o gesso sobre a água com uma espátula, evitando polvilhar as paredes
verticais do recipiente e sem sobrepor gesso naquele que não mergulhe. Completa-se o
polvilhamento deitando gesso nos locais onde a água ainda aflore. Pesa-se o conjunto (massa
do recipiente + massa de água + massa de gesso), m 2.
A água de presa que é expressa em percentagem da massa de gesso é calculado pela
equação 5.7:
Á𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 [%] =
𝑚
× 100
𝑚2− 𝑚1
(Equação 5.7)
sendo, m a massa de 100ml de água; m 1 a massa do recipiente cilíndrico com a água; m2 a
massa do recipiente com a água e com o gesso.
d)Determinação do início de pressa pela norma EN 13279-2
Para a determinação do tempo de presa a EN 13279-2 estabelece dois procedimentos
de ensaio. O método da faca e o método de “Vicat”. O primeiro é usado para ligantes à base de
gesso e o segundo é aplicável a todas as argamassas de gesso.
81

Método de faca (Knife method)
O tempo de presa inicial é o tempo medido em minutos que decorre desde a adição da
água ao gesso até que as arestas de um corte realizado com uma espátula na pasta de gesso
deixem de fluir em conjunto, Figura 5.16.
Começa-se pela produção da pasta de gesso. Para isso mistura-se o ligante à base de
gesso com a quantidade de água determinada pelo método de aspersão ou espalhamento
descritos anteriormente. O instante em que se adiciona o gesso à água é anotado como (t0).
Prepara-se a pasta que se verte sobre uma placa retangular e formam-se 3 fiadas com uma
espessura de aproximadamente 5mm.
Realizam-se cortes em duas fiadas de ensaio com intervalos não superiores a 1/20 do
tempo de presa esperado (servem de ensaio) e deixa-se uma fiada para realizar o corte onde se
determina o tempo de presa inicial. Tem-se o cuidado de limpar e secar a faca após cada corte.
Quando os bordos de um corte feito ao tempo t1 deixam de se unirem alcança-se o tempo
de presa inicial (ti). O tempo de presa é dado pela equação 5.8:
(Equação 5.6)
𝑡𝑖 = 𝑡1 − 𝑡0
(Equação 5.8)
sendo, ti é o tempo de pressa inicial, em minutos; t0 o tempo em que o gesso é adicionado à
água, em minutos; t1 o tempo em que a aresta de um corte efetuado com uma faca através do
gesso deixa de fluir junto, em minutos;
Figura 5.16. Determinação do início de presa pelo método da faca.

Método de “Vicat” (Vicat cone method)
Este método consiste na determinação da profundidade de penetração de uma agulha
de extremidade cónica na pasta de gesso utilizando o aparelho de Vicat. Para realizar este ensaio
foi necessário proceder ao fabrico de uma agulha cónica em cobre com 50 mm de comprimento
e 8 mm de base, dimensões presentes na EN 13279. Este princípio é usado para determinar o
82
tempo de presa inicial. Começou-se por colocar o anel de vicat sobre a placa de vidro, tendo o
cuidado de deixar a abertura maior em contacto com o vidro, Figura 5.17.
O gesso é misturado com a quantidade de água determinada pelo método de dispersão
ou método de mesa de consistência descritos anteriormente. O tempo (t 0) corresponde ao
instante em que o gesso foi adicionado à água.
Verte-se a mistura para o anel do equipamento de Vicat que tem 40 mm de altura, 65 e
75 mm nas bases e, remove-se o excesso de material. Baixa-se o cone sobre o material. O
tempo entre cada penetração do cone não deve exceder 1/20 do tempo de presa inicial. Registase o momento em que se obtém uma profundidade de penetração de (22±2) mm acima da placa
de vidro, t1. A extremidade inferior do cone fica a uma distância da base da amostra de gesso
compreendida entre 20 e 24 mm. Tem-se o cuidado de limpar e secar o cone após cada
introdução e evita-se haver hiatos de tempo superiores a 12 min entre cada penetração.
O tempo de presa, é dado pela equação 5.9:
𝑡𝑖 = 𝑡1 − 𝑡0
(Equação 5.6)
onde, ti é o tempo de pressa inicial, em minutos; to o tempo em que o gesso é adicionado à água,
em minutos; t1 o tempo em que é obtida uma profundidade de penetração de (22±2) mm acima
da chapa de vidro, em minutos.
Figura 5.17. Determinação do início de presa pelo método do cone de “Vicat”.
e)Determinação do princípio de presa e do tempo de pressa pela norma NP 321 (1964)
A determinação do tempo de princípio de presa e tempo de presa descrito na NP 321
(1964) é efetuada pelo método calorimétrico.
83
Pesa-se uma quantidade de gesso correspondente ao resultado do ensaio de
determinação de água de presa descrito anteriormente. Deita-se a água num recipiente e
adiciona-se a quantidade de gesso preparada e, simultaneamente, põe-se o cronómetro em
marcha. Deixa-se a pasta repousar um minuto e mistura-se o gesso e a água com o auxílio de
uma espátula, durante cerca de 30s, para se obter uma pasta homogénea e sem grumos. Vazase a pasta de gesso para um anel de vicat assente sobre uma placa de vidro (Figura 5.18).
Introduz-se um termómetro no seio da pasta de gesso, tendo o cuidado de utilizar uma
estrutura que evite o deslocamento do termómetro no decorrer do ensaio. A zona do termómetro
que fica em contacto com o gesso foi previamente untada com vaselina para facilitar a sua
remoção no fim do ensaio.
Regista-se a elevação da temperatura da pasta de gesso em função do tempo. O início
de presa refere-se ao momento em que começa o aumento da temperatura e o instante em que
se atinge a temperatura máxima corresponde ao fim de presa. O tempo de presa é o valor do
intervalo decorrido entre o início e o fim de presa. Os resultados são expressos em minutos.
Figura 5.18. Determinação do princípio de presa e tempo de presa segundo a norma NP 321.
5.7. Caracterização no estado endurecido – Metodologias de ensaio
A caracterização no estado endurecido engloba características mecânicas e físicas. As
propriedades físicas foram avaliados aos 28 dias de idade, tendo-se determinado a absorção de
água, a absorção de água por capilaridade, a massa volúmica aparente e real e a porosidade.
Foram avaliadas aos 7 e aos 28 dias de idade as seguintes características mecânicas: resistência
à flexão e à compressão, a dureza e a aderência.
Caracterização física
a)Massa volúmica da argamassa no estado endurecido (segundo a EN 1015-10 (1999))
Para a determinação da massa volúmica das argamassas no estado endurecido,
procede-se de acordo com o descrito na EN 1015-10 (1999).
Medem-se as dimensões dos provetes prismáticos (Figura 5.19). A largura e a altura
correspondem à média de três medições, efetuadas nos extremos e no centro do prisma. No
comprimento, efetua-se apenas uma medição. Pesam-se os provetes prismáticos.
O volume total de cada provete prismático obtém-se através da equação 5.10:
84
𝑉 =𝑙×𝑎×𝑐
(Equação 5.10)
sendo, V – volume (mm3); l – largura (mm); a – altura (mm); c – comprimento (mm).
A massa volúmica aparente no estado endurecido de cada prisma é determinado através
da equação 5.11:
𝜌=
𝑀
𝑉
(Equação 5.11)
sendo, ρ – massa volúmica do provete (g/dm 3); M – massa do provete (g); V – volume do
provete (dm3).
Figura 5.19. Equipamento e material para determinação da massa volúmica no estado endurecido.
b)Determinação da capacidade de absorção de água pela norma NP 762 (1969)
Este ensaio consiste na determinação da capacidade de absorção de água do gesso.
Utiliza-se um procedimento semelhante ao da norma NP 762 (1969) com uma modificação na
forma dos provetes utilizados (Figura 5.20).
Produz-se a pasta de gesso com a relação água/gesso obtida no ensaio de
espalhamento com compactação. Enquanto a pasta estiver fluída preenchem-se os moldes
prismáticos sem transbordar, mas deixando excesso de material para que se possa rasar quando
o gesso ganhar consistência. Os provetes são desmoldados assim que ganhem consistência.
Efetua-se o corte dos provetes prismáticos em três mini-provetes para se aproximar das
dimensões dos provetes referidos na NP 762. Secam-se os provetes na estufa até que
apresentem massa constante. Retiram-se os provetes da estufa e deixam-se arrefecer no
exsicador até à temperatura ambiente.
Pesam-se os mini-provetes de gesso (m) e mergulham-se em água à temperatura
compreendida entre 15ºC e 20ºC, durante 10h. Retiram-se os provetes da água e deixam-se a
escorrer colocando-os sobre material não absorvente e mudando por diversas vezes a face de
apoio. É removida a água que escorre e quando já não há água livre sobre as faces dos provetes,
pesa-se novamente, m 1. A capacidade de absorção de água, que é expressa em percentagem
da massa de gesso, é determinado pela equação 5.12:
𝐴𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 [%] =
𝑚1 − 𝑚
× 100
𝑚
85
(Equação 5.12)
Figura 5.20. Determinação da capacidade de absorção segundo a norma NP 762 (1969).
c)Determinação da absorção de água por capilaridade pela norma EN 1015-18 (2002)
O ensaio de absorção de água por capilaridade baseia-se nos procedimentos
preconizados na EN 1015-18:2002. O ensaio é efetuado em três provetes prismáticos com
40mmx40mmx160mm de cada um dos produtos estudados. Antes de se proceder ao início do
ensaio, todos os provetes são secos, em estufa a uma temperatura de 60±5ºC. A secagem iniciase aos 28 dias de idade até que os provetes atinjam massa constante.
Após este período, os provetes são colocados durante 24 horas num exsicador contendo
sílica gel, de forma a garantir o seu arrefecimento até atingir a temperatura ambiente e
permanecem num ambiente seco.
Seguidamente, procede-se ao registo da massa de cada provete seco. Após a pesagem,
faz-se numa das faces do provete uma marcação prévia da altura de água (5 mm), com o objetivo
de garantir que o nível de água se mantém constante no decurso do ensaio. Posteriormente,
introduz-se em os provetes na vertical sobre duas varetas de vidro, colocadas no fundo de um
tabuleiro metálico, de forma a suportar os provetes de ensaio (Figura 5.21). Por último, procedese à colocação de água no tabuleiro com o auxílio de um esguicho, de modo a garantir que a
base dos provetes fica imersa e o nível da água atinja a altura de 5 mm na face lateral do provete.
Este procedimento é realizado de forma lenta e progressiva, a fim de se evitar que as restantes
faces sejam molhadas. De seguida, coloca-se sobre o conjunto (tabuleiro e provetes) uma
86
campânula de modo a minimizar a evaporação de água. O nível de água é controlado ao longo
de todo o ensaio ajustando-se sempre que necessário.
