Geografia Fascículo 06 Fernanda Zuquim Guilherme De Benedictis Índice Aspectos da População Brasileira Resumo Teórico ..................................................................................................................................1 Exercicíos............................................................................................................................................4 Gabarito.............................................................................................................................................7 Aspectos da População Brasileira Resumo Teórico Brasil está colocado no quinto lugar entre os países mais populosos do mundo, com uma população absoluta de167 milhões, segundo as estimativas para o Censo 2000. Em nosso país também foi observado um fenômeno comum aos países subdesenvolvidos, relativo à brusca aceleração do ritmo de crescimento populacional nas décadas que sucederam a Segunda Guerra Mundial. Como a contribuição do imigrante para o povoamento do país foi pouco significativa na segunda metade do século XX, atribuiu-se o crescimento da população à Revolução Médico-Sanitária , que produziu uma redução nas taxas de mortalidade e o aumento do crescimento vegetativo. O comportamento demográfico da população brasileira Recenseamento 1872 1940 1950 1960 1970 1980 1991 População 9.930.478 41.236.315 51.944.397 70.191.370 93.139.037 119.002.706 146.825.475 Fonte: IBGE Durante as décadas de 1950 e 1960 o país atingiu o apogeu do seu ritmo de incremento populacional. A popularização da Medicina , a difusão das práticas de Higiene social e as campanhas médico-sanitárias levaram à redução das taxas de mortalidade. Por outro lado, as taxas de natalidade permaneceram elevadas, o que contribuiu para que o crescimento vegetativo da população brasileira fosse muito acelerado, como demonstra o quadro abaixo, que apresenta o comportamento demográfico da população brasileira desde o primeiro recenseamento. Observe com atenção as taxas de crescimento vegetativo entre 1950 e 1970. O comportamento demográfico brasileiro ( índices médios anuais - períodos intercensitários ) 1872 a 1890 46 Taxa de Natalidade (‰) Taxa de Mortalidade 30 (‰) 1,6 Crescimento Vegetativo (‰) 1891 a 1900 46 1901 a 1920 45 1921 a 1940 44 1941 a 1950 43 1951 a 1960 43 1961 a 1970 39 1971 a 1980 33 1981 a 1991 27 27 26 25 19 13 10 8 7,7 1,9 1,9 1,9 2,4 3,0 2,9 2,5 1,9 Fonte: : Censo Demográfico de 1991 ( IBGE ) O quadro anterior também demonstra que houve um declínio gradativo da natalidade a partir do final dos anos 60, que levou o país a uma situação de desaceleração demográfica. Esse comportamento refletiu a urbanização da população brasileira e a difusão do planejamento familiar, que possibilitou à maioria da população o acesso às práticas contraceptivas, como as pílulas anticoncepcionais, os Dispositivos Intra-Uterinos ( DIUs ), a laqueadura e a vasectomia. É importante destacar que a urbanização e a ampliação da participação da mulher no mercado de trabalho foram fatores decisivos para a redução da natalidade, pois produziram uma drástica modificação no modo de vida da população brasileira. O custo de vida nas cidades é mais elevado do que nas áreas rurais tradicionais e também eleva os gastos para a criação dos filhos, o que exige das famílias urbanas uma renda mais elevada. Na medida em que a mulher ingressou no mercado de trabalho formal , ela dispôs de um tempo menor para se dedicar à educação dos filhos e foi obrigada a colocá-los muito cedo em creches ou berçários. Como a renda média dos brasileiros não é elevada, o trabalho feminino transformou-se numa necessidade familiar e até mesmo as famílias que gostariam de ter um maior número de filhos estão optando por evitá-los. Isso contribuiu para a redução da natalidade após 1970, quando esses processos se tornaram mais destacados. Estima-se que o crescimento médio anual da população brasileira entre 1991, quando foi realizado o nosso último recenseamento, e o ano 2000 será de apenas 1,32%, o que coloca os nossos indicadores em níveis próximos aos dos países desenvolvidos que ainda não apresentam o problema do envelhecimento populacional. A política demográfica brasileira O crescimento populacional não é uma preocupação para o Brasil. Como já foi visto, esse crescimento sofreu