A Palavra
do Presidente
Relatório sinóptico
sobre a delegação
de poderes e retorno
à base
2
A grandeza do C.B.O. e a multidiversidade de suas demandas impõe, a quem o dirige, uma enorme carga de responsabilidades e vigilâncias, atitudes e decisões, cujo provimento seria praticamente impossível atender, não houvesse, como
contrapartida, uma bem montada estrutura de apoio, uma decidida disponibilidade de ação por muitos colaboradores, uma
leal e comovente resposta de oftalmologistas anônimos, quando se lhes é pedida a ajuda.
Assim, administrar o C.B.O. nesses dois anos foi uma experiência sobretudo gratificante, pelo fortalecimento de amizades já existentes e construção de outras novas, em decorrência das várias circunstâncias de comunhão, no desempenho de tarefas em favor da Oftalmologia brasileira. Uma experiência levando ao que deva ser o sentimento de soldados a
compartilhar enfrentamentos de contrários, o de bombeiros
ao buscar salvar um apenas que fosse. Mesmo nas poucas
ocasiões em que o compromisso precisado de alguém não
podia ser consubstanciado, sentia-se o devido respeito pela
solicitação e a atitude reverente ao C.B.O.
Para dirigir o C.B.O. conta-se com um excelente corpo de
funcionários, competentes e responsáveis, disponibilizando
seus eficientes trabalhos aos chamados necessários, ainda
que em dias e horas às quais não estariam regularmente obrigados a comparecer. Assumem suas obrigações além das
convencionais, “vestem a camisa” do C.B.O., agem como compondo uma equipe consistente. Ou uma família, unida. Os vários departamentos asseguram consistências e as necessárias articulações de nossa entidade nos desempenhos das
muitas demandas de seus funcionamentos.
Conta-se com comissões de trabalho que, em suas diferentes atribuições, resolvem os problemas que lhes são propostos, antecipam soluções a outros que ainda podem chegar,
programam, organizam, efetuam. Desse modo e com tais colaborações, fica fácil conduzir. Talvez seja injusto deixar de nomear todas as Comissões, que fizeram e trabalharam, mas
pior seria não ressaltar as que se sobressaíram, qualitativa e
quantitativamente: a Ouvidoria (resolvendo questões do dia-adia, questionamentos e queixas de colegas, de pacientes, de
curiosos em assuntos da visão, um trabalho cotidiano e intenso), a de Honorários Oftalmológicos (em seu laborioso
acompanhamento de procedimentos e suas legislações,
interações com operadoras de planos de saúde e seguradoras, agências governamentais, etc.), a de Ensino (com seu
meticuloso cuidado na preparação de provas de certificação,
de acompanhamento do ensino em cursos credenciados, de
aproximação à C.N.R.M., de preparação e disponibilização
de recursos didáticos), a de Defesa Profissional e Representatividade (por seus contatos com parlamentares e atendimentos de representação), a da Saúde Ocular Comunitária (com
suas ativíssimas promoções), a do CBO-Jovem (só a organização do PONDESO bastaria para que merecesse a menção,
mas as novas lideranças fizeram bem mais), a do Regimento/
Estatuto.
Conta-se com uma assessoria parlamentar atenta ao que
ocorre sobre a geração e gestação de propostas em nossas
casas legislativas, principalmente relacionadas às que se referem aos cuidados dos olhos, ou à saúde visual de nossa gente,
e ao desempenho de atividades que lhes são inerentes.
Conta-se com uma ativa e eficiente assessoria jurídica,
preparando documentos e petições, comparecendo a tribunais, denunciando práticas ilegais de nossa especialidade a
delegacias de polícia, ministérios públicos da justiça e agências de vigilância sanitária, argumentando e esclarecendo
providências a serem tomadas sobre esses assuntos. O apoio
a sociedades estaduais, ou regionais e, reciprocamente, os
delas recebidos, garantiram vitórias memoráveis nesses dois
anos e a alegria de ver mantidas a ordem e a lei sobre o
exercício ético, necessário e suficiente de nossa Oftalmologia.
Consultam-nos por pareceres? As Sociedades temáticas
são acionadas, disponibilizando os mais atualizados e cuidadosos argumentos sobre o valor científico, sobre a teoria e a
prática do procedimento, do método ou da substância cujo
uso está sendo questionado. Quer se saber sobre a eficácia
de um tratamento para retinose pigmentar? Questiona-se a
Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. A dúvida é sobre se
convém, ou se aceita, que lentes de contato sejam vendidas
em farmácias? A resposta é buscada junto à SOBLEC e a
assessoria jurídica. Com raríssimas exceções, resta apenas o
cabimento do endosso nesses documentos, ouvindo-se ponderações dos demais companheiros da Diretoria.