As medições correspondentes ao ensaio são efetuadas ao fim de tempos t i, contados
desde a colocação do provete em contacto com a água. Em cada tempo t i, regista-se a massa
do provete (Mi), sendo necessário fazer previamente a remoção de água livre em excesso com
um pano.
Para avaliar a quantidade de água absorvida ao longo do tempo de ensaio pesam-se os
provetes ao fim de 5 min, 10 min, 15 min, 30 min, 1h, 1h30min,3h, 6h, 8, 12h, 24h, 48h e 72h.
O cálculo do coeficiente de capilaridade foi efetuado de acordo com a equação 5.13:
𝐶=
(𝑀𝑖 − 𝑀0 )
𝑆
(Equação 5.13)
sendo, C - Coeficiente de absorção de água [kg/m 2]; M0 - massa do provete seco [kg]; Mi - massa
do provete após um determinado intervalo de tempo (ti) [kg]; S-superfície do provete em contacto
com a água – 0,04x0,04 m2.
Figura 5.21. Determinação da absorção de água por capilaridade.
d)Ensaio de determinação da porosidade e da massa volúmica aparente (RILEM 1989)
O procedimento adotado neste ensaio segue o estabelecido pela RILEM/PEM (1989),
método que é proposto para pedras, cerâmicos e para argamassas.
Após a cura dos provetes, os provetes são inseridos numa estufa à temperatura de
100±5ºC para secagem, até atingirem massa constante. Os provetes são seguidamente
colocados num exsicador (Figura 5.22), que contenha sílica gel no seu interior, para que
arrefeçam sem que haja ganho de humidade. Decorridas 24 horas regista-se, numa balança de
precisão 0,01g a massa seca, M1.
De seguida, colocam-se os provetes no interior do exsicador que se encontra ligado à
bomba de vácuo regulando-a para uma pressão de 20mmHg, durante um período de 24 horas.
A diminuição gradual de pressão que se faz sentir no interior do exsicador provoca a extração
do ar contido no interior da amostra. Para que isso ocorra, há que garantir uma correta
estanquidade ao ar da ligação tampa-exsicador, aplicando-se uma camada de vaselina entre a
superfície da tampa e a do exsicador.
87
Decorridas 24 horas, mantendo-se o vácuo introduz-se água através da válvula que está
ligada ao exterior, até que os provetes fiquem totalmente submersos. Este procedimento não
deve durar um período de tempo inferior a 15 minutos e ao encher o recipiente com água temse o cuidado de não atingir o nível da válvula que está ligada à bomba de vácuo. Os provetes
permanecem em imersão à pressão referida durante 24 horas. Terminado este tempo, desligase a bomba, abre-se a torneira por onde foi introduzida a água e permanecem os provetes
imersos à pressão atmosférica por mais um período de 24 horas. Por último, executam-se as
pesagens.
Para a pesagem hidrostática, retira-se cada um dos provetes do exsicador e colocam-se
num suporte totalmente imerso e suspenso numa balança de precisão de 0,1g. O valor obtido
corresponde à massa em imersão, M2. Logo de seguida, extraiu-se o provete da imersão, e, com
o auxílio de um pano absorvente, limpa-se as superfícies do provete eliminando a água em
excesso. Pesando o provete nestas condições é avaliada a massa saturada, M 3. O método da
pesagem hidrostática (Figura 5.23) é o mais adequado para a determinação da massa volúmica
aparente.
Com base nos resultados das pesagens efetuadas M 1, M2 e M3 determina-se a
porosidade aberta, Pap, a massa volúmica real Mreal e a massa volúmica aparente, Map, através
das equações 5.14, 5.15 e 5.16.
𝑃𝑎𝑝 (%) =
𝑀3 − 𝑀1
× 100
𝑀3 − 𝑀2
(Equação 5.14)
𝑀𝑟𝑒𝑎𝑙 (𝑘𝑔/𝑚3 ) =
𝑀1
× 103
𝑀3 − 𝑀2
(Equação 5.15)
𝑀𝑎𝑝 (𝑘𝑔/𝑚3 ) =
𝑀1
× 103
𝑀1 − 𝑀2
(Equação 5.16)
Em que: M1-massa do provete seco (g); M2-massa do provete em imersão (g); M3-massa do
provete saturado (g).
Figura 5.22. Equipamento (Exsicador) e provetes à pressão.
88
Figura 5.23. Determinação da porosidade e massa volúmica aparente (segundo RILEM 1989).
Caracterização mecânica
e)Determinação da resistência à flexão pela norma EN 13279-2
A resistência à flexão obtêm-se determinando a carga necessária para romper um
provete prismático de 160mmx40mmx40mm, colocado sobre apoios distanciados 100mm
(Figura 5.24). Seguiu-se o procedimento descrito na EN 13279-2 para realizar este ensaio.
Começa-se por colocar o provete de forma centrada sobre os apoios do dispositivo de flexão e
aplica-se uma carga até que o provete rompa. Anota-se a carga máxima, em Newton, que o
provete suporta. A resistência à flexão σf, expressa em N/mm2, é dada pela equação 5.17:
𝜎𝑓 = 0,00234𝑃
(Equação 5.17)
onde, P expresso em N. A resistência à flexão corresponde ao quociente entre o momento fletor
(M) e o módulo de flexão (W) do material, obtendo-se a equação 18:
𝑃×𝑙
3𝑃𝑙
𝜎𝑓 = 4 2 =
𝑎×𝑏
2𝑎𝑏 2
6
(Equação 5.18)
Introduzindo os valores de l=100 mm e das dimensões do provete (a) e (b) com 40 mm
obtém-se a equação 5.19:
𝜎𝑓 =
3 × 𝑃 × 100
= 0,00234𝑃
2 × 40 × 402
89
(Equação 5.19)
Figura 5.24. Determinação da resistência à flexão.
f)Determinação da resistência à compressão pela norma EN 13279-2
O procedimento adotado foi o descrito na EN 13279-2. Coloca-se de forma centrada
cada um dos meios provetes resultantes do ensaio de flexão na prensa de ensaios de
compressão de argamassas, e aplica-se a carga até que o provete atinja a rotura (Figura 5.25).
Regista-se o valor P da carga máxima, em Newtons.
A resistência à compressão é expressa através da equação 5.20:
P
(Equação 5.20)
1600
é a resistência à compressão em N/mm 2; P é a carga de rotura em N;
σc =
onde, σc
1600 = 40mmx40mm é a área do provete em mm 2;
Como se obtêm no mínimo 6 valores, resultantes do ensaio de cada conjunto de 3
provetes, determina-se o valor médio e o respetivo desvio padrão.
Figura 5.25. Determinação da resistência à compressão.
g)Determinação da Dureza pela norma EN 13279-2
Este ensaio consiste na determinação da impressão na superfície do provete de gesso
produzida de uma esfera de aço com 12 mm de diâmetro submetida a uma força determinada.
Para este ensaio utiliza-se um procedimento semelhante ao descrito na EN 13279-2, recorre-se
a uma esfera com um diâmetro de 12 mm, uma chapa de aço e um recipiente onde se coloca
um conjunto de pesos que permite atingir uma carga de 200N.
Realizam-se determinações em duas faces laterais dos provetes prismáticos com
40mmx40mmx160mm que estiveram em contacto com o molde. Com o auxílio de uma esfera e
de um dispositivo que permite aplicar uma força de 200N, aplica-se a força perpendicularmente
90
à face a ser ensaiada, em três pontos equidistantes e localizados a pelo menos 20mm das
extremidades (Figura 5.26). A carga é mantida durante 15s. Com o auxílio de uma craveira medese a profundidade de cavidades impressas pela esfera.
A dureza H, expressa em Newtons por milímetro quadrado é dada pela equação 5.21:
𝐻=
𝐹
20 × 1000 6366
=
=
𝜋×𝐷×𝑡
𝜋×1×𝑡
𝑡
(Equação 5.21)
onde, F é a carga em N; D é o diâmetro da esfera em mm; t é a profundidade da impressão
expressa em μm.
Registam-se os resultados de ensaio em grupos de três, correspondentes a cada face e
testam-se 18 profundidades de impressão. Calcula-se o valor médio, t, e indica-se o número de
resultados entre 0,9t e 1,1t para excluir impressões em zonas com poros óbvios.
Figura 5.26. Ensaio de determinação da dureza.
d)Determinação da aderência pela norma EN 13279-2
A aderência de um gesso a um determinado suporte é avaliada através da força máxima
de arrancamento aplicada a uma pastilha metálica fixada ao gesso. Para a realização deste
ensaio adotou-se um procedimento semelhante ao da norma EN 13279-2. Começou-se por
selecionar uma superfície de suporte, tendo-se optado por tijolos cerâmicos. A mistura de
água/gesso é efetuada com a relação água/gesso determinada pelo método de espalhamento
com compactação. Aplica-se a mistura sobre a superfície do tijolo cerâmico de modo a se obter
uma espessura de 1 cm.
Os provetes são mantidos durante 7 e 28 dias na câmara seca. Com a ajuda de uma
serra elétrica cortam-se as áreas retangulares a ensaiar. O corte é realizado tendo em conta o
tamanho das pastilhas, evitando-se o excesso ou defeito de material sob as pastilhas metálicas.
Sobre estes provetes aplica-se uma resina epoxídica para colar a pastilha metálica aos provetes.
Com o auxílio do equipamento do ensaio de pull out aplica-se uma força de tração
perpendicularmente à superfície de ensaio, Figura 5.27.
O valor da resistência de aderência é calculado através da equação 5.22:
𝑅𝑢 =
𝐹𝑢
𝐴
(Equação 5.22)
91
onde, Ru é a força de aderência em N/mm 2; Fu é a carga de rotura; A é a área de contacto da
pastilha metálica com o provete em mm2.
O resultado do ensaio de aderência calcula-se como o valor médio de todos os valores
individuais e expressa-se com uma precisão de 0,01 N/mm2.
Figura 5.27. Determinação da aderência.
92
Capítulo 6 – Apresentação, Análise e Discussão dos Resultados
No presente capítulo, são apresentados os resultados obtidos nos ensaios laboratoriais
descritos no capítulo anterior. A campanha experimental teve como objetivo analisar as
características das pastas e das argamassas à base de gesso que foram selecionadas, e que se
indicam no Quadro 6.1. Foi efetuada uma caracterização dos produtos no estado seco, no estado
fresco e no estado endurecido.
Quadro 6.1. Produtos selecionados para caracterização experimental
Tipo
Designação adotada
A1
L
B2
AG1
B4
AG2
C7
AE1
C7
AE2
6.1. Caracterização no estado seco
O desempenho de cada produto é substancialmente influenciado pela sua composição
e formulação. A caracterização dos produtos selecionados no estado seco envolveu a
determinação da análise granulométrica (pelo método descrito no enquadramento normativo
europeu e segundo a norma portuguesa), a determinação da humidade e a determinação da
massa volúmica aparente.
