AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE RADIOTERAPIA COM ACELERADOR LINEAR (FÓTONS): TESTES DE ACEITAÇÃO, DOSIMETRIA E CONTROLE DE QUALIDADE MAFALDA FELICIANO BERDAKY Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações Orientadora: Dra. Linda V. E. Caldas São Paulo 2000 384.6.08 L 4 IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE RADIOTERAPIA COM ACELERADOR LINEAR (FÓTONS): TESTES DE ACEITAÇÃO, DOSIMETRIA E CONTROLE DE QUALIDADE LIVRO MAFALDA FELICIANO BERDAKY Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear - Aplicações Orientadora: Dra. Linda V.E. Caldas São Paulo 2000 COMISSÃO NAUONAl DE ENtKGIA N U C L E A H / b f IH» "O futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construido, e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino". J . Schaar Este trabalho é dedicado aos Meus pais María Manarín Feliciano e José A. Feliciano (in memorían) AGRADECIMENTOS À Prof. Dra. Linda V. Ehlin Caldas, pelo incentivo, apoio incondicional não me deixando desistir do trabalho na reta final, pela orientação precisa e segura, que tornou possível a realização deste trabalho; À Maurília Feliciano Muller e Otmar Josef Muller, pelo apoio total sempre dado, e que se tornaram dois dos principais responsáveis pela realização deste trabalho; Ao meu marido Fabiano Berdaky, pelo apoio, incentivo sempre presente e pela importante ajuda na parte computacional; Ao CEBROM, por ceder-me as instalações e os equipamentos para a realização do trabalho nas pessoas de: Dr. Carlos Inácio de Paula, Dr. Wilmar José Manoel, Dr. Osterno Queiroz da Silva, Dr. Sérgio Aidar, Dr. Aristóteles de Paula e Souza; Dr. Luiz Mauro de Paula e Souza e Dr. Ricardo de Alarcão Soares; Aos funcionários do CEBROM que de uma alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho; Ao Prof Dr. Adelino José Pereira, que foi a primeira pessoa a ensinarme os procedimentos em radioterapia e pela dedicação sempre demonstrada; Ao Dr. Cleber Nogueira de Souza, pelo incentivo dado a minha ida para Goiânia; Aos engenheiros da Varian, pelas sugestões e por permitirem o uso de algumas figuras de seus equipamentos no trabalho, nas pessoas de: Sr. Miguel Daniliauskas, Sr. Weslei Baltazar Machado, Sr. Armando Sbrissa Neto, e Sr. Renato Rossetto; Aos pacientes oncológicos, que são o motivo principal da realização deste trabalho; aWâtSSàü WâCüWfiL t f ENEHGIfi NUCLEflH/SP À Física Rosângela Novaes Costa, pelo constante apoio e incentivo; Ao José Renato de Oliveira Rocha, físico responsável pelo Serviço de Radioterapia do Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher - UNICAMP, liberando-me para cursar as disciplinas do programa de Mestrado e pelo apoio sempre presente e aos demais membros do Grupo de Física de Radioterapia - AFM/CEB e do Serviço de Radioterapia/ CAISM; À minha família, que sempre me apoiou e tornou possível a realização deste trabalho; À Sra. Adriana Calixto de Almeida Lima, pelo apoio na editoração e impressão deste trabalho; Ao M.Sc. Alessandro Martins da Costa, pela ajuda na confecção das figuras; Aos professores e funcionários do IPEN-CNEN/SP que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho; À todos os amigos que aqui não foram citados nominalmente, que incentivaram e apoiaram a realização deste trabalho; Ao físico, Pedro Paulo Pereira Júnior, por permitir o uso de seus dados no trabalho; À CAPES, financiamento parcial deste trabalho. íOWiSSAO WfiCiCNíiL L t ENtHÜIA N U Ü L t ñ H / S P »rt* IV IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE RADIOTERAPIA COM ACELERADOR LINEAR (FÓTONS): TESTES DE ACEITAÇÃO, DOSIMETRIA E CONTROLE DE QUALIDADE Mafalda Feliciano Berdaky RESUMO Este trabalho apresenta a parte operacional do processo final envolvido na implantação de um serviço de radioterapia com acelerador linear com feixes de fótons (6 MeV), incluindo os testes de aceitação, os testes de comissionamento e por fim a implementação de um programa de controle de qualidade por meio de testes rotineiros mecânicos e de radiação. Os resultados dos testes de aceitação mostraram-se coerentes, sempre ficando abaixo das especificações definidas pelo fabricante; os testes de comissionamento ficaram todos dentro das recomendações internacionais. O programa de controle de qualidade durante 34 meses mostrou a estabilidade excelente deste acelerador. ESTABLISHMENT OF A RADIOTHERAPY SERVICE WITH A LINEAR ACCELERATOR (PHOTONS): ACCEPTANCE TESTS, DOSIMETRY AND QUALITY CONTROL Mafalda Feliciano Berdaky ABSTRACT This work presents the operational part of the final process of the establishment of a radiotherapy service with a linear accelerator (6 MeV photon beams), including the acceptance tests, commissioning tests and the implementation of a quality control program through routine mecanical and radiation tests. All acceptance tests were satisfactory, showing results below the allowed limits of the manufacturer; the commissioning tests presented results whithin those of the international recommendations. The quality control program was performed during 34 months, and showed an excellent stability of this accelerator. VI SUMÁRIO Página RESUMO 'V ABSTRACT V 1. INTRODUÇÃO 1 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 4 2.1. Produção de Raios X 4 2.2. Interação da Radiação Ionizante com a Matéria 2.2.1. Efeito Fotoelétrico 5 6 2.2.2. Efeito Compton 7 2.2.3. Produção de Pares 8 2.3. Teoria de Bragg-Gray 9 2.4. Câmaras de Ionização 10 2.5. Eletrômetros 12 2.6. Grandezas Dosimétricas 13 2.6.1. Exposição 13 2.6.2. Dose Absorvida 14 2.6.3. Kerma 15 2.7. Equilíbrio Eletrônico 16 2.8. Aceleradores Lineares 16 2.8.1. Pedestal 17 2.8.2. Tubos Aceleradores 17 2.8.2.1. Acelerador do Tipo Onda Viajante 18 2.8.2.2. Acelerador do Tipo Onda Estacionária 18 2.8.3. Coluna 19 2.8.4. Outros Complementos 19 2.9. Protocolos de Dosimetria 22 2.9.1. Protocolo AAPM (TG 21) 22 2.9.2. Protocolo lAEA (TRS 277) 26 IPt» Vil 3. MATERIAIS E MÉTODOS 28 3.1. Acelerador Linear 28 3.2. Sistemas de Medida 30 3.3. Sistemas Auxiliares 31 3.4. Arranjo Experimental para Calibração do Monitor do Acelerador 31 4. TESTES DE ACEITAÇÃO 4 . 1 . Variação do Isocentro Mecânico com a Rotação 33 34 4.1.1. Colimador 34 4.1.2. Coluna 35 4.1.3. Mesa de Tratamento 35 4.2. Campo Luminoso e Alinhamento do Retículo 36 4.3. Rotação do Colimador e da Coluna 36 4.3.1. Colimador 37 4.3.2. Coluna 38 4.4. Movimentos Mecânicos da Mesa 38 4.4.1. Movimento de Rotação da Mesa 39 4.4.2. Movimento Lateral da Mesa 39 4.4.3. Movimento Longitudinal da Mesa 40 4.4.4. Movimento Vertical da Mesa 41 4.5. Teste de Isocentro de Radiação 42 4.5.1. Rotação da Coluna 42 4.5.2. Rotação do Colimador 43 4.5.3. Rotação da Mesa 44 4.6. Coincidência de Campo Luminoso X Campo Radioativo 45 4.7. Verificação da Espessura de Equilíbrio Eletrônico e da Energia 47 4.8. Uniformidade e Simetria do Campo 48 VIII 5. DOSIMETRIA DO SISTEMA 52 5.1. Calibração do Monitor para liberar 1 cGy/UM, no Phantom de Água a 5 cm de Profundidade para o Campo de 10 X 10 cm^ 52 5.2. Determinação da Porcentagem de Dose Profunda 53 5.3. Determinação da Relação de Tecido-Máximo 57 5.4. Determinação dos Fatores de Abertura de Colimador e de RetroDispersão 5.4.1. Fatores de Abertura de Colimadores 61 61 5.4.2. Fatores de Retro-Dispersão 61 5.5. Medida do Fator de OFF-AXIS 63 5.6. Verificação dos Fatores de Bandeja 64 5.7. Determinação dos Fatores de Filtros 65 6. PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE 67 6.1. Determinação do Fator de Calibração 68 6.2. Determinação da Energia do Feixe 70 6.3. Coincidência de Campo Luminoso X Campo Radioativo 71 6.4. Diferença entre Retículo e Escala Óptica 72 6.5. Botões de Segurança - Botões de Emergência 73 6.6. Dimensões do Campo Luminoso 73 6.7. Indicador de Distância Foco-Superfície 74 6.8. Indicador de Ângulo da Coluna 75 6.9. Indicador de Ângulo do Colimador 76 7. CONCLUSÕES 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78 INTRODUÇÃO 1. INTRODUÇÃO 4K À medida que a expectativa de vida da população aumenta, a incidência de câncer aumenta também na mesma proporção. Várias pesquisas de medicamentos e formas de tratamentos estão em andamento para se tentar a cura da doença. Uma delas que data do início do século é a Radioterapia, que é um tratamento bastante eficaz no controle e até mesmo de cura da doença. Logo após a descoberta dos raios X em 1895 por Roentgen, foi dado início a uma série de estudos e em 1898 Pierre e Marie Curie descobriram o Rádio. Desde então a Radioterapia começou a se desenvolver. Em 29 de Janeiro de 1896, foi tratado o primeiro paciente com radiação e em 1899 o primeiro caso de câncer; um epitelioma de células basais foi curado com radlação^^^ A partir de 1920 o uso dos raios X foi expandindo e começou-se a construir máquinas que operavam na faixa de 200 a 250 kVp, podendo-se assim tratar os tumores um pouco mais profundos sem causar tantos danos à pele. De 1940 a 1960 o progresso foi ainda maior; nessa época já começaram a ser produzidas as unidades de cobalto assim como os primeiros aceleradores lineares Em 1922, num congresso internacional de oncologia em Paris, a Radioterapia foi aceita como especialidade médica INTRODUÇÃO O início da Radioterapia no Brasil foi em 1901, no Rio Grande do Sul, com o médico Dr. Becker Pinto, que foi o primeiro a utilizar um aparelho de raios X para tratamento de um tumor de pele^^^'. O primeiro acelerador linear do Brasil foi instalado em 1972, no Hospital Alemão Oswaido Cruz, em São Paulo^^^'. No Brasil existem vários Serviços de Radioterapia. Em levantamento realizado pela CNEN em 2000, foram catalogados 156 serviços de radioterapia, com 113 equipamentos de Cobalto e 102 aceleradores lineares, sendo que os aceleradores lineares estão assim distribuídos por região(^°>: REGIÃO Norte Nordeste Sudeste Sul Centro - Oeste TOTAL 1B$6 1 11 44 8 4 68 1997 1 15 50 11 6 83 1998 1 18 53 15 8 95 Í999 1 18 57 16 8 100 2000 1 18 59 16 8 102 Esses equipamentos são utilizados para o tratamento de todos os tipos de câncer. A Radioterapia é o tratamento por meio das radiações ionizantes, que utiliza doses de radiação altas e máquinas de energias altíssimas onde qualquer erro no procedimento pode acarretar graves consequências ao paciente, inclusive a sua morte. Devido ao fato de se trabalhar com energias altas, necessita-se ter um controle da qualidade alto dessa radiação, para que a dose absorvida no volume alvo seja realmente a necessária. O erro máximo permitido na liberação dessa dose é de 5%'^^'. O acelerador linear, antes de ser utilizado com pacientes, precisa passar por uma série de testes, chamados testes de aceitação. Além disso, ele deve ser submetido às medidas de comissionamento antes que seja INTRODUÇÃO i) Utilizado com pacientes. Estes testes devem ser sequência lógica de maneira que os resultados executados em uma de um teste não forcem uma mudança nos outros parâmetros do equipamento^^^''*°\ Nos testes de comissionamento são identificados todos os dados necessários ao cálculo de dose para pacientes e o equipamento é calibrado. Essa calibração é a relação entre a dose (cGy) e as unidades monitoras (UM) na profundidade de dose máxima, que para o acelerador em questão é de 1,5 cm para o campo de 10 x 10cm^ (2.4,19.21) Depois dos testes de comissionamento, este equipamento estará liberado para ser utilizado no tratamento de pacientes, devendo-se tomar os devidos cuidados com os testes e a dosimetria de rotina, para a verificação da reprodutibilidade do sistema^'*^^ O objetivo deste trabalho é de relatar todos os testes e tabelas de dados necessários à utilização do equipamento implementar um programa de controle de com qualidade pacientes e de no de Serviço Radioterapia do CEBROM, Goiânia, e acompanhar a reprodutibilidade de resposta do acelerador em questão. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1. Produção de Raios X Raios X são produzidos sempre que uma substância é bombardeada por elétrons de velocidades altas'^^^ O tubo de raios X, apresentado na Figura 2.1, é constituído por um catodo e um ânodo em um tubo de vidro onde há vácuo. O catodo é um filamento de tungsténio que quando aquecido emite elétrons; o ânodo é o alvo, que deve ser de um material de número atômico alto e ponto de fusão alto, normalmente tungsténio. Quando uma alta voltagem é aplicada entre o ânodo e o catodo, os elétrons emitidos do filamento são acelerados a velocidades altas e chocamse contra o alvo. Os raios X são produzidos pela rápida desaceleração dos elétrons no alvo, efeito esse conhecido com bremsstrahiung. FUNDA^4ENT0S TEÓRICOS PRODUÇÃO D E R A I O S Ánodo \ Para o gerador ^ de a l t a voltagem X Catodo / / Alvo de Ttmgstênio" Para o Gerador de Filamento Catodo Ánodo J a n e l a de Berilio J a n e l a de Vidro fino Raios X Figura 2.1. Diagrama esquemático de um tubo de raios X 2.2. Interação da Radiação Ionizante c o m a Matéria Sempre que um feixe de raios X passa por um meio absorvedor como o tecido humano, uma parte desta energia é transferida para o meio e causará um dano biológico a esse tecido. Esta energia depositada por unidade de massa do meio é a dose absorvida. A interação pode ocorrer de várias maneiras dependendo da energia do feixe e do material com que ele interage. Os três modos principais de interação da radiação ionizante (fótons) com a matéria são: Efeito Fotoelétrico, Efeito Compton e Produção de Pares. Na faixa de energia do acelerador (6 MeV) utilizado no presente trabalho, o efeito predominante é o Compton. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.2.1. Efeito Fotoelétrico É o processo no qual um fóton de energia hv interage com um átomo e libera um dos elétrons orbitais; nesse processo toda a energia hv do fóton incidente é transferida para o elétron ejetado, conforme Figura 2.2. Raios X caracteristicos 4 (fóton) \~V^"-' •' ' Átomo é (fotoelétron) Figura 2.2. Ilustração do efeito fotoelétrico Para este efeito ocorrer, a energia do fóton incidente (hv) tem que ser próxima e maior que a energia de ligação do elétron ( E s ) . O fotoelétron ejetado adquire a seguinte energia cinética: E = hv - Es A probalidade de ocorrência do efeito fotoelétrico varia com a energia do fóton incidente com (1/hv)^. À medida que a energia do fóton aumenta, o efeito fotoelétrico torna-se menor e começa a aparecer o efeito Compton. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.2.2. Efeito Compton Neste efeito, o fóton incidente de energia hv interage com um elétron fracamente ligado; nessa interação o elétron recebe uma parte da energia deste fóton e é emitido em um ângulo 9. O fóton incidente com a energia reduzida é espalhado em um ângulo ^, conforme Figura 2.3. é (elétron Elétron AVts ( f ó t o n Conç)ton) "Livre"^./ incidente) (fóton espalhado) Figura 2.3. Diagrama ilustrativo do efeito Compton O elétron ejetado é chamado elétron de recuo, e possui a seguinte energia cinética: ' 1 + a(1-cos(l)) onde a = E/mo c^- sendo E = hvo a energia do fóton incidente e moC^ a energia de repouso do elétron (0,511 MeV). Como o efeito Compton envolve essencialmente elétrons livres, ele é independente do número atômico Z; à medida que a energia vai aumentando, o efeito Compton vai desaparecendo e dando lugar à produção de pares. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.2.3. Produção de Pares A produção de pares ocorre quando um fóton de energia maior ou igual a 1,022 MeV passa perto do núcleo de um átomo e fica sujeito ao seu campo elétrico forte e interage com ele, desaparecendo e dando origem a um par elétron-pósitron, conforme pode ser observado na Figura 2.4. ê > 1 , 0 2 2 MeV • (elétron) / ' • e (positron) Figura 2.4. Diagrama ilustrativo do processo de produção de pares A energia de 1,022 MeV é limitante para esse efeito ocorrer, porque a energia de repouso do elétron é de 0,511 MeV; a energia cinética total do par elétron-pósitron é dada por: E = ( h v - 1,022) MeV A produção de pares aumenta rapidamente acima do limite de 1,022 MeV, sendo que a probabilidade deste efeito ocorrer varia com . Neste processo, tanto o elétron como o positron perdem energia no meio, e quando o positron já não mais tiver energia cinética, ele se aniquilará com qualquer elétron livre do meio, dando origem a dois fótons, em sentidos opostos com energia de 0,511 MeV cada um. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.3. Teoria de Bragg-Gray Para se medir a dose absorvida em um meio exposto à radiação, é preciso colocar neste meio um objeto que seja capaz de medir esta radiação. Este objeto vai diferir do meio em densidade e número atômico e, de acordo com a teoria de Bragg-Gray, esse objeto constitui uma cavidade neste meio. A teoria da cavidade de Bragg-Gray pode ser usada para se calcular a dose diretamente a partir da medida da câmara de ionização em um meio^^^). De acordo com a teoria de Bragg-Gray, a ionização produzida em uma cavidade cheia de gás, colocada em um meio, está relacionada à energia absorvida no melo vizinho. Quando a cavidade é suficientemente pequena, de maneira que sua introdução no meio não altera o número ou distribuição de elétrons que existem no meio na ausência da cavidade, então a relação de Bragg-Gray é satisfeita: '^meio ~ '^cavidade -m ^meio .cavidade onde Dmeio e Dcavidade representam a dose absorvida no meio e na cavidade respectivamente, e mSmeio.cavidade é a razão entre os poderes de freamento de massa médio do meio e da cavidade. A relação de Bragg-Gray não leva em conta as grandes perdas de energia, ou seja, a produção de raios 5 (ou elétrons secundários rápidos), que depositam energia fora do volume de interesse; por isso esta relação constitui um modelo de perda contínua de radiação. Outras teorias, de Spencer e Attix, e de Buriin (teoria cavitária geral) levaram em conta outros parâmetros, sofisticando a teoria de Bragg- FUNDAMENTOS TEÓRICOS 1Q Gray, que devem ser aplicados conforme as características das câmaras e dos feixes de radiaçào'^^'. 2.4. Cámaras de Ionização Para a medida da radiação proveniente de fontes radioativas, deve-se utilizar um sistema que seja capaz de detectar essa radiação, ou seja, pode-se utilizar uma câmara de ionização. A câmara de ionização é o mais simples dos detectores a gás, e sua operação está baseada em coletar todas as cargas produzidas por ionização direta, pela aplicação de um campo elétrico. As câmaras de ionização mais simples apresentam um eletrodo coletor central; a parede é revestida de um material condutor, que delimita uma cavidade preenchida com um gás ou uma mistura de gases. Entre o eletrodo central e a parede é aplicada uma diferença de potencial, para separar os íons produzidos e esse fluxo de íons produz uma corrente elétrica extremamente baixa (da ordem de 10"^^), que é medida por um instrumento sensível chamado eletrometro. As câmaras de ionização normalmente não são seladas; isto quer dizer que o ar no seu interior é o mesmo do ambiente; por isso deve-se corrigir as leituras obtidas para a pressão e temperatura ambientes. A umidade também pode afetar as leituras obtidas com esses instrumentos, produzindo uma corrente denominada "corrente de fuga", o que torna necessário o controle da umidade no ambiente em que as câmaras são guardadas. A correção da leitura para pressão e temperatura é feita pelo seguinte fator : FUNDAMENTOS T,P onde Tref e Pref TEÓRICOS 11 (273,2+ T^^)p são tomados como valores de referência de 20° C e 101,3 kPa (1013,15 mbar = 760 mmHg) respectivamente. Existem vários tipos de câmaras de ionização com formas e dimensões diferentes. O uso de cada uma vai depender da finalidade à qual será destinada. Para dosimetria de feixes terapêuticos são utilizadas as câmaras cilíndricas e de placas paralelas para feixes eletromagnéticos (fótons). No caso das câmaras de placas paralelas elas também são utilizadas para detectar radiações de elétrons. Neste trabalho foram utilizadas uma câmara de ionização cilíndrica, tipo dedal, e uma mini câmara shonka. Nas medidas de dosimetria de rotina em radioterapia é necessário ter-se uma câmara de fácil utilização, manuseio e transporte e que possa ser usada para medir radiação em fantomas (phantoms). Essas câmaras não medem exposição diretamente e por isso precisam ser calibradas em relação a um sistema padrão de um laboratório autorizado no País, a cada dois anos ou sempre que necessitar de manutenção, segundo as recomendações nacionais^^^'^^^ e internacionais^^"^ A câmara de ionização tipo dedal é um instrumento de dimensões pequenas com uma parede sólida condutora que delimita um certo volume de ar. No centro do volume há um eletrodo que coleta os pares de íons formados no ar. Para que não haja perturbação no campo de radiação, tanto a parede quanto o eletrodo central devem ser equivalentes ao ar, em relação á interação dos fótons e dos elétrons secundários. Esta equivalência significa FUNDAMENTOS TEÓRICOS 12 que a parede se comporta como uma camada de ar condensado, fazendo com que a fluência e o espectro de energia dos fótons e dos elétrons secundarios (gerados pela interação da radiação primária com o material da parede e no volume ativo de ar) não sejam perturbados pela parede. Esta parede tem uma espessura sempre maior que o alcance máximo dos elétrons secundários gerados fora da câmara; isto significa que toda ionização detectada pelo eletrodo central pode ser associada aos elétrons secundários gerados e freados dentro do volume de ar, já que ocorre o equilíbrio eletrônico, ou seja, a transferência de energia dos elétrons secundários (gerados na parede) para o volume ativo de ar é igual a dos elétrons (gerados no volume de ar) para a parede da câmara'®'^"^'^^'^^*. Na Figura 2.5 pode-se observar o esquema de uma câmara de ionização tipo dedal. eletrodo coletor- parede da câmara- Figura 2.5. Esquema de uma câmara de ionização cilíndrica tipo dedal 2.5. Eletrômetros Quando se expõe uma câmara de ionização a um feixe de radiação, é gerada uma carga ou corrente, que é muito pequena e só pode ser medida por meio de um instrumento sensível a esta corrente, que é o eletrometro. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 13 Basicamente, o eletrometro é um multímetro capaz de medir tensão, corrente e carga, nem sempre dentro das faixas usuais. Um mesmo eletrometro pode ser usado com várias câmaras de ionização dependendo da corrente que é gerada na câmara e da escala do eletrometro. O sistema de câmara acoplada ao eletrometro, quando utilizado para dosimetria de feixes em Radioterapia, é conhecido como dosímetro clínico. Segundo as recomendações dos organismos internacionais^^°\ quando o eletrometro for utilizado para medidas juntamente com uma câmara, os dois devem ser preferencialmente calibrados juntos. Idealmente o eletrometro deve ter um mostrador digital e possuir uma resolução de quatro dígitos ou 0 , 1 % . A mudança na sua resposta devido à fuga ou à estabilidade a longo prazo não deve exceder ±0,5% ao ano'^^'^^\ Alguns eletrômetros possibilitam a variação da tensão aplicada á câmara de ionização, assim como a reversão da polaridade, para que se possa determinar a eficiência de coleção de íons e o efeito da polaridade da mesma. 