forte redução nas últimas décadas e o país ainda possui boas condições para expandir suas atividades econômicas, para proporcionar à sua população uma vida digna, com o acesso ao mínimo necessário para viver. O tamanho da população brasileira também não é um grande problema e pode transformar-se numa vantagem internacional. Num momento em que ocorre a globalização da economia e que as empresas transnacionais disputam o acesso a grandes mercados, um país com uma população estimada em 167 milhões de habitantes, que não possui destacadas diferenças culturais e linguísticas, que já está integrado por modernos meios de comunicação e vias de transporte constitui-se num mercado atraente para os grandes investimentos. Para que isso aconteça o país precisa desenvolver uma política que possibilite uma elevação da renda da população mais pobre e de ampliação dos investimentos na área social, para que o povo tenha acesso à serviços de educação e saúde de boa qualidade. Os grandes investidores procuram mercados com capacidade de consumo, trabalhadores saudáveis e qualificados. A política demográfica do governo brasileiro tem sido contraditória nas últimas décadas. Enquanto a concessão da licença maternidade e o pagamento do salário família estimulam a procriação e o aumento da natalidade, também são desenvolvidas campanhas e programas de planejamento familiar voltados principalmente para a população de baixa renda, com o objetivo de minimizar os problemas sociais. Apesar dessas contradições, a redução do crescimento já ocorreu e tende a se tornar ainda mais acentuada nos próximos anos. Com isto, o planejamento familiar adquire uma nova função que é a de esclarecer a população mais pobre quanto às formas de evitar a concepção e , com famílias menos numerosas, poder proporcionar à seus filhos melhores condições e maiores oportunidades de vida. A composição etária da população brasileira Faixa Etária Jovens Adultos Idosos 1940 53,3 42,6 4,1 1950 52,3 43,1 4,6 1960 52,9 42,4 4,7 1970 52,7 42,2 5,1 1980 48,5 45,0 6,5 1991 47,6 44,9 7,4 Fonte: Anuário Estatístico de Brasil - 1994 ( IBGE ) Os dados acima apresentam a população brasileira dividida em três grandes grupos etários: os jovens , os adultos e os idosos. Esta subdivisão é normalmente utilizada na análise da composição etária de uma população, pois reflete o padrão de crescimento e permite avaliar as necessidades nacionais. Observa-se que a população jovem corresponde a uma grande parcela do total. Isso reflete a elevada natalidade, típica dos países onde o passado rural ainda é recente, e destaca a necessidade de realização de elevados investimentos em educação e saúde para que essa população se prepare para participar de um mercado de trabalho globalizado e altamente competitivo. Apesar da população jovem formar um grande grupo etário, ela tem diminuído à partir da década de 1970, o que reflete o declínio das taxas de natalidade, já discutidos anteriormente. O quadro também demonstra um aumento da participação da população adulta na composição etária nacional. Se considerarmos que a população adulta é aquela que está em idade adequada para trabalhar, podemos concluir que as mudanças ocorridas no comportamento demográfico nas últimas décadas produziram um aumento da capacidade produtiva de nossa população. O aumento do grupo dos idosos, que hoje corresponde a aproximadamente 11,4 milhões de habitantes , cria um dado novo para o país. A Previdência Social deve dar conta de um número muito maior de aposentados, pagando as aposentadorias e proporcionando assistência médica, enquanto o Estado deve se dedicar com mais empenho no desenvolvimento de uma política social adequada para uma grande população idosa, procurando possibilitar a sua integração social. Essa modificação, aparentemente tão simples, tem reflexos importantes sobre o funcionamento de diversas atividades econômicas , orientadas para atender uma população na qual o número de crianças sempre foi crescente. Um exemplo interessante é o das maternidades e das escolas de educação infantil e primária da cidade de São Paulo, que multiplicaram-se para atender um número progressivo de crianças e hoje podem se deparar com uma relativa escassez de partos ou de alunos. As migrações internas na atualidade A Região Nordeste caracterizou-se pela emigração