6.1.1. Análise Granulométrica
O Quadro 6.2 apresenta os resultados das análises granulométricas realizadas às
amostras de produtos em estudo segundo a norma EN 1015-1 e a Figura 6.1 (à esquerda)
apresenta as respetivas curvas granulométricas.
Abertura do
peneiro (mm)
8
4
2
1
0,5
0,25
0,125
0,063
Quadro 6.2. Análise Granulométrica - EN 1015-1
Material Acumulado Passado [%]
A (A1)
B
B2
B4
L
AE1
AG1
AG2
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
99,8
100,0
94,0
99,5
82,2
86,5
81,2
56,4
27,8
85,6
65,3
8,3
21,4
83,0
51,7
4,3
C (C7)
AE2
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
97,7
97,4
95,2
No Quadro 6.3 apresentam-se os resultados obtidos nas análises granulométricas
realizadas segundo a NP 379 das amostras dos produtos em estudo e a Figura 6.1 (à direita)
apresenta as respetivas curvas granulométricas.
93
Abertura do
peneiro (mm)
8
0,425
0,250
0,150
0,125
Quadro 6.3. Análise granulométrica - NP 379
Material Acumulado Passado [%]
A (A1)
B
L
B2
B4
AE1
AG1
AG2
100,0
100,0
100,0
100,0
99,7
99,2
90,6
99,8
94,1
94,7
79,6
63,9
48,2
92,4
67,6
22,6
37,3
91,2
54,9
15,7
0,01
0,10
1,00
AE2
100,0
99,6
95,6
94,9
94,7
NP 379
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
10,00
Material Acumulado Passado [%]
Material Acumulado Passado [%]
EN 1015-1
C (C7)
Abertura do peneiro [mm]
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
L
AG1
AG2
AE1
AE2
0,10
1,00
10,00
Abertura do peneiro [mm]
Figura 6.1. Curvas granulométricas dos produtos estudados segundo a EN 1015-1 (à esquerda) e a
NP 379 (à direita).
Os valores presentes no Quadro 6.2 são representativos de uma média de três medições
efetuadas para cada amostra de produto em estudo. Do Quadro 6.2 verifica-se que os produtos
em análise apresentam diferentes teores de constituintes finos (<0,063mm). De todos os
produtos estudados, o AE2 é claramente o que apresenta maior percentagem de constituintes
finos (≈95%) sendo mais de vinte vezes superior ao valor obtido para o AE1, que apresenta a
menor percentagem de constituintes finos (≈4,3%). O AE1 é o produto que apresenta uma
granulometria mais grossa como é possível verificar pela Figura 6.1 (à esquerda).
Note-se que com exceção do produto AE1 que apresenta uma percentagem de material
acumulado passado de 56,4% no peneiro de 250 μm todos os restantes produtos apresentam
percentagens superiores a 80%. As maiores diferenças surgem no material acumulado passado
no peneiro de abertura de 125 μm, onde fica retido aproximadamente 50% do produto L e AE1
e 15% do AG2.
A análise granulométrica dos produtos estudados permite verificar que dentro da mesma
tipologia de produtos se verificam diferenças significativas na constituição de finos, conforme se
pode verificar pelo Quadro 6.2 e na Figuras 6.1 (à esquerda) para os produtos de tipologia B e
C. Nos produtos de tipologia B verifica-se que o produto AG1 tem uma maior percentagem de
constituintes finos (<0,063mm) relativamente ao produto AG2, uma vez que apresenta 30% mais
de material acumulado passado.
94
Relativamente à determinação granulométrica (NP 379) salienta-se à partida que a
abertura dos peneiros é diferente da descrita na NP 379, mas representativa das curvas
granulométricas das amostras dos produtos em estudo e que pode ser complementada com o
ensaio anterior.
Como é possível observar na Figura 6.1 (à direita), a determinação granulométrica
realizada aos vários produtos estudados originou curvas granulométricas diferentes para os
vários produtos. Segundo o Quadro 6.3 o material acumulado no peneiro de abertura de 425 μm
foi superior a 99% para todos os produtos, exceto o produto AG2 em que ficam 10% de material
retido. No peneiro de 250 μm só os produtos AG2 e AE1 apresentam uma percentagem superior
a 10% de material retido e no peneiro de 150 μm verificou-se uma retenção superior a 40% do
produto L e AE1.
Volta-se a registar que AE1 é o produto que apresenta a menor percentagem de material
passado acumulado no peneiro com a abertura mais pequena, sendo o de granulometria mais
grossa entre os produtos estudados.
A determinação granulométrica aos produtos do tipo B permite verificar que o AG1 tem
uma granulometria mais fina que o AG2, como é possível verificar pela percentagem de material
passado acumulado no peneiro de 125 μm (≈91% e ≈55% para o AG1 e AG2, respetivamente),
Figura 6.1. (à direita).
A determinação granulométrica dos produtos do tipo C permite verificar que AE2 e AE1,
apresentam granulometrias diferentes a partir do peneiro de 250 μm de abertura. A argamassa
AE2 é um produto com granulometria mais fina, apresentando uma percentagem de material
passado acumulado no peneiro de 125 μm superior a 90%, bastante acima dos 15,7% registados
para a AE1.
Os materiais AG1 e AE2 voltam a apresentar curvas granulométricas próximas uma da
outra como já havia acontecido no ensaio anterior de análise granulométrica segundo a
EN 13279-2.
A granulometria dos produtos é relevante na medida em que tem influência em diversas
características da argamassa tais como a compacidade, a quantidade de água de amassadura
necessária, a trabalhabilidade e a tipologia dos poros formados.
6.1.2. Massa volúmica aparente e humidade
O Quadro 6.4 e a Figura 6.2 apresentam o valor médio e o desvio-padrão dos resultados
obtidos nos materiais estudados da massa volúmica aparente e da humidade dos produtos no
estado seco.
95
Quadro 6.4. Valores de massa volúmica aparente (NP EN 1097-3) e da humidade (NP 319) dos
produtos no estado seco
Massa volúmica aparente (Kg/m3)
Humidade [%]
Tipo
Produto
n
V.M.±D.P.
Ficha Técnica
n
V.M.+D.P.
A1
L
16
840 ± 38
600-700
5
1,8 ± 0,7
B2
AG1
10
890 ± 20
990
5
0,9 ± 0,2
B4
AG2
7
930 ± 48
690-790
6
0,9 ± 0,6
C7
C7
AE1
AE2
14
10
810 ± 40
820 ± 13
560-660
800
6
5
1,4 ± 0,2
1,3 ± 0,2
n - número de determinações; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão;
2,70
2,40
950
Ficha
técnica
900
850
800
750
700
2,10
Humidade [%]
Massa Volúmica Aparente
[Kg/m3]
1000
1,80
1,50
1,20
0,90
0,60
650
0,30
600
L
0,00
AG1 AG2 AE1 AE2
L
AG1 AG2 AE1
AE2
Figura 6.2. Massa volúmica aparente da mistura seca (à esquerda) e humidade dos produtos estudados
(à direita).
O maior valor da massa volúmica aparente foi registado para AG2 (≈930 Kg/m3), seguido
de AG1 e L. Por fim tem-se o AE1 e AE2 com praticamente a mesma massa volúmica aparente
(≈820 Kg/m3). Os produtos estudados apresentam valores de massa volúmica aparente
compreendidos entre 810 kg/m3 e 930 Kg/m3.
Analisando a massa volúmica aparente para os produtos tipo B verifica-se que estes
apresentam uma ligeira diferença entre eles. Relativamente aos produtos do tipo C, verifica-se
que os produtos AE1 e AE2 apresentam praticamente a mesma massa volúmica aparente.
O material L apresenta um valor intermédio de massa volúmica aparente relativamente
aos produtos do tipo B e os produtos do tipo C.
Verifica-se que o valor da massa volúmica aparente obtido para os produtos estudados
é ligeiramente superior aos valores que os fabricantes apresentam para os produtos L, AG2 e
AE1. Para AG1 obteve-se um valor de massa volúmica aparente ligeiramente inferior ao valor
apresentado pelo fabricante. No caso do AE2 obteve-se um valor praticamente idêntico ao valor
de massa volúmica aparente indicado pelo fabricante.
A Figura 6.2 (à direita) apresenta os valores obtidos no ensaio de determinação da
humidade dos produtos estudados. Todos os produtos apresentam uma humidade inferior a 2%.
O maior valor da humidade registou-se para o produto L, onde se obteve um valor médio de
1,8%, sendo os valores mais baixos os registados para os produtos do tipo B em que se
96
registaram valores médios de 0,9%. Para as argamassas do tipo C registaram-se valores de
1,3% e 1,4%, respetivamente para os produtos AE2 e AE1. Analisando os dois produtos da
tipologia B verifica-se que apresentam valores semelhantes o mesmo acontecendo entre os dois
produtos da tipologia C.
6.2. Caracterização no estado fresco
A caracterização dos produtos estudados no estado fresco envolveu a determinação da
relação água/gesso através de 3 métodos distintos, a determinação da água de presa,
determinação do tempo de princípio de presa, tempo de presa e ainda a determinação da massa
volúmica aparente no estado fresco.
O Quadro 6.5 apresenta os resultados dos ensaios de determinação da massa volúmica
aparente no estado fresco (Figura 6.3), da água de presa e da relação água/gesso para os vários
produtos estudados, indicando-se também o valor da relação água/gesso indicado na ficha
técnica do produto.
Quadro 6.5. Resultados da massa volúmica aparente, da água de presa e da relação água/gesso para
os produtos estudados
Tipo
Produto
A1
L
EN 1015-6
Massa
volúmica
aparente
(kg/m3)
n V.M.+D.P.
n
V.M.+D.P.
n
V.M.+D.P.
n
V.M.+D.P.
Espalhamento
com
compactação
R [A/G]
n V.M.+D.P.
5
3
67±1
9
0,66±0,03
3
0,65±0,04
5
1650±64
NP 318
EN 13279-2
Água de
presa
[A/G]
Aspersão
R [A/G]
Espalhamento
R [A/G]
Ficha
Técnica
R [A/G]
0,67±0,03
≈0,7
B2
AG1
4
1530±18
3
71±5
3
0,70±0,02
4
0,55±0,07
4
0,55±0,04
0,550,60
B4
AG2
5
1580±130
3
65±1
9
0,69±0,07
4
0,56±0,07
5
0,54±0,09
-
C7
AE1
6
1630±34
3
68±8
3
0,67±0,02
3
0,59±0,01
5
0,59±0,08
0,650,70
C7
AE2
4
1500±10
3
69±2
3
0,68±0,01
3
0,66±0,05
3
0,60±0,00
≈ 0,60
n - número de determinações; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão;
Massa Volúmica Aparente [Kg/m3]
1750
1700
1650
1600
1550
1500
1450
1400
1350
1300
L
AG1
AG2
Figura 6.3. Massa volúmica aparente.
