Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva, Srs. Ministros Fernando Haddad e equipe, Paulo Bernardo, Sérgio Rezende, Prezadas e prezados colegas reitoras e reitores, Senhor Presidente, É com grande alegria e entusiasmo que nós, dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, membros da Andifes – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, nos encontramos com Vossa Excelência para mais uma reunião de trabalho. O que nos reune neste momento é a convicção da importância da educação como um bem público de grande valor e, ao mesmo tempo, um meio eficiente de maximizar os benefícios pessoais de cada cidadã e cidadão brasileiro. Neste governo a educação tem sido reconhecida como um investimento essencial e como um elemento estratégico para o Brasil atingir o desenvolvimento econômico, a modernização social, o reconhecimento internacional na produção científica e outros resultados positivos. No mês de agosto de 2003, no início do mandato de Vossa Excelência, pela primeira vez na história do nosso país, um presidente da república reuniu-se com o conjunto dos reitores das universidades federais para discutir os rumos e as estratégias necessárias para tornar a educação superior pública um dos pilares de sustentação do novo modelo de desenvolvimento do Brasil. Naquele momento, trouxemos uma série de questões e propostas que considerávamos fundamentais para o fortalecimento das nossas instituições, com o compromisso de contribuir de forma mais efetiva para o desenvolvimento do estado brasileiro. Em um documento entregue a Vossa Excelência estabelecemos metas para serem atingidas no período de quatro anos e apresentamos alguns pressupostos básicos para o a conclusão dessas metas. Entre elas, destacávamos: o compromisso de duplicar o número de alunos na graduação e pós-graduação, ofertar mais 25.000 vagas nos cursos noturnos, formar mais 50.000 professores do ensino básico, titular 250.000 professores sem graduação. Como pressuposto para isso demandávamos: a necessidade de recomposição do nosso quadro de pessoal, a recuperação dos orçamentos em níveis compatíveis com as necessidades das instituições, a recuperação 1 da infra-estrutura e dos nossos hospitais universitários e, de modo particular, a necessidade imperiosa da implantação de uma efetiva autonomia universitária. Passados quase seis anos, temos a satisfação de comprovar que o compromisso assumido entre governo e universidades trouxe imensos resultados positivos para a sociedade brasileira. Em 2005 teve início a criação de 42 novos campi e 12 universidades em todo o país. Com a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e Universidade Federal da Integração Amazônica (Uniam), cujos processos necessitam tramitar com urgência no Congresso Nacional, chegaremos a 104 novos campi e 16 universidades. Em 2008, por meio do Programa REUNI, ampliamos a oferta de vagas e de novos cursos de graduação, atendendo a forte demanda em áreas já consolidadas e abrindo novas oportunidades em áreas de real interesse científico e social. Na presente data já contabilizamos um crescimento de 92% nos números de vagas presenciais e de educação a distância. Gostaria, também, de enfatizar a enorme contribuição das nossas instituições para a qualificação da Educação Básica, através da expansão dos nossos cursos de licenciatura e pedagogia, e da oferta de educação continuada para os professores que já se encontram em sala de aula. Reafirmaremos esse compromisso na solenidade que se seguirá a esta reunião, quando assinaremos convênios com o Ministério de Educação para participarmos do Plano Nacional de Formação de Professores. Cabe, também, destaque o engajamento das universidades federais na organização e nos debates da Conferencia Nacional da Educação, que representa uma das ações mais importantes e mobilizadoras da sociedade que o MEC está executando. Associado ao crescimento das atividades das nossas instituições contratamos novos docentes e servidores técnico-administrativos para atender aos cursos existentes e às novas demandas. O mecanismo do Professor Equivalente permitiu que pudéssemos estancar a sangria de docentes que ocorria com a aposentadoria ou a exoneração de professores pesquisadores de elevada qualidade. Para substituí-los, enfrentávamos uma enorme burocracia. Esperamos que, em breve, norma semelhante seja editada para os servidores técnico-administrativos. 