TRABALHO LABORATORIAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE BIOLOGIA E GEOLOGIA: ESTUDO COM ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO MINHO Luís Dourado Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho [email protected] As concepções e práticas dos professores relativas ao trabalho laboratorial (TL) são influenciadas pelo seu percurso formativo inicial, pelo que se torna pertinente caracterizar as modalidades de TL que são usadas na formação inicial dos futuros professores de Biologia e Geologia. A experiência dos alunos futuros professores de Biologia e Geologia relativamente à implementação de TL, na maioria das vezes, resume-se ao TL que experimentaram enquanto alunos, pelo que quando ingressam no estágio pedagógico possuem um conhecimento muito limitado sobre o modo como o mesmo se pode planificar e implementar. Os estudos que procuram caracterizar as práticas relativas ao TL dos professores em formação inicial ou recém licenciados são escassos. Este estudo procurou caracterizar o TL implementado pelos alunos da Licenciatura em Ensino de Biologia e Geologia da Universidade do Minho durante os primeiros quatro anos de formação inicial. Para a realização deste estudo aplicamos um questionário a todos os alunos do 4º ano da referida licenciatura, que procurava caracterizar o TL por eles realizado durante esta etapa da formação inicial. O tipo de TL maioritariamente implementado na etapa da formação de professores em causa neste trabalho, não obedece às mais recentes orientações da educação em ciências, e continua a reproduzir formas de concretização criticadas por diversos especialistas. 1. Introdução Apesar de frequentemente ignorada no processo formativo dos professores, a influência da formação inicial indirecta, "ambiental" (Furió & Gil Pérez,1989), que os professores em formação receberam ao longo do seu tempo de estudantes e que consiste naquilo que viram fazer aos seus professores, tem uma grande influência nas suas concepções pedagógicas (Mellado Jiménez, 1996). Essas influências fazem com que, quando iniciam os seus cursos de formação inicial, os futuros professores tenham organizada uma estrutura de crenças sobre o ensino e a aprendizagem das ciências (Mellado Jiménez, 1996) as quais, frequentemente, são inconsistentes com as perspectivas construtivistas actualmente aceites (Gené I Duch 1986; García Barros, 2000). Essas concepções e crenças podem persistir para além do período de formação e inicial e acabar por influenciar as práticas lectivas desses professores, nomeadamente as relativas à realização de Trabalho Laboratorial (TL). De acordo com os trabalhos de García Barros (1995), Oliveira (2001) e Sweeney & Paradis (2004), nos cursos de formação inicial de professores, verifica-se que, frequentemente, o TL realizado pelos futuros professores, nas disciplinas da especialidade, corresponde a actividades em que, normalmente, os alunos se limitam ao cumprimento de instruções expressas no protocolo fornecido pelo professor. Esta abordagem não obedece às mais recentes orientações da educação em ciências (García Barros, 1995) mas antes continua a reproduzir formas de implementação diversas vezes criticadas pelos especialistas, e não permite o contacto com o conjunto de aspectos que valorizam a realização de uma actividade laboratorial (Sweeney 3725 & Paradis, 2004). Conduz, assim, a um conhecimento limitado de planeamento e implementação efectiva de TL (Nakhleh, 1994; Tobin, et al., 1994), conhecimento esse que seria necessário para a sua futura actividade profissional, e cuja ausência, poderá conduzir a uma perpetuação de práticas pouco adequadas na futura actividade profissional. Assim, é necessário que no processo formativo do professor ocorra uma reflexão sobre as suas concepções de Ciência e de ensino e aprendizagem das ciências, nomeadamente as relativas ao TL (Mellado Jiménez, 1996), de modo a torná-las coerentes com o pensamento actual na educação em ciências. Os futuros professores deverão ser preparados para implementar, futuramente com os seus alunos, aulas laboratoriais de ciências em que, como refere Lunetta (1991), não se se obriga os alunos a "reinventar a roda", mas se leva os alunos a envolver-se em importantes actividades de resolução de problemas, as quais incluem colocar questões, realizar observações, analisar dados, enfrentar interpretações e explicações e visualizar aplicações de conceitos científicos no mundo que os rodeia. Dada a importância que se atribui por um lado à formação inicial de professores enquanto etapa modeladora do futura actividade profissional e, por outro lado, ao TL no ensino das ciências, este estudo procurou caracterizar o TL realizado pelos alunos (futuros professores) do 4º ano da Licenciatura em Ensino de Biologia e Geologia da Universidade do Minho, nas