A PROVIDÊNCIA NAS REFLEXÕES SOBRE A VAIDADE DOS HOMENS, DE MATIAS AIRES Mannuella Luz de Oliveira Valinhas [email protected] Apresentação Matias Aires Ramos da Silva de Eça nasceu em São Paulo a 27 de março de 1705 e lá viveu até os 11 anos de idade, quando se mudou para Portugal desde então, não mais retornou ao Brasil. Seu pai, José Ramos da Silva gozava de uma situação abastada na colônia, situação essa que se tornou ainda melhor no Reino.1 A fortuna paterna possibilitou a Matias Aires o estudo nos melhores colégios portugueses. Em 1722, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, licenciando-se em artes em 1723, abandonando-a em seguida. Em 1728, retirou-se de Coimbra, seguindo para Madri e, depois, Paris, onde se graduou em Direito pela Sorbonne, no período de 1728/1733. Além disso, freqüentara cursos de ciências positivas e naturais, principalmente química, física e matemática, com os mais importantes professores do seu tempo. De volta a Portugal, Matias Aires preferiu viver a maior parte do seu tempo no campo, mas a morte de seu pai, em 1744, o obrigou a ir para Lisboa assumir o cargo de Provedor da Casa da Moeda, que exerceria até 1761, quando foi, então, afastado por motivos misteriosos. Nesta ocasião, a escolha de viver retirado do convívio com o mundo social, que já tinha sido uma opção, passa então, a ser praticamente uma necessidade. Matias Aires faleceu a 10 de dezembro de 1763 e deixou dois filhos naturais. Publicadas pela primeira vez em 1752, as Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, junto com o Problema da Arquitetura Civil Demonstrada (1777), são as obras mais importantes de Matias Aires. As Reflexões... tiveram ainda mais uma edição em vida do autor (1761) e outras duas póstumas, ainda no século XVIII: em 1778 e 1786 (todas de Lisboa). Durante todo o século seguinte a obra não tornou a ser reeditada, o que veio a ocorrer já no século XX, depois que Solidônio Leite chamou a atenção para o autor no seu Clássicos Esquecidos.2 A partir de então, seria relativamente comentado, apesar da carência de estudos que o tomassem como objeto principal.3 O texto é composto por 163 reflexões irregulares quanto ao tamanho, todas elas voltadas à exploração da vaidade e seus efeitos sobre o homem e a sociedade. A vaidade é encarada de uma maneira pretensamente neutra por Matias Aires, que, apesar de considerá-la um vício, vê também muitas qualidades e atitudes louváveis provindo dela, com seu modo analítico de observar que a natureza de cada coisa também se compõe de seu defeito.4 Assim, a vaidade pode ser negativa – quando se trata de engendrar vícios humanos; como também, num certo sentido, pode ser construtiva: quando se trata de fundamentar a representação (porque a vida é um teatro, e dificilmente encontra-se atitudes que não sejam representações) das virtudes.5 Assim, a vaidade pode ser dividida em: vaidades negativas (destrutivas) ou positivas (não são virtudes, mas podem gerá-las, através do desejo de parecer virtuoso aos demais, o que obriga o homem a agir de maneira efetivamente virtuosa, se o sentimento propulsor não foi “nobre”, e o resultado da ação for virtuoso, importa mais o resultado). Ele era Familiar do Santo Ofício, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Provedor da Casa da Moeda. Para o conhecimento da vida de José Ramos da Silva e de seu filho, Matias Aires, ver: ENNES, Ernesto. Dois Paulistas Insignes: José Ramos da Silva e Matias Aires Ramos da Silva e Eça. São Paulo, Cia Editora Nacional, 1944. 1 2 LEITE, Solidônio. Clássicos Esquecidos. S/D O estudo mais respeitado sobre Matias Aires é o de Tristão de Ataíde, publicado como prefácio às Reflexões... em 1942. Não encontrei registro de um estudo exaustivo sobre a sua obra. AMOROSO LIMA, Alceu (Thristão de Atayde). Introdução. In: AIRES, Matias. Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens ou Discursos Moraes Sobre os Effeitos da Vaidade offerecidos a El-Rei Nosso Senhor D. Josepho I. São Paulo, Livraria Martins, 1952. 1ª. Edição: 1752. 3 4 AIRES, Matias. Op. Cit. 1952. Número 125. 