2.6. Grandezas Dosimétricas 2.6.1. Exposição A exposição, X, é definida pelo Comitê Internacional de Unidades de Radiação (ICRU) como o quociente de dQ por dm, onde dQ é o valor absoluto da carga total de íons de um mesmo sinal produzidos no ar quando FUNDAMENTOS TEÓRICOS I4 todos os elétrons (positivos e negativos) liberados pelos fótons numa determinada massa de ar dm são completamente freados no ar*^^'. X = dQ/dm A unidade antiga da grandeza exposição era o roentgen (R); a unidade atual (Sistema Internacional) é o coulomb por quilograma (C/kg). A relação entre estas unidades é: 1R = 2,58x10"^ C/kg Sendo assim, exposição foi definida como sendo a habilidade ou capacidade dos raios X e gama em produzir ionizações no ar. 2.8.2. Dose Absorvida A grandeza dose absorvida. D, foi definida para descrever a quantidade de radiação, para todos os tipos de radiações ionizantes, incluindo partículas carregadas e não carregadas, todos os materiais e energias. Dose absorvida é a medida dos efeitos biologicamente significantes produzidos pela radiação ionizante'^^^ Dose absorvida é, então, definida como a quantidade de energia depositada pela radiação ionizante na matéria num determinado volume conhecido*^^*. É dado por: D = dE/dm OÓWlSbAO NAGiGNít üf. tMfcKÜIA M U C L E A R / S P WM FUNDAMENTOS TEÓRICOS 15 onde dE é a energia média depositada pela radiação ionizante num material de massa dm. A unidade de dose absorvida é expressa em termos da energia absorvida por unidade de massa. Essa unidade é chamada no Sistema Internacional de gray (Gy) e é definido como uma dose de radiação absorvida de um joule por kilograma, ou seja: 1 Gy = 1 J/kg. A unidade especial original de dose absorvida é o rad (radiation absorbed dose), que foi expressa com sendo 100erg/g, mas, com a introdução do Sistema Internacional de Unidades, passou a ser expressa como 0,01 J/kg, ou seja, IGy = 100 rad. 2.6.3. Kerma O kerma, K, (energia cinética perdida no meio) é definido como o quociente de ÓE^I dm, onde dEtr é a soma das energias cinéticas iniciais de todas as partículas ionizantes carregadas (elétrons e positrons), liberados pelas partículas sem carga (fótons) em um material de massa dr ^^^^ K = d E t r / dm A unidade de kerma é a mesma utilizada para a dose absorvida, ou seja. J/kg, onde U/kg = 1 Gy = 100 rad. FUNDAMENTOS TEÓRICOS ^ -| Q 2.7. Equilibrio Eletrônico A definição da grandeza exposição está diretamente ligada à condição de equilírio eletrônico. De acordo com a definição, os elétrons produzidos pela interação da radiação com a matéria devem perder toda a sua energia por meio de ionizações num volume específico de ar, e as cargas de mesmo sinal devem ser somadas. Entretanto, alguns elétrons produzidos neste volume específico depositam sua energia fora deste mesmo volume, produzindo cargas que não serão consideradas na soma total. Por outro lado, os elétrons produzidos fora do volume específico podem entrar neste volume e ser considerados na soma total das cargas produzidas. Se as cargas produzidas forem compensadas pelas cargas a mais consideradas, existirá a condição de equilíbrio eletrônico, necessária para a definição de exposição*^^\ Desta forma, "as capas de equilíbrio eletrônico" das câmaras de ionização são utilizadas somente para campos de radiação de energias altas, para atenuar os fótons e proporcionar a condição de equilíbrio eletrônico. 2.8. Aceleradores Lineares O acelerador linear é um equipamento que usa ondas eletromagnéticas de alta frequência para acelerar partículas carregadas tais como elétrons de altas energias através de um tubo linear. O feixe de elétrons de energia alta pode ser usado para tratar tumores superficiais, ou podem colidir num alvo para produção de raios X, para tratamento de tumores mais profundos'^^'. O acelerador linear de elétrons foi desenvolvido no final dos anos 40 e início dos anos 50 por vários grupos de pesquisa diferentes*'*^'. SP íí-t» FUNDAMENTOS TEÓRICOS 17 Os módulos principais no acelerador são: a coluna (gantry), o pedestal (stand), o console de controle e a mesa de tratamento. A estrutura operacional do acelerador está alojada na coluna e roda sobre um eixo horizontal fixada no pedestal. 2.8.1. Pedestal Os principais componentes do pedestal sao: a) Guias de onda: tubos que guiam as ondas eletromagnéticas de um ponto ao outro. b) Sistema de refrigeração de água: responsável pela refrigeração de vários componentes que dissipam energia com calor, e estabelece uma temperatura estável. 2.8.2. Tubos Aceleradores Há dois tipos de tubos aceleradores: ondas viajantes (traveling waves) e ondas estacionárias (standing waves). FUNDAMENTOS TEÓRICOS -| Q 2.8.2.1. Acelerador do Tipo Onda Viajante Neste tipo de acelerador, uma onda eletromagnética como a dos fornos de microondas viaja junto com o elétron. O elétron é continuamente acelerado dentro da seção aceleradora. A única limitação nesse processo é que não se tem um controle dinâmico durante o feixe, ou seja, o elétron e a onda do campo elétrico devem mover-se na mesma velocidade. Em aceleradores de energia alta, os elétrons são produzidos por um canhão de elétrons. Os elétrons no canhão estão com energias entre 20 e 50 keV e ganham energia suficiente para se aproximarem da velocidade da luz, depois de serem acelerados pela microonda. No guia de onda viajante, a energia máxima do elétron é diretamente proporcional ao guia de onda. A fim de obter elétrons de energias maiores, um guia de onda longo é necessário; neste caso, utiliza-se então o acelerador do tipo onda estacionária*'*^'. 2.8.2.2. Acelerador do Tipo Onda Estacionária A concepção de um acelerador do tipo onda estacionária faz uso do conceito de interferência. Quando duas ondas eletromagnéticas estão presentes no mesmo lugar e tempo, seus campos elétricos e magnéticos são adicionados aritméticamente. Em outras palavras, a onda estacionária é produzida pela soma de duas ondas de igual comprimento de onda e em fase, mas viajando em direções opostas. Se os picos das duas ocorrem no mesmo lugar e tempo e em fase uma com a outra, elas adicionam o seu comprimento de onda e interferem construtivamente. Se o máximo de uma onda está no local do mínimo de outra onda, elas decrescem o seu resultado por subtração e interferem destrutivamente. Esse acelerador é chamado estacionáho porque os campos elétricos e magnéticos parecem estar parados*'*^'. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 19 2.8.3. Coluna Os principais componentes encontrados na coluna são: a) Magnetron: fonte de microondas empregada para produzir energia em aceleradores de energias baixas (4, 6, 10, até 15 MeV). A magnetron é energizada por pulsos de voltagem DC entre o grande anodo exterior (eletrodo positivo) e o catodo central (eletrodo negativo). Os elétrons do catodo central viajam na direção do anodo positivo. Por causa de um grande campo magnético constante e uniforme, perpendicular a sua direção de viagem, eles viajam em uma espiral na direção do anodo*^^^ b) Estrutura aceleradora: energizada pelas microondas da magnetron via guia de onda. c) Canhão de elétrons (ou catodo): constitui a fonte de elétrons que são injetados dentro da estrutura aceleradora. d) Circulador: localizado entre a magnetron e o tubo acelerador; ele evita que a onda refletida retorne para a magnetron, desviando-a para uma carga d'água. e) Cabeçote de tratamento: contém os colimadores, o filtro de plasma, a câmara de ionização para o monitoramento e o tubo acelerador. 2.8.4. Outros Componentes a) Mesa de tratamento: os movimentos da mesa de tratamento são controlados por um pendente operado pelo técnico. A maioria "A FUNDAMENTOS 20 TEÓRICOS das mesas de tratamento também possibilita a rotação da mesa ao redor de um eixo vertical passando pelo isocentro. b) Console de controle: centro de controle do acelerador. Ele controla o tempo de cada tratamento, propicia visão do paciente e foi projetado para evitar qualquer problema técnico ou com o paciente'^^'. As Figuras 2.6, 2.7 e 2.8 mostram os componentes e os detalhes de aceleradores lineares. 3 f Figura 2.6. Estrutura do acelerador com a indicação algumas partes importantes: 1. Canhão de elétrons; 2. Estrutura aceleradora do tipo onda estacionária; 3. Magnetron; 4. Circulador; 5. Filtro de planura; 6. Colimadores; 7. Câmara de ionização (Figura cortesia da Empresa Varian Medical Systems Brasil Ltda) iOMISSAO NADONAL Df fcNÉRGIA NUULEAH/SP IPt» FUNDAMENTOS TEÓRICOS 21 Figura 2.7. Fotografía de um acelerador do tipo onda estacionária com suas respectivas cavidades aceleradoras. (Foto cortesia da Empresa Varian Medical Systems Brasil Ltda) Acelerador L i n e a r Feixe de raios X Plano Trasversal X Plano Longitudinal Y Mesa de tratcmanto Figura 2.8. Visão esquemática do acelerador, mostrando a relação geométrica do aparelho com a mesa de tratamento*^^'. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 22 2.9. Protocolos de Dosimetría O propósito de um protocolo de dosimetria é o de fornecer um método seguro para a determinação da dose na água para feixes de fótons e elétrons de energias altas utilizados em radioterapia. Existem vários protocolos radioterapia*2'^-^'^^'^^'2^'^2'2^'^^-2«'2°34-37,4i,42,45) internacionais para uso em ^ 3 protocolos mais utilizados no Brasil são o da AAPM Task Group 21 de 1983*^', e o da lAEA n° 277 de 1987(19.21)_ 2.9.1. Protocolo A A P M (TG 21) O protocolo da Associação Americana de Físicos na Medicina'^' utiliza o parámetro Ngás, que é o fator de calibração de uma cavidade de gás. A calibração do monitor para a energía de 6 MeV é feita na água, a 5 cm de profundidade, para um campo de radiação de l O x I O c m ^ . Esta profundidade é recomendada para se evitar a contaminação de elétrons. O fator de calibração, segundo o protocolo americano*^', é dado por: Fe = L (p,t)/100 X Ngás X ( U p )ar X Pwaii X P¡on X P^epi X 100/ P D P (5 C m ) onde: L(p,t) = Média das leituras do eletrometro, com tensões de +300V e -300V corrigidas para pressão e temperatura de referência. ÜOWiSSAO NACíCNAL ü£ t W t K ü i A WÜCLhAM/Í>P FUNDAMENTOS TEÓRICOS 23 O fator de correção para temperatura e pressão de referência é dado por: (|) (p, T) = (273,2 + T) / (273,2 + 20) x (101,3 p) onde T e p são dados em °C e kPa respectivamente. N,k-(W/e)-p,3,r (L/P)ar (^Íer/P)wall onde: Nx = Fator de calibração em exposição, não corrigido para recombinação iónica Esse fator foi obtido a partir do fator de calibração NR do sistema dosimétrico (câmara + eletrometro), utilizado como sistema padrão no Laboratório de Calibração de Instrumentos do IPEN, por meio de: Nk = Nx(W/e)1/(1-g) 43,95 X 10-^ Gy/ue = 33,80 J/C Nx = 5,04 R/ue (ue: unidade de escala) k = Carga produzida no ar, por unidade de massa, por unidade de exposição (2,58 x 10"^ C/kgR) W/e = Energia média gasta, por unidade de carga, no ar, em condições de umidade usual (~33,7 J/C) FUNDAMENTOS pwail Aion TEÓRICOS £4 = Quociente da dose absorvida pelo kerma de colisão (1,005) = Eficiencia de coleta de ions na câmara, que corrige a coleta incompleta de carga na câmara durante a calibração Aíon= 4-(Qi-Q2)/3 onde: Q i = Carga coletada com tensão aplicada de 300 V Q2 = Carga coletada com tensão aplicada de 150 V = Awaii Fator de correção da parede; leva em conta a atenuação e o espalhamento do feixe primário de ^°Co na parede e na capa de equilibrio eletrônico da cámara de ionização (L / p)^r^" = Razão entre os poderes de freamento da parede e do ar = 1,0 í7, /r.