durante todo o século XX, enviando trabalhadores para diversas atividades, como a construção de Brasília na década de 1950, a expansão da economia urbano-industrial das grandes cidades do Sudeste entre 1950 e 1985, a ocupação da Amazônia na década de 1970. Nos anos 90 constatou-se uma importante mudança neste padrão. O nordestino está emigrando menos do que nas décadas anteriores, o crescimento populacional desta região aumentou e hoje observamos um movimento de retorno desta população em direção à sua região original. Esse processo refletiu a crise econômica nacional da década de 1980, que limitou as oportunidades de trabalho no sudeste do país, e a expansão da economia urbana nas grandes cidades nordestinas , que atualmente oferecem mais trabalho do que décadas atrás. Outro movimento importante corresponde ao deslocamento de populações originárias dos estados do sul do país em direção à Amazônia. Este movimento não é recente, pois acompanhou a expansão da fronteira agrícola brasileira a partir do início dos anos 70, mas é interessante observar que ele perdura até os dias atuais. Hoje podemos observar que grande parte da população do estado de Rondônia é paranaense; a diáspora gaúcha também é destacada e encontra-se espalhada pelos estados da Amazônia, do Centro-Oeste e na Bahia. A emigração dos sulistas pode ser explicada pela mecanização da agricultura, que gerou o desemprego na zona rural; pelo processo de concentração de terras , que acompanhou a modernização da agricultura e pelo esgotamento da estrutura fundiária da Região Sul , que dificulta o acesso à terra e impossibilita à população rural a prática da agricultura em sua própria região de origem. Como os sulistas querem continuar a viver como agricultores , eles fazem a opção pelo deslocamento e passam a desenvolver esta atividade em outras regiões do país. Os movimentos migratórios dos anos 90 refletem a descentralização espacial das atividades econômicas, com a criação de novos pólos de desenvolvimento. Com isto, é possível observar a constituição de um novo padrão, com movimentos populacionais de pequena distância, de caráter intra-estadual e intra-regional, o que contribui para a expansão do grupo das cidades médias, o que mais cresce no Brasil contemporâneo. Exercicíos 01. (PUC/97) Observe e compare os gráficos a seguir, sobre a composição etária do Brasil: Assinale a alternativa incorreta. a. O fato de uma grande parte da população viver atualmente em centros urbanos não contribuiu para a diminuição das taxas de natalidade. b. A diminuição da taxa de natalidade, verificada pela diminuição do número de jovens, indica igualmente queda da taxa de fecundidade. c. Ocorreu aumento da expectativa média de vida no período 1980-1996, indicando aumento do número de idosos. d. A ampliação de práticas anticonceptivas, seja por métodos reversíveis, seja pela esterilização feminina, contribuiu para baixar a taxa de natalidade. e. Houve diminuição do número de jovens entre 1980 e 1996, indicando queda da taxa de natalidade. 02. (julho/95) o gráfico abaixo. O gráfico somente nos permite afirmar que a. estão nitidamente expressas três etapas: até 1940 o declínio das taxas de natalidade e mortalidade conservam uma certa proporcionalidade; no período 1940-70 há um declínio maior da mortalidade, portanto, um maior crescimento vegetativo e, após 1970, ocorre o inverso, a população tende a ter um crescimento menos acentuado. b. a grande diminuição do crescimento populacional do Brasil está diretamente relacionada à melhoria das condições de vida e ao maior controle de natalidade. c. o fator de maior peso no aumento da população brasileira é atualmente a melhoria da saúde, higiene e saneamento básico, embora a mortalidade tenha tendência a aumentar devido à presença da AIDS. d. o período de maior destaque neste gráfico é o de 1940-1970, quando o crescimento vegetativo sofre uma grande queda e inicia-se o processo de desaceleração do crescimento populacional. e. as baixas taxas de natalidade atuais levam a um aumento cada vez mais acentuado do crescimento vegetativo. 