5 CÉSAR, Constança Marcondes. As "Reflexões" de Matias Aires. Revista Brasileira de Filosofia, vol. XIX, fascículo 73, janeiro-março,1969. Análise da crítica às “Reflexões...” Duas polêmicas básicas giram em torno da obra de Matias Aires: 1) como ele nasceu no Brasil mas se mudou para Portugal aos 11 anos de idade, um dos problemas se coloca em torno de qual a é tradição da qual ele faz parte: se da brasileira ou da portuguesa. Assim, alguns autores brasileiros nem sequer o mencionam como parte da nossa inteligência, como é o caso de Antônio Cândido na sua Formação da Literatura Brasileira.6 Posições parecidas com essa são as de José Veríssimo e de Wilson Martins. Ambos os autores, além de colocar Aires dentre a tradição portuguesa,7 tornando, portanto, quase que irrelevante o fato de ele ter nascido no Brasil, ainda o colocam como um escritor e pensador “menor”8, cujas idéias não se desenvolvem de forma brilhante ou que apresentam grandes novidades. Opondo-se completamente a essa visão, Ernesto Ennes situa a obra de Matias Aires como a primeira produção genuinamente brasileira e a maior contribuição do Brasil para a cultura portuguesa.9 Além disso, a vontade de firmar valores genuínamente nacionais, “brasileiros”, gera alguns preconceitos em relação à literatura produzida no período colonial, já que é complicado estabelecer definitivamente a nacionalidade de um escritor ou obra colonial, o que gera polêmicas do tipo: se um escritor nasceu no Brasil e estudou em Portugal, sua obra estaria inserida na tradição literária brasileira ou portuguesa?10 Tal indefinição pode contribuir para a falta de interesse em relação a autores cuja produção acaba por ser pouco considerada, justamente por não fornecer o índice esperado de natividade.11 Entretanto, mais significativo que apontar tais polêmicas como demonstrativas da inadequação da busca de uma nacionalidade genuína é o anacronismo da própria idéia de nacionalidade quando referida às práticas textuais do período colonial. CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte; Itatiaia, 1979. (Vol. 1). “Seria, pois, um espírito de pura formação portuguesa, apenas melhorando, ou somente modificado, quanto à cultura, pela estadia em França...” VERÍSSIMO, José. História da Literatura Brasileira:Bento Teixeira 1601 a Machado de Assis. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1969. Pág. 93. “Não é livro que pertença à literatura brasileira ou a nossa inteligência...” MARTINS, Wilson. História da Inteligência Brasileira. São Paulo; Cultrix, 1978. (vol. 1)Pág. 142. 8 “(...) é um daqueles ‘clássicos menores’ que fazem a honra ‘das literaturas’, se é verdade que só grandes clássicos compõem ‘a Literatura’...” VERÍSSIMO, José. Op. Cit. Pág. 94. 6 7 9“(...) esse brasileiro ilustre, que pensou e escreveu a obra magnífica que é decerto das mais valiosas contribuições do Brasil Colonial para o cabedal literário da metrópole.” ENNES, Ernesto. A casa onde o Doutor Matias Aires pensou e escreveu as “Reflexões sobre a Vaidade dos Homens”. In: Estudos Sobre História do Brasil. São Paulo, Cia Editora Nacional, 1947. pág. 209. Ver também: ENNES, Ernesto. Op. Cit. 1944. VERNEY (1713-1792), considerado o primeiro “verdadeiro” iluminista português, tem seu interesse voltado para os conhecimentos exatos para a educação pela razão, “ele fez a crítica do ensino de filosofia em Portugal à luz do ideário iluminista, mas sem nunca por em dúvida a superioridade da Revelação e da Graça divinas sobre o mecanismo da natureza e da razão humana. A presença desse princípio escolástico no bojo do “modernismo” português é uma prova de que não se pode, impunemente, ver no momento das reformas pombalinas da instrução pública uma atitude filosófica absolutamente contrária à tradição espiritualista portuguesa. Infelizmente, não foi essa a interpretação que prevaleceu na historiografia filosófica brasileira. O simples fato de o pensamento filosófico português ter-se voltado, no século XIX, sobre questões de origem, isto é, questões pertinentes à origem escolástica do seu tradicional aristotelismo, foi suficiente para rotular de ‘tradicionalismo’ essa atitude, com toda a carga semântica negativa do termo. Inversamente, o simples fato de a intelectualidade brasileira, no mesmo período, ter-se socorrido da língua francesa para modernizar-se, assimilando as questões e os temas da filosofia moderna por intermédio de autores franceses, foi suficiente para se constatar, falsamente, uma “diversidade original de interesses” entre as filosofias brasileira e portuguesa.” In: CERQUEIRA, Luiz Alberto A modernização no Brasil como problema filosófico. In: Impulso - Revista de Ciências Sociais e Humanas, vol. 12, nº 29, 125-136. Piracicaba/SP: Unimep, 2001. 