disciplinas da área de Biologia, durante os quatro primeiros anos do seu curso. Esta caracterização, cria condições para uma abordagem mais eficaz da problemática da utilização do TL no ensino das ciências na disciplina de Metodologia de Ensino da Biologia e Geologia daquela licenciatura 2. Trabalho laboratorial e a formação de professores de Ciências Desde os anos sessenta que a realização de TL se transformou num requisito implícito ou explícito do ensino das ciências (Bastida de la Calle et al., 1990), alcançando uma importância tal que hoje não se concebe um currículum de ciências sem que uma parte importante do horário seja dedicada a trabalhos de laboratório. Contudo, os resultados de aprendizagem obtidos não correspondem, habitualmente, aquilo que se espera da utilização do TL. Na opinião de diversos autores, este fracasso resulta da orientação que tem sido dada aos trabalhos laboratoriais realizados, nomeadamente ao facto de assentarem no cumprimento de instruções detalhadas, que conduzem os alunos para a resposta correcta (Lunetta, 1988) e de terem como objectivos fundamentais comprovar a teoria previamente apresentada (Kempa, 1988; García Barros, 1997) e/ou desenvolver habilidades manipulativas (Garcia Barros, 1997; Kempa, 1988). Por outro lado, diversos estudos sobre os objectivos do TL, (Kerr, 1963; Woolnough & Allsop, 1985; Hodson 1990) sugerem que não 3726 existe consenso entre professores e investigadores na definição destes objectivos, o que, na opinião de Wellington (1998), conduziu à ineficácia do TL realizado. Acresce ainda que, nem sempre o tipo de trabalho desenvolvido é o mais adequado para a concretização desses objectivos (Hodson, 1990), e ainda que, por vezes, usa-se TL para atingir objectivos (por exemplo, o ensino de conhecimentos conceptuais) que podem ser melhor alcançados por outra via (Woolnough & Allsop,1985; Hodson, 1994). Tradicionalmente, o TL tem sido utilizado na linha daquilo que Hodson (1990) designa por aprender Ciência, ou seja com vista a ajudar o aluno na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos conceptuais. De acordo com Tamir (1977), numa típica actividade de laboratório, o professor identifica o problema a ser investigado, descreve o trabalho antes de o realizar, orienta demonstrações e fornece instruções directas, enquanto o aluno cumpre as instruções do professor ou lê as instruções do manual. O objectivo principal do professor numa aula deste tipo, é que os alunos, ao cumprirem as etapas referidas, aprendem factos particulares das ciências através da observação (Berry, 1999). O TL actualmente realizado falha assim, extensivamente, no que respeita ao envolvimento dos alunos no processo de investigação científica e na resolução de problemas, conduzindo a que as manipulações de equipamento, a observação e as medições sejam tratadas como fins em si mesmos, em vez de serem considerados componentes do processo científico de resolução de problemas (Kempa, 1988). Como consequência, a exigência cognitiva das actividades de laboratório é baixa e traduz-se na recolha de dados pelo aluno durante a maior parte do tempo (Tobin, 1986) a elas dedicado. Segundo Hodson (1990), impõe-se uma reconceptualização do TL que tenha em conta que a educação em ciências inclui aprender ciências (conceitos, princípios e teorias), aprender a fazer ciências (desenvolvimento dos conhecimentos técnicos sobre a investigação científica e resolução de problemas) e aprender sobre as ciências (desenvolvimento de um entendimento epistemológico sobre a natureza e métodos das ciências, tendo em atenção as interacções complexas entre as ciências e a sociedade). Assim, e dado que esta última dimensão exige o recurso à história das ciências, o TL realizado, para além de contemplar a habitual abordagem de conteúdos conceptuais, deverá passar a valorizar abordagem de conteúdos procedimentais e atitudinais (Albaladejo & Grau, 1992). Os conteúdos conceptuais correspondem aquilo que se tem que "saber"; os procedimentais referem-se ao que se tem de "saber fazer" e os atitudinais correspondem ao saber "ser". Os primeiros contemplam conteúdos com características muito diferenciadas, que podem ser agrupadas em factos, conceitos e sistemas conceptuais (princípios, leis e teorias). Os conteúdos atitudinais incluem, por sua vez, valores, normas e atitudes. Os conteúdos procedimentais incluem aspectos que vão desde a formulação de problemas, a planificação de procedimentos até à comunicação dos resultados (De Pro Bueno, 1998). 