Aliás, sempre ouvida, nos mais diversos assuntos de interesse coletivo da Oftalmologia nacional. Não apenas para dignificar a honorabilidade dos mandados conferidos, como para
dividir responsabilidades, evitando a crença jupiteriana de que
uma cabeça possa pensar melhor que várias. (Às vezes até
pode acontecer, em outros grupamentos, mas não é assim tão
freqüente.) Concordâncias dos companheiros de Diretoria deram-me muito conforto e peso às decisões que tive que assinar.
De entre o que produzimos, fico honrado pela estreita
colaboração estabelecida com a FeCOOESO, a Federação
das Cooperativas estaduais de oftalmologistas, criadas para
os representar em várias instâncias, principalmente as de entidades operadoras de planos de saúde e seguradoras, agindo
quase que como se fosse um nosso braço sindical. Essa representatividade, especificamente outorgada por cada cooperado e que não é um atributo próprio do C.B.O., preenche-nos
essa lacuna sobre tais aspectos importantes de nossa vida
profissional. Por outro lado, o apoio logístico e institucional do
C.B.O., conferiu legitimidade e valor às reivindicações e posições da FeCOOESO, numa interação simbiótica que não mais
deve ser rompida.
Honra-nos, também, haver mantido e aprofundado as mútuas e respeitosas relações com a Sociedade Brasileira de
Oftalmologia que, por sua tradição histórica de representatividade e dignidade garantem os legados de união e força de
nossa especialidade.
Honra-nos testemunhar o carinho e a consideração com
que a autoridade do Conselho Brasileiro de Oftalmologia é
reconhecida, não apenas por entidades representativas de
nossa especialidade (Sociedades Estaduais, Regionais, Temáticas), Universidades e Centros de Ensino, serviços de atendimentos, como, também, por agências, institutos ou organizações governamentais e não-governamentais.
Honra-nos haver proposto e ver aprovada uma alteração
substancial no estabelecimento de diretrizes e orientações a
gestões das futuras Diretorias do C.B.O., seu Conselho de
Diretrizes e Gestão, concebido para sustentar a continuidade
de trabalhos entre uma e outra administração, em termos de
projetos de médio e longo prazo que, do contrário, não poderiam ser assumidos, ou garantidos, em cada uma delas, pela
precariedade temporal de seus curtos mandatos. E, por outro
lado, outorgar a cada Diretoria não apenas o respaldo a decisões que possam transcender-lhe o período do mandato, como
coibir solavancos institucionais por, antes, possíveis decisões
cesarianas, dada a constituição da Diretoria (o Vice-Presidente e o Secretário-Geral, eleitos pela Assembléia, mas compondo a chapa do Presidente, mais dois outros membros da
inteira confiança dele, o Secretário e o Tesoureiro, que, na pior
das hipóteses , poderiam lhe proporcionar empates em assuntos polêmicos e, pois, seu decisivo voto minervino...). Com o
tamanho já adquirido e complexidades de suas demandas, o
C.B.O. não mais poderia depender dessa estrutura administrativa, antiga e perigosa. Penso termos avançado. Aliás, o C.D.G.
(como passou a ser chamado) já gerou importantes resultados
em sete reuniões, tais como o de conduzir à contratação de
uma consultoria econômica-financeira, não apenas para análise dessas condições estruturais do C.B.O., como para a de
acompanhamento das suas peças orçamentárias, o de sugerir
projetos de cooperação interinstitucionais, aperfeiçoamentos
da estrutura administrativa, planos estratégicos de contratações
e outros.
Enfim, de entre as maiores honras que já tive em minha
vida, nenhuma, inequivocamente, supera esta de haver podido representar o conjunto da Oftalmologia brasileira e seu
espírito, seus princípios e suas finalidades. Posso, pelo menos
comigo mesmo e com minha consciência limpa de remorsos,
dizer-me, como São Paulo, combati o bom combate, terminei
minha jornada, guardei a fé: em dias melhores para o exercício da especialidade, que já é mais de outros, principalmente
jovens, que minha, no ocaso da existência. Admito, entretanto,
haver, dentro das minhas humanas limitações e fraquezas,
deixado de corresponder ao que, certamente, mais se poderia
esperar de um condutor infalível, se eu o pudesse ter sido.
Pois, pelo que então lhes fiquei devendo, peço-lhes perdão!
3
Download

Páginas 02-03