10 A busca de uma literatura genuinamente nacional vai valorizar de maneira hierárquica a produção intelectual brasileira, como se gradativamente se fortalecesse um pensamento tipicamente nacional. Mais uma vez citando um comentário de José Veríssimo sobre Matias Aires: “Ele seria o melhor dos nossos moralistas se de fato a sua obra não valesse principalmente ou quase somente como uma curiosidade literária daqueles tempos, sem tal superioridade de pensamento ou de expressão que lhe determine a integração nas nossas letras, e menos qualquer repercussão ou influxo nelas”.VERÍSSIMO, José. Op. Cit. Pág. 94. 11 A outra polêmica que envolve Matias Aires é a da sua filiação intelectual: ele viveu em plena época do Iluminismo, viveu a maior parte do tempo em Portugal12, mas estudou na França durante alguns anos e admirava os progressos do conhecimento científico das ciências positivas e naturais. A polêmica básica gira em torno de classificá-lo ou como um remanescente do século XVII ou como um expoente do Iluminismo francês em Portugal. Aliás, a própria crítica Sua admiração pelas ciências positivas e a crença no progresso desse mesmo conhecimento tornase mais visível no seu livro Problema da Arquitetura Civil Demonstrada, publicado em 1777 e elaborado por causa do terremoto de Lisboa, ocorrido no ano de 1755. Assim, costuma-se dizer que sua ligação com o século XVII estaria expressa de forma explícita nas Reflexões... por ter um caráter misantropo e pessimista; e seu espírito progressista se demonstraria no Problema da Arquitetura... Essa posição que coloca o autor como que dividido e/ou tendo em si elementos de duas épocas diferentes, é expressa por Alceu Amoroso Lima. Este apresenta Matias Aires como um “elo” que ligaria duas culturas: “Matias Aires não foi um homem do seu tempo, ele foi empirista como o século XVIII; e providencialista como o século XVII (...).”13 Interpretadas dessa forma, As Reflexões... tornam-se, somente, um elo de transição entre duas épocas, o que as fazem perder muito de sua complexidade e valor. Matias Aires passa a ser, somente, um anunciador das novas idéias e métodos de conhecimento. A obra perde seu sentido de coesão e unidade ao ser tratada dessa forma. As principais razões usadas para filiar Matias Aires ao século XVII são: uma visão depreciativa do homem, a certeza da corrupção completa e irremediável da natureza humana, a sua impotência diante do poder implacável da providência e de sua manifestação temporal; a outra principal característica que leva a classificá-lo como um remanescente do século XVII é sua crítica ao poder da razão como força capaz de guiar as ações humanas. Matias Aires coloca a razão como, ao mesmo tempo, efeito e causa da vaidade, mas é certo de que seu desenvolvimento é gerado pela vaidade do reconhecimento.14 Nesse sentido, ele não compartilha da fé iluminista na razão pura. Antônio Paim15 afirma que o pessimismo de Matias Aires muito mais o aproxima dos homens do século XVII do que dos iluministas, além do fato de ele não ter conseguido se libertar da escolástica e dos ensinamentos jesuítas. Assim também se exprime Ernesto Ennes, afirmando que apesar de a obra ter sido escrita no século XVIII, ela deve ser analisada como a de um autor do século XVII.16 Numa análise que valoriza o contrário exato dentro da obra de Matias Aires, está a interpretação de Jacinto Prado Coelho. Este autor afirma que o ceticismo de Aires em relação ao homem é totalmente compensado pela confiança na razão pragmática. Matias Aires seria, então, um “lúcido e fervoroso representante do Iluminismo em Portugal.”17 Retirar elementos que coloquem o autor como obscurantista ou iluminista significa não valorizar a obra como um todo, já que Matias Aires tinha idéias que poderiam tanto ser creditadas ao iluminismo quanto a uma descrença na razão como guia da humanidade em direção ao progresso. Tais idéias, por vezes contraditórias fazem parte de um tempo quando as novas idéias ainda não estavam definidas ou 12 Caberia, ainda uma discussão sobre a especificidade da Ilustração portuguesa. Sobre isso, ver: MORSE, Richard M. O espelho de Própero: cultura e idéias nas Américas. São Paulo; Cia. das Letras, 1995. 13 AMOROSO LIMA, Alceu. Introdução. In: AIRES, Matias. Op. Cit. 1952. Pág. 10. 14 “São raros os que nas letras buscam a ciência; o que buscam, é utilidade e aplauso (...)” AIRES, Matias. Op. Cit. Número 118. 