3727 Embora o conhecimento conceptual e o conhecimento procedimental correspondam a duas faces de uma mesma moeda, nem sempre se têm agido por forma a considerá-las como tal. Considera-se actualmente que os conhecimentos conceptual e procedimental não podem ser totalmente independentes (Gott & Duggan, 1995), pois o desenvolvimento de procedimentos das ciências requer o domínio de alguns conceitos e, de modo similar, alguns dos conhecimentos procedimentais são necessários para colocar os conceitos em prática. Opinião semelhante é defendida por Zabala (1993) quando afirma que o saber fazer só é conseguido através da realização de acções e de exercícios de reflexão sobre a própria actividade e da sua aplicação em contextos diferenciados. Assim, o saber fazer não corresponde ao praticismo nem a algo a que se chega de modo espontâneo; ensina-se e aprende-se em situações educativas onde se procura evidenciar e fundamentar o sentido do que se realiza. Ao discutir a utilização e os efeitos do TL não podemos ignorar que existem tipos de actividades laboratoriais que permitem o desenvolvimento preferencial de conteúdos conceptuais, outros que privilegiam o desenvolvimento de conteúdos procedimentais, e outros que permitem o desenvolvimento holístico dos diferentes tipos de conteúdos: conceptuais, procedimentais e atitudinais (Gott & Duggan, 1995). O TL realizado no ensino das ciências deve, de um modo geral, favorecer esta última situação (Caamaño, 1992). Contudo, isto não significa que se utilize apenas um único tipo de TL (Kempa, 1988), pois a realização de TL de natureza variada pode permitir atingir o mesmo objectivo (García Barros, 2000). Leite (2002), baseando-se em propostas de classificação anteriores, considera o TL desdobrado em seis tipos de actividades diferentes, aos quais faz corresponder objectivos específicos. Considera os exercícios: actividade destinadas a promover a aprendizagem de conhecimento procedimental (práticas de observação, utilização de equipamentos, manipulação de materiais, aquisição e/ou aperfeiçoamento de técnicas laboratoriais); as actividades ilustrativas: actividades laboratoriais destinadas confirmar ou concretizar o conhecimento conceptual previamente apresentado ao aluno; actividades para a aquisição de sensibilidade acerca de fenómenos: actividades destinadas a dar uma noção mais exacta do fenómeno ou das características dos materiais; as actividades orientadas para a determinação do que acontece: actividades altamente estruturadas, que conduzem o aluno ao (provavelmente) único resultado possível; as actividades do tipo Prevê-Observa-Explica e Reflecte (com procedimento apresentado ou a ser definido pelo aluno): actividades que servem para promover a reconstrução das ideias que os alunos possuem sobre um dado assunto e que precisam testar, a fim de encontrarem dados que as suportem ou que as ponham em causa; e as investigações: actividades de resolução de problemas, que para além de permitirem a construção/reconstrução de conhecimento conceptual, permitem ao aluno aprender a metodologia científica através do desenvolvimento de quase todas as capacidades e 3728 competências inerentes ao trabalho dos cientistas. De entre estes diversos tipos de actividades laboratoriais, as investigações e as actividades do tipo Prevê-Observa-Explica e Reflecte (com procedimento a ser definido pelo aluno) deverão corresponder a um tipo de trabalho a privilegiar, pois permitem uma abordagem holística dos três tipos de conhecimentos (Gott & Duggan, 1995), referidos anteriormente. Pesem embora os avanços ocorridos na investigação em ensino das ciências nas últimas décadas, as orientações atrás referidas (TL como investigação) podem não ter, na prática, a expressão desejada dada a resistência dos professores à mudança. Uma vez que o professor constitui um elemento fulcral em qualquer mudança educativa que se pretenda implementar (Duffee & Aikenhead, 1992; Gené I Duch 1986), deve ser dada particular atenção ao modo como se concretiza a sua formação, nomeadamente no que respeita à utilização de TL. Alguns estudos realizados com professores em formação revelam que estes não possuem concepções sobre a utilização do TL coerentes com as actuais orientações da educação em ciência. De facto, numa investigação realizada por Gené I Duch (1986), com uma amostra de 73 professores catalãos em formação, mostrou que, somente 5,4% prevê que o TL possa dar aos alunos a oportunidade de formular hipóteses, apenas 2,7% pensa colocar os alunos numa situação de planear procedimentos laboratoriais e nenhum futuro professor considerou ter interesse em partir dos conhecimentos prévios dos alunos, o que sugere a escassa atenção que prestam ao papel dos conhecimentos prévios dos alunos na construção de conhecimentos científicos. No entanto, um estudo realizado por García Barros (1995), com professores galegos em formação, permitiu verificar que estes valorizam a compreensão da teoria e o desenvolvimento de conteúdos procedimentais, como a observação e a manipulação de equipamento e materiais laboratoriais. Em Portugal também foram desenvolvidos alguns estudos sobre concepções e