97
AE1
AE2
O produto L é o que apresenta maior valor de massa volúmica aparente no estado fresco
(≈1650 Kg/m3).Seguem-se os materiais AE1, AG2, AG1 e por fim AE2 que apresenta o valor
mais baixo (≈1500Kg/m 3). Os valores obtidos encontram-se todos entre os 1500 Kg/m 3 e os
Kg/m3, não existindo uma grande diferença entre os valores das massas volúmicas
1650
aparentes dos vários produtos estudados.
Analisando os produtos do tipo C (AE1 e AE2) verifica-se que, ao contrário do que
acontecia no estado seco em que ambas as argamassas apresentavam aproximadamente o
mesmo valor de massa volúmica aparente, não acontece no estado fresco o material AE2 tem
valor da massa volúmica inferior ao de AE1.
No Quadro 6.5 e na Figura 6.4 (à esquerda) indica-se a quantidade de água necessária
para a presa do gesso dos vários produtos estudados, determinada segundo o procedimento de
ensaio estabelecido na NP 318.
AE2
AE1
Método de
Espalhamento
com
Compactação
AG2
Método de
Espalhamento
AE2
AE1
AG2
AG1
AG1
L
L
55
60
65
70
75
80
Água de presa A/G [%]
Método de
Aspersão
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
Relação Água/Gesso
Figura 6.4. Água de presa, NP318 (à esquerda) e relação água/gesso, EN 13279 (à direita).
Verifica-se que os valores obtidos para a relação água/gesso se encontram no intervalo
de 65-71%. O produto AG2 é a que necessita de menor quantidade de água enquanto os
restantes produtos necessitam de uma quantidade semelhante.
Relativamente aos produtos do tipo B (AG1 e AG2), constata-se que o produto AG1
necessita de uma maior quantidade de água, tendo-se obtido 71 ml e 65 ml de água por cada
100g de gesso, respetivamente, para os produtos AG1 e AG2.
Os produtos do tipo C (AE1 e AE2) necessitam praticamente da mesma quantidade de
água para a presa do gesso. O AE1 precisa de 68 ml de água por cada 100g de gesso e o AE2
precisa de 69 ml de água.
No Quadro 6.5 e Figura 6.4 (à direita) indica-se a relação água/gesso dos vários produtos
determinada segundo os vários métodos descritos na EN 13279-2.
98
Nesta determinação decidiu-se realizar os procedimentos descritos na norma não
diferenciando os produtos e estabeleceu-se uma comparação entre os resultados dos vários
métodos de ensaio de determinação da relação água/gesso. Segundo a EN 13279-2 a
determinação da relação água/gesso para o produto L (produto do tipo A) pode ser realizada
segundo o método de aspersão ou espalhamento, enquanto para os restantes produtos se deve
realizar o ensaio de determinação da relação água/gesso pelo método de espalhamento com ou
sem compactação.
Para o método de aspersão, obtiveram-se resultados semelhantes aos verificados para
o ensaio anterior (determinação da água de presa), devido à semelhança que existe entre os
dois procedimentos. Os resultados encontram-se entre os 0,60-0,70. O produto L necessita de
uma menor relação água/gesso, aproximadamente 0,66.
Pelos métodos de espalhamento e espalhamento com compactação obtiveram-se
valores inferiores de relação água/gesso, tal como se previa, uma vez que são métodos mais
precisos e que contêm nos seus procedimentos um limite de espalhamento o que conduz a uma
determinação mais precisa da relação água/gesso.
No caso do método de espalhamento o limite de espalhamento está compreendido entre
150 e 210 mm e no método de espalhamento com compactação o resultado deve cumprir
165±5 mm.
Para o método de espalhamento os valores de a/g situaram-se entre 0,55-0,66, tendo- se
registado uma relação água/gesso de 0,66 para AE2 e de 0,55 para o produto AG1.
Verifica-se que os produtos do tipo B apresentam valores bastante próximos, 0,55 e 0,56,
respetivamente para a AG1 e AG2. Os produtos do tipo C apresentam uma relação água/gesso
ligeiramente superior entre 0,59 e 0,66. Já o produto L apresenta um valor ligeiramente inferior
ao verificado para a argamassa AE2, 0,65.
Para o método de espalhamento com compactação os valores de a/g situaram-se entre
0,54-0,67. Tendo-se agora registado o valor mais elevado no produto L. Todos os restantes
valores são praticamente iguais aos registados pelo método de espalhamento, com exceção do
produto AE2, onde se verificou ser necessária uma quantidade de água inferior para se obter um
espalhamento da pasta de gesso dentro dos limites estabelecidos no procedimento. Para os
produtos do tipo B obteve-se uma relação água/gesso de 0,54 e 0,55 para AG2 e AG1,
respetivamente. Para os produtos do tipo C os valores da relação variam entre 0,59 e 0,60 para
AE1 e AE2, respetivamente.
No produto L, verifica-se que os valores da relação água/gesso obtidos pelo método da
NP 318 e segundo o método de aspersão e espalhamento são bastante próximos. Já o mesmo
não se verifica para os restantes produtos onde o valor obtido através do método da NP 318 é
ligeiramente superior aos resultados dos métodos descritos na EN 13279-2 para estes produtos
99
(método de espalhamento e espalhamento com compactação). Constata-se também que os dois
métodos preconizados na EN 13279-2 relativos a cada produto apresentam valores idênticos.
Com base nos valores obtidos no ensaio de espalhamento com compactação verifica-se
que todos os valores das amostras estudadas se encontram próximos e até dentro do intervalo
estipulado pelos fabricantes.
Para a caracterização dos produtos no estado fresco é importante caracterizar os tempos
de presa. O Quadro 6.6 apresenta os resultados dos ensaios do tempo de princípio de presa e
do tempo de presa.
Quadro 6.6. Resultados dos ensaios de caracterização no estado fresco – tempo de início de presa e
tempo de presa
Tempo de início de presa
Tempo de presa (min)
(min)
Tipo
Produto
NP321
EN13279-2
NP321
n
V.M.
n
V.M.
n
V.M.
A1
L
3
11
3
34
3
44
B2
AG1
3
49
3
273
3
216
B4
AG2
3
71
3
418
3
393
C7
AE1
3
41
3
362
3
327
C7
AE2
3
46
3
279
3
225
n - número de determinações; V.M.-Valor médio;
Os valores do tempo de início de presa determinados pelo método calorimétrico descrito
na NP-321 são apresentados no Quadro 6.6 e na Figura 6.5.
0
10
20
Tempo (min)
30
40
50
60
70
80
L
AG1
AG2
AE1
AE2
Figura 6.5. Tempo de início de presa (NP 321).
Pela análise da Figura 6.5 verifica-se que o produto AG2 é o que apresenta o maior valor
de princípio de presa, enquanto o produto L é o que apresenta um menor valor de tempo de
princípio de presa. Os restantes produtos apresentam valores bastante próximos, entre os 40
100
minutos e 50 minutos. Os valores obtidos nas amostras estudadas estão dentro dos limites
indicados pelos fabricantes nos casos em que essa informação é disponibilizada e respeitam os
limites impostos pelas normas em vigor.
Os valores dos tempos de presa dos produtos estudados determinados segundo a
EN 13279-2 e a NP 321 são apresentados no Quadro 6.6 e Figura 6.6.
0
100
Tempo (min)
200
300
400
500
L
AG1
EN 13279-2
NP 321
AG2
AE1
AE2
Figura 6.6. Tempos de presa.
A análise dos tempos de presa determinados segundo a EN 13279-2 permite verificar
que existe uma grande discrepância entre os vários produtos estudados. Os valores obtidos
variam entre os 34 minutos e os 418 minutos para os produtos L e AG2, respetivamente. Os
valores obtidos para o produto L encontram-se bastante próximos dos fornecidos pelo fabricante.
Para os restantes materiais obtiveram-se valores de tempos de presa superiores aos valores de
utilização do produto disponibilizados pelos fabricantes.
Analisando os produtos do tipo B verifica-se que o AG2 tem um tempo de presa superior
ao do AG1. Nas argamassas do tipo C verifica-se também que existe o produto AE1 tem um
tempo de presa muito superior a AE2.
Os valores do tempo de presa determinados pelo método calorimétrico descrito na NP321 são ligeiramente inferiores aos obtidos pelo ensaio anterior. O material L continua a
apresentar o valor mais baixo de tempo de presa apesar de, contrariamente aos restantes, ter
aumentando, enquanto o AG2 apresenta o valor mais elevado. Verificou-se que o L foi o que
apresentou também a maior variação de temperatura durante o processo de presa.
Para os restantes materiais verifica-se que a subida não foi tão significativa.
Os produtos AG1 e AE2 voltaram a apresentar tempos de presa bastante próximos, 216
minutos e 225 minutos, respetivamente. Para AE1 e AE2 obteve-se respetivamente 327 minutos
e 393 minutos.
101
Na Figura 6.7 representam-se o tempo de presa obtido pelo método descrito na
EN 13279-2 em função do tempo de presa obtido pela NP 321. Constata-se que existe uma boa
correlação entre os resultados dos dois métodos, com um coeficiente de correlação de 97%. Na
Figura 6.7 à direita representam-se os resultados dos dois tipos de ensaio indicando-se também
500
400
Tempo de presa (min)
Tempo de presa [NP321] (min)
uma reta com 45º de inclinação, onde é possível constatar a elevada proximidade dos resultados.
R² = 0,9729
300
200
100
0
0
100
200
300
400
500
500
400
300
EN13279
NP 321
200
100
0
0
Tempo de presa [EN 13279-2] (min)
100 200 300 400 500
Tempo de presa (min)
Figura 6.7. Relação entre os tempos de presa obtidos pela NP 321 e EN 13279-2.
6.3. Caracterização no estado endurecido
A caracterização das pastas e das argamassas no estado endurecido envolveu a
determinação de parâmetros físicos e de parâmetros mecânicos. Os parâmetros físicos foram
avaliados aos 28 dias de idade tendo sido determinada a massa volúmica aparente e real, a
porosidade, a absorção de água e a absorção de água por capilaridade. Nos parâmetros
mecânicos determinou-se a resistência à flexão e à compressão, a dureza e a aderência. Todas
estas determinações foram efetuadas aos 7 e aos 28 dias de idade.