15 PAIM, Antônio. “As idéias filosóficas difundidas na colônia até a expulsão dos Jesuítas”. In: História das Idéias Filosóficas no Brasil. São Paulo; Editorial Grijalbo, 1967. 16 “Embora pertençam ao século XVIII pelo momento em que foram escritas e pela data que apresentam na folha de rosto, a verdade é que a obra de Matias Aires tem de ser analisada como a de um autor do século XVII, (...). E é-o pelo carácter que apresenta, pelas concepções que formula, pelos temas que desenvolve, pela maneira de se exprimir, pelos conceitos que tira, pelas imagens que cria, pelos pensamentos que revela, pelas influências que manifesta.” ENNES, Ernesto. Op. Cit. 1947. Pág. 38. COELHO, Jacinto do Prado. O Humanismo de Matias Aires: Entre o Cepticismo e a Confiança. Revista Brasileira de Filosofia, no. 57, janeiromarço, 1965. Pág. 06. 17 pelo menos cristalizadas em sua forma final (se é que idéias cristalizam-se), como usualmente as conhecemos. Por fim, a análise de Constança Marcondes César18 parece-se com a de Alceu Amoroso Lima, apesar de ela não colocar o autor entre dois mundos distintos. De acordo com Constança, Matias Aires elabora uma filosofia cujo conteúdo moral pode ser encarado como contrário ao século das luzes, mas isso não a faz descolada do seu tempo. Apesar de as respostas dadas por Matias Aires não traduzirem de maneira absolutamente clara o “espírito iluminista”, as questões levantadas e abordadas pelo autor estão diretamente ligadas à problemática em voga durante aquele período. O autor tão somente discorda do uso desenfreado da razão como explicação mais correta para tudo o que existe, e sua aceitação sem problematizar que a razão também é uma faculdade humana, e, portanto, imperfeita. Tais críticas partem da idéia de uma certa coesão doutrinária do século XVIII (e de outras épocas), e procuram encaixar as idéias de um autor às idéias que posteriormente foram destacadas e escolhidas ara representar um dado período, considerando todo o resto como obsoleto e desprovido de sentido ou de pertinência. Aqui pretende-se tentar fazer uma leitura das “Reflexões...” como uma produção do seu próprio tempo, sem procurar definir os pontos onde se encaixam a este ou aquele modelo teórico, mas como algo que faz sentido em si mesmo. Após a breve exposição feita acima sobre as principais modelos de interpretação das idéias de Matias Aires, vamos ressaltar aquelas das quais nos ocuparemos neste texto: a idéia de “natureza”, de “Providência” e de “nobreza”, sempre esclarecendo que o teor dessa abordagem não se propões a atrelar o pensamento de Matias Aires à idéias de seus estudiosos, antes, trata-se de tentar compreender como tais idéias são mostradas em sua obra, e como a essas noções se articulam à idéia de nobiliarquia como entendida pelo autor. A Natureza e a Providência A partir do fim do século XVII até início do século XVIII o paradigma mecanicista atinge a inteligência européia em diversas áreas, embora a arquetipologia mecanicista não seja uma invenção iluminista. A partir de então, a explicação da totalidade física torna-se mecanicista, o que não equivale a materialista ou ateísta. Longe de questionar a fé, tal mecanismo seria capaz de ilustrar a onipotência divina e de sua Criação, a partir da equivalência entre desígnios de Deus e Leis Naturais.19 Assim, o corpo, como explorado por Matias Aires, tem, na sua criação, o movimento inicial, que é dado por Deus, e continua em movimento através da alma, mas sua existência física está sujeita às leis da natureza, leis de perpétuo movimento, como as outras criações divinas. O sopro divino que anima o corpo humano está na alma, e o que anima a natureza está nos fenômenos naturais. O corpo humano passa, então, a fazer parte dessa mesma natureza, criada por Deus (a origem Divina do Homem e da Natureza não é questionada), mas com uma existência “profana”. Deus é o criador do movimento e sua quantidade é constante; ele não continua sendo a causa particular dos fenômenos, que, a partir do primeiro movimento, desdobram-se regularmente: “A vida consiste no movimento: quem primeiro o causa é que se diz ser o princípio dele; mas não se segue daqui, que a causa que depois se move fique com alguma porção do princípio que a moveu.”20 CÉSAR, Constança Marcondes. “As ‘Reflexões’ de Matias Aires” In: Revista Brasileira de Filosofia, vol. XIX, fascículo 73, janeiro-março,1969. O newtonianismo generaliza o paradigma mecanicista para o mundo orgânico e humano. Newton afirma que Deus é a Causa Primeira de todos os fenômenos naturais, e também o responsável pela harmonia da natureza.Ver: CUNHA, Norberto Ferreira da. “A Física do Corpo Humano em Luís Antônio Verney” In: CUNHA, Norberto Ferreira da. Elites e Acadêmicos na Cultura Portuguesa Setecentista. Lisboa; Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2001. pp. 219 a 246. 