práticas de utilização de TL com professores em formação. No estudo realizado por Leite (1997) com futuros professores de Física e Química, foi possível verificar que os futuros professores valorizam competências laboratoriais, como manipulação de materiais e domínio de regras de segurança. Um outro estudo realizado em Portugal (Oliveira,2001), e também envolvendo futuros professores de Física e Química, permitiu efectuar um levantamento das suas principais lacunas de formação. Foi possível concluir que estes consideram, entre outros aspectos, que realizam as actividades laboratoriais sem terem por vezes a noção dos conteúdos teóricos envolvidos, o que faz com que se limitem a cumprir uma tarefa sem compreenderem o que, de facto, estão a fazer; executam diversas actividades mas gostariam de participar em todos os passos que uma actividade envolve, a fim de poderem relacionar melhor os conhecimentos conceptuais e procedimentais; reconhecem utilidade ao protocolo laboratorial, enquanto fio 3729 condutor durante a realização do TL que lhes é imposto, mas são de opinião de que o mesmo é normalmente muito fechado cumprindo a função de guiar a execução do TL, mas não servindo para compreender a actividade ou para motivar os alunos; a avaliação das aprendizagens associadas à componente laboratorial baseia-se, fundamentalmente, em relatórios elaborados em grupo em detrimento de outras modalidades de avaliação que permitiriam avaliar todos os conhecimentos envolvidos durante a realização do TL. Assim, em Portugal, o TL realizado na formação de professores de Física e Química parece pouco compatível com as perspectivas actuais de utilização do laboratório no ensino das ciências. 3. Metodologia Este estudo foi realizado com alunos do quarto ano da Licenciatura em Ensino de Biologia e Geologia. Na Licenciatura em Ensino de Biologia e Geologia da Universidade do Minho, e à semelhança do que acontece na generalidade dos cursos de formação de professores de outras universidades novas (por exemplo Aveiro, Trás-os-Montes e Alto Douro) a componente laboratorial encontra-se englobada nas diversas disciplinas do curso que lhe atribuem uma carga horária própria. Participaram neste estudo todos os alunos da disciplina de Metodologia de Ensino de Biologia e Geologia ou seja, 22 alunos, correspondentes a 77,8% dos alunos considerados do quarto ano da referida licenciatura. Por se tratar de uma amostra disponível (McMilan & Schumacher, 2001), os resultados obtidos devem ser interpretados com alguma reserva e não poderão ser generalizados à população portuguesa de futuros professores de Biologia e Geologia. A recolha de dados foi efectuada na disciplina de Metodologia de Ensino de Biologia e Geologia, através da aplicação de um questionário composto por 13 questões que procuravam caracterizar o TL realizado pelos alunos nas disciplinas de Biologia. Eram solicitados elementos relativos a: carga horária da componente laboratorial da licenciatura em ensino de Biologia, número de disciplinas de Biologia com componente laboratorial, condições materiais dos laboratórios de Biologia, modo de utilização e utilidade dos protocolos laboratoriais, modo de execução dos procedimentos laboratoriais, integração das actividades laboratoriais nas sequências de ensino, modo avaliação da componente laboratorial e peso desta na classificação final da disciplina, opinião sobre a organização e funcionamento global das aulas laboratoriais e, finalmente, a opinião sobre a satisfação dos alunos com as actividades laboratoriais realizadas. O dados foram recolhidos antes da abordagem do tema relativo ao TL no ensino da Biologia. Na análise dos dados recolhidos, calculou-se a frequência absoluta e relativa das categorias previamente definidas ou resultantes da análise de conteúdo das respostas dos alunos (Ghiglione & Matalon, 1995). 3730 4. Análise e Discussão dos Resultados 4.1. Componente laboratorial: carga horária e número de disciplinas Como podemos observar na tabela 1, a grande maioria dos alunos (77,3%) considera que a carga horária semanal destinada à componente laboratorial é razoável. Apenas 13,6 % considera que a mesma é baixa, enquanto que 9,1% considera que é elevada. Tabela 1 Carga horária semanal destinada à componente laboratorial (N=22) Itens Exageradamente baixa Baixa Razoável Elevada Exageradamente elevada f 0 3 17 2 0 % 0 13,6 77,3 9,1 0 Embora não totalmente coincidentes, estes resultados relativos à carga horária semanal destinada à componente laboratorial são de algum forma concordantes com os obtidos por Oliveira (2001), num estudo similar realizado com alunos do 4º ano da licenciatura em ensino de Física e Química, no qual 58,3% considera a carga horária semanal destinada à componente laboratorial razoável e 28,8% a consideram baixa. Relativamente ao número de disciplinas com