2 Em relação aos nossos orçamentos, houve uma recuperação dos recursos de custeio, embora ainda seja necessário um grande esforço para atingirmos, ao menos, os níveis de 1992. A pactuação dos recursos para os novos campi e o REUNI nos dão a convicção de que atenderemos, ou mesmo superaremos as metas inicialmente fixadas pelos programas. Certamente, alguns ajustes deverão ser feitos no decorrer da execução dos projetos. Alguns passos importantes precisam ser dados no sentido de salvaguardar a educação de políticas fiscais restritivas. Este é o caso do fim da incidência da DRU sobre os 18% vinculados a esta área. Isto não significará acréscimo de recursos, mas representará a consolidação do conceito tão bem afirmado por vossa excelência de que educação não é gasto, e sim, um importante investimento para o país. Senhor Presidente, estamos convencidos de que, apesar da formidável expansão da educação superior pública nesse mandato, muito ainda precisará ser feito para que possamos recuperar a defasagem em que nos encontramos na educação superior, em relação aos países mais desenvolvidos e aos nossos irmãos sul-americanos, permitindo aos jovens o direito à educação de qualidade em todos os níveis. No que se refere à pós-graduação, verificamos que o crescimento verificado nos quadros de servidores docentes e técnico-administrativos e a ampliação da infra-estrutura das nossas universidades abrem uma grande oportunidade para o seu necessário fortalecimento e expansão. Na nossa última reunião com Vossa Excelência, em Março de 2008, tratamos desse assunto e obtivemos o seu aval para discutir o tema com os ministérios, agências e instituições diretamente envolvidas nessa formulação. É com grande entusiasmo que queremos comunicar-lhe que o Grupo de Trabalho constituído por representantes da ANDIFES, MEC, MCT, MDES, Casa Civil e CNI concluiu a primeira etapa desse processo, com a participação efetiva de todos os programas de pós-graduação das nossas universidades. O programa tem como eixos principais: 1. A diminuição das desigualdades regionais; 2. O equilíbrio entre as áreas do conhecimento, tendo como referência o Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e a Política Industrial e de Comércio Exterior; 3. O fortalecimento das relações da educação superior com a educação básica. Sem dúvida, esse será o maior e mais bem sucedido programa de apoio à pós-graduação já desenvolvido no país, com importantes impactos no nosso desenvolvimento sócio-econômico. O papel mobilizador da Andifes, como entidade não governamental, está concluído e agora para darmos o passo 3 definitivo, esperamos a assinatura da portaria interministerial entre o MEC e MCT, nomeando o comitê gestor do programa permitindo o início da sua implementação ainda em 2009. Senhor Presidente, gostaria de retomar uma questão fundamental para as nossas instituições que já foi mencionada pelos meus antecessores em reuniões anteriores com Vossa Excelência. Trata-se dos nossos hospitais universitários. Essas unidades de ensino, pesquisa e extensão tem um papel fundamental na construção do saber, na formação profissional e na assistência à saúde da população, principalmente, a parcela mais desfavorecida da sociedade. As nossas instituições contam hoje com 46 hospitais, em todas as regiões do país, que oferecem 11.654 leitos, dos quais 98% são exclusivamente dedicados ao SUS. São realizados anualmente mais de um milhão de atendimentos de emergência, quatrocentas e duas mil internações, seis milhões e quatrocentas mil consultas, dois mil e trezentos transplantes, significando dez por cento dos transplantes realizados no Brasil. Além disso, como unidades de ensino e pesquisa, esses hospitais tem em seus quadros cerca de seis mil professores e setenta e dois mil alunos, ofertando 874 programas de residência médica para 4.653 médicos residentes. Esses dados constam do excelente trabalho realizado pela Diretoria de Hospitais e Residências em Saúde do Ministério de Educação, dentro do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais. Como se pode notar, o papel desses hospitais é de fundamental importância para as nossas universidades e para o atendimento da saúde dos mais necessitados. Um exemplo bem ilustrativo da importância dessas unidades nas políticas públicas de saúde, e como instrumento do estado para responder demandas complexas e emergenciais, é o fato de que neste momento serem os