20 AIRES, Matias. Op. Cit. Número 160. 18 19 Há dois sentidos para o uso do termo natureza no texto de Matias Aires: quando se refere ao mundo natural, do qual os homens fazem parte, e que é uma criação divina; e outro, quando trata da essência das coisas, dos fenômenos naturais e do próprio homem. No sentido de criação divina, a natureza compõe o mundo e suas partes, é um “retrato da Onipotência,”21 e sua grandeza indica a “majestade da causa.” A perfeição da natureza se mostra na força dos seus elementos e na admiração que ela nos causa, mesmo quando seu efeito é destrutivo: “A mesma desordem e confusão das coisas nos recreia; o furor dos elementos causa um espetáculo perfeito: o ar com seus bramidos, a terra com seus tremores, a água com seus combates, o fogo com seus incêndios.”22 A providência, para a conservação do mundo, suscitou em toda a natureza o amor; a conservação do mundo depende, pois, do amor, mesmo entre seres que nos parecem insensíveis. A natureza é uma metamorfose constante, que a tudo vai alterando para se perpetuar em movimento. Tudo o que compõe a natureza é passível dessa mudança, e destruição, inclusive o homem.23 Aquilo que compõe o homem, e que não se resume a seu corpo, ou seja, a parte moral do homem, sua essência, também é chamada por Matias Aires de natureza humana. A natureza humana propende para o mal, quanto maior é sua imersão na sociedade. Para Matias Aires, o homem não nasce bom, nem mal, nasce como uma infinita possibilidade. A vaidade é que vai esculpindo seu caráter, numa relação entre a resistência dos homens à vaidade e sua aceitação. À medida que aumenta a capacidade de racionalização do homem, aumenta sua vaidade, porque a vaidade é comunicada, através do discurso. Quando se nasce, apenas se pode distinguir as coisas por instinto, pela natureza pura. Apenas sente-se dor ou prazer em termos sensoriais, mas, com o tempo, a vaidade vai se comunicando, pelo contato social, e o bem ou o mal, não dependem de si mesmos ou de nós, mas da opinião.24 A partir de então, com a vaidade, a natureza do homem propende para o mal, “no exercício do mal achamos uma doçura e de naturalidade.”25 Quanto mais instruída, mais vaidosa fica a natureza humana, e mais dependente da aprovação dos outros para se alcançar a felicidade. Ao contrário dos partidários do racionalismo como possibilidade de libertação do homem, e essa libertação como condição de felicidade,26 Matias Aires afirma o verdadeiro contrário: não só que a razão não tem essa capacidade emancipadora radical como também que pode gerar mais insatisfação, uma vez que a razão quer e precisa do constante reconhecimento e aprovação de uma comunidade. São raros os que nas letras buscam a ciência; o que buscam é utilidade e aplauso; este é objeto da vaidade, aquêle da ambição; outros há que quando buscam as ciências, nelas buscam tudo, não só interesse, louvor e aprovação dos homens, mas também um quase domínio deles; as letras são armas com que querem adquirir sobre os mais homens um direito de conquista.27 21 Ibidem. Número 94. 22 Ibidem. Número 94. Quanto menos corpo, mais duráveis podem ser as coisas: aquilo que existe na imaginação dura mais porque não está submetido ao tempo da natureza. “A imaginação não é cousa tão sem corpo quanto nos parece; talvez que não tenha de menos que o ser mais sutil, e desta qualidade o que pode resultar é o ser mais durável.” Ibidem. Número 125. 23 24 Ibidem. Número 83. 25 Ibidem. Número 75. Ver: HAZARD, Paul. A Felicidade. In: HAZARD, Paul. O Pensamento Europeu no Século XVIII – de Montesquieu a Lessing. Lisboa; Editorial Presença, 1989. 