componente laboratorial (tabela 2) a maioria dos alunos (54,5%) considera que o mesmo é razoável. Uma percentagem considerável de alunos (36,4%) considera que esse número é elevado, enquanto que no pólo oposto, apenas 9,1 % dos alunos consideram que o número de disciplinas com componente laboratorial é baixo. Note-se que no estudo com alunos de Física realizado por Oliveira (2001), estas percentagens são inversas, ou seja, o número de alunos que considera o número dessas disciplinas como baixo é bastante maior (35,3%) e os que o consideram como elevado é bastante menor (11,5%). Tabela 2 Número de disciplinas com componente laboratorial (N=22) Itens Exageradamente baixa Baixa Razoável Elevada Exageradamente elevada f 0 2 12 8 0 % 0 9,1 54,5 36,4 0 Esta diferença poderá dever-se à natureza da própria disciplina de Física que tradicionalmente envolve uma maior realização de TL, e daí os futuros professores desta disciplina sentirem que é necessário um maior investimento nesta componente. 4.2. Condições materiais dos laboratórios de Biologia 3731 Relativamente às condições materiais dos laboratórios de Biologia, apenas um aluno as considera não adequadas. Todos os outros alunos consideram que as condições materiais dos laboratórios de Biologia são adequadas. A título de exemplo, um dos alunos que assinala esta opção, refere o seguinte: “geralmente encontrávamos todos os materiais necessários para a realização do trabalho e as salas apresentavam geralmente espaço para todos os alunos”(aluno 5). O aluno que considera que as condições não são adequadas justifica a sua opção com os factos de, por vezes, ter que “esperar que um grupo acabasse uma determinada tarefa, para poder usar o material” e de “por vezes o material de vidro estar partido”. De salientar que, nas justificações de alguns alunos que consideram as condições como adequadas, também fica, por vezes, expressa a ideia de algumas insuficiências pontuais, devidas a avaria ou a falta de equipamento: material avariado (aluno 4) ou a falta de alguns materiais como pipetas, balanças de precisão (aluno 21). Referimos ainda a justificação do aluno 8, que assinala a existência de material necessário para realizar certo tipo de experiências, fazendo perceber uma programação exaustiva das actividades laboratoriais propostas aos alunos, em que todos os aspectos da mesma estão previstos à partida. Estes resultados não são coincidentes com os obtidos por Oliveira (2001) com alunos de Física, os quais evidenciam a insatisfação dos alunos com as condições dos laboratórios, classificadas como não adequadas por quase metade dos respondentes. Estas diferença pode ser devida ao facto de o estudo referido anteriomente abranger realidades distintas de diversas universidades portuguesas, enquanto que o nosso estudo se centra apenas na Universidade do Minho. 4.3. Protocolos laboratoriais: origem e utilidade Em algumas disciplinas, segundo 50% dos alunos, parecem não ter sido utilizados protocolos laboratoriais. Relativamente à origem os protocolos (tabela 3), verifica-se que, segundo os alunos, na maior parte das disciplinas são “Sugeridos pelo professor” (por ele elaborados, 45,5% ou extraídos do manual, 18,2) e a construção partilhada de protocolos apenas ocorre em “Algumas”. A análise destes resultados permite constatar que, na maioria das situações de laboratório, os alunos seguem os protocolos laboratoriais que correspondem, tal como no estudo realizado por Oliveira (2001) a receitas e listas de instruções detalhadas. Tabela 3 Origem dos protocolos laboratoriais (N=22) O protocolos laboratoriais foram: Todas f % Maior parte f % Disciplinas Metade f % Algumas f % Nenhuma f % 3732 Sugeridos pelo professor e por ele elaborados Sugeridos pelo professor e extraídos de manuais laboratoriais Construídos conjuntamente por professor e alunos Construídos pelos alunos, com a ajuda do professor Não utilizados (apenas foram dadas instruções orais). 0 0,0 10 45,5 5 22,7 4 18,2 3 13,6 0 0,0 4 18,2 5 22,7 7 31,8 6 27,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 11 50,0 11 50,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 17 77,3 5 22,7 0 0,0 0 0,0 0 0,0 11 50,0 11 50,0 Relativamente à utilidade dos protocolos (tabela 4), a maioria dos alunos considera que os protocolos, quando utilizados, têm bastante utilidade (63,6%), chegando alguns a considerar que os mesmos têm muita utilidade (18,2%). Igual percentagem de alunos considera que os protocolos têm apenas alguma utilidade. Tabela 4 Utilidade dos protocolos laboratoriais (N=22) Utilidade Nenhuma Pouca Alguma Bastante Muita f 0 0 4 14 4 % 0 0 18,2 63,6 18,2 A maioria dos alunos que consideram que os protocolos têm bastante utilidade ou muita utilidade justificam a sua resposta (tabela 5) afirmando que tal se deve essencialmente ao papel orientador dos mesmos na