^3r - Razão entre os coeficientes de absorção de massa e energia = 1,0 L/p = Razão da média do poder de freamento de colisão de massa restrito do material do phantom com relação ao gás da câmara (1,127) Pwaii ~ Fator de correção que leva em conta a diferença entre a composição da parede da câmara e o phantom _ [ a ( L / p ) ( | a e n / p ) + (1 - a ) ( L / p ) ] (L/p) onde: a = Fração de ionização total produzida pelos elétrons que chegam à parede da câmara XMISSAO KAQGNAL DE ENtHGIfl N U C L E A H / Ü f iKr» FUNDAMENTOS TEÓRICOS £5 (1 - a ) = Fração de ionização total produzida por elétrons que chegam no phantom de dosimetria ^en / p = Razão do coeficiente médio de absorção de massa e energia para o phantom de dosimetria com relação ao da parede da câmara Píon = Fator de correção por perda de recombinação iônica aplicável à calibração no feixe do usuário Um método adequado para se determinar P¡on consiste em se realizar dois conjuntos de medidas, sendo um com potencial de 300V e o outro com potencial de 150V aplicado à câmara de ionização*^'. Píon = Ql/Q2 Com a relação de tensões, pode-se determinar o valor do Píon por meio do protocolo*^'. Prepi = Taxa de fluência de energia do fóton no centro da cavidade, quando a cavidade é preenchida com um meio e a câmara está cheia de ar. É um fator que corrige a substituição do material d o " phantom" por uma câmara de ionização PDP (5cm) = Porcentagem de dose profunda a 5cm de profundidade na água FUNDAMENTOS TEÓRICOS 26 2.9.2. Protocolo IAEA (TRS 277) O protocolo da Agencia Internacional de Energia Atômica (IAEA) define o parâmetro NQ, dependente da câmara, muito semelhante parâmetro é definido como*^^'^^': Ngás*'*°'. N D ND = Nk ao (1 - g) katt k m onde: Nk = Fator de calibração em termos de kerma no ar (Gy/divisão do eletrometro) fornecido pelo laboratório padrão g = Fração da energia bremmstrahiung katt das partículas secundárias convertidas em (0,003 para ^°Co) = Fator de correção para a absorção e o espalhamento dos fótons primários na parede e na capa da câmara km = Fator de correção para a falta de equivalência de ar da parede da câmara O fator de calibração ( N k ) pode ser relacionado com o fator de calibração de exposição (N^), por meio da relação: Para a calibração do monitor na liberação do 1 cGy/UM, no phantom de água, a 5 cm de profundidade, para um campo de 10 x lOcm^, utiliza-se o procedimento descrito a seguir. :ÍO*«ISSA0 N A Q O N A L OE E N E H G I A NUCLEAH/SP IKfe» FUNDAMENTOS TEÓRICOS 27 O fator de calibração, segundo o protocolo da lAEA*^^'^^^ é dado por: Fe = Mu X N D X ( S ar)x Pu X Peel X 100/ PDP (5 cm) onde: Mu = Média das leituras do eletrometro, com tensões de +300V e -300V, corrigidas para pressão e temperatura, umidade e perdas por recombinação. S w.ar = Razão entre os poderes de freamento da parede da câmara e do ar Pu Peel = Fator de correção para a perturbação para fótons = Fator de correção que leva em conta a não equivalência a ar do material do eletrodo central da câmara de ionização PDP (5cm) = Porcentagem de dose profunda a 5cm de profundidade na água MATERIAIS E MÉTODOS 28 3. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no CEBROM - Centro Brasileiro de Radioterapia, Oncologia e Mastologia, em Goiânia, Goiás, que colocou à disposição os seguintes equipamentos para a realização deste trabalho: 3.1. Acelerador Linear O acelerador linear do CEBROM, com 6 MeV de energia nominal, da Varian, modelo Clinac 600C, permite a irradiação de pacientes com feixes de fótons, além de ser isocéntrico e possibilitar a irradiação em campos fixos e rotatórios; ainda possui os quatro colimadores assimétricos. (Figura 3.1.) coluna laser de teto alvo de raios X \ rotação do \ colimador rotação da indicadores de coluna^" / p o s i ç õ e s digitais eixo central ' pedestal do feixe laser lateral laser lateral eixo da , coluna isocentro tr an sl a ç õfis.da-''^^!^ mesa mesa rotação da mesa tratamento pendente Figura 3.1. Esquema do Acelerador Linear Clinac CEBROM, Goiânia QOWtSSAO NACiONM DE ENERGIA NUCLEAH/SF 600C, Varian, do MATERIAIS E MÉTODOS 29 No sistema Clinac 600C, a energia nominal do feixe de fótons é 6 MeV, definida pela porcentagem de dose profunda (PDP) a 10cm de profundidade na água, para um campo de 1 0 x 1 0 c m ^ e distância fontesuperfície de 100 cm. O aparelho trabalha com seis taxas de dose absorvida diferentes, a saber: 80, 160, 240, 320 e 400 cGy/UM (UM= unidade monitora), para uma distância fonte-superficie de 100 cm. Nos tratamentos rotatórios, o próprio aparelho ajusta a velocidade de tratamento de acordo com a dose utilizada. Este acelerador foi calibrado para trabalhar com a taxa de dose de 320 cGy/UM. O equipamento possui duas câmaras contadoras, ou seja, um sistema duplo de dosimetria. O relógio de tratamento funciona com um sistema adicional de segurança para interrupção do feixe. O sistema de dosimetria controla a homogeneidade e a simetria do campo de tratamento. Além disso, se por algum problema técnico a simetria variar mais que 2%, é acionado um interruptor de segurança e o feixe de radiação é cortado imediatamente. Na Figura 3.2 pode-se observar a disposição das salas do setor de radioterapia do CEBROM. MATERIAIS E MÉTODOS 30 SRiado £>€rmopEui Síla do Acelerador Linear Olnac - 600 C Sida de computadores H S«ladein<terlili Salada laFiãcii V Controle do Accderador coDtrole do BATD SaladebraquILerl] de a l u taxa de dose (BATD) Figura 3.2. Planta baixa do setor de radioterapia do CEBROM. 3.2. Sistemas de Medida Foi utilizado o conjunto de medida constituído por uma câmara de ionização à prova d'água, Exradin, Med Tec, modelo A12, EUA, e um eletrometro Sun Nuclear Corporation, modelo 1010, série 1450010, EUA. Este sistema dosimétrico (câmara e eletrometro) certificado de calibração de 21/12/99 do IPEN-CNEN/SP. GOMíSSAO RIAAONAL OE EWtRGIA NUCLEAR/SP li^ apresenta MA JERIAIS E MÉTODOS 3 '\ Para as medidas de densidade óptica dos filmes radiográficos foi utilizado o densitômetro digital M . R A , série CQ 010103, Brasil, e o filme utilizado foi o Diagnostic Film Ready-Paclc X-OMAT V da Kodak. 3.3. Sistemas Auxiliares Foram utilizados os seguintes fantomas (phantoms): a. Fantoma de água, com dimensões de 3 0 x 4 0 x 4 0 c m ^ , manivela manual para se realizar medidas na água com em profundidade, Med Tec, modelo MT-100, EUA b. Fantoma de água, com dimensões de 52 x 65 x 48 cm^, e sistema automático CRS (computerized radiation scanner), Dosimetrika, Brasil A sala do acelerador linear tem sistema de ar condicionado; as condições ambientais foram medidas, utilizando-se: a. Termômetro, Incoterm, Brasil b. Higrómetro, Cibracon-Satchwell, Brasil c. Barómetro de Torricelli (coluna de mercúrio), Incoterm, Brasil 3.4. Arranjo Experimental para Calibração do Monitor do Acelerador O esquema do arranjo experimental de calibração do monitor do acelerador Clinac 600C está representado na Figura 3.3, utilizando-se o sistema dosimétrico e o fantoma de água. I MATERIAIS E MÉTODOS 32 Tubo de Raios X 100 cm í Fantoma de Agua 5cm 1 Figura 3.3. Esquema de calibração do monitor do acelerador Clinac 600C, utilizando uma câmara de ionização cilíndrica num fantoma de água TESTES DE ACEITAÇÃO 33 4. TESTES DE ACEITAÇÃO Durante a instalação de um acelerador linear deve-se levar em consideração os altos graus de exatidão e precisão necessários para que o equipamento venha a ser utilizado com pacientes. É portanto necessário comprovar-se o seu funcionamento perfeito, por meio dos testes chamados testes de aceitação. É verificado se as especificações do equipamento são concordantes com as nominais (do fabricante). São necessários testes mecânicos, elétricos e com o feixe de radiação. Os testes iniciais incluem a verificação do funcionamento de todos os movimentos do equipamento que devem ser suaves, não podendo ter folgas ou pontos preferenciais de permanência. Deve-se verificar, também, se estão em perfeitas condições de funcionamento os botões para desligamento de emergência, sistema de áudio e vídeo de comunicação com o paciente, e o mecanismo de desligamento de feixe na porta da sala. Deve-se, também, verificar se a blindagem está adequada por meio de medidas de levantamento radiométrico^'*°\ O desempenho mecânico do equipamento deve representar apenas uma fração pequena do desalinhamento total permitido, porque há várias etapas no processo de tratamento. O paciente é tratado geralmente neste equipamento em até 70 frações. A tolerância na reprodutibilidade do posicionamento do paciente pelo técnico é de 2 mm; se a tolerância mecânica para cada parâmetro do acelerador for de 2 mm ou 2°, então a combinação do erro do técnico com a falta de exatidão do equipamento poderá levar a erros TESTES O Ê ACEITAÇÃO 34 totais excedendo a 5 mm. Esta análise simples estabelece que a tolerância mecânica total deve ser de 1-2mm ou de 1°-2° para a maioria dos movimentos dos equipamento de radioterapia^"*"*'. Todos os testes de aceitação descritos a seguir foram realizados pela equipe de engenheiros do fabricante juntamente com o físico da instituição (autora deste trabalho), e o aparelho só deve ser aceito pelo físico se todos os parâmetros estiverem dentro das especificações do fabricante, normalmente dentro dos limites menores. Após o término dos testes, uma cópia dos resultados é encaminhada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para avaliação e liberação da máquina para uso clínico. 4.1. Variação do Isocentro Mecânico com a Rotação Este teste deve ser feito para o colimador, a coluna e a mesa de tratamento do equipamento de radioterapia. 4.1.1. Colimador A coluna é colocada a 0° e é instalado no aparelho o indicador mecânico do raio central (front pointer). Em cima da mesa coloca-se uma folha de papel milimetrado, o colimador é girado de 45 em 45° e o retículo ou o eixo central do campo deve permanecer no mesmo lugar. Quanto à tolerância, os pontos do eixo central devem estar contidos dentro de um círculo com o diâmetro menor ou igual a 2 mm quando o conminador girar 360° ^^''^ O resultado pode ser observado na Tabela 4 . 1 . JOWISSAO NACiÜWAL DE ENERGIA N U C L E A R / S P IPt» TESTES DE ACEITAÇÃO 35 4.1.2. Coluna Coloca-se o indicador mecânico do raio central no aparelho, fazendo com que sua extremidade coincida com a distância de foco-eixo de rotação (isocentro). No final da mesa é colocada outra ponteira coincidindo com a extremidade do indicador mecânico e então a coluna é girada de 360°; a ponta do indicador mecânico deve permanecer em um mesmo ponto. Quanto à tolerância, este ponto deve se mover dentro de uma esfera com diâmetro menor ou igual a 2 mm quando a coluna girar de 360° O resultado pode ser observado na Tabela 4.1. 4.1.3. Mesa de Tratamento A coluna é posicionada a 0° com o indicador mecânico do raio central instalado. Coloca-se uma folha de papel milimetrado em cima da mesa, girase a mesma de 90° a 270° e o eixo central não deve mudar. Quanto à tolerância, os pontos do eixo central devem estar contidos dentro de um círculo com diâmetro menor ou igual a 2 mm quando a mesa girar de 90 a 270° ^"^^l O resultado pode ser observado na Tabela 4.1. Tabela 4.1. Variação do isocentro mecânico do colimador, coluna e mesa Especificação Medida Resultado Colimador <1,0mm 0,5mm ótimo Coluna < 1 ,Omm <0,5mm ótimo Mesa <1,0mm 0,5mm ótimo TESTES DE ACEITAÇÃO Pode-se observar que os resultados estão perfeitamente dentro das especificações; logo o isocentro mecânico do aparelho está perfeito. 