26 27 AIRES, Matias. Op. Cit. Número 128. A idéia de distinção nobiliárquica De acordo com Matias Aires, os homens são criados iguais por Deus, com um mesmo princípio que anima, conserva, debilita e acaba.28 A vaidade é que cria e comunica a diferença entre os homens ao longo da vida, através do contato social, da comunicação, “como contágio contraído no trato e conversação dos homens”29 e de acordo com o papel a ser representado no teatro do mundo. A vaidade e a fortuna são as que governam essa farsa da vida; cada um se põe no teatro com a pompa com que a fortuna e a vaidade o põem; ninguém escolhe o papel; cada um recebe o que lhe dão. Aquêle que sai sem fausto, nem cortejo, e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição e à miséria, êsse é o que representa o papel de homem. A morte está de sentinela, em uma mão tem o relógio do tempo, na outra tem a foice fatal, e com esta, de um golpe certo e inevitável, dá fim à tragédia, corre a cortina e desaparece (...) Assim acaba o homem, assim acabam as suas glória, e só assim acaba sua vaidade.30 Ao morrer, os homens se tornam mais uma vez iguais, apesar de tentarem, até o fim, até a hora da morte, ou mesmo depois dela, se distinguir através da vaidade: “nessa hora em que estamos para deixar o mundo, ou em que o mundo está para nos deixar (...) com vanglória antecipada nos pomos a antever aquela cerimônia, a que chamam as nações as últimas honras, devendo antes, chamá-la vaidades últimas.”31 As diferenças entre os homens encontram-se no exterior, há corpos mais débeis e mais robustos; no interior, ou seja, na essência, não há nenhuma, já que os homens são compostos do mesmo modo, e organizados da mesma forma, e por isso mesmo, sujeitos às mesmas vaidades e paixões. A própria natureza não fez os homens maus ou bons, e os homens não são, pois, virtuosos ou viciosos por natureza, mas por ocasião. O desejo de reconhecimento por parte dos outros homens leva ao encontro do vício ou da virtude, dependendo de qual garantirá maior admiração social. Essa mesma igualdade é algo insuportável para os homens, que por isso buscaram artifícios para se distinguir, e o principal deles, foi a instituição da nobreza. A nobreza foi formada pela composição de muitas vaidades “especulativas e sutis,”32 para fazer a sociedade crer que se pode comunicar características morais através do sangue. Segundo Matias Aires, há três tipos de nobreza: a antiga, que se baseava na mitologia e na descendência de heróis para ser nobre; a moderna nobreza, que também é de origem, mas tem seu fundamento no sangue, na sucessão familiar; e a nobreza fundamentada nas ações nobres, no reconhecimento Real dessas ações. Apesar de a nobreza européia moderna fundamentar sua distinção num elemento natural – o sangue – é a fortuna, e o “costume” (“o costume é tudo, as coisas não são nada; o de 28 Ibidem. Número 79. 29 Ibidem. Número 38. 30 Ibidem. Número 79. 31 Ibidem. Número 2. 32 Ibidem. Número 139. que fazemos tanto caso não é mais do que os homens significam ou explicam o respeito”)33 que dotam o sangue dessas características, e não a natureza. A natureza faz o sangue das espécies igual, o mesmo modo, a mesma arte, os mesmos ingredientes de que a natureza serve para fazer o sangue de um leão , de um elefante ou de uma águia, são os mesmos de que se serve também para formar o sangue de uma pomba rústica, ou de um cordeiro manso; as produções são diversas, a fábrica é a mesma; não há diferença nos princípios, nas figuras sim.34 Mas, enquanto as espécies animais se distinguem umas das outras por suas características particulares,35 os homens, querem se distinguir em relação aos mesmos homens, então encontraram no sangue um depositário de características morais, supostamente perpetuadas pela família, através da descendência.36 As características poderiam existir no sangue de modo “intelectivo, imaterial e etéreo, mas parece que nem assim podia ser, porque aquilo que é vão, de nenhuma sorte existe.”37 Os inconvenientes desse tipo de nobreza, além da sua própria fragilidade por ser algo criado arbitrariamente pelo homem, é que não suporta a prova da experiência: como as árvores, que parecem que de um mesmo tronco saem mais galhos, e que esses participam da mesma seiva vital, sendo, portanto uma mesma árvore, mas, isso é só aparente, porque muda a terra, e o alimento, e por isso o sangue das árvores. Assim acontece com os homens: o sangue está em movimento e em mudança, daí que sua constante renovação é o que garante a vida, porque a falta de movimento e de transformação significa morte. De modo que o sangue, não pode ser o depositário da nobreza, já que é mutável e incerto. A vaidade, apoiada