execução de todas as tarefas do TL. Tabela 5 Justificação da utilidade dos protocolos laboratoriais (n=22) Justificação Orientam as etapas do TL Apresentam intodução teórica Execução do TL independente Imprescindíveis para o TL Utilidade Bastante Alunos f 7, 8, 9,10,11,12,14,15,16,17,22 5, 6, 12 13 ---------------- 11 3 1 -- Muita Alunos f 18, 19,20 ----------21 3 --1 Três alunos consideram que o protocolo é bastante útil porque apresenta uma introdução teórica que fundamenta o TL a realizar. O aluno 13 considera o protocolo bastante útil porque permitiu desenvolver a autonomia do aluno, realização da actividade sem a intervenção do professor. Um outro aluno (21), que considera os protocolos muito úteis, refere que sem protocolo não se pode realizar TL. Os alunos que consideram que os protocolos têm alguma utilidade relevaram-se um pouco cépticos acerca da utilidade dos mesmos. Um deles considera que protocolo funciona como ponto de partida (aluno 3) e outros dois alunos (alunos 2 e 4) consideram, por um lado, os protocolos como úteis (um deles chega a considerar que são essenciais) mas consideram que a 3733 maioria são desnecessários (aluno 2) ou funcionam como receita (aluno 4). Um quarto aluno chega mesmo a afirmar que o protocolo torna difícil o que era fácil (aluno 1). O facto da maioria dos alunos atribuírem importância à orientação exaustiva que o protocolo propicia na realização das actividades laboratoriais pode evidenciar a adesão dos alunos à realização de TL do tipo orientado para a determinação do que acontece, ou realização de TL de tipo ilustrativo. A valorização por parte de alguns alunos, da existência de uma fundamentação teórica no protocolo pode evidenciar preferências por TL do tipo ilustrativo. A valorização destes dois aspectos é, por sua vez, incompatível com a realização de TL do tipo investigação (Leite, 2002), em que os alunos são desafiados a resolver problemas, definindo eles mesmos os procedimentos e formas de recolha e tratamento de dados. 4.4. Execução dos procedimentos laboratoriais Relativamente ao modo como os procedimentos laboratoriais foram executados (tabela 6), os alunos assinalam que na maior parte das disciplinas ocorreu a “Execução do procedimento pelos alunos em pequenos grupos”. Tabela 6 Execução dos procedimentos laboratoriais (N=22) Modo de execução do procedimento Execução pelo professor; os alunos observam Execução pelo professor, com ajuda dos alunos. Execução pelos alunos em pequenos grupos. Execução pelos alunos, individualmente Todas f % 0 0,0 Maior parte f % 0 0,0 Disciplinas Metade f % 0 0,0 Algumas f % 14 63,6 Nenhuma f % 8 33,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0 20 90,9 2 9,1 0 0,0 19 86,4 1 4,5 0 0,0 2 9,1 1 4,5 0 0,0 0 0,0 10 45,5 11 50,0 As restantes formas de execução do procedimento mencionadas na tabela, parecem que ocorrem apenas em algumas disciplinas. De referir que 50% dos alunos assinalam que em nenhuma disciplina ocorre “Execução pelos alunos, individualmente”. Estes resultados são coincidentes com os dados recolhidos no estudo realizado com alunos por Gené I Duch, (1986);, em que estes atribuem um papel fundamental execução das tarefas laboratoriais. 4.5. Relação teoria prática nas actividades laboratoriais No que diz respeito à situação da teoria relativamente à execução das actividades laboratoriais (tabela 7), a maioria dos alunos consideram que, na maior parte das disciplinas, primeiro surge a teoria e depois são realizadas as actividades laboratoriais, que poderá corresponder a uma utilização do TL apenas com uma finalidade ilustrativa (De Pro Bueno, 2000). A maioria dos alunos consideram que apenas em algumas disciplinas começam por ser 3734 realizadas as actividades laboratoriais sendo depois abordada a teoria ou que a teoria surge no decurso das actividades laboratoriais. Tabela 7 Teoria prática nas actividades laboratoriais (N=22) Sequência: Actividades laboratoriais e depois teoria Teoria e depois actividades laboratoriais Teoria durante actividades laboratoriais Disciplinas Metade f % 2 9,1 Todas f % 0 0,0 Maior parte f % 0 0,0 0 0,0 15 68,2 2 0 0,0 3 13,6 6 Algumas f % 16 72,7 Nenhuma f % 4 18,2 9,1 5 22,7 0 0,0 27,3 13 59,1 0 0,0 Note-se que um estudo realizado por García Barros (1995) que incluiu professores em formação, apresenta resultados concordantes com os por nós obtidos, dado que também permitiu verificar o predomínio da realização do TL após a apresentação da teoria. 