6.3.1. Caracterização física
A caracterização física envolveu a determinação da massa volúmica aparente e real, da
porosidade aberta, da absorção de água e da absorção de água por capilaridade. O Quadro 6.7
apresenta os resultados obtidos em alguns dos ensaios enunciados.
Estes valores permitem obter alguma informação relativa à estrutura interna dos
produtos, possibilitando-se por esta via a análise de relações, não só com os constituintes e
formulações empregues, que no caso dos produtos pré-doseados se desconhece, como também
com os restantes ensaios de caracterização.
102
Quadro 6.7. Resultados dos ensaios de determinação da massa volúmica aparente e real no estado
endurecido e da porosidade aberta
Massa Volúmica (Kg/m3)
Porosidade [%]
Tipo
Aparente
Produto
Real
EN 1015-10
RILEM
n
V.M.
n
V.M..
n
V.M.+D.P.
n
V.M.
A1
L
3
40,6
3
1870
15
1060± 23
3
1110
B2
AG1
3
48,7
3
1940
6
900 ± 37
3
990
B4
AG2
3
38,2
3
1720
12
1060 ± 75
3
1070
C7
AE1
3
45,9
3
1980
15
1170 ± 207
3
1070
C7
AE2
3
47,0
3
1780
6
1050 ± 57
3
940
n - número de determinações; V.M.-Valor médio; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão;
Os resultados dos ensaios de determinação da porosidade aberta são apresentados no
Quadro 6.7 e na Figura 6.8 (à esquerda). Na Figura 6.8 (à direita) analisa-se a correlação entre
50
Tensão de resistência à
compresão aos 7 dias,
[MPa]
Porosidade Aberta [%]
a resistência à compressão e a porosidade aberta.
40
30
20
10
0
L
AG1
AG2
AE1
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
R² = 0,6991
30
40
50
Porosidade aberta [%]
AE2
Figura 6.8. Porosidade aberta (à esquerda) e relação entre a resistência à compressão e a porosidade
aberta (à direita), 28 dias.
A análise da Figura 6.8 (à direita) permite verificar que se obteve uma boa correlação
entre os valores de porosidade das argamassas e da resistência à compressão aos 7 dias de
idade. Na análise desta correlação não se considerou o resultado do produto L que é uma pasta
à base de gesso. Da Figura 6.8 (à direita) verifica-se que os produtos mais porosos são mais
brandos, enquanto os menos porosos são mais compactos e apresentam valores superiores de
resistência mecânica.
Os produtos do tipo C (AE1 e AE2), apresentam valores de porosidade bastante
próximos 46% e 47%, respetivamente, valores esses intermédios aos registados para os
produtos do tipo B, onde se obteve uma porosidade de 49% para o AG1 e de 38% para o AG2.
O produto L apresentou uma porosidade de 41%, superior à do AG2 mas inferior aos registados
nos produtos do tipo C.
Na Figura 6.9 apresentam-se os valores, da massa volúmica aparente determinada com
base na EN 1015-10 e de massa volúmica aparente e massa volúmica real obtidos no ensaio de
pesagem hidrostática (RILEM). A relação entre a massa volúmica aparente no estado endurecido
103
(aos 28 dias de idade) e massa volúmica aparente no estado fresco é apresentada na
Figura 6.10.
Massa Volúmica [Kg/m3]
2500
2000
1500
Real (RILEM)
Aparente (EN1015)
1000
Aparente (RILEM)
500
0
L
AG1
AG2
AE1
AE2
Massa Volúmica Aparente
aos 28 dias [Kg/m3]
Figura 6.9. Massa volúmica aparente, 28 dias.
1150
R² = 0,9318
1100
1050
1000
950
900
1450
1500
1550
1600
1650
1700
Massa Volúmica Aparente no estado fresco [Kg/m 3]
Figura 6.10. Relação entre a massa volúmica aparente no estado fresco
e no estado endurecido (28dias).
A análise da Figura 6.10 permite verificar uma boa correlação ente os valores de massa
volúmica aparente no estado endurecido (aos 28 dias) com os valores da massa volúmica
aparente no estado fresco.
Verifica-se que os valores da massa volúmica aparente no estado endurecido obtidos
pelo processo descrito na EN 1015-10 e pela pesagem hidrostática (RILEM) são semelhantes.
Relativamente à massa volúmica aparente determinada de acordo com a EN 1015-10, o
valor mais elevado foi o do AE1 (1170Kg/m 3), seguido dos produtos AG2, L, AE2 e por fim AG1
(900Kg/m3). Relativamente à massa volúmica aparente obtida pelo processo de pesagem
hidrostática, o valor mais elevado foi o do produto L (1110Kg/m3), seguido do produto AE1, AG2,
AG1 e por fim AE2 (940Kg/m3).
104
Da análise do Quadro 6.7 e Figura 6.9 verifica-se que o AE2 apresenta o maior valor da
massa volúmica real (1980 Kg/m 3), seguido do AG1 (1940 Kg/m3), L (1870Kg/m3), AE1 (1780
Kg/m3) e por fim o que apresenta o valor menor o AG2 (1720 Kg/m3). Os valores da massa
volúmica real dos produtos do tipo B variam entre 1720-1940 Kg/m3, e os valores da massa
volúmica real dos produtos do tipo C varia entre 1780-1980 Kg/m3.
O Quadro 6.8 e a Figura 6.11 (à esquerda) apresenta os valores da capacidade de
absorção de água após 10 horas de imersão e do coeficiente de absorção de água por
capilaridade.
Quadro 6.8. Resultado da capacidade de absorção de água (NP 762) e de absorção de água por
capilaridade (EN 1015-18)
Tipo
Produto
Absorção de água
A [%]
A1
B2
B4
C7
L
AG1
AG2
AE1
n
9
9
3
9
C7
AE2
9
V.M.+D.P.
32 ± 0,2
44 ± 3,7
30 ± 0,2
45 ± 0,4
n
3
3
3
3
43 ± 4,0
3
Coeficiente de
Capilaridade
(kg/m2min0,5)
V.M.
4,417
0,637
2,023
0,550
1,767
Valor Assintótico
(Kg/m2)
n
3
3
3
3
V.M.
106,5
44,3
93,1
48,8
3
119,4
n - número de determinações; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão;
40
Porosidade aberta [%]
Absorção de Água [%]
50
30
20
10
0
L
AG1
AG2
AE1
AE2
50
48
46
44
42
40
38
36
34
32
30
R² = 0,9157
25
35
45
55
Absorção de água [%]
Figura 6.11. Absorção de água após imersão durante 10 horas (à esquerda) e relação entre a porosidade
aberta e a capacidade absorção de água após imersão durante 10 horas (à direita), após 28dias.
Os resultados obtidos apontam o produto AG2 como sendo o menos absorvente, os
produtos AG1,AE1 e AE2 com valores do teor em água da mesma ordem de grandeza sendo o
AE1 o que apresenta maior teor de absorção de água às 10 horas.
Os produtos AE1 e AE2 com uma porosidade aberta semelhante manifestaram valores
de capacidade de absorção próximos, entre os 43% e 45%, para o produto AE2 e AE1,
respetivamente. Os menores valores de absorção de água foram registados nos materiais AG2
e L ambos com valores próximos de 30%. Pela análise da Figura 6.11 é possível afirmar que
existe uma boa correlação entre a porosidade e a absorção de água durante 10 horas.
105
O estudo da capacidade de absorção de água por capilaridade dos produtos foi realizado
sobre três provetes de cada produto, através do método descrito na EN 1015-18. A Figura 6.12
apresenta as curvas de absorção de água por capilaridade dos cinco produtos estudados.
140,0
Absorção Capilar [Kg/m2]
120,0
L
100,0
AG1
80,0
AG2
60,0
AE1
AE2
40,0
20,0
0,0
0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Tempo [min]
Figura 6.12. Curvas de absorção de água por capilaridade.
A análise das curvas de absorção de água por capilaridade permite verificar que os
produtos AG1 e AE1 revelaram características de absorção praticamente idênticas sendo
inferiores às dos restantes materiais. O produto AE2 foi o que manifestou maior capacidade de
absorção seguida do produto L e do AG2.
A Figura 6.13 apresenta a evolução da absorção capilar (de acordo com a EN 1015-18)
no período de ensaio compreendido entre os 0 e os 180 minutos.
100,0
Absorção Capilar [Kg/m2]
90,0
80,0
70,0
60,0
L
50,0
AG1
40,0
AG2
30,0
AE1
20,0
AE2
10,0
0,0
0
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo [min]
Figura 6.13. Curvas de absorção de água por capilaridade (0-180 minutos).
106
Os valores dos coeficientes de capilaridade e respetivos valores assintóticos, são
apresentados no Quadro 6.8. Para o coeficiente de capilaridade considerou-se o declive do troço
inicial da curva de absorção capilar, em que se regista uma taxa de absorção constante.
Como se pode observar na Figura 6.13, AG2 e AE2 apresentam coeficientes de
capilaridade muito semelhantes, reveladores de velocidade de absorção equivalentes nos
primeiros instantes do ensaio, o mesmo acontecendo entre aos AG1 e AE1. O produto L é o que
manifestou maior coeficiente de absorção de água por capilaridade.
A análise da Figura 6.12 permite verificar que este (Produto L) mantém a taxa inicial de
absorção até às 18 horas (1080 min), altura em que a franja capilar atingiu o topo do provete e a
partir do qual se verifica uma estabilização da curva de absorção. Os produtos AG1 e AE1
apresentam um crescimento a taxa constante começando a estabilizar a partir das 48 horas
(2880 min).
O produto AE2 também cresce a taxa constante mas superior ao verificado para os AG1
e AE1 até as 48 horas, começando a estabilizar de seguida até perto do seu valor assintótico, o
qual corresponde ao valor mais elevado registado (≈120Kg/m 2). Quanto ao AG2, este começou
a estabilizar a partir das 24 horas, altura em que a franja capilar atingiu o topo do provete.
Os produtos AG1 e AE1 revelaram um comportamento semelhante. Nos instantes
iniciais, AE1 revela menor coeficiente de capilaridade (0,550 Kg/m 2s0,5), enquanto o produto AG1,
possui um valor próximo, mas ligeiramente superior (0,637 Kg/m 2s0,5). Após a fase inicial, ambas
evoluem de forma semelhante. O produto L revela o maior coeficiente de capilaridade (4,417
Kg/m2s0,5) sendo aquele que estabiliza mais cedo, registando um valor assintótico semelhante
ao verificado para AE2.
6.3.2. Caracterização mecânica
Apresentam-se seguidamente os resultados dos ensaios de resistência à flexão e à
compressão, de aderência ao suporte e de dureza.
No Quadro 6.9, e na Figura 6.14, apresentam-se os valores médios e respetivo desviopadrão das tensões de rotura à flexão e à compressão aos 7 dias e aos 28 dias de idade obtidos
nos diferentes produtos estudados.