na história é que dá o fundamento à essa nobreza que se diz de sangue. Deixemos finalmente o sangue em paz; êle não descansa, e todo o seu trabalho é para ser sangue, e não para ser êste ou aquêle sangue: de que serve a arte de introduzir naquele líquido admirável, qualidades arbitrárias e civis, se a verdade é que êle só tem as qualidades naturais? Para que é fazer do sangue autor daquilo que só é autor a vaidade.38 A nobreza moderna é uma espécie de corrupção da nobreza antiga, que, segundo o autor, tinha mais “corpo”, isso porque iam buscar nos deuses os seus ascendentes, ficando, assim, humanos, mas participando de certas diferenciações extra-humanas, o que possibilitava, então, uma diferenciação mais “real”, uma vez que não se reconheciam como inteiramente homens, justificando, pois, uma diferença real em relação aos outros homens. Com o fim da 33 Ibidem. Número 87. 34 Ibidem. Número 138. 35“Se o elefante fôsse presumido, seria por ter corpulência, não por ter o sangue de elefante: e ainda no que toca a corpulência, a presunção seria a respeito de outros animais de menos estatura, e não a respeito de outros elefantes.” Ibidem. Número 139. 36“Talvez por entenderem que as sucessões se continuam pelo sangue, e que êste, derivado de uns a outros, sucessivamente continua em uma mesma descendência, conservando nela um caráter particular, distinto e determinado.” Ibidem. Número 141. 37 Ibidem. Número 140. 38 Ibidem. Número 143. crença nos deuses, a nobreza, que poderia se extinguir, encontrou outra forma de existência: humanizou-se por completo, a mitologia converteu-se em genealogia. Há um terceiro tipo de nobreza, que diferencia os homens por sua ação, por suas obras, por atos heróicos e particulares e não por uma suposta natureza distinta. Assim essa nobreza só pode ser dada pela Providência que é capaz de diversificar o que é igual. A principal diversidade da Providência é o monarca, que tem a origem do seu poder em Deus, que o colocou na posição de “árbitro do mundo”39 e, que, portanto, participa, de certa forma, da substância divina, podendo, pois, reconhecer nobreza nos atos de alguns homens, e oferecer títulos de nobreza a esses indivíduos por suas ações. Assim, a nobreza só existe por vontade real, e não por diferenças inatas dos homens. Esse tipo de graça é pessoal, e não pode ser passada através de sucessão familiar ou de outro tipo: Os Reis são os que glorificam os homens, isto é, os que os enobrecem, e desta sorte, recebem a nobreza por graça, e não por sucessão; por favor, e não por herança; permanecem nobres enquanto permanece a graça que os ilustra; persiste aquela prerrogativa enquanto o favor existe; se êste se retira, logo a nobreza acaba.40 Para Matias Aires, a nobreza e seu contrário, a vileza, são substâncias incorpóreas, e por isso, vãs. A valorização das coisas que existem, coisas, portanto, corporificadas, é pelo fato de que, se elas existem, são criações divinas, e os costumes, a nobreza e as diferenças sociais são quimeras sem valor algum, pois são criações puramente humanas. A nobreza pode ser uma forma de escapar às leis e se dar aos vícios, porque garante impunidade. Mas, assim como a vaidade, ou outros vícios, se bem usada – ou seja, através de merecimento e reconhecimento Real, a instituição da nobreza faz com que a sociedade funcione de maneira mais organizada: todos sabem que os homens são iguais, enquanto homens; mas nem por isso deixam de entender que há uma nobreza que os distingue, e que os faz ser homens melhores.41 O certo é que a nobreza bem entendida, não se fêz para canonizar o erro; ela foi sabiamente achada para servir de estímulo e companheira das virtudes; para enobrecer as ações ilustres, e não para ilustrar as viciosas; para ser atendida pelo que obrasse digno de atenção, e não pelo que fizesse indignamente, para servir a razão, e não para a dominar; para ser exemplo, e não regra; para fazer os homens bons, e não para os perverter; para os distinguir pela nobreza de espírito , e não pela nobreza da carne; para os fazer melhores de 39 Ibidem. Número 163. Ibidem. Número 163. Duas considerações merecem ser feitas a partir desse trecho: Matias Aires mais uma vez reforça que a origem do poder Soberano encontra-se em Deus, e é dada pessoalmente ao Rei; e, o fato de admitir a nobreza heróica, por feitos e obras, mas ofertada por graça somente pelo Soberano, indica que o autor