FRANÇA É FORTE DESTINO DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS DE MOBILIÁRIO Nº 154 › Mensal › Julho 2015 › 2.20# (IVA incluído) Carlos Castro Presidente da PME Investimentos Isabel Andrade Diretora Geral da Optimus Transitários Joel Pais Administrador dos Casinos do Algarve Iceblock é uma referência na reabilitação urbana Paulo Seiça Neves, Administrador da Iceblock, empresa com sede em Oeiras, está a trabalhar em várias obras de reabilitação urbana em Lisboa e em vários locais da região sul do país. Consolidar essa presença e estendê-la ao Grande Porto faz parte da estratégia Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1 de afirmação no mercado português. › HEAD Ficha Técnica Editorial Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda. Sócios com mais de 10% do capital social › Jorge Manuel Alegria Contribuinte 506 047 415 Director › Jorge Gonçalves Alegria Conselho Editorial: › Bracinha Vieira › Frederico Nascimento › Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson › Lemos Ferreira › Mónica Martins › Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria Fotografia › Rui Rocha Reis Grafismo & Paginação › António Afonso Departamento Comercial › Valdemar Bonacho (Director) Direccção Administrativa e Financeira › Ana Leal Alegria (Directora) Serviços Externos › António Emanuel Morada Avenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto. 2900-311 Setúbal Telefone 26 554 65 53 Fax 26 554 65 58 Site www.paiseconomico.eu e-mail [email protected] Delegação no Brasil Jean Valério Av. Romualdo Galvão, 773 - Tirol - Ed. 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Da mesma forma que se tem de respeita todos os que consideram que a opção pela privatização pela companhia aérea portuguesa era não só inevitável, como a única opção possível para evitar uma debacle da TAP, porque uma coisa é evidente e certa. A situação na TAP não era possível manter-se como está, pois a degradação financeira estavam a estrangular não apenas a tesouraria da empresa como e colocar em causa a própria sobrevivência económica da companhia. Compreendemos que por razões ideológicas existam muitas pessoas que queriam ver ad eternum a TAP como uma empresa pública, custasse o que custasse ao erário público, enquanto outros naturalmente defendiam a manutenção da empresa na esfera pública por razões absolutamente corporativas, de defesa de privilégios e regalias que foram ganhando ao longo de anos sucessivos de condicionamento e captura dos comandos estratégicos da empresa. A última greve dos pilotos da TAP inseriu-se completamente nesta última categoria, e terá mesmo sido a gota de água que fez avançar decisivamente o processo de privatização da empresa portuguesa de transporte aéreo. A TAP tem desafios muito importantes para poder continuar a constituir uma empresa com importância no transporte aéreo em Portugal e de e para Portugal. No mundo de hoje, com o fenómeno da proliferação das designadas companhias de baixo custo, que presentemente ainda só voam para percursos de pequeno e médio alcance, mas a longo prazo chegarão também às viagens de longo curso, conseguir ser uma companhia competitiva e lucrativa, sem custar dinheiro ao erário público, só será possível com uma verdadeira gestão privada, embora, neste caso, assente na prossecução de vários objectivos estratégicos para o país, como sejam o assegurar do Hub de Lisboa, e os voos regulares para os países africanos de língua portuguesa para o Brasil e para outros destinos com forte presença de cidadãos portugueses. Mas, tudo com a imperiosa necessidade da entrada de dinheiro fresco para a compra de novos aviões, a entrada de novos recursos humanos, e possivelmente também a saída de vários dos recursos humanos que têm infernizado a vida da TAP ao longo das últimas duas décadas. JORGE GONÇALVES ALEGRIA Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3 Índice Grande Entrevista Paulo Seiça Neves, Administrador da Iceblock, acredita que a reabilitação urbana constitui uma grande oportunidade para o país modernizar os espaços centrais das nossas cidades. A empresa está muito activa em várias obras de reabilitação urbana em Lisboa e no sul do país, mas a empresa tem igualmente como objectivo chegar também à cidade do Porto, pois o programa de reabilitação urbana da Invicta é bastante forte. Com uma forte atenção à qualidade dos recursos humanos da empresa, a Iceblock quer distinguir-se com uma referência incontornável pela excelência na área da construção civil em Portugal. pág. 24 a 28 Ainda nesta edição… 22 23 30 31 32 34 38 42 44 48 50 50 Grande Plano Nova SBE com mestrada com mais experiência internacional Gypfor investe em Sines Isabel dos Santos compra maioria da Efacec Solutions Cinel ganha primeiro contrato em Angola Armando Abreu lidera Câmara de Comércio Portuguesa no Ceará PME Investimentos apoia as pequenas e médias empresas Optimus Transitários é referência na logística em Portugal Porto de Sines e IPDAL estabelecem parceria Casinos do Algarve é referência no turismo algarvio Imobiliário português promove-se em Lyon Lúcios constrói fábrica na Maia Casa Anadia no Japão O sector do mobiliário em Portugal passou nas duas últimas décadas por um forte processo de reconversão e modernização empresarial, deixando de se centrar essencialmente no mercado nacional para passar a centrar as suas energias nas exportações. Como referem os três empresários entrevistados nesta edição da País€conómico, são os mercados externos que comandam as estratégias e a alocução de recursos destinados a vingar nos mercados a nível global. Dentro da área da produção de mobiliário em Portugal, é justo destacar a estratégia desenvolvida pelas empresas portuguesas na área do mobiliário para a hotelaria, onde estão a dar cartas em muitos mercados e a equipar alguns dos melhores hotéis do mundo. pág. 06 a 21 RETIFICAÇÃO Na última edição da País€conómico referimos que a Andrade Gutierrez Europa, África, Ásia é uma multinacional brasileira com sede em Portugal, o que é um erro. Naturalmente a Andrade Gutierrez é uma empresa de origem brasileira, mas a Andrade Gutierrez Europa, África, Ásia, é uma empresa juridicamente portuguesa, e com sede em Portugal. À Andrade Gutierrez e aos leitores as nossas desculpas pela imprecisão do texto inscrito na edição anterior. 4 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 5 › GRANDE PLANO Manuel Luís Martins, CEO de WoodOne, Mobiliário, SA «Construímos o nosso futuro sem medo e com coragem» Situada na Rua da Zona Industrial de Lordelo, concelho de Paredes, a WoodOne inaugurou no passado dia 15 de Maio, com a presença do vice-primeiro-ministro Paulo Portas, aquela que já é considerada a segunda maior fábrica de mobiliário do País, logo a seguir ao IKEA. É um projeto ambicioso que se traduziu num investimento de 6,3 milhões de euros e onde cerca de metade deste valor foi aplicada em maquinaria e tecnologia de ponta da mais moderna existente em todo o mundo neste setor de atividade. Em entrevista exclusiva que concedeu à PAÍS€CONÓMICO, Manuel Luís Martins, CEO da WoodOne foi perentório ao afirmar que, sem nunca quer relegar para plano secundário o mercado nacional, o mercado externo será sempre a grande âncora desta empresa. «Neste momento as nossas exportações no seu total estão a valer 30% do volume da nossa faturação. Mas eu garanto que rapidamente iremos chegar aos 60% ou mesmo ultrapassar esse valor. Direi até, sem qualquer receio de me enganar, que em 2016 temos fortes probabilidades de irmos para valores entre 80 a 90% nas exportações», afiançou Manuel Luís Martins que para além de querer consolidar a posição da WoodOne nos inúmeros mercados externos onde está presente, pretende a partir de 2016 entrar também nos mercados da Rússia, Chile e Colômbia. Este conhecido empresário nortenho lembrou também que o futuro da WoodOne está sendo construído sem medos e muita coragem e defendeu a ideia de que deveria existir um incentivo da parte do Governo para as empresas exportadoras que já têm uma posição firmada no mercado externo. «Estou a referir-me concretamente àquelas empresas que se fixam nos mercados com a sua marca e neles desenvolvem e afirmam o seu processo de internacionalização e que contribuem grandemente para o PIB nacional, que é bem diferente daquelas empresas que exportam ocasionalmente e não de uma maneira sustentável», observou o CEO da WoodOne que nesta entrevista se fez acompanhar de seu filho Flávio Martins, Diretor-Geral e responsável pela área da produção da empresa, «um jovem que já é uma promessa e que se vai preparando para um dia ser o meu continuador e o garante do sucesso da WoodOne», fez questão de sublinhar Manuel Luís Martins. TEXTO › VALDEMAR BONACHO 6 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA WOODONE Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 7 › GRANDE PLANO E sta moderna unidade de fabrico de mobiliário inaugurada a 15 de Maio último pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas tem 11 mil metros quadrados de área coberta e 17 mil metros quadrados de área envolvente e está localizada em Lordelo, no concelho de Paredes, com larga tradição na indústria do mobiliário e que assegura hoje quase 40 por cento da produção de mobiliário nacional. Porquê, então, a escolha desta localização por parte da WoodOne, que antes estava situada na Rua Central das Alminhas, em Figueiró? Manuel Luís Martins prontificou-se de imediato a apontar as razões que o levaram a instalar a WoodOne na Zona Industrial de Lordelo. «Esta opção teve a ver essencialmente com duas questões: O espaço, porque esta é uma indústria que necessitava de muito espaço e, por isso mesmo, precisávamos de muitos metros 8 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 quadrados para a instalar condignamente e, por outro lado, porque tivemos um apoio muito grande por parte da Câmara Municipal de Paredes, nomeadamente da parte do seu vice-presidente, Dr. Pedro Mendes, uma pessoa com extrema dinâmica, que tudo tem feito para captar investimento para o seu concelho. Uma pessoa fantástica» referiu o CEO da WoodOne, que em seguida passaria a descrever algumas características da sua nova unidade fabril. «Como disse, nós precisávamos de um espaço considerável. A área coberta da WoodOne é de 11 mil metros quadrados, e existe depois uma área envolvente que contempla total de mais 17 mil metros quadrados e onde em breve serão instalados os painéis fotovoltaicos. Quando construímos esta unidade deixámos os cabos todos preparados para os painéis fotovoltaicos. Direi, portanto, que esta será uma das poucas empresas ou indústrias em todo o mundo a trabalhar na sua totalidade com Energia Solar. Concorremos ao Programa “Portugal 2020”, grande parte da maquinaria com tecnologia de ponta já está instalada, mas há outras máquinas que vão chegar em Outubro. Este investimento na Energia Solar vai-nos proporcionar uma poupança considerável em termos energéticos», evidenciou o CEO da WoodOne que confirmaria ter sido 6,3 milhões de euros o valor do investimento feito nesta unidade fabril. «Com a aquisição das tecnologias importadas da Europa e da Turquia e dos terrenos ficou tudo nos 6,3 milhões de euros», precisou Manuel Luís Martins. O nosso pensamento está na Excelência «Arranquei com este investimento porque tinha necessidade dele para desenvolver o meu negócio», justificou o CEO da WoodOne quando inquirido sobre as razões que o levaram a arrancar com este projeto na Rua da Zona Industrial de Lordelo. Manuel Luís Martins aproveitaria o ensejo para lembrar que há um segredo que muitos empresários não dão fé. «O empresário pode ser o impulsionador do negócio ou pode ser a pessoa que dá o tiro e mata o negócio. Se o negócio está a pedir para crescer, há dois caminhos: ou você o mata ou lhe dá desenvolvimento, e isso foi o que fizemos. A WoodOne teve sempre uma área Comercial muito agressiva com base num trabalho de excelência. Inclusivamente, em plena crise, nós tivemos um ano em que os clientes eram tantos que decidimos não ter nesse ano mais clientes. Isto para que pudéssemos cumprir rigo- rosamente os compromissos acordados com os nossos clientes e não houvesse falha de qualquer espécie, nomeadamente nos prazos de entrega», justificou o CEO da WoodOne, que reforçou a sua resposta. «Num dos filmes que temos sobre a empresa, aparece lá em letras gordas que nunca tivemos uma reclamação digna desse nome. Quando indicamos ao nosso cliente um prazo de entrega esse prazo é cumprido religiosamente E isto é uma das marcas da WoodOne», reforçou Manuel Luís Martins, que ainda a este propósito disse: «Nós conquistamos uma boa parte ao mercado aos nossos concorrentes por sermos muito certinhos. Para nós, cumprir é uma palavra de ordem…», assegurou. Este rigor de que Manuel Luís Martins nos fala, faz parte do seu próprio ADN. «Estive sempre ligado ao negócio do Mobiliário. Tinha dezassete anos quando me iniciei como comercial nesta área. Não tenho nenhum curso superior, mas tenho o curso da vida, que é um curso mais do que superior. E fiz esse percurso trabalhando praticamente para uma única empresa, em Águeda, ligada ao grupo Cortal», recorda o nosso entrevistado, para prosseguir. «Entretanto, em 2004 saí para formar uma empresa em nome individual que ainda hoje é minha: a MLM – Manuel Luís Martins, Lda. que depois passou para sociedade por quotas, dado ter disparado Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 9 › GRANDE PLANO com um grande volume de faturação», recorda o CEO da WoodOne, uma pessoa que gosta e não esconde a sua origem. Adquirir a WoodOne foi um enorme desafio Manuel Luís Martins decide-se por lembrar o caminho que o levou à aquisição da WoodOne. «A WoodOne, que começou com o nome Pinto da Costa desde 1945 era minha fornecedora. E já na altura era uma empresa com um know-how extraordinário, a melhor do género em toda a Península Ibérica. Foi fundada pelo Prof. Meireles, uma figura de prestígio que deu nome a uma rua de Paços de Ferreira, e foi ele que também deu o nome de Pinto da Costa à empresa, não sabemos lá porquê. A empresa esteve sempre nas mãos da família e a determinada altura passou para a Dra. Júlia, uma financeira muito conhecida», revela o 10 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 CEO da WoodOne, que prosseguiu a sua narrativa. «Um dia recebi um telefonema da Dra. Júlia dizendo que tinha muita urgência em falar comigo. Aceitei conversar com ela e no outro dia lá estava para o encontro. Quando fomos para a reunião ela disse-me que a WoodOne ia falir, que ia fechar dentro de uma semana. Estava em causa o futuro de 21 trabalhadores, que desconheciam o que se estava a passar. Lembro-me que na altura, em 2006, a WoodOne faturava pouco mais de 500 mil euros por ano. Sai da reunião muito preocupado e nessa noite não dormi a pensar no assunto. Conversei com a minha mulher, que me disse. “Tu é que sabes. Para onde fores eu vou atrás de ti”», refere Manuel Luís Martins, que decidiu então tomar uma posição. «Alertado para o facto de ali existirem trabalhadores com 30 anos de casa, pedi uma