4.6. Avaliação das aprendizagens na componente laboratorial: frequência, modo e peso na classificação final dos alunos Relativamente à avaliação da componente laboratorial das disciplinas de Biologia (tabela 8) os alunos referem que ela ocorreu “na maior parte das disciplinas” ou “em todas as disciplinas”. Tabela 8 Avaliação das aprendizagens (N=22) Itens Nenhuma disciplina Poucas disciplinas Metade das disciplinas Na maior parte das disciplinas Em todas as disciplinas f % 0 1 1 8 12 0,0 4,5 4,5 36,4 54,5 Relativamente ao modo como a mesma foi concretizada, constata-se um predomínio do recurso ao relatório, testes escritos e testes prático. Pela leitura da tabela 9, verifica-se que a grande maioria dos alunos referem que na maioria/todas das disciplinas foi solicitada a elaboração de relatórios ou realização de testes escritos. Uma percentagem menos elevada de alunos (23,1%) assinala para a maioria/todas das disciplinas a realização de testes práticos. Percentagens mais reduzidas de alunos consideram que estas formas de avaliação foram concretizadas em pelo menos metade ou em algumas disciplinas. Tabela 9 Modo de Avaliação das aprendizagens Todas Itens Maior parte Disciplinas Metade Algumas Nenhum a 3735 Caderno de laboratório (N=21) Grelhas de observação (N=17) Listas de verificação (N=17) Observação não estruturada (N=17) Portefólio (N=20) Questões durante a actividade (N=16) Relatório (N=20) Teste escrito (N=21) V de Gowin (N=14) Teste prático/laboratorial (N=13) f % f % f % f % f % 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 5,0 4,8 0,0 0,0 1 0 0 1 0 1 14 11 0 3 4,8 0,0 0,0 5,9 0,0 6,3 70,0 52,4 0,0 23,1 0 0 0 0 0 0 2 5 0 1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,0 23,8 0,0 7,7 19 4 2 9 10 13 3 4 1 1 90,5 23,5 11,8 52,9 50,0 81,3 15,0 19,0 7,1 7,7 1 13 15 7 10 2 0 0 13 8 4,8 76,5 88,2 41,2 50,0 12,5 0,0 0,0 92,9 61,5 Relativamente às outras formas de avaliação do TL existem algumas que a grande maioria dos alunos considera que foram utilizadas em algumas disciplinas (caderno de laboratório, questões durante a actividade), outras em que a maioria considera que apenas foram usadas em algumas disciplinas ou não foram usadas (observação estruturada, Portefólio) e outras em que a grande maioria dos alunos considera que não foram utilizadas (grelhas de observação, V de Gowin e teste prático). Tal como aconteceu com o estudo de Oliveira (2001), parece portanto, continuar a haver o privilégio das técnicas mais tradicionais (relatório e teste escrito) que permitem avaliar uma parte das aprendizagens mas captam outras mais ligadas à performance prática no laboratório. Relativamente ao peso da avaliação da componente laboratorial na classificação final da disciplina, verifica-se que metade dos alunos referem que na maior parte das disciplinas o peso oscila entre 21 a 35% e a outra metade considera que o mesmo oscila entre 36 a 50 %. Este resultados são, genericamente, coincidentes com os obtidos no estudo realizado por Oliveira (2001). 4.7. Organização e funcionamento das aulas laboratoriais No que concerne à organização e ao funcionamento das aulas laboratoriais que os alunos frequentaram durante o curso (tabela 10) verifica-se que a maioria dos alunos concorda com eles na maior parte dos casos, embora as justificações evidenciem quer aspectos negativos quer aspectos positivos, com destaque para os primeiros. Os alunos que concordam, na maior parte dos casos, com a organização e funcionamento das aulas laboratoriais assinalam como aspectos negativos a organização deficiente dos trabalhos (aluno 1), o excessivo peso atribuído à componente teórica (alunos 2, 5 e 6) e à pouca importância atribuída aquilo que o aluno, de facto, aprende. Como aspectos positivos foram referidos a participação activa nas actividades (aluno 22), a promoção da integração e compreensão de conhecimentos (alunos 16 e 22) e a boa organização das actividades organizadas em torno da introdução teórica (aluno 13). Tabela 10 3736 Organização e funcionamento das aulas laboratoriais (N=22) Itens Concordo, em todos os casos Concordo, na maior parte dos casos Concordo, em metade casos Concordo, em alguns casos Discordo f 0 12 6 4 0 % 0,0 54,5 27,3 18,2 0,0 Os alunos que concordam, em metade dos casos, com a organização e funcionamento das aulas laboratoriais assinalam como aspectos negativos o facto das actividades apenas promoverem a verificação da teoria e não corresponderem a uma investigação (aluno 8 e 10), a pouca discussão de resultados ocorrida (aluno 8), as dificuldades em compreender as tarefas a executar (aluno 12), a falta de algum suporte teórico (aluno 18), a falta de apoio do professor (aluno 9) e o facto das actividades, por vezes, corresponderem a repetições de actividades executadas no ensino secundário (aluno 7). Como aspecto positivo um destes alunos assinala a melhor compreensão da teoria promovida pelas actividades laboratoriais (aluno 7). Os alunos que concordam em alguns casos com a organização e funcionamento das aulas laboratoriais assinalam apenas aspectos negativos. Referem a grande descoordenação entre a teoria e a prática, pelo facto de existirem docentes diferentes (aluno 11), o facto da avaliação apenas se centrar nos relatórios e testes escritos (aluno 14), a falta de organização existente nas aulas (aluno 15), a preocupação excessiva de alguns professores em apenas executar todos os TL previstos (aluno 21) e o elevado número de alunos (aluno 21). De notar a crítica de alguns dos alunos que referem a falta de oportunidade que as actividades laboratoriais habitualmente realizadas lhes dão para testarem as próprias ideias e de apenas permitirem a verificação da teoria. Esta não é contudo a opinião de todos, pois existem alunos que valorizam o segundo aspecto presente na crítica, o que está de acordo com um estudo de García Barros (1995), já referido neste texto. 