Quadro 6.9. Resultados dos ensaios de flexão e de compressão (EN 13279-2)
σf(N/mm2)
Tipo
Produto
A1
L
B2
n
7 dias
V.M.+D.P.
6
3,6 ± 0,7
AG1
3
σc (N/mm2)
n
28 dias
V.M.+D.P.
6
4,0 ± 0,2
1,0
3
σf/ σc
28 dias
n
7 dias
V.M.+D.P.
n
28 dias
V.M.+D.P.
12
9,0 ± 1,4
12
10,5 ± 0,7
0,39
1,2
6
1,6 ± 0,3
6
2,9 ± 0,4
0,42
B4
AG2
3
1,3
3
1,5
6
2,6 ± 0,2
6
3,6 ± 0,4
0,41
C7
AE1
3
0,8
6
2,5 ± 0,5
6
1,3 ± 0,1
12
4,3 ± 1,1
0,57
C7
AE2
3
0,4
3
1,2
6
0,8 ± 0,4
6
2,8 ± 0,3
0,41
n - número de determinações; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão;
107
Complementam-se estes valores com o cálculo do coeficiente de ductilidade, que
corresponde ao quociente entre o valor da tensão de rotura à flexão e o valor da tensão de rotura
à compressão aos 28 dias de idade. Os valores de ductilidade obtidos variam entre 0,39 para o
produto L e 0,57 para o produto AE1. Todos os produtos manifestam alguma capacidade de
deformação perante uma solicitação mecânica (Figura 6.15).
Resistência à compressão (MPa)
Resistência à flexão (MPa)
5
4
3
2
1
0
L
AG1
AG2
AE1
12
10
8
7 dias
6
28 dias
4
2
0
AE2
L
AG1 AG2 AE1
AE2
Figura 6.14. Resistências à flexão (à esquerda) e resistências à compressão (à direita), aos 7 dias e aos
28 dias.
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
L
AG1
AG2
AE1
AE2
Figura 6.15. Coeficiente de ductilidade, 28 dias.
O produto L foi o produto em que se obteve melhores resultados mecânicos obtendo-se
uma tensão à flexão de 3,6 MPa aos 7 dias e de 4,0 MPa aos 28 dia. A resistência à compressão
foi de 9,0 MPa aos 7 dias e de 10,5 MPa aos 28 dias.
Para os produtos do tipo B verifica-se que estes apresentam valores bastante próximos
tanto na resistência à flexão como na resistência à compressão, aos 7 dias e aos 28 dias, sendo
AG2 a que dos dois produtos evidencia melhores características de resistência mecânica, como
é possível verificar na Figura 6.14.
Para os produtos do tipo C verifica-se que se obteve valores de resistência à flexão aos
7 dias inferiores ao que seria expectável tendo-se obtido valores no intervalo de 0,4-0,8 MPa
108
enquanto era de esperar valores superiores a 1 MPa. Dos dois produtos do tipo C, o que regista
melhores características mecânicas é o produto AE1. Os baixos valores baixos obtidos no ensaio
aos 7 dias podem estar relacionados com a quantidade de água utilizada e com o método de
procedimento utilizado na preparação dos provetes.
De notar que os produtos do tipo B apresentam melhores resistências mecânicas aos 7
dias que os produtos do tipo C, mas aos 28 dias tal já não se verifica. Aos 28 dias o AE1
apresenta melhores valores de resistência mecânica (flexão e compressão) e o AE2 apresenta
valores próximos dos verificados para os AG1 e AG2 para a mesma idade.
No Quadro 6.10 apresenta-se a informação dos fabricantes, bem como a gama de
valores recomendados na EN 13279-2 para esses produtos. Refira-se que as diferenças obtidas
podem dever-se a diferentes procedimentos de preparação e cura dos provetes e condições de
ensaio.
Quadro 6.10. Resistência à flexão e à compressão – Resultados experimental, ficha técnica e valor
normativo
Tensão de rotura à flexão [MPa]
Tipologia
Produto
A
L
B2
AG1
B4
AG2
C7
AE1
C7
AE2
7d-7 dias; 28d-28 dias;
Valor Obtido
7d
28d
3,6
4,0
1,0
1,2
1,3
1,5
0,8
2,5
0,5
1,2
Ficha Técnica
7d
28d
5,2
>1,0
>2,0
≥1,0
-
EN 13279-2
≥1,0
>1,0
Tensão de rotura à compressão
[MPa]
Valor
Ficha
EN 13279-2
Obtido
Técnica
10,5
2,9
≥2,0
3,6
>2,0
4,3
>3,5
>2,0
2,8
≥2,0
Comparando os valores obtidos com os presentes nas fichas técnicas dos produtos
estudados, é possível verificar que, nas situações possíveis de analisar, os valores obtidos são
da mesma ordem de grandeza.
Os valores da resistência à flexão, obtidos para os produtos estudados aos 7dias, com
exceção dos produtos AE1 e AE2, foram todos superiores a 1 MPa, valor mínimo requerido na
norma. Aos 28 dias obtiveram-se valores superiores aos mínimos indicados pelo fabricante, os
quais por sua vez são maiores do que o mínimo especificado na norma. Os valores da resistência
à flexão aos 28 dias foram todos superiores a 1 MPa. Verifica-se que as resistências dos produtos
AE1 e AE2 mais que duplicaram dos 7 para os 28 dias. O produto L apresenta um valor de
resistência à flexão de 4,0 MPa superior ao dos restantes materiais, mas inferior ao valor indicado
pelo fabricante. Para produtos desta tipologia não existe um valor mínimo imposto na norma.
Na resistência à compressão aos 7 dias de idade só os produtos L e AG2 atingiram
resultados superiores a 2 MPa. Já aos 28 dias, verifica-se que todos os valores são superiores
a 2 MPa, que é o mínimo indicado pelos fabricantes e exigido na norma.
Os valores obtidos para o produto L são superiores aos valores que são exigidos na
norma para as argamassas do tipo B e argamassas do tipo C, tanto para a resistência à flexão
como para a resistência à compressão.
109
No Quadro 6.11 e na Figura 6.16 apresentam-se os valores médios e respetivos desviopadrão dos resultados dos ensaios de dureza e de aderência realizados nos produtos estudados,
aos 7dias e aos 28 dias de idade.
Quadro 6.11. Valores dos ensaios de dureza (EN 13279-2) e aderência (EN 13279-2)
Dureza H [MPa]
7dias
28dias
n
V.M.+D.P.
N
V.M.+D.P.
A1
L
18
9,1 ± 2,0
B2
AG1
18
4,4 ± 1,3
18
6,3 ± 1,5
B4
AG2
12
4,1 ± 0,4
18
4,1 ± 0,6
C7
AE1
18
1,7 ± 0,3
18
2,1 ± 0,4
C7
AE2
18
3,5 ± 0,7
18
4,8 ± 1,2
n - número de determinações; V.M.±D.P.-Valor médio ± Desvio-Padrão.
Tipo
Produto
12
Aderência [MPa]
Dureza [MPa]
10
8
6
4
2
0
L
AG1 AG2 AE1
AE2
n
3
3
3
3
7dias
V.M.
0,5
0,5
0,4
0,3
Aderência Ru (MPa)
28dias
EN 13279
n
V.M.
3
0,7
≥0,1
3
0,6
3
0,7
3
0,8
-
1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
7 dias
28 dias
AG1
AG2
AE1
AE2
Figura 6.16. Resultados dos ensaios de dureza (à esquerda) e de aderência (à direita), aos 7 dias e aos
28 dias de idade
Da análise do Quadro 6.11 e da Figura 6.16 (à esquerda) verifica-se que o produto L é o
que apresenta o maior valor de dureza, 9,1 MPa aos 7 dias. Nos ensaios realizados aos 7 dias
de idade aos produtos do tipo B (AG1 e AG2) obteve-se, respetivamente, 4,4 MPa e 4,1 MPa,
valores superiores aos registados para os produtos do tipo C, com 3,5 MPa e 1,7 MPa,
respetivamente para a argamassa AE2 e AE1.
No entanto, aos 28 dias, verifica-se um acréscimo de dureza superior a 40% nos
produtos AG1 e AE2 e uma ligeira subida na dureza das AG2 e AE1, como se pode ver na
Figura 6.16 (à esquerda). O AE1 é o que apresenta a dureza mais baixa 1,7 MPa aos 7 dias e
2,1 MPa aos 28 dias.
No Quadro 6.11 e Figura 6.16 (à direita) indicam-se os resultados obtidos no ensaio de
aderência, aos 7 dias e aos 28 dias.
Nos ensaios realizados, aos 7 dias de idade o produto AG1 é o que apresenta um valor
superior de resistência de aderência 0,5 MPa, enquanto o valor mais baixo é o da AE2 com 0,3
MPa. O mesmo já não se verifica aos 28 dias onde o AE2 é o que apresenta maior valor de
aderência, 0,80 MPa e o AG2 é o que apresenta menor valor de aderência 0,6 MPa.
110
Todos os produtos manifestaram um aumento do valor de aderência com o aumento da
idade, registando-se a maior subida no produto AG2, aquele que em termos granulométricos
apresenta uma percentagem de material fino superior a 95%.
No Quadro 6.11 apresenta-se o requisito da EN 13279 para a aderência, 0,1 MPa para
os produtos de tipologia B. Verifica-se que todos os produtos apresentam valores superiores ao
mínimo exigido na norma (0,1 MPa), tanto aos 7 dias como aos 28 dias de idade.
6.4.Conclusões Gerais
Após a análise das características das argamassas em estudo no estado seco, fresco e
endurecido, importa agora avaliar os resultados de uma forma global, antevendo conclusões da
presente dissertação.
Em termos granulométricos os produtos estudados apresentam uma granulometria muito
fina, só se conseguindo encontrar uma maior diferenciação entre os produtos para o peneiro de
250μm de abertura. Devido à finura dos materiais não se evidenciou uma diferenciação entre as
curvas granulométricas dos produtos.
No que se refere aos produtos AG1 e AE2, a granulometria é praticamente idêntica
apresentando curvas granulométricas semelhantes, facto relevante tendo em conta que estes
produtos, apesar de serem de tipologias diferentes, pertencem ao mesmo fabricante.
A finura do gesso está intimamente ligada à presa e endurecimento do gesso. Quanto
mais moído for o gesso, maior será a sua superfície específica e consequentemente a superfície
do material exposto à hidratação, pelo que a presa será mais rápida [Coutinho,2002]. Este facto
verifica-se para os produtos AG1 e AE2, que apresentam tempos de presa inferiores aos tempos
de presa do AG2 e AE1. O produto L apesar de apresentar uma curva granulométrica intermédia
tem um rápido endurecimento correspondendo a um tempo de utilização muito curto.