reunião com os 21 trabalhadores e pus-lhes a par da situação da WoodOne, dizendo-lhe que eu ia adquirir a empresa mas não podia ficar com um ónus de trinta anos de casa. Houve entre nós um entendimento perfeito. Nesse dia eles despediram-se todos da WoodOne e no dia seguinte entravam de novo ao serviço da empresa sem haver necessidade de se assinar documentos. Tudo se processou na base da confiança. Foi a minha palavra e a palavra deles. Fiquei com os 21 trabalhadores e hoje uma boa parte deles são trabalhadores efetivos da WoodOne, moldados à minha imagem e ao novo modelo da empresa», recordou Manuel Luís Martins, para a este propósito dizer ainda que foi gratificante moldar aquela gente à imagem da nova WoodOne «já que entre esses trabalhadores existiam alguns com problemas graves, como o alcoolismo e até alguma inaptidão, tarefas que ultrapassei com trabalho e compreensão». Manuel Luís Martins reconhece a qualidade dos seus 51 trabalhadores, e salienta. «Tenho amigos que também têm fábricas, mas devem haver poucas delas que tenham funcionários como nós temos aqui. Gente muito qualificada que foi moldada à minha imagem, tarefa que se torna fácil quando existe vontade entre as duas partes: entidade patronal e funcionários», justificou. A WoodOne preocupa-se com a evolução técnica e profissional dos seus trabalhadores. «O funcionamento das máquinas com tecnologia de ponta que estão aqui instaladas foi ensinado dentro desta casa. Eu não contratei nenhum técnico exterior para que viesse trabalhar com quaisquer destas máquinas. Desde os robots que soldam 570 cadeiras por dia, às máquinas todas elas computorizadas, foi tudo alvo de formação dada por nós internamente», salientou o CEO da WoodOne. Em 2016 exportações poderão subir para 80 a 90% Nascido há 51 anos em Penafiel, Manuel Luís Martins foi com dois anos de idade para Leça da Palmeira, lá permaneceu 33 anos, casou e foi pai de dois filhos. «Sinto-me mais leceiro do que penafidelense», dia, para depois e a nosso pedido falar das intenções da WoodOne no mercado externo. «As exportações no seu total estão a valer neste momento 30% do nosso volume de negócios que, em 2014, ascendeu a 4,6 milhões de euros. Mas eu garanto que em 2016 as exportações vão subir consideravelmente. Digo mesmo que em 2016 temos fortes probabilidades de subirmos para valores entre os 80 a 90% nas exportações, mas sem nunca esquecer o mercado nacional, porque isso nunca o faremos…», sublinhou o CEO da WoodOne. De referir que a WoodOne, especialista na concepção e fabrico de Mobiliário Escolar, Mobiliário para Infantários, Mobiliário para Escritórios, Mobiliário Hospitalar e Mobiliário para Hotelaria exporta neste momento para mercados como a França, Espanha, Inglaterra, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Kuwait, Qatar, e que a partir de 2016 pensa entrar no mercado da Rússia e crescer também nos mercados do Chile e Colômbia. «Mas não nos esqueceremos, nunca, do mercado nacional. Não faremos o que a nossa concorrência fez que foi ignorar o mercado nacional», garantiu Manuel Luís Martins. Flávio Martins: «Honrado com a obra de meu pai» Muito atento ao desenvolvimento desta entrevista, Flávio Martins, filho de Manuel Luís Martins, que é o Diretor-Geral e responsável pela área de produção da WoodOne aproveitaria o ensejo para se referir à figura de seu pai e ao projeto por ele concebido. «É um exemplo de seriedade, lealdade e bom amigo. E para mim é um privilégio poder participar no processo de desenvolvimento da WoodOne, que muito representa em termos económicos e sociais para esta região. E como sucessor normal de meu pai nos seus negócios, gostaria de poder um dia continuar com a mesma dignidade um projeto todo ele construído com muito trabalho e muita paixão. E aproveito também para enaltecer o sentimento de entrega de todos os que vestem a camisola da WoodOne e fazem dela o ícone que já é hoje», enalteceu Flávio Martins no fecho desta entrevista. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 11 › GRANDE PLANO Costa Pereira, Presidente da Costa Pereira Mobiliário, S.A. Estamos a equipar três hotéis em Madrid Costa Pereira, fundador e presidente da empresa Costa Pereira Mobiliário, S.A., com sede em Freamunde, concelho de Paços de Ferreira, é um empresário nato, com visão, perseverança e capacidade de liderança. Começando «do nada» como sublinha, «fui depois encarregado e a seguir empresário», o que aconteceu em 1990. Comemora este ano as Bodas de Prata da Costa Pereira Mobiliário com um crescimento que este ano já está a atingir 24% face ao período homólogo, com a empresa a espreitar sempre novos nichos de mercado e novos destinos internacionais. Neste caso, depois de Espanha, França, Bélgica, Rússia, Angola e Moçambique, a aposta agora centra-se nos Estados Unidos. Por outro lado, desde há três anos, a aposta na produção de mobiliário para a hotelaria tem sido plenamente conseguido, e a empresa está neste momento a equipar três hotéis na cidade de Madrid. No futuro, ainda este ano a empresa pretende iniciar o processo para obter a certificação de qualidade, e já projecta dentro de dois anos poder avançar com uma nova expansão da unidade industrial localizada em Freamunde. F TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS undada em 1990, em Figueiró, a Costa Pereira Mobiliário começou apenas com uma secção de acabamento e expedição. Foi só em 1995 que a empresa decidiu dar um passo seguinte para passar a produzir as primeiras linhas de mobiliário neo-clássico. Já no ano 2000 deu-se um alargamento das instalações iniciais da empresa em Figueiró, de modo a conseguir aumentar ainda mais a produção, questão que seria depois melhorada em 2004 quando a empresa decidiu investir na produção de linhas de mobiliário modernos e contemporâneos. Entretanto, nesta evolução histórica, a Costa Pereira decidiu dar o seu primeiro passo fora do território nacional, apostando no mercado espanhol em 2007. O presidente da empresa lembra nesta entrevista à País€conómico que na sequência da estratégia de aposta no mercado espanhol, a Costa Pereira criou a marca Indice mobiliário, que através de uma rede comercial muito activa conseguiu implementá-la em muitas das melhores lojas/boutiques em todo o território do país vizinho. No ano seguinte, a empresa decidiu aprofundar a sua estratégia produtiva e evoluiu para um patamar de Contract, ou seja, passou a ser capaz de não produzir apenas mobiliário em série, mas também avançar para produções limitadas e feitas à medida, o que foi conseguido com uma actualização tecnológica constante, como salientou o fundador e presidente da empresa. Entretanto, o crescimento da Costa Pereira Mobiliário continuava num ritmo bastante forte e as instalações onde funcionava em 12 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 Figueiró já não conseguia responder eficazmente nem podiam transmitir uma imagem de modernidade do mobiliário produzido pela empresa. A importância da nova fábrica Deste modo, em 2010, a Costa Pereira Mobiliário investiu em novas instalações, modernas, com forte capacidade de produção e indutora igualmente de uma imagem forte e apelativa para todos os que visitam a empresa. Deslocou-se para a nova zona industrial de Freamunde, onde implementou uma unidade de 8.000 metros quadrados, numa área global de 14.000 metros quadrados. Aproveitando a deslocação territorial para as novas instalações de Freamunde, a Costa Pereira Mobiliário também mudou a sua imagem corporativa, para um design mais moderno e apelativo de contemporaneidade e de capacidade de agir em qualquer parte em que estejam os seus clientes. Sobre a nova unidade industrial, o presidente da empresa sublinhou que «não apenas passámos a ter muito maior capacidade de produção, como pudemos implementar um corpo de design próprio e capaz de responder a todas as solicitações dos nossos clientes, assim como pudemos através desta nova e magnífica estrutura industrial dar uma nova imagem a todos os que nos visitam. Acreditem que as pessoas também compram com os olhos, e nós que convidamos muitos potenciais clientes a virem a Portugal para nos visitarem, sentimos claramente que quando aqui Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 13 › GRANDE PLANO chegam à empresa, ficam muito satisfeitos e confortáveis com o nível tecnológico e a capacidade produtiva da Costa Pereira Mobiliário», enfatiza o responsável. Questionado quanto foi o investimento realizado na nova fábrica há cinco anos, refere que foi de cerca de 2,5 milhões de euros, tendo então contado com um empréstimo de 600 mil euros no âmbito do QREN. Mas, sublinha, «esses 600 mil euros não foram a fundo perdido, foi apenas um empréstimo sem juros, onde após dois anos de carência começámos a pagar uma prestação trimestralmente, o que acabámos por liquidar esse valor totalmente já em Janeiro do corrente ano», refere Costa Pereira. Com o mercado nacional a valer actualmente cerca de 30% das vendas da empresa, que no ano passado atingiram os 2,6 milhões de euros, é, no entanto, em vários mercados externos que a Costa Pereira Mobiliário tem apostado e em que no presenta assenta a estratégia de crescimento da empresa de Freamunde, que já este ano em termos de período homólogo já cresceu 24% nas vendas. Exportações começaram em Espanha Como foi referido anteriormente, a empresa começou a exportar em 2007, avançando em primeiro lugar para o mercado espanhol, mercado que continua a ser o mais importante para a Costa Pereira Mobiliário. Depois sucederam-se países como a França, Bélgica, Lituânia, Rússia, Angola e Moçambique. Muito recentemente, revela-nos o fundador da empresa, «conseguimos um agente nos Estados Unidos da América, e para lá já enviámos alguns produtos, pelo que temos uma forte expectativa do que possa vir a 14 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 representar no futuro o mercado norte-americano. Sabemos que os Estados Unidos constituem um dos principais mercados mundiais consumidores de mobiliário e acreditamos que pela nossa qualidade, flexibilidade e competitividade, conseguiremos nos implementar com substância na parte norte do continente norte-americano», sublinha Costa Pereira. Naturalmente que a empresa continua a procurar por novos mercados externos «pois só no exterior poderemos crescer, e a empresa Costa Pereira Mobiliário quer continuar a crescer, como estamos a crescer a dois dígitos anualmente, e para isso ser realmente sustentável, é preciso continuar a procurar novos mercados e novos nichos de mobiliário para estarmos presentes», adianta Costa Pereira. A equipar três hotéis em Madrid Enfatizando que a empresa está capacitada para responder a todas as solicitações dos clientes, «e com extrema qualidade e prontidão nas respostas às solicitações, a Costa Pereira Mobiliário apostou também de forma decisiva na produção de mobiliário para o sector hoteleiro, o que se tem revelado uma aposta ganha, pois para além de já termos participado no equipamento de diversos hotéis com o nosso mobiliário, tanto em Portugal como no estrangeiro, e devo salientar que presentemente estamos a participar com o nosso mobiliário em três hotéis em Madrid, o que também representa não apenas o reconhecimento do nosso valor e qualidade do mobiliário que produzimos para este sector da economia, mas também a justeza da nossa aposta estratégica no sector do mobiliário para a hotelaria», nota Costa Pereira. A empresa tem apostado na sua divulgação internacional na presença em várias feiras, mencionado as feiras de mobiliário de Madrid, Barcelona e neste ano também em Saragoça, que «é presentemente a principal feira do mobiliário em Espanha», refere Costa Pereira, que não deixou de apontar uma crítica ao facto de nas feiras do sector em Portugal se exigir um valor de quase o dobro por metro quadrado daquilo que é pedido pelo mesmo espaço nas feiras que decorrem em Espanha. «Por isso é que vemos tantas empresas portuguesas presentes nas feiras no país vizinho e cada vez uma presença mais diminuta nas feiras no nosso país. Julgo que isso deveria fazer repensar os responsáveis pela realizar das feiras de mobiliário em Portugal», aponta o presidente da Costa Pereira Mobiliário. Quanto ao estado da evolução do mobiliário do país, apesar das convulsões registadas em muitos momentos das duas últimas décadas, Costa Pereira acredita que se registou «uma evolução muito positiva nos últimos anos na produção e qualidade do mobiliário produzido em Portugal. Presentemente, conseguimos competir em qualquer parte do mundo com empresas de outros países, mesmo com o mobiliário italiano, que goza naturalmente de uma reputação superior do nome Made Itália face ao Made Portugal, mas acredito que já estaremos num patamar a seguir aos italianos, produzindo em muitos casos com mais qualidade e por um preço inferior, pelo que podemos produzir mobiliário com qualidade e de forma mais competitiva. Mas, sublinho, também é preciso que haja mais apoios, não digo propriamente ou obrigatoriamente de natureza financeira, mas na promoção do nosso país no exterior, mostrando que o Portugal moderno é um país onde se produz com alta qualidade e competitividade. E que acredite no sector do mobiliário produzido em Portugal, pois correspondemos aos mais elevados padrões exigidos e praticados internacionalmente», refere Costa Pereira. Quanto ao futuro, a Costa Pereira Mobiliário já encara a hipótese de alargar as actuais instalações, talvez mesmo já dentro de dois anos, «visto que com o crescimento que estamos a registar já começamos a sentir a necessidade de aumentar a nossa capacidade de produção. Poderemos mesmo a breve prazo virmos a contratar um engenheiro de produção, além de que ainda este ano deveremos iniciar o processo para virmos a implementar a certificação de qualidade, questão cada vez mais importante no plano internacional, principalmente quando participamos em processos para o sector hoteleiro», revela Costa Pereira. Continuando com uma forte energia aos 66 anos de vida, o empresário que comemora esta ano as Bodas de Prata da Costa Pereira Mobiliário, já tem a trabalhar consigo o seu filho e o seu genro (casado com a sua filha). «Naturalmente que penso ter a sucessão assegurada pela via familiar, todos estão muito empenhados na evolução presente da nossa empresa, de modo a assegurar o seu futuro. Tenho a plena certeza de que continuaremos a evoluir muito favoravelmente e não temos receio quanto à presença futura da Costa Pereira Mobiliário nos mercados nacional e internacional. Contem connosco!», finaliza o empresário de Figueiró. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 15 › GRANDE PLANO José Rocha, Presidente da Época Gold, empresa que fabrica mobiliário de luxo para os melhores projectos a nível mundial Orgulho no passado, grande confiança no futuro A Época Gold é uma das maiores referências portuguesas na produção de mobiliário de luxo. José Rocha, presidente da empresa, recebeu a País Económico num momento em que a Época Gold comemora 20 anos da sua fundação. Presente com a sua marca em alguns dos melhores projetos a nível mundial, o que «constitui um grande orgulho, mas também o reconhecimento da grande qualidade e da forte aposta num serviço sofisticado e de excelência que é apanágio da Época Gold». Com uma das mais modernas e bem equipadas fábricas produtora de mobiliário em Portugal, José Rocha continua aos 55 anos com um forte dinamismo e ambição empresarial. Vai expandir para várias capitais europeias o conceito da loja Alfaiate de Interiores, replicando o exemplo que criou há dois anos em Leça da Palmeira, mas também em associação com a Ventilações Moura vai transformar a antiga Porteme, também no concelho de Paços de Ferreira, num «centro empresarial do Século XXI, capaz de receber entre 20 a 25 pequenas e médias empresas. Será um contributo para o desenvolvimento empresarial do concelho e do país. Estará pronto a abrir portas no início do próximo ano», finaliza um dos empresários de referência do mobiliário em Portugal. S TEXTO › JORGE ALEGRIA eguindo uma tradição familiar ligada à indústria do mobiliário, que começou no seu avô e prosseguiu no seu pai, com quem trabalhou, José Rocha desde cedo começou a dedicar-se ao mobiliário, e em 1995, há precisamente 20 anos, decidiu enveredar pela carreira empresarial fundando a Época, empresa que desde o seu início se posicionou para construir produtos (mobiliário) da mais alta qualidade e atingir os mercados mais exigentes e sofisticados. Apesar de ter dado início ao estudo de arquitetura, decidiu interromper esse caminho, e vir para o negócio do mobiliário. «Fui pai bastante novo, e decidi enveredar desde logo pelo mundo dos negócios. Quando interrompi os estudos pensava 16 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS mais tarde retomá-los e concluí-los, mas o aprofundamento no mundo da indústria do mobiliário não me possibilitou esse retorno. Não me arrependo das decisões tomadas, porque o que eu sempre quis foi criar uma empresa que me permitisse atingir os meus sonhos de criar mobiliário de grande qualidade, de constituir uma referência mundial nos segmentos de topo da indústria de mobiliário internacional. Chegados aqui, penso poder afirmar que os sonhos foram alcançados, mas não foram finalizados, porque temos sempre uma forte motivação e empenho para ir mais longe. Esse desejo e essa ambição de evoluir continua a estar no ADN da Época Gold e toda a empresa trabalha todos os dias para sermos melhores e mais competitivos», sublinha José Rocha. A Época Gold está presente em cerca de quarenta mercados internacionais, com as exportações a valerem cerca de 98% da produção total da empresa com sede no concelho de Paços de Ferreira. Portugal vale apenas dois por cento das vendas, «embora a retoma económica que assistimos poderá levar ao ressurgimento de alguns grandes projectos que têm estado algo adormecidos nos últimos anos, e devido a esses novos investimentos, poderá acontecer que o nosso país venha a ter um peso maior nas vendas da Época Gold, embora deva sublinhar, que não se esperam que venhamos a atingir volumes e expres- são de vendas como aconteceu há muitos anos», refere o empresário. Procuramos os melhores projectos mundiais José Rocha não destaca nenhum país ou mercado em especial, antes enfatiza que a Época Gold procura projectos de referência a nível mundial, «estejam eles onde estiverem, pois já realizámos projectos em países quase desconhecidos a nível internacional, mas em cujos territórios se desenvolveram projectos de elevadíssima qualidade e que contaram com o contributo do mobiliário da Época Gold». No entanto, constituindo a área da hotelaria de luxo um dos segmentos mais importantes, «mas longe de ser o único», como sublinha José Rocha, a empresa está neste momento envolvida em mobilar vários hotéis de elevado porte e referência, «que serão certamente fortes referências na hotelaria internacional. Mais, sublinho que um deles deverá mesmo vir a consti- tuir um dos melhores hotéis do Mundo. Ser a Época Gold a empresa escolhida para equipar em termos de mobiliário essas unidades, constitui obviamente um grande orgulho, mas sobretudo a constatação de que essa escolha pela nossa empresa foi motivada pelo reconhecimento da grande qualidade e sofisticação do mobiliário que produzimos, bem como pelo serviço de excelência que facultamos aos nossos clientes. É importante sublinhar que é muito importante produzir com elevada qualidade, mas também é igualmente muito importante prestar um serviço completo ao cliente que o deixe completamente satisfeito e feliz com o seu investimento», salienta José Rocha. Aliás, quando interrogado para definir a qualidade do mobiliário que a Época Gold produz, o empresário referiu que «a qualidade é uma coisa que não acontece de um dia para o outro. É um trabalho de muitos anos, corresponde a uma visão que temos do negócio e do produto, assim como uma correspondente forma de estar no mercado. A qualidade é um processo contínuo, e produzir hoje com qualidade, mais, com elevada qualidade, é para nós uma forma absolutamente natural de estar na vida e no negócio. Não sabemos trabalhar de outro modo que não seja com elevada qualidade. É essa a imagem e a verdade do trabalho da Época Gold, no fundo, é aquilo que eu e os meus filhos fazemos aqui todos os dias», adiantou. Grande orgulho e reconhecimento pelos dois filhos Estava dado o mote nesta entrevista para José Rocha passar mais para o cunho dos recursos humanos, bem como também para a componente mais afectiva, digamos mais relacionada com os afectos, sobretudo os de natureza familiar. Sublinhando que na empresa trabalham entre 70 a 80 pessoas, «depende bastante de alguns pe- Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 17 › GRANDE PLANO ríodos em que temos de fazer instalações de mobiliário, e aí precisamos de contar com mais alguns colaboradores», é quando se refere aos seus dois filhos, Luís e Diogo, que José Rocha deixa transparecer as suas emoções, sobretudo pautadas pelo orgulho nas pessoas dos seus filhos, mas também na dedicação, empenho, esforço e competência do desempenho do Luís e do Diogo na condução da Época Gold. José Rocha sublinha que os resultados da Época Gold são fruto de um trabalho de equipa, «sobretudo meu e dos meus filhos, somos nós que conduzimos a empresa. Obviamente que destaco também a participação nos nossos resultados de todos os nossos colaboradores, mas gostaria, se me permite, nesta parte da entrevista que estou a conceder à País Económico, que sublinhe o grande mérito e profissionalismo, além da comprovada responsabilidade no seu desempenho, do que tem sido a participação do Luís e do Diogo no que é hoje a Época Gold. Posso dizer, que se hoje me quisesse reformar, o poderia fazer com grande tranquilidade, pois tenho a completa certeza de que eles levariam a empresa para continuar um caminho de crescimento e evolução positiva. Tenho essa absoluta certeza, e é com muito orgulho que o digo», refere José Rocha com evidente, e plenamente, justificada emoção. Internacionalização da loja Alfaiate de Interiores Mas, o mundo não pára, e tanto a própria Época Gold continua a investir em modernização tecnológica e no reforço nas competências dos seus recursos humanos (detém 14 licenciados), como os seus administradores continuam a investir em negócios que acrescentam valor ao grupo empresarial que lidera bem como são importantes para o reforço e competitividade da economia portuguesa. Um desses projectos foi a criação há dois anos em Leça da Palmeira, concelho de Matosinhos, da loja Alfaiate de Interiores, «cuja evolução tem decorrido positivamente e da forma que inicialmente tínhamos previsto, mas estamos a estudar a expansão desse negócio, sobretudo para várias capitais europeias. Ainda não sabemos exactamente quais, nem está definido o modelo de intervenção em cada país, pois não sabemos se estaremos sozinhos ou em associação com algum parceiro local em cada país», adianta José Rocha, que interrogado sobre o timing do avanço do projecto de internacionalização das lojas Alfaiate de Interiores, 18 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 admite que tal possa acontecer a partir do próximo ano. Transformar a antiga Porteme num moderno centro empresarial Quem também abrirá portas a partir do início do próximo ano será o CEME – Centro Empresarial, que está a ser construído nas antigas instalações da Porteme, no que foi uma das maiores fábricas de portas do país, mas que há alguns anos tinha encerrado portas e estava desactivada. A EPOCA em associação com a empresa Ventilações Moura, adquiriu as antigas instalações da Porteme e, como referimos, está a adaptá-las para acolher um «cento empresarial do Século XXI. Certamente que será uma referência em toda esta região, estará preparado para receber entre 20 a 25 pequenas e médias empresas, que ali poderão dispor de serviços comuns, além de condições ideais para desenvolverem as suas actividades e negócios. Esperamos abrir portas logo no início do próximo ano e posso adiantar-lhe que a procura empresarial para se instalar naquele espaço tem sido muito significativa, pelo que estamos bastante optimistas com o sucesso e rentabilidade de um investimento que acreditamos ser importante para o desenvolvimento empresarial desta região e muito particularmente para o concelho de Paços de Ferreira», sublinha um empresário orgulhoso de um papel que vai mais além de apenas um produtor de mobiliário de topo, mas igualmente do seu papel de empresário com responsabilidade social que aplica o seu saber para contribuir para o desenvolvimento da sua região e do seu país. Quanto ao futuro da Época Gold, José Rocha refere que a empresa tem atingido crescimentos entre os 20 e os 30% anuais, e prevê que neste ano e no próximo continue a atingir os mesmos níveis de desenvolvimento e crescimento. «Os nossos objectivos é fazer cada vez melhor, é sabermos onde se desenvolvem os melhores projectos a nível mundial para os servir com o nosso mobiliário, no fundo é estarmos com os melhores a nível mundial, sim, porque temos também uma fábrica que é das melhores não só em Portugal, como a nível internacional no nosso sector. A Época Gold está entre os melhores, porque se o passado nos orgulha, temos muita confiança no futuro», termina um dos mais proeminentes empresários portugueses do sector do mobiliário. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 19 › GRANDE PLANO Mobiliário de lar português cresce nas exportações Exportações representaram 67% da produção portuguesa S egundo o estudo Sectores Portugal “Mobiliário de lar”, publicado pela Informa D&B, as vendas de mobiliário de lar em Portugal registaram em 2014 uma retoma de perto de 3%, até aos 350 milhões de euros, ultrapassando a tendência de descida do período 2010-2013, o que originou uma queda média anual acima dos 10%. No estudo apresentado, percebe-se igualmente uma crescente internacionalização da actividade dos fabricantes portugueses, onde as exportações em 2014 representaram 67% do valor da produção nacional, face a 56% de 2011 e 44% em 2008. As vendas ao exterior situaram-se no ano passado Estudo da Informa perto dos 500 milhões de euros, o que contrasta com o valor de 352 milhões de 2011 e de 209 milhões no ano de 2008. As importações, por sua vez, aumentaram 8%, até aos 107 milhões de eu- 20 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 ros, valor significativamente inferior aos 204 milhões contabilizados em 2007. Aliás, o bom comportamento das exportações permitiu que no período 2012-2014 as vendas de produção nacional contabilizassem taxas de variações positivas. No último ano situaram-se em 740 milhões de euros, mais de 3,2% do que em 2013. Por outro lado, no que respeita ao tecido empresarial no sector de mobiliário de lar tem reduzido significativamente nos últimos anos. O número de fabricantes passou de cerca de 5.300 em 2009 para 4.250 em 2013. O volume de emprego, por seu lado, situou-se neste último ano perto de 22.400 trabalhadores, valor notavelmente inferior ao de 28.790 empregados em 2009. O número médio de colaboradores por empresa situa-se próximo das cinco pessoas. Perto de 50 operadores têm mais de 50 trabalhadores e quase 90% do total emprega menos de 10. Do ponto de vista geográfico, a actividade produtiva apresenta uma notável concentração na zona Norte, onde se localizam mais de 65% dos operadores, à frente das zonas Centro, com 17%, e Lisboa, com 12%. ‹ Margres e Love Tiles renovaram showroom em Lisboa R eabriu ao público no passado dia 16 de Junho o showroom da Margres e da Love Tiles, localizado no Parque das Nações, em Lisboa. Decorado por Rita Glória, uma das mais reputadas designers de interiores do nosso país, o espaço das marcas pertencentes à Gres Panaria Portugal, assume um posicionamento de produtos de alta qualidade, com imensa sofisticação e capaz de apaixonar todos os que pretendem conforto, sofisticação e elevada qualidade. O resultado do trabalho de Rita Glória no espaço da Love Tiles surge em dois espaços distintos: no espaço tendência, interpretando um restaurante-bar, houve lugar para dar asas à imaginação sem restrições, concebendo zonas mais arrojadas e marcantes, aproveitando as valências das novas colecções da Love Tiles: Aroma, Nest e Blend. Já no espaço intemporal, integra-se numa residência particular com um ambiente contemporânea e acolhedor que nos faz, facilmente, sentir em casa. Utilizando cores mais sóbrias criam-se áreas amplas onde as texturas dos materiais das novas colecções da marca ganham protagonismo. Por outro lado, o espaço Margres surgiu com um perfil bastante renovado tendo sido dedicado especial atenção aos detalhes técnicos exigidos pelos profissionais de arquitectura. Neste novo espaço, estarão em exposição diversas soluções disponibilizadas pela Margres no que toda a pavimentos sobre elevados, zonas de alto tráfego, aplicação em torno de piscinas ou mesmo sobre gravilha ou relva, sem necessidade de utilizar cimento-cola. Estes produtos de pavimento e revestimento, para além das tradicionais aplicações, revelam ter especial aptidão para serem utilizados em sistemas capoto, fachadas ventiladas, pavimentos sobre elevados e renovações. Como referimos, as marcas Love Tiles e Margres pertencem à Gres Panaria Portugal, empresa que possui a maior unidade produtiva do sector cerâmico em Portugal, tendo facturado mais de 49 milhões de euros em 2014, com as exportações a representarem 60% do seu negócio. A Gres Panaria Portugal faz parte do Panariagroup Industrie Ceramiche, um dos principais produtores italianos de material cerâmico e que possui seis unidades produtivas, três em Itália, duas em Portugal e uma nos EUA. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 21 › NOTICIÁRIO › A ABRIR Mestrado em Finanças da Nova SBE É o melhor do mundo em experiência internacional Nova unidade industrial vai abrir em Sines Gypfor investe 12 milhões de euros P ela segunda vez, um mestrado português foi eleito pelo Financial Times o mais internacional do mundo. O mestrado em Finanças da Nova School of Business and Economics (Nova SBE) é o número um em experiência internacional na seleção do jornal britânico, que valorizou a multiculturidade proporcionada pela escola, no que diz respeito a alunos e professores, bem como a formação proporcionada pela Nova SBE em diferentes países, em colaboração com escolas parceiras, e o contacto dos alunos com profissionais/empresas de diferentes geografias. Relativamente á classificação global, o mestrado em Finanças da Nova SBE posicionou-se, pelo segundo ano consecutivo, como um dos 20 melhores do mundo, ao ser-lhe atribuído pelo Financial Times o 19º lugar no ranking geral. Segundo Daniel Traça, Diretor da Nova SBE, «a nossa qualidade académica permite-nos atrair o melhor talento à escala global. Aliás, somos cada vez mais procurados por empresas multinacionais que vêm fazer o seu recrutamento na Nova SBE de alunos portugueses e estrangeiros. Estes empregadores, algumas das melhores ins- Grupo TCS investe 15 milhões em Viseu O Grupo TCS, que está radicado em Espanha e no Brasil, vai construir em Viseu a sua primeira unidade industrial em Portugal, num investimento que ascenderá a 15 milhões de euros. A nova unidade ficará localizada no Parque Industrial do Mundão, adiantando o presidente do grupo, João Araújo, adiantou que a companhia dedicar-se-á às tecnologias e produtos inovadores de construção civil, além de criar 50 postos de trabalho numa primeira fase, «um número que será depois aumentado devido aos contratos que estão que estão a ser negociados, podendo vir a funcionar com dois ou três turnos». João Araújo referiu que a tecnologia TCS Construction System permite construir rapidamente casas, escolas e espaços comerciais, com vantagens ao nível do isolamento térmico acústico. A produção da unidade de Viseu vai ser praticamente toda destinada à exportação. Actualmente, o grupo vende e aplica os seus materiais em vários mercados de África e da América do Sul. O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, presente no momento da apresentação da futura unidade industrial, sublinhou que o município garantiu à TCS o acesso ao regime de incentivos directos ao investimento do Viseu Investe, de forma transparente e proporcional. ‹ 22 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 tituições do mundo na área de Finanças como bancos centrais, HSBC, JP Morgan, Goldman Sachs, Nomura, Deutsche Bank ou consultoras de topo, referem a excelente preparação dos nossos alunos para trabalhar em contextos internacionais e em qualquer geografia». ‹ A Gypfor, empresa nacional com sede em Sines, está a construir uma unidade industrial para a fabricação de produtos de gesso para a construção, nomeadamente placa de gesso laminado e transformados de placa de gesso laminado. Num investimento que ascenderá a 12 milhões de euros, encontra-se neste momento a decorrer a fase de construção das instalações, prevendo-se o início da sua laboração no decorrer do terceiro trimestre deste ano, com a criação de 40 postos de trabalho diretos. Segundo nota na última newsletter da Aicep Global Parques, entidade gestora da zona industrial de Sines, a Gypfor contará na nova unidade com tecnologia de ponta que lhe permitirá fabricar produtos de alta qualidade com capacidade para competir no mercado europeu. A empresa liderada pelo empresário Pedro Jordão aposta em várias inovações, como sendo a incorporação de novos aditivos na fabricação de gesso laminado para melhorar as suas propriedades e a fabricação de uma placa para tetos com alta absorção acústica. ‹ CARLOS VINHAS PEREIRA O Presidente da Câmara de Comércio Franco Portuguesa tem sido o percursor da divulgação das oportunidades do imobiliário e do turismo de Portugal em França, com evidentes reflexos no aumento significativo dos investimentos de cidadãos franceses e luso-franceses no imobiliário e na hotelaria em Portugal. O sucesso das feiras em paris e em Lyon é um excelente sinal do reforço da estratégia da câmara de comércio portuguesa na capital francesa. ‹ Zurich inaugurou agências em Paredes A seguradora Zurich inaugurou no final de Junho mais dois novos espaços de atendimento ao cliente no concelho de Paredes, reforçando a sua presença no norte do país. As duas novas agências estão localizadas em Rebordosa (Agente Domingos Oliveira Santos) e em Paredes (Agente Fusion Consulting). A Diretora Comercial do Canal Agentes, Rita Almeida, sublinhou na ocasião que «a nossa rede de agentes é um pilar para a execução de uma estratégia de proximidade, especialização e qualidade do serviço prestado ao cliente. Como tal, a presença física dos nossos mediadores profissionais nos vários pontos do país continuará a ser uma aposta». Em 2015, a Zurich tem inaugurado em média um espaço de atendimento por mês. Através destes locais, a seguradora executa a sua estratégia de reforço da presença em território nacional, onde já conta com mais de 800 pontos de contacto. ‹ ANTÓNIO MOTA O Presidente do grupo Mota-Engil teve mais um mês de grande sucesso à frente do maior grupo português da área da construção. Através da SUMA ganhou um segundo contrato na área dos resíduos em Omã, e através da Ascendi, a participada para a gestão de auto-estradas em Portugal, firmou uma parceria com a empresa francesa Ardian, que investe 300 milhões de euros na empresa do grupo Mota-Engil. ‹ Aicep Global Parques acompanhou empresários estrangeiros no Alqueva A Comissão Executiva da Aicep Global Parques, participou na Missão Empresarial ao Alqueva que se realizou no passado dia 26 de Maio. Numa iniciativa da EDIA e do Novo Banco, a missão visou promover uma das maiores áreas irrigadas da Europa a potenciais investidores, não só no sector de produção agrícola, mas também da agroindústria e da logística. Próximo da zona de Alqueva situam-se a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines e o BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal, sob gestão da Aicep Global Parques, oferecendo soluções de localização estratégicas para o acesso aos mercados internacionais para actividades agrícolas e agro-industriais com base na região de Alqueva. ‹ PAULO NEVES O Presidente do IPDAL – Instituto para a Promoção do Desenvolvimento da América Latina, assinou um protocolo com o Porto de Sines, visando colocar o maior porto português no radar das economias da América Latina, pois poderá constituir um ponto logístico de apoio de primeira grandeza para grande parte do comércio marítimo entre a Península Ibérica e os espaços central e sul do continente americano. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 23 › GRANDE PLANO Paulo Seiça Neves, Administrador de ICEBLOCK – Sociedade de Construções, SA «Somos um parceiro de confiança» Fundada em 1998, a ICEBLOCK – Sociedade de Construções, SA é uma empresa especializada nas áreas da Construção, Remodelação e Reabilitação Urbana e o seu percurso tem-se pautado por um crescimento sustentado ao longo destes 17 anos de existência. Em entrevista que concedeu à PAÍS€CONÓMICO, Paulo Seiça Neves, engenheiro civil e administrador desta empresa com sede de Oeiras salientou que a ICEBLOCK é um projeto consolidado que continua a ter nos dias de hoje índices de crescimento muito animadores, tanto em Lisboa como no Baixo Alentejo, áreas onde esta empresa mais opera. «Hoje em dia, perto de 85 por cento dos serviços que prestamos dirigem-se à Reabilitação e Requalificação Urbana», sublinhou Paulo Seiça Neves, que aproveitaria para destacar algumas obras de reabilitação em que a ICEBLOCK participou ou está neste momento empenhada. «Participámos na reabilitação de um edifício carismático em Castro Verde onde funcionava uma antiga moagem e que deu lugar à instalação do Conservatório Regional do Baixo Alentejo e, como a área da hotelaria está em expansão em todo o País, estamos a participar na Baixa lisboeta à reabilitação de um edifício nas imediações do Coliseu dos Recreios que vai dar lugar a um hotel com capacidade para 22 quartos, na reabilitação de apartamentos de aluguer de curta duração destinados a estrangeiros e em duas lojas municipais em plana Rua do Carmo», disse Paulo Seiça Neves, que atribui o sucesso da ICEBLOCK ao facto desta ser um parceiro de confiança. L TEXTO › VALDEMAR BONACHO ogo a abrir esta entrevista, Paulo Seiça Neves lembrou a fundação da ICEBLOCK. «Esta empresa foi constituída em 1998 e na altura eu era quadro de uma grande construtora portuguesa – a Teixeira Duarte – mas por opção de vida familiar decidi-me por abraçar este projeto. Como qualquer empresa que foi criada no final do período áureo da construção, ou seja no período pós EXPO, começámos por ter de enfrentar algumas dificuldades, nomeadamente a escassez de trabalho e enfrentar a grande proliferação de empresas que havia na altura. Mas conseguimos dar a volta à situação ao vocacionarmo-nos para uma área que, na altura, pouco ou nada se falava, que era a área da Reabilitação e Requalificação, 24 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA ICEBLOCK ou seja no âmbito do melhoramento e da recuperação de imóveis», referiu o administrador da ICEBLOCK. Paulo Seiça Neves fez questão de sublinhar que a ICEBLOCK também está direcionada para a construção nova, mas como naquela altura a oferta do mercado de construção nova era abundante e o próprio acesso à sua aquisição também não era difícil, «vimos na área da Reabilitação e Requalificação Urbana um nicho de mercado pouco falado e pouco desenvolvido que bem poderia ser uma oportunidade para nós», observou Paulo Seiça Neves, que ainda a propósito acrescentou. «A Reabilitação e Requalificação eram uma novidade, mas na altura ainda não era uma preocupação do País dada a facili- dade das pessoas em terem acesso à construção nova. Perante estes factos, resolvemos ir por este caminho, começando por cuidar da formação dos nossos colaboradores, preparando-os através do estudo da construção antiga. Digamos que conseguimos criar aqui o nosso espaço…», justificou Paulo Seiça Neves, administrador da ICEBLOCK, lembrando que a Construção, Remodelação e Reabilitação Urbana são hoje áreas fortes da empresa e que até se tornaram uma prioridade a nível do próprio País. «Daí estarmos agora a colher os frutos que fomos semeando ao longo dos anos da nossa existência nesta vertente», sublinhou em tom otimista Paulo Seiça Neves, que afirmou sem hesitação que a ICEBLOCK é uma empresa especialista Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 25 › GRANDE PLANO nas áreas onde opera. «Nos dias de hoje, 80 a 85 por cento da nossa prestação de serviços dirigem-se à Reabilitação e Requalificação», sublinhou o nosso entrevistado. Na ICEBLOCK os clientes estão em primeiro lugar Paulo Seiça Neves não esconde que a grande preocupação da sua empresa está no compromisso de satisfazer na totalidade as necessidades dos seus clientes. «É para isso que a ICEBLOCK trabalha todos os dias», sublinha, para se debruçar um pouco pelas intervenções que a sua empresa tem tido nos anos mais recentes, já que seria fastidioso enumerar neste momento todas as inúmeras obras com a marca ICEBLOCK realizadas até hoje em setores de referência como a Habitação, Serviços, Ensino, Saúde, Arranjos Exteriores e Lazer. «Orgulhamo-nos de ter participado em algumas obras de reabilitação de alguma grandeza não só na zona de Lisboa como no Baixo Alentejo, mais concretamente no distrito de Beja, e é com satis- Auditório ISCTE 26 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 fação que constatamos que a ICEBLOCK dispõe neste momento de uma carteira de encomendas que lhe garante trabalho para o presente ano e seguinte», destacou Paulo Seiça Neves, que justificaria a sua opção pelo Baixo Alentejo. «Constatámos que Lisboa e outros centros urbanos concentravam demasiadas empresas de construção, até porque eram grandes pólos de desenvolvimento. Então, fomos criar raízes para fora de Lisboa e a nossa opção foi pelo Baixo Alentejo, onde estamos a operar desde 2006/2007. Eu diria que esse passo foi dado em boa hora», esclareceu o administrador da ICEBLOCK. Muito interventivos em Lisboa e Baixo Alentejo De referir que neste momento a ICEBLOCK está a participar em várias obras de reabilitação e requalificação na zona de Lisboa e no Baixo Alentejo, e nesta entrevista Paulo Seiça Neves fez questão de se referir a algumas dessas intervenções. «Participámos na reabilitação de um edifício carismático em Castro Verde onde fun- cionava uma antiga moagem e que deu lugar à instalação do Conservatório Regional do Baixo Alentejo e fizemos diversas reabilitações em edifícios públicos – escolas, mercados, centros de dia, entre outros. Mas ultimamente, com o crescimento que vem ocorrendo ao nível da hotelaria em todo o País, para além das áreas da Habitação, Serviços, Ensino, Saúde, Arranjos Exteriores e Lazer, entrámos também na área da hotelaria, nomeadamente na Zona Pombalina de Lisboa. Neste contexto estamos a reabilitar um antigo edifício nas imediações do Coliseu dos Recreios que vai dar lugar a um hotel com 22 quartos e já fizemos também na Baixa de Lisboa algumas reabilitações muito complexas na área do aluguer de apartamentos de curta duração para estrangeiros, e em plena Rua do Carmo, estamos também a fazer a requalificação de duas lojas municipais.», referiu Paulo Seiça Neves. Como já foi referido, a ICEBLOCK é uma empresa que privilegia a política de proximidade com os seus clientes. E deduzimos na conversa que tivemos com Paulo Seiça Neves que este é um dos pontos que diferencia esta empresa da concorrência. «A diferença está muito no modo como tratamos os processos de Reabilitação e Requalificação com os nossos clientes, onde tudo é feito com rigor absoluto. Nós damos apoio ao nosso cliente no início e no decorrer de todas as fases do processo. É um trabalho em conjunto com o nosso cliente que passa inclusivamente pelo estudo das patologias do edifício. Só depois de tudo estar determinado é que apresentamos o custo da nossa intervenção», salientou Paulo Seiça Neves, que re- Peniche conhece neste procedimento um modo de estabelecer com o cliente uma parceria de confiança. Reabilitação está na ordem do dia Paulo Seiça Neves acredita que a Reabilitação e a Requalificação são áreas de muito futuro e que a sua empresa continuará a crescer sustentadamente nos próximos anos. «A Reabilitação está hoje na ordem dia e esses sinais vêm até do próprio governo através dos vários programas de apoio a esta área de atividade. Tanto o QREN como agora o Portugal 2020 dão sinais visíveis desse apoio à Reabilitação e, por outro lado, há no nosso país, nomeadamente em cidades como Lisboa, Porto e tantas outras, um número assustador de edifícios devolutos que se não forem recuperados as nossas cidades correm o risco de poderem ficar desertas e com visuais nada agradáveis. Por outro lado, Portugal ao tornar-se um destino turístico de eleição levou a que as pessoas se sensibilizassem pela recuperação dos edifícios degradados, principalmente aqueles existentes nos Centros Históricos, muito do agrado de quem nos visita e não só. Portanto, nesta área há imenso que reabilitar e requalificar e a ICEBLOCK está pronta a colaborar com todo o seu know-how nesta