4.2. Campo Luminoso e Alinhamento do Retículo Com uma folha de papel milimetrado, á distância do isocentro, e com a coluna a 0°, as bordas do campo luminoso produzidas pelos colimadores devem ser simétricas ao redor do eixo do colimador. Essa simetria deve ser verificada nos ângulos principais do colimador. Esta simetria do campo luminoso deve estar dentro de 1mm ou melhor, ao redor do eixo do colimador. Depois que o colimador for rodado através de 180°, as bordas do campo luminoso devem estar na mesma posição que antes da rotação. O retículo metálico em cruz (cross-hair) deve estar posicionado para projetar sua imagem no eixo de rotação do colimador. Essa posição deve ser verificada quando o colimador é rodado. A imagem do retículo não deve desviar do eixo do colimador durante a rotação por mais do que I m m no isocentro. Os resultados foram satisfatórios. 4.3. Rotação do Colimador e da Coluna O teste de rotação deve ser realizado com relação ao colimador e à coluna. jQMISSAO N A Ü O N A L tJí t N t H G I A N U C L E A R / S P IPt» TESTES D E ACEITAÇÃO 37 4.3.1. Colimador A importância deste teste deve-se ao fato que algumas vezes o colimador deve ser rodado para lados contrários e o campo deve ficar sempre no mesmo lugar. Procedimento: 1. Posiciona-se a coluna a 90° e o colimador a aproximadamente 0°; 2. Coloca-se o topo da mesa no isocentro e abre-se os colimadores; 3. Coloca-se um nível na mesa de maneira que sua sombra seja projetada pelo campo luminoso; 4. Nivela-se o nível e liga-se a lâmpada do campo. As leituras digitais e mecânicas são feitas e comparadas. Os resultados obtidos podem ser observados na Tabela 4.2, todos dentro das especificações. Tabela 4.2. Verificação da rotação do colimador Éspecifícação Mecânica (graus) ±1,0 Leitura Mecânica (graus) 90 (graus) Especificação Digital (graus) 90 ±0,5 Leitura Digital (graus) 89,8 0 ±0,5 0 ±1.0 0 270 ±0,5 269,9 ±1,0 269,5 Angulo TESTES DE ACEITAÇÃO 38 4.3.2. Coluna A coluna é colocada a O, 90, 180 e 270°, utilizando-se um nível, e assim pode-se observar as diferenças entre as leituras digital e mecânica. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 4.3. Tabela 4.3. Verificação da rotação da coluna Ângulo (graus) Especificação Digital (graus) 0 ±0,5 Leitura Digital (grausl 0 Especificação Mecânica (graus) ± 1,0 0 90 ±0,5 90 ±1,0 90,5 180 ±0,5 180 ±1,0 181 270 ±0,5 270,1 ±1,0 270 360 ±0,5 360 ±1,0 360,5 Leitura Mecânica (graus) Os resultados se mostraram satisfatórios, dentro das especificações. 4.4. Movimentos Mecânicos da Mesa Os movimentos mecânicos da mesa (de rotação, lateral, longitudinal e vertical) devem ser verificados. 'ÍOJWISSAO NACIONAL DE ENERGIA N U ü L E A R / S P iPEi TESTES DE ACEITAÇÃO 39 4.4.1. Movimento de Rotação da Mesa Procedimento: 1. Coloca-se o colimador a 0°. Verifica-se a calibração da escala de rotação, acendendo-se a luz de campo e alinhando-se a borda frontal da mesa, paralelamente com a borda do campo luminoso. A escala digital deve mostrar o valor correto dentro de 0,5° e o indicador mecânico dentro de 1,0°; 2. Deve-se verificar os valores para 90, O e 270°. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 4.4. Pode-se observar que em todos os casos foram obtidos resultados dentro das especificações. Tabela 4.4. Movimentos de rotação da mesa Ângulo (graus) Especificação Digital (graus) Leitura Digital (graus) Especificação Mecânica (graus) Leitura Mecânica (graus) 90 ±0,5 90 ±1,0 90 0 ±0,5 0 ±1,0 0 270 ±0,5 270 ±1,0 270 4.4.2. Movimento Lateral da Mesa Procedimento: 1. Coloca-se a mesa centrada lateralmente e anota-se o valor dado pelo computador; TESTES DE ACEITAÇÃO 2. Move-se a mesa 23 cm tanto para a direita como para a esquerda da posição central e anota-se os valores dados pelo computador; 3. Esses valores devem estar dentro de ±2,0 mm dos valores especificados. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 4.5; os resultados estão dentro das especificações. Tabela 4.5. Movimentos laterais da mesa Posição Lateral (ctn) 977 Especificação Digital (mm) Leitura Digital ±2,0 977,0 0 +2,0 0 23 ±2,0 22,9 4.4.3. Movimento Longitudinal da Mesa Procedimento: 1. Posiciona-se a coluna a 0°; 2. Coloca-se a mesa na altura do isocentro; 3. Instala-se uma fita métrica com o auxílio de uma barra transversal, que possui uma abertura central; esta deve estar com o valor de 140 cm no centro da abertura, com o "zero" da fita voltado para a coluna; TESTES DE ACEITAÇÃO 4 -j 4. Com o auxílio do retículo, deve-se fazer as leituras, deslocando-se o tampo da mesa para a posição de 60 cm; a leitura digital deverá estar dentro de 60 cm + 2,0 mm, repetindo-se o procedimento para 120 e 150 cm. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 4.6 estando os resultados satisfatórios. Tabela 4.6. Movimentos longitudinais da mesa Posição Longitudinal (cm) Especificação Digital (mm) Leitura Digital (cm) 120 ±2,0 120,0 O ±2,0 O 150 ±2,0 150,0 4.4.4. Movimento Vertical da Mesa Procedimento: 1. Coloca-se a coluna a 0°; 2. Coloca-se a mesa na altura do ísocentro usando-se o indicador mecânico do raio central como referência; 3. Grava-se os valores digitais; 4. Coloca-se uma régua sobre o tampo da mesa; com o auxílio de uma fita métrica, mede-se da base de rotação da mesa até a régua do tampo da mesa (altura do tampo da mesa em relação à base); 5. Gira-se a coluna para O ou 270°; TESTES DE ACEITAÇÃO 42 6. Adiciona-se 35 cm ao valor de referência e sobe-se a mesa para este valor. O valor digital deverá marcar 965 cm + 2,0 mm; 7. Subtrai-se 60 cm do valor de referência e desce-se a mesa para este valor. O valor digital deverá marcar 60 cm + 2,0 mm. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 4.7, estando os resultados dentro das especificações. Tabela 4.7. Movimentos verticais da mesa Posição Vertical Jcrnl Éspecifícação Digital (mm) Leitura Digital 965 ±2,0 (crn). 965,0 0 +2,0 0 60 +2,0 60,1 4.5. Teste de Isocentro de Radiação Este teste é realizado para se verificar se o isocentro da radiação coincide com o isocentro mecânico, para a rotação da coluna, do colimador e da mesa. 4.5.1. Rotação da Coluna Coloca-se primeiramente a coluna do equipamento a 0°. Um chassi com um filme é colocado perpendicularmente ao eixo central do feixe. Utilizando-se o sistema de lasers, coloca-se o isocentro na TESTES D E ACEITAÇÃO 43 região central do filme. Fecha-se a quase zero (± 0,2 mm) o colimador que fica perpendicular ao filme e abre-se totalmente o que fica paralelo (± 40 cm). São efetuadas as exposições do filme, variando-se o ângulo da coluna de 30 em 30°; e deve-se obter como imagem no filme vários segmentos de reta, que se cruzam em um único ponto, que é chamado isocentro de rotação da coluna. Esses segmentos de reta devem mover-se dentro de um círculo com diâmetro menor ou igual a 2 mm quando a coluna girar 360° Na Figura 4.1 pode-se verificar o resultado satisfatório obtido. Figura 4.1. Filme mostrando o isocentro radioativo da coluna. 4.5.2. Rotação do Colimador Coloca-se primeiramente a coluna do equipamento a 0°. Um chassi com um filme é colocado perpendicularmente ao eixo central do feixe. Utilizando-se o sistema de lasers, coloca-se o isocentro na região central do filme. Fecha-se a quase zero (± 0,2 mm) um dos TES TES DE 44 ACEITAÇÃO colimadores e abre-se totalmente o outro (± 40 cm). Faz-se exposições girando o colimador de 30 em 30° e deve-se obter como imagem segmentos de reta que se interceptam num mesmo ponto. Deve-se repetir o procedimento abrindo-se o colimador que foi fechado e fechando-se o que foi aberto. Esses segmentos de reta devem mover-se dentro de um círculo com diâmetro menor ou igual a 2 mm quando o colimador girar 360° A Figura 4.2 apresenta o resultado satisfatório obtido. Figura 4.2. Filme mostrando o isocentro radioativo do colimador 4.5.3. Rotação da Mesa Coloca-se primeiramente a coluna do equipamento a 0°. Um chassi com um filme é colocado perpendicularmente ao eixo central do feixe. Com a ajuda do sistema de lasers, coloca-se o isocentro na região central do filme. Fecha-se a quase zero colimadores (± 0,2 mm) um dos e abre-se totalmente o outro (± 40 cm). Faz-se exposições TESTES DE ACEITAÇÃO 45 girando a mesa de 30 em 30° e deve-se obter como imagem segmentos de reta que se interceptam num mesmo ponto. Deve-se repetir o procedimento abrindo-se o colimador que foi fechado e fechando-se o que foi aberto. Esses segmentos de reta devem mover-se dentro de um círculo com diâmetro menor ou igual a 2 mm quando a mesa girar de 90 a 270° O resultado obtido, satisfatório, pode ser observado na Figura 4.3. Figura 4.3. Filme mostrando isocentro radioativo da mesa 4.6. Coincidência de Campo Luminoso x Campo Radioativo Com a folha de papel milimetrado à distância do isocentro e com a coluna a 0°, as bordas do campo luminoso produzidas pelos colimadores devem ser simétricas ao redor do eixo do colimador. Essa simetria deve ser verificada nos principais ângulos do colimador. Esta simetria do campo luminoso deve estar dentro de 1 mm, ou melhor, ao redor do eixo do colimador. Depois que o colimador é rodado através de 180°, as bordas do campo luminoso devem estar na mesma posição que antes da rotação. TESTES DE 46 ACEITAÇÃO Nesse ponto a congruência do campo luminoso e de radiação pode ser verificada colocando-se um filme perpendicular ao eixo do colimador à distância do isocentro. A projeção do campo luminoso pode ser demarcada no filme colocando-se objetos rádio-opacos no campo luminoso, com suas bordas externas alinhadas com a borda do campo luminoso, ou marcando com uma caneta de ponta fina as bordas do campo. Coloca-se uma placa de acrílico por cima do filme para se ter o equilíbrio eletrônico necessário e o filme é então irradiado. As bordas do campo luminoso devem corresponder ao nível de dose de 50% dentro de 2 mm<'*°\ Na Figura 4.4 é mostrado o resultado obfido. O teste de coincidência de campo luminoso com o radioativo é muito importante para que se possa ter a certeza de que o campo luminoso, que se vê na pele do paciente, é realmente o que está sendo irradiado. Figura 4.4. Filme mostrando a coincidência de campo luminoso x campo radioafivo. iOWISSAO NflCíÜNAi Lit L N t H ü l M UUULtAM/Ô»* irtl TESTES DE ACEITAÇÃO 47 4.7. Verificação da Espessura de Equilíbrio Eletrônico e da Energia Para este teste as medidas foram realizadas com a câmara de ionização, em várias profundidades na água para a determinação da espessura em que ocorre a dose máxima, que é a espessura de equilíbrio eletrônico (build-up). No caso deste acelerador de 6 MeV essa espessura é de 1,5 cm. A energia do feixe de radiação do acelerador é determinada pela razão da medida na água em 20 cm de profundidade, pela medida a 10 cm, para um campo de 10 x 10 cm^. A especificação do fabricante é que esse valor da razão das medidas deva ficar em torno de (67,0 ± 2)%. Este valor deve ser de 67,5%, para a energia de 6 MeV^\ o valor obtido nas medidas feitas na aceitação foi de 66,5% evidenciando uma variação de 1,5%, abaixo do limite de 2%, que é o recomendado. Na Figura 4.5 tem-se a curva de medida