03. (VUNESP 2000) Em termos demográficos, quanto maior é a relação idoso/criança, mais elevada é a proporção de idosos. A observação da tabela permite inferir que, nas regiões brasileiras, no período 1980-1996, todos esses valores percentuais aumentaram. Região Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 1980 6,09 10,02 12,27 10,58 6,35 10,49 1991 7,07 12,84 16,47 15,57 9,26 13,9 1996 8,52 15,48 20,33 19,08 11,71 16,97 Assinale a alternativa que justifica as variações observadas. a. Os únicos indicadores de qualidade de vida com valores numericamente superiores à média nacional são o percentual de pessoas analfabetas maiores de 15 anos e a mortalidade infantil por 1000 nascidos vivos. b. Todos os indicadores de qualidade de vida destacam-se positivamente em relação à média nacional. c. Todos os indicadores de qualidade de vida destacam-se negativamente em relação à média nacional. d. Todos os indicadores de qualidade de vida destacam-se positivamente em relação à média nacional, com exceção do número de analfabetos por 1000 habitantes. e. Todos os indicadores de qualidade de vida destacam-se positivamente em relação à média nacional, com exceção do percentual de pessoas com acesso à rede pública de esgotos. 04. (VUNESP 2000) O aumento registrado nas entradas de migrantes na Região Nordeste tem como causa principal: a. declínio no crescimento vegetativo da população nordestina. b. retorno de muitos nordestinos para seus estados de origem. c. êxodo rural intensificado pelo agravamento da seca no Sertão Nordestino. d. frentes de trabalho criadas pelo governo nas áreas de agricultura irrigada. e. programa de redistribuição de terras ao redor dos grandes açudes. 05. (FGV/98 — nov/97) Estudos recentes sobre a população brasileira explicam a situação apresentada na tabela abaixo, como resultado da: Ano 1950/1960 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1995 3,17 2,76 2,48 1,89 1,32 Fonte: IBGE, 1991/1996. a. Diminuição da entrada de imigrantes, desde 1950, e da concentração da renda nacional. b. Queda da taxa de fecundidade das mulheres, associada a um mínimo de programação familiar. c. Grande concentração da renda após 1970, acentuando o aumento da taxa de mortalidade infantil. d. Queda do índice de fertilidade das mulheres, nas duas últimas décadas, e o aumento da taxa de mortalidade infantil. e. Diminuição da entrada de imigrantes, desde 1950, associada à saída de brasileiros para o exterior em busca de melhores condições de vida. Gabarito 01. Alternativa a. Crescimento vegetativo ou natural é o saldo entre as taxas de natalidade e mortalidade. Observa-se no gráfico que até 1940 os dois índices apresentam proporcionalidade, mantendo o crescimento constante; entre 1940-1970 a queda da mortalidade supera o número de nascimentos, provocando aumento populacional. Nas décadas seguintes, a natalidade decresce em ritmo maior que a mortalidade, reduzindo o crescimento da população brasileira 02. Alternativa a. A urbanização acelerada que ocorreu no país contribuiu fortemente para a redução da natalidade e da fecundidade. Paralelamente a essa urbanização, houve maior acesso à escolarização, ingresso das mulheres no mercado de trabalho, maior difusão dos meios de comunicação, mudança de hábitos culturais e aumento da informação e do uso de métodos anticoncepcionais. 03. Alternativa e. Dois fatores contribuem essencialmente para o envelhecimento da população: a elevação da expectativa de vida e a redução dos índices de crescimento demográfico. O censo de 1991 já registrava queda substancial da natalidade e tudo indica que e censo 2000 irá registrar a consolidação dessa tendência. 04. Alternativa b. A década de 1990 registrou alterações significativas nos movimentos migratórios internos. A saturação das grandes metrópoles e a redução da oferta de empregos, fruto da modernização econômica, reduziram os fluxos de população para o Sudeste. Isso ocorreu ao mesmo tempo em que a transferência de indústrias para o Nordeste e a expansão da fronteira agrícola para a Amazônia e Centro-Oeste criaram novas áreas de atração populacional. 05. Alternativa b. O gráfico mostra que a taxa de crescimento natural da população brasileira tem caído gradativamente de 1950 até 1995. Os índices de fecundidade (relação número de filhos/mulher) decresceram por vários motivos, entre os quais podemos destacar: melhor acesso aos métodos contraceptivos, maior participação da mulher no mercado de trabalho, urbanização e maior acesso à informação e mudanças no comportamento e na estrutura familiar.