hospitais universitários as unidades colocadas em prontidão e que estão fazendo o atendimento dos pacientes e suspeitos de contaminação pela gripe suína. Sem eles se dependeria da rede privada para tranqüilizar a população brasileira. Porém, a situação dos nossos hospitais é extremamente difícil, apresentando um parque tecnológico ultrapassado, um grande deficit de pessoal em todos os setores, a falta de recursos financeiros para fazer frente às crescentes demandas pelos seus serviços, acumulando dívidas que não podem ser liquidadas, além de um modelo de gestão obsoleto. Essa situação não pode mais perdurar. Estamos impotentes, por um lado, diante da necessidade de uma população crescente, carente de atendimento à saúde, por outro, a impossibilidade de manter essas unidades em operação, assumindo, muitas vezes, para 4 mantê-las em funcionamento, riscos pessoais perante os órgãos de controle. Urge uma solução definitiva para o problema. Entre os pontos emergenciais dessa solução, gostaria de destacar a orçamentação global e a implantação imediata do adicional de plantão hospitalar. Senhor Presidente, as universidades federais no Brasil, embora jovens apresentam um acúmulo significativo de conhecimentos e serviços prestados à nação. Para tornar isto possível, essas instituições necessitam repensar permanentemente a si mesmas e a sociedade em que estão inseridas. Elas precisam definir os seus próprios estatutos e o seu modelo organizacional, devem ser dotadas de meios que lhes permitam funcionar de acordo com as suas especificidades, desatreladas de injunções externas que lhes tolham no seu compromisso de criar, permitindo-lhes os necessários erros e acertos, possam gerir os seus recursos humanos, financeiros e patrimoniais da forma que lhes for mais adequada, segundo o seu julgamento. É necessário que as universidades tenham os instrumentos próprios de representação e defesa judicial, a elas vinculados. É assim no mundo inteiro. Em síntese, as universidades devem exercer plenamente algo que lhes é essencial, a Autonomia. Essa prerrogativa fundamental das nossas instituições, assegurada pelo Artigo 207 da Constituição de 1988, por vezes parece letra morta. Enquanto isso, as amarras do aparato jurídico-institucional nos impedem de ter a capacidade de decisão e ação indispensável para o exercício do nosso papel criador e formador na sociedade. Ficamos à mercê de normas que, mesmo funcionando bem em outras instituições, pelo caráter específico das universidades, causam-nos transtornos e limitações de toda ordem. Reconhecemos o esforço que tem sido feito pelos Ministérios da Educação, de Ciência e Tecnologia, conjuntamente com o Ministério do Planejamento, no sentido de criar instrumentos que permitam o exercício da autonomia universitária, tais como, o Decreto que dispõe sobre aspectos da autonomia financeira e de gestão de recursos humanos, elaborado pelo grupo interministerial coordenado pelo MEC. Porém, a autonomia universitária tem um caráter muito mais amplo, exigindo das universidades e do governo uma grande dedicação e compromisso para o seu devido equacionamento. Senhor Presidente, para nós, reitores e reitoras, este encontro com Vossa Excelência é muito especial. Após quase seis anos de convivência e cooperação, cresceu no seio da nossa comunidade o respeito e a admiração que temos pelo senhor como principal mandatário e depositário da esperança de todos aqueles que acreditam que é possível construir um mundo novo, baseado na justiça, no respeito às diferenças e na solidariedade. Vossa Excelência é merecedor do nosso reconhecimento, pelo muito que tem 5 feito em favor da educação, figurando certamente como aquele que mais avançou na qualificação e na expansão da educação superior pública no país. Se aqui viemos reconhecer tudo que foi construído nesse tempo, e, ao mesmo tempo trazer para vossa reflexão questões centrais que nos afligem como dirigentes das nossas IFES é porque confiamos no seu compromisso expresso na vossa proposta de governo e em todas as oportunidades que nos foram concedidas para esse diálogo franco e produtivo. Muito obrigado, Senhor Presidente, pela oportunidade de mais esta reunião de trabalho. Estamos certos de que continuaremos contando com o indispensável apoio de Vossa Excelência nas lutas em prol da Educação pública de qualidade, voltada para a construção de um novo Brasil. Brasília, 28 de maio de 2009. 6