de dose profunda onde se pode observar a profundidade de dose máxima de 1,41 cm e, com o aumento da profundidade, a dose começa a cair. 100 4 6 8 10 Distância do centro (cm) 12 Figura 4.5. Dose profunda para o campo de 10 x 10 cm^ á distância fonte-superfície de 100 cm. TESTES DE ACEITAÇÃO 43 4.8. Uniformidade e Simetria do Campo A uniformidade (planura, flatness) e a simetria de um campo de radiação são importantes no tratamento de um paciente para se ter certeza de que, durante o tratamento, todas as partes do campo do paciente estejam recebendo a mesma dose, ou seja, que a irradiação seja uniforme. As medidas foram realizadas com a câmara de ionização posicionada a 10 cm na água do fantoma, para dois campos de radiação de 1 0 x 1 0 cm^ e de 4 0 x 4 0 c m ^ , transversal e longitudinal, à distância fonte-superfície de 100 cm. As Figuras 4.6 e 4.7 mostram os resultados obtidos no caso de campo de radiação de 10 x 10 cm^ e as Figuras 4.8 e 4.9, de 40 x 40 cm^. A variação da intensidade mínima para a intensidade máxima dentro de 80% das dimensões do campo não deve ser maior que 6%'''°^ A uniformidade do campo de radiação apresentou-se de 4 , 1 , 4,3, 3,0 e 2,8% para respectivamente as Figuras 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9, verificando-se portanto que todos os resultados foram satisfatórios. Quanto à simetria, as medidas em pontos simétricos ao eixo central não devem diferir em mais que 2%, o que também não ocorreu em nenhum dos casos. Foram obtidos apenas 0,6, 0,4, 0,6, e 0,6% para respectivamente as Figuras 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9. TESTES -5 DE ACEITAÇÃO 0 49 5 15 Distância do centro (cm) Figura 4.6. Testes de uniformidade e simetria a 10 cm de profundidade na água para o campo de 10 x 10 cm^, transversal, á distância fontesuperfície de 100 cm. — 1 1 1 1 1 100 - f \ c s ^ s o h- - > i 60 1 140 va 20 0-15 1 7 -10 1 1 1 1 -5 0 5 10 Distância do centro (cm) 15 Figura 4.7. Testes de uniformidade e simetria a 10 cm de profundidade na água para o campo de 10 x 10 cm^, longitudinal, à distância fontesuperfície de 100 cm. TESTES DE ACEITAÇÃO 50 -10 O 10 Distância do centro (cm) 30 Figura 4.8. Testes de uniformidade e simetria a 10 cm de profundidade na água para o campo de 40 x 40 cm^, transversal, à distância fontesuperfície de 100 cm. -10 0 10 Distância do centro (cm) 20 30 Figura 4.9. Teste de uniformidade e simetria a 10 cm de profundidade na água para o campo 4 0 x 4 0 c m ^ , longitudinal, á distância fontesuperfície de 100 cm . TESTES D E ACEITAÇÃO 51 Terminados os testes de aceitação, iniciou-se a dosimetría total do equipamento, para a obtenção dos dados para os cálculos de doses em pacientes, que sao os chamados testes de comissionamento. DOSIMETRIA DO SISTEMA 52 5. DOSIMETRIA DO SISTEMA A dosimetria é sem dúvida o fator primordial na aceitação de um acelerador linear, porque é com base nestes dados que a dose dada ao paciente será calculada, daí a importância de se ter dados confiáveis. Para a realização da dosimetria deste acelerador foi utilizado o protocolo americano AAPM Task Group 2^^^\ 5.1. Calibração do Monitor para liberar 1 cGy/UM, no fantoma de Água a 1,5 cm de Profundidade para o Campo de 10 x 10 cm^ O fator de calibração do monitor foi determinado utilizando-se os dois protocolos de dosimetría AAPM ( T G 2 l f > e IAEA (TRS 21lf^'^^\ obtendo-se os resultados apresentados na Tabela 5.1. O desvio padrão percentual máximo das medidas foi de 0,4%. Tabela 5.1. Fator de calibração do monitor, acelerador Clinac 600C Protocolo • • • : FaioFdeCalibraçãor] (çGy/UM) : AAPM (TG 21) 0,998 + 0,005 IAEA (TRS 277) 0,997 + 0,005 UM: unidade do monitor Como a diferença entre os resultados obtidos utilizando-se os dois protocolos está dentro da incerteza associada, optou-se pela utilização do protocolo AAPM (TG 21) neste trabalho, por ser mais fundamentado que o protocolo da IAEA. ^ ^ i S â A O NAÜCNAL DE EtvtKüiA N u C L c à t i / S P iFt» DOSIMEmiA DO SISTEMA 53 5.2. Determinação da Porcentagem de Dose Profunda (PDP) Uma maneira de caracterizar a distribuição de dose no eixo central é normalizar a dose em uma profundidade com relação à dose em uma profundidade de referência do. A porcentagem de dose profunda ( P D P ) pode ser definida como o quociente da dose absorvida, D , em qualquer profundidade d, com relação à dose absorvida, Do, em uma profundidade de referência fixa do ^^^^: PDP= (Dd / D d o ) x 1 0 0 A P D P depende de profundidade, do tamanho de campo, da distância fonte-superfície e da energia do feixe. As medidas neste acelerador foram feitas inicialmente utilizando-se o fantoma de água de 30 x 40 x 40 cm^ com manivela, para facilitar as medidas em várias profundidades e para vários tamanhos de campos. Foram feitas medidas utilizando-se a câmara de ionização, para cada tamanho de campo e para cada profundidade, obtendo-se os dados das Tabelas 5.2 e 5.3. O desvio padrão máximo das medidas foi de 0,5%. Os valores das Tabelas 5.2 e 5.3 estão apresentados em porcentagem (%). Sabe-se que a 1,5 cm, que é a espessura de equilíbrio eletrônico, a dose é de 100% e, à medida que a profundidade vai aumentando, essa porcentagem vai diminuindo. Nas Tabelas 5.4 e 5.5 estão apresentados os resultados obtidos, utilizando-se o fantoma de água de 52 x 65 x 48 cm^, automático. O desvio padrão máximo das medidas foi de 0,5%. DOSIMETRIA DO SISTEMA 54 Tabela 5.2. Medidas da porcentagem de dose profunda, PDP, na água com câmara de ionização e fantoma manual. Profundidade (cm) 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 7,0 9,0 10,0 11,0 13,0 15,0 17,0 19,0 20,0 4x4 98,1 100,0 99,0 94,3 84,5 75,1 66,6 62,7 59,0 52,2 46,2 40,9 36,3 34,2 Can i p o d e raidiação (c m^) 6x6 8x8 10x10 12x12 98,4 98,0 98,5 98T8 100,0 100,0 100,0 100,0 99,3 99,2 99,2 98,9 94,9 95,0 95,1 95,0 85,6 86,3 86,8 86,9 76,7 77,7 78,6 78,9 68,4 69,7 70,9 71,4 64,5 66,0 67,2 67,9 60,9 62,4 63,7 64,4 54,1 55,6 57,1 57,9 48,0 49,6 51,1 52,1 42,6 44,2 45,7 46,7 37,9 39,4 40,9 41,9 35,7 38,7 37,2 39,6 15x15 98,9 100,0 98,9 95,1 87,3 79,6 72,4 68,9 65,6 59,3 53,5 48,1 43,3 41,1 Tabela 5.3. Medidas da porcentagem de dose profunda, PDP, na água com câmara de ionização fantoma manual. Profundidade (cm) 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 7,0 9,0 10,0 11,0 13,0 15,0 17,0 19,0 20,0 Campo de radiação (cm ) 17x17 20x20 24x24 2 6 x 2 6 28x28 99,0 ~ 99,7 99,8 99,8 " 98,9 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 98,7 98,9 98,7 98,6 98,6 95,0 95,2 95,2 95,1 95,1 87,5 87,5 87,8 87,8 88,0 80,2 80,7 80,8 81,0 80,1 72,9 73,3 73,8 73,9 74,2 69,5 69,9 70,6 70,6 71,0 66,3 66,7 67,4 67,5 67,9 60,0 61,4 60,5 61,5 61,9 54,2 54,9 55,8 55,9 56,4 49,0 50,6 51,3 49,7 50,8 44,2 44,9 45,9 46,5 46,0 41,9 43,7 44,3 42,7 43,8 ¡ 30x30 99,9 100,0 98,6 95,2 88,1 81,1 74,3 71,1 68,0 62,0 56,5 51,4 46,7 44,4 i : 1 i i I ¡ ! . i DOSIMETRIA DO SISTEMA 55 Quando são comparados os dados obtidos com os da literatura^^\ pode-se observar que os dados estão concordantes, sendo que as diferenças variam de 0,1 a 2,2%. Tabela 5.4. Medidas da porcentagem de dose profunda, PDP, na água com câmara de ionização e fantoma automático Profundidade (cm) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 6,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 15,0 16,0 17,0 20,0 22,0 25,0 27,0 30,0 0x0 45,4 68,9 84,5 100,0 96,6 90,2 78,7 73.6 64,3 60,1 56,2 52,5 49,1 40,3 37,7 35,3 29,0 25,4 20,9 18,4 15,1 Campo de radiação (cm^) 3x3 5x5 6x6 7x7 47,9 49,3 50,0 50,8 72,6 71,6 73,0 73,5 85,8 86,3 86,5 86,7 100,0 100,0 100,0 100,0 97,8 98,6 98,7 98,7 94,1 92,2 94,4 94,7 82,5 85,2 85,7 86,0 77,5 80,6 81,3 81,7 68,0 71,7 72,7 73,3 63,7 67,5 68,6 69,3 59,5 63,5 64,8 65,5 55,7 60,0 61,2 62,0 52,3 56,5 57,8 58,6 43,0 47,0 48,3 49,2 40,3 44,3 45,6 46,4 37,8 41,8 42,9 43,8 31,5 35,0 36,2 37,1 27,9 31,1 32,1 32,9 23,0 25,9 26,9 27,7 20,4 22,9 23,9 24,7 17,0 19,4 20,1 20,8 8x8 51,5 73,9 87,0 100,0 98,7 94,9 86,2 82,0 73,8 69,9 66,2 62,7 59,3 50,0 47,2 44,7 37,9 33,7 28,5 25,4 21,5 DOSIMETRIA DO SISTEMA 5g Tabela 5.5: Medidas de porcentagem de dose profunda (PDP), na água, com câmara de ionização e fantoma automático Profundidade (cm) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 5,0 6,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 15,0 16,0 17,0 20,0 25,0 27,0 30,0 10x10 53,1 74,8 87,4 100,0 98,7 95,2 86,7 82,8 74,8 71,2 67,6 64,2 60,8 51,6 48,9 46,2 39,3 29,7 26,6 22,6 Campo de radiação (cm^ ) 15 X 15 20x20 12x12 25 X 25 54,6 60,6 64,4 56,9 75,7 76,9 78,8 80,8 87,9 88,5 89,4 90,4 100,0 100,0 100,0 100,0 98,8 98,9 98,9 98,8 95,3 95,4 95,5 95,6 87,2 87,6 88,5 88,1 83,3 83,9 84,6 85,1 75,6 76,5 77,4 78,4 72,1 75,2 73,0 74,0 71,9 68,6 69,5 70,8 65,3 66,3 67,6 68,9 62,0 63,1 65,9 64,7 52,9 57,7 54,3 56,0 55,0 50,2 51,6 53,3 47,6 48,9 50,8 52,3 40,7 42,0 43,7 45,5 30,9 32,2 33,9 35,6 27,7 29,0 30,7 32,3 24,9 26,3 27,7 23,7 30x30 67,9 82,7 91,4 100,0 98,9 95,7 88,8 85,7 79,1 76,0 72,8 69,9 67,1 59,0 56,2 53,7 46,8 37,0 33,5 28,8 Quando são comparados os dados obtidos para este acelerador neste caso e os dados da literatura'^', nota-se que os valores obtidos estão concordantes, sendo que as diferenças encontradas variaram de 0,1 a 1,1%. Quando se compara a dosimetria feita com o fantoma manual e com o automático, pode-se observar que as diferenças variam de 0,1 a 5,5%. Esta diferença de 5,5% ocorreu só caso do campo de 30 x 30 cm^ (profundidade de 20 cm); isso deve-se provavelmente á largura do fantoma manual, que é de 30 cm. Também os dados obtidos com o fantoma manual para a profundidade de 1,0 cm não são coerentes, devido ao fato da câmara dedal ser muito grande para medida à baixa profundidade. DOSIMETRIA DO SISTEMA 57 5.3. Determinação da Relação de Tecido Máximo A relação de tecido máximo (TMR), segundo definição de Holtetal/^^\ é a taxa de dose num meio, num ponto P, com relação à dose de ionização máxima. A definição do TMR é relacionada ao processo de calibração recomendado para feixes de raios X com energias mais altas que 3 MeV, pelo qual todas as medidas são feitas em um fantoma à profundidade igual ou maior do que a profundidade de dose máxima'^^\ TMR = Dd / D m onde: Dd = dose em uma determinada profundidade Dm = dose na profundidade máxima (1,5 cm) As medidas foram feitas com o fantoma de 30 x 40 x 40 c m ^ em várias profundidades, para tamanhos de campo desde O x O até 30 x 30 cm^. A câmara foi posicionada sempre a 100 cm do foco da radiação. Os resultados obtidos podem ser observados nas Tabelas 5.6 e 5.7 com o uso do fantoma manual e nas Tabelas 5.8 e 5.9 com o uso do fantoma automático. O desvio padrão máximo das medidas foi de 0,5%. DOSIMETRIA DO SISTEMA 53 Tabela 5.6. Valores determinados para a relação de tecido máximo com câmara de ionização, utilizando o fantoma manual. Profundidade (cm) 1,5 2,0 3,0 3,5 4,0 8,0 10,0 12,0 15,0 20,0 4x4 5x5 CaiTipo de radiaçé \o(cm^, qYs 6x6 7x7 9x9 1,000 0,996 0,965 0,948 0,931 0,788 0,722 0,659 0,575 0,458 1,000 0,999 0,971 0,955 0,939 0,802 0,735 0,673 0,589 0,470 1,000 0,999 0,974 0,959 0,943 0,813 0,749 0,661 0,602 0,483 1,000 0,999 0,974 0,960 0,945 0,819 0,757 0,699 0,612 0,492 1,000 0,998 0,975 0,961 0,946 0,826 0,765 0,705 0,623 0,503 1 10x10 1,000 0,999 0,976 0,963 0,950 0,834 0,773 0,715 0,633 0,513 11x11 1,000 0,998 0,977 0,964 0,952 0,839 0,781 0,723 0,646 0,525 1,000 0,999 0,978 0,966 0,953 0,843 0,787 0,726 0,650 0,530 Tabela 5.7. Valores determinados para a relação de tecido máximo com câmara de ionização, utilizando o fantoma manual. Profundidade (cm) 1,5 2,0 3,0 3,5 4,0 8,0 10,0 12,0 15,0 12x12 1,000 0,999 0,977 0,966 0,956 0,848 0,792 0,737 0,657 Campo de radiação (cm^) 15x15 20x20 25x25 1,000 0,999 0,978 0,968 0,958 0,857 0,805 0,754 0,677 1,000 0,997 0,979 0,969 0,959 0,868 0,819 0,771 0,699 1,000 0,997 0,979 0,970 0,961 0,874 0,827 0,781 0,712 30x30 T,ooo " 0,997 0,980 0,971 0,963 0,878 0,834 0,790 0,723 Quando os dados obtidos são comparados com os da literatura'^\ as diferenças variam de 0,1% a 3,5%, os quais dão um indicativo de que estes dados são satisfatórios. 