Todos os produtos estudados apresentaram uma massa volúmica aparente no estado
seco, inferior a 1000 Kg/m3 condicente com as características deste material.
A humidade obtida nos produtos estudados é, como seria de esperar um valor muito
baixo, inferior a 2%, uma vez que se pretende que o material seja seco, uma vez que o contato
do gesso com a água tende a realizar presa.
Os valores da massa volúmica aparente no estado fresco subiram ligeiramente em
relação aos verificados no estado seco tendo a subida mais significativa ocorrido nos produtos
do tipo C.
A relação água/gesso obtida para os vários produtos é semelhante e está compreendida
dentro do intervalo indicado pelos fabricantes.
111
Quanto mais água se emprega na amassadura maior é o tempo de presa, pois mais
tempo leva a solução a ficar saturada, e portanto a cristalização faz-se mais tarde. A quantidade
de água utilizada na amassadura de gesso, influencia muito a presa e o endurecimento e,
consequentemente a resistência e porosidade. De facto a presa é tanto mais rápida quanto
menor for a quantidade de água, no sentido de a aproximar da estritamente necessária à
hidratação de dada quantidade de gesso. Quanto maior a quantidade de água menor será a
resistência mecânica e maior será a porosidade, como se verificou para os AE1 e AE2, produtos
em que utilizou uma relação água/gesso superior.
Tendo em conta os valores de tempo de princípio de presa e tempos de presa, supõese que todos os produtos com exceção do produto L devem conter nos seus constituintes aditivos
retardadores que têm a finalidade de aumentar o tempo de presa das pastas de gesso, de forma
a permitir um tempo de utilização ou aplicação mais longo.
O facto de os produtos AG1, AG2, AE1 e AE2 apresentarem tempos de presa superiores
ao registado para o produto L, sugere que estes produtos contêm na sua constituição compostos
que garantem a trabalhabilidade durante um período mais longo, mas que provocam efeitos nas
características físicas e mecânicas.
Sabendo que os produtos AG1 e AE2 são de tipologias diferentes mas fornecidos pela
mesma empresa e que as AG2 e AE1 também são de uma outra empresa, verifica-se que uma
das empresas utiliza uma composição do produto, que garante um maior tempo de utilização.
AG2
Empresa B
AE1
AG1
Empresa A
AE2
0
100
200
300
400
500
Tempo (min)
Figura 6.17. Relação dos tempos de presa dos produtos comercializados pelas empresas.
Analisando os valores de resistência à flexão e à compressão aos 28 dias, obtidos e a
granulometria dos produtos pode verificar-se que, os que revelaram menores valores de tensão
de rotura à flexão e à compressão, foram os constituídos por agregados que possuem maior
percentagem de partículas de menores dimensões, ou seja, os que são mais finos.
112
As características mecânicas das argamassas dependem de diversos fatores,
nomeadamente, da natureza e dosagem do ligante, da razão água/ligante, da granulometria e
das condições de aplicação, entre outros. No que se refere aos produtos estudados, a informação
das fichas técnicas e que foi recolhida em entrevistas realizadas aos fabricantes, não permite
fazer análises muito específicas, tendo em consideração o reduzido conhecimento que se dispõe
da sua composição.
Percebe-se que a modificação da composição do produto no sentido de retardar a presa
tem uma influência direta sobre a resistência à compressão do gesso endurecido, como se pode
observar na diferença de valores obtidos entre o produto L e os restantes.
Os valores obtidos para a resistência mecânica à flexão e à compressão de gesso de
construção aos 28 dias de idade são semelhantes a outros valores encontrados na bibliografia
[Coutinho, 2002].
De um modo geral, os valores mínimos das tensões de aderência registados em todos
os produtos são superiores ao valor mínimo estipulado como requisito na EN 13279-2 para os
produtos de tipologia B. Para os restantes produtos e na norma não especifica um valor mínimo.
Note-se porém que, os elevados valores das tensões de aderência obtidos podem
também ficar a dever-se à presença de constituintes ou adjuvantes incluídos nos produtos com
o objetivo de promoverem a aderência dos produtos ao suporte.
Os valores de massa volúmica aparente no estado endurecido obtidos são próximos de
outros valores mencionados em bibliografia [Cincotto, 1997]. O gesso endurecido tem massa
volúmica aparente baixa, da ordem de 1000 kg/m 3, sendo outra das suas vantagens. Esta baixa
densidade está associada à porosidade do material. Os valores de porosidade obtidos para os
produtos estudados foram superiores a 38%. Associado diretamente à porosidade encontra-se
a capacidade de absorção de água que, como se constatou apresentou valores superiores a
30 % obtidos no ensaio de imersão em água às 10 horas.
113
114
Capítulo 7 – Conclusões e Propostas para Desenvolvimentos
Futuros
O estudo efetuado permitiu abordar as principais características do gesso de construção
(aglomerante aéreo, constituído basicamente de sulfato de cálcio hemi-hidratado): o seu
processo produtivo, as transformações do mineral gipsita em gesso e o seu uso em componentes
empregados na construção civil para uma construção sustentável.
Foi realizado um estudo de mercado que permitiu identificar a existência de diversas
empresas a comercializarem produtos pré-doseados à base de gesso destinadas à execução de
revestimentos, tendo-se contabilizado nove empresas cada uma das quais a comercializar
diversos produtos. No total foram identificados 65 produtos diferentes.
Relativamente aos vários produtos comerciais disponíveis no mercado nacional, foi
possível verificar que os fabricantes, apenas se referem às características presentes nos
requisitos da EN 13279-1:2008, não fornecem informação complementar que permita uma
análise mais detalhada dos produtos.
De acordo com a EN 13279-1 os produtos identificados no âmbito da pesquisa de
mercado podem dividir-se em três tipologias: a tipologia A refere-se aos produtos ligantes à base
de gesso; as argamassas à base de gesso correspondem à tipologia B; a tipologia C diz respeito
às argamassas à base de gesso para fins especiais.
Os produtos do tipo A são utilizados para uso direto ou posterior processamento, de
aplicação manual, sendo essencialmente compostos por gesso com uma granulometria muito
fina. Dentro desta tipologia os produtos são muito semelhantes, apresentam uma relação
água/gesso entre 0,6 e 0,8 l/Kg, tempos de aplicação próximos (≈16 minutos) e boa resistência
à flexão.
Os produtos do tipo B são utilizados para revestimento interior de paredes e tetos, por
aplicação manual ou mecânica, em camadas de espessura entre 5 e 20mm. Em termos de
composição existem certas diferenças entre os produtos. Estes podem conter além de gesso,
agregados minerais, perlite, cal, adjuvantes e fibras que conferem propriedades específicas aos
produtos. A granulometria varia ente 0 e 2 mm, sendo ligeiramente mais grossa que os produtos
do tipo A. As maiores diferenças entre os produtos desta tipologia verificam-se na relação
água/gesso e no tempo de utilização. Quanto à caracterização mecânica os produtos
apresentam valores ligeiramente superiores aos mínimos impostos pela EN 13279-1.
No que respeita aos produtos do tipo C existentes no mercado nacional, estes são
aplicados em acabamentos finais de revestimentos interiores, por aplicação manual em camadas
com espessura de 2 a 3 mm. Os produtos são compostos por gesso, cargas minerais, adjuvantes
e fibras apresentando uma granulometria fina. Tal como acontece para os produtos do tipo B,
existe uma grande diferença entre os produtos relativamente à relação água/gesso
115
(entre 0,45 e 1 l/Kg) e tempo de utilização (varia entre 10 e 240 min). Em termos de resistência
à flexão existem semelhanças ente os produtos, o mesmo já não se verificado na compressão
onde o produto Yeso Fino (Yemasa) apresenta uma resistência bastante superior à dos
restantes.
Relativamente ao conjunto dos produtos identificados foi possível apurar diferenças ao
nível dos tempos da utilização dos produtos, nas espessuras das camadas, nas relações
água/gesso recomendadas, na natureza dos agregados, nas características no estado seco e
fresco, nas características físicas e mecânicas das argamassas no estado endurecido e nos
preços de mercado.
A análise de todos os resultados obtidos da campanha experimental conduziu às
conclusões que em seguida se sintetizam.
Estado Seco
Em termos granulométricos os produtos estudados apresentam uma granulometria muito
fina, só se conseguindo encontrar uma maior variação entre os produtos a partir do peneiro de
abertura inferior a 250μm. A granulometria dos produtos AG1 e AE2 é praticamente idêntica
apresentando curvas granulométricas semelhantes, facto relevante tendo em conta que estes
produtos, apesar de serem de tipologias diferentes, são produzidos pelo mesmo fabricante.
De todas as argamassas estudadas, o produto AE2 é o produto que claramente
apresenta maior percentagem de constituintes finos, tendo revelado um resíduo no peneiro de
abertura 0,063 mm inferior a 5%, enquanto AE1 é o produto que apresenta granulometria mais
grossa.
Em termos de massa volúmica aparente do produto em pó, os valores obtidos
evidenciam a sua baixa densidade. Os valores obtidos para os produtos estudados apresentaram
valores inferiores a 1000 Kg/m3.
A humidade registada nos produtos estudados foi sempre inferior a 2%.
Estado Fresco
A relação água/gesso obtida para os vários produtos segundo o método de
espalhamento com compactação encontra-se compreendida no intervalo 0,54 a 0,67 l/Kg,
estando dentro do intervalo definido pelos fabricantes. Em termos de tempo de princípio de presa
verifica-se como seria de esperar, uma grande diferença entre os vários produtos, sendo o
produto L do tipo A aquele que apresenta um valor muito inferior ao dos restantes. O mesmo se
regista para o tempo de presa, registando-se 34 min para o produto L e tempos superiores a
200
min para os restantes. Verifica-se que não existe uniformidade entre os produtos de
diferentes tipologias nem entre os da mesma tipologia.
116
O produto L e produto AE1 foram os produtos que revelaram valores mais elevados de
massa volúmica aparente no estado fresco, entre 1600 e 1700 Kg/m3.
Estado endurecido
Características Físicas
Relativamente às características físicas, os resultados dos ensaios efetuados
demonstraram que, de uma forma geral, todos os produtos apresentam uma grande
suscetibilidade à entrada de água por absorção tendo o produto AG2 apresentado menor
percentagem de absorção de água. Tais resultados poderão ser relacionados com os valores de
porosidade aberta obtidos, que evidenciaram os produtos L e AG2 como os que possuem menor
porosidade podendo ser uma das causas para os melhores resultados obtidos.
O material AG1 apresentou-se como sendo o produto mais poroso, com 48,7%, seguido
de AE2, AE1, L e AG2. Esta última foi a que apresentou maior compacidade. Obteve-se uma boa
correlação entre os valores de porosidade com a tensão de rotura à compressão.