gigantesca tarefa», assegura Paulo Seiça Neves. No entender do administrador da ICEBLOCK a preocupação na satisfação das necessidades e exigência está sempre presente no espírito da sua empresa. «Nós temos dado muito ênfase à formação dos nossos colaboradores com vista à obtenção de padrões elevados de qualidade em todos os serviços que prestamos. Tanto a Reabilitação como a Renovação são áreas em constante mutação e isso exige da nossa parte que estejamos muito Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 27 › GRANDE PLANO Auditório em Cabo Verde atentos à formação dos nossos Quadros de modo a irmos ao encontro das exigências de um mercado que está constantemente a inovar e a introduzir técnicas modernas. E uma empresa como a ICEBLOCK tem de saber acompanhar essa evolução para poder manter o elevado grau de qualidade e de competitividade que já possui», justificou Paulo Seiça Neves. Eficiência Energética e Requalificação de Lotas Como já se disse, a ICEBLOCK é uma empresa que quer afirmar-se cada vez mais Mercado de Coruche 28 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 na área da Reabilitação Urbana, mas nem por isso deixa de estar atenta a outras oportunidades que surjam no mercado, todas elas interligadas ao seu core genuíno. Paulo Seiça Neves diz-se empenhado em evoluir na vertente da Eficiência Energética e já opera nesta área no regime de subcontratação. «É uma área onde estamos muito atentos e onde também esperamos desempenhar um bom trabalho», sublinhou o administrador da ICEBLOCK que aproveitou o ensejo para esclarecer que «estas sub- contratações são um pouco a extensão da nossa empresa, porque quando subcontratamos recorremos sempre aos mesmos parceiros, isto porque a nossa linguagem é entendida por ambas as partes, porque sabemos como lidamos, porque comungamos das mesmas preocupações e lutamos pelos mesmos fins», precisou Paulo Seiça Neves. Com uma intervenção muito válida em projetos de referência em áreas como a Habitação, Serviços, Ensino, Saúde, Arranjos Exteriores e Lazer, a ICEBLOCK vê com muita esperança o seu futuro a curto e a médio prazo. «E aqui, a área da Eficiência Energética também poderá vir a constituir um segmento de mercado muito importante nos negócios da empresa», lembrou Paulo Seiça Neves que, a fechar esta entrevista, recordou também o desempenho meritório da ICEBLOCK da área da Requalificação das lotas portuguesas. «Já requalificámos 3 das 4 lotas mais importantes do País: Requalificámos a Lota de Peniche, estamos a acabar a requalificação da Lota da Figueira da Foz e estamos também a requalificar a Lota de Sesimbra», precisou Paulo Seiça Neves, sublinhando que estas intervenções «atestam bem a nossa preocupação e o desejo enorme de bem servirmos os nossos clientes». ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 29 › LUSOFONIA › África Pires de Lima assegurou em Luanda da forte adesão das empresas portuguesas à linha de crédito criada Mais de 300 empresas já estão a utilizá-la «Há mais de 300 empresas que estão a recorrer a esta linha de crédito e nós no Governo, em concreto no Ministério da Economia, estamos atentos porquês e for necessário ampliar esses 500 milhões assim o faremos, ou proporemos em Conselho de Ministros», referiu António Pires de Lima, ministro da Economia, em declarações recentes ocorridas em Luanda depois de se reunir com o seu homólogo angolano, Abraão Gourgel, e no âmbito da sua visita a Angola para participar na criação do Observatório dos investimentos angolanos em Portugal e portugueses em Angola. A linha de crédito de 500 milhões de euros foi criada pelo governo português para reforçar a tesouraria das empresas portuguesas que exportam para Angola, e segundo o ministro já está a apoiar mais de 300 empresas nacionais. Recorde-se que existem mais de nove mil empresas portuguesas que exportam para Angola, sendo que dessas cerca de cinco mil têm Angola como seu único destino de exportação. Pires de Lima aproveitou esta visita para reafirmar o «forte compromisso de Portugal com Angola», tanto ao nível das empresas como do poder político, sublinhando que «nós estamos em Angola nos momentos de maior crescimento, mas também nos momentos de maior exigência. ‹ CINEL ganhou primeiro contrato em Angola O CINEL – Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica, Energia, Telecomunicações e Tecnologias de Informação, ganhou um primeiro contrato para a formação de quadros de uma empresa angolana. O concurso internacional incidiu sobre a formação de cerca de 40 quadros durante um ano nas áreas das telecomunicações com fibra óptica e implica a deslocação a Luanda de formadores do centro português. A Fibrasol é uma empresa angolana com uma das maiores quotas de serviço de infraestruturas de telecomunicações e necessita de acrescentar competências técnicas naquelas áreas, estando a trabalhar na instalação e manutenção de 4.000 quilómetros de fibra óptica em Angola. O CINEL possui 51 colaboradores e mais de 120 formadores externos, detendo 22 laboratórios equipados com a mais moderna tecnologia e certificados pela APCER, pela ANACOM, pela Microsoft IT Academy, pela CISCO e em Domótica em Tecnologia KNX (EIB) e ainda em Microssoldadura com tecnologia SMD e BGA. Criado em 1985, o CINEL é uma instituição de formação criada por protocolo entre o IEFP e a Associação das Empresas do Sector Eléctrico e Electrónico (ANIMEE), formando e certifica profissionais nos domínios da Electrónica, Energia, Telecomunicações e Tecnologias de Informação. ‹ Isabel dos Santos comprou maioria da Efacec Novabase reforça parceria com SAP em África A empresária angolana Isabel dos Santos adquiriu 65% da Efacec Power Solutions, a maior empresa portuguesa de electrónica, em parceria com a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), detida a 100% pelo estado angolano. O negócio foi avaliado em 200 milhões de euros, e envolveu também a José de Mello SGPS e a Têxtil Manuel Gonçalves, empresas que anteriormente controlavam a totalidade da empresa, e que agora reduziram a sua participação, em partes iguais, para 17,5% cada um. O investimento de Isabel dos Santos concretizou-se através da empresa Winterfell, que em comunicado se trata de um “investimento estratégico e de longo prazo”, adiantando ainda que as “competências da Efacec Power Solutions assumem uma particular relevância para os novos accionistas dado que esta parceria contribuirá para o desenvolvimento da exportação de conhecimento e para a partilha de tecnologia”, além de que a “economia angolana em particular sairá reforçada dado o know how da Efacec em áreas chave do seu crescimento económico”. Esta empresa portuguesa já prestou anteriormente serviços a grupos angolanos, sendo de referir que esta mudança accionista acontece num momento em que o sector eléctrico angolano necessita de se desenvolver, desde a produção à distribuição. ‹ A Novabase assinou recentemente um acordo com a SAP para o mercado africano que lhe vai permitir revender os produtos e soluções SAP, complementando a oferta de serviços prestados nos países da África subsariana. Este acordo vem no seguimento de uma parceria estratégica de longa data entre as duas empresas, que principiou em Portugal e se tem vindo a estender nos últimos anos aos mercados africanos, como sejam Angola, Argélia, África do Sul, Gana e Moçambique. Segundo Carmo Palma, administrador da Novabase, «este acordo vem acrescentar valor aos serviços que já prestamos aos nossos clientes, com o desenvolvimento de soluções de informação de gestão e algumas soluções verticais para o Setor Público, Utilities, entre outras. Trata-se de uma parceria que vem reforçar a nossa aposta no continente africano e em soluções SAP». A Novabase alcançou em 2014 um volume de negócios de 220 milhões de euros, dos quais cerca de 40% obtidos fora de Portugal. ‹ 30 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 31 › LUSOFONIA › Brasil Armando Abreu, Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará O Ceará possui excelentes oportunidades para as empresas portuguesas Armando Abreu é um dos empresários históricos nas relações entre Portugal e o Ceará. Responsável por alguns dos mais importantes investimentos eólicos no Ceará, é um dos accionistas da Braselco, empresa especializada em todas as fases da estruturação de projetos eólicos no Brasil, e foi eleito recentemente como novo presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará. Doutorado em Energias Alternativas na Universidade de Coimbra, Armando Abreu mostra um forte empenho em contribuir para uma nova etapa nas relações económicas e empresariais entre o Ceará e Portugal, acreditando, uma vez mais, que nas áreas das energias renováveis, existe um enorme potencial e boas oportunidades que os investidores portugueses podem encontrar num dos estados brasileiros mais próximos de Portugal. Aumentar o comércio entre os dois lados do Atlântico constitui obviamente outra aposta da nova Diretoria de uma câmara lusobrasileira que quer aprofundar o relacionamento entre o Ceará e Portugal. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA CCBPCE Acabou de ser eleito presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal no Ceará. Quais são os principais desafios para este mandato? Os principais desafios deste novo mandato, são resumidamente, os seguintes: • Transformação da nossa News Letter, numa revista mensal on-line • Promoção e Organização de Eventos, de trading • Viagens de Negócios teceu nos últimos anos entre o Ceará e Mesmo com a crise actual no Brasil, e a ligeira e lenta recuperação económica de Portugal, vejo excelentes oportunidades, nos sectores das novas tecnologias e das energias renováveis, especialmente, eólica, solar e reciclagem e reutilização do lixo. Portugal? O seu ramo empresarial é a energia éo- Infelizmente de 2013 para 2014, houve um decréscimo das importações e exportações, entre o Ceará e Portugal. Em 2013, Portugal importou US$ 9,8 Milhões do Ceará, tendo esse número descido para US$ 7,6 Milhões em 2014. Por outro lado, em 2013, o Ceará importou US$ 4,84 Milhões de Portugal, tendo esse número descido para US$ 2,81 Milhões em 2014. lica, onde aliás chegou a existir impor- Como analisa a evolução das relações económicas e empresariais que acon- • Continuação dos Projetos e das Atividades em Curso • Fortalecer e Fomentar as Parcerias Institucionais • Fomentar o Comércio entre o Brasil, Ceará e Portugal • Criação e Implementação de uma Casa de Portugal • Criação e Implementação da Câmara Arbitral • Criação de um Grupo de Sócios Mantenedores/Patrocinadores • Aumento do Número de Sócios • Desenvolver e Implementar Projetos Sociais e Culturais • Implementação de Almoços Bimensais/Trimestrais, com palestrantes de relevo, a nível nacional 32 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 realizar negócios no Ceará? Existem oportunidades no Ceará Como novo presidente da Câmara Portuguesa, quais são as oportunidades que nesta altura existem para as empresas portuguesas que queiram investir ou tantes investimentos portugueses nesse estado do nordeste brasileiro. Ainda Essas excelentes oportunidades existem, tanto na cadeia produtiva, equipamentos e serviços, como na situação de gerador propriamente dito. Promover as relações entre os dois lados do Atlântico Quais serão as próximas ações da Câmara por forma a dinamizar o relacionamento económico e empresarial entre os dois lados do Atlântico? Cruzamento de dados relativos a importações e exportações, entre o Ceará e Portugal. Com isso definir quais os setores e atividades complementares. Aproveitar toda a informação existente e atualizá-la. O que é Portugal importa que o Ceará tem para vender e o que é que o Ceará importa que Portugal tem para vender. Identificar quais os principais atores nesses setores e atividades. Promover troca de informações e dados de modo a que os possíveis compradores e vendedores, de cada um dos lados, se conheçam e troquem informações. Dentro de cada sector e actividade, promover visitas mútuas, com consequentes encontros e rodadas de negócios. Como vê o futuro das relações entre o Ceará e Portugal? Devido à localização geográfico dos dois, a logística de transporte de passageiros e mercadorias, existente nos dois sentidos, e a complementaridade de necessidades, não tem como essas relações não aumentarem, de modo a incrementar as trocas comerciais entre os dois. ‹ existem oportunidades que as empresas portuguesas possam aproveitar no domínio eólico nesse estado? E quanto à energia solar? Devido ao excelente potencial eólico e solar do estado do Ceará, tendo em conta a situação económica do Brasil, falta de recursos hídricos e dificuldade no fornecimento de combustíveis para aas centrais geradoras térmicas, simultaneamente com a falta de planejamento dos governos brasileiros, vejo excelentes oportunidades no domínio eólico e solar. Investidores luso-brasileiros investiram 770 milhões na Brisa Um conjunto de investidores luso-brasileiros, onde se inclui o empresário António Pargana, antigo presidente da Câmara de Comércio Portuguesa de São Paulo, decidiram investir 770 milhões de euros para adquirirem 30% do capital da Brisa-Concessão Rodoviária. Segundo declarações de António Pargana ao Jornal de Negócios, «acreditamos no crescimento económico de Portugal e estamos convictos que podemos ser um forte aliado para ajudar a criar riqueza no país», adiantando ainda que acreditar no «excelente desempenho e solidez, a qualidade de serviço e a capacidade de gestão da administração da BCR e da Brisa», salientou o empresário português que lidera a Global Roads Investimentos. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 33 › EMPRESARIADO Carlos Castro, Presidente da PME Investimentos PME portuguesas têm aproveitado muito bem os instrumentos financeiros que disponibilizamos A PME Investimentos é uma instituição de crédito pertencente ao setor empresarial do Estado, que possui como missão apoiar o empreendorismo, a inovação, a competitividade e a internacionalização das empresas portuguesas, sobretudo as PME. Carlos Castro, engenheiro, é o presidente da PME Investimentos e nesta oportuna entrevista à País€conómico, enuncia os objetivos prosseguidos pela instituição que lidera, bem como transmite a ideia da excelente receptividade e atuação das empresas portuguesas face aos instrumentos financeiros de apoio facultados pela PME Investimentos para a prossecução dos seus objetivos empresariais, tanto em Portugal, como nos mercados externos. TEXTO › VALDEMAR BONACHO Constituída em 1989, a PME Investimentos é uma instituição de crédito do setor empresarial do Estado, que tem por missão promover a dinamização e o alargamento da oferta de financiamento a empresas do setor não financeiro, em particular às PME. Como tem sido a adesão das PME às várias linhas de crédito postas à sua disposição pela PME Investimentos? A PME Investimentos tem por missão, de acordo com os objetivos de política pública, a promoção do empreendedorismo, inovação, competitividade e internacionalização empresarial. Para o efeito, gere diversos instrumentos de financiamento, quer de dívida quer de capital. Especialmente relevante para a atividade da PME Investimentos tem sido o FINOVA – Fundo de Apoio ao Financiamento 34 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA PME INVESTIMENTOS à Inovação. Este fundo é gerido pela PME Investimentos, e foi constituído em 2008, assentando a sua constituição numa lógica de centralização de recursos de intervenção pública no domínio das novas oportunidades de financiamento às PME. O FINOVA engloba múltiplos instrumentos de financiamento, de origem nacional e comunitária, cujo principal objetivo é melhorar as condições de financiamento das empresas, onde se destaca, para além da participação em diversos Fundos de Capital de Risco, Fundos de Capital de Risco Revitalizar e a criação e participação das Linhas de Financiamento destinadas a Business Angels (as linhas In2BA), as Linhas de Crédito que são geridas pela PME Investimentos. A primeira Linha de Crédito foi criada em 2008, com o objetivo de facilitar o acesso ao crédito bancário pelas PME. Com efeito, como é sabido, a atribuição de crédito bancário depende de uma série de vetores e tem por base uma análise de solvabilidade e risco da empresa, sendo, nesse contexto, exigidas garantias patrimoniais, o que, muitas vezes, faz com que o recurso a crédito bancário seja viável apenas a empresas que detenham ativos passiveis de serem utilizados como colaterais. Ora, é exatamente por esta razão que as Linhas de Crédito geridas pela PME Investimentos têm assumido um papel determinante para o tecido empresarial Português e têm constituído uma mais-valia para o mercado dado que, quando associada à prestação de uma garantia pelo Sistema de Garantia Mutua surge uma bonificação da taxa de juro ou da comissão de garantia por parte do FINOVA, o risco as- Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 35 › EMPRESARIADO sociado à concessão de crédito por parte das Instituições Bancárias aderentes é significativamente reduzido, sendo o risco é partilhado entre todos os intervenientes nas Linhas de Crédito: As Instituições Bancárias, o Sistema Nacional de Garantia Mutua e o FINOVA. Adicionalmente, é de realçar que estas Linhas de Crédito têm associadas taxas de juro competitivas, inferiores à média das taxas praticadas pelo sistema bancário. Assim, e para responder diretamente à questão, a adesão das PME às várias Linhas de Crédito geridas pela PME Investimentos tem sido, desde a primeira que foi lançada, muito boa. Aliás, o simples facto de termos passado de uma linha em 2008 para quinze linhas até à presente data é um indicador do sucesso e aceitação das Linhas de Crédito por parte das PME. tem como objetivo promover o acesso ao processos de internacionalização para potencial para exploração no nosso País e claramente poderá ser alvo de dinamização. o mercado angolano, linha esta que tem Há uns anos atrás a atividade de Bu- uma dotação de 500 milhões de euros. siness Angels não tinha praticamente Com as restrições que estão a ser impos- nenhuma visibilidade em Portugal. To- tas pelo Governo Angolano às empresas davia, essa visibilidade face aos em- portuguesas que exportam para Angola, preendedores começou a acontecer com é de prever alguma diminuição de inte- o lançamento da primeira linha de finan- resse por esta Linha de Crédito? ciamento Business Angels, cuja operacionalização se iniciou em fins de 2010. e Linha Específica “Crédito Comercial a A Linha para Empresas Portuguesas com Processo de Internacionalização em Angola tem por objetivo promover o acesso ao crédito a empresas com exportações ou processo de internacionalização para o mercado angolano e que, face à lei cambial local, se vêm restringidas na capacidade de converter montantes que lhes estão consignados ou os depósitos bancários que detêm em instituições de crédito angolanas em divisa cotada internacionalmente, nomeadamente euros (EUR) ou dólares americanos (USD). Trata-se de uma linha inovadora, contudo, tendo em conta o seu objetivo cremos que esta continuará a ser interessante para as PME, independentemente das circunstâncias políticas ou económicas vivenciadas em território angolano. Exportadoras” (dotação de 200 milhões A PME Investimentos tem alguma Linha de euros). Esperavam esta forte adesão de Crédito de apoio às empresas portu- das nossas PME à Linha PME Cresci- guesas com processo de internacionali- mento 2015? Os 1400 milhões de euros zação com outros países que não Ango- de dotação são suficientes, ou pensam la? Fale-nos dessa Linha de Crédito, dos mesmo vir a reforçar esta verba? seus objetivos e adesão encontrada por As linhas de crédito geridas pela PME Investimentos que até hoje temos lançado têm tido, desde 2008, excelente recetividade por parte das PME portuguesas. Assim, estamos convictos que a Linha PME Crescimento 2015 lançada no início de abril não será exceção. No que concerne à dotação da linha, os valores são avaliados periodicamente, podendo ser feitas reafetações de verbas entre as sublinhas em função da utilização. parte das PME. A Linha PME Crescimento 2015 entrou em vigor a 1 de Abril com uma dotação global de 1400 milhões de euros e quatro Linhas Específicas: “Micro e Pequenas Empresas” (300 milhões de euros), “Fundo de Maneio e Investimento” 800 milhões de euros), “Empresas de Elevado Crescimento” (100 milhões de euros) Linha Para Empresas em Angola é muito inovadora A 8 de Maio entrou em vigor a Linha para Empresas Portuguesas com Processo de Internacionalização em Angola que 36 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 crédito a empresas com exportações ou A Linha para Empresas Portuguesas com Processo de Internacionalização em Angola foi criada para suprir uma situação pontual e específica, pelo que não foram criadas linhas similares para outros países. No entanto acreditamos que o potencial de crescimento do nosso tecido económico e empresarial é muito elevado por esse motivo, as Linhas PME Investe e PME Crescimento que têm sido lançadas pela PME Investimentos, têm por sistema, englobado uma dotação destinada aos setores exportadores, dado que se nos afigura que ainda existe muito espaço para o crescimento das PME, nomeadamente na área da produção que ainda tem muito A PME Investimentos, que com o COMPETE articula esta linha de financiamento, está satisfeita com o contributo até agora prestado por este linha de financiamento no que concerne à promoção e evolução da atividade das Business Angels em Portugal? A atividade dos Business Angels em Portugal tem vindo a ter cada vez mais visibilidade, tendo estes assumido um papel cada vez mais relevante no âmbito do apoio a empresas em fases seed capital e/ou early stage. A PME Investimentos lançou nos últimos anos, duas linhas de financiamento destinadas a Business Angels. A primeira linha de financiamento a Business Angels, cuja operacionalização se iniciou em dezembro de 2010, contribuiu para potenciar a visibilidade dos Business Angels face aos empreendedores, tendo sido efetuados investimentos pela maioria das 47 entidades veículo constituídas, as quais, na sua totalidade, englobaram cerca de 200 Business Angels e investiram em cerca de 126 empresas um valor global de cerca de € 25.000.000, que possibilitou a criação e/ou manutenção direta ou indireta de cerca de 390 postos de trabalho. Esta primeira linha foi um instrumento verdadeiramente inovador em Portugal e que muito contribuiu para a aprendizagem dos vários intervenientes, nomeadamente da PME Investimentos, e dos Business Angels. A 18 de fevereiro de 2014 tivemos a oportunidade de lançar uma segunda linha, que foi criada numa lógica de deal by deal, o que nos permitiu alargar os fundos a mais Business Angels, aliás, a lógica deal by deal foi para acompanhar a ten- dência do mercado, já que o número de investidores qualificados como Business Angels tem crescido significativamente. Esta nova dinâmica revelou-se extremamente atrativa para os Business Angels tendo os montantes da segunda linha ficado totalmente alocados em meados de novembro de 2014, o que é particularmente relevante quando se assumia que a linha poderia apenas vir a ver os seus fundos totalmente alocados no terceiro trimestre de 2015. Nesta segunda linha foram efe- tuados investimentos por 18 entidades veículo, as quais investiram em cerca de 42 empresas um valor global de cerca de € 15.000.000,00 que possibilitou a criação e/ou manutenção de cerca de 60 postos de trabalho. Apesar de satisfeitos com o contributo destas linhas de financiamento para a dinamização do tecido empresarial das PME e, simultaneamente, para a promoção e evolução da atividade dos Business Angels no nosso país, acreditamos que ainda existe um longo caminho a percorrer no sentido de alargar esta tipologia de investimento e de a levar ao conhecimento de um número crescente de empreendedores. A nossa intenção é que estas linhas permitam desenvolver um “ecossistema” de Business Angels apostados em desenvolver e investir no setor empresarial português, fomentando, desta forma, o crescimento económico e tornando-se uma alternativa viável às tradicionais formas de financiamento das empresas. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 37 › EMPRESARIADO Isabel Andrade, Directora Geral da Optimus Transitários Queremos ser o parceiro logístico estratégico para as pequenas e médias empresas O Grupo GTL tem a sua génese em 1985 quando o seu fundador e sócio-maioritário (José Andrade) arrancou com a sua actividade de despachante oficial. Mais tarde surgiu a Optimus Transitários e já em 2012 o conjunto de empresas assumiu a estratégia de grupo integrado sob a denominação de GTL. Isabel Andrade é Directora Geral da Optimus Transitários, e nesta entrevista à País€conómico, assume claramente o objectivo de que o grupo seja o mais bem colocado no nosso país para prestar um apoio logístico de elevada qualidade para as pequenas e médias empresas portuguesas, «embora estejamos disponíveis para apoiar empresas de todo o tamanho e características». Com capacidade de actuação em todo o mundo, a Otpimus Transitários apoio de forma muito forte as empresas portuguesas em muitas partes do mundo, não apenas nos PALOP, mas O igualmente no norte de África, países árabes e na Europa Ocidental. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS Grupo GTL está há quase duas décadas no mercado da logística em Portugal, mas a experiência das empresas nele integrantes já vem de trás. Gostaria de nos explicasse um pouco da história e evolução do Grupo GTL. Da experiência nasce a excelência. Esta é, possivelmente, a melhor forma de definir o aparecimento do Grupo GTL no mercado nacional. Recuando um pouco no tempo, estamos em 1985, ano em que o sócio maioritário, José Andrade, inicia a sua actividade como Despachante. Estava lançada a primeira semente para o nascimento do grupo. Com o desenvolvimento da actividade aduaneira e tendo em mira o crescimento da actividade de negócio, concluiu-se que havia a necessidade de se criar uma empresa que pudesse ser não só um complemento à actividade do Despachante Oficial mas acima de tudo que pudesse 38 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 preencher as necessidades dos clientes existentes por um lado e, por outro, pudesse captar novos mercados e novos clientes. Dessa necessidade nasce a Optimus Transitários que vem assegurar o transporte aéreo, marítimo e rodoviário. Mas ainda não era suficiente para o espírito empreendedor do fundador do Grupo porque, na sua opinião, o ciclo ainda não estava fechado. O serviço integrado que pretendia oferecer aos seus clientes viria a concretizar-se na criação do Grupo GTL, em 2012, onde estariam enquadrados os três L’s. Logística de transporte, logística aduaneira e logística integrada. Desde então, tem vindo a consolidar a sua posição no mercado, crescendo de forma sustentada e posicionando-se como um grupo sólido dentro do sector. Actualmente, conta com 38 colaboradores divididos por três diferentes áreas de ope- ração, Despachante Oficial, Transitário, Armazém e Logística. Cultivando atitudes de parceria com agentes em todo o mundo e promovendo a procura contínua de melhores e mais inovadores métodos, o Grupo GTL quer diferenciar-se pela qualidade e profissionalismo dos seus serviços. Os valores do Grupo GTL são a Honestidade, Transparência, Ética, Rigor e Responsabilidade. Temos uma vasta carteira de clientes, numa cobertura geográfica que se estende de Norte a Sul do país, incluindo Madeira e Açores. No competitivo mercado da Logística Global, o Grupo GTL quer destacar-se pela sua contínua aposta na melhoria da qualidade e inovação dos seus serviços. É segundo este princípio, que o Grupo GTL definiu como Missão “Gerir de forma profissionalizada os bens e serviços dos nossos clientes, para que os mesmos possam centrar-se no essencial dos seus negócios”. Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 39 › EMPRESARIADO Nos últimos anos, a par da contração de muitas actividades económicas em Portugal, as exportações a partir de Portugal cresceram de forma exponencial, passando de 29% para mais de 41% do PIB português. Esta circunstância também ajudou a firmar e a crescer um grupo logístico como o vosso? Em que medida isso aconteceu? Certamente que sim. Possuímos agentes em todo o mundo o que nos tem permitido acompanhar a diversidade registada nos últimos anos no destino das exportações dos nossos clientes. As saídas para mercados fora da União Europeia são as que registaram um aumento mais significativo, tendo-se verificado uma forte aposta por parte das empresas portuguesas nos Palop’s, com especial enfoque em Angola, país onde temos uma excelente representação e onde podemos oferecer soluções muito competitivas. O facto de Portugal estar na rota dos países que mais subiram em termos de exportação conduziu a uma maior exposição o que levou a que as consultas de preços e condições tivessem aumentado, significativamente, por parte dos nossos agentes. Esta realidade gerou um maior movimento de tráfego contribuindo, obviamente, para o nosso crescimento e também reconhecimento junto dos nossos parceiros nacionais e internacionais, levando o Grupo a estar onde hoje se encontra. Por isso, sim. Temos beneficiado com as exportações e internacionalização das empresas portuguesas. já vimos, dentro do grupo, encontram-se reunidas as valências necessárias para prestar ao cliente um serviço integrado de logística. Com um centro de operações logísticas na região de Lisboa e uma tecnologia avançada de suporte, para além dos serviços de transporte e armazenagem tradicionais, disponibilizamos soluções integradas que incluem Cross-Docking, consolidação de cargas, preparação de encomendas e distribuição, fabricação de todos os tipos de packs promocionais e de merchandising, bem como uma panóplia de outros serviços de valor acrescentado. O nosso entreposto aduaneiro revela-se uma importante ferramenta para todos os clientes que, por motivos estratégicos, económicos ou outros necessitem de suspender o pagamento de direitos e outras taxas resultantes da colocação da sua mercadoria em livre prática. Continuando a nossa estratégica de diferenciação, estamos aptos a apresentar uma oferta de serviços de qualidade superior a um preço ajustado à realidade. Pretendemos ser um fornecedor de serviços em toda a cadeia de abastecimento que acredita que a comunicação eficiente e o comprometimento com as expectativas de performance e de custos dos seus clientes devem ser as bases de uma aliança estratégica para as empresas que buscam vantagens competitivas para os seus negócios. nhecimentos, ideias e responsabilidades, práticas incentivadas no Grupo já que promovem o desenvolvimento de competências e enriquecem o conteúdo de trabalho. A necessidade formativa é cuidadosa e rigorosamente analisada uma vez que se assim não for o que deve constituir objecto de motivação poderá tornar-se objecto de frustração. Temos no Grupo um formador credenciado que assegura parte da formação ministrada. Contamos, por isso, com uma equipa excepcional que marca a diferença e que pode ser definida como altamente qualificada, coesa, dinâmica e motivada. Cada um dos nossos colaboradores, independentemente do posto que ocupe, é considerado uma peça importante da base do bom funcionamento da empresa e cada um de nós está ciente de que a qualidade e o nível de serviço que nos propomos prestar só é atingível com o trabalho de todos em equipa. Os nossos colaboradores são o nosso maior bem. São eles a chave do nosso sucesso uma vez que nada poderá ser alcançado sem o seu envolvimento. Temos uma doutrina e somos uma força. Países árabes e norte de África. Colocamos ao dispor dos nossos clientes todos os serviços em circuito fechado. Dispomos de armazém autorizado à Exportação, Entreposto Aduaneiro, ponto de controlo para produtos alimentares, serviços de logística e Cross-Docking suportado num WMS de última geração e trânsitos Marítimo, Aéreo e Rodoviário. Hoje em dia a actividade do nosso grupo não pode estar resumida ao plano nacional, a globalização também nos ajudou a procurar novos mercados e alternativas, como por exemplo o mercado Espanhol; da mesma forma que do lado de lá da fronteira se vê Portugal como mais uma província, nós temos de tirar partido disso olhando para Espanha como área a abastecer. Quanto às parcerias, são de vital importância, se os parceiros escolhidos não se apresentam no mercado com a mesma filosofia comercial que a nossa, o serviço com que estamos comprometidos perante o nosso leque de clientes não cumprirá certamente os requisitos. Como observa a evolução da logística em O grupo possui instalações em Lisboa Portugal e no plano internacional? As (Santa Iria de Azóia, Expo e Aeroporto Para disponibilizar serviços qualifica- parcerias são importantes para propor- de Lisboa). Como vai evoluir o grupo nos dos aos clientes, é necessário possuir cionar um serviço logístico qualificado a próximos anos? recursos humanos preparados e quali- nível global aos vossos clientes? ficados. Como avalia essa qualificação A evolução dos meios disponíveis na cadeia de abastecimento em Portugal tem acompanhado o plano internacional. Na verdade a exigência do mercado, no nosso país, tanto na importação como na exportação tem-se encarregado de obrigar todos os intervenientes na cadeia logística a procurar a excelência na prestação de serviços, e aqui nós não somos excepção. Tenho orgulho no nosso portfólio, os nossos clientes e parceiros têm vindo a demonstrar que podemos dispor de todos os serviços ao longo da cadeia de abastecimento, e isto sem que sejamos megalómanos. O grupo tem a sua sede na Póvoa de Santa Iria, tem escritórios de apoio no Aeroporto de Lisboa e na Expo. Em termos operacionais tudo se concentra na Póvoa de Santa Iria, os sistemas informáticos de que dispomos estão totalmente interligados permitindo esta centralização. A tecnologia que escolhemos para o controlo da nossa actividade permite que todos os colaboradores de qualquer escritório estejam em permanente contacto. O ERP é partilhado, a rede é de alta velocidade e todos falamos a mesma “linguagem”. Escolhemos um local no Aeroporto de Lisboa pela exigência do serviço, o estar per- Apoiamos as empresas portuguesas em todo o Mundo e o respectivo desempenho dos vossos Os quais os principais destinos das ex- lização de competências é uma preocu- portações dos vossos clientes? pação constante no Grupo GTL? No transporte marítimo e aéreo Angola, Moçambique, Emiratos Árabes e China Brasil e Coreia do Sul. No transporte rodoviário Espanha, Itália e Benelux. Há muito que a formação deixou de ser encarada como um custo, passando a ser vista como um investimento de retorno certo. Só ela permite a actualização e o desenvolvimento de competências necessários para que possamos manter a qualidade do serviço prestado. Sabemos a importância da melhoria contínua, assim como a partilha de co- Quais as mais-valias do Grupo GTL para os vossos clientes? Actualmente, a oferta da GTL diferencia-a dos seus concorrentes uma vez que, como 40 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 recursos humanos? A formação e actua- Existem novos destinos internacionais que o grupo tenha disponibilizado nos últimos anos aos vossos clientes? to do local onde chega ou sai a carga aérea traz-nos vantagens, confiança perante o cliente e proximidade com a Alfandega. O escritório na Expo, está totalmente vocacionado para a área aduaneira e de consultadoria para o comércio internacional, tanto interna como externa. Perante a evolução tecnológica, que continua de forma quase diária, ainda não encontrámos necessidade de evoluir fisicamente para outros locais, já que qualquer colaborador tem acesso à sua informação e ferramentas de trabalho de forma remota, se assim o decidirmos. Ou seja, se existir dentro do Grupo um tráfego específico e crítico em Aveiro, Porto ou Sines tal não será jamais um problema como poderia ser há uns anos atrás em que não existia o suporte tecnológico de hoje. Por outro lado devemos também pensar que os maiores fornecedores, como armadores e companhias aéreas sofreram também uma evolução tecnológica que permite controlar envios do outro lado do mundo, se tal for necessário. Quanto a internacionalizações, temos os nossos objectivos e ambições, a atracção natural pelos mercados Moçambicano e Angolano, mas queremos fazê-lo de forma sustentada. Qual o lugar que o Grupo GTL pretende atingir no médio prazo entre as empresas de logística em Portugal? Acreditamos que o futuro passará, inevitavelmente, pelo “ outsourcing” logístico. A redução de custos é cada vez mais uma preocupação manifestada por todos os empresários portugueses que se queiram dedicar plenamente ao seu “core business”, centralizando, por isso, algumas actividades. De facto, a possibilidade que o outsourcing oferece de dotar as empresas com uma estrutura especializada que lhes permita ter um serviço de qualidade e confiança sem os custos inerentes é cada vez mais a decisão estratégica que permite às empresas ganhar competitividade no mercado, sendo a aposta no “outsourcing” cada vez mais evidente pelos benefícios que comporta. O nosso objectivo é continuar o crescimento sustentável do negócio logístico e optimizar a estrutura existente. Pretendemos ser o parceiro estratégico em Logística para as médias e pequenas empresas e centros de produção e distribuição através de soluções avançadas, bem como uma referência para o sector pelos outputs originados. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 41 › EMPRESARIADO Antes de ser comprada por Humberto Pedrosa e David Neeleman TAP assina code-share com a Copa Airlines A Porto de Sines comemorou mais um aniversário No passado dia 19 de Junho celebrou-se o Dia do Porto de Sines, que teve como ponto alto a celebração de um protocolo entre a APS – Administrado dos Portos de Sines e do Algarve e o IPDAL – Instituto para a Promoção e Desenvolvimento da América Latina, documento assinado pelos presidentes das duas instituições, respetivamente, João Franco e Paulo Neves. Outro ponto alto das comemorações que ocorreram em Sines prendeu-se com a visita efectuada à nova nave logística na ZALSINES, onde foi inaugurado o novo Armazém de Temperatura Controlada da Sitank. De referir que o designado “Pavilhão Logístico A1” é constituído por dois módulos (A e B) e tem uma área bruta de construção de 1.626 metros quadrados, distribuídos por dois pisos. A cobertura deste edifício foi concebida para receber 2.000 metros quadrados de painéis fotovoltaicos, tendo sido instalados 1.100 painéis com uma potência de injecção de 250 KW. O pavilhão logístico encontra-se devidamente integrado no atual sistema de gestão da ZALSINES, cujo modelo de aluguer agora em implementação é uma mais-valia na oferta às empresas logísticas que vêem contactando a APS na procura deste tipo de instalações. ‹ TAP e a Copa Airlines, subsidiária da Copa Holdings, ambas pertencentes à Star Alliance, estabeleceram um acordo de code-share que se traduz na oferta de mais opções de voos e das melhores ligações aos seus clientes, quer através do Hub das Américas da Copa, na cidade do Panamá, quer através do Hub da TAP em Lisboa, uma plataforma privilegiada de acesso na Europa. O Hub das Américas da Copa Airlines, na cidade do Panamá, permitirá aos passageiros chegados da Europa usufruírem de rápidas e eficientes ligações para mais de 50 destinos na América Latina e nas Caraíbas, designadamente para as mais importantes cidades daquela região. Analogamente, os passageiros latino-americanos passam agora a beneficiar de mais opções de voos para o continente europeu viajando com a TAP a partir do seu Hub de Lisboa. Pedro Heilbron, CEO da Copa Airlines, referiu que «este importante acordo entre a Copa Airlines e a TAP Portugal é ideal para que a nossa companhia continue a crescer na Europa. Esta cooperação beneficiará significativamente os nossos passageiros, uma vez que a rede de ligações entre a Europa e a América Latina será reforçada com serviços de categoria mundial e uma experiência de viagem consistente e de qualidade através do Hub das Américas da Copa Airlines na cidade do Panamá». Já depois deste acordo, foi conhecido o resultado do processo de privatização dos 61% do capital da TAP, com o governo português a escolher o consórcio Gatteway, liderado pelo português Humberto Pedrosa e pelo americano-brasileiro David Neeleman, que prometem um investimento global superior a 600 milhões de euros, no qual está previsto a aquisição de 53 aviões. ‹ Lisbon South Bay apresentado na Margem Sul A Baía do Tejo e os responsáveis dos municípios do Barreiro, Seixal e Almada, apresentaram o novo Plano de Marketing Territorial para o Arco Ribeirinho Sul, conferindo a todo este espaço territorial junto à margem sul do Tejo com o nome de Lisbon South Bay. Para o presidente da Baía do Tejo, Jacinto Pereira, o espaço do Arco Ribeirinho do Tejo mostra desta forma que está vivo, bem como sublinha o forte potencial de desenvolvimento dos territórios abrangidos na margem sul do Tejo, nomeadamente os parques empresariais do Barreiro e 42 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 do seixal, bem como a Cidade da Água (antigo espaço dos estaleiros da Lisnave), em Almada. Para o responsável pela empresa gestora dos três territórios, o propósito passa por construir uma «visão capaz de afirmar estes territórios no plano nacional e internacional, aumentando a sua atractividade através da valorização daqueles que são os seus factores distintivos e competitivos». Ainda segundo Jacinto Pereira, a marca Lisbon South Bay sublinha uma «identidade comum e constitui um polo de atracção para os visitantes e investidores nacionais e internacionais, porque queremos construir uma região de referência à escala internacional». À margem da apresentação deste estudo, o presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto, referiu que já foi aberto um concurso público internacional para o Estudo de Impacte Ambiental e Estudo prévio sobre o novo terminal de contentores de Lisboa, e que está previsto construir no concelho do Barreiro. A Bruxelas também já foi apresentada uma candidatura no valor de 6 milhões de euros para desenvolver os estudos e promover a actividade portuária. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 43 › TURISMO Joel Pais, Administrador dos Casinos do Algarve Algarve é cada vez mais um destino turístico de eleição na Europa O Grupo Solverde chegou à gestão dos casinos do Algarve em 1996, e apesar de anos conturbados entre 2009 e 2012, os resultados são bastante positivos, assegura nesta entrevista à País€conómico o seu administrador residente, Joel Pais. O gestor critica as condições que o Estado obrigou os casinos da região para renovar a licença da concessão, pois mesmo em anos de diminuição de receitas, ainda assim, o contrato obriga o concessionário a aumentar o dinheiro entregue ao Estado. Mas, a partir de 2013, com a retoma económica que chegou ao país e ao Algarve, os casinos da região voltaram aos bons resultados económicos, com uma estrutura humana mais adequada à realidade dos novos tempos, «mas sempre com a prestação de um serviço de elevada qualidade e sofisticação», salvaguarda Joel Pais. O gestor, que vive há muitos anos em Vilamoura e é um conhecido apaixonado pela prática do golfe, acredita que o Algarve é dos melhores destinos turísticos da Europa e sublinha que embora «os tempos melhores não tenham O ainda voltado, mas os tempos de esperança já voltaram», sublinha. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS s bons tempos estão a voltar à economia do Algarve, e quando assim é, todos os sectores económicos da região, e porque não também do país, voltam a animar e a beneficiar dessa retoma. Os Casinos do Algarve também não fogem a esse cenário positivo tem estado imbuídos nos resultados alcançados pela empresa do grupo Solverde que gere os três casinos existentes no Algarve, respectivamente, Portimão, Vilamoura e Monte Gordo. O Grupo Solverde chegou ao Algarve em 1996, ano em que passou a gerir os três casinos e o próprio Hotel Casino, a unidade hoteleira de cinco estrelas construída em 1996 em Portugal, no espectacular cenário sobranceiro à famosa Praia da Rocha. Joel Pais, o já histórico administrador dos Casinos do Algarve recebeu a 44 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 País€conómico no magnífico cenário do Casino de Vilamoura, um edifício de extrema elegância e inserido na zona mais nobre de um dos locais mais singulares do turismo do Algarve e de Portugal. Joel Pais recorda que o grupo que detém o Casino de Espinho chegou num momento de arranque de um período de forte crescimento económico do Algarve, em que os três casinos sob a alçada da empresa beneficiaram dessa fase positiva. «Foi praticamente uma década de crescimentos significativos das nossas receitas, sempre a dois dígitos, que chegou em alguns desses anos a ultrapassar os vinte por cento, e que se prolongou praticamente até 2007, embora 2008 ainda tenha sido um ano positivo, embora já em menor escala do que os anos anteriores. Mas, recorda-se certamente, que ainda no ano de 2008 surgiu a crise do subprime nos EUA e que depois alardeou à Europa. O investimento no imobiliário acabou e o Algarve foi fortemente atingido e toda a economia aqui existente ressentiu-se desse embate negativo. Até porque, como é conhecido, a economia do Algarve assenta muito no desenvolvimento do turismo, da imobiliária turística, e até o golfe, que durante muitos anos ajudou a amortecer os tradicionais efeitos da sazonalidade na região, também foi obviamente atingido pela crise do subprime americano e europeu. A reestruturação necessária nos casinos O responsável pelos casinos de Vilamoura, Portimão e Monte Gordo, recorda igualmente que os casinos sob gestão da empresa viu drasticamente diminuídas Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 45 › TURISMO as receitas durante quatro anos, precisamente entre 2009 e 2012, «em alguns desses anos também com uma diminuição na ordem dos dois dígitos», salienta Joel Pais. O administrador lembra também que «por volta de 2006 comecei a pensar que essa fase de grandes aumentos anuais contínuos não iria durar eternamente, e que convinha começar um processo de reestruturação na empresa gestora dos casinos do Algarve. Essa reestruturação foi empreendida e implementada sobretudo a partir de 2009, onde recordo que nos períodos altos da actividade chegámos a ter 720 colaboradores, e no presente temos um número médio de colaboradores para os três casinos de cerca de 420 pessoas. Nas chamadas épocas altas chegamos a atingir as 460 ou 470 pessoas, mas não passamos desse número. E sublinho que conseguimos com este número manter todos os serviços de alta qualidade que é apanágio dos casinos do Algarve. Isso é ponto de honra nesta casa, e por isso os resultados desde 2013 têm sido crescentemente positivos», enfatizou Joel Pais. Entretanto, se é certo que os resultados voltaram a terreno positivo em 2013, «e foram reforçados em 2014», como sublinha Joel Pais, ainda assim, o gestor não esquece do quanto os contratos assinados pelo concessionário dos casinos no Algarve e o Estado português «e extremamente injusto e iníquo, pois nesse contrato é estabelecido uma contrapartida mínima que temos de pagar de 35%, mas também está estabelecido que além da actualização conforme os aumentos anuais da taxa de inflação, também prevê um aumento anual de 2% a pagar ao Estado, independentemente da evolução das receitas obtidas nos casinos. Isso não redunda em prejuízo caso haja aumento anual dos resultados acima dos referidos 2%. Acontece, quando surgem anos de diminuição de resultados, e isso aconteceu-nos durante quatro anos, e com decréscimos muito significativos, ainda assim, tivemos de pagar como se tivéssemos resultados de crescimento. Isto é profundamente incorrecto e iníquo. Reclamámos e esperamos que as coisas venham a mudar no futuro», espera Joel Pais. Por outro lado, o gestor identifica uma causa para os bons resultados obtidos nos três casinos do Algarve e que passa «por termos uma gestão integrada entre os três casinos, onde as pessoas podem prestar serviço em qualquer um dos casinos que temos na região. Como referi anteriormente, diminuímos significativamente o número de colaboradores, reduzindo de uma média de 680 colaboradores para uma média no presente de 420 colaboradores, mas garantimos quantitativa e qualitativamente os serviços que prestamos aos nossos milhares de clientes que demandam todos os anos os casinos de Vilamoura, Portimão e de Monte Gordo». Hotel Casino em Portimão com excelentes resultados Para além da actividade dos três casinos, o de Portimão integra-se no histórico Hotel Casino, originariamente fundado em 1966, «e que sob a nossa gestão tem registado um crescimento contínuo, mesmo nos anos recentes mais difíceis, em que as receitas globais e as receitas por quarto aumentaram. Temos muito orgulho no trabalho e na performance que conseguimos na gestão desse magnífico hotel que gerimos em Portimão, apesar de todas as atitudes e desmandos que naquela zona da Praia da Rocha foram praticados, e que em vários casos diria mesmo que foram acções criminosas e que degradaram uma zona balnear e turística fantástica do nosso país. Ainda assim, e apesar de tudo isso, crescemos em Portimão e afirmamos a excelência das nossas estruturas e serviços que ali prestamos», referiu com alguma mágoa e irritação Joel Pais, sem deixar de puxar pelo orgulho do «excelente trabalho desenvolvido em prol do turismo de Portimão e da região pela Solverde», lembrando o apoio desde «a primeira hora ao desenvolvimento do Autódromo de Portimão, uma excelente estrutura que não tem sido nada acarinhada nem pelo Turismo de Portugal e nem por muitas au- 46 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 toridades deste país», lamentou o gestor dos Casinos do Algarve. Mas, os tempos actuais são de esperança, pois «nesta altura não podemos propriamente dizer que os tempos melhores voltaram, mas podemos certamente afirmar que os tempos de esperança voltaram», sublinha Joel Pais, lembrando que os investimentos voltaram à região, mostrando-se muito satisfeito, «apesar de não conhecer os pormenores do projecto», com o anunciado investimento de um fundo norte-americano no célebre projecto “Vilamoura XXI”, bem como pelos resultados «bastante positivos da chegada dos vistos gold e do interesse que os seniores franceses que através de uma fiscalidade muito favorável tem tido para investirem na aquisição de habitação em Portugal, e muito principalmente no Algarve», menciona o gestor. «O Algarve é a localização mais privilegiada da Europa. O tempo, o mar, a gastronomia, o melhor destino de golfe da Europa, a atitude frendly de receber os turistas, as fortes e fáceis ligações aéreas da região às principais capitais europeias, onde temos um excelente aeroporto, tudo isso, repito, confere ao Algarve não diria o ‘toque de midas’, mas as condições ideais, direi mesmo, fantásticas, para constituir cada vez mais o destino mais interessante e de maior segurança e beleza na Europa», finaliza Joel Pais. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 47 › INTERNACIONALIZAÇÃO Carlos Vinhas Pereira Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa Salão do Imobiliário e do Turismo Português em Lyon, um exemplo de um novo mercado no mesmo País Q uando em setembro de 2012 a Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa concretizou a primeira edição do Salão do Imobiliário e do Turismo Português em Paris, estávamos longe de imaginar que apenas três anos mais tarde, chegaríamos ao topo da preferência dos seniores (aqueles que contam mais de 50 anos) franceses como destino para prosseguirem os seus projectos de vida. Marrocos, que até então ocupava esta posição há largos anos, parecia um concorrente inabalável, por vários factores: os naturais, o clima e a proximidade geográfica; os sociais, a francofonia e a calma social; os económicos, o preço do imobiliário, o poder de compra e as vantagens fiscais. Associado aos factores pré-citados, um forte investimento em promoção multicanal premium em França, quer no domínio turístico quer no domínio imobiliário, (que faz o nosso corar) e um compromisso forte da parte dos seus governantes, nunca indiciaria que pudéssemos almejar o que alcançamos, particularmente em tão pouco tempo. Desengane-se quem considera que o Presidente Hollande é o nosso benfeitor. Que o fluxo de franceses interessados no nosso país resulta de decreto afixado no Palácio do Eliseu 48 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 que impele os franceses a procurar terras lusas em reconquista de poder de compra e de optimização fiscal. Aos que acreditam, apenas tenho a dizer que a puerilidade não se coaduna com as exigências e a complexidade da globalização e da gestão de negócios internacionais dos dias de hoje. Às empresas e empresários que se sentem players internacionais por fazerem uma campanha de google ads, eu convido a visitar primeiro que tudo os mercados onde estão a publicitar. O Salão do Imobiliário e do Turismo Português em Paris teve a felicidade de surgir num contexto de convulsões no norte de Africa dirão uns. Teve a vantagem de ver surgir uma legislação fiscalmente sedutora para a atracção de não residentes dirão outros. Recordo que pelo facto de o vento estar a nosso favor não quer necessariamente dizer que o consigamos aproveitar. O Salão resulta de uma grande aposta, audaz e corajosa apoiada em parceiros comprometidos com o sucesso do sector, e da internacionalização do mesmo. Resulta de acreditarmos no potencial de Portugal e de o combinarmos com as expectativas dos franceses. Resulta de pensarmos grande e em grande. Resultado da quarta edição parisiense, no mês passado : 15.152 visitantes em três dias. Ainda sem a análise concluída o SIPP Paris assistiu a um ligeiro aumento de interesse por parte dos portugueses residentes em França, mais esclarecido que ficou o facto de o RNH (Residentes Não Habituais) também se aplicar a eles. Lisboa foi o destino mais procurado e o Porto, como se previa ganhou espaço na preferência dos franceses. A confirmar a tendência do ano passado, o número de investidores profissionais, ou mesmo o número de investidores particulares, em busca de aplicações atractivas em termos de rentabilidade aumentou. Próxima etapa de promoção portuguesa em França: Lyon Este ano todavia, a grande novidade do SIPP chama-se SIPP Lyon, que se realizará esta semana no Centro de Congressos de Lyon. O PIB da região de Lyon equivale ao PIB de Portugal inteiro cerca de 195 mil milhões Euros, colocando a região no segundo lugar do ranking económico francês. As nossas expectativas apontam para 5.000 visitantes que virão descobrir as oportunidades e propostas que cerca de 50 expositores terão para lhes apresentar. Consideramos que o Algarve será a região que sairá com mais adeptos de Lyon, por precisamente oferecer aquilo que os habitantes da região têm de fazer largos quilómetros para obter: Praias! Com as terceiras regiões económicas de França e da Suíça (Cantão de Genebra) como vizinhas era para nós evidente o potencial do SIPP Lyon para o imobiliário e para a economia portuguesa. Uma palavra para a campanha de comunicação que atinge cerca de 35 milhões de pessoas em França, que tem permitido estarmos há 1 mês inteiro intensamente a promover Portugal, e materializarmos essa promoção em dois locais separados por 500 Km de distância, fazendo deste o maior evento comercial exclusivamente português de sempre em França. ‹ Garvetur marcou presença em Paris A Garvetur, uma das empresas mais importantes no Algarve na área da promoção imobiliária, esteve presente no recente Salão do Imobiliário Português em Paris, uma iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa. Reinaldo Teixeira, administrador da Garvetur, no final do certame, referiu que este «foi um êxito, ao impulsionar a notoriedade de Portugal, num mercado tão competitivo como o francês». A Garvetur e a Preditur ocuparam o stand 58 entre os 180 presentes em Paris. Ainda segundo o responsável da Garvetur, «embora o nosso país se encontre no topo dos destinos escolhidos pelos seniores franceses para aquisição de habitação fora de França, muitos dos clientes consideraram necessário um reforço das acessibilidades aéreas entre o seu país e Portugal», sublinhou. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 49 › A FECHAR Lúcios constrói fábrica para produção de energia eólica A construtora Lúcios foi escolhida para a construção de um pavilhão industrial na Maia, destinado ao fabrico e manutenção de aerogeradores para a produção de energia eólica. Propriedade da metalomecânica Sermec, esta obra, orçada em cerca de dois milhões de euros, possuirá uma área de 4.500 metros quadrados, e vai contemplar também a zona de escritórios da empresa. A conclusão da obra está prevista para Novembro deste ano, possibilitando então a entrada da Sermec no segmento das energias renováveis. Segundo Luís Machado, administrador da Lúcios, «esta é a primeira obra que desenvolvemos para fins ligados às energias renováveis, pelo que estamos muito satisfeitos com este novo projeto industrial, sendo de salientar a confiança depositada pela Sermec no nosso trabalho». A Lúcios registou no ano passado em Portugal um volume de negócios de 54 milhões de euros, sendo que a reabilitação urbana representou 40 a 45% das obras. Para o presente ano, a construtora prevê que a faturação atinja os 57 milhões de euros. ‹ Vivafit no Cazaquistão Azeite da Casa Anadia no Japão A Vivafit assinou em Junho um contrato para a abertura do primeiro ginásio no Cazaquistão, que se prevê já em Agosto na cidade de Atyrao. O acordo foi estabelecido na sede da Aicep Portugal Global entre o CEO da Vivafit, Pedro Ruiz, e o empresário cazaque Lev Gudimenko. Assistiram ao acto o administrador da Aicep, pedro pessoa e Costa, bem como o representante do Cônsul Honorário do Cazaquistão. A Vivafit é uma marca portuguesa de ginásios para mulheres, tendo já um portfólio de 60 ginásios em Portugal, Índia, Singapura, Indonésia, Taiwan, Emirados Árabes Unidos, Uruguai, Omã e Espanha, preparando-se este ano para entrar nos restantes países do Golfo Arábico, bem como no espaço europeu, começando pela Polónia. ‹ O azeite da Casa Anadia está armazenado no Japão num espaço muito raro e antigo, construído há mais de 100 anos. O Okura – assim se designa – foi utilizado no passado para guardar produtos alimentares como arroz e tem uma janela muito reduzida, assim como uma porta muito estreita. O Okura é assim o lugar ideal para guardar azeite porque o ambiente nem é muito frio, nem muito quente, e é escuro. Fazendo jus a toda a sua história centenária, a Casa Anadia consegue manter também tradição além-fronteiras. Agora adaptada e enraizada na história e cultura japonesa. De referir que o mercado nipónico apresenta um potencial de elevado desenvolvimento no segmento de azeites premium, pelo que a aposta da marca portuguesa no Japão faz todo o sentido. ‹ SUMA ganha contrato em Omã A SUMA, empresa participada da Mota-Engil para o sector do ambiente, ganhou um contrato de cerca de 67,6 milhões de euros em Omã, para liderar a operação de gestão de resíduos na província de Al-Sharqyia Sul. De acordo com a empresa portuguesa, “a SUMA aprofunda a sua presença neste mercado, com um contra- 50 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015 to de longa duração, dando seguimento à estratégia de internacionalização desencadeada em 2008, promovendo a internacionalização do seu ‘know how’ e conhecimento especializado na área da gestão integrada de resíduos”. O contrato para a gestão da província de Al-Sharqyia Sul terá a duração de sete anos, com uma pos- sibilidade de extensão por mais dois anos. Recorde-se que já em Janeiro do corrente ano, a SUMA venceu um concurso para encerramento de seis lixeiras na província de Al-Dakhliyah, com um valor de cerca de dois milhões de euros. Omã é o sexto mercado internacional da empresa participada da Mota-Engil. ‹ Julho 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 51 › HEAD 52 › PAÍS €CONÓMICO | Julho 2015