4.8. Satisfação dos alunos com as actividades laboratoriais A grande maioria dos alunos consideram-se satisfeitos com as actividades laboratoriais realizadas nas disciplinas de Biologia, ao longo do seu curso. Apenas um aluno se considerou pouco satisfeito com o TL que realizou. Tal como podemos observar na tabela 11, a maioria dos alunos elege como principal razão para a sua satisfação o facto de as mesmas permitirem uma melhor compreensão da teoria. Foram referidas por alunos individualmente outras razões que também indicamos na tabela 11. Tabela 11 Satisfação dos alunos com as actividades laboratoriais 3737 Justificação Compreender a teoria Participação activa do aluno Perceber factos do dia a dia Entender o que é ciência e fazer ciência Elaborar protocolos e realizar investigações Desenvolver competências Condições dadas aos alunos Não justifica Alunos 5,6,8,9,12,13,14,15,16, 17,18,2022 22 6 8 14 14 19 4 f 11 1 1 1 1 1 1 1 Alguns alunos que se consideraram satisfeitos com as actividades referem, na sua justificação, alguns aspectos menos positivos e apresentam algumas sugestões de alteração. Como aspectos menos positivos surge a falta de interesse de algumas actividades (alunos 1 e 5), a sua não adequação (alunos 2 e 15) e a repetição exaustiva do mesmo tipo de actividade (alunos 3, 5 e 7). Como sugestões de alteração um aluno sugere que as actividades laboratoriais fossem mais abrangentes/diversificadas (aluno 21) e outro menciona que deveria ser dada mais ênfase a planificação e avaliação do TL (aluno 10). O aluno que se considerou pouco satisfeito com actividades laboratoriais realizadas nas disciplinas de Biologia, ao longo do seu curso refere o pouco envolvimento dos alunos que se limitam a executar, de forma mecânica, as sugestões apresentadas. Destes resultados ressalta como aspecto relevante, o peso esmagador que os alunos atribuem ao TL na compreensão da teoria (como já referimos é coerente com os estudo de García Barros, 1995). Ainda que não seja, muito assinaladas não podemos deixar de referir as críticas que os alunos fazem ao seu pouco envolvimento no planeamento das actividades laboratoriais. 5. Conclusões e Implicações Os resultados deste estudo indicam que na formação inicial, os futuros professores de Biologia e Geologia realizam bastantes actividades laboratoriais, que assumem normalmente características que são criticadas pelas actuais orientações da educação em ciências (privilégio da realização de TL do tipo ilustrativo e orientado para a determinação do que acontece, apoiadas na grande maioria das vezes num protocolo que orienta todas as fases e que não permite grande intervenção dos alunos no planeamento das actividades. Não basta, contudo, ao futuro professor conhecer actividades e técnicas laboratoriais, é também preciso saber como usar o TL de modo diversificado na sala de aula, a fim de tirar o máximo partido do mesmo. A formação destes professores dedica bastante tempo ao primeiro destes aspectos enquanto que o segundo apenas é abordado num dos módulos da disciplina de Metodologia de Ensino da Biologia e Geologia, o que nos parece ser francamente insuficiente. Em nossa opinião, deveria existir uma maior coordenação entre o TL realizado pelos futuros professores na componente 3738 laboratorial das disciplinas da especialidade e a abordagem que é efectuada nas disciplinas da componente educacional, em especial na disciplina de Metodologia de Ensino. 6. Referências bibliográficas Albaladejo, C. & Grau, R. (1992). Los procedimientos en las ciencias naturales. Aula, 3, 24-27. Bastida de La Calle, M. et al. (1990). Prácticas de laboratorio: una inversión poco rentable? Investigación en la escuela, 11, 77-91. Berry, A. et al. (1999). Using laboratory work to teach about the practice of science. Comunicação apresentada na Segunda Conferência anual da ESERA, Kiel. (http://www.ipn.unikiel.de/projekte/esera/book/eserabook.htm:15/04/2000). Caamaño, A. (1992). Los trabajos prácticos en ciencias experimentales: una reflexión sobre sus objectivos y una propuesta para su diversificación. Aula, 9, 61-68. De Pro Bueno, A. 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