'IOSRTÍSBAO N A C ; G N í - l TIT E Í ^ T R Í I I A í-íuOlcAH/SP 11^ DOSIMETRIA DO SISTEMA 59 Tabela 5.8. Valores determinados para a relação de tecido máximo, com câmara de ionização, utilizando o fantoma automático Profundidade (cm) 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4.0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 12,0 15,0 17,0 20,0 22,0 0x0 0,711 0,975 1,000 0,976 0,929 0,884 0,842 0,801 0,763 0,726 0,691 0,658 0,596 0.514 0,466 0,402 0,364 5x5 0,729 0,979 1,000 0,996 0,968 0,940 0,911 0,877 0,842 0,808 0,774 0,739 0,679 0.592 0,542 0,476 0,436 Campo de radiação (cm^) 6x6 7x7 8x8 9x9 0,733 0,737 0.740 0,744 0,980 0,980 0,980 0,980 1,000 1,000 1.000 1,000 0,997 0.997 0.997 0.997 0,972 0,975 0.977 0,979 0,945 0.948 0,951 0.954 0,916 0,919 0.921 0,924 0,884 0,889 0,893 0,897 0,851 0,857 0.862 0,867 0,818 0,825 0,832 0,838 0,785 0.793 0.801 0.808 0.753 0.763 0.772 0.779 0,694 0.704 0,714 0.723 0.607 0.619 0.630 0.640 0,557 0.569 0.580 0,590 0,489 0,502 0,514 0,524 0,448 0.459 0.470 0,480 10x10 0,748 0,980 1,000 0,997 0,980 0,956 0,927 0,901 0,872 0,843 0,815 0.786 0,731 0,649 0,599 0,533 0,489 11x11 0,752 0,981 1,000 0,998 0,981 0,958 0,930 0,904 0,876 0,848 0,821 0,793 0,739 0.658 0,608 0,541 0,497 DOSIMETRIA DO SISTEMA QQ Tabela 5.9. Valores medidos da relação de tecido máximo, com câmara de ionização, utilizando o fantoma automático Ptofundidade (cm) 0,5 1.0 1,5 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 12,0 15,0 17,0 20,0 22,0 12x12 0,756 0,981 1,000 0,998 0,981 0,960 0,932 0,907 0,880 0,852 0,826 0,799 0,746 0,666 0,616 0,549 0,505 Campo de radiação 15x15 18x18 20x20 0,778 0,767 0,786 0,983 0,984 0,982 1,000 1,000 1,000 0,998 0,998 0,998 0,983 0,984 0,982 0,965 0,966 0,963 0,940 0,942 0,936 0,913 0,918 0,921 0,894 0,889 0,898 0,862 0,869 0,873 0,845 0,838 0,850 0,811 0,820 0,826 0,761 0,772 0,779 0,698 0,685 0,707 0,651 0,637 0,660 0,595 0,572 0,586 0,530 0,543 0,552 (cm') 25x25 0,806 0,987 1,000 0,999 0,985 0,968 0,946 0,927 0,906 0,883 0,862 0,839 0,795 0,726 0,680 0,615 0,574 30x30 0,825 0,990 1,000 0,999 0,985 0,970 0,949 0,932 0,914 0,892 0,872 0,849 0,808 0J44 0,697 0,636 0,593 ! : ! : ! ; i ! i 1 j ; i i Quando os dados obtidos são comparados com os da literatura'^\ as diferenças variam de 0 , 1 % a 1,5%, os quais dão um indicativo de que estes dados são satisfatórios. Quando são comparados os resultados obtidos da dosimetria realizada com o fantoma manual e com o automático, observa-se que as diferenças variam entre 0,1 e 1,8%; no maior caso a diferença foi de 2,9%, indicando que os dados obtidos nos dois procedimentos de dosimetria são equivalentes. DOSIMETRIA DO SISTEMA 61 5.4. Determinação dos Fatores de Abertura de Colimador e de Retrodispersão 5.4.1. Fatores de Abertura de Colimadores Segundo Khan et al. o fator de abertura de colimador (FAC) pode ser definido como a taxa de dose primária efetiva para um dado tamanho de campo de colimador normalizado para um campo de 10 x 10 cm^. Para a determinação do FAC, as medidas foram realizadas no ar, utilizando-se a câmara de ionização com capa de equilíbrio eletrônico espessa o suficiente (nesse caso 1,5 cm), para se ter a dose máxima. Na Tabela 5.10 são apresentados os resultados obfidos. O desvio padrão máximo foi de 0,5%. Pode-se observar que o FAC apresenta dependência com o tamanho do campo de radiação. 5.4.2. Fatores de Retro-dispersão O fator de retro-dispersão (BSF) pode ser definido como a relação entre a dose para um dado campo em um fantoma na profundidade de referência e a dose no mesmo ponto e profundidade para o campo de referência, com a mesma abertura de colimador'^^ O BSF indica como a dose de radiação é aumentada pela radiação retroespalhada do fantoma. Segundo Khan et a\}^^\ a medida direta do BSF de acordo com a definição é difícil. Entretanto, o BSF pode ser determinado: Sc,p = FAC X BSF e portanto onde Sc,p é o fator de espalhamento total. BSF = Sc,p / FAC, DOSIMETRIA DO SISTEMA O Sc.p é medido da seguinte forma: a câmara é colocada a 1,5 cm de profundidade à distância de 100 cm da fonte na superfície da água, e são feitas medidas de Scp e F A C com a câmara de ionização para todos os tamanhos de campo. O desvio padrão das medidas não ultrapassou 0,5%. Na Tabela 5.10 são apresentados os resultados obtidos para campos de radiação de dimensões diferentes. O B S F apresenta também dependência com o tamanho do campo de radiação. Tabela 5.10. Fatores de abertura de colimador (FAC) e de retro-dispersão (BSF). Campo (cnf) 4x4 5x5 6x6 7x7 8x8 9x9 l O x 10 11x11 12x 12 13x 13 14x 14 15x 15 16x 16 17x 17 18x 18 19x 19 20x20 22x22 24x24 25x25 27x27 30x30 FAC BSF 01^51" 0^947 0,981 0,987 0,991 0,994 0,997 1,000 1,003 1,005 1,007 1,010 1,011 1,014 1,016 1,018 1,020 1,021 1,024 1,027 1,027 1,030 1,035 0,964 0,976 0,984 0,990 0,995 1,000 1,002 1,006 1,008 1,011 1,013 1,014 1,016 1,018 1,019 1,021 1,023 1,026 1,028 1,030 1,031 DOSIMETRIA DO SISTEMA 53 5.5. Medida do Fator de OFF-AXIS Filtros achatadores {flattening filters) são utilizados nos feixes dos aceleradores lineares para aplainar as curvas de isodose por meio de um campo numa profundidade específica. Entretanto, frequentemente isto faz com que a dose seja maior fora do raio central, particularmente em pequenas profundidades. Essa falta de uniformidade de dose precisa ser levada em consideração no cálculo de dose fora do eixo central'^\ que é conhecido como fator de off-axis. OFF-AXIS = % de dose no ponto fora do eixo % de dose no raio central As medidas foram feitas no ar com a câmara de ionização dedal com capa de equilíbrio eletrônico, utilizando um campo de 40 x 40 c m ^ . O desvio padrão não excedeu 0,5%. Na Tabela 5.11 são apresentados os resultados. Os resultados de off-axis para aceleradores nessa faixa de energia estão na faixa de 5%, mostrando que os resultados obtidos estão dentro do esperado. DOSIMETRIA DO SISTEMA 54 Tabela 5.11. Fatores de off-axis, medidas realizadas no ar com a câmara de ionização com capa de equilíbrio eletrônico (1,5 cm). X e Y representam direções transversal e longitudinal respectivamente. Distância do Centro (cm) 0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 X Direita X Esquerda 1,000 1,002 1,006 1,014 1,020 1,025 1,028 1,030 1,032 1,032 1,035 1,036 1,039 1,042 1,046 1,047 1,049 1,049 1,046 1,035 0,285 1,000 1,002 1,009 1,017 1,024 1,030 1,033 1,036 1,038 1,038 1,040 1,042 1,044 1,047 1,050 1,051 1,052 1,051 1,048 1,036 0,326 Y Direita 1,000 0,998 1,001 1,007 1,015 1,021 1,026 1,030 1,033 1,034 1,035 1,037 1,038 1,041 1,044 1,046 1,048 1,047 1,047 0,935 0,824 Y Esquerda 1,000 1,006 1,012 1,019 1,024 1,028 1,032 1,033 1,034 1,034 1,036 1,037 1,039 1,041 1,044 1,044 1,044 1,029 1,015 0,663 0,312 5.6. Determinação dos Fatores de Bandeja As bandejas lisas e furadas são utilizadas para as colimações nos campos de tratamento e elas têm um fator de absorção que precisa ser determinado. DOSIMETRIA DO SISTEMA 65 Estas medidas foram feitas na água com a câmara posicionada a 5 cm dP profMpdicJQde com distância foco-superfície da água de 100 cm. Inicialmente são realizadas medidas com a bandeja colocada no feixe e depois sem a bandeja, em cada caso. O fator de bandeja (FB) é dado por: FB = Leitura com bandeja / Leitura sem bandeja Os valores são mostrados na Tabela 5.12. Tabela 5.12. Fatores de bandeja lisa e furada Bandeja FB Lisa 0,968 + 0,005 Furada 0,980 + 0,005 5.7. Determinação dos Fatores de Filtros Os filtros em cunha diminuem o rendimento da máquina; eles devem ser levados em conta nos cálculos da dose de tratamento. Os filtros em cunha são ufilizados para homogeneizar a dose num determinado local; eles também corrigem a falta de tecido numa determinada parte a ser tratada. Esse efeito é caracterizado pelo fator de transmissão de filtro, ou fator de filtro (FW), definido como a razão entre as taxas de dose com e sem o filtro, em um ponto no fantoma ao longo do eixo central do feixe'^^^ As medidas foram feitas com a câmara posicionada a 5 cm de profundidade na água, para um campo 1 0 x 1 0 cm^, mantendo-se a distância foco-superficie de 100 cm. Inicialmente são realizadas medidas com o filtro posicionado no campo e depois sem o filtro. DOSIMETRIA DO SISTEMA O fator de filtro (FW), é dado por: FW = Leitura com filtro / Leitura sem filtro Os resultados são apresentados na Tabela 5.13. Tabela 5.13. Fatores de filtros Filtro FW 15° 0,806 ± 0,004 30° 0,706 + 0,004 45° 0,573 + 0,003 60° 0,409 + 0,002 66 PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE QJ 6. PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE Uma vez que os testes de aceitação foram realizados, as medidas de comissionamento ficaram prontas e o aparelho já está calibrado para liberar 1 cGy/UM na condição de equilíbrio eletrônico para o campo de 10 x 10 cm^, o programa de controle da qualidade já pode ser implementado'^'^'^^\ Este programa, ao ser montado, deve levar em conta a necessidade dos testes a serem feitos, a freqüência com que eles devem ser realizados, as técnicas a serem ser seguidas, sempre lembrando que os equipamentos a serem utilizados para os testes devem ser de fácil manuseio e utilização para economizar tempo de trabalho. Há estimativas de que aproximadamente 2,5 milhões de pacientes por ano, ao redor do mundo, se submetem à radioterapia e pode ser dito que a relação custo-benefício com um bom programa de controle de qualidade pode até mesmo aumentar por alguns porcento as taxas de cura de câncer''*'*^ Sendo assim, no CEBROM foram implementados os seguintes testes com as respectivas freqüências: Testes Frequência Fator de calibração semanal Energia semanal Botões de segurança - botões de emergência semanal Dimensões do campo luminoso - indicado x medido semanal Indicador de distância foco-superfícle - escala óptica x indicador semanal Indicador de ângulos da coluna - digital x mecânico semanal Indicador de ângulo do colimador - digital x mecânico semanal Coincidência de campo luminoso x campo radioativo mensal Diferença entre retículo e escala óptica mensal PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 68 6.1. Determinação do Fator de Calibração O fator de calibração é determinado, tomando-se medidas na água a 5 cm de profundidade com a câmara de ionização. Os resultados obtidos desde a instalação do sistema até novembro de 2000 são apresentados na Tabela 6 . 