O produto AE2 foi o que apresentou maior capacidade de absorção de água tendo no
produto L e no AG2 se obtido uma capacidade de absorção semelhante. A capacidade de
absorção das argamassas AE1 e AG1 foi distinta das restantes, possivelmente devido à
presença de um adjuvante hidrófugo.
Os valores de massa volúmica aparente no estado endurecido são da ordem de
1100 kg/m3. Esta baixa massa volúmica aparente está associada a porosidade do material. Os
valores de porosidade obtidos para os produtos estudados foram superiores a 38%. Associado
diretamente à porosidade encontra-se a capacidade de absorção de água que, como se
constatou, apresentou valores superiores a 30 % no ensaio de imersão às dez horas.
Por outro lado, pelos ensaios de absorção capilar, conclui-se que quanto maior a
porosidade aparente, maior o teor em água.
Caracterização mecânica
A caracterização mecânica obtida, evidenciou um ligante, produto L, com valores
superiores de resistência mecânica face à dos restantes materiais. As outras argamassas
apresentaram valores semelhantes de resistência mecânica, verificando-se esta proximidade de
valores nos restantes ensaios. Todas as argamassas revelaram alguma ductilidade,
característica importante para a resistência à fendilhação.
As argamassas da tipologia B, AG1 e AG2 apresentam características mecânicas e
físicas semelhantes. Estes produtos revelaram os maiores valores de resistência à compressão
(aos 28 dias), compreendidos entre 2,85 e 3,58 MPa, menor capacidade de deformação do que
as de tipologia C, bem como os maiores valores de dureza superficial. Assumem-se assim como
as argamassas mecanicamente mais resistentes e de estrutura mais compacta.
117
Analisando os valores de resistência à flexão e à compressão aos 28 dias e a
granulometria dos produtos, pode verificar-se que os que revelaram menores valores de tensão
de rotura à flexão e à compressão foram os constituídos por agregados que possuem maior
percentagem de partículas de menores dimensões, ou seja, os que são mais finos.
As características mecânicas das argamassas dependem de diversos fatores,
nomeadamente, da natureza e dosagem do ligante, da razão água/ligante, da granulometria e
das condições de aplicação.
De um modo geral, os valores mínimos das tensões de aderência registados, em todos
os produtos são superiores ao valor mínimo estipulado como requisito na EN 13279-2 para os
produtos de tipologia B. Os elevados valores das tensões de aderência obtidos podem também
ficar a dever-se à presença de constituintes incluídos nos produtos com o objetivo de
promoverem a aderência dos produtos ao suporte.
A análise destas propriedades, demonstram que é difícil compatibilizar determinadas
propriedades que se desejariam otimizadas. Não existem por isso soluções ótimas, mas antes,
soluções com vantagens e desvantagens.
No desempenho das características físicas e mecânicas, foi possível verificar que na
generalidade, os resultados obtidos se enquadram com os valores obtidos noutros estudos e
com os valores presentes nas fichas técnicas e requisitos da EN 13279-1:2008. Nos casos em
que tal não se verificou, julga-se que a causa provável será a adoção de procedimentos de ensaio
diferentes dos preconizados na EN 13279-2:2006.
Salientando-se que à data da entrega desta dissertação já ocorreu uma atualização do
documento normativo passando a ser denominada de NP EN 13279-2:2014-en.
Ao longo de todos os ensaios realizados apresentaram-se diferentes indícios (nalguns
casos confirmados pelo fabricante) da existência de adjuvantes na composição deste tipo de
argamassas, sendo esta uma das justificações para o melhor desempenho em determinadas
características. Este aspeto demonstra bem o carácter industrial deste tipo de produtos, tendo
também em conta que a incorporação deste tipo de elementos poderá ser apontada como uma
das causas para a existência de uma grande variedade de composições dentro de argamassas
para as mesmas funções, dado que o recurso a adjuvantes permite modificar o seu desempenho.
As fichas técnicas do produto deveriam apresentar-se mais detalhadas nomeadamente
ao nível da composição facto este que possibilitaria uma melhor compreensão dos fundamentos
associados a este tipo de produtos.
Como desenvolvimentos futuros deste trabalho e em concordância com os resultados
obtidos nesta dissertação, destacam-se algumas linhas de investigação referentes aos aspetos
já estudados e a outras que não foram abordados que se indicam seguidamente:
118

Avaliação da suscetibilidade das argamassas à fendilhação;

Avaliação da retração livre e restringida e do módulo de elasticidade;

Análise do comportamento destas argamassas face à ação de cloretos e sulfatos;

Análise do comportamento das argamassas quando aplicadas em diferentes suportes;

Influência da espessura das camadas na aderência das argamassas;

Avaliação do comportamento das argamassas aos ensaios de durabilidade, difusão de
vapor de água e de secagem.
119
120
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Fichas técnicas e fichas de conformidade
[f1] Sival. Ficha Técnica Gesso Estuque. Outubro 2012.
[f2] Sival. Ficha Técnica Gesso Estuque Expo. Outubro 2012.
[f3] Sival. Ficha Técnica Gesso Estuque Fino. Outubro 2012.
[f4] Sival. Ficha Técnica Gesso Esboço. Outubro 2012.
[f5] Sival. Ficha Técnica Gesso Moldura. Outubro 2012.
[f6] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Turquesa L. Julio 2013
[f7] Sival. Ficha Técnica Massa de Estuque. Outubro 2012
[f8] Sival. Ficha Técnica Project O CZ. Outubro 2012
[f9] Sival. Ficha Técnica Project O BR. Outubro 2012
[f10] Sival. Ficha Técnica Project 2000. Outubro 2012
[f11] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Iberplast. Maio 2010
[f12] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Longips. Maio 2010
[f13] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Proyal. Maio 2010
[f14] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Yeso YG. Junio 2013
[f15] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Yesiplus. Junio 2013
[f16] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Proyeso. Junio 2013
[f17] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Marfil. Julio 2013
[f18] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Jade. Julio 2013
[f19] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Coral. Julio 2013
[f20] Fassa Bartolo. Ficha Técnica ZP 149. São Mamede Edição 10/2011.
124
[f21] Yemasa. Ficha Técnica Yeso Gruesa. Julio 2009
[f22] Yemasa. Ficha Técnica Fraguado Controlado. Julio 2009
[f23] Yemasa. Ficha Técnica Yeso Proyectar. Julio 2009
[f24] Yetosa. Ficha Técnica Yeso Gruesa. Julio 2009
[f25] Yetosa. Ficha Técnica Fraguado Controlado. Julio 2009
[f26] Yetosa. Ficha Técnica Yeso Proyectar. Julio 2009
[f27] Topeca. Ficha Ténica Tuforte FT acabamento. Ourém. Dezembro 2010.
[f28] Topeca. Ficha Ténica Tuforte G enchimento. Ourém. Dezembro 2010.
[f29] Fassa Bartolo. Ficha Técnica ZF 12. São Mamede Edição 10/2011.
[f30] Sival. Ficha Técnica Project 2010 CZ. Outubro 2012
[f31] Sival. Ficha Técnica Project 2010. Outubro 2012
[f32] Sival. Ficha Técnica Project 2000P. Outubro 2012
[f33] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Perlinor Super. Maio 2010
[f34] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Proyal XXI. Maio 2010
[f35] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Perlinor Projectar. Maio 2010
[f36] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Prolite. Maio 2010
[f37] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Aliproyes. Junio 2013
[f38] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Aliplus XXV. Junio 2013
[f39] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Perla. Julio 2013
[f40] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Perla+. Julio 2013
[f41] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Rubi. Julio 2013
[f42] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Algistar. Julio 2013
[f43] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Ópalo. Julio 2013
[f44] Fassa Bartolo. Ficha Técnica Z 161. São Mamede Edição 01/2013.
[f45] Yemasa. Ficha Técnica Perliman. Julio 2009
[f46] Yemasa. Ficha Técnica Yeso Proyectar Aligerado. Julio 2009
[f47] Yemasa. Ficha Técnica Perliman maquina. Julio 2009
[f48] Yetosa. Ficha Técnica Yeso Proyectar Aligerado. Julio 2009
[f49] Yesos Albi. Caracteristicas Proyalbi-Plus. Burgos
[f50] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Duro THD. Maio 2010
125
[f51] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Diamante. Julio 2013
[f52] Sival. Ficha Técnica Massa de Barramento. Outubro 2012
[f53] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Iberfino. Maio 2010
[f54] Placo Saint Gobain. Ficha Técnica Mecafino. Maio 2010
[f55] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Finoyes. Junio 2013
[f56] La Maruxina. Declaracion de prestaciones Termiyes. Junio 2013
[f57] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Amatista. Julio 2013
[f58] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Amatista Extra. Julio 2013
[f59] Algíss Uralita. Declaracion de prestaciones Azabache. Julio 2013
[f60] Yemasa. Ficha Técnica Yeso Fino Terminacion. Julio 2009
[f61] Yemasa. Ficha Técnica Yeso Fino. Julio 2009
[f62] Yetosa. Ficha Técnica Yeso Fino Terminacion. Julio 2009
[f63] Yetosa. Ficha Técnica Yeso Fino. Julio 2009
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127
Anexos A (Fichas técnicas)
128
A.1
.1
Tuforte mac-fino (Topeca)
129
A.2
.1
A.3
130
.1
A.4
.131
1
A.5
.132
1
Tuforte FT acabamento (Topeca)
A.6
.133
1
A.7
.134
1
A.8
135
.1
A.9
.136
1
Gesso Esboço (Sival)
A.10
137
Gesso Estuque (Sival)
A.11
138
Gesso Estuque Expo (Sival)
A.12
139
Gesso Moldura (Sival)
A.13
140
Gesso Estuque Fino (Sival)
A.14
141
Turquesa L (Algíss Uralita)
A.15
142
Massa de Barramento (Sival)
A.16
143
A.17
144
A.18
145
Massa de Acabamento (Sival)
A.19
146
A.20
147
A.21
148
Amatista (Algíss Uralita)
A.22
149
Amatista Extra (Algíss Uralita)
A.23
150
Azabache (Algíss-Uralita)
A.24
151
Finoyes (La Maruxina)
A.25
152
Termiyes (La Maruxina)
A.26
153
Yeso Fino Terminacion (Yemasa)
A.27
154
Yeso Fino (Yemasa)
A.28
155
Yeso Fino Terminacion (Yetosa)
A.29
156
Yeso Fino (Yetosa)
A.30
157
Iberfino (Placo Saint-Gobain)
A.31
158
A.32
159
A.33
160
Mecafino (Placo Saint-Gobain)
A.34
161
A.35
162
A.36
163
Download

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