inclina-se à centralização monástica que será colocada em prática por Pombal (sem querer aqui colocar Matias Aires como um possível atevisor do pombalismo ou “ideólogo” do mesmo), além de ser um “elogio” à nobiliarquia portuguesa, que se distinguia das demais nobiliarquias européias – baseadas na posse de terras – por adquirir títulos por seus feitos. Ver: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 2004. Fica, aqui, uma questão, a da sucessão do trono. Como é escolhido o Rei, se o sangue, segundo Matias Aires, não carrega características extra-biológicas? Poderíamos pensar que o sangue Real, este sim, seria portador dessa vontade da Providência? 40 41 AIRES, Matias. Op. Cit. Número 155. uma melhoria de ânimo, e não de corpo: finalmente, para fazer mais clara a luz, e não para fazer clara a sombra.42 Apesar de todos os homens serem iguais em essência, há algumas particularidades físicas que distinguem os homens; estas são expressas pela semelhança entre os membros de uma mesma família ou pelas diferenças entre os povos de regiões distintas, de acordo com o clima e região: “os indivíduos, porém, de cada espécie, não são tão uniformes, que não tenham em si um caráter particular com que se distinguem uns dos outros.”43 A cor é uma das mais fortes marcas de diferenciação entre os homens. Mas essa distinção é uma marca natural, somente física, passível, pois, de mudança, uma vez que está submetida ao tempo (por isso mesmo, extinguível) e a novas composições.44 Essas diferenças naturais poderiam ser um argumento a favor da idéia de nobreza, mas, sendo uma marca natural, feita pela Providência, não pode ser usada para fundamentar uma instituição arbitrária e criada pelos homens como a nobreza de origem. Os homens podem apresentar diferenciações físicas, porque na Criação houve divisão de uma mesma matéria original, o que garante a igualdade do ser. Todos os homens são compostos a partir dos mesmos elementos, tem as mesmas propriedades e, sobretudo, o mesmo fim. Conclusão As idéias professadas por Matias Aires no livro “Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens”, são idéias marcadas pela inserção nas discussões que estavam em voga por toda a Europa Central. As questões da natureza humana, da Providência Divina, da racionalidade todas participam dos mais acirrados debates. Situar Matias Aires como, por um lado, representante de atraso português é uma redução que não permite que se compreenda sua obra em seus próprios termos, bem como colocá-lo como representante das Luzes em Portugal também é destacar algumas passagens em suas obras em detrimento de outras, buscando essa adequação. A solução de tratá-lo como “híbrido” entre duas culturas ainda não é a forma mais acertada, uma vez que tal designação parte do pressuposto de rupturas bruscas entre os séculos XVII e XVIII, como se ambos fosse irreconciliáveis. Neste texto, tentamos compreender de que maneira o autor articula suas idéias acerca de Providência e Natureza dentro de uma lógica que faz sentido sem recorrer a enquadramentos doutrinários. Fonte: EÇA, Matis Aires Ramos da Silva e. Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens ou Discursos Moraes Sobre os Effeitos da Vaidade offerecidos a El-Rei Nosso Senhor D. Josepho I. São Paulo, Livraria Martins, 1952. 1ª. Edição: 1752. (1761, 1778, 1786). Bibliografia: CÂNDIDO, Antônio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte; Itatiaia, 1979. (Vol. 1). 42 Ibidem. Número 161. 43 Ibidem. Número 157. 44 Ibidem. Números 157/158. CERQUEIRA, Luiz Alberto. (org.). “A filosofia brasileira como superação do aristotelismo português”. In: Aristotelismo Antiaristotelismo Ensino de Filosofia. Rio de Janeiro; Ágora da Ilha, 2000. CERQUEIRA, Luiz Alberto. “A modernização no Brasil como problema filosófico” In: Impulso Revista de Ciências Sociais e Humanas, vol. 12, nº 29, 125-136. Piracicaba/SP; Unimep, 2001. CÉSAR, Constança Marcondes. “As ‘Reflexões’ de Matias Aires” In: Revista Brasileira de Filosofia, vol. XIX, fascículo 73, janeiro-março,1969. COELHO, Jacinto do Prado. “O Vocabulário e a frase de Matias Aires” In: Boletim de Filologia. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos. 1954/1955. Tomo XV. COELHO, Jacinto do Prado. “Reflexões Sobre as Reflexões”. In: AIRES, Matias. Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna. 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