1 . O desvio máximo padrão das medidas foi de 0,5%. Tabela 6.1. Resultados obtidos para os fatores de calibração no período de fevereiro de 1998 a novembro de 2000, utilizando taxa de dose de 320 cGy/UM Fator de Calibração \^no Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 1998 1999 2000 - 0,998 0,996 0,999 0,996 0,996 1,000 0,997 0,994 0,997 0,998 0,994 0,997 1,001 1,000 0,999 0,998 0,994 0,995 1,002 0,995 0,995 0,990 0,994 1,000 1,000 0,998 0,998 0,998 0,999 0,998 0,999 1,000 0,997 0,997 - Pode-se verificar que a variação máxima foi de 1,0% em apenas um caso em relação ao valor unitário, sendo que a maioria se manteve dentro do valor esperado,mostrando que os resultados são satisfatórios. O formulário apresentado a seguir é utilizado para se determinar o fator de calibração. PROGRAMA DE CONTROLE DA 69 QUALIDADE Formulário para Obtenção do Fator de Calibração (Protocolo AAPM T G 2 1 ) Feixe de Fótons de 6 MV Data: Eletrometro: Sun Nuclear Câmara: Exradin (à prova d'água) / / Modelo: A12 Modelo: 1010 Série: 1450010 DFS = 100 cm Tamanho do campo na superfície = 1 0 x 1 0 cm^ Profundidade no centro da câmara = 5 cm Pressão Inicial = kPa Temperatura Inicial = °C Pressão Final = _ Temperatura Final kPa °C (j) (p,T) = [(273,2 + T) / 293,2)1. (760/P) •t» (P,T) = Unidade U (+300V) L (-300V) Monitora 100 100 100 (cGy/UM) Fr = L(p,T) Npás L/p Pwail Pion Prepl Fc = L(p,T) X produto dos fatores acima = Erro = Fc/Fcref = / = 100/PDP(5) (cGy/UM) PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE JQ 6.2. Verificação da Energia do Feixe Para feixes de raios X, o potencial de aceleração nominal está relacionado com as medidas de taxa de ionização feitas a uma distância fonte-detetor fixa de 100 cm e a duas diferentes profundidades. A câmara é posicionada no centro de um campo de 10 x 10 cm^ no phantom de água primeiramente na profundidade de 10 cm e depois na profundidade de 20 cm, obtendo-se medidas com valores médios de Lio e L20 respectivamente. O desvio padrão máximo das medidas foi de 0,5%. A energia é verificada por: L20 / L10. A relação para este aparelho é de (67 ± 2)%. A energia dos aceleradores lineares é definida pela porcentagem de dose profunda a 10 cm de profundidade 10 X na água para o campo de 10 cm^. Os resultados para este acelerador mostraram uma relação de energia com valor de 67,6% quando comparados com a literatura'^' que é de 67,5%; os resultados são portanto equivalentes. Na Tabela 6.2 são apresentados os resultados para o teste de verificação da energia deste acelerador desde fevereiro de 1998 até novembro de 2000. Observa-se que a variação máxima, em relação ao valor de 67,5%, foi de 0,9%, mas ainda dentro de 2%, mostrando que os resultados são satisfatórios. PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 7 -| Tabela 6.2. Resultados obtidos para o teste da verificação da energia do feixe de radiação. (L2(/Lio)100 (%) \ Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho 1 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro .: f 998 f999 2000 - 67,8 67,7 67,9 68,0 67,9 67,9 67,8 68,1 68,0 67,6 67,8 67,7 67,9 67,9 67,6 67,7 67,6 67,4 67,4 67,5 67,5 67,5 67,5 66,9 66,9 66,9 67,1 67,4 67,5 67,6 67,8 67,8 67,7 67,7 • 6.3. Coincidência de Campo Luminoso x Campo Radioativo Um filme dentro do envelope, onde se marca um campo de 10 X 10 cm^, é colocado entre duas placas de acrílico, sendo que a de baixo é para o retroespalhamento e a de cima de 1,5 cm é para se obter a condição de equilíbrio eletrônico do aparelho. Este aparato é colocado à distância de 100 cm do foco, e o filme é irradiado com uma dose de 50 cGy. Depois de irradiado, o filme é avaliado no densitômetro, no centro do campo e nas direções x+, x-, y+ e y-. Quando a leitura em relação ao centro cair até 50%, o campo é definido, e assim então pode-se comparar o tamanho do campo radioativo com o luminoso. PROGFtAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE J2 Tabela 6.3. Resultados obtidos para o teste de coincidência de campo luminoso x campo radioativo Vanação do campo (mm) Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 1998 1999 2000 - 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5 1,0 1,0 1,0 1.0 1,0 1,0 0,5 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 2,0 0,5 0,5 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0,5 1,0 - Pode-se verificar que apenas em algumas vezes chegou-se a 2 mm, que é o limite recomendado, mostrando que os resultados são satisfatórios. 6.4. Diferença entre Reticulo e Escala Óptica Este teste constitui-se simplesmente da verificação de quanto o centro do campo do aparelho está deslocado com relação à escala óptica (que indica a distância foco-superfície). O teste foi realizado mensalmente entre fevereiro de 1998 e outubro de 2000, não tenhdo sido detectada nenhuma variação. COMISSÃO NACIONM DE E N E R G M NUCLfAR/SP ty,r PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 73 6.5. Botões de Segurança - Botões de Emergência Os botões de segurança são acionados para se verificar o corte imediato da emissão de radiação. Com o aparelho na condição de I estacionário (stand-by), aciona-se o botão de emergência e o aparelho deve desligar por completo. Há ainda o teste da porta que é feito com o aparelho em funcionamento. Abre-se a porta e o feixe deve parar imediatamente. Nos dois casos, nunca houve nenhum tipo de falha mecânica no período entre 1998 e 2000. 6.6. Dimensões do Campo Luminoso Este teste é realizado com o objetivo de verificar se o campo luminoso de radiação é exatamente o que se está utilizando durante as irradiações. As dimensões do campo foram examinadas entre o período entre fevereiro de 1998 e novembro de 2000. Os resultados podem ser observados na Tabela 6.4. Os resultados obtidos recomendado pelo fabricante. sempre estiveram abaixo do limite PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 74 Tabela 6.4. Resultados obtidos para dimensões luminoso - indicado x medido. 1 0 x 10 20x20 Campo Luminoso (cm^) 1 0 x 10 20x20 1998 do campo 10x 10 1999 20x20 2000 10.0 x 10,0 19,9 20,0 10,0x10,0 20,1 x20,0 X 10,0x10,0 20,0x20,1 10,0x10,1 20,1 x20,1 10,0x10,1 20,0x20,0 10.0 10,0 20.0 x20,0 10,0x10,1 20,1 x20,0 10,0 x 10,1 20,0 x 20,0 10,0 19,9x20,0 10.1 x10,0 20,1 x20,0 10,0x10,1 20,0x20,1 10,2x10,0 20,2x20,0 10,0x10,0 20,1 x20,0 10,0x10,1 20,0 x20,1 10.1 x10,0 20,0x19,9 10,0x10,0 20,1 x20,0 10,0x10,1 20,0x20,1 10,1 x 10,0 19,9 19,9 10,0x10,1 20,1 x20,0 10.0 10,1 20,0 x20,0 10,0x10,1 20,0x20,1 10,1 x10,0 20,1 x20,0 10,0x10,1 20,0x20,0 10,1 x10,1 20,0x20,0 10.0 10,0 20,1 x20,0 10,0x10,1 20.0 x20,1 10,0x10,1 20,0x20,1 10,0x10,0 20,1 x20,0 10.1 x10,0 20.1 x20,0 10,0x10,1 20.1 x20,0 10.1 10,1 20,1 x20,0 10,1 x 10,0 20,0x20,1 10,0x10,1 20,1 x20,0 10,0x10,0 20,1 x20,0 9,9 X X X X X X Os testes para os colimadores assimétricos têm-se mantido dentro do mesmo padrão. 6.7. Indicador de Distância Foco-Superficie O teste é realizado com o objetivo de verificar a distância de tratamento utilizada. Este teste é realizado medindo-se as distâncias com a escala óptica do aparelho. Estas distâncias são a seguir examinadas com os respectivos indicadores mecânicos. Foram feitas verificações semanais durante o período de fevereiro de 1998 a novembro de 2000, não tendo sido observada nenhuma variação entre os valores indicados e medidos. COMiSSAO NACiONAt DE ENEHGIA NUCLEAH/SP «Pt. PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 75 6.8. Indicador de Ângulo da Coluna O objetivo deste teste é de se verificar as angulações mostradas no marcador digital do aparelho. Foram realizadas as verificações entre fevereiro de 1998 e novembro de 2000. Os resultados estão apresentados na Tabela 6.5. A maior variação observada foi de 1,0° em apenas um caso; a maioria se manteve abaixo das especificações. Os resultados são portanto satisfatórios. Tabela 6.5. Resultados obfidos para os ângulos da coluna Posicionamento da Coluna 0° 90° "\Ano Mês"-^,.^^ 180° 270° 0° - - Fevereiro 0 90,5 Março 0 Abril 180° 270° 0° 90° 1999 1998 Janeiro 90° - - 180° 270° 2000 0 89,7 179,7 270,1 0 90,0 179,8 270,1 180,0 270,0 0 90,0 180,1 270,0 0 90,1 180,0 270,1 90,5 180,0 270,0 0 90,1 180,0 270,1 0 90,1 180,0 270,1 0 90,5 180,0 270,0 0 90,2 180,0 270,0 0 90,1 180,0 270,0 Maio 0 90,5 180,0 270,0 0 90,0 180,0 270,1 0 90,0 180,0 270,1 Junho 0 90,0 180,0 270,0 0 90,1 179,9 270,1 0 90,0 179,9 270,1 Julho 0 90,0 180,0 270,0 0 90,0 180,1 269,9 0 90,1 179,8 270,1 Agosto 0 90,0 180,0 270,0 0 90,2 180,2 270,4 0 90,0 179,9 270,0 Setembro 0 90,0 181,0 270,0 0,1 90,1 180,0 269,9 0 90,1 179,9 270,0 Outubro 0 90,0 180,5 270,0 0 90,1 180,1 270,0 0 90,1 179,8 270,0 Novembro 0 90,0 180,0 270,1 0 90,1 180,1 270,1 0 90,2 179,7 270,1 Dezembro 0 90,0 180,1 270,0 0 90,1 180,1 270,0 - - - - PROGRAMA DE CONTROLE DA QUALIDADE 76 6.9. Indicador de Ângulo do Colimador O objetivo deste teste é de se verificar as angulações mostradas no marcador digital do aparelho. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 6.6. A maior variação foi de 1,0° em apenas 2 meses e para um lado apenas, sendo que a maioria está abaixo das especificações. Os resultados são portanto satisfatórios. Tabela 6.6. Resultados obtidos dos ângulos do colimador Posicionamento do Colimador 0° \ A n o Mês^.,^^ 90° 270° 0° 1998 Janeiro - - Fevereiro 0 90,5 Março 0,5 Abril 90° 270° 0° 90° 270° 2000 1999 0,1 90,1 270,5 0 90,0 270,0 270,5 0 90,0 270,0 0 90,2 270,2 89,5 269,1 0 90,2 270,2 0 90,1 270,1 0 90,5 271,0 0 90,2 270,2 0 90,2 270,2 Maio 0 90,9 271,0 0 90,0 270,2 0 90,0 270,2 Junho 0 90,0 270,0 0 90,1 270,2 0 90,1 270,2 Julho 0 90,0 270,0 0,1 90,0 269,2 0 90,1 270,0 Agosto 0 90,0 270,0 0 90,2 270,2 0 90,1 270,2 Setembro 0 90,0 270,1 0,1 90,1 270,4 0 90,1 270,3 Outubro 0 90,0 270,0 0 90,2 270,1 0 90,1 270,4 Novembro 0 90,1 270,1 0 90,0 270,2 0 90,2 270,5 Dezembro 0 90,1 270,1 0 90,1 270,0 - - - COMISSÃO NAC.ONAL D £ ENERGIA N U C L E A R / S P IPfc* CONCLUSÕES 77 7. CONCLUSÕES O sistema do acelerador do CEBROM, em Goiânia, entrou em funcionamento após passar por todos os testes de aceitação, dosimetria e controle de qualidade inicial, em fevereiro de 1998, e desde então foi implantado o programa de controle de qualidade descrito neste trabalho. Após 2 anos e 10 meses de funcionamento, a maior variação verificada no fator de calibração foi de 1,0% em apenas um caso, sendo que a maioria se manteve dentro das especificações. Na determinação da energia, a maior variação foi de 0,9%, sendo que na maioria dos casos os valores se mantiveram dentro das especificações, mostrando assim a excelente estabilidade do aparelho. A longo prazo, o programa de controle de qualidade em andamento continuará, para que possamos manter a qualidade dos tratamentos. A cada 3 meses o aparelho passa por uma revisão completa de peças e acessórios e sempre que uma apresenta qualquer defeito, a mesma é substituída. Sempre que os botões de segurança e a porta foram acionados com 0 aparelho em funcionamento, o feixe foi interrompido imediatamente, mostrando que o aparelho apresenta a segurança desejada. Os campos radioativo e luminoso têm ficado dentro de no máximo 1 mm de diferença, exceto por 3 casos em que ficaram em 2mm, mas que foram corrigidos imediatamente, conforme observado nos resultados apresentados. Desde que o serviço começou, já foram tratados 1200 pacientes, sendo que radiação. nenhum deles apresentou qualquer efeito fora os normais da REFERÊNCIAS BIBUOGRÁFICAS JQ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AIRD, E.G.A.; BURNS, J.E.; DAY, M.J.; DUANE, S.; JORDAN, T.J.; KACPEREK, A.; KLEVENHAGEN, S.C.; HARRISON, R.M. LILLICRAP, S.C.; M c k e n z i e , A . L ; PITCHFORD, W.G.; SHAW, J.E.; SMITH, C.W. Central axis depth dose data for use in radiotherapy. Brit. J. Radiol., suppl. 25, 1996. 2. AMERICAN ASSOCIATION OF PHYSICISTS IN MEDICINE. 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